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PRODUÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CAL + RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS

Ana Paula da SILVA 1, Jorge Luís AKASAKI 2


1 Engenheira Civil – UNESP – Campus de Ilha Solteira zanapaula@hotmail.com
2 Professor Doutor, Depto de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira, Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Ilha Solteira

Resumo
A forma indiscriminada de extração dos recursos naturais e geração de materiais residuais
provoca poluição permanente e preocupação com o meio ambiente. Visando as premissas acima
citadas, este trabalho desenvolve um estudo de composições da mistura de solo + água +
estabilizante + resíduo agroindustrial para fabricar tijolos, tendo como objetivo principal procurar
os teores máximos de resíduos a serem incorporados sem o comprometimento das qualidades
mecânicas do tijolo. Utilizou-se solo, estabilizante cal e os materiais residuais casca de arroz, pó
de serra e bagaço de cana-de-açúcar.
Os resíduos passaram por um tratamento de lavagem em água quente, definiu-se como teor ótimo
de cal 10% estudou-se as composições da mistura de solo-cal, solo-cal-bagaço de cana-de-açúcar,
solo-cal-pó de serra e solo-cal-casca de arroz através de ensaios de compactação, resistência à
compressão simples e absorção de água e a partir deste estudo, fabricou-se os tijolos das
diferentes misturas de solo-cal-resíduos, os quais depois de curados foram submetidos a ensaios
de resistência à compressão simples, absorção de água, variação dimensional e durabilidade.
De um modo geral, os resultados mostram que a introdução de resíduos agroindustriais nos
tijolos de solo-cal afeta negativamente suas propriedades mecânicas. Apenas o teor de 5% de
casca de arroz na composição solo-cal apresenta-se como promissor resíduo a ser incorporado
nos tijolos.
Palavras chave: Tijolos, Resíduos agroindustriais, Material alternativo.

INTRODUÇÃO
Os recursos naturais são extraídos de forma indiscriminada e constantemente há a geração
de materiais residuais que não são aproveitados, isso faz com que o processo tecnológico
apresente soluções que minimizem esta degradação ambiental. No Brasil, a falta de programas
que incentivem a reciclagem e o reaproveitamento de material residual, proporciona situações
ambientais alarmantes. Visto isso, a utilização racional de recursos naturais, técnicas construtivas
com pouco investimento financeiro e de fácil aprendizagem, conteúdo energético provenientes de
fontes próximas ao local, juntamente com o aproveitamento de materiais residuais sólidos
resultantes das agroindústrias e madeireiras, pode ser uma das alternativas que apresentam
viabilidade econômica e técnica para produção de materiais de construção a serem utilizados na
habitação social; e conseqüentemente ocorreria a redução de queima deste material residual ou
seu lançamento em locais e em condições inadequadas.
Com o desenvolvimento do processo tecnológico, a estabilização do solo pode ser feita
com aditivos químicos como a cal.
A mistura solo com cal melhora a expansibilidade, retenção excessiva da umidade,
plasticidade elevada dos solos e causa rebaixamento das curvas de compactação, com o aumento
de teor ótimo de umidade e diminuição da massa específica aparente seca máxima. Por outro lado
às reações pozolânicas (formação de silicatos e aluminatos de cálcio cimentantes) que ocorrem a
médio e longo prazo na mistura solo-cal melhoram as propriedades mecânicas do material.
A progressão da resistência à compressão da mistura solo-cal depende fundamentalmente das
condições de cura (umidade e temperatura) e compactação, ou seja, deve-se trabalhar com
umidades de moldagem em torno do teor ótimo, pois quanto mais denso o solo-cal, maior a sua
resistência. Espera-se também que quanto maior o efeito de estabilização do solo pela cal, menor
deve ser a perda de massa, indicando que o material possui durabilidade e resistência.
Segundo AKASAKI (1999), avaliando o comportamento de misturas de solo-cal,
verificou-se que o solo areno-argiloso (A-4) se estabiliza com a introdução de 10% de cal.
Estudos de ALCÂNTARA (1996) sobre tijolos de solo-cal apresentaram dentro das diversas
situações de desempenho, que a cal é um promissor estabilizador de solos para a produção de
tijolos, resultando em valores de resistência à compressão simples de 0,65 MPa para tijolos e
1,28 MPa para corpos-de-prova aos 30 dias de idade.
GUIMARÃES (1998) relatou que painéis de tijolos de solo-cal, construído em local sem
qualquer proteção, expostos a intempéries por 4 anos; não apresentam defeitos em qualquer das
variações – tijolo à vista ou tijolo revestido; e suporta bem a aplicação de pesos normais,
atingindo resistência à compressão simples de 0,86 MPa aos 30 dias de idade e ganhos nos
valores conforme o tempo: 120 dias – 0,94 MPa, 180 dias – 2,07 MPa; reforçando o conceito da
continuidade dos processos das reações de formação de compostos cimentantes na mistura solo-
cal.
Quanto à utilização de resíduosm de bagaços de cana-de-açúcar, casca de arroz e pó de
serra, GRANDE (1991) dissertou sobre o uso do pó de serra como material de construção em
misturas secas e argamassa, VALENCIANO (1999) sobre tijolos de solo melhorado com cimento
e bagaço de cana-de-açúcar, obtendo resultados significativos e BERALDO (2000) estudou a
viabilidade da fabricação de placas prensadas de compósitos à base de cimento Portland e casca
de arroz verificando que o material apresenta boa estabilidade em relação a aglomerados e
compensados, podendo ser empregados em locais úmidos.
Ao citarmos estas experiências, o presente trabalho torna-se de suma importância para a obtenção
de novos produtos que acompanhe o processo tecnológico e minimize a degradação ambiental.

