2(2n + 1)
Considere a sequência de números definida por C1 = 1 e Cn+1 = Cn , para n > 1.
n+2
(a) Determine C2 , C3 , C4 e C5 .
(2n)!
(b) Prove que Cn = , para todo n > 1.
n!(n + 1)!
Solução
2(2 · 1 + 1) 2(2 · 2 + 1) 5
C2 = C1 = 2 · 1 = 2, C3 = C2 = · 2 = 5,
1+2 2+2 2
2(2 · 3 + 1) 14 2(2 · 4 + 1) 18
C4 = C3 = · 5 = 14, C5 = · 14 = · 14 = 42.
3+2 5 4+2 6
2!
(b) Para n = 1 temos que C1 = = 1.
1!2!
(2k)!
Suponha que Ck = , para um certo k > 1.
k!(k + 1)!
Usando a definição e depois a hipótese de indução temos que
Pauta de Correção:
(a) Mostre que se o número real α é um zero da função polinomial f , então f (x) = (x − α) · g(x), para alguma
função polinomial g.
1 n
(b) Seja p(x) = (x − 1). Mostre que, para qualquer n inteiro positivo ı́mpar, o resto da divisão de p(x) por
2 n
p(x2 ) é igual a p(x), isto é, que p(x) = p(x2 ) · q(x) + p(x) para alguma função polinomial q(x).
Solução
Como cada parcela da soma é da forma ak xk − αk , podemos concluir, da primeira observação, que f (x) − f (α) é da
forma (x − α) · g(x).
Se, ademais, α é um zero da função f , isto é, f (α) = 0, então temos o resultado desejado.
SOLUÇÃO ALTERNATIVA PARA O ITEM (a)
Pelo Algoritmo da divisão de Euclides para polinômios, ao dividirmos o polinômio f (x) por x − α obtemos únicos
polinômios g(x) e r(x) tais que
f (x) = (x − α) · g(x) + r(x)
com 0 6 grau (r) < grau (x − α) ou r(x) ≡ 0. Como grau (x − α) = 1, temos que r(x) ≡ k, com k ∈ R.
Fazendo x = α na expressão acima, vemos que k = f (α). Logo, f (x) = (x − α) · g(x) + f (α).
Se supomos que α é um zero da função f , isto é, f (α) = 0, então temos o resultado desejado.
n (x − 1)n (x2 − 1)
(b) Temos que p(x) = n
e que p(x2 ) = Queremos mostrar que existe função polinomial q tal que, para
2 2
n ı́mpar vale
(x − 1)n (x2 − 1) x−1
n
= · q(x) + .
2 2 2
Reescrevendo a expressão, temos que mostrar que
(x − 1)n−1
(x − 1) − 1 = (x − 1)(x + 1) · q(x).
2n−1
(x − 1)n−1
Seja h(x) = − 1, a expressão entre parênteses acima. Observe que
2n−1
Pauta de Correção:
(a) Sejam π1 e π2 planos paralelos não coincidentes, e considere as retas r1 ⊂ π1 e r2 ⊂ π2 . Prove que, se r1 e r2
são coplanares, então estas retas são paralelas.
(b) Seja ABCDHEF G um cubo, e considere os pontos I ∈ BC e J ∈ F G tais que GJ 6= CI, como na figura abaixo.
Solução
(a) Suponha, por absurdo, que r1 e r2 não sejam paralelas. Como r1 e r2 são complanares e não são paralelas, devem ser
concorrentes. Assim, existe P ∈ r1 ∩ r2 . Mas r1 ⊂ π1 e r2 ⊂ π2 , logo P ∈ π1 ∩ π2 , o que contradiz o fato de π1 e π2
serem paralelos.
(b) Seja K ∈ F G tal que GK = CI. Com isso, IK é paralelo à aresta BF , e portanto paralelo a DH. Como IJ é
concorrente a IK, IJ não pode ser paralelo a DH pois, por transitividade, também seria paralelo a IK.
Com isso, podemos afirmar que os pontos D, H, I e J não são coplanares pois, neste caso, as retas DH e IJ seriam
coplanares e, pelo item (a), terı́amos DH paralelo a IJ, que não é o caso.
