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Vol.

5 • Nº 1 • Ano 2017

APROVEITAMENTO DA ÁGUA DOS APARELHOS


CONDICIONADORES DE AR PARA FINS NÃO
POTÁVEIS: AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE
IMPLANTAÇÃO EM UM BLOCO DO UNIPÊ
REUSE OF WASTED WATER FROM AIR CONDITIONING SYSTEMS FOR NON-
POTABLE NEEDS: EVALUATION OF THE IMPLEMENTATION AT THE UNIPÊ
UNIVERSITY CAMPUS

Julliana Caldas1
Wil Lavôr Lucena Camboim2

RESUMO

O Brasil detém cerca de 12% de água doce superficial disponível no planeta, mas
suprir a demanda, em algumas regiões, está se tornando um impasse decorrente do
crescimento populacional, da poluição e do uso não racional das reservas naturais de
água, além de fatores climatológicos. A região Nordeste é a mais afetada pela crise
hídrica, tendo o estado da Paraíba em situação mais favorável, apenas, que o estado
de Pernambuco. A AESA afirma que dos 126 reservatórios monitorados pelo órgão,
28 encontram-se em situação estável e 98 em situação de emergência. Como forma de
mitigar a demanda de água doce, tem a reutilização de águas residuais, principalmente
para realizar as atividades que não necessitam de água potável. Assim, o presente
trabalho tem como objetivo avaliar a viabilidade do sistema de aproveitamento de
águas condensadas, coletado por meio de aparelhos condicionadores de ar, para fins
não potáveis em um bloco do UNIPÊ, contribuindo para a redução do consumo de
água subterrânea e sustentabilidade dos recursos hídricos da região. Para tal, foram
realizadas pesquisas bibliográficas e documentais, além do estudo de caso. Com a
obtenção dos resultados, notou que a implantação do sistema, mesmo não atendendo
por completo a demanda de água não potável, traria economia financeiro-econômica
e benefícios ambientais, evitando o consumo exagerado de água potável para suprir
a demanda. Espera-se que haja conscientização da população sobre a precisão do
compromisso com o desenvolvimento sustentável, garantindo o atendimento às
necessidades dessa e futuras gerações.

1 Graduada em Design de Interiores pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia


da Paraíba (IFPB) e em Engenharia Civil pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).
E-mail: jullianacaldas8@gmail.com
2 Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professor do
Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). E-mail: wil.camboim@unipe.br

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Palavras-chave: Reuso de água. Desenvolvimento sustentável. Fins não potáveis.
Crise hídrica.

ABSTRACT

Brazil holds around 12% of the freshwater available on the planet’s surface, but
supplying its needs, in some regions, is becoming a dead end due to population growth,
pollution and the non-rational use of natural water reserves, as well as climatological
factors. The brazilian northeast region is the most affected by the water crisis and
the state of Paraíba is still in a better situation than the state of Pernambuco. The
AESA agency states that of all 126 reservoirs monitored, 28 are in a stable situation
and 98 are in emergency. The reuse of wasted water, especially to carry out activities
that don’t require the use of drinking water, is a good way to mitigate the demand
for fresh water. This study aims to evaluate the viability of a system for the use of
condensed water, collected through air conditioning devices, for non-potable purposes
in a block located at the UNIPÊ University, contribute to reduce the consumption of
groundwater and to the sustainability of the region’s water resources. To achieve this
goal, bibliographical, documentary researches, a case study. After getting the results,
it became clear that the implementation of this system brought financial economics
as well as environmental, it avoids excessive consumption of drinking water to
supply. It’s hoped that, in this way, the population will be aware of the urgent need
to commit to sustainable development, ensuring that it meets the needs of this and
future generations.

Keywords: Reuse of water. Sustainable development. Non-potable needs. Water crisis.

INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural de valor inestimável visto que se torna essencial


para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos, além de manter o
equilíbrio entre o ecossistema.
Segundo Sperling (2005), estima-se que 1,36x1018m³ de água disponível
existente na Terra está distribuído da seguinte forma: 97,0% em água do mar, 2,2%
nas geleiras e 0,8% são água doce. Destes 97% é água subterrânea contra 3% de água
superficial.
ABC (2014) afirma que “o Brasil detém cerca de 12% de água doce superficial
disponível no planeta”, mas suprir a demanda, em algumas regiões, está se tornando
um impasse decorrente do crescimento populacional e da poluição e do uso não racional
das reservas naturais de água.
Considerando a limitação dos mananciais de superfície, é provável que,

