Redes Industriais:

Conceitos, Arquiteturas e Protocolos.

Francisco Rhaniery de Souza Campos

Seminário
Departamento de Engenharia Elétrica - Universidade Federal do Espírito Santo
Cx. Postal 01-9011 - Vitória - ES - 29060-970 – BRASIL
fsrhaniery@hotmail.com

Resumo – Este artigo apresenta uma visão
geral e compacta da questão do uso de redes
industriais, sua aplicação e uma breve analise
de alguns protocolos utilizados nas industrias
para implantação de sistemas de automação e
controle de processos.
I – INTRODUÇÃO
Nos anos 70, [3] com o surgimento dos
minicomputadores foi possível adaptar as
capacidades de processamento às reais
necessidades de uma dada aplicação. A
evolução da microeletrônica e da informática
tem possibilitado a obtenção de processadores
cada vez mais potentes com preço reduzido,
tamanho reduzido, e muitas das vezes mais
gerais (no sentido de ampla aplicabilidade). E
em muitas aplicações exigia-se uma
velocidade, e capacidade de transmissão de
dados muito elevado, assim que se teve a
necessidade de usar minicomputadores
interconectados (REDES), obtendo uma maior
capacidade de processamento das aplicações,
além de que a modularidade natural das redes
de computadores era tal que uma falha num
minicomputador ou na comunicação entre eles,
não tinha efeito significativo ao processamento
global.
Em plena 3ª revolução Industrial, que é
a automação industrial, cresce a tendência de
informatização, com isso o uso das redes locais
industriais, permitem levar em conta as
particularidades de um processo fabril, Taís
como: compartilhamento de recursos,
evolutividade, gerenciamento de ativos e
produção e outros. A garantia do tempo de
resposta médio ou máximo, a robustez, a
flexibilidade. Por outro lado considerando que
as necessidades de comunicação em cada
classe de atividades de uma empresa pode
assumir diferentes importâncias, com isso existem
vários tipos de arquiteturas e protocolos de
comunicação.
II – TOPOLOGIAS
Um ponto importante no que diz respeito à
concepção de uma rede de comunicação é a
definição da maneira como as diferentes estações
serão associadas. Inicialmente, podemos distinguir
dois tipos principais de concepção: canais ponto-a-
ponto e canais de difusão.
Nos canais em ponto-a-ponto, rede é
composta de diversas linhas de comunicação, cada
linha sendo associada á conexão de um par de
estações. Neste caso, se duas estações devem se
comunicar sem o compartilhamento de um cabo, a
comunicação será feita de modo indireto (feito
através de uma terceira estação) , esta política de
transmissão é conhecida como “store and
fowward” ou comutação de pacotes (redes de
longas distancias é deste tipo). As redes locais
ponto-a-ponto podem ser caracterizadas por uma
topologia simétrica. A figura 2.1 apresenta
diferentes topologias possíveis para este tipo.
Figura. 2.1- Topologia ponto-a-ponto: a)estrela; b)anel; c)árvore;
d) malha regular; e) malha irregular.
Uma outra classe de redes, as redes de difusão, é
caracterizada pelo compartilhamento por todas
estações, de uma única linha de comunicação.
Neste caso, as mensagens enviadas por uma estação
são recebidas por todas as demais conectadas
ao suporte, sendo que um campo de endereço
contido na mensagem permite identificar o
destinatário. Essas redes possibilitam que uma
estação envie uma mesma mensagem às
demais estações da rede utilizando um código
de endereço especial, denominamos este modo
de comunicação de Broadcasting. Todas as
estações irão tratar a mensagem recebida.
Pode-se também, especificar uma mensagem
de modo que seja enviada a um subgrupo de
estações da rede, chamamos de Multicasting.
A figura 2.2 apresenta algumas topologias
possíveis para este caso.
