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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

Pedro Ivo Russo Miranda

A ruptura com a filosofia estética tradicional a partir do conceito


de contemplação desinteressada.

São João del Rei


Julho de 2019.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

A ruptura com a filosofia estética tradicional a partir do conceito de


contemplação desinteressada.

Tese apresentada para matéria de


tópicos de filosofia moderna: Kant,
ministrada pelo professor Bruno Cunha.

São João del Rei


2019.
A ruptura com a filosofia estética tradicional a partir do conceito de
contemplação desinteressada.
Tese: A estética kantiana percorre um caminho ousado ao destituir da arte
qualquer finalidade, fazendo com que sua existência independa de outros aspectos
externos a ela mesma. Caminhando no caminho oposto do que segue a tradição platônica,
que perpassa por um rumo em que a noção de realidade, beleza, e bondade encontram-se
firmemente atrelados. Para tanto Kant busca desenvolver uma noção transcendental da
estética onde o gosto atua como algo peculiar e pertencente a cada sujeito.

O juízo do gosto, juntamente com a estética, ocupa um lugar especial na filosofia


kantiana. Visto que este juízo, não busca conhecimento, não busca o bem, é um juízo que
não possui sequer finalidade, é pelo contrário algo que atua de forma desinteressada, isto
é, não está preocupada com a realidade das coisas e muito menos em distinguir o
fenômeno (aparição) da coisa em si (numeno).

Kant ainda ocupa-se de fazer uma distinção entre um juízo do gosto puro e um
juízo que assenta-se firmemente em sensações, ressaltando ainda mais a distinção
presente entre estes 3 conceitos fundamentais da estética.
Metodologia: pretendo desenvolver um artigo argumentativo, esboçando ideias
básicas e introdutórias a filosofia estética kantiana.
utilizarei passagens da Crítica da faculdade do juízo e algumas passagens do esteta
Benedito Nunes, acerca da filosofia platônica para embasar meus argumentos;
Palavras-chave: gosto; estética; Platão; desinteresse.
A ruptura com a filosofia estética tradicional a partir do conceito de
contemplação desinteressada.
O gosto é um juízo livre pois é algo em si mesmo, isto é, não subordina-se a
nenhuma outra finalidade ou causa. Mas não podemos chamá-lo também de “juízo do
gosto puro”, pois é justamente indiferente quanto a existência da coisa. Pode-se dizer que
é um juízo desinteressado, ou seja, não se preocupa com a representação da existência
de um objeto. Não é nenhuma atribuição do gosto determinar, ou compreender, nada
relativo à existência do objeto em si. Do mesmo modo, esta não é sua pretensão no que
se refere aos fenômenos (Erscheinung), visto que este é justamente um juízo apreciativo
e não se dispõe nem a estender nem a assegurar nenhum conhecimento. É pontualmente
em decorrência deste fato, é que o gosto pode agir como juiz na perspectiva estética.
Ponto claramente evidente na clássica passagem do palácio elaborada por Kant.
“Chama-se interesse ao comprazimento (a) que ligamos à representação da existência
de um objecto. Por isso um tal interesse sempre envolve ao mesmo tempo referência à
faculdade da apetição, quer como seu fundamento de determinação, quer como vinculando-se
necessariamente ao seu fundamento de determinação. Agora, se a questão é saber se algo é
belo, então não se quer saber se a nós ou a qualquer um importa ou sequer possa importar algo
da existência da coisa, mas sim como a ajuíza nos na _õ6 simples contemplação (intuição ou
reflexão). Se alguém e pergunta se acho belo o palácio que vejo ante mim, então posso na
verdade dizer: não gosto desta espécie de coisas que são feitas simplesmente para embasbacar,
ou, como aquele chefe iroquês, a quem em Paris nada lhe agrada mais do que as tabernas;
posso além disso em bom estilo rousseauniano recriminar a vaidade dos grandes, que se
servem do suor do povo para coisas tão supérfluas; finalmente, posso convencer-m e facilmente
de que, se me encontrasse numa ilha inabitada, sem esperança de algum dia retornar aos
homens, e se pelo meu simples desejo pudesse produzir por encanto um tal edifício sumptuoso,
nem por isso me daria uma vez sequer esse trabalho, se já tivesse uma cabana que me fosse
suficientemente cómoda. Pode-se conceder-me e aprovar tudo isto; só que agora não se trata
disso. Quer-se saber somente se esta simples representação do objecto em mim é acompanhada
de comprazimento, por indiferente que sempre eu possa ser com respeito à existência do
objecto desta representação.”
(Kant, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo 1997 pg. 46)

