LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

Bragança
25/08/2018
 Campus Bragança

Alunos: Helane da Silva e Silva

Leticia Do Nascimento Andrade
Tatiane Da Silva Sousa
Maria Valneide Xavier Paixão
Eliene De Lurdes Do Couto Ribeiro
Carmem Lúcia Matos Bentes
Rozilene Da Silva Pereira

Turma: Educação do Campo- (Tarde)

Professores: Sergio Pereira, Edileuza Pilleti

Data de entrega: 25/08/2018

HISTÓRIA DAS FAMÍLIAS COM BASES DAS

COMUNIDADES NA LOCALIDADE DO
BACURITEUA

Trabalho acadêmico de pesquisa

apresentado ao curso de Educação do
campo, campus de Bragança, Instituto
Federal do Pará como instrumento parcial
para avaliação da disciplina antropologia da
pesquisa. Orientadores: Edileuza Pillet e
Sérgio Pereira.
1-HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DA FAMILIA ANDRELINA DE SILVA SOUSA

Andrelina de Silva Sousa conhecida

como irmã deca nasceu na
comunidade de Tamatateua no dia
30 de novembro de 1941, estando
hoje com 77 anos. Com 10 anos de
idade começou a morar na
localidade do Bacuriteua. O nome
de sua mãe era Maria Joana de
Sousa Silva e de seu pai ela não
lembrou na hora bem como o nome
de seus avós, ainda teve 10 irmãos.
Seu esposo se chamava Pedro
Antônio De Sousa conhecido como
Catarino, sofrendo de Alzimer veio
falecer no ano de 2014.

ORIGEM DA FAMILÍA.

A origem da família, a senhora Andrelina dizia: os tempos passados eram

ótimas as famílias, não está como esta sendo hoje, meu pai era lavrador e
pescador ele trabalhava em terra puxava os aratos ele trabalha nos currais,
pegava peixe mero, pescada, curijuba meu pai era muito trabalhador, meus
pais eram ótima pessoas, pessoas unidas, eles não ficavam brigando graças a
Deus soube criar nos bom exemplo deu para nos meu pai e minha mãe pelos
conselhos que eles nos dava. Quando nasci minha família estava morando no
Tamatateua era uma casa de telha de barro, a rua que marcou minha infância
foi aqui mesmo Bacuriteua, lá não tinha aula, meu pai era analfabeto ele queria
nos aprendesse menos abc, ele resolveu comprar um terreno ele já morava ali
já era herança passou pra ele, já passou pra tua mãe também, ai nos se
mudamos pra cá pro bacuriteua e fomos muito felizes, porque fomos estudar,
porque lá no tamatateua não tinha professor, não entrava carro etc.. sofri muito
naquele lugar, hoje está uma benção tamatateua entra carros ônibus entra
tudo, tem casas boas naquela época era muito sofrimento com os meus filhos
ali sem ter algo sem ter nada sem ter um aterro pra atravessar. Quando era
criança minha brincadeira nem posso te dizer

meu irmão logo nos era criança pequena enventava umas bonecas de pau o
nome duma era patrícia e da a minha era fastina, naquela época não existia
boneca hoje em dia tem quantidade ele meu irmão fez uma de pau pintou ele
deu uma pra nos entender e nos trousemos pra cá pro bacuriteua essas
bonecas.

LENDA tinha era bem curupira na mata que eu morava, eu morava na ilha com
meu pai o terreno dele onde existia a curupira ele foi até eu deixava meus filhos
sozinhos eu deixei uma filha sozinha fui tirar mandioca eu tinha um filha que já
andava que era joca lá ela dava com 4 mese elas foram lá pegar butaram ela
no chaõ, quando ela chegou na casa do forno falou cumadre vai la ve ela sua
filha que está muito chorando quando eu cheguei fiquei pensando depois ela
me disse que ela a curupira estavam andando pela cozinha conversando e
arrumando os pratos que quando ela falou parou tudo era curupira eu não
aguentei ir la isso era quando ela morava no tamatateua. Agora aqui no
bacuriteua graças a Deus nunca vi nada agente anda com Deus.

A ESCOLA

Naquele tempo minha filha não é que nem hoje um tá de ABC, a cartinha do
ABC que nem existe mais isso a cartilha e o 1 ano que era um livro que dava e
parou a professora que mais marcou era Graciela Farias da Silva.