MATERIAIS E MÉTODOS
Para a execução do trabalho foram utilizados os seguintes materiais: bagaço de cana-
deaçúcar mecanicamente desmedulado, conforme recomendações de SARMIENTO (1996), pois
apresentou menor quantidade de medula; casca de arroz e pó de serra - espécie Eucalyptus, por
ser uma madeira característica de reflorestamento (todos estes resíduos foram coletados na região
interiorana de São Paulo); cal hidratada da marca Itaú; solo da jazida localizada no km 48 da
Rodovia dos Barrageiros, próximo à cidade de Ilha Solteira, SP. A metodologia aplicada à
pesquisa seguiu os requisitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas, sendo executados os
seguintes procedimentos:
• Procedimentos aplicados aos resíduos bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz e pó de
serra: análise granulométrica; imersão dos resíduos em água fervente durante 30 minutos para
minimizar o efeito de decomposição das fibras em meio à cal; secagem dos resíduos fervidos de
modo a entrar em equilíbrio higroscópico com o meio; determinação da massa específica
aparente através do ensaio do frasco de Chapman e determinação do teor da substância lignina.
• Procedimentos aplicados ao solo: análise granulométrica, determinação do limite de
liquidez e plasticidade; determinação da massa específica aparente dos sólidos; ensaio de
compactação.
• Procedimentos aplicados às misturas solo-cal-resíduos: determinação dos teores
máximos de cada resíduo a ser incorporado na mistura solo + 10% de cal através dos ensaios de
compactação, resistência à compressão aos 28 e 60 dias e absorção de água aos 28 dias.
• Procedimentos aplicados aos tijolos de solo-cal-resíduos: fabricação dos tijolos de solo-
cal-resíduos em prensa manual, medição, pesagem e cura dos tijolos em estufa artesanal durante
10 dias; ensaios de compressão simples aos 28, 60 e 90 dias; absorção de água aos 28 dias;
controle da variação dimensional e ensaio de durabilidade por molhagem, secagem e escovação
aos 60 dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a análise granulométrica dos resíduos (figura 1), percebe-se que a granulometria do
bagaço de cana-de-açúcar e pó de serra são praticamente iguais, apresentando-se em suas
composições partículas finas. Já a casca de arroz apresenta-se como uma capa relativamente
comprida e oca deixando grandes vazios entre si.

As massas específicas aparentes dos resíduos foram: ñs do bagaço de cana-de-açúcar =


1,428g/cm³, ñs da casca de arroz = 1,458g/cm³ e ñs do pó de serra = 1,354g/cm³.
Durante a efervescência o pó de serra e da casca de arroz, a água se apresentava com grande
quantidade de óleo, o que foi eliminado após o término da fervura e lavagem em água corrente,
portanto minimizando em grande parte as possíveis reações de decomposições das fibras em
meio à cal. Os ensaios da determinação do teor de lignina presentes nos resíduos são
apresentados na figura 2.

