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A existência do mal no mundo

não contradiz a existência de


Deus?
4 anos ago
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by Católico Porque...
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– “ Como se explica o mal no mundo? Parece incompatível com a existência de
Deus” (Ariel – Rio de Janeiro-RJ).

A questão é das mais disputadas de todos os tempos. Contudo, ela só admite


uma solução, que vamos procurar expor refletindo serenamente.

Antes de perscrutarmos a origem e a razão de ser do mal, faz-se mister definir


o que é o mal.

1. O que é o mal?

1) O mal, longe de ser uma entidade positiva é um não-ser; não constitui uma
afirmação, mas uma negação.

Com efeito, não há, nem pode haver, substância cuja natureza seja por si
essencialmente má; esta seria algo de estranho ou absurdo no mundo: não
poderia agir, porquanto nenhum ser age senão em virtude de uma perfeição
que ele possui e atua. A serpente, o escorpião, a bomba atômica… só
produzem sua ação nociva ou má porque neles há uma entidade positiva que o
naturalista ou o físico-químico admiram profundamente. O mal, portanto, é uma
negação ou ausência de ser.

2) Não é, porém, qualquer ausência de ser; é apenas a ausência do ser devido


ou do ser pertencente à natureza de tal indivíduo (caso contrário, todo
indivíduo seria mau por não possuir toda e qualquer das perfeições espalhadas
pelo mundo). Na prática, ninguém diz que a ausência de asas no homem é um
mal ou uma desgraça, mas todos reconhecem que a falta de olhos ou a
cegueira no mesmo é um infortúnio, pois o homem não foi feito para ter asas e,
sim, para ter olhos; a criancinha, pelo simples fato de não falar, não está
afetada de um mal, ao passo que o adulto na mesma situação padece autêntico
mal.
Em outros termos: o mal é a falta de conformidade do sujeito com o respectivo
arquétipo ou exemplar. Essa falta de conformidade pode-se verificar na ordem
física (tem-se então um corpo doente ou mutilado) ou na ordem moral (tem-se
então uma ação alheia ao Fim último devido ou um pecado).

Resumindo esquematicamente:

Todo SER por si é um BEM.

O NÃO SER é:

– ou mera negação, ausência de entidade não devida: p. ex., a falta de asas no


homem não é nem Bem nem Mal.

– ou carência, privação de entidade devida à natureza.

– na ordem física: p. ex., falta de vista no homem -> Mal Físico.

– na ordem moral: p. ex., falta de conformidade do ato humano a Deus, Fim


Ùltimo -> Mal Moral.

3) Por conseguinte, o mal supõe sempre um bem, ao qual ele sobrevém; só se


encontra onde há um valor real, e tem proporções tanto mais vultuosas quando
maior é o bem no qual esteja encravado; basta lembrar a hediondez da
perversão de um gênio, da corrupção de um santo. É o fato de que o mal está
sempre aninhado no bem que lhe dá a aparência de entidade positiva.

A experiência comprova que o mal nunca pode ser isolado. Não se encontra o
mal como tal (a cegueira ou a surdez subsistentes em si mesmas), mas alguém
ou alguma coisa boa em que existe a lacuna, o mal (o olho privado de visão, o
aparelho auditivo carente de audição). Não há quem veja as trevas ou ouça o
silêncio; estes só são apreendidos se se apreenderam previamente os
respectivos contrários (luz e ruído).

Disto se segue que o mal nunca poderá, nem no indivíduo nem na sociedade,
ser tão vasto que absorva e destrua todo o bem, pois em tal caso o mal
extinguiria o suporte da sua existência e aniquilaria a si mesmo. O mal só pode
existir respeitando em certo grau o bem; jamais conseguirá triunfar totalmente
sobre o bem; para ter realidade, ele há de ser uma negação menor dentro de
uma afirmação maior (concretamente, isto quer dizer que os autênticos motivos
de tristeza, como são as calamidades físicas para o homem, nunca são tão
ponderosos que sobrepujem os autênticos motivos de alegria; no plano moral,
nunca o pecado marcará decisivamente o curso da história…).

4) Onde há ser limitado, mesclado de não-ser, há possibilidade de passar do ser


para o não-ser, da vida para a morte, da integridade para a mutilação. Somente
naquele que é o Ser simplesmente dito, que tem em si mesmo a justificação do
seu ser, é que não pode haver deficiência ou mal; isto se dá apenas em Deus.