JUVENTUDE DE ANDRELINA

Quando vi pra cá com meus 8 a 10 anos de idade me casei com 18 anos de

idade e voltei a morar no tamatateua conheci meu marido no mundo chogando
bola baranho depois graças a Deus ele aceitou jesus foi pra igreja envangelica
e ai nos se casamos e vivemos 53 anos de casados não foi 2 dias meu
casamento foi la no cartório passei a gostar dele 8 meses fiquei noiva 1 ano
dele depois Deus fez uma grande obra na vida dele tive 12 filhos Deus levou
um foi uma pilha de radio que matou ele.

QUAL FOI SEU PRIMEIRO TRABALHO NO CAMPO?

Foi os mesmo trabalho dos meus pais plantar maniva, capinar roça criei galinha
pra criar meus filhos naquela época ninguém tinha o que tenho ganho hoje
tinha que fazer criar galinha, criar porcos criei vários porcos pra ajudar meu
esposo era catraio era peru e tudo.

AS FAMILIAS PARTICIPAVA DAS ATIVIDADES RURAIS?

Tua mãe sempre gostava de ajudar a Denise, a nita ( Rubenita ) era diferente a
Jose gostava de ajudar também.

SEUS PRODUTOS A SENHORA VENDIA?

Sim, vendia criação de galinha, farinha lavada, vendia tapioca carimã pra
ajudar meu marido pra manter meus filhos, eu mandava pra minha mãe, ela
vendia ela morava nos campos e depois ela mandava o dinheiro pra mim, ela
vendia os quilos comprava as quartas.

HOUVE CRISE NA ÉPOCA?

Ela vendia bem pra mim, demorava porque não tinha crise todo tempo faltava
gente não tinha pra mandar mais eram bem vendidos, eles gostavam muito a
tapioca era bem torrada, a carimã era bem feita a farinha lavada, a farinha de
coco agente so fazia essas coisas pra poder termais saída.

HAVIA ALGUMA OUTRA ATIVIDADE?

Não, só na agricultura costura não mais eu tive maquina.

MUDOU ALGUMA COISA?

Mudou, depois agente conseguiu nossa aposentadoria e ai foi modificando, já

fomos descansando da inchada e tesado.

CAMO ESTÁ SUA FAMILIA ATUALMENTE?

A minha família da bem graças a Deus outros estão pra aquele lugar estou
esperando uma em breve chegar aqui a Geane com o esposo dela que ela
adquiriu pra ca trazer pra conhecer o pará e me conhecer também, a jose só
vem quando o filho estiver andando, outros estão na frente só feliz com eles
graça a deus.

ALÉM DE SUA FAMILIA O QUE A SENHORA MAIS GOSTA DE FAZER?

Eu gosto de cuidar da minha casa e criar, não sei ficar sem minhas galinhas,
quando não tenho nada tenho meus ovos pra comer, eu tenho frango pra mim
comer e não gosto de pato.

A SENHORA TEVE SONHOS?

Não, eu não tinha essa coisa igual vocês principalmente por causa dos estudos
naquela época vocês sabiam como era, porque não podia nem estudar a
professora ia até a paleografo, estudou paleografo já “tava” ( estava) formada
vocês nunca estudaram paleografa meu irmão estudou aquele livro e meu
irmão Valetim eu nâo cheguei porque o meu pai me tirou pra ajudar a trabalhar
na roça, porque ele ia pescar não tinha quem ajudasse ficava capinando
tirando terra no tabaco, hoje nâo hoje “ta” ( está) avançando os estudos nem
isso mais se fala a paleografa.

O QUE A SENHORA MUDARIA?

Eu queria que renovasse mais meu tempo passado de como era né mesmo
hoje estou com 78 anos completando 78 anos e louvo a Deus que ainda exergo
sem óculos eu escrevo eu leio ainda estou com minha mente sadia eu nâo me
esqueço varias coisas ainda, quem dera que voltasse meu tempo passado
como era pois tudo aquilo que já passou voltasse mas nâo ficou pra trais.

O QUE A SENHORA ACHOU DA NOSSA ENTREVISTA?

Tabom né, tá ótimo muitas coisas vocês queriam saber né já vocês queriam
saber da da panela de barro, eu usei muito eu comprava o caripé em Bragança
a mamãe “butava” ( botava) de molho o caco de pena tinha o pilâo agente ia
“sucar”( socar) pra misturar com caripé pra fazer panela e basias.

O QUE É CARIPÉ?

Era um pó que eu comprava hoje não existe mais minha filha, naquele tempo
existia hoje nâo existe mais ninguém mais conhece agente comprava os quilos
agente socava aquilo misturava no barro, no caco pra poder fazer e o barro
agente tinha que tirar que era bem liquido pra fazer o murâo pra poder gazer as
panelas e basias.