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em poucos anos, as águas subterrâneas sejam preferencialmente destinadas ao
abastecimento público (MANCUSO E SANTOS, 2003).
Nesta perspectiva, visando reconhecer a água como um bem econômico e
incentivar a racionalização do seu uso, foi promulgado o Decreto nº 33.613, de 14 de
dezembro de 2012, em que regulamenta a cobrança pelo uso da água bruta de domínio
do Estado da Paraíba, prevista pela Lei nº 6.308, de 02 de julho de 1996, e dá outras
providências.
De acordo com Mancuso e Santos (2003), uma das alternativas viáveis para
mitigar a demanda, preservando a água doce existente, é reutilizar as águas residuais,
principalmente para realizar as atividades que não necessitam de água potável.
Várias práticas de reuso de água já estão sendo adotadas, como o
reaproveitamento de águas pluviais e de águas cinzas; o reaproveitamento da água
para determinados ciclos de produção dentro das indústrias, dentre outros.
Uma alternativa sustentável na construção civil de reuso de água pouco difundida é
o aproveitamento de água gerada por meio da condensação dos aparelhos condicionadores
de ar, em que, na maioria das vezes, é desperdiçada no solo ou no esgoto.
Os equipamentos de condicionador de ar são utilizados em larga escala nos
prédios escolares, comerciais e residenciais, fazendo com que a quantidade de água gerada
pelo total de aparelhos seja considerável, permitindo a coleta e o reaproveitamento da
mesma em seus diversos fins, como irrigação do jardim, lavagens de pisos e descargas
dos aparelhos sanitários.
A técnica do reuso de água vai depender do meio de onde a água foi gerada e do
seu destino final, sendo ou não para o consumo humano. Para tal, deve atender critérios
estabelecidos pelo Ministério da Saúde através da Portaria nº 2914 de dezembro
de 2011, que tem como objetivo dispor de procedimentos relativos ao controle e a
vigilância da qualidade da água para consumo humano e o seu padrão de potabilidade.
Diante do exposto, o artigo tem como objetivo avaliar a viabilidade do
aproveitamento da água condensada, coletada por meio de aparelhos condicionadores
de ar, para fins não potáveis em um bloco do Centro Universitário de João Pessoa
(UNIPÊ), localizado à margem da Rodovia BR-230, km 22, s/n, no bairro de Água
Fria, na cidade de João Pessoa, Capital do Estado da Paraíba.
O presente artigo se justifica pela conjuntura atual da instituição de ensino em
ter seu abastecimento de água por meio de poços subterrâneos, onde a implementação
do sistema, além da questão financeiro-econômica, contribui com benefícios ambientais,
onde para suprir a demanda de água potável teremos o aproveitamento de água
condensada para tais fins.
Por fim, espera-se que o estudo se torne relevante como base científica para
novos projetos de aproveitamento de águas condensadas, em decorrência da escassez
de acervo da referente temática, e servindo de conscientização para a população
sobre a precisão do compromisso com o desenvolvimento sustentável, garantindo o
atendimento às necessidades dessa e das futuras gerações.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para embasamento teórico do estudo de caso, serão tratados assuntos
pertinentes ao tema do referente trabalho de conclusão de curso, dentre os quais estão
discriminados nos subitens do presente capítulo, a seguir.

Recursos hídricos
Recursos hídricos é tido como a parcela de água doce, superficial ou subterrânea,
acessível à humanidade e a custos compatíveis com os seus diversos usos, em que a
sua disponibilidade varia de acordo com o país e as regiões que o abrange. (JÚNIOR,
2004)

RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL


O Brasil detém, aproximadamente, 12% das águas doces disponíveis no planeta
Terra, distribuindo tal recurso de forma irregular em torno do país como consequência
da grande variedade de processos climatológicos que regulam a distribuição e a
disponibilidade da água. (ABC, 2014, p.4)
“Três bacias hidrográficas têm um papel relevante do ponto de vista de
disponibilidade de recursos hídricos, reserva estratégica de águas e de economia
regional e nacional: a Bacia Amazônica; a bacia do Rio da Prata; e a bacia do Rio São
Francisco” (ABC, 2014, p.5). Entretanto, a distribuição dos recursos hídricos no Brasil
não é proporcional a respectiva demanda da população de cada região. (Tabela 1)

Tabela 1 – Distribuição da população, recursos hídricos e disponibilidade hídrica no Brasil


Região População População (%) Recurso hídrico (%) Disponibilidade hídrica (m³/hab.ano)
Norte 12.919.949 7,6 68,5 494.445

Nordeste 47.676.381 28,1 3,3 3.853

Sudeste 72.262.411 42,6 6 4.545

Sul 25.071.211 14,8 6,5 14.824

Centro - oeste 11.611.491 6,8 15,7 64.273

Fonte: Adaptado de Dias (2007)

Conforme a Tabela 1, a região Norte, com pouco mais que 7% da população


brasileira, reúne 68% da água doce do país na bacia amazônica. Enquanto que o
Nordeste, com 29% da população, apresenta pouco mais 3% de água doce. No Sudeste,
a situação é ainda pior, pois reúne 6% da água doce de superfície para 43% da população.
A região brasileira mais afetada pela escassez de água é o Nordeste,
principalmente para os habitantes das regiões do semiárido, pois além da má distribuição
dos recursos hídricos se depara com os baixos índices pluviométricos, o que dificulta
inclusive a manutenção hídrica dos reservatórios.

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Segundo dados da ANA (2017), dos 533 reservatórios monitorados na região
Nordeste, 144 estão secos, com destaque para os que estão localizados nos seguintes
estados: Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.
De acordo com os dados do IBGE (2010), atualmente a população urbana do
Brasil representa 84% do total da população, gerando, assim, grande consumo dos
recursos hídricos, tendo em vista que os usos múltiplos dependem de águas superficiais
e subterrâneas.
Com o intuito de obter o controle e a gestão das águas foi elaborado o Plano
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), estabelecido pela Lei nº 9.433/97, que tem
como objetivo específico: “a melhoria das disponibilidades hídricas, superficiais e
subterrâneas, em qualidade e quantidade; a redução dos conflitos reais e potenciais
de uso da água; e, a percepção da conservação da água como valor socioambiental
relevante”.

