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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – Junho 2017, Vol.

25, nº 2, 703-717
DOI: 10.9788/TP2017.2-16Pt

Conceito e Relevância dos Interesses Profissionais


no Desenvolvimento de Carreira: Estudo Teórico

Karen Cristina Alves Lamas1


Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, MG, Brasil

Resumo
Os interesses profissionais vêm sendo pesquisados desde o início do século XX. Ao longo desse tempo
várias teorias sobre o desenvolvimento de carreira abordaram a importância de sua avaliação. O objetivo
do presente artigo é apresentar definições conceituais e processos desenvolvimentais dos interesses de
acordo com quatro teorias amplamente divulgadas, inclusive no contexto brasileiro. Assim, a partir da
revisão da Teoria das Personalidades Vocacionais, da Teoria Desenvolvimentista, da Teoria Sociocog-
nitiva do Desenvolvimento de Carreira e da Teoria Construtivista de Savickas foi verificado que não há
grandes divergências entre as definições conceituais. Porém, a literatura atual apoia o conceito de traço
ou disposição relativamente estável para responder a estímulos do ambiente. Quanto às hipóteses que
fundamentam a formulação dos interesses há diferenças de ênfase em algumas variáveis, por exemplo,
experiências de aprendizagem e condições socioculturais. Ressalta-se a necessidade de novas pesquisas,
principalmente no contexto nacional, que possuam delineamento longitudinal, busquem contextualizar
as variáveis envolvidas no processo de desenvolvimento, e construir instrumentos de avaliação que pos-
sam ser utilizados em contextos educacionais e organizacionais.
Palavras-chave: Desenvolvimento profissional, interesses profissionais, escolha profissional, revisão
de literatura.

Concept and Relevance of Vocational Interests


in Career Development: A Theoretical Study

Abstract
Vocational interests have been researched since the early twentieth century. During that time several
theories about career development addressed the importance of their evaluation. The aim of this paper
is to present conceptual definitions and developmental processes of interests according to four theories
widely publicized, including in the Brazilian context. Thus, from the review of the Theory of Vocatio-
nal Personalities, the Developmental Theory, the Socio-Cognitive Theory of Career Development and
Constructivist Theory of Savickas was found that there is no conceptual oppositions between the defi-
nitions. But the current literature supports the concept of trait or disposition relatively stable to respond
to environmental stimuli. Regarding the assumptions underlying the formulation of interests there are
emphasis differences in some variables, for example, learning experiences and sociocultural conditions.
It emphasizes the need for further research, especially in the national context, that has a longitudinal

1
Endereço para correspondência: Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO, Av. dos Andradas, 731,
Morro da Glória, Juiz de Fora, MG, Brasil 36036-000. E-mail: karen_lammas@yahoo.com.br
Trabalho derivado da tese de doutorado da autora, desenvolvida com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo – FAPESP e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES.
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design, seeks to contextualize the variables involved in the development process, and build assessment
tools that can be used in educational and organizational contexts.
Keywords: Professional development, professional interests, career choice, literature review.

Concepto y Relevancia de los Intereses Profesionales


en el Desarrollo Profesional: Estudio Teórico

Resumen
Los intereses profesionales se han estudiado desde principios del siglo XX. Durante ese tiempo varias
teorías sobre el desarrollo profesional abordaron la importancia de la evaluación. El propósito de este
trabajo es presentar los conceptos y los procesos de desarrollo de los intereses de acuerdo a cuatro teorías
ampliamente publicitados, incluso en el contexto brasileño. Así, a partir de la revisión de la Teoría de
Personalidades Profesional, la Teoría del Desarrollo, la Teoría Socio-Cognitiva de Desarrollo Profesional
y Teoría Constructivista del Savickas no hubo grandes diferencias entre las definiciones conceptuales.
Sin embargo, la literatura actual apoya el concepto de rasgo o disposición relativamente estable para
responder a los estímulos ambientales. Con respecto a los supuestos que subyacen en la formación de
los intereses, diferencias de énfasis sobre algunas variables se verificaron, por ejemplo, las experiencias
de aprendizaje y las condiciones sociales y culturales. Se hace hincapié en la necesidad de una mayor
investigación, especialmente a nivel nacional, que buscan un diseño longitudinal, contextualizar las
variables que intervienen en el proceso de desarrollo, y construir instrumentos de evaluación que se
pueden utilizar en contextos educativos y organizativos.
Palabras clave: Desarrollo profesional, intereses profesionales, escogimiento profesional, revisión de
literatura.

No ano de 2013 a National Career Develo- O início dos estudos sobre interesses profis-
pment Association completou cem anos de exis- sionais data da primeira metade do século XX
tência, e para celebrar foi construída uma mo- (p.ex., Fryer, 1931) e foram realizados principal-
nografia com os principais conceitos e práticas mente com a finalidade de construir inventários,
que alavancaram o campo do desenvolvimento tais como o Strong Vocational Interest Blank
de carreira neste centenário. Dentre essas con- (SVIB) em 1928 e o Kuder Preference Record-
cepções, tais como adaptabilidade de carreira, -Vocational em 1938 (Harrington & Long,
orientação vocacional, justiça social e autoefi- 2013; Mattiazzi, 1977). Embora vários autores
cácia profissional, foi inserido o inventário de tenham buscado, ao longo dos anos, conceituar
interesses. Para Savickas (2013), o inventário interesses profissionais e explicar seu processo
de interesses está entre as dez ideias vitais da de desenvolvimento, os trabalhos foram desen-
área, pois a avaliação dos interesses profissio- volvidos desarticuladamente e focalizados em
nais contribui em processos de intervenção que dados empíricos, de forma que não deixaram
visem ao desenvolvimento humano em perío- transparecer a evolução do conceito (Leitão &
dos de transição ao longo da vida. Além disso, Miguel, 2001; Savickas, 1999).
é tema recorrente na literatura científica (Leitão Para compreender a conceptualização de
& Miguel, 2001; Sodano, 2015). Assim, consi- interesses alinhada com essa abordagem empi-
dera-se importante disponibilizar uma revisão rista, serão apresentadas contribuições teóricas
do conceito de interesses para aqueles que se sobre o construto que permitem sua avalia-
preocupam com pesquisa e/ou avaliação desse ção por meio de inventários ou instrumentos
construto psicológico. de autorrelato (Werlang, Villemor-Amaral, &
Conceito e Relevância dos Interesses Profissionais no Desenvolvimento de Carreira: 705
Estudo Teórico.

