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Direito Constitucional – Poder judiciário

1. INTRODUÇÃO

O Brasil adota o sistema inglês ou sistema de unicidade de jurisdição, no qual somente o


Poder Judiciário tem jurisdição, somente ele pode dizer, em caráter definitivo, o direito aplicável aos
casos concretos litigiosos submetidos à sua apreciação.

Logo, não existe no Brasil a coisa julgada administrativa, tampouco a jurisdição administrativa.

São características essenciais de um Poder Judiciário independente e imparcial as diversas


prerrogativas da magistratura, como a vitaliciedade, inamovibilidade etc.

O Poder Judiciário exerce, além de sua função típica, funções atípicas normativas e
administrativas.

Como órgão máximo de exercício de suas funções administrativas, tem-se o Conselho


Nacional de Justiça, criado pela EC nº 45/04. É um órgão de controle composto também por outros
membros que não são do Poder Judiciário, que não tem ingerência na atividade jurisdicional, mas
somente nas atividades administrativas e financeiras.
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São quatro os órgãos da União no Judiciário. A Justiça Federal, que é disparadamente a mais
importante de todas. A Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho e a Justiça Militar.

A única justiça que é da União que não tem órgão de segunda instância e cujo tribunal
superior pode apreciar matéria de fato amplamente é a justiça militar. Não há um tribunal regional na
justiça militar, existem as auditorias militares e o STM. O STM no âmbito recursal, tem a possibilidade
de apreciar questões que o STJ não tem.

A Justiça Federal tem sua competência taxativamente arrolada na CR/88, havendo Justiças
especializadas (eleitoral, militar e trabalhista), também com competências taxativamente elencadas.
Já à Justiça estadual competem as reminiscências, apesar de, dentro dessas reminiscências, a sua
competência ser absoluta.

O Poder Judiciário no Brasil tem caráter nacional, é uma instituição nacional. Por isso que,
diferentemente do que ocorre com o MP, SÓ HÁ UMA LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA
NACIONAL, DE INICIATIVA EXCLUSIVA DO STF.

Em 1748, Montesquieu (O Espírito das Leis) dizia que o juiz é a boca que fala o que está
escrito na lei. Nesse período histórico, o juiz era um elemento que pertencia ao Segundo Estado
Francês. O Primeiro Estado era o Clero, o Segundo, os nobres e o Terceiro Estado era o que eles
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chamavam de Nação. O juiz fazia parte do Segundo Estado. Montesquieu, naquele momento
histórico, falava que o juiz era um ser inanimado que falava o que estava na lei. Por isso temos a
ideia de que o juiz deve ser neutro. Não se deve, porém, confundir neutralidade com parcialidade. O
juiz não pode ser neutro, mas deve ser imparcial. Nessa época, a função do Judiciário era aplicar a
lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito de interesses com força
definitiva.

Hoje, faz-se a denominada interpretação constitucionalmente adequada da divisão


orgânica de Montesquieu, expressão de Gilmar Ferreira Mendes, em seu livro “Curso de Direito
Constitucional.”

Eugenio Raúl Zaffaroni identifica três funções do Poder Judiciário contemporâneo: decidir os
conflitos, controlar a constitucionalidade das leis e realizar seu autogoverno.

Luiz Flávio Gomes, por seu turno, amplia o leque, afirmando serem cinco as funções do Poder
Judiciário: a) aplicar contenciosamente a lei aos casos concretos; b) controlar os demais poderes; c)
realizar seu autogoverno; d) concretizar os direitos fundamentais; e) garantir o Estado Constitucional
Democrático de Direito. Tais funções estão relacionadas à construção de um modelo democrático e 1
independente de Poder Judiciário.

Pode-se resumi-las nos seguintes termos:

a) aplicar a lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o


conflito de interesses com força definitiva.

b) defesa dos direitos fundamentais: não há que se falar em Poder Judiciário sem a defesa
dos direitos fundamentais. Ele busca a defesa e hoje, sobretudo, a concretização dos direitos
fundamentais.

c) defesa da força normativa da Constituição: a Constituição é uma ordem. É uma norma


jurídica imperativa. Essa força da CF em ordenar recebe o nome de força normativa da CF e o
Judiciário tem feito isso através do controle de constitucionalidade. No momento em que o
Judiciário faz a fiscalização de constitucionalidade está defendendo a força normativa da
Constituição.

d) o Poder Judiciário faz o seu autogoverno: É o chamado autogoverno dos tribunais. O


Poder Judiciário elege os seus órgãos diretivos, cria seus regimentos internos, com base nesse
autogoverno. É uma atribuição própria dele.
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e) o Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Poderes: alguns fazem uma
relação entre o Poder Judiciário hoje e o próprio poder moderador de Benjamin Constant de 1824. O
Judiciário resolve os conflitos entre os Poderes. Digamos que uma CPI do Congresso notifique o
Presidente para depor. O Presidente diz que não vai. Quem resolve esse conflito? O Judiciário. Esta
é uma função importantíssima hoje do Judiciário.

f) o Poder Judiciário edita a chamada legislação judicial: são exemplos de legislação


judicial a sentença aditiva, a súmula vinculante, a nova posição do Supremo no mandado de injunção.
No MI 712, o Supremo legislou. Outro exemplo: regras fixadas pelo Supremo da demarcação da
reserva indígena Raposa Terra do Sol. Em um mandado de segurança (Raposa Terra do Sol), o STF
fixou 18 pontos e isso é atuar como legislador positivo. E esta legislação judicial, o que significa?
Conceituando-a como o Ministro Gilmar Mendes fez: “É a criatividade dos juízes e tribunais,
sobretudo das cortes constitucionais editando normas de caráter geral, em regra, na jurisdição
constitucional.”

2. ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

São eles: STF, STJ, TSE, TST, STM, TRF, TRE, TRT, TJ, juízes federais, estaduais, do 2
trabalho, militares e eleitorais.

A EC nº 45/04 extinguiu os Tribunais de Alçada.

Ademais, entram também o CJF, o CNJ, a TNU e as Turmas Recursais.

2.1. O QUINTO CONSTITUCIONAL

Todos os tribunais são compostos por desembargadores nomeados a partir de listas


apresentadas em conformidade com a Constituição. Para todos eles se exige uma fração mínima de
desembargadores/Ministros que tenham origem na advocacia ou na carreira do Ministério Público,
fração esta denominada de quinto constitucional.

A ideia disso é valorizar a composição dos tribunais judiciários com a experiência profissional
colhida no exercício das funções de representante do parquet e no desempenho da atividade de
advogado.

O quinto volta e meia gera polêmicas, visto que os membros da carreira da magistratura são
não poucas vezes prejudicados. Colaciono abaixo alguns importantes julgados sobre o tema:
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Nenhuma distinção ontológica existe entre os desembargadores e Ministros dos Tribunais


que possa ser feita pelo fato de advirem do quinto constitucional. Tanto os membros do
MP, quanto os advogados e quanto os magistrados de carreira são, ao serem
nomeados para o cargo, magistrados togados tout court. (ADI 4078/DF, Plenário, rel.
orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, 1.11.2011.)

1. Na vigente Constituição da República - em relação aos textos constitucionais


anteriores - a seleção originária dos candidatos ao "quinto" se transferiu dos
tribunais para "os órgãos de representação do Ministério Público e da advocacia"-,
incumbidos da composição das listas sêxtuplas - restando àqueles, os tribunais, o
poder de reduzir a três os seis indicados pelo MP ou pela OAB, para submetê-los à
escolha final do Chefe do Poder Executivo. 2. À corporação do Ministério Público ou da
advocacia, conforme o caso, é que a Constituição atribuiu o primeiro juízo de valor positivo
atinente à qualificação dos seis nomes que indica para o ofício da judicatura de cujo
provimento se cogita. 3. Pode o Tribunal recusar-se a compôr a lista tríplice dentre os
seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a alguns ou a todos
eles, as qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da Constituição (v.g. mais de
dez anos de carreira no MP ou de efetiva atividade profissional na advocacia.) 4. A questão
é mais delicada se a objeção do Tribunal fundar-se na carência dos atributos de "notório
saber jurídico" ou de "reputação ilibada": a respeito de ambos esses requisitos
constitucionais, o poder de emitir juízo negativo ou positivo se transferiu, por força do art.
94 da Constituição, dos Tribunais de cuja composição se trate para a entidade de classe
correspondente. 5. ESSA TRANSFERÊNCIA DE PODER NÃO ELIDE, PORÉM, A
POSSIBILIDADE DE O TRIBUNAL RECUSAR A INDICAÇÃO DE UM OU MAIS DOS
COMPONENTES DA LISTA SÊXTUPLA, À FALTA DE REQUISITO CONSTITUCIONAL
PARA A INVESTIDURA, DESDE QUE FUNDADA A RECUSA EM RAZÕES OBJETIVAS,
DECLINADAS NA MOTIVAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE DO 3
COLEGIADO JUDICIÁRIO. 6. Nessa hipótese ao Tribunal envolvido jamais se há de
reconhecer o poder de substituir a lista sêxtupla encaminhada pela respectiva
entidade de classe por outra lista sêxtupla que o próprio órgão judicial componha,
ainda que constituída por advogados componentes de sextetos eleitos pela Ordem
para vagas diferentes. 7. A SOLUÇÃO HARMÔNICA À CONSTITUIÇÃO É A
DEVOLUÇÃO MOTIVADA DA LISTA SÊXTUPLA À CORPORAÇÃO DA QUAL
EMANADA, PARA QUE A REFAÇA, TOTAL OU PARCIALMENTE, CONFORME
O NÚMERO DE CANDIDATOS DESQUALIFICADOS: DISSENTINDO A
ENTIDADE DE CLASSE, A ELA RESTARÁ QUESTIONAR EM JUÍZO, NA VIA
PROCESSUAL ADEQUADA, A REJEIÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO TRIBUNAL
COMPETENTE ÀS SUAS INDICAÇÕES.

(MS 25624, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em


06/09/2006, DJ 19-12-2006 PP-00036 EMENT VOL-02261-05 PP-00946 RTJ VOL-00207-
02 PP-00617)

EMENTA: Tribunal de Justiça. Se o número total de sua composição não for divisível por
cinco, arredonda-se a fração restante (seja superior ou inferior à metade) para o número
inteiro seguinte, a fim de alcançar-se a quantidade de vagas destinadas ao quinto
constitucional destinado ao provimento por advogados e membros do Ministério Público.

(AO 493, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, Primeira Turma, julgado em 06/06/2000,
DJ 10-11-2000 PP-00081 EMENT VOL-02011-01 PP-00001)

3. GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO


Direito Constitucional – Poder judiciário

São garantias/prerrogativas conferidas ao próprio Poder Judiciário e aos cargos de


magistrados que visam dar-lhes a necessária independência para o exercício de suas funções
constitucionais.

Ao Poder Judiciário é garantida autonomia administrativa e financeira. Logo, ainda que


não disponham de orçamento próprio, os tribunais elaborarão sua própria proposta orçamentária.
Caso eles não a encaminhem no prazo estabelecido, o Poder Executivo considerará os valores
aprovados na LOA vigente.

Se as propostas orçamentárias forem encaminhadas em desacordo com os limites


estipulados na LDO, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação
da proposta orçamentária anual.

A autonomia administrativa confere aos tribunais do Poder Judiciário competência para:

a) Eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos;

b) Organizar suas secretarias e serviços auxiliares, velando pela atividade correicional;

c) Propor a criação de novas varas judiciárias;


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d) Conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores
que lhes forem imediatamente vinculados

e) Prover, por concurso público, os cargos necessários à administração da justiça, além de


outras funções.

f) Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, constituir órgão especial, com
o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade
das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno.

ESSAS ATRIBUIÇÕES ACIMA INDEPENDEM DE LEI,


PODENDO SER EXERCIDAS POR ATOS INTERNOS.

Porém, a criação, alteração e extinção de cargos de sua estrutura, a fixação do subsídio de


seus membros e a alteração da organização e da divisão judiciárias, assim como a criação ou
extinção dos tribunais inferiores e a alteração do número de membros dos tribunais inferiores deverão
ser propostas em lei ao Poder Legislativo, mediante iniciativa do STF, dos Tribunais Superiores e
dos TJs, observadas as regras da LRF.
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No que se refere às contas únicas para depósitos judiciais e extrajudiciais, o STF já se


manifestou que se trata de matéria que deve ser definida por lei, porém de iniciativa privativa
do Poder Judiciário. Nesse sentido:

[...] 2. A iniciativa legislativa, no que respeita à criação de conta única de depósitos


judiciais e extrajudiciais, cabe ao Poder Judiciário. A deflagração do processo
legislativo pelo Chefe do Poder Executivo consubstancia afronta ao texto da
Constituição do Brasil [artigo 61, § 1º]. 3. Cumpre ao Poder Judiciário a administração
e os rendimentos referentes à conta única de depósitos judiciais e extrajudiciais.
Atribuir ao Poder Executivo essas funções viola o disposto no artigo 2º da
Constituição do Brasil, que afirma a interdependência --- independência e harmonia -
-- entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. [...] (ADI 3458, Relator(a): Min. EROS
GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2008, DJe-088 DIVULG 15-05-2008 PUBLIC 16-
05-2008 EMENT VOL-02319-02 PP-00350 RTJ VOL-00205-02 PP-00665 LEXSTF v. 30, n.
354, 2008, p. 87-109)

GARANTIAS INSTITUCIONAIS

Capacidade de autogoverno: possibilidade de eleger seus próprios órgãos diretivos,


organizar sua estrutura administrativa interna, como suas secretarias, serviços auxiliares, e deliberar
sobre assuntos próprios, como realização de concurso, concessão de benefícios e licenças aos seus
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integrantes. Engloba também atribuições inerentes ao poder de polícia e ao poder disciplinar.

Autonomia financeira: o Judiciário elabora sua proposta orçamentária (art. 99, CF), dentro
do limite da lei de diretrizes orçamentárias.

Capacidade normativa: cada Tribunal funciona a partir de um Regimento Interno, cuja


competência é do respectivo Tribunal (art. 96, I, a, CF)

Inalterabilidade de sua organização: inalterabilidade de composição dos quadros dos


Tribunais, salvo mediante proposta dos próprios Tribunais (art. 96, II, CF)

Escolha de seus dirigentes: art. 96, I, a, CF.