RECURSOS HÍDRICOS NA PARAÍBA


Tratando-se de disponibilidade hídrica da região Nordeste, a Paraíba é um
dos estados mais críticos, estando em melhor situação apenas quando comparado ao
estado de Pernambuco, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição da população e disponibilidade hídrica no Nordeste


Região População Disponibilidade hídrica (m³/hab.ano)
Pernambuco 7.911.937 1.171

Paraíba 3.439.344 1.320

Sergipe 1.781.714 1.431

Rio Grande do 2.771.538 1.526


Norte 2.816.172 1.546
Alagoas
Ceará 7.418.476 2.058

Bahia 13.066.910 2.720

Piauí 2.841.202 8.604


Maranhão 5.642.960 14.794
Fonte: Adaptado de Dias (2007)

Observa-se que a disponibilidade hídrica não é proporcional a população


existente em cada região, causando, assim, certo desequilíbrio e maior preocupação
em determinados estados, inclusive na Paraíba.
A situação agrava mediante os baixos índices pluviométricos em que o estado
da Paraíba se depara nos últimos seis anos, dificultando a manutenção hídrica dos
reservatórios e necessitando de um acompanhamento constante e de regras do uso da
água por parte da ANA e dos órgãos gestores do respectivo estado.
Existem, atualmente, 126 açudes monitorados pela AESA (Agência Executiva
de Gestão das Águas do Estado da Paraíba) e que são destinados para abastecimento
público, irrigação, dessedentação de animais e indústrias do estado paraibano. A

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capacidade máxima total de todos os reservatórios é de 3.783.915.864m³, porém, o
volume atual é de 397.466.759 m³ de água (AESA, 2017).

Tabela 3 – Situação dos 126 reservatórios monitorados pela AESA


Situação atual do (s) reservatório (s) Quantificação do (s) reservatório (s)
Sangrando 01
Com capacidade armazenada superior a 20% do seu volume total 27
Em observação (menor que 20% do seu volume total) 43
Crítica (menor que 5% do seu volume total) 56
Fonte: AESA (2017)
Percebe-se a situação atual e crítica em que o estado está configurado, onde de
126 reservatórios, apenas 28 encontram-se em situação estável contra 98 em situação
de emergência.
A maior barragem do estado é a de Coremas, localizada no Sertão paraibano,
responsável pelo abastecimento de cerca de 300 mil pessoas na Paraíba e 100 mil
pessoas no Rio Grande do Norte. Atualmente o açude encontra-se em observação,
pois possui 5,1% de água do seu volume total, sendo, inclusive, indevida ao uso por
causa da sua má qualidade (AESA, 2017).
Na microrregião do Cariri paraibano a situação é semelhante, a barragem
Epitácio Pessoa, conhecida como Boqueirão, conta com apenas 3% do seu volume
total de água para abastecer a cidade de Campina Grande e outras dezoito cidades do
Agreste paraibano (AESA, 2017).
Diante a situação em que o açude de Boqueirão se encontra, a irrigação
do entorno foi suspensa desde julho de 2014 e houve corte de 50% na captação da
companhia de saneamento, a Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba),
desde 6 de dezembro de 2014 (ANA, 2017) .
Como consequência do baixo nível da água de superfície, teve que usar um
sistema de captação flutuante para retirar a água, pois o sistema de captação por
gravidade perdeu a eficácia. Além disso, houve diminuição da qualidade da água e
presença de cianobactérias e toxinas liberadas, necessitando de um maior tratamento
da água por parte da Cagepa.
O que contribui também para que a escassez das barragens seja evidenciada
é a característica dos rios paraibanos serem temporários, ou seja, diminuem bastante
o seu volume ou, até mesmo, secam em períodos de seca, principalmente no sertão do
estado.
Com o intuito de assegurar a oferta de água à população, o governo federal
nomeou o Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do
Nordeste Setentrional, que tem como objetivo a integração do rio São Francisco às
bacias dos rios temporários do semiárido.
O projeto pretende destinar o montante hídrico à população urbana de 390
municípios do agreste e do sertão dos quatro estados do Nordeste Setentrional, são
eles: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Neste dar-se-á por meio dos

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rios Paraíba e Piranhas.
Assim, a racionalização da água tem como objetivo manter a economia do seu
uso pelos usuários, devendo as regras concedidas pelos órgãos responsáveis serem
suficientes para conservar a capacidade hídrica dos reservatórios até o mês de abril, do
corrente ano, quando a água da transposição do rio São Francisco deve abastecer as
localidades beneficiadas pelo projeto (ANA, 2017).
Como alerta encontra-se em vigor a Lei nº 10.559 de 18 de novembro de 2015
que “dispõe sobre a Instituição da Campanha Permanente de Mobilização Estadual
contra o Desperdício de Água no Estado da Paraíba e dá outras providências”,
promovendo, assim, a consciência da população paraibana e estimulando práticas e
hábitos na sociedade condizentes ao uso da água de forma racional e/ou por meio de
fontes alternativas e/ou pelo seu reuso.
Diante do exposto, percebe-se a extrema importância que deve ter a prática da
lei em questão, citada acima, pois a crise hídrica não é consequência apenas de fatores
climáticos e geográficos, mas do crescimento populacional frente ao seu uso de forma
irracional.

Reuso de água
O reuso de água condiz ao aproveitamento de águas que foram utilizadas,
uma ou mais vezes, em determinada atividade humana, com o objetivo de suprir as
necessidades de outros usos benéficos, inclusive o original. Pode ser de modo direto
ou indireto, assim como decorrer de ações planejadas ou não planejadas (LAVRADOR
FILHO, 1987 apud NUNES, 2006, p. 27).
Segundo Brega Filho e Mancuso (2003), o tratamento da água de reuso vai
depender dos fins ao qual se destina concomitante ao modo de como foi utilizada
anteriormente.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de acordo com o artigo
2º da Resolução nº54 de 28 de novembro de 2005, pontua as seguintes definições:

I – água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos


de edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuária, trata-
dos ou não;
II – reuso de água: utilização de água residuária;
III – água de reuso: água residuária, que se encontra dentro dos
padrões exigidos para sua utilização nas modalidades pretendi-
das;
IV – reuso direto de água: uso planejado de água de reuso, con-
duzida ao local de utilização, sem lançamento ou diluição prévia
em corpos hídricos superficiais ou subterrâneos;
V – produtor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, que produz água de reuso;

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VI – distribuidor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, que distribui água de reuso;
VII – usuário de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, que utiliza água de reuso.