QUANDO A SENHORA FAZIA AS PANELAS AS BASIAS NÂO TINHA UMAS

TINTAS QUE PINTAVA POR DENTRO?

Tinha tinta, tinha aquele fazia amaciante aquele caroço de anajá macio tirando
o defeito

AGENTE PÔE PRA ASSAR ELA FICA VERMELHA POR DENTRO COMO É
NOME DISSE A SENHORA SABE A SENHORA LEMBRA?

Nâo poque a hora que existia naquela época o cuidado era pra ficar bem
queimadinha e bem amarelinha o aguidar.

2-HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DA FAMILIA CECÍLIA DA GAMA FEREIRA

ORIGEM DA FAMILÍA.

EU GOSTARIA DE SABER SEU NOME COMPLETO, A DATA E O LOCAL DE

NASCIMENTO ?

Cecília Da Gama Ferreira, sou de 1942, “tô” (estou) com 75 anos. Né? Tá
contando aí ?

ONDE A SENHORA NASCEU ?

Bacuriteua.

QUAL O NOME DE SEU PAI E DE SUA MÃE ?

Juvêncio. Margarida.

VOCÊ LEMBRA O NOME DOS SEUS AVÓS ?

Cecília e Pergentino.

QUANTOS IRMÃOS A SENHORA TÊM ?

Cinco.

O QUE A SENHORA SABE SOBRE A ORIGEM DA SUA FAMÍLIA AQUI NA

CONVIVÊNCIA DA COMUNIDADE?

Como assim?

SEUS PAIS VINHERAM DE OUTRO LUGAR OU FORAM NASCIDOS NA

COMUNIDADE?

Foram nascidos aqui na comunidade.

E O QUE FAZIAM SEUS PAIS ?

Meu pai ele pescava e minha mãe trabalhava assim, ele (pai) pescava e tinha a
roça dele aqui, nessa época tinha os “mato” (matos) e tinha só as “roça”
(roças). Minha mãe trabalhava de roça também.

COMO SEUS PAIS SE CONHECERAM ? ELES FALAVAM ALGO SOBRE

ISSO ?

Na época meus “avó” (avós) eram muito “rigi” (rígidos) e minha mãe, assim a
minha mãe ela não tinha aquela liberdade de sair de casa. Primeiramente ela
casou-se com um rapaz daqui do lugar, ele só casou e deixou, não conviveu.
Da porta da igreja ele saiu e ela ficou só, ele foi embora sumiu no rumo do
maranhão. Meu avô era muito rígido disse assim pra ela, falou pra ele, se ele
visse ele, mandava. Nesse tempo eles “tinha” (tinham) os capangas “dele”
(deles), aquele pessoal mais antigo, ele falou que mandava acabar com ele, aí
tá certo ele sumiu no rumo do Maranhão, foi embora. Nessa época andava só
de barco, não era de avião, essas coisas nada. Ele foi embora, ela ficou,
depois ela conheceu meu pai, conheceu ele. Assim da pescaria dele levar
peixe pro meu avô comprar, eles conviveram ficaram convivendo todo tempo
até que formou a nova família novamente, que somos nós os filhos, aqui nós
estamos também.

COMO A SENHORA PODE DESCREVER SEU PAI E SUA MÃE ? COMO

ELES TRATAVAM A SENHORA E SEUS IRMÃOS ?

Sobre meus pais, eles nunca. Eu era a primeira filha eles nunca me liberaram
pra nada, não saia pra canto nenhum, era dentro de casa mesmo, trabalhando
também, nesse tempo a gente enchia água aqui no pocinho, botava a lata na
cabeça ou o pote na época e trazia pra lá pra casa onde mora o Nelson agora.
Eu me conheci assim, eles não liberavam assim como hoje em dia, que a moça
tem a liberdade de namorar, de conversar, não. Nessa época não tinha essas
casas aqui, não tinha. Esse campo aqui já era antigo “mermo” (mesmo) do meu
avô, terreno do meu avô, atravessava aqui todo mundo ia pegar água. Mas
eles era “rígi” assim, quer dizer que pra gente tá saindo nessa época. Não saía
de casa mesmo, era só trabalhando junto com eles, ajudando a criar. Nós “era”
(éramos) muito pobrezinho “mermo” (mesmo), fogão assim no chão e à lenha.
A redinha bem. Nós era pobre mesmo pobrezinho na época porque ele só
pescava ali peixinho “praqui” (aqui pra casa).