Veja também A questão do sofrimento

Na raiz de cada criatura, ao contrário, há um vazio, um não-ser. A criatura hoje


existente não era, foi tirada do nada; a sua fonte e razão de ser estão fora dela.
Por isto, ela pode, tende mesmo, a recair no não-ser de onde procede. Traz em
si um princípio de deficiência; é boa, viva, justa, bela até certo grau apenas.
Não se identifica com a Bondade, a Vida, a Justiça, a Beleza… Por conseguinte,
uma criatura por si mesma (abstração feita de prerrogativa concedida pelo
Criador) indeficiente ou infalível é contradição.

Eis brevemente o que se refere à existência do mal. Passemos agora à questão:

2. De onde vem o mal?

Até aqui consideramos o mal no plano abstrato da especulação. Procuremos ver


como entrou na realidade concreta, histórica.

1) Deus, em seu desígnio eterno, quis difundir o seu Ser, a sua Bondade, pois,
segundo um axioma já formulado pelos neoplatônicos (séc. III d.C.), o Bem é
essencialmente difusivo de si. Para isto, decretou tirar do nada criaturas que
em grau finito exprimissem, cada qual do seu modo, a infinita Perfeição Divina.

2) Criou, pois, os minerais, os vegetais e os animais irracionais. Destinados a


dar glória ao Criador, eles são movidos, não se movem propriamente, em
demanda do seu Fim; não têm a capacidade de reconhecer a Deus e de optar
conscientemente por seu supremo Objetivo.

Acima dessas criaturas na escala dos seres, e justamente destinado a movê-las


(suprindo o que lhes falta), acha-se o homem. Este é dotado de conhecimento
intelectivo e da liberdade de arbítrio daí decorrente. Deus chamou-o também a
dar glória ao Criador, mas de maneira consciente e espontânea.
A produção de uma criatura livre representava (em linguagem humana) certo
“perigo” ou “risco” para o Criador. Não há dúvida, ser livre é grande perfeição,
maior do que ser autômato; e foi esta perfeição que Deus visou ao conceber o
homem. Todavia, a liberdade de arbítrio criada, justamente por ser criada, é
falível, capaz de fraquejar na sua opção; representa, pois, uma arma de dois
gumes…

3) Consoante o seu plano, o Criador, depois de ter feito o homem, colocou-o


diante da opção: Deus ou a criatura (em última análise, o próprio Eu humano).
Nesta consulta atuou-se a possibilidade menos feliz…: o homem quis ser como
Deus, rejeitando o Exemplar Divino.

Os povos mais antigos costumam professar, sob forma de narrativas graciosas,


a consciência de que nas origens da História se deu uma desobediência grave
dos homens contra o Soberano Senhor, de onde resultaram os males crônicos
que nos cercam (cf. Estêvão Bettencourt, “Ciência e Fé na História dos
Primórdios”, 3ª ed., Agir, 1958, pp.178-181).

A Bíblia refere a mesma verdade no episódio do pecado de Adão e Eva (Gênesis


3): o homem livre cometeu uma ação (cujos pormenores não se podem
precisar), à qual faltava a conformidade com o Modelo ou com a Palavra de
Deus — o que era um mal moral, um pecado; e acrescenta que desse mal
moral decorrem, à guisa de sanção lógica, os males físicos (doenças, misérias,
morte); a desordem material foi, pois, acarretada pela desordem espiritual. De
onde:
LIBERDADE DE ARBÍTRIO — MAL MORAL,
PECADO — MAL FÍSICO (SOFRIMENTO E MORTE).

Por conseguinte, o princípio de toda desgraça vem a ser a livre vontade do


homem que, sem deixar de querer o bem, preferiu, por sua falibilidade natural,
o bem aparente ao Bem Real. O primeiro de todos os males vem a ser o mal
moral ou pecado; de onde se segue que pior é cometer a injustiça (mal moral)
do que a padecer (mal físico).

Hoje em dia os homens sofrem e morrem porque o primeiro pai pecou


(afastou-se da Felicidade e da Vida, que é Deus) e transmitiu a seus
descendentes uma natureza desregrada, além do mais colocada num mundo
em que os seres inferiores não servem sempre ao homem (como o primeiro
homem não serviu a Deus). Nem todo sofrimento é consequência de um
pecado pessoal, mas reduz-se, em última análise, à desobediência de Adão.