Ademais, a OMS (1973) apud Moruzzi (2008, p. 272) qualifica os tipos de


reuso de água como: reuso indireto e direto, reciclagem interna, reuso potável direto
ou indireto; caracterizando-os de acordo com seus usos e finalidades:

reuso indireto: ocorre quando a água já usada, uma ou mais ve-


zes para uso doméstico ou industrial, é descarregada nas águas
superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente a jusante, de
forma diluída. Trata-se da forma mais difundida onde a autode-
puração do corpo de água é utilizada, muitas vezes sem controle,
para degradar os poluentes descartados com o esgoto in natura;
reuso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados
para certas finalidades como irrigação, uso industrial, recarga de
aquífero e água potável. Exige a concepção e implantação de tec-
nologias apropriadas de tratamento para adequação da qualida-
de do efluente à estação à qualidade definida pelo uso requerido;
reciclagem interna: é o reuso da água internamente as insta-
lações industriais, tendo como objetivo a economia de água e o
controle da poluição. É constituído por um sistema em ciclo fe-
chado onde a reposição de água de outra fonte deve-se às perdas
e ao consumo de água para manutenção dos processos e opera-
ções de tratamento;
reuso potável direto: ocorre quando o esgoto recuperado, atra-
vés de tratamento avançado, é diretamente reutilizado no sis-
tema de água potável. É praticamente inviável devido ao baixo
custo de água nas cidades brasileiras, ao elevado custo do trata-
mento e ao alto risco sanitário associado;
reuso potável indireto: caso em que o esgoto, após tratamento,
é disposto na coleção de águas superficiais ou subterrâneas para
diluição, purificação natural e subsequente captação, tratamento
e finalmente utilização como água potável. Compreende o fluxo-
grama onde o tratamento do esgoto é empregado visando ade-
quar a qualidade do efluente à estação aos padrões de emissão e
lançamento nos corpos d´água.

Tratando-se do reuso direto não potável de água, o qual envolve riscos


menores e é comumente utilizado, o mesmo é fundamentado pela Resolução nº 54 de
28 de novembro de 2005, do CNRH, que classifica da seguinte forma:

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I - reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para
fins de irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos
e veículos, desobstrução de tubulações, construção civil, edifica-
ções, combate a incêndio, dentro da área urbana;
II - reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água
de reuso para produção agrícola e cultivo de florestas plantadas;
III - reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso
para implantação de projetos de recuperação do meio ambiente;
IV - reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em
processos, atividades e operações industriais;
V - reuso na aquicultura: utilização de água de reuso para a
criação de animais ou cultivo de vegetais aquáticos.

O reuso planejado de água para fins não potáveis teve a sua culminância,
frente aos demais, mediante a dificuldade em atender a demanda dos centros urbanos
e rurais proveniente da crescente escassez de mananciais próximos ou da necessidade
de qualidade adequada para abastecimento após o tratamento convencional.
Assim, os usos não potáveis de águas são indicados para atender a fins menos
nobres, como: descarga de vasos sanitários; lavagem de pisos; lagos para viveiro de
peixes; irrigação de campos, canteiros, jardins e agrícolas; construção civil; recargas
de aquíferos e águas superficiais; geração de energia; fluido auxiliar de resfriamento e
de aquecimento em processos industriais, dentre outros.

Condicionador de ar
“O condicionador de ar é um aparelho que tem como objetivo tratar do ar de
um ambiente, proporcionando condições de temperatura e umidade ideais para o ser
humano” (ALBERICO, 2003 apud GONÇALVES, 2005, p. 35).
Segundo Miller e Miller (2017), os equipamentos em ambientes têm o objetivo
de resfriar, desumidificar, filtrar e circular o ar. Podendo, ainda, incluir a renovação do
ar e o seu aquecimento.

SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO
Apesar da variedade de equipamentos condicionadores de ares, o princípio do
sistema de refrigeração de expansão direta segue o mesmo modelo, onde a refrigeração
se dá basicamente por meio de um fluído refrigerante. Normalmente, o fluído mais
utilizado é o freon, termo característico dos vários fluorcarbonos não inflamáveis que
passam facilmente do estado de gás frio para gás quente de alta pressão (ANTONOVICZ
E WEBER, 2013).
Inicialmente, o mecanismo de refrigeração é proveniente da troca de
temperatura do ambiente, que ocorre por meio da passagem de ar pela serpentina

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do evaporador. Nestas serpentinas encontra-se o fluido refrigerante que refrigera ou
esquenta o ar de acordo com a temperatura solicitada pelo consumidor. O responsável
pela circulação do gás dentro do equipamento é o compressor.
Quando o ar entra pelo evaporador e passa pela serpentina, ele retorna para
o ambiente. Repetindo-se o ciclo até atingir a temperatura desejada. O termostato é
quem mede a temperatura do ar que volta para o aparelho. Ao perceber que o ar do
ambiente se encontra na temperatura solicitada, o termostato desliga o compressor,
mantendo, apenas, a ventilação do condicionador de ar.
Ocorrendo variação de temperatura o compressor é acionado novamente, por
meio do termostato, fazendo circular o fluído que vai esfriar ou esquentar o ar do
ambiente, o qual depende da necessidade do consumidor.
No caso da operação de aquecimento, existe uma válvula reversora que muda
o caminho do gás, direcionando-o primeiramente para o evaporador. Assim, quem fica
quente é o evaporador e o condensador fica frio.
O funcionamento do aparelho faz com que a umidade do ambiente presente
no ar diminua por causa da condensação que ocorre quando este entra em contato
com a serpentina da evaporadora, mantida a certa temperatura inferior à do ponto de
orvalho (ANTONOVICZ E WEBER, 2013). Assim, são produzidas gotas de águas
que são expelidas por meio dos drenos localizados nas evaporadoras (MOTTA, 2004).
Tratando-se do sistema de expansão indireta, também conhecido como sistema
de água gelada, o equipamento de refrigeração – chillers – é instalado em uma área da
edificação chamada de Central de Água Gelada (CAG). A água gelada, produzida nos
chillers, é bombeada e distribuída, por meio de uma rede de tubulações, para todas as
áreas que serão condicionadas (THERMOPRESS, 2014).
Para o resfriamento do ar é utilizado aparelho condicionador de ar denominado
fan-coils, compostos por um ventilador – responsável pela movimentação do ar – e por
uma serpentina – onde circula a água gelada – que é atravessada pelo que será tratado
e em contato com ele resfria. Da serpentina, o ar é encaminhado aos ambientes através
das redes de dutos, sendo difundido por meio de difusores e grelhas.
Os equipamentos fan-coils são de grande porte – instalados em casa de máquinas
e com a distribuição do ar por dutos – ou de pequeno porte – com instalação aparente
e conhecidos por fancoletes. Estes possuem aparência semelhante aos aparelhos do tipo
split (THERMOPRESS, 2014).
Normalmente, este sistema de expansão indireta é utilizado para ambientes
de grande porte ou que necessitem de algum tipo de controle severo de temperatura,
umidade e filtragem, como shopping centers, hotéis, edifícios comerciais e residenciais,
etc.