PARA A SOBREVIVÊNCIA ?

É, era isso aí.

A SUA MÃE CONTAVA HISTÓRIAS PRA SENHORA? ELA CHEGOU A

CONTAR ALGUMA LENDA QUANDO A SENHORA ERA CRIANÇA ?

Sim, ela contava que tinha mãe d’água, matinta pereira, tudo isso ela contava
que tinha, existia essas coisas, agora não sei. Eu escutei passar o “suviu”
(assovio) da matinta pereira “fiti matinta pereira” (cantando). Quando ela
dobrava, as pessoas antigas do tempo da minha mãe diziam assim: “de manhã
vem pegar pedaço de tabaco aqui, vem tomar meu café comigo ou pegar um
pedaço de tabaco, um cigarro”. Aí as pessoas às vezes cedinho vinha uma
pessoa na casa gente, a gente dizia que era aquela pessoa que passou
fazendo a matinta pereira, eu não sei se era verdade.
QUANDO A SENHORA NASCEU, ONDE A FAMÍLIA ESTAVA MORANDO ?

Lá mesmo, ali.

SUA FAMÍLIA MOROU O TEMPO TODO AQUI ?

Morou todo tempo ali, nós todo tempo moramos ali.

E O QUE A SENHORA LEMBRA DESSA CASA ?

Eu lembro lá da nossa casa, como eu “tô” falando nós “era” muito pobrezinho,
nós somos pobres, mas na época nós ainda “era” muito mais. Tinha o quintal
grande, quando amanhecia o dia a gente ia varrer, ajuntar as folhas, queimar
folhas. Ia pro colégio que era ali o. Eu enchia água primeiramente de manhã,
saia pro colégio Graziela Farias, lá que eu estudei.

NA SUA CASA O CHÃO ERA DE CIMENTO OU TERRA MESMO ?

É, terra mesmo assim .

DE PALHA ?

De palha a casa. Hoje em dia eu digo assim pros meus netos, eu digo que hoje
em dia eu sou rica graças a Deus, nós todos somos ricos, já passou o tempo
da pobreza, até quando eu criei meus filhos eu era pobrezinha também porque
eu não tinha emprego. Depois que eu fui trabalhar nessa engenorte que abriu a
estrada aí, que eles me “procuraro” (procuraram), eu fui pegando um um
dinheirinho que eu fui empregando aqui. Não era essa casa, era a outra de
barro, fui empregando esse dinheirinho, juntando até que eu comprei aqui esse
terreno. A casinha caiu, eu fiz a outra casinha, depois dessa foi que meus filhos
já me deram essa ajuda e me alevantaram a casa. Mas eu também tive uma
batalha muito grande, depois que eu passei a trabalhar no colégio, tudo isso.

A SENHORA PODERIA DESCREVER A RUA QUE FOI MAIS MARCANTE NA

SUA INFÂNCIA ?

A principal era essa.

A RUA DA ASSEMBLÉIA. MAS COMO ERA ELA ?

Um caminhozinho estreito, não tinha a rua assim.

ERAM POUCAS CASAS ?

Eram poucas casas, se contava as casas que tinha. Aqui essa parte tudo era
mato, só tinha um caminhozinho que passava. Mas na época tudo era mato,
mas a gente podia viver a vontade na casa da gente. Hoje em dia a casa tá
trancada e não pode ficar só.

QUAIS ERAM SUAS BRINCADEIRAS FAVORITAS NA INFÂNCIA ?

Era de boneca, a gente não tinha boneca “mermo”, a gente “pegarra” (pegava)
um pedaço de “toro” da bananeira enfiava num pau fazia uns braços, as pernas
dele, não tinha nada desse negócio.

E DENTRO DA CASA DOS SEUS PAIS NESSA ÉPOCA. COMO ERA A

ROTINA ? SEU PAI SAÍA PRA TRABALHAR, SUA MÃE FICAVA CUIDANDO
DOS FILHOS ?

Ele saía cedo, ia arrumar o negócio da comida pra fora, no mangual tirar
caranguejo, essas coisas, mariscos sabe. E ela ficava, ela ia dobrar como a
gente chamava “vira terra”, nós “ia” ajudar ela a virar aquela terra pra ela fazer
o plantio de tomate, carirú, o couve, tudo. E quando era dia de quarta e sábado
eu ia vender em Bragança de pés aqui pela estrada velha, colocava assim
dentro do paneiro eu e o Manoel, nós ia embora, nós era “mulecote” ia
correndo, chegava lá já tinha gente pra entregar, fazer a entrega. Eu entregava
tudinho, eles me pagavam e ela me dizia o que era pra mim comprar, eu
comprava e vinha embora, assim nós vivia.