Nascimento, 2010). Tais teorias são bastante mensuração denominado Vocational Preference
utilizadas em processos de intervenção e inves- Inventory publicado em 1958. Esse autor defi-
tigadas no contexto brasileiro e internacional. ne os interesses profissionais como uma forma
Especificamente, são analisadas quatro aborda- de expressão das características de personalida-
gens teóricas, a saber, a teoria das personalida- de no mundo do trabalho. A partir de sua prá-
des vocacionais (Holland, 1997), a teoria socio- tica, Holland elaborou um modelo tipológico
cognitiva do desenvolvimento de carreira (Lent, para explicar a escolha profissional que relacio-
Brown, & Hackett, 1994), a desenvolvimentista na seis tipos de personalidades a seis modelos
de Super (1980) e a construtivista de Savickas de ambientes profissionais, classificados sob a
(1995). mesma terminologia. Portanto, o modelo é co-
A teoria das personalidades vocacionais de nhecido pela sigla RIASEC, que se refere aos
Holland (1997) e a teoria sociocognitiva (Lent et tipos Realista, Investigativo, Artístico, Social,
al., 1994) oferecem hipóteses específicas sobre Empreendedor e Convencional. Os tipos podem
os interesses profissionais que são amplamente ser dispostos, nessa ordem, nos vértices de um
investigadas por estudos empíricos. De modo hexágono, de forma que, quanto mais próximos,
distinto, a teoria desenvolvimentista de Su- mais semelhanças existem entre eles. Por isso, a
per (1980) e a teoria construtivista de Savickas perspectiva é também chamada de modelo he-
(1995) embora tenham realizado contribuições xagonal.
conceituais importantes sobre os interesses pro- Pessoas com características do tipo Realista
fissionais, esse construto é secundário diante de gostam de trabalhos manuais, práticos e técni-
outros (p.ex., saliência da carreira, maturidade cos, que necessitam de ferramentas, máquinas
vocacional, adaptabilidade) que compõem seus ou equipamentos eletrônicos e tendem a evitar
respectivos modelos teóricos. Portanto, no que ambientes que exijam interação social. O perfil
se referem aos interesses, suas contribuições são Investigativo está relacionado à preferência por
designadamente de conceptualização e aplicação atividades acadêmicas e de pesquisa, que exijam
prática dentro de modelos de orientação profis- certo nível de curiosidade e capacidade analíti-
sional, fato que justifica o pequeno número de ca, evitando situações que demandam persuadir
pesquisas empíricas que investigaram os inte- os outros. O tipo Artístico abrange pessoas que
resses profissionais tendo como base essas pers- se reconhecem como introspectivas, intuitivas e
pectivas. A seguir são apresentadas as asserções originais, que gostam de se expressar por meio
sobre os interesses profissionais propostas em de atividades artísticas (p.ex., literárias e musi-
cada teoria e citados alguns estudos empíricos cais) e se afastam da rotina e de ambientes con-
que ilustrem a aplicação. vencionais (Holland, 1996,1997).
Os indivíduos do tipo Social gostam de aju-
Teoria das Personalidades Vocacionais dar e compreender os outros, percebem-se com
e Ambientes de Trabalho capacidade para exercer atividades de ensino e
Uma das teorias mais tradicionais sobre a aconselhamento e evitam tarefas mecânicas ou
escolha das profissões que aborda os interesses técnicas. O perfil Empreendedor envolve tarefas
foi desenvolvida por John Holland (1959, 1996, em que há a necessidade de convencer pessoas
1997) e teve suas primeiras publicações divulga- para atingir objetivos organizacionais ou eco-
das no final dos anos 1950. Salienta-se que nesta nômicos. Indivíduos com esse perfil apresentam
seção será utilizado, principalmente, o texto pu- capacidade de liderança e persuasão, e podem
blicado em 1997, além das outras referências do não possuir competências para atuar em ambien-
autor. tes de pesquisa. Pessoas do tipo Convencional
Holland construiu sua teoria com base na gostam de sistematizar, organizar e manipular
experiência que possuía como conselheiro vo- dados e informações, também, percebem-se com
cacional, na literatura sobre o assunto e no de- habilidades empresariais e pouca capacidade ar-
senvolvimento de um primeiro instrumento de tística (Holland, 1996,1997).
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Segundo Holland (1996, 1997), a congruên- detêm características de apenas um; os indiví-
cia entre personalidade e ambiente ocupacional duos apresentam um padrão ou perfil de perso-
está diretamente relacionada à satisfação no tra- nalidade em que um ou dois tipos de interesses/
balho, ao nível de desempenho e à estabilidade personalidade são mais proeminentes. Para ava-
profissional. Os modelos de ambientes profis- liação dos tipos, o autor construiu um instrumen-
sionais podem ser identificados pelas exigências to denominado Self-Directed Search – SDS, que
que o meio requer dos colaboradores e pela pre- foi traduzido e validado para vários países, in-
valência de determinado tipo de personalidade, clusive para o Brasil (Primi, Muniz, Mansão, &
assim, se há um grande número de funcionários Nunes, 2010).
do tipo Realista, provavelmente aquele ambien- Os interesses podem ser mensurados desde
te possui características realistas. Já os tipos de a infância e, principalmente, usados para predi-
personalidades são produtos de interações espe- zer escolhas profissionais posteriores (Holland,
cíficas entre fatores pessoais e socioculturais, 1996). Para contribuir com a avaliação e men-
tais como a convivência com os pares, heredita- surar o poder preditivo desta, Holland (1997)
riedade, atitude dos pais, classe econômica, am- desenvolveu os conceitos secundários, deno-
biente físico e social. minados nitidez ou diferenciação, consistência,
Para explicar sua concepção de desenvol- congruência e identidade.
vimento, o autor propõe que, ainda na infância, A nitidez ou diferenciação se refere à clare-
fatores biológicos e experiências do meio socio- za do perfil de interesses, ou seja, dentre as di-
cultural contribuem para a formação de prefe- mensões ou tipos avaliados verifica-se a distân-
rência por determinadas atividades e aversão a cia entre o maior e o menor escore, quanto maior
outras. Posteriormente, essas preferências vão se esse valor, ou seja, a nitidez, mais poder prediti-
transformando em interesses bem definidos de vo tem os interesses. A consistência diz respeito
acordo com a percepção de satisfação pessoal ao nível de semelhança, indicado pelo modelo
e recompensas. A busca por tais interesses leva hexagonal, entre os tipos mais proeminentes re-
ao desenvolvimento de algumas competências sultantes da avaliação. Quanto mais próximos
mais especializadas e à negligência de outras estiverem os tipos, mais estável é o comporta-
em potencial. Ao longo do tempo, ocorre uma mento vocacional do indivíduo. Já a congruên-
diferenciação dos interesses, acompanhada pela cia é a equivalência entre o tipo e o ambiente.
solidificação de valores. Esse conjunto de even- Por exemplo, espera-se que uma pessoa Social
tos dá origem a diferentes tipos de interesses ou trabalhe em um ambiente também Social, pois
personalidades vocacionais. Cada um possui nele encontrará as oportunidades e as recompen-
predisposição a exibir um repertório comporta- sas que necessita. Portanto, esse índice indica a
mental específico e são compostos por uma com- persistência do indivíduo em uma ocupação. Por
binação de preferências e rejeições, habilidades, fim, o conceito de identidade sugere o quanto o
autoconceito, valores e estilos de enfrentamento. perfil de interesses está claro, estável e de acordo
Uma vez que os interesses configuram a ex- com os objetivos e as habilidades do sujeito.
pressão da personalidade no contexto ocupacio- Segundo Nauta (2010), a teoria de Holland
nal e, ainda, como afirma Holland (1996, 1997), tem a proficuidade de ser facilmente testada e
os inventários de interesses podem ser vistos aplicada. De acordo com a revisão de literatu-
como inventários de personalidade, verifica-se ra realizada pela autora, as pesquisas empíricas
ao longo de seus textos uma equivalência na corroboram a existência dos seis tipos RIASEC
utilização desses dois conceitos. Portanto, fala- para pessoas e ambientes, sendo que o modelo já
-se em tipos de interesses ou de personalidades foi reaplicado em muitos países e adotado como
vocacionais. Os tipos são parâmetros idealizados fundamentação para diversos instrumentos de
pelos quais os indivíduos podem ser mensurados avaliação dos interesses profissionais.
e comparados a fim de verificar uma aproxima- Quanto aos conceitos secundários, a autora
ção ou semelhança, de forma que as pessoas não verificou que há apoio para algumas hipóteses
Conceito e Relevância dos Interesses Profissionais no Desenvolvimento de Carreira: 707
Estudo Teórico.