GARANTIAS FUNCIONAIS

Vitaliciedade: após dois anos de exercício, para os magistrados que ingressam por concurso
público, ou desde a posse, para os magistrados dos Tribunais. No período de prova, a perda do cargo
de juiz dependerá de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de
sentença judicial transitada em julgado.
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Para obter a vitaliciedade, a EC nº 45/04 passou a prever como etapa obrigatória a


participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
magistrados

Inamovibilidade SALVO A PEDIDO OU POR INTERESSE PÚBLICO: garantida para o juiz


não estável. O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.

Foi discutido se a inamovibilidade do membro da magistratura atinge o juiz substituto.


Entendeu-se o seguinte:

O Plenário iniciou julgamento de mandado de segurança impetrado por juiz substituto contra
ato do Conselho Nacional de Justiça - CNJ que julgara improcedente pedido de providências
por ele formulado, sob o fundamento de que o instituto da inamovibilidade (CR, art. 95, II)
não alcança os juízes substitutos, ainda que assegurados pela vitaliciedade. Na espécie, o
magistrado alega que, ao ingressar na magistratura do Estado do Mato Grosso, fora lotado
em uma determinada comarca, mas, posteriormente, tivera sua lotação alterada, várias
vezes, para comarcas distintas. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, concedeu
parcialmente a ordem para anular a decisão do CNJ por entender que a garantia da
inamovibilidade se estenderia aos juízes substitutos. Asseverou que a Constituição, ao
falar de juízes, faria referência às garantias da magistratura, condicionando apenas a
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vitaliciedade, no primeiro grau, a dois anos de exercício. Dessa forma, A
IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO E A INAMOVIBILIDADE ESTARIAM
ESTABELECIDAS DESDE O INGRESSO DO MAGISTRADO NA CARREIRA 1, OU SEJA,
APLICAR-SE-IAM IMEDIATAMENTE.

MS 27958/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 3.2.2011. (MS-27958)

Irredutibilidade dos vencimentos: trata-se de irredutibilidade nominal.

4. ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA

A organização da carreira, chamada de Estatuto da Magistratura, deve ser disciplinada por


Lei Complementar (atualmente, a LC nº 35/74), de iniciativa do STF.

Para ser juiz, o interessado deverá ser aprovado em concurso público de provas e títulos, ser
formado em direito e comprovar que, após a colação de grau e até a inscrição definitiva no concurso,
possui, pelo menos, três anos de atividade jurídica.

1 Ou seja, desde a posse.


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O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a 95% do subsídio dos
Ministros do STF. Deverá o juiz residir na comarca, salvo autorização do tribunal. Todas as sessões
serão públicas e fundamentados todos os julgamentos, sob pena de nulidade (art. 93, V, VII e IX).

A partir da EC nº 45/04, ficou impedida a concessão de férias coletivas aos membros dos
tribunais e aos juízes a eles vinculados (art. 93, XII). O STF já declarou essa EC constitucional.

Nos dias em que não houver expediente, deverá haver juízes em plantão permanente.

Para ser promovido, o juiz deverá atender aos seguintes requisitos:

a) É obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas
em lista de merecimento;

b) A promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e


integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais
requisitos quem aceite o lugar vago;

c) Aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de


produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos
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oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;

d) Na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;

e) Não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do
prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão.

As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as


disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros.

Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se
metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno

5. VEDAÇÕES DOS MAGISTRADOS

É vedado aos juízes:


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a) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

b) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

c) Dedicar-se à atividade político-partidária.

d) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,


entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;

e) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, ANTES DE DECORRIDOS


TRÊS ANOS do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

6. SUBSÍDIOS DOS MEMBROS DO PODER JUDICIÁRIO

Apesar de se aplicar o teto de 95% do subsídio dos membros do STF aos ministros dos
Tribunais Superiores, no julgamento da ADIMC 3.854/DF, em interpretação conforme a constituição,
o STF declarou que o subsídio dos desembargadores do TJ tem como limite o subsídio mensal de
seus Ministros.

Logo, membros do TJ poderão receber mais do que membros dos Tribunais Superiores. 8

Os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a
diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento

7. CONTROLE EXTERNO DO PODER JUDICIÁRIO

São instrumentos de controle externo:

a) A fiscalização financeira, orçamentária e patrimonial exercida pelo Poder Legislativo;

b) A escolha e nomeação dos mais altos cargos do Poder Judiciário com a participação de
outros Poderes;

c) O julgamento dos Ministros do STF e dos membros do CNJ pelo Senado Federal nos
crimes de responsabilidade.

8. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ (ART. 103-B)

Será presidido por membro do STF, tendo como Ministro-corregedor o membro do STJ. Ele
é composto por 15 membros, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
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escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida uma única
recondução sucessiva. São membros do CNJ:

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com


mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional


nº 61, de 2009)

II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;

III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;

IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; 9
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da


República;

XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da


República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;

XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara
dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas
ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República,


depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, que votará em caso
de empate, ficando excluído da distribuição de processos naquele tribunal. O PRESIDENTE DA
REPÚBLICA NÃO NOMEARÁ OS MINISTROS DO STF, OS QUAIS SÃO NOMEADOS
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DIRETAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO. SÓ NOMEARÁ OS DEMAIS MEMBROS. Logo, é falsa a


assertiva de prova que dizer que todos os membros do CNJ serão nomeados por ele após
aprovação do Senado Federal (vide § 2º acima).

Ao CNJ compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do


cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, não se tratando de órgão de controle externo e
podendo suas decisões, sempre, ser impugnadas perante o STF.

O CNJ exige que os tribunais informem as atividades exercidas por todos os seus juízes

O STF rejeitou, em julgamento de ADIN, a alegação de que o CNJ representava afronta ao


pacto federativo, já que não representa controle da União sobre os Estados, por não se tratar ele de
órgão da União, e sim de órgão do Poder Judiciário Nacional.

O STF reconheceu também o PODER NORMATIVO PRIMÁRIO do CNJ para regulamentar


as matérias que lhe são afetas.

São atribuições do CNJ:


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a) Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura,


podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

Sobre essa recomendação de providências:

É válida a determinação do CNJ que estabeleceu ser necessário o registro no BACEN


JUD por parte dos magistrados, para que efetuem a penhora online. No caso, o
impetrante, juiz federal, sustentava, em síntese, que o ato apontado como coator implicaria
afronta à independência funcional; significaria desvio da principal função dos juízes, a
julgadora, de modo a reduzi-los a simples meirinhos. O CNJ poderia instituir condutas e
impor a toda magistratura nacional o cumprimento de obrigações de essência
puramente administrativa, como a que determinaria aos magistrados a inscrição em
cadastros ou sítios eletrônicos com finalidades estatística e fiscalizatória ou, para
materializar ato processual. Destacou-se que a inscrição no BACEN JUD, sem qualquer
cunho jurisdicional, preservaria a liberdade de convicção para praticar atos processuais
essenciais ao processamento dos feitos de sua competência, bem como julgá-los segundo
o princípio da persuasão racional, adotado pelo direito processual pátrio. Esse cadastro
permitiria ao magistrado optar pela utilização dessa ferramenta quando praticasse certo ato
processual e, logicamente, se esse fosse o seu entendimento jurídico. MS 27621/DF, rel.
Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 7.12.2011

b) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade


dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo
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desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;

“A segunda modalidade de atribuições do Conselho diz respeito ao controle ‘do


cumprimento dos deveres funcionais dos juízes’ (art. 103-B, § 4º). E tampouco parece-me
hostil à imparcialidade jurisdicional.

Representa expressiva conquista do Estado democrático de direito, a consciência de


que mecanismos de responsabilização dos juízes por inobservância das obrigações
funcionais são também imprescindíveis à boa prestação jurisdicional. (...).

Entre nós, é coisa notória que os atuais instrumentos orgânicos de controle ético-
disciplinar dos juízes, porque praticamente circunscritos às corregedorias, não são de todo
eficientes, sobretudo nos graus superiores de jurisdição (...).

Perante esse quadro de relativa inoperância dos órgãos internos a que se confinava o
controle dos deveres funcionais dos magistrados, não havia nem há por onde deixar de
curvar-se ao cautério de Nicoló Trocker: ‘o privilégio da substancial irresponsabilidade do
magistrado não pode constituir o preço que a coletividade é chamada a pagar, em troca da
independência dos seus juízes’. (...).

Tem-se, portanto, de reconhecer, como imperativo do regime republicano e da própria


inteireza e serventia da função, a necessidade de convívio permanente entre a
independência jurisdicional e instrumentos de responsabilização dos juízes que não
sejam apenas formais, mas que cumpram, com efetividade, o elevado papel que se lhes
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predica. (...).” (grifei) (MS 28.801/DF)

c) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,


inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de
registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência
disciplinar e correicional dos tribunais, PODENDO AVOCAR PROCESSOS DISCIPLINARES EM
CURSO E DETERMINAR A REMOÇÃO, A DISPONIBILIDADE OU A APOSENTADORIA COM
SUBSÍDIOS OU PROVENTOS PROPORCIONAIS AO TEMPO DE SERVIÇO E APLICAR OUTRAS
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS, ASSEGURADA AMPLA DEFESA; sobre essa competência, o
STF já a complementou, dizendo ter o CNJ também poderes para obstar processamento de
sindicância em sede inferior, com base na teoria dos poderes implícitos:

CNJ: dispensa de sindicância e interceptação telefônica – 2

A Min. Ellen Gracie, relatora, denegou o writ. Preliminarmente, reconheceu a competência


do STF para o exame da matéria e a possibilidade de o Presidente do CNJ delegar a sua
atribuição de presidir as sessões plenárias e de se licenciar (RICNJ, artigos 3º, 4º, III, IV,
XXVI, 5º, 6º, IV e 23, I). Acrescentou, inclusive, recente alteração regimental para permitir
ao Vice-Presidente do Supremo substituir o Presidente do CNJ. Ressaltou, todavia, que na
época do julgamento da reclamação disciplinar a regra ainda não estaria em vigor. No
mérito, aduziu competir ao CNJ o controle do cumprimento dos deveres funcionais dos
magistrados brasileiros, cabendo-lhe receber e conhecer de reclamações contra membros
do Poder Judiciário (CR, art. 103-B, § 4 º, III e V). Consignou que, tendo em conta o
Direito Constitucional – Poder judiciário

princípio da hermenêutica constitucional dos “poderes implícitos”, se a tal órgão


administrativo fora concedida a faculdade de avocar processos disciplinares em
curso, de igual modo, PODERIA OBSTAR O PROCESSAMENTO DE SINDICÂNCIA EM
TRAMITAÇÃO NO TRIBUNAL DE ORIGEM, MERO PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO.
Ademais, realçou que, no caso, o CNJ concluíra pela existência de elementos suficientes
para a instauração de processo administrativo disciplinar, com dispensa da sindicância.

MS 28003/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 16.3.2011. (MS-28003)

CNJ: dispensa de sindicância e interceptação telefônica - 6

No mérito, aduziu-se competir ao CNJ o controle do cumprimento dos deveres funcionais dos
magistrados brasileiros, cabendo-lhe receber e conhecer de reclamações contra membros do
Poder Judiciário (CF, art. 103-B, § 4 º, III e V). Consignou-se que, TENDO EM CONTA O
PRINCÍPIO DA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL DOS “PODERES IMPLÍCITOS”, SE
A ESSE ÓRGÃO ADMINISTRATIVO FORA CONCEDIDA A FACULDADE DE AVOCAR
PROCESSOS DISCIPLINARES EM CURSO, DE IGUAL MODO, PODERIA OBSTAR O
PROCESSAMENTO DE SINDICÂNCIA EM TRAMITAÇÃO NO TRIBUNAL DE ORIGEM,
MERO PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO. Ademais, realçou-se que, no caso, o CNJ
concluíra pela existência de elementos suficientes para a instauração de processo
administrativo disciplinar, com dispensa da sindicância. Rechaçou-se, ainda, a alegação de
invalidade da primeira interceptação telefônica. Registrou-se que, na situação em apreço, a
autoridade judiciária competente teria autorizado o aludido monitoramento dos telefones de
outros envolvidos em supostas irregularidades em execuções de convênios firmados entre
determinada prefeitura e órgãos do governo federal. Ocorre que a impetrante teria mantido
contatos, principalmente, com o secretário municipal de governo, cujo número também seria 12
objeto da interceptação. Assim, quando das degravações das conversas, teriam sido
verificadas condutas da impetrante consideradas, em princípio, eticamente duvidosas —
recebimento de vantagens provenientes da prefeitura —, o que ensejara a instauração do
processo administrativo disciplinar. Acresceu-se que a descoberta fortuita ou casual do
possível envolvimento da impetrante não teria o condão de qualificar essa prova como ilícita.
Dessa forma, reputou-se não ser razoável que o CNJ deixasse de apurar esses fatos apenas
porque o objeto da citada investigação criminal seria diferente das supostas irregularidades
imputadas à impetrante. Discorreu-se, ademais, não poder o Judiciário, do qual o CNJ seria
órgão, omitir-se no tocante à averiguação de eventuais fatos graves que dissessem respeito
à conduta de seus magistrados, ainda que colhidos via interceptação de comunicações
telefônicas judicialmente autorizada em inquérito instaurado com o fito de investigar outras
pessoas e fatos diversos.