Pauta de Correção:
(b) • Traçar paralela a uma das arestas verticais a partir de J ou I, ou algo equivalente. [0,25]
• Utilizar o item (a) para argumentar que IJ não é paralelo a DH. [0,25]
Questão 04 [ 1,25 ]
No lançamento simultâneo de 3 dados não viciados, com faces numeradas de 1 a 6, qual é a probabilidade de que o
resultado de algum destes dados seja a soma dos resultados dos outros dois?
Solução
O conjunto S = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12} de todos os resultados possı́veis do experimento aleatório lançar dois dados e
verificar a soma dos resultados das faces superiores não é um espaço amostral equiprovável. Por exemplo, a probabilidade
de obtermos 7 é bem maior do que a probabilidade de obtermos 2, já que o resultado 7 pode surgir dos pares de resultados
(1, 6), (2, 5), (3, 4), (4, 3), (5, 2) e (6, 1), enquanto o resultado 2 só aparece com o surgimento do par de dados (1, 1). Como
no lançamento de dois dados há 6 resultados possı́veis para o primeiro dado e 6 resultados possı́veis para o segundo temos 6
6
x 6 = 36 pares de resultados possı́veis, de modo que a probabilidade de obtermos o resultado 7 é igual a , enquanto que a
36
1
probabilidade de obtermos o resultado 2 é de .
36
Nos interessam apenas os resultados entre 2 e 6, inclusive, pois estes são os resultados da soma de dois dados que podem
aparecer no terceiro dado. Há 15 pares dentre os 36 possı́veis que nos interessam, de modo que a probabilidade de obtermos
15 5
um dos resultados desejados é de = .
36 12
Temos então dois eventos independentes a soma de dois dos três dados ser um número entre 2 e 6, cuja probabilidade acabamos
1
de calcular, e o terceiro dado apresentar o valor dessa soma, cuja probabilidade é de . Logo, a probabilidade de que esses
6
1 5 5
dois eventos aconteçam simultaneamente é · = .
6 12 72
Contudo, para chegarmos à resposta do problema, é preciso ainda multiplicar o resultado anterior por 3, já que não sabemos
qual dos três dados resultou na soma dos demais: o primeiro, o segundo ou o terceiro. Multiplicar por 3 é suficiente porque, além
da completa simetria que garante que a probabilidade é a mesma para os três casos, sabemos que estes casos são mutuamente
5 5 5 5 5
exclusivos. Assim, a probabilidade procurada é + + =3· = .
72 72 72 72 24
Pauta de Correção:
A área S de um polı́gono com vértices sobre pontos de coordenadas inteiras do plano cartesiano pode ser calculada
através da fórmula de Pick
b
−1
S =i+
2
na qual b e i são as quantidades de pontos de coordenadas inteiras que estão, respectivamente, sobre os lados (o que
inclui os vértices) e no interior do polı́gono.
(a) Determine a quantidade de pontos de coordenadas inteiras sobre os lados do triângulo retângulo ABC, cujos
catetos estão sobre os eixos coordenados e cuja reta suporte da hipotenusa AB tem equação 9x + 11y = 594.
(b) Utilize a fórmula de Pick para determinar a quantidade de pontos de coordenadas inteiras no interior do
triângulo ABC.
Solução
(a) Determinemos primeiro as coordenadas dos vértices A, B e C. Como os catetos estão sobre os eixos coordenados,
C = (0, 0) e A e B são os pontos de interseção da reta suporte da hipotenusa com os eixos coordenados, supondo que
A está sobre o eixo das ordenadas e B sobre o eixo das abscissas (essa escolha é indiferente) temos que A = (0, y) e
B = (x, 0).
Fazendo x = 0 na equação 9x + 11y = 594 concluı́mos que A = (0, 54) e fazendo y = 0 concluı́mos que B = (66, 0).
Desse modo concluı́mos que há 54 + 66 + 1 = 121 pontos de coordenadas inteiras sobre os catetos do triângulo ABC,
incluindo os vértices.
Sabemos que os pontos de coordenadas inteiras sobre a hipotenusa (excluindo agora os vértices) serão as soluções da
equação diofantina linear 9x + 11y = 594 localizadas entre os pontos A e B, ou seja, aquelas soluções para as quais
0 < x < 66. Utilizando a solução particular (0, 54) concluı́mos que a solução geral da equação diofantina linear pode
ser expressa em função de um parâmetro t ∈ Z por:
x = 11t
y = 54 − 9t
Como para t = 0 obtemos o ponto A e para t = 6 obtemos o ponto B, concluı́mos que, excluindo A e B, há 5 pontos de
coordenadas inteiras sobre a hipotenusa, são eles os pontos (11,45), (22,36), (33,27), (44,18) e (55,9), que sugem quando
tomamos os valores de t tais que 1 ≤ t ≤ 5.