e necessidade de mais investigação para outras. Lent et al., em 1994, essa perspectiva derivada
Para as proposições relacionadas à congruência da Teoria Social Cognitiva de Bandura (1977,
há suporte empírico para sua associação com 1982) reúne os conceitos mais relevantes para a
estabilidade profissional, satisfação com a compreensão do desenvolvimento profissional
carreira e persistência, contudo o tamanho do e acadêmico, especificamente no que se refere
efeito tende a ser pequeno. Para consistência e aos interesses, às escolhas e ao desempenho nas
diferenciação, o poder explicativo tem sido me- atividades ocupacionais e educacionais. Poste-
nor do que o esperado em relação a essas vari- riormente, a teoria foi ampliada para abranger a
áveis, enquanto para identidade, os resultados satisfação/bem-estar em contextos profissionais
dos diferentes estudos têm sido contraditórios. e acadêmicos (Lent & Brown, 2006b, 2008) e
Contudo, Nauta (2010) alega que são poucas as a autogestão da carreira (Lent & Brown, 2013).
pesquisas realizadas para a investigação desses Assevera-se que são destacados aqui os pontos
três últimos conceitos. teóricos e empíricos que explanam sobre os inte-
Com o objetivo de provar a utilidade das resses profissionais.
hipóteses de consistência e diferenciação, Tra- Lent et al. (1994) compreendem os interes-
cey, Wille, Durr e De Fruyt (2014) adotaram um ses como padrões de gostos, aversões e indife-
novo método de operacionalização desses con- renças acerca de atividades e funções ligadas a
ceitos, no qual é utilizado todo o perfil RIASEC uma profissão. Para explicar o desenvolvimento
e as diferenças entre as pontuações em cada tipo, dos interesses profissionais, os autores elabora-
utilizando o ajuste do cosseno e a amplitude. ram um modelo, no qual a autoeficácia e as ex-
Assim, os autores comprovaram que além de re- pectativas de resultado conduzem à formação
lações diretas, esses conceitos também possuem dos interesses, sendo tais crenças derivadas da
um efeito moderador importante entre congru- combinação de variáveis pessoais (p. ex., origem
ência e resultados de carreira, como satisfação étnico-racial, sexo e predisposições hereditárias),
e estabilidade ocupacional. Outros estudos que contextuais (p. ex. oportunidades educacionais,
investigaram os tipos e os conceitos secundários modelos, suporte social e financeiro, influências
podem ser visualizados em Hirschi (2010, 2011) familiares) e experiências de aprendizagem.
e Huang e Pearce (2013). As crenças de autoeficácia se referem ao
Salienta-se que o modelo tipológico de quanto uma pessoa se considera capaz de rea-
Holland (1959, 1996, 1997) é indicado para a lizar bem uma determinada tarefa (Bandura,
classificação dos interesses profissionais por di- 1977). Esse é um construto que possui domínios
versos autores (Lent & Brown, 2006a; Savickas, específicos, ou seja, o mesmo indivíduo possui
2005; Super & Bohn, 1970/1980; dentre outros) diferentes níveis de autoeficácia de acordo com
que construíram teorias sobre o desenvolvimen- distintas atividades. Tais crenças são construí-
to ocupacional, mas não apresentaram um ins- das ao longo das experiências de aprendizagem
trumento específico para a avaliação. A indica- e possuem quatro fontes principais: experiência
ção do modelo RIASEC pelos referidos autores de êxito, aprendizagem vicária, persuasão verbal
ocorre embora deixem claro que a concepção de e indicadores fisiológicos. Esses termos foram
desenvolvimento dos interesses é distinta dos traduzidos por Nunes (2007), mais informações
pressupostos pela teoria das personalidades vo- sobre as definições estão disponíveis em Bandu-
cacionais de Holland. ra (1977, 1982) e Pajares e Olaz (2008).
Geralmente, as crenças de autoeficácia pre-
Teoria Sociocognitiva dizem as expectativas de resultado, que se re-
do Desenvolvimento de Carreira ferem às perspectivas de recompensa ao emitir
Uma das abordagens elaboradas mais recen- determinado comportamento (Bandura, 1977).
temente que inclui o desenvolvimento dos inte- Essa antecipação de resultados é desenvolvida,
resses profissionais é a Teoria Sociocognitiva do também, pelas experiências de aprendizagem
Desenvolvimento de Carreira. Apresentada por pessoal e vicária, interação com pessoas mais
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próximas, instituições religiosas e culturais e ra as hipóteses propostas por Lent et al. (1994)
pela mídia em geral (Lent et al., 1994). sugiram uma direção de influência entre as vari-
Uma vez que os indivíduos tendem a prefe- áveis, os autores admitem a possibilidade de um
rir tarefas em que há percepção de competência relacionamento bidirecional ou de alguma vari-
e confiança – autoeficácia, bem como atividades ável ter mais peso que a outra em circunstâncias
nas quais antecipam resultados positivos – ex- específicas.
pectativas de resultado (Bandura, 1977; Paja- Por conseguinte, Lent et al. (1994; Lent et
res & Olaz, 2008), fica evidente a contribuição al., 2004) argumentam que para alguns indiví-
desses conceitos para o desenvolvimento dos duos, os interesses nem sempre irão predizer a
interesses profissionais (Lent et al., 1994). Por escolha profissional, de forma que as crenças de
exemplo, a experiência em desenvolvimento de autoeficácia ou as expectativas de resultados po-
software ou jogos de videogames pode levar ao dem ter mais impacto no momento da decisão
interesse pelo curso de ciência da computação quando as oportunidades para a implementação
(Lent & Brown, 2006a). dos interesses são percebidas como limitadas.
Consequentemente, os interesses emergen- Acrescentam que a escolha de objetivos e a revi-
tes combinados com as crenças de autoeficácia são das crenças podem acontecer várias vezes ao
e expectativas de resultado conduzem à formu- longo da vida, principalmente quando o desem-
lação e revisão de objetivos2 relacionados à pro- penho na atividade escolhida não ocorre de ma-
fissão (Lent et al.,1994; Lent, Hackett, & Brown, neira satisfatória. Desta compreensão decorre a
2004). Essas intenções de escolha podem ser al- ideia de que os interesses não são estáticos, em-
teradas por diversos fatores, como os financeiros bora sejam necessários eventos de ampla signi-
ou educacionais, pois, nos momentos próximos ficância para modificar as crenças subjacentes a
à escolha, as condições contextuais filtradas pe- sua formação. Em um curso de desenvolvimento
los fatores pessoais constituem influências que ideal, no final da adolescência ou início da idade
exercerão papel fundamental, configurando-se adulta, os interesses estão se estabilizando e, ao
como fonte de apoio ou obstáculo para a toma- longo do tempo, tendem a se tornar mais consis-
da de decisão, atuando como moderadores entre tentes (Lent et al., 1994).
interesse–objetivos e objetivos–ações (Lent et Ao avaliar interesses é preciso considerar o
al., 1994). Por isso, os objetivos são mais con- nível de especificidade desejado, de forma que
sistentes quando podem ser implementados num a avaliação pode apresentar atividades que em
futuro próximo (Lent & Brown, 2006a). conjunto apontem uma profissão a ser seguida
É importante lembrar que a Teoria Socio- ou indicar campos e áreas de conhecimento. A
cognitiva do Desenvolvimento de Carreira (Lent avaliação pode ser ainda mais específica, por
et al., 1994; Lent et al., 2004) deriva da teoria exemplo, ao examinar o interesse de estudantes
de Bandura (1977), assim seus fundamentos são de psicologia pelas atividades de pesquisa ou
embasados no pressuposto do determinismo re- de clínica. Os autores salientam que os instru-
cíproco, isto é, fatores pessoais, comportamen- mentos devem ser adequados às características
tais e ambientais mantêm uma relação triádica do cliente (p.ex., idade e experiências de vida),
na produção das ações humanas. Dessa forma, além da redação dos itens ser atual ao contexto
o indivíduo tem a oportunidade de ser agente da social (Lent & Brown, 2006a).
sua própria trajetória de desenvolvimento, por Diversas pesquisas vêm sendo realizadas
meio da reflexão sobre suas crenças, interesses para investigar as hipóteses propostas pela Teo-
e cursos de ação (Bandura, 1978/2008). Embo- ria Sociocognitiva do Desenvolvimento de Car-
reira (Lent et al., 1994; Lent et al., 2004) no con-
texto nacional (p.ex., Nunes & Noronha, 2009,
2
De acordo com outros trabalhos publicados no 2011) e internacional (p.ex., Byars-Winston, Es-
contexto nacional (Ambiel & Noronha, 2014;
trada, Howard, Davis, & Zalapa, 2010; Tracey,
Nunes, 2009), o termo ‘goals’ foi traduzido como
‘objetivos’ e não como ‘metas’. 2010). Ao realizar uma meta-análise, Sheu et al.
Conceito e Relevância dos Interesses Profissionais no Desenvolvimento de Carreira: 709
Estudo Teórico.