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TIPOS DE EQUIPAMENTOS
Os aparelhos condicionadores de ar são classificados de acordo com a sua
utilização – podendo ser residencial, automotivo, comercial, hospitalar ou industrial –
e quanto a sua capacidade – em pequeno, médio ou grande porte – que vai depender
da potência de refrigeração do aparelho, a qual é fornecida em BTU (British Thermal
Unit – Unidade Térmica Britânica).
Tratando-se das tecnologias das máquinas, estas podem ser convencional
ou inverter, sendo este desenvolvido com o intuito de minimizar o custo de energia
durante o seu funcionamento.
Ademais, os aparelhos são classificados de acordo com o tipo de sistema,
seja ele de expansão direta – operam com a utilização direta de um gás refrigerante
para o resfriamento do ar a ser condicionado – ou indireta – utilizando o refrigerante
secundário sendo este a água gelada.
Os tipos de aparelhos residenciais e comerciais comuns, de pequeno porte,
são: janela, hi-wall, cassete, piso-teto e o dutado; variam entre si quanto a forma de
instalação, os formatos e as potências de refrigeração.
Enquanto que os aparelho comerciais de grande porte são conhecidos como
fan-coil e apresentam as seguintes linhas: hi-wall, cassete, console (semelhante ao piso-
teto) e o dutado (built-in). Estes são encontrados com capacidade, em BTU, maior que
os de pequeno porte.

JANELA
A linha destes aparelhos são chamadas de WRAC (Window Room Air
Conditioner), podendo apresentar acionamento mecânico ou eletrônico, nas versões
frio (FR – somente frio) ou quente/frio (CR – Cliclo Reverso), com tensões de 110 e
220 volts. Os produtos apresentam baixa capacidade, variando a potência entre 7500
e 30000 BTU.
Neste tipo de condicionador de ar, todos os componentes fazem parte de um
único equipamento compacto, onde a condensadora, o compressor e a evaporadora são
no mesmo gabinete. Assim, o ruído emitido pelo funcionamento da máquina pode ser
facilmente ouvido no ambiente.

HI-WALL
No sistema de expansão direta, o condicionador de ar do tipo hi-wall é um split
que permite a instalação na parede. É o modelo mais comum de split, sendo encontrado
principalmente em residências e em estabelecimentos comerciais de pequeno porte.
A linha deste aparelho pode ser encontrada nas versões frio (FR – somente
frio) ou quente/frio (CR – Cliclo Reverso), com tensões de 110 e 220 volts. Os produtos

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apresentam capacidade variando a potência entre 7000 e 30000 BTU.
O sistema de instalação do tipo split consiste em uma unidade condensadora
na área externa e uma unidade evaporadora na área interna, evitando, assim, que o
ruído emitido durante o seu funcionamento adentre ao ambiente.
Segundo Gonçalves (2005), outra vantagem encontra-se na possibilidade
de controle individual e nos compressores de alta eficiência. O condicionador de ar
Split interliga as duas unidades – evaporadoras e condensadoras – através da linha
frigorígena.
Enquanto que o condicionador de ar do tipo hi-wall, de sistema de expansão
indireta, conhecido como fan-coil, apresenta a unidade evaporadora que se liga à CAG
por meio do equipamento refrigerador, chiller.
Normalmente, estes aparelhos são utilizados em prédios residências e comerciais
que partilhem de uma central de refrigeração, ou seja, sendo o estabelecimento de
grande porte.

CASSETE
No sistema de expansão direta, a linha split cassete apresenta as duas unidades,
condensadora e evaporadora, separadas. A última é instalada tanto no teto quanto
no forro, garantindo uma distribuição de ar equilibrada, enquanto que a primeira é
instalada do lado externo do ambiente.
É possível encontrar, no mercado brasileiro, split cassete com capacidade
variando de 18000 a 60000 BTU, sendo, assim, indicados para ambientes de médio
porte, como universidades bancos escritórios, salões de festas, etc.
O modelo do tipo split cassete é mais discreto no ambiente, por ficar embutido
no forro, e possui quatro vias para a saída do ar, sendo possível controlar o fluxo de ar
em cada aleta, individualmente, a depender do fabricante.
Com relação ao condicionador de ar do tipo cassete de sistema de expansão
indireta, conhecido como fan-coil, o mesmo apresenta a mesma estética e local de
instalação do equipamento ilustrado acima, porém, a unidade evaporadora se liga à
CAG por meio do equipamento refrigerador, chiller.