Logo há b = 121 + 5 = 126 pontos de coordenadas inteiras sobre a borda do triângulo ABC.
(b) No item anterior verificamos que o triângulo ABC possui vértices de coordenadas inteiras, atendendo assim às condições
necessárias para a aplicação da fórmula de Pick.
Uma vez que os catetos AC e BC do triângulo retângulo ABC medem, respectivamente, 54 e 66 unidades de medida de
comprimento, concluı́mos que sua área será igual a 1782. Substituindo esse resultado e o obtido no item (a) na fórmula
de Pick obtemos:
b
S =i+ −1
2
126
1782 = i + −1
2
1782 = i + 63 − 1
i = 1720.
Pauta de Correção:
(a) • Encontrar as coordenadas dos vértices A, B e C ou utilizá-las implicitamente para resolver a questão. [0,25]
• Calcular o número de pontos sobre os catetos. [0,25]
• Calcular a quantidade de pontos sobre a hipotenusa. [0,25]
(n − 1)! = 1 · · · n1 · · · 2n1 · · · (n − 1)
Como (n, n − 1) = (n, 1) = 1, concluı́mos que n|(n − 2)!. Reciprocamente, suponhamos que n|(n − 2)!. Observando que
os fatores primos de (n − 2)! = 1 · · · (n − 2) são todos menores do que n, concluı́mos que n não pode ser primo, portanto
n é composto.
Pauta de Correção:
Questão 07 [ 1,25 ]
A hipotenusa BC de um triângulo retângulo ABC é dividida em quatro segmentos congruentes pelos pontos D, E e
2 2 2
F . Se BC = 20cm, calcule, em centı́metros, o valor da soma AD + AE + AF .
Solução
Marque os pontos D, E e F sobre a hipotenusa BC de modo que BD = DE = EF = F C = 5. Indicando AB = x e AC = y,
temos que
x2 + y 2 = 400.
Seja P o pé da perpendicular baixada de D ao lado BA e Q o pé da perpendicular baixada de F ao lado BA.
BP 5 PD 5 x y x 3x
Temos que = e = , logo BP = , P D = e P A = x − = .
x 20 y 20 4 4 4 4
y 2 2
2 2 2 2 3x
Como AD = P D + P A , obtemos AD = + .
4 4
BR 15 RF 15 3x 3y 3x x
De modo análogo, = e = , logo logo BR = , RF = e RA = x − = .
x 20 y 20 4 4 4 4
2
2 2 2 2 3y x 2
Como AF = RF + RA , obtemos AF = + .
4 4
Como AE é mediana relativa à hipotenusa temos que AE = 10.
Usando que x2 + y 2 = 400, obtemos que
y 2 2 2
2 2 2 3x 3y x 2
AD + AE + AF = + + 100 + +
4 4 4 4
Solução
(a) Para construir o gráfico da função f pode-se inicialmente imaginar a senoide restrita ao intervalo [−π, π], como mostrado
na Figura 1.
Multiplicando por 2 o argumento da função seno (restrita ao mesmo intervalo) o comprimento de seu perı́odo é reduzido
à metade, produzindo o gráfico apresentado na Figura 2.
Finalmente, substituindo o argumento da função já modificada por seu valor absoluto, obtemos o gráfico da Figura 3,
no qual a parte do gráfico da Figura 2 que está à direita do eixo das ordenadas é refletida em relação ao eixo y, gerando
o gráfico procurado.
Figura 2: Gráfico obtido quando o argumento é multiplicado por 2.
Figura 3: Gráfico de f .
Observação 1: Caso o aluno não obtenha o gráfico de f ,hmas apresente, no item (a), o gráfico da Figura 2, atribuir [0,25].
π πi
Observação 2: Caso o aluno não obtenha f −1 (f (A)) = − , , mas obtenha, no item (b), f (A) = [0, 1], atribuir [0,25].
2 2
Pauta de Correção: (proposta 2)