Veja também Em que momento a alma penetra no embrião?


4) E porque Deus não impediu que Adão pecasse?

O Senhor deu ao primeiro pai os meios suficientes para não pecar; não quis,
porém, intervir na vontade do homem, forçando-a a escolher o Bem Real, pois
isto equivaleria a retirar ou mutilar um dom outorgado em vista de maior
dignidade e glória do gênero humano.

Deus é Pai, não ditador, e quer ser considerado como Pai. Ora, na parábola que
Jesus narra em Lucas 15,11-32, o pai deixa partir o filho que lhe pede a
herança para ir gozar da vida; embora anteveja os desmandos que o jovem
está para cometer, deixa-o ir, justamente porque é pai, não tirano, e quer usar
de confiança ao tratar o seu filho; espera ao menos que este, fazendo as suas
experiências livremente empreendidas, reconheça mais livre e conscientemente
a felicidade que há em aderir ao Pai. Assim, Deus deixou (e deixa) o homem
partir pela via do pecado, segundo a sua livre opção, pois o que Deus quer é o
amor filial do homem, não a adesão inconsciente de uma máquina.
5) E porque Deus, sabedor dos pecados de Adão e dos seus descendentes, não
fez, nem faz, somente indivíduos fiéis ao Fim Supremo?

O Senhor certamente poderia proceder assim; só haveria criaturas boas, sem


que o Criador tivesse que coagir alguma. Fazendo isso, porém, Ele desfiguraria,
mutilaria o conceito de livre arbítrio. Este implica duas possibilidades opostas
uma à outra: o “Sim” e o “Não”. Mais precisamente, em se tratando dos
homens: implica o “Sim” ao Criador (o que é o Sumo Bem) ou o “Não” ao
Criador (o que é o Sumo Mal). Por conseguinte, é normal, decorrente do
conceito mesmo de criatura, e criatura livre, que no conjunto da História parte
dos homens diga “Sim” a Deus, optando pelo Bem Real, e outra parte diga
“Não”, falhe, escolhendo o bem apenas aparente ou o mal; não se poderia
esperar, outro resultado, a menos de um retoque artificioso, pelo qual Deus
solaparia a ideia de livre arbítrio; uma história do gênero humano em que todos
só escolhessem o bem não representaria mais a natureza da criatura livre, o
exercício da liberdade com todas as suas riquezas e sutilezas (a experiência
ensina que, onde muitos têm a possibilidade de fazer alguma coisa, alguns
realmente a fazem; num veículo, por exemplo, onde quarenta pessoas tenham
a possibilidade de fumar, uma porcentagem de fato fuma; o resultado contrário
seria estranho, não corresponderia à ideia de liberdade de que goza cada qual
dos passageiros).

6) Mas então Deus não será de algum modo culpado do pecado que o homem
comete?

Não; a culpa do pecado não recai sobre Deus. Vejamos bem: em todo ato mau
(pecaminoso) há sempre uma entidade positiva, boa, pois todo ato é afirmação
de perfeições (só o ser imperfeito não age ou age pouco); esse valor positivo se
deve, sem dúvida, ao Criador, pois não há entidade que não se derive de Deus.
O mal sobrevém a essa entidade ou a esse bem, como sabemos, pois o pecado
nada mais é do que um ato (um valor) que carece de algo… que carece de
conformidade com o seu Exemplar, com o Sumo Bem (=Deus). Ora essa
carência ou lacuna não se deriva, nem pode derivar, de Deus (porque é um
vazio); deve-se unicamente à criatura que, oriunda do não-ser, traz a tendência
ao não-ser, a tornar o ser lacunoso. A título de ilustração, admitamos que um
músico se ponha a tocar com uma flauta desafinada; empregará toda a sua
arte para produzir a mais bela das melodias com tal instrumento; o resultado
porém, não poderá deixar de ser desarmonioso, não por defeito musical do
artista, mas em virtude da “má disposição” do instrumento. Assim Deus, tendo
criado o homem livre e aplicando-lhe a moção suficiente para o bem, não o fará
produzir um ato bom, se o homem não estiver bem disposto (o que depende de
sua vontade livre) a receber a boa dádiva do Senhor.