MS 28003/DF, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 8.2.2012. (MS-
28003)

d) Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de


abuso de autoridade;

e) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros


de tribunais julgados há menos de um ano; A competência originária do CNJ para a apuração
disciplinar, ao contrário da revisional, não se sujeita ao parâmetro temporal previsto no art. 103-B, §
4º, V da CF/88. STF. 2ª Turma. MS 34685 AgR/RR, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 28/11/2017 (Info
886).
Direito Constitucional – Poder judiciário

Agravo interno em mandado de segurança. Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Processo


administrativo disciplinar instaurado a partir da deliberação plenária em reclamação
disciplinar autônoma em face de magistrados no CNJ. Atribuição correicional
originária e autônoma do Conselho. Precedentes. Pretensão de reapreciação de matéria
fático-probatória. Necessidade de dilação probatória. Impossibilidade em sede de mandado
de segurança. Ausência de indícios de ilegalidade na decisão tomada pelo CNJ no processo
disciplinar ou de exorbitância de seu papel constitucional. O STF não deve funcionar como
instância recursal de toda e qualquer decisão administrativa tomada pelo CNJ.
Precedentes. Agravo interno não provido. 1. A atuação do Conselho Nacional de Justiça,
no caso, decorreu do exercício de competência correicional originária, não revisional.
Inaplicável, assim, o parâmetro temporal inserto no art. 103-B, § 4º, inciso V, da
Constituição Federal (“rever, de ofício ou mediante provocação, os processos
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano”). 2.
Processo administrativo disciplinar instaurado a partir da deliberação tomada pelo Plenário
do CNJ em reclamação disciplinar autônoma formulada perante a Corregedoria Nacional
de Justiça pelo Ministério Público Federal e pela Procuradoria Eleitoral de Roraima em
desfavor do desembargador. 3. O STF assentou que o CNJ possui atribuição
correicional originária e autônoma, não se tratando de atuação subsidiária frente aos
órgãos de correição local, mas sim de competência concorrente, de modo que seu
exercício não se submete a condicionantes relativas ao desempenho da competência
disciplinar pelos tribunais locais. Precedentes. Ausência de ilegalidade ou abuso de
poder quanto à atuação do CNJ no caso dos autos. 4. Não cabe ao Supremo Tribunal
Federal adentrar no exame de mérito da atuação correicional para apreciar elementos
valorativos insertos nas regras de direito disciplinar. Para se chegar a conclusão diversa da
que obteve o mencionado Conselho, seria necessário revolver os fatos e provas constantes
dos autos do processo administrativo disciplinar. Impossibilidade em sede de mandado de
segurança. Precedentes. 5. Inexistência de vícios no procedimento administrativo 13
disciplinar instaurado pelo Conselho Nacional de Justiça em face do magistrado. 6. Agravo
interno não provido.
(MS 34685 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 28/11/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-057 DIVULG 22-03-2018 PUBLIC 23-03-2018)

f) Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por


unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

g) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação
do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do
Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
abertura da sessão legislativa.

Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho


Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará OUVIDORIAS DE JUSTIÇA,


competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou
Direito Constitucional – Poder judiciário

órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao


Conselho Nacional de Justiça3.

MS 28611 MC/MA

RELATOR: Min. Celso de Mello

EMENTA: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). CORREGEDOR NACIONAL DE


JUSTIÇA. ATO QUE SUSPENDE A EFICÁCIA DE DECISÃO CONCESSIVA DE
MANDADO DE SEGURANÇA EMANADA DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INADMISSIBILI-
DADE. ATUAÇÃO “ULTRA VIRES” DO CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA,
PORQUE EXCEDENTE DOS ESTRITOS LIMITES DAS ATRIBUIÇÕES MERAMENTE
ADMINISTRATIVAS OUTORGADAS PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INCOMPE-
TÊNCIA ABSOLUTA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, NÃO OBSTANTE
ÓRGÃO DE CONTROLE INTERNO DO PODER JUDICIÁRIO, PARA INTERVIR EM PRO-
CESSOS DE NATUREZA JURISDICIONAL. IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE
O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (QUE SE QUALIFICA COMO ÓRGÃO DE CARÁ-
TER EMINENTEMENTE ADMINISTRATIVO) FISCALIZAR, REEXAMINAR E SUSPEN-
DER OS EFEITOS DECORRENTES DE ATO DE CONTEÚDO JURISDICIONAL, COMO
AQUELE QUE CONCEDE MANDADO DE SEGURANÇA. PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. MAGISTÉRIO DA DOUTRINA. MEDIDA LIMINAR DEFERIDA.

Importantíssimo também esses trechos do seguinte julgado:


14
MS 28.801/DF

EMENTA: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. JURISDIÇÃO CENSÓRIA.


APURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR DE MAGISTRADOS. LEGITIMI-
DADE DA IMPOSIÇÃO, A ELES, DE SANÇÕES DE ÍNDOLE ADMINISTRATIVA. A
RESPONSABILIDADE DOS JUÍZES: UMA EXPRESSÃO DO POSTULADO REPUBLI-
CANO. CARÁTER NACIONAL DO PODER JUDICIÁRIO. AUTOGOVERNO DA MAGIS-
TRATURA: GARANTIA CONSTITUCIONAL DE CARÁTER OBJETIVO. EXERCÍCIO
PRIORITÁRIO, PELOS TRIBUNAIS EM GERAL, DO PODER DISCIPLINAR QUANTO
AOS SEUS MEMBROS E AOS JUÍZES A ELES VINCULADOS. A QUESTÃO DAS
DELICADAS RELAÇÕES ENTRE A AUTONOMIA CONSTITUCIONAL DOS TRIBUNAIS E
A JURISDIÇÃO CENSÓRIA OUTORGADA AO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA.
EXISTÊNCIA DE SITUAÇÃO DE TENSÃO DIALÉTICA ENTRE A PRETENSÃO DE
AUTONOMIA DOS TRIBUNAIS E O PODER DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA NA
ESTRUTURA CENTRAL DO APARELHO JUDICIÁRIO. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA
SUBSIDIARIEDADE COMO REQUISITO LEGITIMADOR DO EXERCÍCIO, PELO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, DE UMA COMPETÊNCIA COMPLEMENTAR EM
MATÉRIA CORRECIONAL, DISCIPLINAR E ADMINISTRATIVA. PAPEL RELEVANTE,
NESSE CONTEXTO, PORQUE HARMONIZADOR DE PRERROGATIVAS ANTAGÔ-
NICAS, DESEMPENHADO PELA CLÁUSULA DE SUBSIDIARIEDADE. COMPETÊNCIA
DISCIPLINAR E PODER DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DO CONSELHO NACIONAL
DE JUSTIÇA: EXERCÍCIO, PELO CNJ, QUE PRESSUPÕE, PARA LEGITIMAR-SE, A
OCORRÊNCIA DE SITUAÇÕES ANÔMALAS E EXCEPCIONAIS REGISTRADAS NO

3 Trata-se de uma obrigação da União criar tais órgãos nos entes. Ele tem o objetivo de aproximar o cidadão
da Justiça e facilitar o controle popular de atos irregulares do Judiciário. A ouvidoria não irá julgar, irá
simplesmente receber, filtrar e repassar ao CNJ as denúncias. Os Estados e DF possuem a faculdade de criar
suas próprias ouvidoras, e não a obrigação. Se criadas, elas repassarão as reclamações à Corregedoria do
Estado.
Direito Constitucional – Poder judiciário

ÂMBITO DOS TRIBUNAIS EM GERAL (HIPÓTESES DE INÉRCIA, DE SIMULAÇÃO


INVESTIGATÓRIA, DE PROCRASTINAÇÃO INDEVIDA E/OU DE INCAPACIDADE DE
ATUAÇÃO). PRESENÇA CUMULATIVA, NA ESPÉCIE, DOS REQUISITOS CONFIGU-
RADORES DA PLAUSIBILIDADE JURÍDICA E DO “PERICULUM IN MORA”. SUSPENSÃO
CAUTELAR DA EFICÁCIA DA PUNIÇÃO IMPOSTA PELO CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA, CONSISTENTE EM APOSENTADORIA COMPULSÓRIA DO MAGISTRADO,
POR INTERESSE PÚBLICO (CR, ART. 93, VIII, c/c O ART. 103-B, § 4º, III). MEDIDA
LIMINAR DEFERIDA.

a sujeição dos magistrados às consequências jurídicas de seu próprio comportamento


revela-se inerente e consubstancial ao regime republicano, que constitui, no plano de
nosso ordenamento positivo, uma das mais relevantes decisões políticas fundamentais
adotadas pelo legislador constituinte brasileiro.

A forma republicana de Governo, analisada em seus aspectos conceituais, faz instaurar,


portanto, como já o proclamou esta Suprema Corte (RTJ 170/40-41, Rel. p/ o acórdão
Min. CELSO DE MELLO), um regime de responsabilidade a que se devem submeter, de
modo pleno, dentre outras autoridades estatais, os magistrados em geral.

O princípio republicano, que outrora constituiu um dos núcleos imutáveis das Cartas
Políticas promulgadas a partir de 1891, não obstante sua plurissignificação conceitual,
consagra, a partir da ideia central que lhe é subjacente, o dogma de que todos os agentes
públicos - os magistrados, inclusive - são responsáveis perante a lei

Não se questiona, por tal razão, até mesmo em respeito ao dogma republicano, a
possibilidade constitucional de o Conselho Nacional de Justiça fazer instaurar, em sede 15
originária, procedimentos disciplinares contra magistrados locais nem se lhe nega a
prerrogativa, igualmente constitucional, de avocar procedimentos de natureza
administrativo-disciplinar.

Impõe-se, contudo, ao Conselho Nacional de Justiça, para legitimamente desempenhar


suas atribuições, que observe, notadamente quanto ao Poder Judiciário local, a
autonomia político-jurídica que a este é reconhecida e que representa verdadeira pedra
angular (“cornerstone”) caracterizadora do modelo federal consagrado na Constituição
da República.

Não obstante a dimensão nacional em que se projeta o modelo judiciário vigente em


nosso País, não se pode deixar de reconhecer que os corpos judiciários locais, por
qualificarem-se como coletividades autônomas institucionalizadas, possuem um núcleo
de autogoverno que lhes é próprio e que, por isso mesmo, constitui expressão de legítima
autonomia que deve ser ordinariamente preservada, porque, ainda que admissível, é
sempre extraordinária a possibilidade de interferência, neles, de organismos posicionados
na estrutura central do Poder Judiciário nacional.

É por tal motivo que se pode afirmar que o postulado da subsidiariedade representa,
nesse contexto, um fator de harmonização e de equilíbrio entre situações que, por
exprimirem estados de polaridade conflitante (pretensão de autonomia em contraste com
tendência centralizadora), poderão dar causa a grave tensão dialética, tão desgastante
quão igualmente lesiva para os sujeitos e órgãos em relação de frontal antagonismo.

Em uma palavra: a subsidiariedade, enquanto síntese de um processo dialético


representado por diferenças e tensões existentes entre elementos contrastantes,
constituiria, sob tal perspectiva, cláusula imanente ao próprio modelo constitucional
positivado em nosso sistema normativo, apta a propiciar solução de harmonioso convívio
Direito Constitucional – Poder judiciário

entre o autogoverno da Magistratura e o poder de controle e fiscalização outorgado ao


Conselho Nacional de Justiça.

DISSO RESULTA QUE O EXERCÍCIO, PELO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, DA


COMPETÊNCIA DISCIPLINAR QUE LHE FOI ATRIBUÍDA DEPENDERIA, PARA LEGI-
TIMAR-SE, DA ESTRITA OBSERVÂNCIA DO POSTULADO DA SUBSIDIARIEDADE, DE
TAL MODO QUE A ATUAÇÃO DESSE ÓRGÃO DEVESSE SEMPRE SUPOR, DENTRE
OUTRAS SITUAÇÕES ANÔMALAS, (A) A INÉRCIA DOS TRIBUNAIS NA ADOÇÃO DE
MEDIDAS DE ÍNDOLE ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR, (B) A SIMULAÇÃO INVES-
TIGATÓRIA, (C) A INDEVIDA PROCRASTINAÇÃO NA PRÁTICA DOS ATOS DE FISCALI-
ZAÇÃO E CONTROLE OU (D) A INCAPACIDADE DE PROMOVER, COM INDEPEN-
DÊNCIA, PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A
RESPONSABILIDADE FUNCIONAL DOS MAGISTRADOS.

Isso significaria que o desempenho da atividade fiscalizadora (e eventualmente punitiva)


do Conselho Nacional de Justiça deveria ocorrer somente nos casos em que os Tribunais
– havendo tido a possibilidade de exercerem, eles próprios, a competência disciplinar e
correcional de que se acham ordinariamente investidos – deixassem de fazê-lo (inércia)
ou pretextassem fazê-lo (simulação) ou demonstrassem incapacidade de fazê-lo (falta
de independência) ou, ainda, dentre outros comportamentos evasivos, protelassem, sem
justa causa, o seu exercício (procrastinação indevida).

Não obstante a tese acima colacionada (da subsidiariedade da competência do CNJ),


prevaleceu no âmbito do STF a tese da competência CONCORRENTE, ao julgar a ADI 4638
(vista no tópico seguinte). Portanto, o CNJ, diante da notícia de um desvio funcional praticado 16
por magistrado, pode iniciar processo administrativo disciplinar contra ele, sem ter que
aguardar a Corregedoria local.4

Nesse sentido:

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CNJ. COMPETÊNCIA AUTÔNOMA.


REGULARIDADE NA DESIGNAÇÃO DE MAGISTRADO AUXILIAR PARA INSTRUÇÃO
DE SINDICÂNCIA. ORDEM DENEGADA. 1. O Conselho Nacional de Justiça tem
competência constitucional autônoma, e não subsidiária da competência dos demais
tribunais. 2. É regular a designação de juiz auxiliar, seja ele originário do Judiciário estadual
ou federal, para a condução de sindicância, por delegação do Corregedor-Nacional de
Justiça, ainda que o investigado seja magistrado federal. 3. Segurança denegada.
(MS 28513, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 15/09/2015,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-193 DIVULG 25-09-2015 PUBLIC 28-09-2015)

AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. INTERPOSIÇÃO SOB A


ÉGIDE DO CPC/1973. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR INSTAURADO
CONTRA MAGISTRADO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA E CONCORRENTE DO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. VALIDADE DA UTILIZAÇÃO DE PROVA
EMPRESTADA. DADOS OBTIDOS EM INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS
AUTORIZADAS JUDICIALMENTE, PARA FINS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. TEORIA
DO JUÍZO APARENTE. ENCONTRO FORTUITO DE PROVA EM RELAÇÃO A
AUTORIDADES DETENTORAS DE FORO. REMESSA AOS ÓRGÃOS COMPETENTES.
PORTARIA DE INSTAURAÇÃO. CONGRUÊNCIA. HIPÓTESES DE COMUNICABILIDADE

4 https://www.dizerodireito.com.br/2012/02/stf-decide-que-competencia-do-cnj-e.html
Direito Constitucional – Poder judiciário

DAS ESFERAS PENAL E ADMINISTRATIVA QUE NÃO SE FAZEM PRESENTES. PENA


DE APOSENTADORIA COMPULSÓRIA. PROPORCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE
PROVA INEQUÍVOCA COMPATÍVEL COM AS EXIGÊNCIAS DA AÇÃO MANDAMENTAL.
1. O Conselho Nacional de Justiça exerce o poder disciplinar que lhe foi outorgado pela
Constituição da República de forma originária e concorrente. Precedente: ADI 4638 MC-
Ref/DF, Pleno, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJe de 30.10.2014. 2. Dados obtidos em
interceptações telefônicas realizadas com chancela judicial, no curso de investigação
criminal ou de instrução processual penal, podem ser utilizados como prova emprestada
em processo administrativo disciplinar. 3. À luz dos elementos coligidos aos autos, não há
falar em situação similar à enfrentada pela Segunda Turma desta Corte no RHC nº 135683,
pois, diferentemente do que ali se verificou, não restou evidenciado, na espécie, indevido
retardo no envio, aos órgãos jurisdicionais competentes, das provas fortuitamente
descobertas no tocante a autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função. 4. O
rito especial do mandado de segurança não é compatível com a dilação probatória.
Precedentes. 5. A defesa, no processo administrativo disciplinar, ocorre em relação aos
fatos descritos na portaria de instauração. Precedentes. 6. Ausente conclusão do juízo
criminal pela prova da inexistência do fato ou pela negativa de autoria, não estão presentes
circunstâncias suscetíveis de autorizar excepcional comunicabilidade das esferas penal e
administrativa. 7. Consignada a existência de acervo probatório demonstrativo da prática
de infração disciplinar grave, como tal suscetível de justificar a aplicação da pena de
aposentadoria compulsória ao impetrante, não se detecta, de plano, como exigível nesta
sede mandamental, ilegalidade no ato apontado como coator. 8. Agravo regimental
conhecido e não provido.
(MS 30361 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 29/08/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-018 DIVULG 31-01-2018 PUBLIC 01-02-2018)

8.1. A ADI 4638 E A TENTATIVA DE ESVAZIAR OS PODERES INVESTIGATÓRIOS DO CNJ


17

Premissas extraídas dos informativos 653 e 654. No julgamento, houve a análise do referendo
ou não da medida cautelar que havia sido deferida pelo Ministro Marco Aurélio para sustar poderes
do CNJ:

1. O CNJ integra a estrutura do Poder Judiciário, mas não é órgão jurisdicional e não intervém
na atividade judicante.

2. Este conselho possuiria, à primeira vista, caráter eminentemente administrativo e não


disporia de competência para, mediante atuação colegiada ou monocrática, reexaminar atos
de conteúdo jurisdicional, formalizados por magistrados ou tribunais do país.

