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04/06/2019 · Tribunal de Justiça da Paraíba - 1º Grau

PODER JUDICIÁRIO DA PARAÍBA


COMARCA DE TEIXEIRA
VARA ÚNICA DE TEIXEIRA

PROCESSO NÚMERO - 0800940-02.2018.8.15.0391

CLASSE: AÇÃO CIVIL PÚBLICA (65)


ASSUNTO(S): [CLASSIFICAÇÃO E/OU PRETERIÇÃO]

AUTOR: MINISTERIO PUBLICO DA COMARCA DE TEIXEIRA

RÉU: MUNICIPIO DE TEIXEIRA

DECISÃO
 
 
 
 
Vistos etc.
Trata-se de Ação Civil Pública proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA
PARAÍBA em face do MUNICÍPIO DE TEIXEIRA-PB, com a finalidade de vedar a realização de
contratações temporárias excepcionais, bem como para anular os contratos em curso que não se
adéquem às previsões legais, conforme previsão na legislação atinente à matéria.
Requer o deferimento de tutela de urgência requerida na inicial.
 
É o breve relatório. Decido.
 
Há uma série de requerimentos que merecem análise apartada.
 
1) Requer o parquet que se determine “...ao Município que suspenda imediatamente
qualquer nova contratação de servidores temporários por excepcional interesse público, que não
atendam estritamente às hipóteses constitucionais e legais, sob pena de multa de R$ 20.000,00
(vinte mil reais) por dia de descumprimento a ser imposta ao Município réu.”.
Não nos parece que se trate de pleito que possa ser concedido nos moldes vazados.
Observa-se que o que se pretende é apenas a imposição de multas para
acontecimentos futuros e incertos, já que a contratação de servidores temporários por
excepcional interesse público possui previsão constitucional, sendo devida e legal quando
obedecer às hipóteses autorizativas e ilegal quando não as obedecer.
No caso em apreço, apenas o caso concreto poderá apontar se a contratação fora legal
ou ilegal.
Não nos parece viável, em sede liminar, determinar o cumprimento da lei de forma
futura e incerta, sob pena de incidência de multa. O que poderia acontecer seria a proibição de
renovação indefinida dos contratos em curso – vez que realizadas claramente ao arrepio da lei, já
que tal postulação implicaria na abstenção de uma prática ilegal em curso, e não acerca de uma
fato futuro e incerto.
Mutatis mutandis, seria como impor uma multa para futuras dispensas de licitação
sem observância dos requisitos legais, ou futura inobservância de aplicação dos percentuais
mínimos em educação ou saúde.
Caso o gestor do órgão acionado efetue contratações de acordo com a Constituição e
a lei municipal (cujo conteúdo, inclusive, se desconhece), estará apenas atuando dentro de suas
legítimas atribuições, zelando pela coisa pública e pelo cumprimento da norma. Já se efetivar
contratações ao arrepio da lei, ou renová-las além do prazo máximo fixado, responderá tanto na
esfera administrativa por ato de improbidade (art. 12, da Lei nº 8429/92 – inclusive com incidência
de multas) quanto na esfera criminal (art. 1º, XIII, DL nº 201/67).
Ante o exposto, indefiro o pleito liminar formulado, já que inócuo, vez que dirigido a
fatos futuros e incertos relacionados ao descumprimento da lei.
 
2) Requer o parquet a produção antecipada de prova (art. 381, NCPC), a fim de se
determinar ao Município “...que comprove a legalidade dos contratos temporários remanescentes (cujas funções
desempenhadas contem com aprovados em concurso público), caso a caso, remetendo aos autos cópia desses contratos e
as justificativas para sua eventual manutenção.”.
Nesse caso, assiste razão ao parquet.

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Com efeito, embora prevista como procedimento preparatório autônomo no NCPC, nada impede sua
cumulação em qualquer procedimento, como meio probatório, incidente à causa principal (Araken de Assis, Processo Civil
Brasileiro, Vol. 2, p. 1479). Ainda que assim não o fosse, incidiria, no caso, a previsão do art. 438, NCPC, que prevê:
 
“Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em qualquer tempo ou grau de jurisdição:
I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a União, os
Estados, o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da administração indireta.
§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável de 1 (um)
mês, certidões ou reproduções fotográficas das peças que indicar e das que forem indicadas
pelas partes, e, em seguida, devolverá os autos à repartição de origem.
§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em meio eletrônico,
conforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que
consta em seu banco de dados ou no documento digitalizado.”
 
