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Biombo Sedutor

Face do Mestre
Alguns o chamam de escudo, mas para quê um mestre precisaria se proteger? Outros o definem como
uma divisória. Mas o que há por ali não é uma fratura, um rompimento, uma divisão. Este colosso de
materialidade em papel-cartão que se ergue, que insiste em sua verticalidade sobre tantos elementos horizontais
sobre uma mesa é mais do que um detalhe. Na cultura de jogos de rpg, esta peça enseja expectativas, delineia o
quadro mental do que se espera de uma partida. Componente extra-lúdico no epifenômeno, é onipresente
enquanto representação da prática de jogo. Uma simples peça de ornamentação? Uma futilidade? Um fetiche.
Uma necessidade. No jogo de esconder e revelar, a beleza exterior e seus segredos interiores atiçam sentidos,
atraem olhares, ocultam sorrisos e manobras. Este é o Biombo Sedutor.
Biombo Sedutor é um jogo a ser jogado dentro de sua aventura de
rpg. Isso mesmo, no meio da partida, você, mestre, começará um jogo dentro
do jogo. E é claro, de forma secreta. Este jogo possui apenas um objetivo:
aumentar a esfera de tensão e especulação sobre a história sem avançá-la. E
você recompensará o jogador que mais se envolver com isso com algo
relevante para o prosseguimento da história de sua aventura. Pode ser uma
pista, uma poção, um equipamento, o que for coerente para a aventura.
Escreva a recompensa no retângulo da Face do Jogador, que está do lado
oposto desta página.
Escreva o nome de cada jogador (não o nome dos personagens),
contando com você, no retângulo ao lado durante a aventura. Recomendo que
faça durante um momento morno na história, mas ao tomar notas, comente
bem baixinho algo como “bem agora” ou “isso parece interessante”. Após
isso, pegue clipes de papel e prenda no seu biombo coisas completamente
irrelevantes para a aventura, como sua conta de água, uma carta de baralho,
ou uma bula de remédio. Faça isso bem lentamente, e encare aleatoriamente
um jogador ao término do procedimento. Pegue uma folha de papel e desenhe
várias espirais. Também faça isso lentamente, contudo, no meio dos desenhos
interrompa com um “não”! Jogue alguns dados, jogue sua chave de casa também, apenas para dar um som
diferente. Coloque um d20 na frente dos jogadores. Não diga nada, observe. Todas as vezes que solicitarem a
descrição de algo em torno do cenário, das circunstâncias onde as personagens estão, seja lacônico. Faça
trejeitos, devolva a dúvida com um olhar vago. Finja olhar para algo atrás do biombo e ria. Não gargalhe, porém.
O importante é manter a sedução do biombo. Repita os procedimentos listados acima sem uma ordem. Sinta a
mesa, a atmosfera. Não perca de vista que você não deve avançar com o enredo da aventura. O seu objetivo aqui
é aproveitar o momento. Não há testes, riscos, nada. Temos a ambiência do biombo sedutor. Nada mais é
necessário.
Cada vez que um jogador fizer uma das ações a seguir, faça uma pequena marca ao lado de seu nome:
tentou olhar sobre o biombo, solicitou um teste qualquer, demonstrou algum aspecto de ansiedade, te chamou
pelo nome, comentou com outro jogador sobre um possível problema que pode ter acontecido. Quando você
fizer 5 marcas ao lado do nome do jogador, entregue esta folha com a Face do Jogador voltada para cima a ele.
Afinal, ele foi seduzido pelo Biombo. Ele merece a recompensa.
Contudo, senhor Mestre, você não é o todo poderoso por aqui. Você é igualmente servo do Biombo.
Este é o jogo sobre ele, não sobre suas aventuras, sobre as personagens. Cada vez que você fizer um dos
comportamentos a seguir, você deve fazer uma marca ao lado do seu nome: avançou com a história de alguma
forma, sucedeu e conduziu um teste, acionou uma mecânica de jogo, recordou algo desta aventura ou de outras
aventuras jogadas, não fez um dos comportamentos listados para você. Se você fizer as 5 marcas ao lado do seu
nome, você deve entregar a recompensa (esta mesma folha com a Face do Jogador voltada para cima) para o
jogador com menos marcas, e revelar a este (o que menos foi seduzido) que você não domina a arte da sedução
do Biombo. Sim, amigo Mestre. É um jogo, e ele deve ser jogado. Você conseguirá resistir e não colocá-lo à
prova?

Jorge Valpaços
Biombo Sedutor
Face do Jogador

Você acabou de jogar um jogo chamado Biombo Sedutor. No verso desta página há as regras deste
jogo, como ele funciona e todos os procedimentos que foram seguidos pelo Mestre do jogo. Você poderá saber,
inclusive, se ele burlou as regras ou se as cumpriu, algo bem peculiar a esta proposta.
O que está escrito acima é uma recompensa por seu desempenho durante o jogo. Como você notou
vocês não estavam jogando o rpg, a aventura que estava rolando antes da inserção do Biombo Sedutor. Há outras
regras por aqui e tudo que rolou não teve relação alguma com o que vocês estavam jogando. Contudo, você está
sendo recompensado dentro do jogo, com algo que será realmente valioso (esperamos que o Mestre tenha
seguido ao menos essa regra) para a aventura. Neste sentido, não revele aos demais o que é o Biombo Sedutor.
Isso pode acontecer no final da aventura, ou mesmo, caso você deseje, nunca ser revelado. Use essa informação,
equipamento ou o que for recompensado dentro do jogo normalmente, sem qualquer sobressalto. A partida vai
realmente recomeçar agora, e é interessante que tudo transcorra bem nesse ponto.
Por vezes pode parecer estranho, incomum ou peculiar isso tudo que rolou até aqui, com essa grande
brincadeira entorno do Biombo Sedutor. Mas tudo que rolou aqui é um exercício de compreensão e um ensaio.
Mais do que uma ferramenta de jogo (que pode ser dispensada ao não), o Biombo é uma peça distinta aos jogos
de rpg, e já denota significados, bem como comportamentos esperados a quem se porta de um lado ou de outro
dele. Neste pequeno jogo-ensaio, apenas estiquei e puxei algumas variáveis e coloquei estas questões em jogo,
literalmente.
Não se trata de uma crítica ao seu uso ou uma exaltação. Ainda que possa parecer um elemento
dispensável para alguns, para outros é essencial. Acredito que seja um componente material interessante, e tratei
de experimentar algumas coisas (inclusive implicações entorno das ações do Mestre que ele porta). Eu uso o
Biombo algumas vezes, outra não. Mas sempre achei peculiar que ele não fosse experimentado de forma lúdica.
E acho que farei isso em outras oportunidades, talvez até criando jogos e formas de jogar usando materialmente
ele.
Ah, mas e a questão de ser recompensado dentro do jogo por algo que está fora do jogo? Hum,
questão peculiar, não é mesmo? Cabe olhar para todo o aparato entorno do jogo. Dados, fichas, estratégias
criadas em um espaço metanarrativo e outras questões. Será que os mecanismos de recompensa são dados
sempre por ações dentro do jogo? Não há respostas por aqui, apenas questões. Mas é hora de voltar à partida, não
é mesmo? Bom jogo a todos, e não se esqueça da sedução do Biombo. ;)

Jorge Valpaços

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