PISO-TETO
No sistema de expansão direta, os condicionadores de ares do tipo split piso-
teto foram projetados para atender grandes ambientes residenciais, comerciais e
institucionais, com capacidade variando de 18000 a 80000 BTU. Estes equipamentos
dispõem de maior vazão de ar e encontram-se disponíveis nas versões frio (FR –
somente frio) ou quente/frio (CR – Cliclo Reverso).
A principal característica do aparelho é proporcionar ao consumidor um bom
aproveitamento de espaço, permitindo uma versátil instalação, seja na parede, no teto

177
ou sobre o piso.
O sistema de instalação do tipo split piso-teto consiste em uma unidade
condensadora na área externa e uma unidade evaporadora na área interna, evitando,
assim, que o ruído emitido durante o seu funcionamento adentre ao ambiente.
A instalação do equipamento é indicada para ambientes que tenham muita
circulação, aglomeração de pessoas e com pé direito alto, devido a vazão de ar ser
maior que os tradicionais split hi-wall.
Tratando-se do condicionador de ar do tipo piso-teto de sistema de expansão
indireta, conhecido como fan-coil, o mesmo apresenta a mesma estética e local de
instalação do equipamento ilustrado acima, porém, a unidade evaporadora se liga à
CAG por meio do equipamento refrigerador, chiller.

DUTADO
No sistema de expansão direta, a linha split dutado – também conhecida como
split built in – apresenta as duas unidades, condensadora e evaporadora, separadas. A
última é instalada no forro enquanto que a primeira é instalada do lado externo do
ambiente.
Os aparelhos estão disponíveis no mercado brasileiro com capacidade
variando entre 1800 e 6000 BTU, nas versões frio (FR – somente frio) ou quente/frio
(CR – Cliclo Reverso). São instalados em ambientes como escritórios, consultórios,
shoppings, casa de shows, etc.
Normalmente, o equipamento é dutado quando existem várias áreas
necessitando de conforto térmico ao mesmo tempo ou quando há uma área muito
grande em que o ar deve ser uniformemente distribuído (ANTONOVICZ E WEBER,
2013).
Com relação ao condicionador de ar do tipo dutado – também conhecido como
built in – de sistema de expansão indireta, conhecido como fan-coil, o mesmo apresenta
a mesma estética e local de instalação do equipamento ilustrado acima, porém, a
unidade evaporadora se liga à CAG por meio do equipamento refrigerador, chiller.

DRENAGEM
O dreno é responsável por remover a água produzida pelo condicionador
de ar, proveniente do processo de condensação, quando o mesmo se encontra em
funcionamento.
Existem dois tipos de dreno, por gravidade e por bombeamento. Este necessita
de uma bomba de remoção de condensados responsável por remover a água condensada
em lugares que não possuam um dreno próximo a instalação.

178
PERCURSO METODOLÓGICO
Inicialmente, a coleta de dados foi de caráter exploratório, por meio das
pesquisas bibliográficas de artigos, teses, dissertações, livros e normas brasileiras
pertinentes ao tema em questão.
Em contrapartida, fez-se necessário pesquisas documentais em relação
ao projeto arquitetônico do bloco F e de informações a respeito da quantidade de
discentes e docentes que transitam no referente bloco. Ambos os dados foram obtidos
com o auxílio da coordenação do curso de engenharia civil.
Após a obtenção do projeto arquitetônico do bloco F, foram realizadas visitas
in loco para conferência do mesmo, além de analisar a quantidade e o modelo dos
equipamentos que interferem na pesquisa, como equipamentos de condicionador de ar
e aparelhos de descarga dos vasos sanitários.
Durante a conferência in loco, também foi analisado o entorno do bloco F no
que tange à jardinagem para o processo de irrigação e a lavagem dos pisos. Ambas as
possíveis dúvidas foram sanadas por meio dos funcionários presentes na instituição de
ensino e que realizam as respectivas atividades.
Tratando-se da vazão de água liberada pelo equipamento condicionador de
ar, a análise se deu por meio do dreno da evaporadora de três aparelhos: um instalado
na coordenação do curso, outro na sala dos professores e o terceiro foi de uma sala de
aula. O processo de observação foi por um prazo de uma hora, duas vezes, no turno
da tarde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo de caso do presente trabalho se encontra dentro do Centro
Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), sendo em um bloco, dos vários existentes,
identificado pela letra F – Engenharia Civil.
O campus ocupa uma área de trinta hectares, comportando salas de aula
climatizadas, auditório, praça de eventos e de alimentação, café expresso, agência
bancária, xerox, laboratórios e banheiros.
São ofertados 24 cursos na área de graduação – bacharelado, licenciatura ou
superiores de tecnologia – e vários cursos na área de pós-graduação, os quais são
distribuídos em vários blocos existentes no Unipê. O campus funciona nos três turnos:
matutino, vespertino e noturno; e, de segunda à sábado, sendo este dia o de menor
fluxo de pessoas.
O bloco F – Engenharia Civil acomoda estudantes durante os três turnos,
sendo o matutino frequentado pelos alunos do curso de direito e o vespertino e noturno
pelos alunos do curso de engenharia civil. Estima-se, segundo a coordenação dos dois
cursos, que, em média, a um total de 14 docentes e 487 discentes matriculados que
transitam diariamente nas cinco salas do respectivo bloco.

179
No entorno do bloco F, e de toda a quadra em que o mesmo está situado, tem
estacionamento e jardim. Este totaliza a sua área em aproximadamente 2.650 m² de
jardinagem dentro do perímetro da quadra vermelha, conforme ilustra a planta de
situação a seguir.
Vale salientar que, a nível de cálculo, só é contabilizado o consumo de água
para o jardim localizado ao entorno do bloco F, correspondendo a uma área de 600 m²,
já que para suprir a demanda a quadra conta com mais dois blocos, E e D.

