Anda di halaman 1dari 4

II Congresso Internacional do CIDInE: Novos contextos de formação, pesquisa mediação

PRÁTICAS DOCENTES NO ENSINO SUPERIOR: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS


SOBRE SEUS “BONS PROFESSORES”.

Sandra Mara Santos de Andrade – Unisantos – s.mandrade@uol.com.br

Resumo

A discussão sobre a valorização dos saberes da prática docente lançam um


olhar para algumas possibilidades positivas na pesquisa educacional, a partir de uma
ruptura com os paradigmas epistemológicos. A intenção deste trabalho é investigar os
fatores que contribuem para as práticas docentes no ensino superior, consideradas
inovadoras, na percepção dos alunos. Partindo do pressuposto de que uma prática
significativa é aquela que se compromete com um permanente aprendizado,
direcionamos alguns aspectos relevantes em relação à construção dos saberes,
levando em conta os fatores que contribuem para uma prática docente reflexiva e
significativa. Ao valorizar as questões relacionadas aos fenômenos educativos, este
estudo objetiva identificar os “bons professores” no ensino superior, buscando
compreender como suas práticas se constroem.
As diferentes análises teóricas que têm sido realizadas sobre as práticas de
professores resultam em vários estudos contemporâneos sobre os profissionais de
educação, caracterizando, em especial, os saberes da docência, as especificidades da
profissão e contextualizando o trabalho docente (CUNHA, 1995; TARDIF; LESSARD,
2005; ABDALLA, 2006; PIMENTA, 2008, entre outros). Neste sentido, esta pesquisa
se orienta, tendo como por base o seguinte questionamento: o que é um bom
professor universitário na percepção dos alunos? Com essa problematização,
pretende-se envolver o contexto educacional em que os professores e alunos estão
inseridos, valorizando as questões relacionadas ao aprimoramento profissional, a
prática pedagógica, assim como ao compromisso com a formação de “futuros
professores”.
Entende-se, também, que o desenvolvimento profissional dos professores é um
processo contínuo, e que estar em formação implica um investimento pessoal, um
trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios da profissão.
Seguindo o raciocínio de Nóvoa (1992), compreende-se que a formação é algo que
pertence ao sujeito e se inscreve num processo de ser, que envolve nossas vidas e
experiências em um processo de ir sendo, através de nossos projetos, nossa idéia de
futuro. Continuando ainda com as idéias de Nóvoa (1995, p. 30), podemos estabelecer
a possibilidade de um “desenvolvimento profissional (individual e coletivo), que crie as
condições para que cada um defina os ritmos e os percursos das suas carreiras e para
que o conjunto dos professores projete o futuro desta profissão".
Trazendo a idéia de que o ser humano está sempre em um processo de
construção, portanto de se tornar capaz de produzir conhecimento, de ser autônomo e
qualificado como intelectual crítico; enfim, sujeito da própria prática, consideramos que
é o professor quem vai construir a sua própria prática, valorizando o seu
conhecimento, sua experiência e criatividade em seu próprio ambiente de trabalho. Ele
necessita expor suas idéias e expectativas e, para ser participante desse processo, é
preciso optar pela ressignificação de sua prática, tendo a consciência da importância
que isto possa representar para seu crescimento pessoal e profissional.
Por outro lado, levamos em conta, também, na análise dos dados obtidos,
que a Universidade é um espaço produtivo que propicia um ambiente em que os
professores e os alunos possam criar projetos conjuntos para a construção do
conhecimento. É um ambiente, muitas vezes, inovador, transformador e participativo
onde o professor desenvolve uma formação diferenciada, sendo ele um articulador,
mediador, crítico e criativo do processo pedagógico, instigando o aluno a refletir, a
exercitar os questionamentos, ampliando os caminhos do conhecimento. Com este
pressuposto, era preciso verificar, especialmente, nas entrevistas semi-estruturadas
com os alunos, se o professor permite ao aluno tornar-se co-responsável pela sua
própria aprendizagem, contribuindo para que ele também seja o sujeito do processo.
Consideramos, assim, que era preciso saber se o professor desenvolve em si mesmo
e nos outros a capacidade criativa e produtiva, refletindo e sistematizando o
conhecimento.
Partimos, ainda, da idéia de que o ensino é uma prática social não somente por
se concretizar na interação entre professores e alunos, mas por refletir a cultura e
contextos sociais a que pertencem esses atores. Para nós, o “bom professor” refere-se
às manifestações positivas no sentido da constituição da profissionalidade docente e
sua ressignificação ao longo do tempo. O ato de ensinar não se justifica isoladamente,
existem várias questões que estão implícitas e envolvem não somente o saber
ensinar, mas implica partilhar sentidos e significados, apropriação de normas, valores,
práticas e rotinas. Assim, partilhamos da idéia de Tardif (2002) de que o saber é