(2010) tiveram como objetivo sintetizar dados A Teoria Desenvolvimentista


relevantes para testar as hipóteses de formação de Donald Super
dos interesses e da escolha profissional propos-
Na teoria desenvolvimentista de Donald Su-
tas pela Teoria Sociocognitiva do Desenvolvi-
per, os interesses fazem parte dos determinan-
mento de Carreira (Lent et al., 1994), utilizando
tes pessoais da tomada de decisão profissional
estudos que investigaram as variáveis por meio
ao lado de necessidades e valores, atitudes, de-
de dimensões baseadas nos tipos profissionais de
sempenho, aptidões e hereditariedade (Super,
Holland (1997). A partir dos dados disponíveis
1957). Segundo o autor, os interesses podem ser
em 40 artigos, foi possível testar duas versões do
caracterizados como positivos ou negativos em
modelo sociocognitivo.
relação a situações ocupacionais (Super & Bohn,
A primeira versão incluiu quatro variáveis,
1970/1980), bem como indicam atividades e ob-
quais sejam, autoeficácia, expectativas de resul-
jetos específicos por meio dos quais os valores
tado, interesses e objetivos de escolha com amos-
são alcançados (Super, 1973).
tras que investigaram os tipos Artístico, Social
Existe uma natureza hierárquica na direção
e Convencional. A segunda analisou, além das
de necessidades, traços, valores e interesses.
variáveis anteriores, o apoio e as barreiras para
Necessidade é o conceito mais abrangente e, ao
a escolha, completando seis variáveis, em amos-
mesmo tempo, menos consciente, indica a carên-
tras com os tipos Realistas, Investigativo e Em-
cia de algo como amor e abrigo ou o desejo de
preendedor. Os resultados foram em sua maior
parte consistentes com as expectativas teóricas. se sentir realizado e de fazer algo construtivo. Os
O modelo com seis variáveis foi o que indicou traços referem-se à forma de agir para satisfazer
um suporte melhor ao representar a relação entre as necessidades em uma determinada situação.
condições contextuais e objetivos como sendo Necessidades e traços ajudam a compreender o
parcialmente mediada pela autoeficácia e ex- estilo comportamental do indivíduo, mas para
pectativas de resultado, ao invés de gerar apenas predizer comportamento educacional ou ocu-
ligações diretas para os objetivos. Quanto aos pacional é preciso traduzir as necessidades em
interesses, não foram encontradas divergências objetivos operacionais. Assim, os valores são
em relação a teoria, visto que as expectativas de objetivos abstratos (p.ex., altruísmo, prestígio e
resultado e a autoeficácia contribuíram para a retorno financeiro) implícitos no comportamento
previsão dos interesses e, em conjunto com es- com a finalidade de satisfazer as necessidades,
tes, ajudaram a explicar a variação nos objetivos podem ser concretizados por meio de diferentes
de escolha em ambas as versões. tipos de atividades ou objetos específicos (p.ex.,
Verifica-se que a Teoria Sociocognitiva do trabalho social, ciência, negócios), o que se de-
Desenvolvimento de Carreira (Lent et al., 1994; nomina interesses (Super, 1973).
Lent et al., 2004) propõe hipóteses para as di- São propostas por Super (1957; Super &
versas relações existentes ao longo do desen- Bohn, 1970/1980) quatro definições de inte-
volvimento profissional. Ao mesmo tempo, por resses, baseadas no método pelo qual eles são
ter sido elaborada de certo modo recentemente, avaliados. O modo mais antigo de avaliar, deno-
estudos empíricos estão a contribuir para o re- minado ‘interesses expressos’, se refere às decla-
finamento de suas proposições, principalmente rações que o próprio indivíduo faz, informando
no que se refere à configuração das variáveis sobre sua preferência por determinada profissão.
envolvidas na escolha de objetivos profissionais Os ‘interesses inventariados’ são aqueles inves-
(Sheu et al., 2010). Com relação às asserções tigados por meio de inventários, que a partir de
sobre o processo de desenvolvimento dos inte- fundamentos estatísticos resumem as respostas
resses, estas incitam a investigação da variável das pessoas a um escore referente a grupos de
em diferentes contextos e populações, e os re- profissões ou a tipos de atividades ocupacionais.
sultados das pesquisas já realizadas são bastante Os ‘interesses manifestos’ são verificados a par-
consistentes. tir da comparação entre o que a pessoa diz se in-
710 Lamas, K. C. A.

teressar e as atividades que ela realmente pratica. áveis pessoais, como os interesses. O grau de sa-