Figura 1 – Planta de situação do bloco F de engenharia civil da quadra vermelha

Fonte: Setor de Projetos – UNIPÊ (2017)

Composto por um único pavimento – térreo – o bloco F conta com 957,82m²


de área construída, sendo seis salas de aula climatizadas, uma coordenação de ensino
superior do curso de engenharia civil incluso uma sala para os professores, uma sala
para os seguranças, uma sala para atendimento de alunos e três banheiros – masculino,
feminino e para portadores de necessidades especiais (PNE), conforme o projeto
arquitetônico.

180
Figura 2 – Projeto arquitetônico do bloco F

COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL


SALA DOS PROFESSORES
SALA DE ATENDIMENTO
SALA DE AULA
SALA DOS SEGURANÇAS

Fonte: Setor de Projetos – UNIPÊ (2017)

181
Apesar das salas apresentarem variados tamanhos, cada qual comporta dois
aparelhos condicionadores de ares do tipo piso-teto, com exceção da sala A (ver
Figura 2) que contém apenas um aparelho do tipo hi-wall e da sala B (ver Figura 2)
com três equipamentos piso-teto. Enquanto que a coordenação do curso possui três
equipamentos do tipo piso-teto. O bloco funciona com os condicionadores de ares
ligados de 8 às 22h.

Consumo de água não potável


A estimativa do consumo de água descrita a seguir faz jus à vazão de água não
potável utilizada em algumas atividades realizadas no bloco F, em estudo, durante o
período letivo. Como o bloco não possui hidrômetro, o cálculo realizado é de cunho
empírico.

BANHEIROS
O consumo de água não potável nos banheiros é estimando levando em
consideração o tipo de acionamento das descargas dos vasos sanitários e a média de
pessoas que usufruem do mesmo.
Faz parte da composição do bloco F três banheiros, sendo um feminino, um
masculino e um para PNE. O banheiro masculino conta com três mictórios e dois vasos
sanitários com caixa de descarga, sendo uma acoplada e outra de sobrepor. Já o feminino,
possui os mesmos aparelhos com exceção dos mictórios. Enquanto que o banheiro para
PNE possui, apenas, um vaso sanitário com caixa de descarga do tipo acoplada.
As caixas de descargas do tipo acoplada são todas de acionamento dual, o
que caracteriza a vazão de 3 litros e 6 litros para eliminar desejos líquidos e sólidos,
respectivamente. Enquanto que as caixas de descargas do tipo sobrepor, quando
acionada, elimina uma vazão de 6 litros, independente dos dejetos.
Segundo a coordenação do curso de engenharia civil e de direito há um total
de 487 discentes matriculados e 14 docentes que lecionam no bloco durante os três
turnos. Porém, estima-se que, do total de discentes, esteja presente diariamente 85%,
o que corresponde a 414 alunos. Totalizando em 428 pessoas que transitam no bloco,
diariamente.
Considerando que das 428 pessoas, 60% sejam frequentadoras dos banheiros,
temos um total de 257 usuários. Destes, segundo Deboita e Back (2014), 70% das
pessoas normalmente utilizam a descarga para eliminar dejetos líquidos, enquanto que
30% para dejetos sólidos.
Assim, a demanda diária é calculada em função da quantidade de pessoas e
da vazão de água liberada em cada acionamento da descarga. Considerando que cada
pessoa utiliza o banheiro uma vez ao dia, temos:
Ddiária = nº usuários x volume por acionamento

182
De acordo com a expressão acima, para cada tipo de dejeto temos a demanda
diária, semanal e mensal explanada na tabela a seguir.

Tabela 8 – Consumo de água não potável - descargas

DEJETOS USUÁRIOS VAZÃO DEMANDA DEMANDA DEMANDA MENSAL


DIÁRIA SEMANAL
Líquido 176 31/acionamento 528 litros 2640 litros 10.560 litros
Sólido 81 61/acionamento 486 litros 2.430 litros 9.729 litros
TOTAL 257 - 1.014 litros 5.070 litros 20.289 litros

Fonte: Arquivo pessoal

Levando em consideração que o bloco funciona de segunda à sexta,


semanalmente a descarga é utilizada pelas pessoas durante cinco dias. E, mensalmente,
o bloco funciona durante quatro semanas.

LIMPEZA
Para calcular a demanda para limpeza foi considerada a quantidade de baldes
– implicitamente o seu volume – e com que frequência os funcionários o utilizam para
lavar os corredores, as salas e os banheiros do bloco F, dados estes obtidos de forma
verbal após perguntas realizadas aos mesmos.
A água que lava os corredores é a mesma utilizada na limpeza das salas, em
que ocorre uma vez por semana. Para a limpeza de cada sala utiliza-se um balde com
capacidade para 10 litros, sendo o bloco composto por nove salas. Assim, temos:

Dsemanal = nº salas x volume do balde por sala x frequência semanal


Dsemanal = 9 x 10 x 1 = 90 litros/semana

Os banheiros, masculino e feminino, são lavados 6 vezes ao dia e para tal


utiliza-se um balde com volume de 8 litros. Enquanto que o banheiro para PNE é
lavado 3 vezes ao dia com balde de capacidade para 6 litros de água.

