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14/08/2019 As cidadelas das elites da América

As cidadelas das elites da América:


fracturadas e em conflitos entre si
por Alastair Crooke [*]

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14/08/2019 As cidadelas das elites da América

Algo está a acontecer. Quando dois colunistas do Financial


Times – pilares do establishment ocidental – levantam uma
bandeira de advertência, devemos prestar atenção. Martin
Wolf foi o primeiro, com um artigo dramaticamente intitulado:
Os 100 anos que se deparam, conflito EUA-China ( The
looming 100-year, US-China Conflict ). Não uma "mera"
guerra comercial, ele deu a entender, mas uma luta total
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14/08/2019 As cidadelas das elites da América

(full-spectrum struggle). A seguir o seu colega do FT, Edward


Luce, destacou que o argumento de Wolf contém mais
nuances do que o título. Tendo passado parte desta semana
entre importantes decisores e pensadores políticos no Fórum
anual de Segurança Aspen, no Colorado, Luce escreve :
"Inclino-me a pensar que Martin não exagerava. A
velocidade com a qual líderes políticos estado-unidenses de
todas as faixas se uniram por trás da ideia de uma "nova
guerra fria" é algo que me tira o fôlego. Dezoito meses atrás
a frase era afastada como alarmismo periférico. Hoje é
consenso".

Uma mudança significativa está em curso em círculos


políticos dos EUA, aparentemente. A última observação de
Luce é que "é muito difícil ver o que, ou quem, vai impedir
que esta grande rivalidade de poder domine o século XXI". É
claro que há de facto um claro consenso bipartidário nos
EUA sobre a China. Luce certamente está certo. Mas isso
está longe de ser o fim do assunto. Uma psicologia colectiva
da beligerância parece estar a formar-se e, como observou
um comentarista, tornou-se não apenas uma rivalidade de
grande potência, mas uma rivalidade entre gabarolas
políticos da "Beltway" para mostrar "quem tem o maior
pénis".

E James Jeffrey, enviado especial dos EUA para a Síria (e


vice Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA), presente
em Aspen , passou rapidamente a demonstrar o seu (depois
de outros terem desvelado sua masculinidade quanto à
China e ao Irão). Uma política estado-unidense, diz ele,
reduz-se a um componente prioritário: "martelar a Rússia". O
"martelar a Rússia" (insistiu repetidamente) continuará até o
presidente Putin entender que não há solução militar na Síria
(ele disse isso com elevada ênfase verbal). A Rússia
assume falsamente que Assad "venceu" a guerra: "Ele não
conseguiu", disse Jeffrey. E os EUA estão comprometidos a
demonstrar esta "verdade" fundamental.
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Portanto, os planos dos EUA para "elevar a pressão"


escalarão o custo para a Rússia, até que uma transição
política se verifique, com uma nova Síria a emergir como
"nação normal". Os EUA "alavancarão" os custos sobre a
Rússia de cabo a rabo. Através da pressão militar –
assegurando uma falta de progresso militar em Idlib; através
de israelenses a operarem livremente por todo o espaço
aéreo da Síria; através de "parceiros dos EUA" (isto é, os
curdos) a consolidarem no nordeste da Síria; através de
custos económicos ("nosso êxito" em travar a ajuda para a
reconstrução da Síria); através de extensas sanções dos
EUA à Síria (integradas com aquelas ao Irão) – "estas
sanções estão a ter êxito", afirma, e em terceiro lugar pela
pressão diplomática: isto é, "martelar a Rússia" na ONU.

Bem a mudança dos EUA sobre a Síria também nos apanha


de surpresa. Recorde-se que pouco tempo atrás a conversa
era de parceria, de os EUA a trabalhar com a Rússia a fim
de encontrarem uma solução na Síria. Agora a conversa do
Enviado dos EUA é de Guerra fria com a Rússia na mesma
medida dos seus colegas de Aspen – embora a respeito da
China. Tal "machismo" evidencia-se que também vem do
Presidente dos EUA. "Eu podia – se quisesse – acabar a
guerra dos EUA no Afeganistão em uma semana" (mas isto
implicaria a morte de 10 milhões de afegãos), exclamou
Trump. E, do mesmo modo, Trump agora sugere que para o
Irão é fácil: guerra ou não – qualquer dos caminhos é bom,
para ele.

Toda esta jactância recorda o final de 2003 quando a guerra


no Iraque estava a entrar na sua etapa insurgente: Foi dito
então que simples "rapazes vão para Bagdad, mas que
homens de verdade optam por ir para Teerão ". Isto ganhou
ampla difusão em Washington naquele tempo. Este tipo de
conversa deu origem, como bem me lembro, a algo que se
aproxima de uma euforia histérica. Responsáveis pareciam
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estar a andar quinze centímetros acima do solo, a


anteciparem todos os dominós que esperavam tombar em
sucessão.

A questão aqui é que a união tácita da Rússia – agora


denominada como um grande "inimigo" da América por
responsáveis do Departamento da Defesa – e da China
inevitavelmente está a ser reflectida de volta para os EUA,
em termos de uma crescente parceria estratégica russo-
chinesa, pronta a desafiar os EUA e seus aliados.

Na quinta-feira passada um avião russo, a voar numa


patrulha conjunta com um correspondente chinês, entrou
deliberadamente no espaço aéreo sul-coreano. E, pouco
antes, dois bombardeiros russos Tu-95 e dois aviões de
guerra chineses H-6 – ambos com capacidade nuclear –
confirmadamente entraram na zona de identificação aérea
da Coreia do Sul.