social, visto que o professor não decide sozinho o que deve ensinar. Existe um
conjunto de situações e circunstâncias oriundas de representações de uma sociedade
que são partilhadas por um grupo de agentes. O saber não é estático e não provém de
uma única fonte, mas de várias e de diferentes momentos da história de vida e da
carreira profissional. Em cada momento de sua vida profissional, o professor adquire
novas posturas e visões em relação a sua prática docente, através de reflexões da
experiência profissional, de cursos e eventos que participa ao longo de sua carreira e
de contatos e diálogos com seus pares. Segundo o mesmo autor, há de considerar
que o saber docente é plural, ou seja, é constituído por diversos saberes dentre os
quais estão os provenientes das instituições formadoras da formação profissional, dos
currículos e da prática adquirida no efetivo exercício da profissão.
Um outro aspecto que levamos em consideração na análise e interpretação dos
dados foi a questão da profissionalidade. Para Sacristán (1995, p.65),
“profissionalidade é a afirmação do que é específico na ação docente, isto é, um
conjunto de comportamentos, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores que
constituem a especificidade de ser professor”. Para o autor, o conceito de
profissionalidade docente está em constante elaboração, devendo ser analisado
considerando os momentos históricos e os contextos pedagógico, profissional e
sociocultural.
O saber dos professores não é um conjunto de conteúdos cognitivos definidos,
mas um processo em construção ao longo de uma carreira profissional na qual o
professor aprende progressivamente a dominar seu ambiente de trabalho, ao mesmo
tempo em que se insere nele e o interioriza. É nesse contexto que a prática docente se
configura como um espaço de interlocução, reflexão e produção de conhecimento,
onde o professor aprimora e reconstrói sua profissão, não se limitando a uma
dimensão individual, mas compartilhada, colaborando para que o aluno aprenda,
estimulando seu pensamento crítico e desenvolvendo os saberes necessários à sua
atuação.
Com base nos fundamentos teóricos apresentados, esta pesquisa está sendo
realizada em uma universidade privada na cidade de Santos, em São Paulo, com
professores e alunos do período noturno dos cursos de Letras e de Pedagogia. A
opção para a pesquisa é pela abordagem qualitativa, pelo entendimento de ser este
tipo de investigação mais adequado em se tratando da natureza do estudo que está
sendo realizado. Entende-se que a preocupação do pesquisador, neste contexto, está
em investigar e identificar os objetos pesquisados, ricos em descrições e situações e
não intencionalmente manipular a situação, para que obtenha um tipo de resultado
que se queira.
O estudo em si acompanha dois grupos de sujeito: os alunos do ensino
superior, que estão concluindo os seus cursos de graduação e os docentes indicados
por eles como sendo “bons professores” em suas práticas. Os alunos encontram-se
em fase final da sua formação acadêmica, são os mais antigos dentro da Universidade
e tiveram contato com um maior contingente de professores dos cursos já
mencionados.
Para construção do projeto da investigação proposto, foram adotados os
seguintes procedimentos metodológicos para coleta de dados: aplicação de um
questionário para cerca de oitenta alunos do último ano da graduação, divididos entre
os cursos de Pedagogia e Letras. O principal objetivo do questionário é o de
identificar, através da opinião dos alunos, pelo menos seis professores, três de cada
curso citado acima, considerados “bons professores”; assim como identificar, pela voz
do aluno, quais seriam os indicadores de um “bom professor”. Em um segundo
momento, optamos pela entrevista semi-estruturada, não rígida na seqüência do
roteiro, com os alunos e os professores elencados para tal. As questões foram abertas
para a compreensão dos dados referentes à realidade vivenciada pelos sujeitos desta
pesquisa, considerando que as pessoas são diferentes e cada um tem sua própria
percepção de mundo.
Nesta pesquisa de campo e a partir dos dados coletados por meio de
instrumentos diferenciados, os indicativos de análise permitiram uma possível
identificação dos princípios da relação da prática pedagógica com os saberes que
objetivam e interferem nessa prática. Também estes indicativos contribuíram para uma
melhor compreensão do que seria um trabalho docente significativo e de como essas
experiências podem marcar o percurso acadêmico, tanto dos professores como dos
alunos.
Os resultados da pesquisa, ainda que parciais, anunciaram os principais
fatores que auxiliam a ação do professor universitário, destacando suas atitudes
relevantes frente às práticas, tendo em vista o desenvolvimento da formação de
“futuros professores” em sala de aula. Foi possível, assim, aprofundar uma reflexão
sobre a formação docente, renovando o nosso olhar, constituindo e instituindo um
novo significado para prática docente.

Anda mungkin juga menyukai