Para os banheiros, tanto masculino quanto feminino temos o seguinte cálculo:

Ddiária = nº wc x volume do balde por wc x frequência diária


Ddiária = 2 x 8 x 6 = 96 litros/dia

Enquanto que o banheiro para PNE, segundo os dados, temos a seguinte


demanda:

Ddiária = nº wc x volume do balde por wc x frequência diária


Ddiária = 1 x 6 x 3 = 18 litros/dia

183
Assim, de acordo com os cálculos realizados, temos:

Tabela 4 – Consumo de água não potável - limpeza


LIMPEZA FREQUÊNCIA VAZÃO DEMANDA DEMANDA DEMANDA
DIÁRIA SEMANAL MENSAL
Sala/corredor 1/semana 10litros/sala - 90 litros 360 litros
WC fem/mas 6/dia 8litros/vez 96 litros 480 litros 1.920litros
WC PNE 3/dia 6litros/vez 18 litros 90 litros 360 litros
TOTAL - - 114 litros 660 litros 2.640 litros
Fonte: Arquivo pessoal

Levando em consideração que o bloco funciona de segunda à sexta,


semanalmente a limpeza é realizada durante cinco dias. E, mensalmente, o bloco
funciona durante quatro semanas.

IRRIGAÇÃO
Para irrigar a grama, o jardineiro responsável relatou que o irrigador fica
ligado durante 3 horas no turno da manhã e no turno da tarde, e que durante o período
chuvoso ou no inverno não é realizada a irrigação da grama.
Como não tem medidor durante a atividade de irrigação, não se tem a
vazão liberada pelo equipamento para que se faça uma média de consumo gasto em
contraponto ao tempo em que fica ligado.
Segundo Macintyre (2009), o consumo de água para irrigação é de 1,5litros/
dia/m². Partindo do pressuposto que a nível de cálculo considera-se, somente, a área
do entorno do bloco F – Engenharia Civil tendo em vista que na quadra encontram-se
mais dois blocos para suprir a demanda de irrigação, temos:

Ddiária = 1,5 litros x m² para irrigação x qtd. de dias

A metragem para a irrigação é de 600 m², conforme o ilustrado na Figura 12.


Sendo assim, temos:
Tabela 5 – Consumo de água não potável - irrigação
Irrigação VAZÃO ÁREA GRAMA DEMANDA DEMANDA DEMANDA
DIÁRIA SEMANAL MENSAL
Grama 1,5 litros 600 m² 900 litros 4.500 litros 18.000 litros
TOTAL - - 900 litros 4.500 litros 18.000 litros
Fonte: Arquivo pessoal

Levando em consideração que o bloco funciona de segunda à sexta,


semanalmente a irrigação é realizada durante cinco dias. E, mensalmente, o bloco
funciona durante quatro semanas.

184
Estimativa da vazão de água liberada pelo aparelho
condicionador de ar
Para calcular a vazão de água liberada pelos equipamentos foram realizadas
duas coletas no turno da tarde, ambas com o período de duas horas. Para tal, a escolha
se deu por meio do dreno de três evaporadoras: uma da coordenação do curso de
engenharia civil, outra da sala dos professores e a terceira foi da sala de aula F.
As coletas da água condensada foram realizadas nos dias 08 e 09 de maio do
corrente ano, das 15h às 17h, onde foi feita uma média do volume medido de cada
evaporadora em função do intervalo de tempo de uma hora.
Tendo ciência do volume medido por hora e da quantidade de aparelhos do
bloco, fez-se uma média da vazão liberada por dia, semana e mês. O cálculo da vazão
foi realizado da seguinte forma:
Q = nº aparelhos x volume por hora x qtd. de horas
Vale salientar que, a nível de cálculo, levou em consideração que os aparelhos
ficam ligados durante o funcionamento das atividades dentro da instituição, ou seja,
quatorze horas diariamente. Assim, temos:

Tabela 6 – Volume de água liberado pelos aparelhos condicionadores de ares.


EVAPORADORA VOLUME QUANTIDADE VAZÃO VAZÃO VAZÃO MENSAL
(local de inst.) (medido) (equipamentos) DIÁRIA SEMANAL
Coord. Eng. Civil 3litros/h 3 126 litros 630 litros 2.520 litros
Sala dos prof. 2litros/h 2 56 litros 280 litros 1.120 litros
Sala de aula 1,7litros/h 12 287 litros 1.435 litros 5.740 litros
Sala do segurança 3litros/h 2 84 litros 420 litros 1.680 litros
TOTAL - - 553 litros 2.765 litros 11.060 litros
Fonte: Arquivo pessoal

Levando em consideração que o bloco funciona de segunda à sexta,


semanalmente o equipamento de ar é ligado durante cinco dias. E, mensalmente, o
bloco funciona durante quatro semanas.
Percebe-se, conforme mostra a tabela, que o volume coletado varia de acordo
com o ambiente, sendo o de fluxo de pessoas mais intenso com vazão de água maior,
como exemplo da coordenação do curso. Enquanto que na sala de aula, a medição foi
realizada no dia em que não estava tendo aula, ou seja, a sala encontrava-se sem alunos
e, consequentemente, sem fluxo constante de pessoas.
Alguns fatores como área do ambiente, fluxo de pessoas, umidade relativa do
ar, etc são característicos para determinar a quantidade de água que o aparelho de ar
libera por meio dos drenos. Dessa forma, a estimativa de coleta de água do equipamento
pode variar diariamente.

185
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a obtenção de dados foi notório que o volume de água coletada é inferior
ao de demanda de água não potável do bloco F, necessitando de uma complementação
de água potável por parte da concessionária. Porém, acarreta numa economia de água
e de esgoto.
Dessa forma, percebe-se que a implantação do sistema mesmo não atendendo
a demanda de água não potável para a realização das respectivas atividades, trouxe
economia financeiro-econômica, além de benefícios ambientais, evitando, assim,
um consumo exagerado de água potável para suprir a demanda em contraponto do
aproveitamento de água condensada para tais fins.
Espera-se que, assim, haja conscientização por parte da população sobre
a precisão do compromisso com o desenvolvimento sustentável, garantindo o
atendimento às necessidades dessa e das futuras gerações.

REFERÊNCIAS
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______. Ibid., p.4

______. Ibid., p.5

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