"Esta foi a primeira vez , que eu saiba, que aviões de


combate chineses e russos voaram em conjunto através da
zona de identificação de defesa aérea de um importante
aliado dos EUA – neste caso, de dois aliados dos EUA.
Claramente trata-se de um assinalar geopolítico bem como
uma colecta de inteligência", disse Michael Carpenter, um
antigo especialista em Rússia do Departamento da Defesa
dos EUA. Foi uma mensagem para os EUA, Japão e Coreia
do Sul. Se fortalecer a aliança militar EUA-Japão, a Rússia e
a China não tem opção excepto reagir militarmente também.

Assim, quando olhamos em torno, o quadro parece ser de


que a belicosidade dos EUA está de certo modo a
consolidar-se como um consenso da elite (mas com uns
pouco indivíduos corajosamente a fazerem contra-pressão a
esta tendência). Então, o que está a acontecer?

Os dois correspondentes do FT estavam efectivamente a


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assinalar – nos seus artigos separados – que os EUA estão


a entrar numa transformação monumental e arriscada. Mais
ainda, aparentemente a elite da América está a ser
fracturada em enclaves balcanizados que não se estão a
comunicar entre si – nem querem comunicar-se entre si.
Trata-se antes de mais um conflito entre rivais mortais.

Uma orientação insiste sobre uma renovação da Guerra fria


para sustentar e renovar o super-dimensionado complexo
militar-segurança, o qual representa mais da metade do PIB
da América. Outros da elite exigem que a hegemonia global
do US dólar seja preservada. Outra orientação do Estado
Profundo está desgostosa com o contágio de decadência
sexual e corrupção que penetrou na governação americana
– e espera realmente que Trump "drenará o pântano". E
outra ainda, que encara a amoralidade agora explícita de DC
como pondo em risco a posição global e a liderança da
América – quer ver um retorno aos costumes tradicionais
americanos – um "rearmamento moral", por assim dizer. (E
depois há os deploráveis, que simplesmente querem que a
América cuide de sua própria renovação interna.)

Mas todas estas divididas facções do Estado Profundo


acreditam que a beligerância pode funcionar.

No entanto, quanto mais essas fraccionadas facções rivais


da elite dos EUA, com seus estilos de vida endinheirados e
confortáveis, enclausuraram-se nos seus enclaves, alguns
nas suas visões separadas sobre como a América pode reter
sua supremacia global, menos provável é que entendam o
impacto muito real da de sua beligerância colectiva sobre o
mundo exterior. Como qualquer elite mimada, eles têm um
sentido exagerado do seus direitos – e da sua impunidade.

Estas facções de elite – apesar de todas as suas rivalidades


internas – parecem ter-se fundido em torno de uma
singularidade de fala e de pensamento que permite às
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classes dominantes substituírem a realidade de uma


América sujeita a stress e tensão severos – a fábula de um
hegemonista que ainda pode escolher quais governos e
povos não complacentes intimidar e remover do mapa
global. Sua retórica solitária está a azedar as atmosferas no
não-ocidente.

Mas uma outra implicação da incoerência dentro das elites é


aplicável a Trump. Assume-se amplamente, por causa do
que ele diz, que não quer mais guerras – e porque ele é
presidente dos EUA – não acontecerão guerras. Mas não é
assim que o mundo funciona.

O líder de qualquer nação nunca é soberano. Ele ou ela


senta-se no topo de uma pirâmide de principezinhos brigões
(principezinhos do Estado Profundo, neste caso), os quais
têm os seus próprios interesses e agenda. Trump não está
imune às suas maquinações. Um exemplo óbvio sendo a
artimanha do sr. Bolton, com êxito, ao persuadir os britânicos
a apresarem o petroleiro Grace I ao largo de Gibraltar. De
uma penada, Bolton escalou o conflito com o Irão
("aumentou a pressão" sobre o Irão, como provavelmente
diria Bolton); colocou o Reino Unido na linha de frente da
"guerra" da América com o Irão; dividiu os signatários do
JCPOA e embaraçou a UE. Ele é um "operador" sagaz – não
há dúvida acerca disso.

E aqui está a questão: estes principezinhos podem iniciar


acções (incluindo de falsas bandeiras) que conduzem os
acontecimentos para a sua agenda; que podem encurralar
um Presidente. E isto é presumir que o Presidente está de
algum modo imune a uma grande "mudança de estado de
espírito" entre os seus próprios lugares-tenentes (ainda que
este consenso não seja mais do que uma fábula que se
segue à beligerância).

Mas será seguro assumir que Trump é imune ao "humor"


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geral entre as variadas elites? Seus recentes comentários


improvisados sobre o Afeganistão e o Irão não sugerem que
ele possa se inclinar para a nova beligerância? Martin Wolf
concluiu seu artigo no FT sugerindo que a mudança nos
EUA indica que podemos estar a testemunhar um tombo
rumo a um século de conflito. Mas no caso do Irão, qualquer
movimento equivocado poderia resultar em algo mais
imediato – e não controlado.

03/Agosto/2019

[*] Antigo diplomata britânico, fundador e director do


Conflicts Forum, com sede em Beirute.

O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .


06/Ago/19

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