Quanto à fixação de astreintes, há inúmeros julgados admitindo sua fixação, para
compelir o gestor público a adotar as providências necessárias. Confira-se:
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - POSSIBILIDADE QUANDO
DEMONSTRADO DANO GRAVE OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO - TRANSPORTE
ESCOLAR - ACESSO EFETIVO À EDUCAÇÃO - ALUNO DA REDE PÚBLICA
ESTADUAL - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ESTADO E DO MUNICÍPIO -
LEGITIMIDADE PASSIVA DO AGRAVANTE - ASTREITES -
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO - DECISÃO MANTIDA. 1 - Não obstante o que dispõe o art. 2º,
da Lei 8.437/92, é possível a antecipação de tutela em desfavor da Fazenda
Pública, antes de sua oitiva, em casos excepcionais, quando a postergação
da análise do pedido importar em dano grave ou de difícil reparação, a ser
suportado pela parte requerente. 2 - A legislação Pátria, em diversos
diplomas legais, dispõe sobre o dever dos entes federativos assegurar o
acesso e a permanência da criança e do jovem na escola, estabelecendo a
Lei nº 9.394/96, que trata das diretrizes e bases da educação nacional, em
seu art. 8º que " a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino
". Resta evidente, portanto, que a responsabilidade de garantir às crianças
e adolescentes o direito à educação é solidária entre os entes da
Administração Pública 3 - É cabível a fixação de astreintes no intuito de
efetivar o cumprimento da determinação judicial, tendo em vista seu
caráter coercitivo/inibitório sendo que, no caso concreto, foram
observados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade para sua
fixação. 4 - Recurso conhecido e improvido. 5 - Decisão mantida. (Agravo
de Instrumento nº 0001011-35.2015.8.08.0036, 3ª Câmara Cível do TJES,
Rel. Elisabeth Lordes. j. 26.09.2017, Publ. 06.10.2017).
 
A multa, inclusive, pode ser imposta tanto em face do ente público quanto do gestor.
Confira-se:
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. TRANSPORTE ESCOLAR MUNICIPAL. LITISPENDÊNCIA COM
OUTRA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INEXISTÊNCIA. VALOR DA MULTA DIÁRIA
ARBITRADA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO.
MANUTENÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PREFEITO. INEXISTÊNCIA.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NO DECISUM. PREQUESTIONAMENTO. ARTIGO
1.022 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/2015. OMISSÃO NÃO VERIFICADA.
REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. INADMISSIBILIDADE. 1. Não há falar-se em
extinção, por litispendência, da Ação Civil Pública, que deu origem ao
recurso de Agravo de Instrumento, quando o Agravado pediu desistência,
na outra ação civil pública em tramitação, em relação ao único pedido que
era idêntico nas duas ações. 2. A legitimidade do prefeito, bem assim, o
valor da multa diária arbitrada pela juíza (R$ 1.000,00 - um mil reais), ao
município e ao prefeito, devem ser mantidos, visto não existir ilegalidade
em sua fixação, que foi devidamente limitada a 30 (trinta) dias, e tendo em
vista que o artigo 11 da Lei nº 7.347/85 autoriza o direcionamento da multa
cominatória, imposta para cumprimento da obrigação de fazer e não fazer,
estipulada no bojo de ação civil pública, não apenas ao ente municipal,
mas, também, pessoalmente às autoridades, ou agentes públicos
responsáveis pela efetivação das determinações judiciais. 3. Os Embargos
de Declaração não comportam rediscussão da matéria já decidida. 4. Não
restando configuradas no acórdão, obscuridade, contradição, omissão, ou
erro material, impõe-se a rejeição dos Embargos de Declaração. 5. Mostra-
se infundado o pleito de prequestionamento, uma vez que, dentre as
funções do Poder Judiciário, não se encontra cumulada a de órgão
consultivo. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONHECIDOS E REJEITADOS.

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(Agravo de Instrumento nº 263882-04.2015.8.09.0000 (201592638821), 5ª
Câmara Cível do TJGO, Rel. Francisco Vildon José Valente. unânime, DJe
24.02.2017).
 
Observe-se, inclusive, que o próprio STJ admite a cominação de multa pessoal ao
gestor, em situação análoga. Confira-se:
 
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSIÇÃO DE MULTA
DIÁRIA À PRÓPRIA AUTORIDADE COATORA. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO
SUBSIDIÁRIA DO ART. 461, §§ 4º e 5º DO CPC. RECURSO ESPECIAL DO
ESTADO DESPROVIDO. 1. É pacífica, no STJ, a possibilidade de aplicação, em
mandado de segurança, da multa diária ou por tempo de atraso prevista
no art. 461, §§ 4º e 5º do CPC. Precedentes. 2. Inexiste óbice, por outro
lado, a que as astreintes possam também recair sobre a autoridade
coatora recalcitrante que, sem justo motivo, cause embaraço ou deixe de
dar cumprimento a decisão judicial proferida no curso da ação
mandamental. 3. Parte sui generis na ação de segurança, a autoridade
impetrada, que se revele refratária ao cumprimento dos comandos
judiciais nela exarados, sujeita-se, não apenas às reprimendas da Lei nº
12.016/09 (art. 26), mas também aos mecanismos punitivos e coercitivos
elencados no Código de Processo Civil (hipóteses dos arts. 14 e 461, §§ 4º e
5º). 4. Como refere a doutrina, "a desobediência injustificada de uma
ordem judicial é um ato pessoal e desrespeitoso do administrador público;
não está ele, em assim se comportando, agindo em nome do órgão estatal,
mas sim, em nome próprio" (VARGAS, Jorge de Oliveira. As conseqüências
da desobediência da ordem do juiz cível. Curitiba: Juruá, 2001, p. 125), por
isso que, se "a pessoa jurídica exterioriza a sua vontade por meio da
autoridade pública, é lógico que a multa somente pode lograr o seu
objetivo se for imposta diretamente ao agente capaz de dar atendimento à
decisão jurisdicional" (MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica processual e
tutela dos direitos. São Paulo: RT, 2004, p. 662). 5. Recurso especial a que
se nega provimento. (REsp 1399842/ES, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 03/02/2015)
 