A perspectiva estética kantiana e apresenta uma ruptura drástica em relação a


perspectiva estética platônica, que sugere uma relação muito mais estreita entre o juízo
estético e um conhecimento da verdade. Pode-se dizer que a linha estética platônica opera
em um sentido estético ontológico, e ao contrário do julgamento desinteressado, que é
proposto por Kant em sua crítica da faculdade do juízo, Platão subjuga as artes,
conferindo-lhes um valor ontológico de inferioridade.
“Platão (423-436 a.c.), discípulo de Sócrates, fez, no seu diálogo A republica, um
confronto que se tornou decisivo pelas implicações filosóficas que encerra, entre arte e
realidade. Levando em conta o caráter representativo da pintura e da escultura, o filosofo
concluía neste dialogo , não só que essas artes estão muito abaixo do que a inteligência
humana se destina a conhecer, como também que, em comparação com os objetivos da ciência,
é supérflua a atividade daqueles que pintam e esculpem pois o que produzem é inconsistente e
ilusório.”
(NUNES, Benedito. Introdução a filosofia da arte 1989 pg 8)

Dentro de uma perspectiva platônica, o belo está atrelado a seu nível ontológico,
isto é, a sua realidade. O que confere às artes, especialmente as de cunho pictórico
(pinturas, desenhos, esculturas) um valor de grande inferioridade, pois não passariam de
mera imitação da realidade. Ainda seguindo uma linha estética platônica, o julgamento
preocupava-se somente com a questão ontológica, mas importava-se também com as
finalidades de uma arte, atribuindo-lhes diferentes níveis de importância. Na filosofia de
Platão, as epopeias e cantos Homéricos, ocupavam o mais alto grau de importância, pois
desempenhavam o papel educador e inspirador na população grega antiga:
“Platão observa que a poesia e a música exercem influência muito grande
sobre os nossos estados de animo, e que afetam, positivamente ou negativamente, o
comportamento moral dos Homens. Vemos assim que Platão suscitou três ordens de problema
acerca das artes em geral: a primeira abrange a questão da essência das obras pictóricas e
escultóricas, comparadas com a própria realidade; a segunda, a relação entre elas e a beleza;
e a terceira, finalmente, diz respeito aos efeitos morais e psicológicos da música e da poesia.”
(NUNES, Benedito. Introdução a filosofia da arte 1989 pg 8)

Dentro da filosofia kantiana este julgamento perde totalmente o sentido, visto que
para Kant o homem vive no mundo dos fenômenos, e é incapaz de fazer frente a realidade
numênica. O gosto, portanto, atua no sujeito transcendental a partir das impressões que
lhe são impostas pelo fenômeno, e a partir de como este sujeito sente-se em relação a
influência que este fenômeno exerce em seu espírito:
“Para distinguir se algo é belo ou não, referimos a representação, não pelo
entendimento ao objecto com vista ao conhecimento, mas pela faculdade da imaginação (talvez
ligada ao entendimento) ao sujeito e ao seu sentimento de prazer ou desprazer. O juízo de gosto
não é, pois, nenhum juízo de conhecimento, por conseguinte não é lógico e sim estético, pelo
qual se entende aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser senão subjectivo. Toda a
referência das representações, mesmo a das sensações, pode porém ser objectiva (e ela
significa então o real de uma representação empírica); somente não pode sê-lo a referência ao
sentimento de prazer e desprazer, pelo qual não é designado absolutamente nada no objecto,
mas no qual o sujeito se sente a si próprio do modo como ele é afectado pela sensação. “
( Kant, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo 1997 pg. 45)

A filosofia kantiana reserva um lugar peculiar para o gosto, pois é uma


faculdade de julgamento, porém não ocupa-se em nada para contribuir para o
conhecimento, ao contrário julga as representações com o parâmetro de prazer, ou
desprazer. O que lhes confere substancialmente bases empíricas, mas o juízo proferido
por estas é lógico, pois são referidas ao objeto somente no juízo.
“num juízo podem ser empíricas (por conseguinte estéticas); mas o juízo que é
proferido através delas é lógico se elas são referidas ao objecto somente no juízo.
Inversamente, porém, mesmo que as representações dadas fossem racionais, mas num juízo
fossem referidas meramente ao sujeito (ao seu sentimento), elas são sempre estéticas.”
( Kant, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo 1997 pg. 45)

