Anda di halaman 1dari 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E MUSEOLOGIA
ANTROPOLOGIA URBANA

ANTONIO FELIPE DA SILVA JUNIOR

Políticas urbanas: o sequestro de espaços públicos na cidade de Recife

RECIFE
2018
ANTONIO FELIPE DA SILVA JUNIOR

Políticas urbanas: o sequestro de espaços públicos na cidade de Recife

Esta análise preliminar relata o confisco de uma área


compreendida por um passeio coberto em frente à agência do
Banco do Brasil na Rua Sete de Setembro, no centro do
Recife, causando o desaparecimento de personagens urbanos
que ali existiram e pertence às discussões vividas em
encontros semanais de Antropologia Urbana do curso de
Bacharelado em Museologia da Universidade Federal de
Pernambuco.
Docente: Doutor e Professor Francisco Sá Barreto.

RECIFE
2018
A análise de um microcosmo urbano, tomando-se para tanto a passagem
coberta ou - passeio coberto - de uma agência bancária no centro da cidade de
Recife, foi o início de uma reflexão à respeito de intervenções na cidade que
são perceptíveis neste exemplo em particular, mas que ocorre também em
esferas ainda maiores.

Temos aí uma forma arquitetônica criando espaços de convívio (que mesmo


realizado por pouca duração de tempo, como pessoas que ali permaneçam
abrigadas da chuva, ou por períodos de tempo mais longos, como moradores
da rua que utilizam a galeria como abrigo noturno), tornam-se verdadeiros
<lugares outros>, como diz Michel Foucault. Dilatando um pouco mais esta
experiência, tais espacialidades assemelham-se a lugares de interação
extremamente ricos, tal qual a sala de espera de um consultório médico, um
elevador ou a cozinha (galley) de uma aeronave de uma companhia aérea,
onde experiências de vida são compartilhadas e planos podem tornar-se reais.

O recente bloqueio desse espaço da cidade e o consequente impedimento da


realização de interações possíveis por meio daqueles que ali se movimentavam
são a tradução clara de agentes invisíveis da cidade que tentam abster-se e
que recusam lidar com conflitos. Por eles são levantadas as questões:

1) o local tem sido usado como dormitório por moradores sem teto;

2) há uma apropriação indevida do lugar para estacionamento de motos;

3) utilização do espaço como banheiro público;

4) lugar sendo usado como mercado ambulante, dentre as categorias listadas


estão vendedores de títulos de capitalização, tendo o banco como pano de
fundo que dá legitimidade e respaldo ao negócio; ponto de venda ilegal de
bilhetes de estacionamento do sistema Zona Azul; negociantes de doces
tradicionais, <japonês>.

Em verdade, esse sequestro do espaço em tratam-se de uma instituição


vinculada ao Estado Nacional (um banco estatal) não deveria causar
estranheza, posto que tem sido exatamente essas a política e o projeto
governamental que conhecemos, os quais visam o esvaziamento humano de
nossas vias. É justamente ali que ocorrem os embates, as manifestações, as
interações, as reivindicações. O Poder e o status quo sentem pavor da rua. E
em especial da rua ocupada pelo cidadão.

O movimento Ocupe Estelita e as manifestações em São Paulo e dos gilets


jaunes na França causam perdas financeiras e mostram aos governantes
limites desconfortáveis de seus poderes.

No caso de Recife, a ocupação das vias levou a uma prorrogação de prazos


para o fatídico projeto e lutas judiciais para viabilizá-lo, gerando a perda de
repasses milionários para os políticos e agentes públicos envolvidos, motivados
por esse momentânea impossibilidade de construir.

No caso da galeria coberta em questão, modelo de uma arquitetura que outrora


premiava o citadino com tamanhas possibilidades de sentir e de viver a cidade,
testemunho percebido em outros lugares da cidade, como as galerias de um
prédio próximo ao mercado da Encruzilhada e, notadamente, na Avenida
Guararapes. Um urbanismo que torna-se indigesto para um sistema de Estado
que prefere os munícipes em condomínios fechados ou no interior de seus
carros. Permitir e acelerar a agonia e interdição desses espaços é um projeto
pensado.
De fato, até mesmo o abandono de calçadas e passeios parece seguir esta
lógica. A existência de uma legislação obrigando o dono dos imóveis a manter
esse equipamento de uso público em bom estado de conservação traz um
problema sério, já que o Estado não tem como obrigar o proprietário dos
imóveis a fazê-lo e mesmo as multas aplicadas são contestadas e demanda
longos processos e recursos na justiça. A degradação das calçadas causa uma
falta de dinâmica e uma quase inviabilidade de seu uso.

Há inclusive uma questão de status em jogo. Quando percebemos a situação


dos funcionários do banco e seu mal estar causado pela obrigação diária em
conviver com a dureza dos personagens apresentados e pouco desejados do
ponto de vista de uma cidade idealizada.

Da vibração anterior, de um lugar de experiência e embates, de pacificação e


conflitos, lutas e vitórias, tem-se agora um espaço estéril e necrosado.
Transformação em experiência pobre para a cidade. É a morte do espaço.

Retomando Michel Agier, onde ele explicita que:

"Não são os limites espaciais que definem a situação, mas os da interação"

Temos o lugar físico não como determinante da interação, senão como palco
onde tais atores exercem esse mister. O lacre e a interdição sepultam, da noite
para o dia, essas possibilidades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação


e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

FERREZ, Helena Dodd; BIANCHINI, Maria Helena S. Thesaurus para


acervos museológicos. Ministério da Cultura, Secretaria do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, Fundação Nacional Pró-Memória, Coordenadoria
Geral de acervos museológicos, 1987. Série Técnica Vol. 1

FERREZ, Helena Dodd; BIANCHINI, Maria Helena S. Thesaurus para


acervos museológicos. Ministério da Cultura, Secretaria do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, Fundação Nacional Pró-Memória, Coordenadoria
Geral de acervos museológicos, 1987. Série Técnica Vol. 2

GEMENTE, Gilson. Vinte anos de Donato: um breve histórico do banco de


dados do Museu Nacional de Belas Artes.
<http://biblioteca.pinacoteca.org.br/9090/publicacoes/index.php/sim/article/dow
nload/19/19> Acesso em 08 de agosto de 2018.

Anda mungkin juga menyukai