A SENHORA ESTUDOU ATÉ QUE SÉRIE ?

[Até a terceira série.

O QUE A SENHORA LEMBRA DA SUA PRIMEIRA ESCOLA ?

Eu me “alembro” da minha primeira escola, da Graziela Farias, era Dr. Getúlio

Vargas na época. Na sala tinha uma foto dele e era a professora Graziela
mesmo Farias. Ela já é morta, viúva. Não, era viúva, já morreu, ficou só uma
filha, em Bragança. Quando eu “coisei” pra trabalhar eu fui lá pegar meu “coisa”
de estudo lá em Bragança com elas.

E COMO ERA ESSA ESCOLA ? ERA DE BARRO OU DE TIJOLO ?

Não, era tijolo.

NA ESCOLA TINHA PÁTIO ? TINHA SALA ?

Não, não tinha nada dividido. Era só um salão mesmo.

ALGUM PROFESSOR FOI MAIS MARCANTE PRA SENHORA ?

Tinha, era ela mesmo e a filha dela que eram as nossas professoras daí.
A GRAZIELA ?

Era a Graziela que era a mãe e a filha, que o nome da filha era. Esqueci. O
nome dela era Zenádia.

ELA MARCOU EM QUE SENTIDO ?

Porque ela me educou nesse pedaço da terceira série. Naquela época aquele
estudo pouco que a gente tinha mas a gente tinha muito, tinha como diz o
Manoel meu irmão, Ele estudou até a quarta série mas ele não tem inveja de
outras séries, que ele pega uma conta ele sabe multiplicar, ele sabe dividir,
tudo direitinho e hoje em dia muitos estudantes não sabe, ele tem “jogado”
muitas coisas pros filhos dele, neto. Hoje em dia eu já esqueci também o
estudo mas eu também, a terceira serie me serviu porque foi da onde eu sou
trabalhei era servente e já sai aposentada de lá, já com a minha idade eu me
aposentei, me ajudou bastante eu pagar a metade do INSS.

COMO A SENHORA PASSOU A SUA JUNVENTUDE NESTA LOCALIDADE?

O que eu fazia era trabalhar na roça, era aqui mesmo com meus pais não
davam permissão pra gente sair, ficava por aqui ia na igreja.

A SENHORA TINHA MUITOS AMIGOS?

Não.

QUAL ERA A PRINCIPAL DIVERSÃO NA ÉPOCA DA SUA JUVENTUDE?

Na época era festa dançante, a festa do são sebastião e agente trabalhava,

dava uma ajuda pra senhoras mais de idade, trabalhando, nesse tempo não
existia fogão a gás era a lenha, agente levava a lenha carregava agua
ajudadava a “ tratar” uma crianção depenava ai agente ia levando.

A SENHORA QUER CONTAR UM SOBRE SEU PRIMEIRO NAMORADO?

Na época os pais da gente não dava permissão, o primeiro namorado meu foi
na escola um rapaz me viu, nos estudada junto era colega, nos estudava junto
era colega era so pelo bilhetizinho, ele mandou um bilhetizinho pra mim, ai tá
certo eu respondia, eu não podia porque meus paisano dava permissão. E eu
também não saia de casa pra canto nenhum, era lá mesmo com eles. Depois
ele começou a insistir lá mesmo na sala de aula ele ia na minha carteira fazer
pergunta porque meus pais não deixavam eu disse é porque eu sou uma
criança, sou novinha, não sei nem como é esse namoro, falei com ele foi indo,
foi indo, eu fui embora eu fui passar um tempo em são joão de pirabas lá com
minha vó, nos fomo passar uns tempo pra lá. Quando eu cheguei já vim moça
de lá menina bem formada, porque naquele tempo agente moça mas se
tornava uma criança, era inocente em certas coisas, como eu fui muito inocente
desde a minga primeira menstruação eu não sabia de nada. Meus pais tudo
era “encurbentinho” menstruei não sabia como era, eu fiquei com medo eu
disse que eu tava assim dessa maneira, contei porque eu fiquei com medo e eu
fiquei assim depois eu vim ele tornou de novo a namorar até que fim nos
casamo.

NAQUELA ÉPOCA PRA VOCÊS TINHA NOIVADO?