Segundo resultados da figura 2, a porcentagem de lignina (em 100% de matéria seca)


presente nos resíduos bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz e pó de serra não apresentaram
reduções significativas quando executado o tratamento de lavagem em água fervente, tendo em
vista que para eliminar esta substância são necessários a utilização de ácidos.
O solo utilizado se classifica como A-4, segundo as normas da AASHTO, tem-se
umidade ótima de 12,5% e densidade máxima de 1,889 g/cm³.
Nos ensaios de compactação das misturas, a redução da massa específica aparente seca
máxima e o aumento da umidade ótima, ocorreram tanto quanto maiores foram as quantidades de
resíduos incorporados às misturas de solo-cal-bagaço de cana-de-açúcar, solo-cal-casca de arroz e
solo-cal-pó de serra. Observou-se que a curva de compactação começou a se abrir conforme se
aumentava o teor de resíduo incorporado a cada mistura, formando praticamente com a
introdução de 15% de resíduos, uma reta com valor constante de massa específica aparente seca e
crescimento do teor de umidade, ou seja, a massa específica aparente seca não estava mais se
alterando significativamente, conforme introdução de água nas misturas. Esses resultados
indicaram as composições adequadas para a fabricação de corpos-de-prova, que após cura em
câmara úmida e imersão de 24h, foram ensaiados, apresentando os resultados nas tabelas 1 e 2:
Analisando os resultados das tabelas 1 e 2, a introdução do resíduo bagaço de cana-
deaçúcar e pó de serra na mistura solo-cal resultou em uma diminuição da resistência à
compressão simples dos corpos-de-prova, sendo que quanto maior o teor destes resíduos
adicionados na mistura solo-cal, menores foram às resistências das mesmas. A incorporação do
resíduo casca de arroz na mistura solo-cal aumentou a resistência da composição, sendo que o
aumento do teor desta fibra proporcionou o aumento da resistência.
Aos 60 dias de idade, todos as composições elevaram o valor de suas resistências, mas as
composições que levaram bagaço de cana-de-açúcar e pó de serra continuaram com valores de
resistência muito abaixo da mistura solo-cal. O aumento do teor de fibras na mistura de solo-cal-
resíduos levou sempre a aumentos de absorção de água, tanto maiores quanto maiores foram as
quantidades de resíduos incorporados. Os corpos-deprova da composição solo-cal-5% de casca
de arroz apresentaram-se com um bom desempenho em relação a resistência à compressão
simples e absorção de água quando comparados aos valores da composição solo-cal, mas
apresentaram-se com o inconveniente da exposição das fibras quando compactadas com o solo-
cal. Após realização destes ensaios preliminares, partiu-se para a fabricação dos tijolos com as
composições acima citadas.
Pode-se comprovar que a energia conseguida com a prensa manual foi muito inferior à
energia aplicada pelo Proctor normal e as umidades de prensagem foram elevadas (tabela 3). Os
tijolos demonstram semelhanças do comportamento dos corpos-de-prova, cuja diminuição da
massa específica aparente seca se processa conforme a introdução de maiores teores de resíduos.
Os corpos-de-prova apresentaram-se mais densos que os tijolos.

Com relação ao controle da variação dimensional dos tijolos (logo após fabricação),
seguindo a norma NBR 7170 da ABNT, as dimensões dos tijolos foram aceitáveis, sendo a
tolerância máxima de 3 mm para mais ou para menos nas três dimensões do tijolo comum tipo II
(5,0 x 11,0 x 23,0 cm). No período de cura em estufa artesanal, todos as composições de tijolos
sofreram retração.
Tomando-se como referência os valores medidos aos 10 dias, apenas os tijolos das
composições C2 e C3 ao final do período de 90 dias apresentaram uma retração de 1mm em suas
dimensões, o que mostra, de uma maneira geral, baixa variação dimensional dos tijolos frente às
condições de cura em estufa artesanal e protegido das intempéries ao longo deste período.
Os valores das dimensões de todos os tijolos, no decorrer de 90 dias continuaram dentro das
especificações da norma. Os resultados do ensaio de absorção de água dos tijolos aos 28 dias
estão representados na figura 4.