Novamente em contraponto a filosofia estética de Platão, a filosofia kantiana


distingue-se em um importante ponto: A separação ontológica dos conceitos de bom e do
belo. O conceito de bom, a saber, encontra-se intrinsecamente ligado ao conhecimento da
coisa, isto é, para que algo seja determinadamente considerado como bom, é necessário
que se haja um conhecimento deste. Diferente do que se pode dizer acerca do belo que é
sempre uma noção imediata, e indiferente de meios ou finalidades, já que, ligado ao juízo
estético, é simplesmente contemplativo e não produz interesse algum referente ao
conhecimento.
É importante ressaltar que o belo, embora esteja intimamente ligado ao prazer e a fruição,
distingue-se do agradável, que funda-se e depende inteiramente da sensação
Como aponta kant em sua crítica ao juízo:
“Para considerar algo bom preciso saber sempre que tipo de coisa o objecto
deva ser, isto é, ter um conceito do mesmo. Para encontrar nele beleza, não o necessito. Flores,
desenhos livres, linhas entrelaçadas sem intenção sob o nome de folhagem, não significam
nada, não dependem de nenhum conceito determinado e contudo aprazem. O comprazimento no
belo tem que depender da reflexão sobre um objecto, que conduz a um conceito qualquer (sem
determinar qual), e desta maneira distingue-se também do agradável, que assenta inteiramente
na sensação.”
( Kant, Immanuel. Critica da faculdade do juízo 1997 pg. 45)

Ainda referindo-se a diferença entre o juízo do gosto e a mera sensação de prazer,


pode-se ainda ressaltar que juízos do gosto são concebidos a priori, enquanto as conexões
de sentimento e prazer mostram-se inconcebíveis como efeito neste âmbito, já que tratam-
se de uma relação de causalidade e que só podem, portanto, ser concebidos a posteriori.
Os juízos estéticos podem ser divididos em duas categorias: empíricos (estéticos
e materiais) e puros(Formais ).Este primeiro é referente ao agrado ou desagrado,
determinando-se um juízo dos sentidos, enquanto o outro se trata da beleza de um objeto
ou da representação do mesmo, enquadrando-se assim como um autêntico juízo do gosto.
Um juízo do gosto, só pode ser considerado puro, na medida em que nenhum
componente empírico é misturado ao fundamento da determinação deste, isto é, somente
enquanto atrativos e comoções não forem capazes de interferir neste julgamento do belo.
A filosofia kantiana não admite como belo somente o que é referente a forma e
imagem, mas também determinações formais de uma unidade múltipla, como por
exemplo o som de um violino, o que amplia a noção de Belo.
“Aqui de novo se evidenciam muitas objecções, que por fim simulam o atractivo não
meramente como ingrediente necessário da beleza, mas até como por si só suficiente para ser
denominado belo. Uma simples cor, por exemplo a cor da relva, um simples som (à diferença
do eco e do ruído), como porventura o de um violino, é em si declarado belo p ela maioria das
pessoas, se bem que ambos pareçam ter por fundamento simplesmente a matéria das
representações, a saber pura e simplesmente a sensação e por isso mereceram ser chamados
somente agradáveis. Entretanto ao mesmo tempo se observará que as sensações da cor como as
do som somente se consideram no direito de valer como belas n a medida em que ambos são
puras; o que é uma determinação que já concerne à forma e ao úni dessas representações que
com certeza pode comunicar-se universalmente: porque a qualidade das próprias sensações
não pode ser admitida como unanime em todos os sujeitos e o agrado de uma cor, superior ao
de outra, ou do tom de um instrumento musical, superior ao de um outro, dificilmente pode ser
admitido como ajuizado em qualquer um da mesma maneira. Se com euler se admite que as
cores sejam simultaneamente pulsações (pulsus ) do éter sucessivas umas às outras, como sons
do ar vibrado na ressonância e, o que é o mais nobre, que o ânimo perceba (do que
absolutamente não duvido) (b) não meramente p elo sentido o efeito disso sobre a vivificação
do órgão, mas também pela reflexão o jogo regular das impressões (por conseguinte a forma
na ligação de representações diversas): então cor e som não seriam simples sensações, mas já
determinações formais da unidade de um múltiplo :, dos mesmos e neste caso poderiam ser
também contados por si como belezas.”
( Kant, Immanuel. Critica da faculdade do juízo 1997 pg. 59 )

A filosofia estética de Kant, é revolucionária pois inverte completamente a forma


como é tratado o gosto e a própria noção do belo, deixando para trás noções como “artes
uteis”. Com o fim deste tipo de noção a arte adquiri um patamar de autonomia, pois passa
a existir apenas por si mesmo, e pela contemplação desinteressada.
Bibliografia:
Kant, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo 1997 pg. 45, 46

NUNES, Benedito. Introdução a filosofia da arte 1989 pg 8

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