3. Embora os magistrados respondam disciplinarmente por ato caracterizador de abuso de


autoridade, a eles não se aplicariam as penas administrativas versadas na Lei nº 4.898/65, porquanto
submetidos à disciplina especial derrogatória, qual seja, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional -
Loman. Ela estabelece, em preceitos exaustivos, os deveres e as penalidades impostos aos juízes.

4. O respeito ao Poder Judiciário não poderia ser obtido por meio de blindagem destinada a
proteger do escrutínio público os juízes e o órgão sancionador, o que seria incompatível com a
liberdade de informação e com a ideia de democracia. Ademais, o sigilo imposto com o objetivo de
Direito Constitucional – Poder judiciário

proteger a honra dos magistrados contribuiria para um ambiente de suspeição e não para a
credibilidade da magistratura, pois nada mais conducente à aquisição de confiança do povo do que
a transparência e a força do melhor argumento. Nesse sentido, a Loman, ao determinar a
imposição de penas em caráter sigiloso, ficara suplantada pela Constituição. Asseverou-se que
a modificação trazida no art. 93, IX e X, da CF pela EC 45/2004 assegurara a observância do princípio
da publicidade no exercício da atividade judiciária, inclusive nos processos disciplinares instaurados
contra juízes, permitindo-se, entretanto, a realização de sessões reservadas em casos de garantia
ao direito à intimidade, mediante fundamentação específica.

5. O CNJ poderia exigir informações acerca do andamento de processos disciplinares em


curso nos tribunais, mas não caberia ao órgão definir quem seria a autoridade responsável pelo
envio dos dados, sob pena de contrariedade aos artigos 96, I, e 99 da CF.

5. O Plenário, por maioria, negou referendo à liminar contra o art. 12 da Resolução 135/11, e
MANTEVE A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA E CONCORRENTE DO CNJ PARA INSTAURAR
PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES APLICÁVEIS A MAGISTRADOS. Não se
pode conferir poder meramente subsidiário a órgão hierarquicamente superior, que teria a prerrogativa
de tomar para si decisões que, em princípio, deveriam ser tomadas por órgãos hierarquicamente 18
inferiores. Ademais, o aludido órgão superior teria o poder de agir de ofício, em campo de atuação em
princípio demarcado para a atividade de órgão inferior, de modo que jamais se poderia entender que
a competência daquele seria subsidiária, salvo sob mandamento normativo expresso.

6. O CNJ não teria sido criado para substituir as corregedorias, mas deveria trazer à luz da
nação os casos mais relevantes, bem como decidir quais processos deveriam permanecer nos
tribunais locais. Ressurtiu que se estaria a defender a possibilidade de ampliação da atividade do
CNJ, sem, entretanto, retirar a autonomia dos tribunais.

7. A cautelar de afastamento do magistrado do cargo previsto no art. 15, § 1º5, da Resolução,


que havia sido suspenso pela cautelar, teve suspensão referendada pelo colegiado sob o argumento
de que “eventual restrição às garantias da inamovibilidade e da vitaliciedade exigiria a edição de lei
em sentido formal e material, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e do devido processo”.

8.2. AÇÕES JUDICIAIS EM FACE DO CNJ

5 O afastamento do Magistrado previsto no caput poderá ser cautelarmente decretado pelo Tribunal antes da
instauração do processo administrativo disciplinar, quando necessário ou conveniente a regular apuração da
infração disciplinar.
Direito Constitucional – Poder judiciário

O art. 102, II, r, estabelece que compete originariamente ao STF julgar:

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do


Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

Assim, os mandados de segurança em face do CNJ cabem ao STF julgar.

Mas ressalte-se que não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa
do Conselho Nacional de Justiça, por não se tratar de ato que importe a substituição ou a
revisão do ato praticado por outro órgão do Judiciário. Assim, o STF não tem competência para
processar e julgar ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e do CNJ

Já as ações ordinárias são de competência do Juiz Federal de 1º Grau, por ser uma ação
contra a União.

Cabe ADI em face de Resoluções do CNJ:

EMENTA: MAGISTRATURA. Remuneração. Limite ou teto remuneratório constitucional.


Fixação diferenciada para os membros da magistratura federal e estadual.
Inadmissibilidade. Caráter nacional do Poder Judiciário. Distinção arbitrária. Ofensa à regra
constitucional da igualdade ou isonomia. Interpretação conforme dada ao art. 37, inc. XI, e 19
§ 12, da CF. Aparência de inconstitucionalidade do art. 2º da Resolução nº 13/2006 e do
art. 1º, § único, da Resolução nº 14/2006, ambas do Conselho Nacional de Justiça. Ação
direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida. Voto vencido em parte. Em sede liminar
de ação direta, aparentam inconstitucionalidade normas que, editadas pelo Conselho
Nacional da Magistratura, estabelecem tetos remuneratórios diferenciados para os
membros da magistratura estadual e os da federal.

(ADI 3854 MC, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 28/02/2007,
DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00022 EMENT VOL-
02282-04 PP-00723 RTJ VOL-00203-01 PP-00184)

9. RESERVA DE PLENÁRIO (REGRA DO FULL BENCH)

O juiz tem o dever de cuidar da constitucionalidade (iura novit curia) e da higidez e supremacia
constitucional.

No caso dos tribunais, deve ser observada a regra da reserva de plenário, prevista no art.
97 da CR/88.

A reserva de plenário da declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo


funda-se na presunção de constitucionalidade que os protege, somada a razões de segurança
jurídica.
Direito Constitucional – Poder judiciário

Por ela, somente pelo voto da maioria absoluta dos membros do tribunal ou de seu órgão
especial poderá a inconstitucionalidade ser declarada, em sendo a primeira vez que a questão estiver
sendo submetida incidentalmente à apreciação do órgão.

SÚMULA VINCULANTE Nº 10: “VIOLA A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CR,


ARTIGO 97) A DECISÃO DE ÓRGÃO FRACIONÁRIO DE TRIBUNAL QUE, EMBORA NÃO
DECLARE EXPRESSAMENTE A INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO DO
PODER PÚBLICO, AFASTA SUA INCIDÊNCIA, NO TODO OU EM PARTE”.

Essa súmula vinculante foi editada pois os tribunais estavam dando um jeitinho de não
observar a regra da reserva de plenário. Ao invés de declarar a inconstitucionalidade da lei, eles
simplesmente afastavam a incidência dela em determinado caso, afirmando que não era ela aplicável
à hipótese, facilitando o julgamento das causas. O STF deu um basta na situação.

O órgão fracionário, entretanto, poderá avaliar a questão constitucional e declarar a


sua constitucionalidade. O que não pode é declarar a inconstitucionalidade.

Assim, pode determinada Turma do Tribunal julgar constitucional a norma por dois votos
contra um. O que não pode é julgar inconstitucional, quebrando a regra. 20

Arguida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, ouvido o


Ministério Público, submeterá a questão à turma ou câmara, a que tocar o conhecimento do processo.

O pronunciamento do órgão fracionário, pela rejeição ou acolhimento da arguição de


inconstitucionalidade, É IRRECORRÍVEL. Rejeitada a arguição, prosseguirá o órgão fracionário
com o julgamento, podendo aplicar à espécie a lei ou ato normativo acoimado de inconstitucional.
Acolhida a arguição, que poderá ser por maioria simples, "será lavrado o acórdão temático, a fim de
ser submetida a questão ao tribunal pleno" (art. 481), ou ao órgão especial (CR/88, art. 97).

Dá-se "a cisão funcional da competência: ao Plenário ou Corte Especial caberá pronunciar-
se sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade, e ao órgão fracionário, depois, à vista do
que houver assentado o plenário, decidir a espécie". Trata-se de uma cisão funcional horizontal,
visto que ocorre no âmbito do mesmo tribunal.

Assente-se que o Plenário somente pode pronunciar-se sobre o que, efetivamente, foi acolhido
pelo órgão fracionário, sendo-lhe defeso emitir juízo sobre questão julgada inadmissível ou rejeitada
pela Turma ou Câmara (efeito translativo). A arguição de inconstitucionalidade será acolhida se
conseguir reunir a maioria absoluta dos votos, pelo menos em relação a um dos vários fundamentos.
Do contrário, independentemente do resultado da votação, as consequências são as mesmas.
Direito Constitucional – Poder judiciário

A DECISÃO DO PLENÁRIO, QUE É IRRECORRÍVEL, VINCULA O ÓRGÃO


FRACIONÁRIO, no caso concreto, incorporando-se ao "julgamento do recurso ou da causa,
como premissa inafastável". Publicado o acórdão, reinicia-se o julgamento da questão
concreta perante o órgão fracionário. Acentue-se que a aplicação do art. 97 da Constituição de
1988 obriga que se proceda à juntada do acórdão proferido no Pleno ou no órgão especial sobre a
inconstitucionalidade da lei, sob pena de, no caso de interposição de recurso extraordinário, entender
o Supremo Tribunal Federal que não pode conhecer do apelo extremo por ausência de peça
essencial para o julgamento definitivo.

Tema também importante relaciona-se à necessidade — ou não — de se observar a regra do


art. 97 da Constituição no caso de não-aplicação de uma dada norma ou de não-adoção de
determinada interpretação sem afetar a expressão literal (declaração de inconstitucionalidade sem
redução de texto).

Gilmar Mendes entende que também nesse caso tem-se inequívoca declaração de
inconstitucionalidade e, por isso, obrigatória se afigura a observância do disposto no art. 97 da
Constituição da República.
21
Outro ponto importante, no que se refere à interpretação do art. 97 da Constituição, tem por
base a necessidade, ou não, de se provocar o Plenário ou o órgão especial do Tribunal toda vez
que se renovar, em outro caso, discussão sobre a constitucionalidade de lei que já teve sua
legitimidade discutida no âmbito do Tribunal. O Supremo Tribunal Federal tem entendido que,
fixada a orientação do Pleno ou do órgão especial, nos termos do art. 97 da Constituição, em
um caso qualquer, poderá o órgão fracionário decidir como de direito, devendo guardar observância
da decisão sobre a questão constitucional. Em outros termos, um novo procedimento na forma do
art. 97 da Constituição somente seria necessário no caso de mudança de orientação por parte
do próprio Tribunal.

É possível ao órgão fracionário declarar a inconstitucionalidade caso o STF (tanto em ADIN


ou em controle difuso) já tenha se manifestado sobre a inconstitucionalidade? Sim, é possível.
Porém, a declaração deve ter vindo do PLENÁRIO do STF.

A decisão plenária do Supremo Tribunal declaratória de inconstitucionalidade de norma,


posto que incidente, sendo pressuposto necessário e suficiente a que o Senado lhe confira
efeitos erga omnes, elide a presunção de sua constitucionalidade; a partir daí, podem
os órgãos parciais dos outros tribunais acolhê-la para fundar a decisão de casos concretos
ulteriores, prescindindo de submeter a questão de constitucionalidade ao seu próprio
plenário (RE 191.989).
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O STF, alargando o posicionamento acima exposto e o próprio texto de lei, disse também não
se aplicar a reserva de plenário quando a declaração de inconstitucionalidade estiver no mesmo
sentido dos julgados de ambas as suas turmas. Vide:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E


TERRITORIAL URBANA. IPTU. PROGRESSIVIDADE FISCAL. VEDAÇÃO EM PERÍODO
ANTERIOR À EC 29/2000. PROCESSUAL CIVIL. CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. PROCEDIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL.
NEGATIVA DE PROVIMENTO. [...] 2. Não há reserva de Plenário (art. 97 da
Constituição) à aplicação de jurisprudência firmada pelo Pleno OU POR AMBAS AS
TURMAS DESTA CORTE. Ademais, não é necessária identidade absoluta para
aplicação dos precedentes dos quais resultem a declaração de inconstitucionalidade
ou de constitucionalidade. Requer-se, sim, que as matérias examinadas sejam
equivalentes. Assim, cabe à parte que se entende prejudicada discutir a simetria entre as
questões fáticas e jurídicas que lhe são peculiares e a orientação firmada por esta Corte.

[...]

(STF, AI 607616 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
31/08/2010, DJe-185 DIVULG 30-09-2010 PUBLIC 01-10-2010 EMENT VOL-02417-07 PP-
01451)

Também NÃO É NECESSÁRIO OBSERVAR A RESERVA DE PLENÁRIO QUANDO O


22
TRIBUNAL DECLARA UMA LEI NÃO RECEPCIONADA PELA CONSTITUIÇÃO ou revogada por
uma emenda constitucional, já que nesse caso não haverá declaração de inconstitucionalidade.
Lembrar que só existe inconstitucionalidade se o diploma legal for posterior ao comando
constitucional parâmetro.