Figura. 2.2- Topologia de redes de difusão: a)Barramento;
b)Satélite / rádio; c)anel
Numa rede em barramento, geralmente uma
única maquina é autorizada a cada instante a
transmitir a mensagem – é a estação mestra do
barramento. E as demais estações devem
esperar autorização de transmissão, e para
resolver este problema utilizamos o mecanismo
da arbitragem deve ser implementado para
solucionar problemas de conflito. No caso de
redes de satélite ou rádio, cada estação é
dotada de uma antena por meio dela podendo
enviar e receber mensagens, e cada estação
pode “escutar” o satélite e , um alguns casos,
receber diretamente as mensagens enviadas
pelas demais estações.
III – ARQUITETURAS E HIERARQUIAS
Já algum tempo vem se verificando
uma tendência para descentralização da
inteligência e da capacidade decisória dos
componentes de sistemas de automação
industrial. Estes sistemas são decompostos em
diferentes níveis hierárquicos de automação,
cujos elementos inteligentes são interligados
entre si por meio de redes industriais, conforme
mostrado na figura 3.1. A tendência desta
estruturação hierárquica é se aproximar cada
vez mais do processo, de forma a obter-se cada
vez mais subsistemas independentes e dotados
de inteligência local, sem, no entanto, perder as
vantagens de uma supervisão e condução central do
sistema como um todo. Esta descentralização traz
consigo uma série de vantagens técnicas,
diminuição da sobrecarga de processamento da
unidade central, entre outras.
Cada nível hierárquico fabril é representado
por um conjunto de ações e processamentos que
possuem requisitos de comunicação diferentes. A
característica predominante nos níveis hierárquicos
inferiores é a transferência de mensagens curtas
com alta freqüência, entre um número elevado de
estações. Nos níveis superiores há a predominância
de transferência de mensagens longas entre um
número menor de estações e a freqüência
consideravelmente mais baixa (figura 3.2).
Deste modo não existe um sistema de
comunicação único capaz de atender a todas as
aplicações existentes na organização industrial, mas
sim uma série de sub-redes locais adequada aos
requisitos de uma comunicação de cada nível. As
sub-redes serão conectadas à linha tronco
(backbone) por meio de “gateways”, “ bridges”,
“routers”, de modo que todas as estações possam
ser acessadas formando um sistema de
comunicação coeso que atenda toda a fábrica,
conforme os preceitos da filosofia CIM (Computer
intergrated Manufacturing).
A maioria das redes de comunicação
existentes no mercado para atender a demanda de
escritórios e/ou ambientes corporativos. A grande
maioria dessas redes é baseada no protocolo
CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Acess with
Collision Detection) na qual se desenvolveramas
redes locais (Lan’s – ETHERNET). A comunicação
de dados em ambiente industrial apresenta
características e necessidades que tornam a maioria
das redes para automação de escritório
inadequadas, Taís como:
• Ambiente hostil para operação dos
equipamentos (perturbações
eletromagnéticas, altas temperaturas,
sujeira.
• Troca de informação entre
equipamento–equipamento e não
homem-equipamento.
• Os tempos de resposta e a segurança
dos dados são críticos em diversas
situações.
• Grande quantidade de equipamentos
que pode ser conectados a rede,
tornando o fator custo importante.
Observado esses pontos chegou-se a uma para o chão de fabrica, ainda é o par
conclusão de que as redes industriais deveriam trançado. A fibra ótica será a melhor
ter pontos interessantes tais como: solução em futuro próximo (Vide
• Tempo : Os protocolos de comparativo figura 3.3).
acesso ao meio tem papel
fundamental no tempo de
entrega de uma mensagem e seu
tempo de vida(TTL – Time to
Live), e comportamento
determinístico – tempo de
reação conhecido.
• Utilização do protocolo
CSMA/CD, método de detecção
de erros - foi proposto pelos
criadores da rede ethernet.
• Mestre – Escravo: Em sistemas
de comando centralizado,
somente uma estação pode agir
como detentora do direito de
transmissão. Torna o sistema
Figura 3.1 – hierarquias.
dependente do sistema central,
que faz varreduras cíclicas de
todas unidades escravas e
solicitando envio de dados ou
verificando o dispor de dados a
enviar.
• Token-passing: Permite a
definição de uma ou mais de
uma estação com direito ao
meio físico. Onde o direito de
transmissão é passado
ciclicamente entre as estações.