Comparando os valores de absorção de água entre o tijolo de solo-cal e os tijolos de solo-


cal-resíduos (figura 4), tanto o bagaço de cana-de-açúcar, como a casca de arroz e o pó de serra,
conforme houve o aumento dos teores destes resíduos na mistura solo-cal, a absorção de água dos
tijolos elevou-se. O tijolo solo-cal apresentou o valor de 16% de absorção, o que é aceitável
quando toma-se como parâmetro as normas da NBR 8492 da ABNT.
Os demais tijolos apresentaram valores de absorção de água elevados e incompatíveis
com os valores máximos estabelecidos pela norma (máximo 20%). A casca de arroz foi o resíduo
que mais elevou os valores de absorção de água dos tijolos, seguido de bagaço de cana-de-açúcar
e pó de serra. Constatou-se ainda que os valores de absorção de água dos tijolos foram muito
superiores aos valores de absorção dos corpos-de-prova. Esta elevação pode ser analisada sob o
parâmetro de condições de compactação. Os corpos-de-prova de um modo geral apresentaram-se
mais densos que os tijolos e conseqüentemente com menos vazios internos, o que pode levar a
diminuição de absorção de água, pois há menos vazios para serem preenchidos.
Para o ensaio de resistência à compressão simples aos 28, 60 e 90 dias, os resultados dos
ensaios estão apresentados nas figuras 5 [(a), (b) e (c)].

Como primeira análise, os valores de resistência à compressão simples dos tijolos da


composição solo-cal (C1) mostram-se semelhantes aos valores encontrados na literatura. As
resistências dos tijolos solo-cal apresentaram crescimento ao longo de 90 dias, sendo que aos 60
dias de idade houve uma pequena elevação da resistência e um aumento significativo aos 90 dias,
atingindo 1,25 MPa. Esta evolução de resistências ao longo do tempo reafirma os conceitos sobre
a continuidade de reações entre solo-cal (propriedades cimentantes).
Quando compara-se na figura 5(a) os valores de resistência entre os tijolos de solo-cal e
os tijolos de solo-cal-bagaço de cana-de-açúcar, pode-se observar que tanto para as idades de 28,
60 ou 90 dias, a introdução do bagaço de cana-de-açúcar no tijolo solo-cal leva a uma grande
queda de resistência, sendo que está queda aumenta conforme a introdução de maiores teores de
bagaço de cana-de-açúcar.
Os tijolos de solo-cal-bagaço de cana-de-açúcar deram continuidade ao decréscimo de
resistência ao longo do tempo, sendo que a diminuição das resistências da idade de 60 dias para
90 dias não foi significativa, o que revela uma provável tendência à estabilização. As resistências
dos tijolos com teores de 10% e 15% de bagaço de cana-de-açúcar são praticamente iguais na
idade de 90 dias.
A Figura 5(c) mostra que os tijolos de solo-cal-pó de serra comportam-se de maneira
semelhante aos tijolos de solo-cal-bagaço de cana-de-açúcar quando analisado o parâmetro de
resistência x idade. Nota-se que aos 28 dias houve uma pequena queda de resistência ao
introduzir o teor de 5% de pó-de-serra no tijolo solo-cal, no entanto, aos 60 dias, esta queda
apresentou-se acentuada, levando os valores de resistência das composições de solo-cal-pó de
serra próximos aos valores das composições de solo-calbagaço de açúcar. Aos 90 dias, os tijolos
de solo-cal-pó de serra mostram sinais de estabilização.
Dentre as composições analisadas, os tijolos de solo-cal-casca de arroz foram os que mais
apresentaram pontos positivos com relação a resistência à compressão.
Observando a Figura 5(b), aos 28 dias, a introdução de casca de arroz no tijolo solo-cal
levou a uma pequena diminuição de resistência. Embora nota-se um ponto de inflexão aos 60
dias, verificou-se que aos 90 dias os tijolos de solo-cal-5% casca de arroz permanecem com o
mesmo valor de resistência encontrado aos 28 dias, o que demonstra provável estabilização.
O fato da incorporação de casca de arroz nos tijolos de solo-cal apresentarem uma menor
queda de resistência e estabilização ao longo de 90 dias pode ser interpretado do ponto de vista
da estrutura física e química das fibras em questão.
Em relação à composição química, conforme estudos de SARMIENTO (1996), a
presença da substância lignina nos resíduos em questão, quando entram em contato com a cal,
decompõe-se e destroem o arranjo estrutural dos mesmos ao longo do tempo. Sendo assim,
baseado nos resultados sobre o teor de lignina presentes nos resíduos (figura 2), acredita-se que o
decréscimo das resistências dos tijolos ao longo do tempo se explicam em parte pelo fato do
bagaço de cana-de-açúcar e o pó de serra apresentarem em sua composição maiores teores de
lignina em relação à casca de arroz, levando então a casca de arroz a menor probabilidade de
decomposição das fibras em meio à cal. Ainda pode-se observar que os resíduos bagaço de cana-
de-açúcar e o pó de serra antes de chegarem ao laboratório, sofrem processos de hidrolisação e
serragem (respectivamente), já a casca de arroz chega na forma “in natura”, o que nos leva a
acreditar que está fibra não sofra nenhum processo de destruição de sua estrutura física e
química, conservando a sua capacidade de reforço. Embora a cal, em longo prazo melhore as
propriedades do material solo, ao mesmo tempo fragiliza as fibras vegetais.
Outro ponto que se destaca na análise dos baixos valores de resistência dos tijolos
solocal-resíduos é a massa específica aparente seca. Os resultados obtidos mostram em geral, que
os tijolos de solo-cal-resíduos apresentam baixa densidade quando comparados aos tijolos de
solo-cal, conseqüentemente resultando em menores valores de resistência.
O ensaio de durabilidade nos tijolos foi composto por uma série de 6 ciclos, sendo cada
ciclo seguindo as etapas de molhagem (imersão em água por 5 horas), secagem (secagem em
estufa por 42 horas) e aplicação de 10 escovações nas laterais de área 5,0 x 23,0 cm. Pode-se
observar que após cada ciclo, os tijolos de solo-cal-resíduos se apresentaram cada vez mais
frágeis. Os tijolos de solo-cal e solo-cal casca de arroz não apresentaram problemas de fissuras
ou perda de grandes massas concentrada. Seguemse os resultados das perdas de massa dos tijolos
na idade de 60 dias apresentados na figura 6.