DESNECESSÁRIO, TAMBÉM, OBSERVAR A RESERVA DE PLENÁRIO NO CASO DE


TURMA RECURSAL, JÁ QUE NÃO SE TRATA DE TRIBUNAL, e sim de órgão de primeiro grau.

Por fim, e não menos importante, NÃO SE APLICA A REGRA DA RESERVA DE PLENÁRIO
QUANDO O DESEMBARGADOR OU MINISTRO DO TRIBUNAL DECLARA, MONOCRA-
TICAMENTE, A INCONSTITUCIONALIDADE DE UMA LEI PARA AFASTÁ-LA PROVISO-
RIAMENTE.

A exigência do full bench somente tem aplicabilidade em se tratando de decisão final do


Tribunal, e não de decisão liminar, tomada em juízo de cautelaridade. Daí que a jurisprudência do
STF tem entendido que não viola o art. 97 da CF/88, e tampouco a Súmula Vinc. 10, a decisão liminar
de desembargador que, monocraticamente, concede medida acauteladora vislumbrando a
inconstitucionalidade de certa lei: é que tal decisão não é final, de mérito, mas precária, a ser
confirmada, oportunamente, pelo órgão competente do Tribunal.
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Sobre a matéria, recente decisão do STF:

AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. DECISÃO CAUTELAR MONOCRÁTICA


QUE AFASTA A APLICAÇÃO DA LEI N. 9.452/2009 E CONCEDE EFEITO SUSPENSIVO
AOS RECURSOS ORDINÁRIOS. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE À SÚMULA
VINCULANTE N. 10 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. Decisão proferida em sede
cautelar: desnecessidade de aplicação da cláusula de reserva de plenário estabelecida no
art. 97 da Constituição da República. 2. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (Rcl
8848 AgR, Rel. Min. Carmen Lúcia, DJe de 30/11/2001)

É importante destacar que o STF, por suas turmas, não está subordinado à observância
da Reserva de Plenário quando do julgamento do recurso extraordinário, sob pena de se frutar
a competência constitucional da Corte que se estabelece a partir de recurso de
fundamentação vinculada, que pressupõe sempre uma ofensa à Constituição Federal. Assim,
o STF exerce, por excelência, o controle difuso de constitucionalidade quando do julgamento
do recurso extraordinário, tendo os seus colegiados fracionários competência regimental
para fazê-lo sem ofensa ao art. 97 da CF.

DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS. LEI COMPLEMENTAR
56/87. LISTA DE SERVIÇOS ANEXA. CARÁTER TAXATIVO. SERVIÇOS EXECUTADOS 23
POR INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A FUNCIONAR PELO BANCO CENTRAL.
EXCLUSÃO. HIPÓTESE DE NÃO-INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. EMBARGOS DE DECLA-
RAÇÃO. SUPRIMENTO DE OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE EFEITO MODIFICATIVO.
DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA IMPUGNAÇÃO. NÃO-VIOLAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. ENCAMINHAMENTO AO
PLENÁRIO. COMPETÊNCIA DA TURMA. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTI-
TUCIONALIDADE POR ÓRGÃO FRACIONÁRIO DO STF. VIOLAÇÃO À RESERVA DE
PLENÁRIO. AUSÊNCIA. 1. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento de que a lista de
serviços anexa à Lei Complementar 56/87 é taxativa, consolidando sua jurisprudência no
sentido de excluir da tributação do ISS determinados serviços praticados por instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central, não se tratando, no caso, de isenção heterônoma
do tributo municipal. 2. Não há falar em violação aos princípios do contraditório e da ampla
defesa, uma vez inexistente o caráter infringente de anterior acórdão embargado, mas,
apenas, o aspecto supletivo processualmente previsto. 3. O encaminhamento de recurso
extraordinário ao Plenário do STF é procedimento que depende da apreciação, pela Turma,
da existência das hipóteses regimentais previstas e não, simplesmente, de requerimento da
parte. 4. O STF exerce, por excelência, o controle difuso de constitucionalidade quando
do julgamento do recurso extraordinário, tendo os seus colegiados fracionários
competência regimental para fazê-lo sem ofensa ao art. 97 da Constituição Federal. 5.
Embargos de declaração rejeitados.

(RE 361829 ED, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010,
DJe-050 DIVULG 18-03-2010 PUBLIC 19-03-2010 EMENT VOL-02394-02 PP-00491 RTJ
VOL-00214-01 PP-00510 LEXSTF v. 32, n. 376, 2010, p. 166-172)

O regramento legal da reserva de plenário se encontra no NCPC:

DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE


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Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do


poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à
turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo.

Art. 949. Se a arguição for:

I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;

II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial,


onde houver.

Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao


órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento
destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.

Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará
a sessão de julgamento.

§ 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado


poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem,
observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal.

§ 2o A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição


Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de
apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de 24
apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.

§ 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator


poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

Importantes os seguintes julgados:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS. ISS.


REGIME DE TRIBUTAÇÃO MAIS FAVORÁVEL. APURAÇÃO CONFORME VALOR
PREFIXADO (TRIBUTO "FIXO" OU "ESPECÍFICO"). ART. 9º, DL 406/1968. ALEGADA
VIOLAÇÃO DOS ARTS. 5º, CAPUT, LIV, LV, 93, IX, 97, 150, I E II DA CONSTITUIÇÃO
FUNDAMENTO AUTÔNOMO E SUFICIENTE. INAPLICABILIDADE DO ART. 9º DO DL
406/1968. OFENSA INDIRETA OU REFLEXA. NECESSIDADE DE REABERTURA DA
INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. [...] Não se aplica a reserva de Plenário ao julgamento que
se limita a examinar a legislação ordinária sem a necessidade de invocar implícita ou
explicitamente a Constituição para reforçar ou justificar a exegese. 4.1. Também não
se aplica o art. 97 da Constituição ao juízo de recepção ou não de normas criadas
anteriormente ao advento da Constituição. [...]

(STF, RE 495370 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
10/08/2010, DJe-185 DIVULG 30-09-2010 PUBLIC 01-10-2010 EMENT VOL-02417-05 PP-
00949)

EMENTA Agravo regimental no agravo de instrumento. Ausência de violação ao artigo 97


da Constituição da República. Recurso administrativo. Necessidade de depósito prévio.
Inconstitucionalidade da exigência. Repercussão geral reconhecida. Precedentes. 1. Não
ofende a cláusula de reserva de plenário a decisão do Relator que se limita a aplicar
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entendimento anteriormente firmado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no


sentido da inconstitucionalidade de norma. [...]

(STF, AI 639805 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em
31/08/2010, DJe-223 DIVULG 19-11-2010 PUBLIC 22-11-2010 EMENT VOL-02435-02 PP-
00316)

Declaração de inconstitucionalidade por órgão fracionário


e cláusula de reserva de plenário

A existência de pronunciamento anterior, emanado do Plenário do STF ou do órgão


competente do tribunal de justiça local, sobre a inconstitucionalidade de determinado
ato estatal, autoriza o julgamento imediato, monocrático ou colegiado, de causa que
envolva essa mesma inconstitucionalidade, sem que isso implique violação à
cláusula da reserva de plenário (CF, art. 97). Essa a conclusão da 2ª Turma, que
desproveu agravo regimental em reclamação na qual discutido eventual desrespeito ao
Enunciado 10 da Súmula Vinculante do STF [“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF,
artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte”]. No caso, a eficácia de norma estadual fora suspensa, em
virtude de provimento cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante a
Corte local. Em seguida, a eficácia desse provimento cautelar fora mantida pelo STF. Os
reclamantes ajuizaram ação perante o juízo de 1º grau, que declarara, incidentalmente, a
inconstitucionalidade da mesma lei estadual, decisão esta mantida, em apelação, por
câmara do tribunal de justiça, com base na decisão do STF. Alegava-se que esse órgão
não teria competência para proferir declaração de inconstitucionalidade. A Turma reputou 25
que o citado órgão fracionário apenas teria cumprido a decisão do STF, sem infringir a
cláusula da reserva de plenário. Além disso, não haveria motivo para se submeter a questão
a julgamento do Plenário da Corte local, que já teria decidido a controvérsia.

Rcl 17185 AgR/MT, 2T, rel. Min. Celso de Mello, 30.9.2014.

Em síntese:

1. Reserva de plenário tem a função de resguardar a segurança jurídica e proteger a


presunção de legitimidade que possuem as normas;

2. Somente se aplica aos tribunais, não devendo ser observada por juízes singulares ou
turmas recursais;

3. Ela é provocada num caso concreto, em que um dos argumentos é a inconstitucionalidade


da norma, sendo esse argumento efetivo objeto de análise pelo órgão fracionário do Tribunal;

4. Acolhida a arguição de inconstitucionalidade, dá-se a cisão funcional do julgamento, cujo


acórdão será integralmente incorporado ao processo em análise no órgão fracionário;

5. Somente será possível declarar a norma inconstitucional pela maioria absoluta dos votos
do órgão plenário ou especial;
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6. Não é cabível qualquer recurso da decisão do plenário ou órgão especial;

7. Viola a cláusula de reserva de plenário (cr, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de
tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte;

8. Órgão fracionário não precisa observar a reserva de plenário para declarar a


constitucionalidade da lei;

9. Desnecessário observar a regra da reserva de plenário no caso de decisão monocrática


que declara provisoriamente a inconstitucionalidade de uma norma na análise do pedido;

10. Desnecessário observar a regra da reserva de plenário se o STF já declarou a


inconstitucionalidade da norma, incidentalmente, pelo Plenário ou por ambas as suas turmas;

11. Desnecessário observar a regra da reserva de plenário para declarar uma norma não
recepcionada ou revogada;

12. Não se aplica a reserva de Plenário ao julgamento que se limita a examinar a legislação
ordinária sem a necessidade de invocar implícita ou explicitamente a Constituição para reforçar ou
26
justificar a exegese.

10. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Órgão composto por 11 Ministros, escolhidos entre cidadãos entre 35 e 65 anos, nomeados
pelo Presidente APÓS APROVAÇÃO DA MAIORIA ABSOLUTA DO SENADO FEDERAL. Como a
nomeação, deverá o Presidente empossar-lhes, momento em que ocorre a imediata vitaliciedade.

A CR/88 não exige que eles sejam bacharéis em direito; apenas exige que tenham notável
saber jurídico.

Ele é dividido em duas turmas, com competências idênticas, não atuando seu Presidente em
nenhuma delas. O membro mais antigo da Turma a preside.

O Plenário poderá deliberar apenas se presentes, no mínimo, oito de seus onze Ministros,
sendo que, para decidir sobre a constitucionalidade das leis em controle concentrado, exige-se
sempre uma maioria de seis votos.

O STF, na questão administrativa, é um tribunal isolado. Ninguém está subordinado ao STF


administrativamente. Isso é importante dizer, pois tem consequências em todos os sentidos. Quem é
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que consolida todo o orçamento da Justiça Federal no Brasil? O STJ. Quem é que tem iniciativa
privativa para apresentar ao Congresso lei que cria cargo de juiz federal? O STJ (e não os TRF´s).
Para criar cargo para analista judiciário do STF a iniciativa é do STF. Ele é um órgão isolado neste
sistema.

10.1. COMPETÊNCIAS DO STF

Compete, originariamente, processar e julgar:

a) A ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação


declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

b) Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros


do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado,


ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas
da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
27
d) Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

e) O "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores;
o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal6, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral
da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

6Sobre esse tema, já teve julgado do STF distinguindo a sua competência para julgar ato da Mesa da Câmara
de ato do Presidente da Câmara. Lembrar que o rol de competências é taxativo. Logo, se o Presidente da
Câmara realizar ato tido por lesivo a direito líquido e certo, tal qual não nomear aprovado em concurso público,
o writ não deverá ser ajuizado na Corte, e sim perante a Justiça Federal. Nesse sentido:
EMENTA: COMPETÊNCIA. Originária. Não caracterização. Mandado de segurança. Impetração contra ato
omissivo do presidente da Câmara dos Deputados. Omissão não imputável à Mesa da Câmara. Feito da
competência da Justiça Federal. Pedido não conhecido. Interpretação do art. 102, I, "d", da CR. Precedente.
Não compete ao Supremo, mas à Justiça Federal, conhecer de mandado de segurança impetrado contra
ato, omissivo ou comissivo, praticado, não pela Mesa, mas pelo presidente da Câmara dos Deputados.
(MS 23977, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 12/05/2010, DJe-159 DIVULG 26-
08-2010 PUBLIC 27-08-2010 EMENT VOL-02412-01 PP-00106)
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f) O litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito


Federal ou o Território;

g) As causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre


uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

Esses conflitos, segundo STF, devem ser potencialmente ameaçadores da harmonia entre os
entes. Se for de menor potencial ofensivo, deverá o processo ser enviado à Justiça Competente. A
norma inscrita no art. 102, I, f, segundo o entendimento assentado na Corte, restringe-se, tão
somente, àqueles litígios cuja potencialidade ofensiva se revele apta a vulnerar os valores que informam
o princípio fundamental que rege, em nosso ordenamento jurídico, o pacto federativo. Entretanto, essa
restrição não se aplica quando o conflito ocorrer entre duas entidades políticas da federação, caso em
que caberá ao STF processar e julgar. Sobre essa hipótese, relevante o seguinte julgado:

