Processo nº XXX
AGRAVO EM EXECUÇÃO
I DOS FATOS
João foi condenado definitivamente a 156 anos de reclusão, pelos crimes de homicídio
qualificado, roubo, latrocínio e sequestro, tendo iniciado o cumprimento de sua pena no dia
01/09/2018.
O Ministério Público em 04/09/2018 requereu a sua colocação em regime disciplinar
diferenciado pelo prazo de três anos.
O juiz no dia 05.09.2018, sem ouvir o sentenciado, determinou o encaminhamento de
João para penitenciária destinada ao cumprimento da pena.
II DO MÉRITO
Houve irregularidade na condenação pelos seguintes motivos que seguem. Não houve
oitiva do condenado, conforme determina o art.118, § 2º da Lei de Execuções Penais.
Assim salienta Renato Marcão:
1
Superior Tribunal de Justiça, HC 117199 / SP, HABEAS CORPUS, 2008/0217662-8, Relator: Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, 2009.
Além disso, a aplicação do RDD nesse caso ofende o princípio da dignidade da pessoa
humana, além de questões como proibição de tratamento cruel, direitos humanos e integridade
física e moral do preso, todos devidamente tipificados em nossa Carta Magna (CF Art. 5º,
XLVII ,1º, III, art. 4º, II art. 5º, XLIX).
Antonio Alberto Machado assim dispõe a respeito:
Por mais graves e criativas que possam ser as medidas disciplinares nos presídios, a
superlotação carcerária sempre acabará por conspirar contra a eficácia de tais medidas,
com o que dificilmente a disciplina e a ordem serão mantidas no sistema prisional. É
provável que quaisquer regimes disciplinares, inclusive o regime disciplinar
diferenciado, sempre correrão o risco do fracasso enquanto não se implementar no
Brasil um conjunto de políticas públicas destinadas a combater a criminalidade, bem
como políticas criminais e penitenciárias autênticas com o objetivo de eliminar o
terror e a violência dos cárceres, garantindo uma execução penal efetiva e realizada
dentro dos limites da legalidade. (MACHADO, p. 810, 2010).
III DO PEDIDO
Goiânia-Go, 10/03/2019.
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OAB – nº XXXX