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Reflexões sobre a educação brasileira

Julio Larroyd

A sociedade brasileira, desde os seus primórdios, foi formada sob diversas influencias sociais e
culturais. Diversos povos do mundo vieram para o Brasil para colonizá-lo, como se o Brasil fosse um
grande deserto onde a natureza animal fosse a única habitante. Entretanto, duas delas merecem
importante destaque: a indígena e a africana.

Sabe-se, entretanto, que a história não é bem como se conta. Quando os portugueses
‘descobriram’ o Brasil, este território já estava amplamente habitado, os nativos, diversas nações
indígenas, possuíam sua estrutura social, religiosa e um grande arcabouço cultural.

Estes aspectos sociais poderiam soar como primitivos frente ao homem europeu, mas, de forma
alguma, eram destituídos de real valor, a não ser sob a perspectiva ocidental do homem português. O
choque ocorrido entre esses dois mundos gerou um enorme conflito ocasionando um verdadeiro
genocídio das nações indígenas habitantes no Brasil, um genocídio lento e progressivo que se arrasta
até os dias atuais. Não houve por parte dos colonizadores o menor respeito aos aspectos culturais pré-
existentes a sua chegada no Brasil.

O que, aqui, ocorreu conforme afirma RODRIGUES (2007) foi uma “aculturação organizada,
mas forçada, em benefício de um grupo só, como na escravatura ou colonização”(grifos da autora) .
Colonizadores tentaram impor sua cultura e modos de produção aos indígenas, mas frente a forte
resistência e compreensão de que isso não seria possível uma outra alternativa foi encontrada: a
escravidão de negros africanos.

A importância africana para a construção de uma “nova cultura genuinamente brasileira” é


inegável. Em seu livro Casa Grande e Senzala, o sociólogo Gilberto Freira traça um perfil dessa relação
entre senhores e escravos que teve base na consolidação da sociedade brasileira. Na cultura brasileira,
essa contribuição foi intensa. Quando se pensa em patrimônio cultural do negro no Brasil, tem-se que
pensar no seu corpo, pois foi a única coisa que lhe foi permitido trazer. Dentro dele, vinham as canções,
as histórias, anseios e medos.

Com seu corpo, o negro deixou suas marcas, principalmente, na música brasileira, afinal nem
sempre lhe foi possível dançar, uma vez que este sempre ocupado em alguma tarefa, mas cantava e
muito, como é referido por FREIRE (1933)

Nos engenhos, tanto nas plantações como dentro de casa, nos tanques de bater
roupa, nas cozinhas, lavando roupa, enxugando prato, fazendo doce, pilando café,
nas cidades, carregando sacos de açúcar, pianos, sofás de jacarandá de ioiôs
brancos- os negros trabalharam sempre cantando: seus cantos de trabalho, tanto
quanto os de xangô, os de festa, os de ninar, menino pequeno, encheram de alegria
africana a casa brasileira.”

Diversos fatores acabaram com a escravidão no Brasil requerendo novas alternativas para os
meios de produção, surge, então, a figura do imigrante ‘homens livres’ que vieram para cá com o ideal
de fazerem a América. Entre as etnias mais representativas no Brasil, estão os portugueses,
italianos, alemães, espanhóis, japoneses e árabes.

Essas alternativas tiveram um intuito econômico, visto que a colonização no Brasil tem em sua
base decisões econômicas fortemente intrínsecas, alias, o Brasil foi descoberto pela necessidade de
Portugal e Espanha ampliarem seu comércio e a elite do Brasil foi formada basicamente por esses
comerciantes, homens de negócio, representantes da monarquia portuguesa, como descreve TRACCO
(2014)
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A monarquia absolutista portuguesa tinha bem definida suas classes sociais: a
nobreza, o clero e os demais. No Brasil, além dos mencionados, tivemos mais alguns
elementos que foram determinantes para a formação de sua sociedade: a escravidão
e a ausência de uma pequena burguesia, composta por trabalhadores livres e
independentes. Desde seus primórdios, a sociedade brasileira foi elitizada. Seja como
donatários, como funcionários da Corte, ou como agraciados com grandes porções
de terra, a elite brasileira foi formada com o objetivo primeiro de exploração da terra e
do trabalho servil. Era exploradora dos mais fracos e buscava sempre privilégios e
favores do Estado, devotando-lhe total comunhão e submissão. Nunca se formou
verdadeiramente um povo, com uma identidade comum, mas sim castas. Para
crescer na vida era preciso ser “amigo do rei”. Aos “amigos do rei” o acesso a tudo e
a todos era ilimitado, aos demais, tudo deveria ser negado ou dificultado.