E M E N T A: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E


TELÉGRAFOS (ECT) - TRIBUTO INSTITUÍDO POR LEI ESTADUAL (IPVA) -
PRETENDIDO RECONHECIMENTO DA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL DA
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA - CONFLITO DE INTERESSES ENTRE A
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS E O ESTADO DE SÃO PAULO
- LITÍGIO QUE SE SUBMETE, POR EFEITO DE POTENCIAL LESÃO AO PRINCÍPIO 28
FEDERATIVO, À ESFERA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL - HARMONIA E EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS ENTRE OS
ESTADOS-MEMBROS E A UNIÃO FEDERAL, INCLUSIVE ENTRE AQUELES E
EMPRESAS GOVERNAMENTAIS, COMO A ECT, INCUMBIDAS DE EXECUTAR
SERVIÇOS QUE A PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DEFERIU, SOB
RESERVA DE MONOPÓLIO, À UNIÃO FEDERAL - O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO - CONSEQÜENTE EXTENSÃO, A ESSA
EMPRESA PÚBLICA, EM MATÉRIA DE IMPOSTOS, DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
FUNDADA NA GARANTIA DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA (CF, ART. 150, VI,
“a”) - O ALTO SIGNIFICADO POLÍTICO-JURÍDICO DESSA GARANTIA
CONSTITUCIONAL, QUE TRADUZ UMA DAS PROJEÇÕES CONCRETIZADORAS DO
POSTULADO DA FEDERAÇÃO - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DA ECT, EM FACE DO IPVA,
QUANTO AOS VEÍCULOS NECESSÁRIOS ÀS ATIVIDADES EXECUTADAS NO
DESEMPENHO DO ENCARGO, QUE, A ELA OUTORGADO, FOI DEFERIDO,
CONSTITUCIONALMENTE, À UNIÃO FEDERAL - PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL - PRETENSÃO DE ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA
TUTELA JURISDICIONAL - SITUAÇÃO DE POTENCIALIDADE DANOSA - PEDIDO
ACOLHIDO - DECISÃO DO RELATOR REFERENDADA PELO PLENÁRIO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. - A Constituição da República confere, ao Supremo Tribunal Federal,
a posição eminente de Tribunal da Federação (CF, art. 102, I, “f”), atribuindo-lhe, em tal
condição institucional, o poder de dirimir controvérsias, que, ao irromperem no seio do
Estado Federal, culminam, perigosamente, por antagonizar as unidades que compõem a
Federação. Essa magna função jurídico-institucional da Suprema Corte impõe-lhe o
gravíssimo dever de velar pela intangibilidade do vínculo federativo e de zelar pelo equilíbrio
harmonioso das relações políticas entre as pessoas estatais que integram a Federação
brasileira. A aplicabilidade da norma inscrita no art. 102, I, “f”, da Constituição
estende-se aos litígios cuja potencialidade ofensiva revela-se apta a vulnerar os
valores que informam o princípio fundamental que rege, em nosso ordenamento
jurídico, o pacto da Federação. - A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT),
que é empresa pública, executa, como atividade-fim, em regime de monopólio, serviço
Direito Constitucional – Poder judiciário

postal constitucionalmente outorgado à União Federal, qualificando-se, em razão de sua


específica destinação institucional, como entidade delegatária dos serviços públicos a que
se refere o art. 21, inciso X, da Lei Fundamental, o que exclui essa empresa governamental,
em matéria de impostos, por efeito do princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art.
150, VI, “a”), do poder de tributar deferido aos entes políticos em geral. Precedentes. -
Conseqüente inexigibilidade, por parte do Estado-membro tributante, do IPVA referente aos
veículos necessários às atividades executadas pela ECT na prestação dos serviços
públicos: serviço postal, no caso.

(STF, ACO 803 TAR-QO, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em
14/04/2008, DJe-185 DIVULG 26-09-2011 PUBLIC 27-09-2011 EMENT VOL-02595-01 PP-
00001)

h) A extradição solicitada por Estado estrangeiro;

i) O "habeas-corpus", quando o coator ou o paciente for tribunal, autoridade ou funcionário


cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;

j) O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente
for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo
Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação
29
dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)

k) A revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) A reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

m) A execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação


de atribuições para a prática de atos processuais;

n) A ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente


interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam
impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;

o) Os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,


entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

Não cabe ao STF julgar conflito de competência entre STJ e TRF ou TJ, já que aquele órgão
está acima destes. Também não cabe a ele julgar conflitos entre juiz federal e turma recursal da
mesma região, já que a competência é do TRF.

p) O pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;


Direito Constitucional – Poder judiciário

q) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do


Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

r) As ações contra o CNJ e contra o CNMP: A competência do Supremo Tribunal Federal para
processar e julgar ações que questionam atos do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
Nacional do Ministério Público limita-se às ações tipicamente constitucionais: Mandados de
Segurança, Mandados de Injunção, Habeas Corpus e Habeas Data (AO 1.680 e AO 1.814)

Cabe ao STF, em sede recursal:

a) Julgar, em recurso ordinário:

i. O crime político, decidido pelo juiz federal;

ii. HC, MD, HD e MI decididos em única instância pelos tribunais superiores, se denegatória
a decisão.

b) Julgar, por recurso extraordinário, as causas decididas em última ou única instância


30
quando a decisão recorridas:

i. Contrariar dispositivo da CR/88;

ii. Julgar válida lei ou ato de governo local contestada em face da Constituição;

iii. Julgar válida lei local em face de lei federal;

iv. Apreciar a validade do direito ordinário pré-constitucional em face da CR/88 e das outras
(competência não expressa).

Para a interposição do recurso extraordinário, é imprescindível:

a) Prequestionamento;

b) Demonstração de repercussão geral. Somente pode o RE ser recusado pela manifestação


de dois terços de seus membros; além disso, sempre haverá repercussão geral quando a decisão
contrariar súmula ou jurisprudência dominante do STF.

Súmula Vinculante
Direito Constitucional – Poder judiciário

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder
à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de


normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou


cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta
de inconstitucionalidade.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula


aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo
Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida
com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
31
11. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Trata-se de criação da Constituição de 1988, concebido com o propósito de se tentar


superar a propalada “crise do Recurso Extraordinário” (nas palavras do Min. Moreira Alves), já que o
Supremo Tribunal Federal, antes da Carta de Outubro, cumulava as competências de uniformização
da interpretação da Constituição de 1967/69 e do direito federal ordinário.

Para José Afonso da Silva, “o que dá característica própria ao STJ são as suas atribuições
de controle da inteireza positiva, da autoridade e da uniformidade de interpretação da lei federal”.
Como ressalta o Prof. Gilmar Mendes, compõe o ethos do Superior Tribunal de Justiça o julgamento
de recurso especial contra decisão de Tribunal, “tendo em vista a função que lhe foi confiada como
órgão de uniformização da interpretação do direito federal ordinário”.

A composição inicial do STJ foi feita pelo aproveitamento dos Ministros do antigo e extinto
Tribunal Federal de Recursos – TFR e pela nomeação de Membros necessários para completar o
número mínimo de 33 (trinta e três) Ministros (art. 27, § 2º, ADCT). Esses foram indicados em lista
tríplice pelo próprio TFR, conforme a regra do art. 104, parágrafo único, da CR (art. 27, § 5.º, ADCT),
sendo que para efeitos desse dispositivo, os Ministros do TFR foram considerados pertencentes à
classe de que provieram, quando de sua nomeação (art. 27, § 3.º, ADCT).
Direito Constitucional – Poder judiciário

O STJ foi instalado sob a Presidência do STF (art. 27, caput, ADCT). Até a sua instalação o
STF exerceu plenamente as atribuições e competências definidas na ordem constitucional
precedente (art. 27, § 1º, ADCT).

11.1. ORGANIZAÇÃO

O STJ compõe-se de, no mínimo, 33 (trinta e três) Ministros, tem sede na Capital Federal e
jurisdição em todo o território nacional (art. 92, parágrafo único, c/c art. 104, caput, CR). O número
mínimo de 33 Ministros poderá ser elevado por meio de lei.

Os seus Ministros são nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de
35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, por maioria simples (art. 47, CR), sendo:

1) um terço dentre desembargadores federais (ou “juízes federais”, de acordo com a


terminologia adotada pelo Constituinte originário) dos Tribunais Regionais Federais – TRF’s;

2) um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça – TJ’s;


32
3) um sexto, dentre advogados; e, alternadamente, também indicados na forma do art. 94 da
CRFB,

4) um sexto, dentre membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e


Territórios.

As listas tríplices dos membros dos TRF’s e TJ’s serão elaboradas pelo próprio STJ, sendo que
a escolha poderá recair sobre desembargador estadual ou federal não pertencente originariamente à
classe da magistratura (STF, MS n.º 23.455/DF, Rel. Min. Néri da Silveira, pleno). Assim que tornados
magistrados, os membros dos TJ´s e TRF´s que neles tenham ingressado pelo quinto são
magistrados para todo e qualquer efeito, não se havendo diferenciá-los dos demais.

No caso dos advogados e dos membros do Ministério Público, serão elaboradas listas sêxtuplas
pelas respectivas instituições (OAB ou MP), que as encaminhará ao STJ que, por sua vez, elaborará
lista tríplice, a ser encaminhada ao Presidente da República. Tais listas poderão ser recusadas pelo
Tribunal, que poderá exigir a complementação por parte do responsável pela indicação.

Funcionam junto ao STJ a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados


– ENFAM e o Conselho da Justiça Federal – CJF, com atribuições de supervisão administrativa e
Direito Constitucional – Poder judiciário

orçamentária, bem como poderes correicionais, cujas decisões têm caráter vinculante. (ambos
incluídos pela EC nº 45/04).

11.2. COMPETÊNCIAS

Ao STJ, consoante o disposto no art. 105, I, da CR, compete, originariamente, processar e


julgar:

a) Nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais
de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

b) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;

c) Os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas
na alínea "a", quando coator for tribunal, sujeito à sua jurisdição, ou Ministro de Estado, ressalvada 33
a competência da Justiça Eleitoral;

d) Os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102,


I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diversos;

e) As revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f) A reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

g) Os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União,


ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito
Federal, ou entre as deste e da União;

h) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de


órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
Direito Constitucional – Poder judiciário

i) Homologação de sentenças estrangeiras (não inclui sentenças internacionais) e a


concessão de exequatur às cartas rogatórias.

Ao STJ, consoante o disposto no art. 105, II, da CR, compete julgar, em recurso ordinário:

a) Os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais


Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória;

b) Os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais


Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a
decisão;

c) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um


lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Ao STJ, consoante o disposto no art. 105, III, da CR, compete julgar, em recurso especial,
as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 34
a) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

c) Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Embora não conste expressamente no rol de competências do art. 105 da Carta Maior, outra
competência originária outorgada ao STJ pela Emenda Constitucional nº 45/04 foi a competência
para o JULGAMENTO DO INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA PARA A
JUSTIÇA FEDERAL (art. 109, § 5º), a ser suscitada pelo Procurador-Geral da República, nas
“causas relativas a direitos humanos federalizados”.

É tranquilo o entendimento do STJ no sentido de que é sua a competência para processar e


julgar recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO interposto contra decisão interlocutória proferida em
causa envolvendo organismo internacional e pessoa residente no país (art. 109, II, CR/88). Nesse
sentido, lembre-se do art. 105, II, ‘c’, segundo o qual cabe ao STJ julgar, em recurso ordinário, as
causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro,
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. Disso é que se extrai, pois, a competência
para o agravo de instrumento elucubrado no item III, valendo citar o seguinte precedente:
Direito Constitucional – Poder judiciário

[...] 1. É cabível a interposição de agravo de instrumento perante o Superior Tribunal


de Justiça, impugnando decisão interlocutória em causa cujas partes são organismo
internacional - Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na condição de
litisconsorte passivo necessário - e pessoa jurídica de direito privado domiciliada no
país - EBCO SYSTEMS LTDA -, em conformidade com o disposto nos arts. 105, II, c, da
CF/88, 539, II, b e parágrafo único, do CPC e 36 e 37 da Lei 8.038/90. Precedentes do STJ.
[...] (Ag 1371230/CE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 15/03/2011, DJe 21/03/2011)

Essa competência foi expressamente prevista no CPC/15, art. 1.027, §1º7.

11.3. O CONSELHO DE JUSTIÇA FEDERAL – CJF

O Conselho da Justiça Federal (CJF), com sede em Brasília-DF, tem como missão exercer,
de forma efetiva, a supervisão orçamentária e administrativa, o poder correicional e a uniformização,
bem como promover a integração e o aprimoramento da Justiça Federal.

O Colegiado do CJF é integrado pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do Superior Tribunal


de Justiça (STJ), três Ministros deste mesmo Tribunal e pelos Presidentes dos cinco Tribunais
Regionais Federais do país.

As principais atribuições do CJF são exercer a coordenação central e padronização, no


35
âmbito da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, das atividades de administração judiciária
relativas a recursos humanos, gestão documental e de informação, administração orçamentária e
financeira, controle interno, informática e planejamento estratégico, organizadas em forma de
sistema. Os sistemas funcionam mediante participação integrada dos Tribunais Regionais Federais
e Seções Judiciárias.

7 Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de


injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão;

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos
tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e,


de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

§ 1o Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo
de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015.

§ 2o Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3o, e 1.029, § 5o.
Direito Constitucional – Poder judiciário

Por meio de seus atos normativos, o CJF tem regulamentado uma série de atividades
essenciais às crescentes eficiência e celeridade na prestação jurisdicional da Justiça Federal.

A partir da vigência da Emenda Constitucional nº 45, de 2004, foram atribuídos ao CJF


PODERES CORREICIONAIS E CARÁTER VINCULANTE ÀS SUAS DECISÕES. À Corregedoria-
Geral da Justiça Federal incumbe a fiscalização, o controle e a orientação normativa da Justiça
Federal, no que diz respeito ao desempenho dessa atividade correicional.

Associado à sua função uniformizadora, o CJF exerce um importante papel como órgão
centralizador de informações estratégicas sobre a Justiça Federal em âmbito nacional. Por meio das
atividades de informação, editoração, ensino e pesquisa, voltadas ao aprimoramento da Justiça e
realizadas pelo seu Centro de Estudos Judiciários, o CJF funciona como um espaço fértil de reflexão
e de difusão de conhecimentos.

Em decorrência da criação dos Juizados Especiais Federais, pela Lei nº 10.259/2001, O


CONSELHO DOTOU-SE, AINDA, DE FUNÇÃO JURISDICIONAL. EM SETEMBRO DE 2002,
PASSOU A FUNCIONAR JUNTO AO CJF A TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DOS
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS, órgão julgador colegiado que aprecia os incidentes de 36
uniformização de interpretação de lei federal nos processos oriundos dos Juizados. Tal uniformização
de jurisprudência é de fundamental importância para garantir a celeridade e a segurança jurídica
desses juízos.

As competências do Conselho, da Corregedoria-Geral da Justiça Federal, do Centro de


Estudos Judiciários e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais estão
previstas pela Lei nº 11.798, de 2008.

14. JUSTIÇA FEDERAL

A Justiça Federal é composta pelos TRFs (mínimo de 07 desembargadores) e pelos juízes


federais.

Exige-se, para os TRFs, a observância do quinto constitucional.

Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de


audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
Direito Constitucional – Poder judiciário

Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo


Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
do processo.

Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede
a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.

Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão
aos juízes da justiça local, na forma da lei.