• Cabeçalhos forçantes (forcing
Headers): Neste método de
acesso, existe um cabeçalho que
define a sua prioridade. Figura 3.2
• Preamble length: cada
mensagem é definido por um
preâmbulo diferente e com a
detecção de colisão desativada.
• Confiabilidade : Em aplicações
industrias um erro de bit pode
significar um erro muito grande,
no que diz a respeito a leitura de
medidores e comando de
atuadores.
• Interferências: Blindada a
interferência eletromagnética e
ruídos de grandes motores e
cargas eletroeletrônicas.
• Meios de transmissão:
atualmente, a melhor solução
 IV – NÍVEIS DE REDES E PROTOCOLOS
DIGITAIS.
Analisando as figuras a cima podemos
destacar 4 níveis de redes num sistema fabril
possíveis Taís como: Corporativo(Informação),
redes de campo (FieldBus), redes de controle
(DeviceBus) chão de fabrica (SensorBus).
• Redes de Informação: nível [2] de
gerência da empresa. Em grandes
corporações é natural a escolha de um
backbone de grande capacidade para
interligação dos sistemas de ERP
(Enterprise Resource Planning), Supply
Chain (gerenciamento da cadeia de
suprimentos), e EPS (Enterprise
Production Systems). Este backbone
pode ser representado pela rede ATM
ou GigaEthernet ou mesmo por uma
Ethernet 100-BaseT, utilizando como
meio de transmissão cabo par trançado
nível 5. Esta última rede vem assegurando
uma conquista de espaço crescente no
segmento industrial, devido à sua
simplicidade e baixo custo.
• Rede FieldBus: Interliga os equipamentos
de I/O mais inteligentes e pode cobrir
distâncias maiores. Os equipamentos
acoplados à rede possuem inteligência para
desempenhar funções específicas de
controle tais como loops PID, controle de
fluxo de informações e processos. Os
tempos de transferência podem ser longos
mas a rede deve ser capaz de comunicar-se
por vários tipos de dados (discreto,
analógico, parâmetros, programas e
informações do usuário).
• Rede DeviceBus: Preenche o espaço entre
redes sensorbus e fieldbus e pode cobrir
distâncias de até 500 m. Os equipamentos
conectados a esta rede terão mais pontos
discretos, alguns dados analógicos ou uma
mistura de ambos.
• Rede Sensorbus: conecta equipamentos
simples e pequenos diretamente à rede. Os
equipamentos deste tipo de rede necessitam
de comunicação rápida em níveis discretos e
são tipicamente sensores e atuadores de
baixo custo. Estas redes não almejam cobrir
grandes distâncias, sua principal
preocupação é manter os custos de conexão
tão baixos quanto for possível.
Segue no apêndice uma tabela sobre
características particulares sobre cada protocolo
de comunicação dos níveis de redes supra
mencionados. Cabe ao interessado mediante a
sua equipe escolher qual protocolo, qual
arquitetura, topologia e outros detalhes não
mencionados.
V – CONCLUSÃO
As principais vantagens e benefícios da
utilização de redes em sistemas fabris são: redução
da cablagem ,redução do número de canais de
comunicação, redução do tempo e complexidade do
projeto, facilidade de instalação e manutenção,
facilidade de localização de falhas e detecção,
modularização e flexibilidade de expansão,
aumento da confiabilidade da informação, melhor
desempenho global, menos tempo de parada da
planta, facilidade de interconexão dos níveis
hierárquicos, independência de fornecedor.
Sendo assim, podemos identificar que são
muitos motivos que pode fazer uma industria a
entrar nesta terceira faze da revolução
industrial. E ainda a vantagem dos sistemas
distribuídos e interconectados é uma evidencia
reconhecida para aplicações diversas.
REFERÊNCIAS
[1] Couto, Cícero de Moraes Engenharia de Automação
industrial, Ed. LTC, 2001.
[2] Arquiteturas e Sistemas de informação industrial,
Constantino Seixas Filho, UFMG.
[3] Sistemas Distribuidos e Redes para automação industrial,
Prof. Marcelo Ricardo Stemmer – UFSC.