Ora, é possível imediatamente perceber-se quais os valores que esta elite privilegiava: o
conceito de cultura europeu ocidental. Portanto, havia uma hierarquia sociocultural no brasil: sendo
privilegiados os aspectos culturais dos homens bancos europeus em detrimento do africano, que por
sua vez se sobrepunham a cultura indígena.

Todas essas culturas deixaram suas marcas na formação cultural do que viria a ser o povo
brasileiro. Esse multiculturalismo forma o Brasil, mas de certa maneira, funciona como uma interface à
cultura genuína dos povos que aqui habitavam.

Pode-se, então, afirmar que o multiculturalismo no Brasil é resultado do interculturalismo


provocado pela colonização. A grande miscelânea cultural brasileira é fruto deste processo, e como tal,
não deve aceitar a sobreposição de uma cultura sobre a outra, o que na prática não ocorre.

A escola como ponto de encontro de todos os descendentes destas culturas, compreendido


como espaço democrático do Estado Laico Brasileiro deve não apenas absorver as diversas
expressões culturais, mantendo viva sua memória e legado, mas também fomentá-las propiciando um
espaço em que o indivíduo tenha a liberdade de expressão.

O que ocorre, entretanto, é uma tentativa de imposição do arcabouço cultural burguês europeu,
através da imposição do estudo cânone literário, ou do cancioneiro europeu nas escolas, renegando o
folclore das diversas etnias que formam o Brasil.

Na busca por uma educação que privilegie a cultura genuinamente brasileira, é fundamental
compreender que está genuidade e multifacetada, não há um único povo formador do Brasil, como
brasileiros que somos, somo um grande mosaico de toda essa gente que para cá veio e construiu essa
nação múltipla e diversa.

Na sociedade do conhecimento, da produção de informação em tempo real, em que cada vez


mais as barreiras são derrubadas, se faz necessário construir um novo paradigma educacional que
abraçasse esta multiplicidade cultural. Nesse sentido as tecnologias não devem ser vista como um mal,
pelo contrário, elas podem auxiliar, e muito, tal como recomenda NEIVA (et alii, 2007)

As “tecnologias de inteligência” definidas por Lévy (1993) em muito contribuem para o


crescimento de uma visão transcultural. Através da grande rede, por meio de websites,
comunidades virtuais, bibliotecas digitais e ferramentais de educação a distância, a
transculturalidade poderá alcançar os seus objetivos que vão além e transcende as mais
diversas culturas.

O Relativismo Cultural parece ser o caminho do meio a ser seguido, permitindo a convivência
harmoniosa da diversidade cultura na educação, permitindo que haja sim fricções entre elas, mas de
forma alguma o embate, o conflito. Este deve ser da melhor maneira possível evitado, e quando ocorrer,
deve se buscar a mediação para a resolução dos conflitos, mas sempre tendo como horizonte estirpá-lo
da escola, e da sociedade como um todo.

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REFERÊNCIAS

FREIRE, Gilberto. Casa Branca e Senzala: a formação da família brasileira sob o regime da
econômia patriarcal.48 ed. São Paulo, Global: 2003.
TRACCO, Celso Luiz . A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA ASPECTOS
ECONÔMICOS, POLÍTICOS E RELIGIOSOS (SÉC. XVI - XX). Revista Eletrônica Espaço
Teológico. Vol. 8, n. 13, jan/jun, 2014, p. 124- 144.

NEIVA, Ricard; ALONSO, Fernand, EDÍLSON, Luiza. Transculturalidade e Tecnologias da


Informação e Comunicação. Novas técnologia na educação, V. 5 No 2; Dezembro, 2007.

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