14.1. COMPETÊNCIAS DOS TRFS

Compete aos TRFs, processar e julgar:

a) Originariamente:

i. Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do


Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
37
ii. As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da
região;

iii. Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz


federal;

iv. Os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;

v. Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal.

b) Em grau recursal: as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no
exercício de competência federal.

14.1.1. Quantitativo de Tribunais Regionais Federais (EC nº 73/2013)

Art. 1º O art. 27 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar


acrescido do seguinte § 11:

"Art. 27. ...................................................................................

..........................................................................................................
Direito Constitucional – Poder judiciário

§ 11. São criados, ainda, os seguintes Tribunais Regionais Federais: o da 6ª Região, com sede
em Curitiba, Estado do Paraná, e jurisdição nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato
Grosso do Sul; o da 7ª Região, com sede em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, e
jurisdição no Estado de Minas Gerais; o da 8ª Região, com sede em Salvador, Estado da Bahia,
e jurisdição nos Estados da Bahia e Sergipe; e o da 9ª Região, com sede em Manaus, Estado
do Amazonas, e jurisdição nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima."(NR)

Art. 2º Os Tribunais Regionais Federais da 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Regiões deverão ser instalados
no prazo de 6 (seis) meses, a contar da promulgação desta Emenda Constitucional.

Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

Joaquim Barbosa, no entanto, “avacalhou” a emenda ao conceder liminar na ADIN


5017.

14.2. COMPETÊNCIAS DOS JUÍZES FEDERAIS

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa


domiciliada ou residente no País; 38
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
organismo internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços


ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas
as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução


no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,


excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da


Justiça Militar;
Direito Constitucional – Poder judiciário

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.

§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que
for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados


ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa
condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas
pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal


Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da


República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 39
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente
de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

15. JUSTIÇA DO TRABALHO (ART. 114)

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo


e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 45, de 2004)

III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores,
e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado


envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto


no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de


trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Direito Constitucional – Poder judiciário

VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos


órgãos de fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

Sobre essa competência:

COMPETÊNCIA. INDENIZAÇÃO. GASTOS. CONTRATAÇÃO ADVOGADO.


RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.

A Seção anulou todos os atos decisórios praticados no processo em que a recorrente


pleiteia o recebimento de indenização por danos materiais consistentes nos valores gastos
com a contratação de advogado para o ajuizamento de ação trabalhista objetivando o
reconhecimento das verbas decorrentes da rescisão de seu contrato de trabalho com a
recorrida. No entendimento do Min. Relator, deve ser apreciada pela Justiça do Trabalho a
ação de indenização ajuizada pelo trabalhador em face do ex-empregador, com vista ao
ressarcimento dos honorários advocatícios contratuais despendidos em reclamatória
trabalhista. Ademais, o reconhecimento da competência da Justiça comum para julgar
essas causas geraria um enorme desajuste no sistema, porquanto, para cada ação
tramitando na Justiça do Trabalho, haveria mais uma a tramitar na Justiça comum. Por outro
lado, no âmbito da Justiça especializada, o pedido de indenização pode ser feito na própria
reclamatória trabalhista, não onerando em nada aquele segmento do Judiciário. REsp
1.087.153-MG, 2S, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2012.

MULTA POR INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. SENTENÇA PROFERIDA POR


JUIZ ESTADUAL NO EXERCÍCIO DE JURISDIÇÃO FEDERAL APÓS O ADVENTO DA EC 40
45/2004. NULIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Aplicando-se as normas processuais aos processos em curso, nula, por vício de


competência, a sentença proferida por juiz estadual no exercício da jurisdição federal após
o advento da EC 45/2004, em execução fiscal ajuizada para cobrança de multa por infração
à legislação trabalhista. Unânime. (TRF1, 7T, ReeNec 0034171-80.2011.4.01.9199/RO, rel.
Des. Federal Catão Alves, em 02/04/2012

VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Segundo o STF, as ações de indenização por danos morais e patrimoniais propostas pelo
empregado que já corriam antes da EC nº 45/04 foram automaticamente deslocadas para a Justiça
do Trabalho, salvo se já tivessem sentença de mérito prolatada, hipótese em que continuaria na
mesma Justiça até o trânsito em julgado da decisão.

As ações ajuizadas contra o INSS para obter benefício decorrente de acidente de trabalho
devem ser propostas perante a Justiça estadual comum, e não perante a Justiça Federal ou do
Trabalho.
Direito Constitucional – Poder judiciário

SÚMULA VINCULANTE Nº 22: “A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA


PROCESSAR E JULGAR AS AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
PATRIMONIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO PROPOSTAS POR
EMPREGADO CONTRA EMPREGADOR, INCLUSIVE AQUELAS QUE AINDA NÃO POSSUÍAM
SENTENÇA DE MÉRITO EM PRIMEIRO GRAU QUANDO DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA
CONSTITUCIONAL NO 45/04”.

COMPETÊNCIA. DANOS MORAIS. PRESTADOR. SERVIÇOS.

A Seção declarou competente a Justiça do Trabalho no conflito de competência instaurado


entre o juízo trabalhista e o juízo federal na ação indenizatória por danos morais –
decorrentes de injúria qualificada por preconceito racial – proposta em desfavor da
instituição financeira em que a ofendida trabalhava como prestadora de serviços e da
suposta ofensora (cliente do banco). Anote-se que, após esse fato, a ofendida foi demitida.
Segundo o Min. Relator, não obstante haja duas relações subjacentes com naturezas
jurídicas distintas (uma firmada com a ofensora e a outra, com a instituição tomadora dos
serviços), vislumbra-se conexão imediata entre o dano suportado e a prestação do serviço.
Ademais, salientou que, embora os alegados prejuízos não decorram de ato ilícito praticado
por empregado da empresa pública, a ofendida, no momento em que a injúria foi proferida,
estava prestando serviços na agência bancária. Asseverou, ainda, que o art. 114, VI, da
CR/1988 não restringe a competência do juízo do trabalho às demandas estabelecidas
entre empregado e empregador. Afirmou, de acordo com precedente do STJ, que, se o fato
ocorreu em uma relação de trabalho, apenas a Justiça especializada pode decidir se o 41
tomador dos serviços responde pelos danos sofridos pelo prestador terceirizado e se deve,
inclusive, permanecer no polo passivo. Ressaltou que, na petição inicial, a autora conferiu
à ação contornos típicos de questão trabalhista. Precedentes citados: AgRg no CC 82.432-
BA, DJ 8/11/2007; CC 71.604-RJ, DJe 5/3/2008, e CC 78.145-SP, DJ 3/9/2007. CC 97.458-
SP, 2S, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 22/6/2011.

Ainda sobre as competências da JT, merecem destaquem algumas decisões do STF e do


STJ quanto ao tema:

a) A JT NÃO É COMPETÊNCIA PARA CAUSAS ENTRE O PODER PÚBLICO E SEUS


SERVIDORES VINCULADOS AO REGIME ESTATUTÁRIO: O STF considerou estranho
ao conceito de relação de trabalho o vínculo jurídico de natureza estatutária existente
entre servidores e administração. O STF também entendeu em determinado caso que a
apreciação de greve deflagrada por policiais civis do Estado de SP era de competência
da justiça comum.

b) COMPETÊNCIA DA JT PARA AÇÃO PROPOSTA POR VIÚVA E FILHOS DO


EMPREGADO MORTO EM SERVIÇO: Modificando o entendimento da súmula 366 do
STJ (já cancelada pela corte), o STF indicou que a competência é da JT uma vez que a
origem do direito decorre de relação de trabalho.
Direito Constitucional – Poder judiciário

c) A JT NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA AÇÕES PENAIS: A CF apenas previu a


possibilidade de julgamento de HC pela JT porque é possível a prisão civil daquele que
deve alimentos.

d) A JT NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA JULGAR RELAÇÕES CONTRATUAIS DE


CARÁTER EMINENTEMENTE CIVIL: O STJ sedimentou o entendimento ao publicar a
súmula 363, que indica que é competente a justiça comum para julgar ação de cobrança
entre profissional liberal e seu cliente. O STF partilha da mesma concepção, por acreditar
que não se trata de relação de trabalho, mas mera relação civil.

e) COMPETÊNCIA DA JT PARA AÇÃO POSSESSÓRIA DECORRENTE DO EXERCÍCIO


DO DIREITO DE GREVE: É comum que os grevistas façam “piquetes”, para impedir a
entrada de pessoas em determinados estabelecidos. É também comum que os
proprietários desses estabelecimentos proponham ações possessórias para garantir a
posse do imóvel. Pois bem, o STF editou a SV 23, que indica que a competência para
julgar essas ações (decorrentes do direito de greve) é da JT.

16. JUSTIÇA ESTADUAL 42


As competências dos TJs deverão ser definidas nas Constituições estaduais.

Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos


normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da
legitimação para agir a um único órgão.

A lei estadual poderá criar, mediante proposta do TJ, a Justiça Militar estadual.

Nas ações de controle de constitucionalidade, a CR não determina que os Estados devem


ser simétricos à União.

Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda
do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes
militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.
Direito Constitucional – Poder judiciário

O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais,


a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais


funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.

Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas


especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.

16.1. TRIBUTAÇÃO DOS SERVIÇOS NOTARIAIS

NÃO EXISTE NORMA CONSTITUCIONAL QUE IMUNIZE À TRIBUTAÇÃO OS SERVIÇOS


NOTARIAIS E DE REGISTRO, REALIZADOS POR PARTICULARES, AINDA QUE MEDIANTE
DELEGAÇÃO OPERADA APÓS CONCURSO PÚBLICO (CF, art. 236). Bem por isso, aliás, é que
o Supremo considera constitucional a incidência de ISSQN (CF, art. 156, III) sobre esse tipo de
serviço - aliás, de grande lucratividade, como é cediço.

A ementa desse precedente corrobora o que se acaba de afirmar: 43


AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.
ITENS 21 E 21.1. DA LISTA ANEXA À LEI COMPLEMENTAR 116/2003. INCIDÊNCIA DO
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA - ISSQN SOBRE SERVIÇOS
DE REGISTROS PÚBLICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS. CONSTITUCIONALIDADE.
Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada contra os itens 21 e 21.1 da Lista Anexa à Lei
Complementar 116/2003, que permitem a tributação dos serviços de registros públicos,
cartorários e notariais pelo Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. Alegada
violação dos arts. 145, II, 156, III, e 236, caput, da Constituição, porquanto a matriz
constitucional do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza permitiria a incidência do
tributo tão-somente sobre a prestação de serviços de índole privada. Ademais, a tributação
da prestação dos serviços notariais também ofenderia o art. 150, VI, a e § § 2º e 3º da
Constituição, na medida em que tais serviços públicos são imunes à tributação recíproca
pelos entes federados. As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à
tributação, porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com
intuito lucrativo invoca a exceção prevista no art. 150, § 3º da Constituição. O
recebimento de remuneração pela prestação dos serviços confirma, ainda, capacidade
contributiva. A imunidade recíproca é uma garantia ou prerrogativa imediata de
entidades políticas federativas, e não de particulares que executem, com inequívoco
intuito lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou delegação, devidamente
remunerados. Não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos
concedidos e a não-tributação das atividades delegadas. Ação Direta de
Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente. (STF, ADI 3089, Rel. p/ ac. Min.
Joaquim Barbosa, DJe de 31/07/2008)

Não há empecilho algum à instituição de taxa sobre a atividade notarial e de registro, a


qual, lembre-se, é sujeita à fiscalização do Poder Judiciário (CF, art. 236, § 1º), cujo poder de
Direito Constitucional – Poder judiciário

polícia na área, destarte, autoriza esse tipo de tributo (taxa de polícia). Por outro lado, também não
há óbice nenhum a que se adote, como base de cálculo dessa exação, o valor correspondente aos
emolumentos cobrados pelo titular da serventia frente aos tomadores dos seus serviços cartorários.

Registre-se, por todos, o julgado a seguir:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCISO V DO ART. 28 DA LEI


COMPLEMENTAR 166/99 DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. TAXA INSTITUÍDA
SOBRE AS ATIVIDADES NOTARIAIS E DE REGISTRO. PRODUTO DA ARRECADAÇÃO
DESTINADO AO FUNDO DE REAPARELHAMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. O
Supremo Tribunal Federal vem admitindo a incidência de taxa sobre as atividades
notariais e de registro, tendo por base de cálculo os emolumentos que são cobrados
pelos titulares das serventias como pagamento do trabalho que eles prestam aos
tomadores dos serviços cartorários. Tributo gerado em razão do exercício do poder de
polícia que assiste aos Estados-membros, notadamente no plano da vigilância, orientação
e correição da atividade em causa, nos termos do § 1º do art. 236 da Constituição Federal.
2. O inciso V do art. 28 da Lei Complementar 166/99 do Estado do Rio Grande do Norte
criou taxa em razão do poder de polícia. Pelo que não incide a vedação do inciso IV do art.
167 da Carta Magna, que recai apenas sobre os impostos. 3. O produto da arrecadação de
taxa de polícia sobre as atividades notariais e de registro não está restrito ao
reaparelhamento do Poder Judiciário, mas ao aperfeiçoamento da jurisdição. E o Ministério
Público é aparelho genuinamente estatal ou de existência necessária, unidade de serviço
que se inscreve no rol daquelas que desempenham função essencial à jurisdição (art. 127,
caput, da CF/88). Logo, bem aparelhar o Ministério Público é servir ao desígnio
constitucional de aperfeiçoar a própria jurisdição como atividade básica do Estado e função 44
específica do Poder Judiciário. 4. Ação direta que se julga improcedente. (STF, ADI 3028,
Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 30/06/2010)

De outro giro, é absolutamente legítimo - também na esteira da jurisprudência pacífica


do STF - que o produto da arrecadação dessa taxa de polícia seja destinado a melhorias no
Poder Judiciário ou mesmo em serviços essenciais à Justiça, como é o caso do Ministério
Público. Afora o aresto que se acaba de transcrever, confiram-se, nesse sentido, os precedentes
que seguem:

CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCISO III DO ART.