Por fim, os ‘interesses testados’ dizem respeito tisfação no trabalho é proporcional ao quanto se
à avaliação dos conhecimentos que o indivíduo conseguiu implementar o autoconceito (Super,
tem sobre determinado campo, uma vez que o 1953; Super & Bohn, 1970/1980). Para explicar
aprendizado depende do interesse do sujeito. esse movimento, Super foi construindo sua teo-
Segundo o autor, o estudo sobre os interesses ria, inicialmente, por meio de estudos empíricos
testados não atraiu a atenção dos pesquisadores iniciados na década de 1950, quando compreen-
em geral. Os interesses expressos ou preferên- dia o processo de desenvolvimento vocacional a
cia não são muito confiáveis quando avaliados partir de uma sequência de estágios, que pode-
na infância e início da adolescência, pois pesso- riam coincidir com determinadas faixas etárias,
as dessa faixa etária pensam em profissões mais a saber, Crescimento (até 14 anos), Exploração
inusitadas, divulgadas pela mídia, como peão de (15 a 24 anos), Estabelecimento (25 a 44 anos),
rodeio ou piloto. A partir da segunda metade da Manutenção (45 a 64 anos) e Desengajamento
adolescência, os interesses expressos tendem a (a partir dos 65 anos; Super et al., 1954; Super
ser mais realistas e embora possuam alguma re- & Bohn, 1970/1980). Em 1980, Super apresenta
lação com os interesses inventariados, ainda têm uma atualização de sua teoria, a qual denominou
pouca ligação com outros fatores que compõem de perspectiva life-span, life-space. Dessa for-
a escolha profissional, como habilidades e va- ma, os estágios de desenvolvimento vocacional
lores. Os interesses manifestos, sejam eles ho- ocorrem longitudinalmente dentro de um maxi-
bbies ou atividades extraescolares, relacionam- ciclo (life-span), mas também podem acontecer
-se fracamente com a profissão escolhida, tais várias vezes ao longo da vida, configurando-se
atividades geralmente são desenvolvidas para como miniciclos, sempre que haja necessidade
manter os relacionamentos de amizade ou têm de realizar novas escolhas profissionais ou, até
associação com a fase em que estão vivendo, mesmo, pessoais, visto que nessa abordagem a
pouco se aproximam dos resultados de testes de carreira não se refere apenas ao desenvolvimen-
interesses. Os interesses inventariados tendem to profissional, mas ao conjunto de papeis de-
a ser estáveis, enquanto as preferências podem sempenhados ao longo da vida (life-space).
mudar algumas vezes, por isso, possuem uma re- Ressalta-se que a maior parte dos textos que
lação moderada. Porém, a escolha ou o ingresso trata com profundidade dos interesses profissio-
na profissão em si tende a estar de acordo com nais foi publicada anteriormente à revisão da te-
os interesses inventariados, claro, desde que a oria, uma vez que, a reformulação não incidiu
pessoa tenha condições para investir no campo sobre a função destes dentro do desenvolvimen-
desejado (Super, 1957). to de carreira. Em uma perspectiva longitudinal
É importante reiterar que o conceito de ou life-span, tem-se que os interesses começam a
interesses está inserido em uma teoria mais se definir na adolescência, tendendo a permane-
ampla acerca do desenvolvimento vocacional cerem estáveis após essa fase, assim, os estágios
proposta por Super, sobre a qual os primeiros es- de vida importantes aqui são o de Crescimento
critos datam de 1953. De acordo com o autor, o e, principalmente, de Exploração (Super, 1954;
desenvolvimento vocacional é um processo que Super & Bohn, 1970/1980; Super et al., 1954).
ocorre ao longo de toda a vida, por meio da im- Durante o estágio de Crescimento, a criança
plementação de autoconceitos (Super, 1953). O tende a fazer escolhas fantasiosas, os interesses
autoconceito é a representação de si mesmo em estão sendo despertados e o reconhecimento das
diferentes papeis, situação ou posição, no qual se próprias capacidades ainda está no início. A for-
desempenha uma série de funções e engendra de- mação do autoconceito se dá pela identificação
terminadas relações. O autoconceito vocacional com pessoas significativas da família e da es-
se refere ao papel que o indivíduo almeja exercer cola. Nessa fase, as tarefas de desenvolvimento
no trabalho, sendo formado por meio das experi- são: adquirir progressivamente autonomia em
ências e modelos, bem como composto por vari- relação ao próprio comportamento; tornar-se
Conceito e Relevância dos Interesses Profissionais no Desenvolvimento de Carreira: 711
Estudo Teórico.