Analisando a figura 6, os tijolos de solo-cal apresentam-se um valor médio de 3,6% de


perda de massa, enquanto que a partir da introdução de resíduos, houve uma grande elevação da
perda de massa, sendo esta aumentando conforme o aumento do teor de resíduos introduzidos.
Nos tijolos de solo-cal-bagaço de cana-de-açúcar, o bagaço de cana-de-açúcar
desprendia-se do tijolo, levando a perderam grandes massas concentradas. Nota-se que os tijolos
de solo-cal-15 % de bagaço de cana de açúcar não completaram a seqüência de ciclos, pois
durante o 1° ao 3° ciclo sofreram fissuras e grandes perdas de massa concentrada e na etapa de
molhagem do 4° ciclo se romperam.
O resíduo pó de serra, como já descrito anteriormente, possui uma estrutura física de
partículas finas, o que influencia positivamente na homogeneização do solo-cal-pó de serra.
Sendo assim, no momento da escovação, os tijolos de solo-cal-5% pó de serra perderam
massa de forma uniforme e semelhante com os tijolos de solo-cal, porém os tijolos com teores de
10% e 15% de pó de serra sofreram algumas fissuras, o que levou os tijolos de solo-cal-15% pó
de serra se romperem no 4° ciclo.
Embora se observa que o resíduo casca de arroz foi o que mais elevou a perda de massa
dos tijolos (figura 6), faz-se necessário destacar que a estrutura da casca de arroz apresenta
grande vazio entre si e a interação entre solo-cal-casca de arroz prejudica-se e no instante da
escovação a casca de arroz desprende-se com facilidade. No entanto, mesmo apresentando este
ponto negativo, os tijolos de solo-cal-casca de arroz não sofreram perdas de massa concentrada e
não houve aparecimento de fissuras.