4º DA LEI Nº 4.664, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2005, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
TAXA INSTITUÍDA SOBRE AS ATIVIDADES NOTARIAIS E DE REGISTRO. PRODUTO
DA ARRECADAÇÃO DESTINADO AO FUNDO ESPECIAL DA DEFENSORIA PÚBLICA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. É CONSTITUCIONAL A DESTINAÇÃO DO
PRODUTO DA ARRECADAÇÃO DA TAXA DE POLÍCIA SOBRE AS ATIVIDADES
NOTARIAIS E DE REGISTRO, ORA PARA TONIFICAR A MUSCULATURA ECONÔMICA
DESSE OU DAQUELE ÓRGÃO DO PODER JUDICIÁRIO, ORA PARA APORTAR
RECURSOS FINANCEIROS PARA A JURISDIÇÃO EM SI MESMA. O inciso IV do art. 167
da Constituição passa ao largo do instituto da taxa, recaindo, isto sim, sobre qualquer
modalidade de imposto. O DISPOSITIVO LEGAL IMPUGNADO NÃO INVADE A
COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA EDITAR NORMAIS GERAIS SOBRE A FIXAÇÃO DE
EMOLUMENTOS. ISTO PORQUE ESSE TIPO DE COMPETÊNCIA LEGIFERANTE É
PARA DISPOR SOBRE RELAÇÕES JURÍDICAS ENTRE O DELEGATÁRIO DA
SERVENTIA E O PÚBLICO USUÁRIO DOS SERVIÇOS CARTORÁRIOS. Relação que
antecede, logicamente, a que se dá no âmbito tributário da taxa de polícia, tendo por base
Direito Constitucional – Poder judiciário

de cálculo os emolumentos já legalmente disciplinados e administrativamente arrecadados.


Ação direta improcedente. (STF, ADI 3643, Rel. Min. Carlos Britto, DJe de 16/02/2007)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 104, INCISO III, DA LEI N. 1.071/90,


DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, COM A REDAÇÃO QUE LHE FOI ATRIBUÍDA
PELA LEI N. 2.049/99. EMOLUMENTOS. SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS. DESTINAÇÃO DE
RECURSOS A FUNDO ESPECIAL CRIADO PARA PROMOVER EXPANSÃO E
DESENVOLVIMENTO DOS JUIZADOS ESPECIAIS. VIOLAÇÃO DO ART. 167, INCISO V, DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Preceito de lei estadual que destina 3%
[três por cento] dos emolumentos cobrados pelas serventias extrajudiciais ao Fundo Especial
para Instalação, Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Estado do Mato Grosso do Sul não ofende o disposto no art. 167, V, da
Constituição do Brasil Precedentes. 2. A norma constitucional veda a vinculação da receita dos
impostos, não existindo, na Constituição, preceito análogo pertinente às taxas. Pedido julgado
improcedente. (STF, ADI 2129, Rel. Min. Eros Grau, DJ de 16/06/2006)

17. JUSTIÇA ELEITORAL

17.1. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

a) COMPOSIÇÃO

No mínimo, 07 membros.
45
b) ESTRUTURA DA COMPOSIÇÃO

03 juízes eleitos dentre os ministros do STF pelos próprios membros da corte em voto secreto,
02 juízes dentre os ministros do STJ, também em voto secreto dos membros da corte, e outros 02
membros, eleitos da seguinte forma: o STF elaborará lista sêxtupla escolhendo advogados de notável
saber jurídica e reputação ilibada, e a encaminhará ao presidente, que escolherá 02 e os nomeará
(sem sabatina).

c) PRESIDENTE E VICE

Serão eleitos pelo TSE, dentre os ministros do STF.

d) CORREGEDOR ELEITORAL

Eleito pelo TSE, dentre os ministros do STJ.

As decisões do TSE são irrecorríveis, salvo caso de afronta à CF e as denegatórias de HC e


MS.

17.2. TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL:

Por disposição da CF, haverá um TRE na capital de cada estado e no DF.


Direito Constitucional – Poder judiciário

a) COMPOSIÇÃO

07 membros.

b) ESTRUTURA DA COMPOSIÇÃO

(i) 02 juízes membros do TJ, eleitos pelos próprios membros do TJ em votação secreta, (ii) 02
juízes escolhidos pelo TJ entre juízes de direito, (iii) 01 juiz do TRF com sede na capital do Estado
ou do DF (a sede do TRF da Região respectiva deve ser na capital em que está o TRE para
concretizar essa possibilidade), ou não havendo, juiz federal qualquer, escolhido, em qualquer dos
casos, pelo TRF, (iv) 02 advogados nomeados pelo presidente da república, de lista sêxtupla enviada
pelo TJ.

Cabe recurso das decisões do TRE apenas quando: (i) proferidas contra disposição da CF ou
de lei, (ii) ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais, (iii)
versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diploma nas eleições federativas ou estaduais,
anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais, (iv)
denegarem HC, MS, HD ou MI.
46
17.3. JUÍZES ELEITORAIS

Servirão por mandatos de 02 anos, e nunca por mais de 02 biênios consecutivos. Cabe a eles
a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais em que é dividida a circunscrição eleitoral. A
competência do juiz eleitoral é prevista no art. 35 do código eleitoral.

17.4. JUNTAS ELEITORAIS

Compostas por 01 juiz de direito (presidente da junta) e 02 a 04 cidadãos de notória idoneidade.


Os membros serão nomeados 60 dias antes das eleições, depois de aprovados pelo presidente do
TRE. Até 10 dias antes da nomeação os nomes dos escolhidos serão publicados, podendo qualquer
partido impugnar as indicações.

Compete à junta: (i) apurar (em 10 dias) as eleições das zonas sob sua jurisdição, (ii) resolver
as impugnações e demais incidentes durante a contagem e apuração dos votos, (iii) expedir os
boletins de apuração, (iv) expedir diplomas para cargos municipais.

18. TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

18.1. JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO


Direito Constitucional – Poder judiciário

Tem competência apenas penal (não julga matéria civil ou disciplinar), devendo julgar os crimes
militares definidos em lei. Composta pelos Conselhos de JM (atua no primeiro grau de jurisdição), e
pelo STM. Em tempos de paz, o território nacional é dividido em 12 circunscrições judiciárias
militares.

Em tempo de guerra, ou durante o estado de sítio, a jurisdição superior militar será exercida
pelos Conselhos Superiores de Justiça Militar.

18.1.1. SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

Um órgão da JM da União, e não julga matérias provenientes da JM dos Estados. Atua como
um “TJ militar da União”, e não como o STJ.

a) COMPETÊNCIA

Além da competência originária, deve julgar as apelações e recursos das decisões dos juízes
de primeiro grau da JM da União (TJ militar da União).

b) COMPOSIÇÃO
47
15 ministros vitalícios.

c) ESTRUTURA DA COMPOSIÇÃO

(i) 03 oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto mais elevado, (ii) 04 oficiais-generais do


Exército, da ativa e do posto mais elevado da carreira, (iii) 03 oficiais-generais da Aeronáutica, da
ativa e do posto mais elevado, (iv) 05 civis, dentre os quais, 03 advogados de notório saber jurídico
e reputação ilibada e mais de 10 anos de atividade, 01 juiz auditor, e 01 membro do MP militar.

d) FORMA DE NOMEAÇÃO

O presidente aponta todos os 15 ministros, que serão sabatinados pelo SF e aprovados por
maioria simples (não absoluta, como nos demais casos) e nomeados posteriormente.

e) REQUISITOS

Ser brasileiro nato ou naturalizado, e ter mais de 35 anos de idade e menos de 65.

Os oficiais-generais indicados deverão ser brasileiros natos, necessariamente.

18.1.2. CONSELHOS DA JUSTIÇA MILITAR


Direito Constitucional – Poder judiciário

Órgãos colegiados compostos por 01 juiz togado (aprovado em concurso próprio) e 04 juízes
leigos (militares sorteados). Os votos dos juízes têm peso igual, para que seja garantida a
harmonização entre os conhecimentos técnicos e a experiência na caserna. Os conselhos se dividem
em especial e permanente.

CONSELHO ESPECIAL CONSELHO PERMANENTE

CONSTITUIÇÃO 01 Juiz auditor 01 Juiz Auditor

04 Juízes militares de 01 Oficial superior


posto superior ao acusado, ou
de mesmo posto e mais antigos 03 Oficiais de posto até
Capitão-tenente ou capitão

DURAÇÃO/FUNCIONAM Constituído para cada Funciona por 03


ENTO processo e dissolvido após a meses consecutivos,
conclusão dos trabalhos podendo ter o prazo ser
prorrogado nos casos
previstos em lei 48

COMPETÊNCIA Processar e julgar oficiais Processar e julgar


(exceto oficiais-generais) nos acusados que não sejam
delitos previstos na legislação oficiais (praças e civis, por
militar, e os praticados por não exemplo) nos delitos
oficiais, desde que sejam previstos na legislação militar.
coautores de oficiais.
OBS: civis sempre
OBS: a competência para serão julgados pela JM da
julgar oficiais-generais é União. Jamais serão julgados
originária do STM. pela JM estadual, que julga
apenas policiais militares e
bombeiros militares.

18.1.3. HIERARQUIA MILITAR

É a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro das Forças Armadas. Essa


ordenação ocorre por postos (grau hierárquico dos oficiais, conferido pelo presidente, ou pelo
Direito Constitucional – Poder judiciário

comandante respectivo das forças armadas) ou graduações (grau hierárquico do praça). Dentro do
mesmo posto ou graduação, ocorre por antiguidade.

Os postos de almirante, marechal e marechal do ar (postos máximos dos oficiais-generais das


forças armadas) somente serão providos em tempo de guerra.

18.1.4. MINISTÉRIO PÚBLICO E DEFENSORIA

O MP militar é carreira própria do MPU, com concurso específico. A DPU, por seu turno,
também mantém representantes junto à JM, embora não haja carreira específica.

18.1.5. JULGAMENTO DE CIVIS PELA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO

A JM da União (e somente ela) poderá julgar civis nos casos de crimes praticados contra as
instituições militares, quais sejam:

a) Contra o patrimônio sob administração militar, ou contra a ordem


administrativa militar.

b) Em lugar sujeito à administração militar contra militar em atividade, ou contra 49


funcionário de ministério militar ou da JM, no exercício de suas funções.

c) Contra militar em formatura, ou durante período de prontidão, vigilância,


observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras.

d) Ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função
de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim,
ou em obediência à determinação legal superior.

Em crimes culposos praticados por civil contra militar, o STF aduziu que não existe o intuito de
atingir a administração militar, portanto, a competência é da justiça comum.

A lei define a competência da JM para julgar crimes militares definidos em lei, de modo que
crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra militar, serão julgados na JM. No entanto,
se praticados por militar contra civil, a competência será do tribunal do júri da justiça comum, salvo
nos crimes praticados no contexto de ação militar da aeronáutica (abatimento de aeronave hostil
devidamente autorizado pelo presidente ou comandante da aeronáutica causando a morte de civil,
por exemplo), caso em que o julgamento será de competência da JM da União.
Direito Constitucional – Poder judiciário

Nos crimes dolosos contra a vida contra civil, a competência para processar e julgar é da justiça
comum, contudo, continuam válidas as disposições quanto ao inquérito policial militar. Concluído,
este deverá ser enviado à JM, que finalmente remeterá os autos à justiça comum para julgamento
pelas regras do CPP.

De acordo com a disposição do art. 90-A da Lei 9.099/95, as disposições contidas naquela lei
não se aplicam à JM. O STF se posicionou pela constitucionalidade do referido dispositivo quando o
crime for praticado por militar. Quando à aplicação em crimes praticados por civis, a matéria carece
de julgamento definitivo (a doutrina indica que não deve ser aplicado o art. 90-A, acreditando que os
civis, que não estão sujeitos aos valores da hierarquia e da disciplina, deveriam ter direito às normas
penais mais benéficas.)

18.2. JUSTIÇA MILITAR DOS ESTADOS

Criada por lei estadual, mediante proposta do TJ.

18.2.1. ATRIBUIÇÕES

Compete à JM dos Estados processar e julgar militares nos crimes militares definidos em lei, e 50
as ações judiciais contra atos disciplinares militares (ato administrador por meio do qual a
administração impõe sanção ao militar que cometeu transgressão disciplinar), ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil (sendo a vítima militar, o julgamento será pela JM).

18.2.2. COMPOSIÇÃO E COMPETÊNCIA

A JM dos Estados é composta, em primeiro grau, por juízes de direito e pelos Conselhos de
Justiça e, em segundo grau, pelo TJ (da justiça comum) ou TJ militar, nos Estados em que o efetivo
militar seja superior a 20 mil integrantes.

De decisão do TJ ou TJ militar, caberá recurso para o STJ ou STF, a depender da matéria,


nunca para o STM (que não julga matéria estadual).

a) JUÍZES DE DIREITO

Compete aos juízes de direito do juízo militar julgar (monocraticamente) todos os crimes
militares cometidos contra civil (exceto aqueles de competência do tribunal do júri) e as ações contra
atos disciplinares militares.

Na JM da União, a competência para julgar os crimes militares cometidos por militar contra civil
é dos conselhos de justiça, e não dos juízes de direito do juízo militar, como na JM estadual.
Direito Constitucional – Poder judiciário

b) CONSELHO DE JUSTIÇA

Aos conselhos de justiça cabe julgar os demais crimes militares. Os conselhos de justiça dos
Estados são formados por 01 juiz togado e 04 juízes militares, oficiais sorteados para o exercício da
função.

i. CONSELHO DE JUSTIÇA PERMANENTE

Responsável pelo julgamento de praças e praças especiais da PM e do corpo de bombeiros


militar.

ii. CONSELHO DE JUSTIÇA ESPECIAL

Deverá julgar os oficiais da PM e do corpo de bombeiros militar.

Além de competência recursal, o TJ ou TJ militar tem competência originária: por força do art.
125, § 4º da CF, é o tribunal correspondente que julga a perda do posto e da patente (oficiais) e da
graduação (praças) de militares estaduais. Quanto aos oficiais, por disposição do art. 142, §3º, VI e
VII, só perderão o posto e patente se “for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
decisão de tribunal militar, exigindo-se procedimento específico, não podendo ser aplicada como
51
pena acessória”. Os praças das forças armadas não exigem decisão por tribunal militar para tanto.

18.2.3. MINISTÉRIO PÚBLICO E DEFENSORIA PÚBLICA NOS ESTADOS

Ambos têm representantes na JM estadual. Quanto ao MP, vale ressaltar que, ao contrário do
que ocorre na JM da União, não há carreira própria nos Estados, devendo atuar um representante
“qualquer” do MP.

18.3. JUSTIÇA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

Apesar de mantida e organizada pela União, a JM no DF segue as mesmas regras da JM dos


Estados, e segue regras semelhantes quanto à organização (juiz de direito do juízo militar e
conselhos de justiça em primeiro grau, e TJ ou TJ militar em segundo).

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