Tinha, mas eu não casei noiva eu já tinha um primeiro filho, eu casei naquela
época na igrejinha que se acabou.

A SENHORA TEVE QUANTOS FILHOS?

5 filhos.

QUAL FOI SEU PRIMEIRO TRABALHO AQUI NA COMUNIDADE?

Meu trabalho aqui na comunidade foi sempre ajudar nos clube, clube de mães,
quando começou a professora Rizeide que era daqui do clube de mães, que
era de Belém ela começou nos começamos a estudar fazer negocio de pintura,
essas coisas, ela trazia merenda nos fazia merenda nos famos levando a vida
assim.

FORA ESSE TRABALHO TEVE OUTROS QUE A SENHORA SE

ENCARREGOUAQUI NA COMUNIDADE?

Sim, foi na época que nos trabalhava muito na comunidade sobre a festividade
da São Pedro, que era o seu Pedro Januario quem trabalhava lá era eu quem
tomava de conta era eu, o Raimundo seu Urico aquele senhor que morreu
Bernadino, nos ficava naquela barraca que não era gradiada, nos passava a
noite toda fazendo comida, quem fazia bolo pra festividade de sâo Pedro.

VOCÊS TINHAM SUA PROPRIA ROÇA?

Não, nos plantava no terreno dos outros.

VOCÊS ANOTAVAM TUDO QUE VENDIA?

Não.

VOCÊS TIVERAM MUITA DIFICULDADE EM RELAÇÃO A ESSE

TRABALHO?

Não, porque agente gostava de trabalhar, pelo menos eu gostava de trabalhar

na roça eles me convidavam eu ia pra roça ate comadre tereza trabalhava
muito na roça, agente quando gosta de uma coisa né e há precisão agente vai
pra dentro mesmo.

HOUVE CRISE NESSA ÉPOCA?

Não, nessa época como hoje. Tudo era pobrezinho mas nâo teve essa crise
não todo mundo tinha suas roça você fazia a farinha vendia da sua farinha,
você comprava seus peixe, comprava seu cafezinho, pra tudo dava jeito.

O QUE A SENHORA ACHA QUE MUDOU DA SUA ÉPOCA PRA CÁ?

Mudou muito, porque naquela época era tudo mais difícil mais se tornada fácil
porque agente gostava de trabalhar, mais na época nos não tinha agua dentro
de casa hoje em dia nos temos, o nosso fogão nos trabalhava carregando
lenha dentro desses matos hoje em dia não, já tem gás. Passei de tudo pra
lavar roupa hoje já se usa maquina, nesse tempo não eu lavava bastante roupa
pra esse pessoal pra cumadre Lurdes que dava aula lá pra vila do meio,
Oneide que eu tomava conta da familia dela, ela ia embora pro lado do
maranhão eu tomava conta da casa dela de tudo então todas essas mulheres
me ajudavam porque meu marido me deixou, eu fiquei com meus filhos tudo
pequeno eu também não dei, fui trabalhar na casa das minhas colega Prof:
Lurdes e a tia Oneide cumadre oneide todas essas me ajudava, cumadre
Tereza ia pra Belem trazia roupa de lá, me ajudava eu e meus filhos tinha a
riça dela me chamava eu ia ajudar ela assim nos fomos vivendo assim. Eu
gostava do meu trabalho hoje em dia não faço mais nada, mas já trabalhei.

ALÉM DOS EXEMPLOS QUE A SENHORA DEU O QUE MUDOU AINDA

MAIS NAS SUAS ATIVIDADES?