Ante o exposto, considerando a natureza da ação e a recusa do ente público de
fornecer a documentação referida (conforme consta do procedimento administrativo que instruiu
a exordial), defiro a produção antecipada de prova, com fulcro nos arts. 381, I, e 438, II, NCPC, para
determinar ao ente público e seu gestor que, no prazo de 30 (trinta) dias, colacione aos autos: 1)
cópia de todos os contratos temporários em curso; 2) cópia do procedimento seletivo
simplificado, caso existente; 3) ficha funcional de cada servidor temporário contratado, a fim de se
verificar eventuais prorrogações; 4) cópia dos procedimentos administrativos de concessão de
licenças e afastamentos de servidores efetivos que ensejaram as contratações temporárias, sob
pena de cominação de multa diária no importe de R$ 500,00 (quinhentos reais), tanto para o
Município quanto para seu gestor, o Prefeito Constitucional, por dia de atraso no cumprimento da
medida, até o limite de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
O não atendimento a qualquer dos dispositivos acima indicados importará em multa
cominatória ao ente público e em multa pessoal ao Prefeito Municipal, nos valores, periodicidade
e limites acima referidos, sem prejuízo da adoção de outras medidas, caso persista a mora.
Intime-se o ente público pelo sistema eletrônico. Intime-se o gestor pessoalmente, por
oficial de justiça.
Por fim, considerando que não há referência à existência, numeração ou teor da lei
municipal que trata do tema (contratações temporárias para atender excepcional interesse
público), intime-se o Município, na mesma oportunidade, para colacionar aos autos a referida
documentação, na forma do art. 376, NCPC (A parte que alegar direito municipal, estadual,
estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.).
Ainda que haja indisponibilidade do interesse discutido, considerando a possibilidade
de estabelecimento de cronograma adequado ao cumprimento das condições legais, cite-se e
intime-se o Município para comparecer a audiência de conciliação (art. 139, V, c/c art. 334, caput,
NCPC), a ser designada de acordo com a disponibilidade de pauta, com brevidade, respeitando-se
os prazos legais, devendo constar do mandado (art. 250, IV, NCPC) que:
1) a ausência injustificada das partes ao ato será considerado ato atentatório à
dignidade da justiça, com eventual imposição de multa (art. 334, § 8º, NCPC);
2) as partes deverão comparecer ao ato (ou constituir representante legal através de
procuração, com poderes especiais para negociar e transigir (art. 334, § 10, NCPC)),
acompanhadas de advogados/defensores públicos (art. 334, § 9º, NCPC);
Deverá constar ainda do ato de comunicação, além dos requisitos do art. 250, NCPC,
que, caso não seja obtida a conciliação, o prazo de 30 (trinta) dias (art. 183, NCPC) para
oferecimento de contestação escrita à ação começará a correr da data da última audiência
designada (art. 335, I, NCPC).
Caso a parte acionada não tenha interesse na autocomposição, deverá requerer
expressamente nos autos o cancelamento da audiência conciliatória designada, por petição
apresentada com 10 (dez) dias de antecedência (art. 334, § 5º, NCPC), iniciando-se o prazo para
oferecimento de contestação da data do protocolo da referida petição, nos termos do art. 335, II,
NCPC.
Atos de comunicação e providências necessárias.
https://pje.tjpb.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ee72569f6a38c0ad2669ff6650… 3/4
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Cumpra-se integralmente e com urgência.
Teixeira-PB, 15 de abril de 2019.
 
 
 
 
 

[Documento datado e assinado eletronicamente - art. 2º, lei 11.419/2006]


CARLOS GUSTAVO GUIMARÃES ALBERGARIA BARRETO - Juiz de Direito

Assinado eletronicamente por: CARLOS GUSTAVO GUIMARAES


ALBERGARIA BARRETO
15/04/2019 14:40:54
http://pje.tjpb.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento:

19041514405201200000019988044
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