Veja também O Papa Alexandre VI

Como se vê, o mal, em última análise, se assenta sobre o mistério da liberdade


humana, que pode escolher o erro sob a aparência de bem. É verdade que
Deus quis criar essa liberdade sem desconhecer o “risco” que isso acarretava;
Ele o quis, porém, unicamente em vista de um bem maior…

E Deus sabia que esse bem maior jamais seria frustrado, mesmo que a
liberdade humana falhasse. Nesta hipótese, o pecador se tornaria, sem dúvida,
infeliz por causa do seu próprio pecado, mas Deus ainda assim seria
proclamado e glorificado por ele, pois em última análise, se o pecador sofre
pelo pecado, sofre porque a sua natureza feita para Deus protesta contra a
violentação, a detorsão que a livre vontade do indivíduo lhe impôs. Esse
sofrimento vem a ser a afirmação solene de que Deus é o Sumo Bem; ora,
desde que a criatura o afirme, mesmo que esteja infeliz, ela tem pleno sentido
no conjunto dos seres criados, pois o centro em vista do qual tudo foi feito e ao
qual tudo se destina, recebendo dele seu significado autêntico, é Deus, não o
homem.

7) A última palavra, porém, em se tratando do mal, é dita pela Redenção e pelo


Cristo crucificado. Esta figura projeta luz que penetra todos os aspectos do
problema, mesmo os mais misteriosos.

Sim; Deus não quis ficar indiferente à desgraça do homem. Voltaire dizia a
Júpiter que, ao criar-nos, tinha feito “une froide plaisanterie”, um frio gracejo.
Quanto isto é errado!

Deus levou muito a sério o drama do homem. Embora não precisasse da


criatura, quis salvar o gênero humano. Em vista disto, tomou a miserável carne
humana fazendo-Se “Filho do Homem”, Jesus Cristo, e padeceu a nossa sorte,
morrendo. Cristo, porém, não ficou na morte; atravessou-a, venceu-a
ressuscitando. Com isto, comunicou sentido novo e inestimável valor aos
nossos padecimentos; se aquilo que Deus toca não pode deixar de ser
divinizado, a dor e a morte foram divinizadas depois que Cristo as
experimentou; deixaram de ser mera sanção, a fim de tornar-se canal,
passagem para nova vida, para a glória eterna. Hoje em dia a justiça cumpre-se
no cristão quando este sofre e morre em consequência do pecado; mas não é a
justiça que enfecha a história do homem; é o amor de Deus. Pelos seus
padecimentos e morte aceitos em união com o Redentor, o cristão desdiz ao
egoísmo, identifica-se com a Justiça do Senhor, tornando-se apto a participar
da efusão do amor do Pai Celeste.

Para o homem fiel só há uma desgraça autêntica: a perda da união com Cristo
ou o pecado, pois, enquanto está unido a Deus, o cristão vence com proveito
ou mérito os maiores sofrimentos (doença, pobreza, perseguições e morte).

Em conclusão: o Cristo pregado à Cruz vem a ser o testemunho mais eloquente


de que a existência do mal, como a conhecemos, não é incompatível com a
existência de Deus; para quem considera o Filho de Deus crucificado, torna-se
vã qualquer tentação de acusar de injustiça ou maldade o Criador pelo fato de
que Este permite o sofrimento livremente acarretado pelo homem sobre si
mesmo. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus
amigos”, dizia Jesus (João 15,13). Fora, porém, da perspectiva da Cruz de
Cristo, o mal constitui problema insolúvel, como atesta Voltaire:
– “A felicidade é apenas um sonho, e a dor é a realidade. Há vinte e quatro
anos que o experimento. Não sei tomar outra atitude senão a de me resignar e
dizer que, assim como as moscas nasceram para ser consumidas pelas aranhas,
assim também os homens nasceram para ser devorados pelo sofrimento”.

Ó homem, não queiras sofrer a tal ponto! Lembra-te de Deus,… de Deus que se
revelou em Cristo, e…

Alegra-te!

(Pode-se consultar, a respeito, Pe. Siwek, “O Problema do Mal”. Rio de Janeiro,


1942, na “Biblioteca Francesa de Filosofia” de Desclée de Brouwer).

 Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 5:1957 – set/1957

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