Sobre as atividades, mudou sobre o negocio da nossa igreja, das igrejas as

pessoas não tinha esse negocio de radio, as pessoas eram que explicavam pra
gente, hoje em dia não, já tem o radio, já tem tudo o que fala. Tinha uma tia
antiga ela falava assim: “ minha filha quando você ver ( elas falavam em
profecia) quando você ver uma pessoa vim de calça comprida fecha o seu olho,
e se entregue ofereça pra Deus a sua alma e não olhe mais para aquela
pessoa, tudo é arte do satanás”. Ela disse assim pra mim, a minha tia, eu disse
“ mais porque” ela disse “ ta escrito” ( está escrito) ela disse que quando forem
um dia apareceu uma mulher, ela morava aqui onde eu moro hoje em dia eu
morava onde era essa sede. Ela disse “olha minha filha quem vem a cola uma
mulher”, ai ela fechou a porta da casa dela, quando o padre Abenis vinha
celebrar a missa, ele dormia na casa na casa dela. Ela disse: “ olha padre vou
lhe falar eu só vou na igreja quando você vim, porque esse negocio de falar eu
não vou pra la”, ele disse: bem, você não, não vai ele conversava muito bem
com ela, então daquele tempo pra ca tem muito diferença, as vezes eu to
cantado pros meus netos como era antigamente, hoje em dia agente
antigamente agente sabia “ butar” (botar) um remendo numa roupa, a moça se
sentava a menina “tava” (estava) remendando uma roupa, mais hoje em dia
não, furou um buraquinho ela já embolou e jogou fora. Não sabe botar
remendo, eu digo assim pra minhas netas “ eu ainda vou botar remendo num
buraco feito numa roupa pra vocês verem como é” elas acham graças.
Eu vou contar do tempo que eu engravidei a primeira vez, eu não sabia como
era, minha mâe não falava nada, tudo era encoberto o que eu via passava
nesse tempo era um “pença” ( pensa) aqui na barriga, era o que eu via nela,
quando ela ia banhar mesmo assim não tocava nada. Quando eu engravidei o
que tinha, eu pensava que aquele pano que ela passava aqui, era partida a
barriga, eu pensei isso nunca tive essa mentalidade de outra coisa, chegou o
mês “deu”( deu eu) ter bebê eu sai a tia ludia é do tempo da antiguidade uma
morena ali do canto eu perguntei pra ela, ela ia do meu lado eu disse: tia lodia
eu fiquei ‘mermo” gorda fiquei buchuda tia lodia como é que agente tem filho?
Ela vai dizer assim: agente vomita, ela não me citou como era, tá certo eu fui
embora, eu fiquei com aquilo, mais eu vi a mamãe com aquele negocio
chamado “penço” nessa época, fui me embora quando chegou a noite pois não
foi que me deu a dor ai eu fiquei será que essa dor é pra ter filho? Eu fiquei
escutando aquela dor, aquela dor foi aumentado foi aumentando eu chamei o
Manuel que “tava” (estava) dormindo comigo, meu marido “tava” (estava)
pescando chamei Manoel e disse: vamos chamar a mamãe que eu acho que é
dor pra ter filho, eu não sei, o pequeno foi embora de noite foi chamar a
mamãe, a mamãe já levou a tia lodia que era vizinha dela como sempre,
fizeram o café como que tu tá se sentindo? Ai eu disse quando chegou a hora
porque já tinha a parteira indo buscar a parteira na hora de ter o pequeno “tava”
( estava) aquela agonia que chegou a hora que tem hora ‘mermo” ( mesmo) da
gente ter o filho eu passei a maõ e tirei aquele pano que elas jogaram em cima
de mim, elas olharam uma pra cara da outra elas disseram: “o quê que tu tá (
está) procurando? Eu disse que horas se partiu essa barriga? Elas olharam
uma pra cara da outra e disseram: não é partida a barriga, tu tá ( está) inocente
em tudo, elas foram dizer quando elas dizeram que ra por ai eu disse: agora
que eu não tenho mesmo me assentei e disse que agora que eu não tinha
mesmo assim não ‘tu” tem agora porque se tu não tinha tu vai apanhar” ela era
uma mulher forte uma mulher que sabia ate que foram me ensinando ate que
na hora eu tive o pequeno, era muito difícil os pais não contavam nada pra
gente a gente era muito inocente minha primeira menstruaçâo foi desse jeito
também, ela não contava eu nunca tive uma pessoa que dissesse eu menstruei
nesse tempo as mulheres chamavam “tamanco” era um sapo mordeu era
assim que elas diziam as antigas, quando eu vi o sujo na minha calça eu disse:
será que o sapo me mordeu eu não senti eu era muito inocente nesse tempo,
hoje em dia uma criança tudo sabe na televisão eu disse assim: a mamãe a
senhora sabe que o sapo me mordeu? Ela disse: te mordeu minha filha aonde?
Mais eu via ela dizendo que o sapo mordia, eu pensei que era assim eu mostrei
pra ela “ avera” (em vez) dela me ensinar como era que o agente fazia esse
ajeitava ela não disse só pegou uns panos e me deu mais não disse como era
pra mim fazer ai eu fiquei meu pai do céu o que é que eu vou fazer? O negocio
veio forte, forte, forte ai eu pego aquele pano “meti” assim pra (para) sai
pegando na mâo e fui embora pra banda da cozinha que quando eles viram
eles vieram me pegar e me trouxeram pro quarto ai foram me explicar, eu não
sabia “mermo”(mesmo) eu era muito inocente as moças nâo conversavam
como hoje elas conversam uma com outra conversando tinha televisão agora
nesse tempo não tinha nada disso, agora um bebezinho nasce tudo sabe olha
a mulher pariu assim, assim conta a historia naquela época não tinha nada
disso.

