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BALANDIER, Georges, Etnografia, Etnologia, Antropologia, Sociologia, Etnologia e

Etnografia, VENTURA, Luísa(trad.), In GURVITH, Georges(org.), Tratado de


Sociologia, Volume I, Martins Fontes, São Paulo, SP, 1977, págs 148-150.

ETNOGRAFIA, ETNOLOGIA, ANTROPOLOGIA

Os três termos são muitas vezes empregados em convergente sentido quando na verdade se
trata de campos bem diferenciados. A definição de etnografia dá lugar a um largo acordo, quaisquer
que seja as “escolas” e as orientações nacionais. Exige trabalho no próprio terreno, observação
direta e até a participação do investigador constantemente á procura das melhores vias de acesso.
Ela fica ao nível da descrição e visa a uma apresentação tão completa quanto possível de um grupo
(e de uma cultura) cuja extensão restrita parece permitir um apanhado total. O seu meio de
expressão é,por excelência, a monografia, juntando e classificando os materiais recolhidos. Procura
"constituir uma coleção de tipos sociais e culturas, tal como a história natural inventaria,
exaustivamente, as espécies vegetais e animais. Neste sentido, o museu etnográfico representa um
prolongamento indispensável às investigações realizadas. A etnografia corresponde a uma primeira
e necessária fase: os mestres, apesar da diversidade dos seus interesses e de suas opiniões teóricas,
impõem aos investigadores principiantes a obrigação de trabalharem no próprio terreno e
“descreverem” o grupo e a cultura abordados.
A etnologia constitui uma segunda etapa. Sem excluir a observação direta, tende para a
síntese e não pode contentar-se unicamente com os materiais recolhidos em primeira mão. “Está
síntese, salienta C. Lévi-Strauss, pode operar-se em três direções: geográficas, se se quer integrar
conhecimentos relativos a grupos vizinhos; histórica, se se tem o objetivo de reconstituir o passado
de uma ou mais populações; sistemática, finalmente, se se isola, para lhe consagrar particular
atenção, um tipo de técnica, de costume ou de instituição”.1 A comparação realizada através do
espaço, ou (e) através do tempo, impõe-se aqui como processo de investigação. As preocupações
histórico-geográficas são, em geral, predominantes nos limites desta disciplina: dizem respeito às
origens, aos centros e às vias de difusão. Radcliffe-Brown, insistindo sobre as primeiras destas
preocupações, propunha reservar o termo etnologia para os trabalhos de história cultural, estudo
que, até cerca dos anos 30, foram ais numerosos nos Estados Unidos sob a influência de Boas e
sobretudo de Kroeber e Wissler. A definição acompanhava-se de um julgamento de valor
desfavorável: tais estudos pareciam-lhe ficar aquém das exigências que deveria ter todo o
especialista de ciência social2.
A Distinção entre etnografia e etnologia foi, do início, considerada suficiente: ou porque, o
grau de síntese alcançado pela etnologia na parecia dever ser ultrapassado, ou porque as sínteses de
um grau superior destacavam as outras disciplinas – sociologia e filosofia, história e geografia
humana. A França, por exemplo, encontrou-se neste segundo caso. Uma tal situação ajuda a
compreender, em parte, o papel de “serva” das grandes disciplinas que aqui desempenhou, por
muito tempo, a etnologia, e o atraso das contribuições teóricas francesas neste domínio, salvo
brilhantes e raras exceções.
Nos países anglo-saxões, onde se construiu uma antropologia social ou cultural, esta
representa uma nova e última etapa da síntese. Apóia-se sobre aquisições de etnografia e da
etnologia. Num ambicioso vôo esforça-se por transcender a diversidade revelada pela geografia e
pela história. Tende a descobrir propriedades gerais que caracterizam toda a vida em sociedade.
Lévi-Strauss Mostra-o sem equívoco: “A antropologia tem por objetivo um conhecimento global do

1
C. Lévi-Strauss, “Place de L’Antropologie dans lês sciences sociales et problèmes poses par son enseignement” in
Sociologie, Psychologie Sociale et Anthropologie Culturelle, U.N.E.S.C.O, 1954.
2
A. R. RADCLIFFE-BROWN, “The Methods of ethnology and Social Antrhropoloy” in South African Journal of Science,
20, 1923; e “ The Present Position of Anthropological Studies”, Proceedings, British Association for Advancement of
Science, 1931.
homem, abarcando o que lhe diz respeito em toda a sua extensão histórica e geográfica; aspirando
um conhecimento aplicável ao conjunto do desenvolvimento humano desde, digamos, os
hominídeos até as raças modernas; e tendendo a conclusões positivas ou negativas, mas validas para
todas as sociedades humanas, desde a grande cidade moderna, até à mais pequena tribo melanésia”3.
A tarefa está nitidamente demarcada, medem-se-lhe toda a extensão e todos os risco. A antropologia
partindo do reconhecimento da diversidade das sociedades humanas, dos grupos e das culturas, tem
em vista um nível de generalidade onde todas as diferenças são abolidas sem terem sido explicadas
previamente. Da mesma forma, depois de ter manifestado particular sensibilidade à evolução das
sociedades e das culturas e de ter concedido privilégio aos trabalhos de tipo histórico, procura
expulsar a história, os conceitos de evolução e de revolução do campo das suas preocupações.
Ambiciona cedo demais alcançar a base sobre a qual se supõe assentarem todos os edifícios sociais.
Mais uma observação se impõe. Os termos da antropologia cultural ou social – o primeiro
empregado sobretudo nos Estados Unidos, o segundo na Grã-Bretanha – não podem ser
considerados como equivalentes sem levantarem problemas. Revelam orientações teóricas
diferentes; uma polémica entre G. P. Murdock e R. Firth mostrou-nos isto claramente Há alguns
anos4. Pretendem precisar a distinção entre “ordem cultural” e “ordem social”, entre estudo de tipo
culturalista e estudo tipo sociológico. Para Radcliffe-Brown, em particular, a antropologia social é
essencialmente uma “sociologia comparativa” que encara os fatos sociais sob o duplo aspecto das
estruturas e das funções. Torna-se contudo necessário precisar os conceitos antes de retomar o
exame das relações entre as ciências vizinhas.

3
Op. cit. p. 110
4
Cf. American Anthropologyst, vol. LIII, n.º 4, 1951.

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