consciente da importância das realizações esco- aparentemente, não é determinante da quantida-


lares e profissionais; e adquirir as primeiras ha- de de esforço dentro dela. De modo que quanto
bilidades e atitudes de trabalho (Super & Bohn, mais os interesses estiverem definidos e compa-
1970/1980; Super et al., 1954). tíveis com as atividades desenvolvidas, maior
No decorrer da adolescência e início da idade será a satisfação do indivíduo no trabalho (Su-
adulta, o indivíduo passa pelo estágio de Explo- per, 1957; Super & Bohn, 1970/1980).
ração. Esse momento é caracterizado pela busca Super é um dos precursores da abordagem
de autoconhecimento e informações profissio- desenvolvimental da escolha profissional e sua
nais, inclusive por meio de tentativas e experi- teoria é amplamente utilizada em contextos de
mentação de papeis (Super & Bohn, 1970/1980; orientação profissional e de carreira. Nota-se
Super et al., 1954). Essa etapa envolve três ta- que esse teórico é preocupado não apenas com
refas, quais sejam, cristalização, especificação e a investigação e construções teóricas, mas tam-
implementação de uma preferência ocupacional. bém com a aplicação prática de sua abordagem
A cristalização, mais especificamente, a crista- (Super, 1983). Tal perspectiva vem sendo desen-
lização dos interesses profissionais, ocorre en- volvida ao longo dos anos, expandindo seus do-
tre 14 e 18 anos. A tarefa consiste em formular mínios para outros construtos, além dos interes-
uma preferência geral, que se expresse de forma ses, também relevantes para a área de orientação
constante. Essa tarefa pode ser facilitada, ainda, profissional e de carreira (Savickas, 2005).
quando há sucesso nas etapas do estágio de Cres-
cimento. Entretanto, para que consiga realizá-la, A Teoria Construtivista
o adolescente deve estar ciente da necessidade de Mark Savickas
da tarefa, levando em consideração seus aspec- Para finalizar a exposição sobre as teorias
tos pessoais (p.ex., capacidades e habilidades) e que explanam acerca dos interesses profissionais
as informações advindas do ambiente, por exem- e a relevância de sua avaliação, apresentam-se
plo, por meio dos pais e professores. Quanto as concepções de Savickas (1995, 1999, 2002,
mais definido for seu conhecimento em relação 2005). Esse autor ampliou a perspectiva de Super
aos interesses, mais diferenciado será seu perfil (1980), estabelecendo conexões com uma abor-
e mais fácil será a tarefa de cristalizar uma pre- dagem construtivista (Savickas, 2002, 2005),
ferência. Tendo definido uma preferência geral na qual para compreender o desenvolvimento
e concluído a exploração de ocupações, é pos- de carreira não é necessário apenas conhecer os
sível especificar uma determinada carreira a ser processos de escolha e experiências ocupacio-
seguida. Isso ocorre, geralmente, entre 18 e 21 nais, mas o contexto em que ocorrem e o signifi-
anos. Posteriormente, o jovem vai implementar cado que o indivíduo atribui a suas vivências na
sua escolha, ou seja, vai ingressar em um traba- busca pela adaptação ao ambiente em que vive.
lho ou sistema educacional especializado para Assim, para Savickas (1995), os interesses deno-
vivenciar o autoconceito na carreira escolhida tam uma interação entre o indivíduo e o ambien-
(Savickas, 2002; Super, 1957). te. De modo objetivo, a avaliação dos interesses
Os interesses estão relacionados ao campo e indica padrões de gosto, rejeição e indiferença –
ao nível de uma ocupação, por exemplo, no cam- ideia compartilhada por autores como Lent et al.
po da engenharia mecânica existem ocupações (1994) –, e subjetivamente consiste em forma de
de diferentes níveis profissionais, como o en- expressão da personalidade – o que é consoante
genheiro, o mecânico, o operador de máquinas. com a perspectiva teórica de Holland (1997).
Assim, uma pessoa com interesse em engenharia Como expressão da personalidade, os
pode não ter recursos e oportunidades para se interesses fazem parte de uma matriz motiva-
tornar um engenheiro e, então, seguir a profissão cional que inclui as necessidades e os valores
de mecânico (Super et al., 1954). Nesse sentido, (Savickas, 1995). Essas três variáveis podem
os interesses são responsáveis pela direção e per- ajudar a explicar o movimento do indivíduo
sistência dentro de uma área ocupacional, mas, no mundo ao responder a três questões ‘por
712 Lamas, K. C. A.