Partindo-se do conceito que quanto maior o efeito da estabilização, maior a resistência à


compressão e menor a perda de massa dos tijolos, os resultados obtidos podem ser explicados.
Verifica-se que conforme diminuição das resistências das composições, maiores foram as
perdas de massa (figura 7). Os tijolos da composição C3 e C11 por apresentarem proximidade de
valores de resistência à compressão, obtiveram próximos valores de perda de massa. Apesar do
resíduo casca de arroz no tijolo solo-cal apresentar menor queda de resistência e maior perda de
massa entre demais composições, destaca-se que foi o único tijolo solo-cal-resíduos que não
necessitou de cuidados na retirada da água e colocação na estufa, pois se apresentou resistente,
mesmo após os seis ciclos.

CONCLUSÕES
A energia conseguida pela prensa manual foi menor que a energia do Proctor normal,
fazendo com que os teores de umidade para a moldagem dos tijolos fossem superiores as
umidades ótimas encontradas no Proctor normal. Conforme a incorporação de resíduos no tijolo
solo-cal e o aumento gradativo deste teor de resíduos, obtiveram a diminuição da respectiva
massa específica aparente seca.
Notou-se que, os tijolos apresentaram-se com estabilidade dimensional ao longo de 90
dias, podendo-se prever um bom comportamento em alvenaria.
A introdução do resíduo bagaço de cana-de-açúcar, pó de serra e casca de arroz na
mistura solo-cal resultou em uma diminuição da resistência à compressão simples dos tijolos,
sendo que quanto maior o teor destes resíduos adicionados ao tijolo solo-calresíduos, menores
foram às resistências dos mesmos.
Ao longo de 90 dias, somente o tijolo solo-cal apresentou-se com a continuidade dos
processos das reações de formação de compostos cimentantes, elevando sua resistência à
compressão, atingindo o valor de 1,25 MPa. Os tijolos de solo-cal-bagaço de cana-deaçúcar e
solo-cal-pó de serra continuaram a queda de resistência durante o período analisado, com sinais
de estabilização aos 90 dias. Já o tijolo de solo-cal-5% casca de
arroz sofreu pequena diminuição de resistência aos 28 dias, atingindo 0,80 MPa e permanecendo
com este mesmo valor aos 90 dias de idade.
O aumento do teor de fibras nos tijolos de solo-cal-resíduos levou sempre a aumentos de
absorção de água, tanto maiores quanto maiores foram às quantidades de resíduos incorporados.
Somente o tijolo solo-cal obedece aos limites estabelecidos pela norma.
No tocante da perda de massa por ciclos de molhagem, secagem e escovação, os tijolos
de solo-cal-resíduos demonstraram grandes perdas de massa, sendo que com o aumento do teor
de resíduos acarretou em maiores perdas.
Analisando os parâmetros de estabilidade dimensional, resistência à compressão simples,
absorção de água e durabilidade dos tijolos moldados em prensa manual, conclui-se que, as
misturas solo-cal-bagaço de cana-de-açúcar, solo-cal-casca de arroz e solo-cal-pó de serra
apresentam baixos valores de resistência e altos valores de absorção de água e perda de massa
quando comparados a mistura solo-cal. Seguindo as características dos materiais e procedimentos
adotados neste trabalho, não é adequada a utilização destes resíduos na mistura solo-cal, pois
afeta negativamente as propriedades físicas e mecânicas da mesma.
A incorporação do teor de 5% de casca de arroz no tijolo solo-cal apesar de não
apresentar nenhum benefício, destacou-se por revelar o tijolo solo-cal-resíduos com menor perda
de resistência e provável estabilização ao longo de 90 dias. As propriedades mecânicas mais
prejudicadas do tijolo solo-cal com a incorporação de casca de arroz foram a interação entre
fibras in natura e solo-cal, resistência à compressão e absorção de água. Uma das possibilidades
para melhorar estas propriedades é a aplicação de tratamento químico e trituração das fibras in
natura para melhorar a homogeneização da mistura.

AGRADECIMENTOS
À FAPESP pelo suporte financeiro e aos técnicos dos Laboratórios de Engenharia Civil da UNESP e Laboratório Central de Engenharia ivil
da CESP de Ilha Solteira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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