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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA DAS

EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE XX

Processo nº XXX

João, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, atualmente recolhido na


Penitenciária XX, de Goiânia-Goiás, onde cumpre pena, não se conformando com a respeitável
decisão que denegou a aplicação de regime disciplinar diferenciado, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência interpor

AGRAVO EM EXECUÇÃO

Com fulcro no art. 197 da Lei 7.210/84.


Requer que seja recebido e processado o presente recurso para que, a partir das razões
desde já inclusas, possa Vossa Excelência exercer, caso assim entenda, revogação do Regime
Disciplinar Diferenciado.
Assim sendo, caso Vossa Excelência entenda que deva manter a respeitável decisão,
requer seja remetido o presente Agravo ao Egrégio Tribunal de Justiça.
Termos em que requerendo seja recebido e ordenado o processamento do mesmo, com
as inclusas razões,

Pede e espera deferimento.

Goiânia-Go, 11 de março de 2019.


________________________
OAB – nº XXXX
PROCESSO DE EXECUÇÃO Nº XX
ORIGEM:
CLASSE:
AGRAVANTE: JOÃO
AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO

Egrégio Tribunal de Justiça;


Colenda Câmara;
Ínclitos Desembargadores;
Douta Procuradoria de Justiça;

Não se conformando com a respeitável decisão que determinou a aplicação do regime


disciplinar diferenciado, vem agravar para que Vossas Excelências, caso assim entendam,
venham reformá-la pelas razões a seguir aduzidas:

I DOS FATOS

João foi condenado definitivamente a 156 anos de reclusão, pelos crimes de homicídio
qualificado, roubo, latrocínio e sequestro, tendo iniciado o cumprimento de sua pena no dia
01/09/2018.
O Ministério Público em 04/09/2018 requereu a sua colocação em regime disciplinar
diferenciado pelo prazo de três anos.
O juiz no dia 05.09.2018, sem ouvir o sentenciado, determinou o encaminhamento de
João para penitenciária destinada ao cumprimento da pena.

II DO MÉRITO

Houve irregularidade na condenação pelos seguintes motivos que seguem. Não houve
oitiva do condenado, conforme determina o art.118, § 2º da Lei de Execuções Penais.
Assim salienta Renato Marcão:

A regressão de regime prisional é medida judicial de intensa gravidade que afeta os


destinos da execução e revela-se extremamente danosa aos interesses do condenado.
De tal sorte, antes de sua efetivação é imperioso proceder à oitiva deste, permitindo-
lhe o exercício pleno de sua defesa, observando, ainda, o contraditório constitucional,
salvo hipótese de regressão cautelar, nos termos em que adiante veremos. O
desrespeito a tais princípios acarreta flagrante e odioso constrangimento ilegal. Hoje
é pacífico o entendimento no sentido de que é inconcebível, no Estado de Direito
minimamente democrático, a atuação jurisdicional ex officio, sendo obrigatória a
manifestação da defesa, antecedente a qualquer decisão que altere materialmente a
situação do cidadão condenado.

O regime disciplinar diferenciado foi instituído no ordenamento jurídico brasileiro pela


Lei 10.792/2003 pontuando tratativas rígidas direcionadas a alguns presos que apresentem
reconhecido risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade,
conforme prevê o Art. 52, §1º, da referida lei.
No caso em questão houve falta de provas das alegações realizadas pela acusação de
que o preso faria parte de organização criminosa, ou que teria cometido alguma falta ensejadora
de imputação do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Reiteramos ainda a já citada
ausência da oitiva do condenado.
A respeito desse assunto, trazemos jurisprudência em que foram atendidos todos os
pressupostos legais, princípio da legalidade, contraditório, ampla defesa e do devido processo
legal:

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. REGIME DISCIPLINAR


DIFERENCIADO. PACIENTE RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DE
PLANOS DE FUGA E REBELIÕES OCORRIDAS EM ESTABELECIMENTO
PRISIONAL. SINDICÂNCIA INSTAURADA PARA APURAÇÃO DOS FATOS,
QUE TEVE A PARTICIPAÇÃO DE ADVOGADO CONSTITUÍDO PELA
DEFESA. PRESENÇA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A IMPOSIÇÃO
DO CONSTRANGIMENTO. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DA
ORDEM. ORDEM DENEGADA.1. Trata-se, in casu, de paciente envolvido com
conhecida facção criminosa atuante no Estado de São Paulo, mentor e líder de planos
de fuga e rebeliões internas no estabelecimento prisional onde custodiado, não levadas
a cabo em razão de sua transferência para outro presídio.2. Houve a instauração da
devida sindicância - acompanhada por advogado constituído pelo próprio paciente -,
que concluiu, ao final, por sua participação nos fatos, inclusive como efetivo líder do
grupo insurgente.3. Encontram-se presentes todos os requisitos legais necessários para
imposição do regime disciplinar diferenciado - a saber: requerimento circunstanciado
do diretor do estabelecimento, prévia manifestação do Ministério Público e da defesa
e o despacho do Juiz competente -, inexistindo, ipso facto, qualquer ilegalidade no
constrangimento imposto ao paciente.4. Parecer do MPF pela denegação da ordem.5.
Ordem denegada1.

A aplicação do RDD deve vir do cometimento de falta disciplinar grave, além do


disposto nos artigos 49 e seguintes da Lei de Execuções Penais. Não houve tempo para que o
preso pudesse cometer quaisquer das infrações descritas.

1
Superior Tribunal de Justiça, HC 117199 / SP, HABEAS CORPUS, 2008/0217662-8, Relator: Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, 2009.
Além disso, a aplicação do RDD nesse caso ofende o princípio da dignidade da pessoa
humana, além de questões como proibição de tratamento cruel, direitos humanos e integridade
física e moral do preso, todos devidamente tipificados em nossa Carta Magna (CF Art. 5º,
XLVII ,1º, III, art. 4º, II art. 5º, XLIX).
Antonio Alberto Machado assim dispõe a respeito:

Por mais graves e criativas que possam ser as medidas disciplinares nos presídios, a
superlotação carcerária sempre acabará por conspirar contra a eficácia de tais medidas,
com o que dificilmente a disciplina e a ordem serão mantidas no sistema prisional. É
provável que quaisquer regimes disciplinares, inclusive o regime disciplinar
diferenciado, sempre correrão o risco do fracasso enquanto não se implementar no
Brasil um conjunto de políticas públicas destinadas a combater a criminalidade, bem
como políticas criminais e penitenciárias autênticas com o objetivo de eliminar o
terror e a violência dos cárceres, garantindo uma execução penal efetiva e realizada
dentro dos limites da legalidade. (MACHADO, p. 810, 2010).

Dessa forma, é inadmissível que o recorrente permaneça cumprindo sua pena no


regime disciplinar diferenciado, tendo em vista todas as irregularidades, inclusive
constitucionais, infringidas aqui apresentadas. Há que se reconhecer, portanto, a necessidade
de nulidade dessa decisão.

III DO PEDIDO

Face o exposto, requeremos às Vossas Excelências que se dignem a julgar provimento


do presente recurso, tornando sem efeito a decisão contra a qual se insurge, revogando-se o
RDD.
Nesses termos,

Pede e espera deferimento.

Goiânia-Go, 10/03/2019.
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OAB – nº XXXX

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