que’, ‘o quê’ e ‘como’ o indivíduo se move. As Assim, com o intuito de especificar o que é inte-
necessidades (por que) indicam aquilo que falta resse, o autor o definiu em duas formas, a saber,
no indivíduo para que ele se sinta mais seguro interesse como estado e como traço.
e completo, impulsionam e geram energia para O interesse como um estado de consciência
o movimento. Os valores (o quê) correspondem é caracterizado por uma prontidão para pensar
aos objetos ou recompensas que podem satisfazer ou responder a um estímulo específico do am-
as necessidades, ou seja, eles ditam a direção do biente, como objetos, atividades, pessoas e ex-
movimento. Os interesses (como) são a ponte pela periências. Ao identificar um estímulo, o sujeito
qual as necessidades e os valores se conectam, dirige sua atenção para ele, antecipa sentimentos
modulam o movimento. Por exemplo, algumas agradáveis e realiza uma avaliação favorável.
pessoas expressam necessidades tanto de ajudar Essa avaliação gera o desejo (volição) de fazer
quanto de controlar os outros. Isto os leva ao algo em relação ao estímulo (p.ex., aprender
altruísmo (valor) e, finalmente, a desenvolver mais sobre ele) devido à expectativa de satisfa-
interesses em ocupações de cunho social, como ção ou gratificação. Tal antecipação de resultado
ensino, aconselhamento e assistência social. Tais conduz o indivíduo a um curso de ação em dire-
profissões permitem aos seus ocupantes fornecer ção ao objeto, com a finalidade de satisfazer de-
aos clientes conselhos úteis, assim satisfazendo sejos, necessidades ou valores pessoais. Caso o
as necessidades de amparo e controle. Nota- indivíduo realmente se identifique com a ativida-
se, nessa definição, grande similaridade às de, poderá incorporá-la como um novo interesse
concepções de Super (1973) quando se refere à ao sistema de autoconceito existente, sendo que
hierarquia entre necessidade e interesses. a representação simbólica desse interesse se dá
Os interesses podem, também, serem tra- pelo estímulo que evoca atenção e ação (p.ex.,
duzidos como soluções que o indivíduo dá para eu gosto de livros). Dessa forma, o interesse é
problemas pessoais, para algo que lhe faltou no um esforço adaptativo para usar o ambiente a fa-
decorrer da existência. Os problemas se origi- vor das necessidades e valores.
nam no contexto familiar e depois são transpor- Enquanto traço, o interesse se refere a uma
tados para o ambiente social. A solução pode disposição geral para responder a um grupo
surgir de modelos que se sobressaem em deter- homogêneo de estímulos específicos, configu-
minada cultura como forma de atingir a autorre- rando-se em interesses. Assim, a forma singu-
alização naquela sociedade. A partir da narrativa lar – interesse – que denota um estado ou ação
e dos inventários é possível identificar os mate- passa, para o plural – interesses – caracterizando
riais e recursos que conduzem à autorrealização um conceito ou traço. Por traço, entende-se uma
e completam o projeto de vida. Enquanto estilo tendência de resposta disposicional, consistente
do comportamento, os interesses dependem do e estável, a um determinado grupo de estímulos
ambiente disponível e da estrutura de oportuni- ambientais. Por meio de análises do comporta-
dades. Assim, ao compará-los a outros constru- mento e autobiografias, é possível ver a facilida-
tos como necessidades e valores, eles possuem de e frequência com a qual um interesse é inicia-
menor estabilidade (Savickas, 1995). do, bem como sua duração ao longo do tempo.
Posteriormente, na busca por uma definição Já por meio de inventários de interesses, é pos-
que contemplasse todas as dimensões do concei- sível definir a força relativa, ou seja, o quanto
to de interesses, Savickas (1999) faz uma revisão uma preferência por determinada atividade se
das principais perspectivas teóricas que abordam sobressai quando comparada a outros interesses.
o construto. Conclui que, subjacentes aos inte- Ter consciência dessa disposição conduz à loca-
resses, estão processos cognitivos, emocionais, lização de um código no mundo do trabalho e
volitivos e comportamentais. Entretanto, o autor ao desenvolvimento do sistema de autoconceitos
não encontrou uma teoria que unificasse o con- existente. A autoconsciência dessa representa-
ceito, pois cada abordagem descreveu o cons- ção promove a estabilidade e a continuidade da
truto por meio de uma propriedade específica. disposição.
Conceito e Relevância dos Interesses Profissionais no Desenvolvimento de Carreira: 713
Estudo Teórico.