QUAIS MUDANÇAS A SENHORA ACHA QUE OCORRERAM EM RELAÇÃO

AS RUAS E AO COMERCIO?

Mudou mais o movimento sobre as ruas, não eram ruas era só os caminhos
agora não já abriram as ruas o comercio agora tem nessa época era só Duca
Gama e zé clemente, só esses dois comércios lá no campo era assim não tinha
como hoje tem.

COMO ESTÁ SUA FAMILIA ATUALMENTE?

Tá (estar) mais o menos.

E SOBRE SUA MORADIA É MELHOR A DE HOJE OU DO PASSADO?

Melhorou agora porque a gente tá (está) numa casa mais do jeito que tá (está)
hoje em dia naquele tempo a gente ficava a vontade e hoje em dia não a sua
casa tá (está) trancada ainda é invadida a porta era meia sala só pra gente
ficar dentro da casa da gente eu digo porque eu passei por isso também, hoje
em dia não melhorou bastante hoje em dia não tem mais gente pobrezinha
como era antigamente, até quando eu tive meus filhos que meu marido meu e
todos pequenos os mesmos que eu trabalhei nessa Enge-norte, eu não tinha
rede pra dormir mais os mesmos, eu não tinha trabalho quando me indicaram
pra esse pessoal da Enge- norte eles disseram que queriam uma pessoa que
não tivesse marido e também nem filho fosse lá porque vinha muita gente de
fora, eles me explicaram muito meus filhos não iam lá passava de manha das 4
horas da manha pra chegar, 11 horas da noite mais eu fiquei nesta
“grossurinha”(magra) de tanto trabalhar eu anotei mais fico pensando quanto
eu recebi na época mais eles tudo me davam fração porque eles viram a minha
situação que eu morava numa barraquinha não tinha casa onde desocupei eu
me metia com meus filhos até que por fim graças a Deus eu comprei aqui não
deu o dinheiro que eu tinha meu irmão me ajudou o Mariano foi que “fiquemo”
ficamos aqui e aqui estou e daqui pro nosso caminho eterno.

HOJE O QUE A SENHORA MAIS GOSTA DE FAZER?

De cuidar por aqui, doente mas ainda faço alguma coisa ajudo as meninas
porque a Lucinha quase não para aqui no trabalho ela sai pra dar alguma ajuda
pra um doente no hospital e fica aqui a Darlene comigo eu ajudo ela, ela que
faz a comida faço pouca coisa o que eu ainda faço e criar.

HOJE QUAL É SEU MAIOR SONHO?

Eu penso nos meus netos, eu não tenho mais futuro eu falo pra eles os meus
netos minhas netas que elas estude pro futuro delas, eu não tenho mais futuro.

ENTÂO SEU MAIOR SONHO É PARA OS SEUS NETOS?

É que estudem levem em frente porque em dia sem o estudo ninguém não vive
mais, naquela época ainda vivi com essa 3 serie arrajei um trabalho de
servente, mais hoje em dia se não tiver ( estiver) estudo não trabalha é isso
que eu falo pra eles “ meus filhos estudem porque se você não tiver( estiver)
estudo você não tem trabaho não” enquanto o trabalho de rua tudo tem que ter
estudo.

A SENHORA MUDARIA ALGO EM SUA VIDA?

Olha eu “to”(estou) satisfeita, o que tinha de fazer já fiz a gente trabalhador

hoje em dia “to” (estou) aqui na minha casinha eu como do que tenho, do que
ganho então eu “to”(estou) satisfeita.

NO SEU PASSADO A SENHORA MUDARIA ALGO?

È quem a gente mudava mas eu acho não.

O QUE A SENHORA ACHOU DE CONTAR UM POUCO DA SUA HISTÓRIA?

Eu conto porque eu sempre

Conto essas minhas historias pro meus netos, já tenho tataraneto gostei.

CONHECENDO A PLANTAÇÃO DE MANDIOCA DA SENHORA ANDRELINA

A SENHORA ANDRELINA DE SOUSA E SEU ESPOSO PEDRO CATARINO QUE VEIO A
FALECER NO ANO DE 2014 E AO LADO O SITIO QUE É O LAZER DA FAMÍLIA.

ENTRADA DO SITIO DONA ANDRELINA