Segundo Savickas (1999), quanto aos fato- aceita (Sodano, 2015). Possivelmente, esse é
res que contribuem para a origem e desenvolvi- o conceito mais adequado porque vem de uma
mento dos interesses, tem-se a hereditariedade, elaboração construída a partir da revisão teórica
experiências de aprendizagem, percepção de de proposições anteriores, enquanto as demais se
capacidade, identificação com modelos, acomo- fundamentaram, principalmente, na experiência
dação de papeis sociais, expressão da personali- prática, na construção de inventários ou em
dade e implementação de autoconceito. O autor componentes isolados.
reuniu e apresentou estudos e teorias sobre esses Quanto às teorias de Holland (1997), Lent et
aspectos de forma expositiva, sem delimitar pre- al. (1994) e Super (1954, 1957), embora não se
ferências ou conclusões que ultrapassassem as tenha um consenso sobre o conceito de interes-
descrições. ses, verifica-se que não há acentuadas divergên-
Nota-se que Savickas (1995, 1999) debru- cias ou conflitos. Ao reunir as definições, é pos-
çou-se sobre a tarefa de delimitar o que são sível concordar com Hansen (2005) que, em sua
interesses profissionais, mesmo tendo atualmente revisitação aos conceitos de interesses, visualiza
uma teoria bem mais abrangente que trata de o construto como reflexo de três componentes, a
outros aspectos do desenvolvimento ocupacional saber, personalidade, motivação/direção e auto-
(Savickas, 2005; Savickas & Porfeli, 2012). Sua conceito/identificação. De modo geral, os teóri-
revisão e conclusão a respeito do significado do cos aqui apresentados se referem aos interesses
termo permitem a compreensão e diferenciação profissionais como uma especificação de pre-
de outros construtos. Ao mesmo tempo, sua ferências, que tende a estabilidade e, que pode
proposta de conceituação possui consistência conduzir o indivíduo a buscar determinadas situ-
teórica e prática que possibilita a investigação ações e elementos ocupacionais.
dos interesses enquanto construto psicológico Quanto ao desenvolvimento dos interesses
(Leitão & Miguel, 2001). profissionais, notam-se diferenças entre as teo-
rias no que se refere, principalmente, à ênfase
Conclusões nas experiências e nos aspectos socioeconômi-
cos e culturais. De fato, algumas teorias sobre
Uma vez que os inventários de interesses carreira focam mais no conteúdo, ou seja, ele-
profissionais são vitais para o campo de de- mentos que compõe o desenvolvimento de car-
senvolvimento de carreira (Savickas, 2013), o reira; outras focam mais nos processos, isto é,
presente estudo se faz útil aos pesquisadores e no desenvolvimento e interação dos elementos;
profissionais da área ao compilar conceitos sobre e ainda há aquelas que abordam conteúdos e pro-
os interesses que advém de teorias que sugerem cessos (Patton & McMahon, 2014).
esse tipo de avaliação. Ultrapassando o limite Por exemplo, as proposições de Holland
descritivo, pretende-se neste momento apresen- (1997) quanto ao desenvolvimento dos interes-
tar uma conclusão a respeito do construto trata- ses, incluem, mas não aprofundam a explanação
do e indicar futuras pesquisas que possam dar sobre os fatores que contribuem para a forma-
continuidade ao seu desenvolvimento teórico e ção das personalidades vocacionais. Essa teoria
aplicação prática. não se propõe a fornecer explicações desenvol-
Assim como observado por outros estu- vimentais, mas sim, hipóteses de como os in-
diosos (Leitão & Miguel, 2001), nota-se que teresses em seu estado atual se manifestam no
a definição proposta por Savickas (1999) pa- ambiente de trabalho. Super (1954, 1957, 1980),
rece a mais apropriada, pois conseguiu inte- por sua vez, limita o desenvolvimento dos inte-
grar as concepções existentes e ao mesmo resses às relações com pessoas significativas, au-
tempo delimitar o construto. Sendo que a ideia toconhecimento e busca de informações, tendo o
de interesses profissionais como um traço, contexto socioeconômico participação explícita
tendência de resposta relativamente estável a apenas no momento de formulação de objetivos
um grupo de estímulos, tem sido amplamente profissionais.
714 Lamas, K. C. A.

Retomando as observações de Leitão e determinada concepção. Portanto, o objetivo


Miguel (2001), verifica-se, também, que a deste artigo se encerra à medida que foi possível
abordagem de Savickas (1999) não aprofunda as conhecer as proposições de alguns teóricos que
relações existentes ao longo do desenvolvimento dissertaram sobre o desenvolvimento dos inte-
dos interesses, sendo a teoria sociocognitiva resses profissionais e que contribuíram para a
(Lent et al., 1994; Lent et al., 2004) a que mais sua evolução conceitual.
esclarece sobre as associações com fatores A título de agenda de pesquisa, são indicadas
pessoais e contextuais, sobretudo no que diz mais investigações, inclusive longitudinais, no
respeito ao papel das experiências na modulação contexto nacional que tenham como finalidade
dos interesses (Hansen, 2005; Leitão & Miguel, (a) avaliar como ocorre o desenvolvimento
2001; Patton & McMahon, 2014). Novamente, dos interesses, (b) de que forma as variáveis
cabe destacar aqui as proposições de Hansen contribuem para esse processo, e (c) como sua
(2005) que, ao buscar na literatura elementos avaliação pode ser aprimorada de modo a ins-
sobre o desenvolvimento dos interesses, sinte- trumentalizar não apenas aqueles profissionais
tizou as informações em dois componentes. O que trabalham diretamente com orientação
primeiro está relacionado à criação, referindo- profissional, mas também, educadores e gestores.
se aos fatores de socialização e aprendizagem, O último ponto deve ser tratado com ur-
incluindo também influências ambientais e psi- gência, uma vez que, no contexto brasileiro, há
cológicas que moldam os interesses. O segundo, apenas cinco testes psicológicos que avaliam
chamado natureza, diz respeito à genética e interesses aprovados para o uso profissional do
hereditariedade. psicólogo (Sistema de Avaliação de Testes Psi-
Em relação à avaliação em processos de cológicos [SATEPSI], 2016). Entretanto, somen-
orientação profissional e de carreira, percebe-se te dois inventários (Bandeira & Levenfus, 2009;
que os autores aqui focalizados são unânimes em Noronha, Sisto, & Santos, 2007) e um teste de
destacar a relevância dos interesses, havendo en- autoexpressão encontram-se disponíveis para
tre eles algumas diferenças quanto à utilização compra (Jacquemin, 2000; Jacquemin, Okino,
de outras variáveis no processo de orientação. Noce, Assoni, & Pasian, 2006). Outros recursos
Holland (1997), por exemplo, ao compreender de avaliação são três técnicas de natureza visual
os interesses como expressão da personalidade, (jogo com cartões; Coelho, 2015; Magalhães,
propõe um meio de avaliação que engloba aspec- 2011; Neiva, 2015). Portanto, são necessárias
tos como competências e habilidades, enquanto, a ampliação do número e a diversificação dos
Savickas (1999) e Super (1983) destacam que as instrumentos de interesses, pois permitiriam que
habilidades e os valores devem ser analisados diferentes populações se beneficiassem desse co-
concomitantemente, e Lent et al. (1994; Lent et nhecimento, aqueles que buscam orientação nos
al., 2004) indicam as crenças de autoeficácia e momentos de escolha, e também, os que frequen-
as expectativas de resultado. De modo geral, os tam ambientes acadêmicos e profissionais e não
teóricos consideram que os interesses profissio- recorrem a um profissional especializado quando
nais estão diretamente relacionados aos objeti- vivenciam tomadas de decisões de carreira.
vos de carreira, sendo que as pesquisas empíri-
cas realizadas confirmam esse pressuposto, bem Referências
como sua consistência ou estabilidade ao longo
do tempo (Hansen, 2005; Rounds & Su, 2014; Ambiel, R. A. M., & Noronha, A. P. P. (2014). Es-
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Conceito e Relevância dos Interesses Profissionais no Desenvolvimento de Carreira: 715
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