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BACHARELADO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E


AUTOMAÇÃO

DOUGLAS FERREIRA SANGREMAN THEOPHILO


NICHOLAS FERNANDO JOVINIANO DE LIMA

ESTUDO E SIMULAÇÃO DE UMA TURBINA A GÁS


AERODERIVADA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA EM CICLO
SIMPLES

Campos dos Goytacazes/RJ


2014
1

DOUGLAS FERREIRA SANGREMAN THEOPHILO


NICHOLAS FERNANDO JOVINIANO DE LIMA

ESTUDO E SIMULAÇÃO DE UMA TURBINA A GÁS


AERODERIVADA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA EM CICLO
SIMPLES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Fluminense como requisito parcial
para conclusão do curso de Bacharelado em
Engenharia de Controle e Automação.

Orientador: Prof.° MSc. Sérgio de Assis Galito


de Araújo.

Campos dos Goytacazes/RJ


2014
2

DOUGLAS FERREIRA SANGREMAN THEOPHILO


NICHOLAS FERNANDO JOVINIANO DE LIMA

ESTUDO E SIMULAÇÃO DE UMA TURBINA A GÁS


AERODERIVADA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA EM CICLO
SIMPLES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
de Controle de Automação.

Aprovado em _____ de novembro de 2014.

Banca Avaliadora:

...........................................................................................................................................
Prof.° Sérgio de Assis Galito de Araújo
Mestre em Engenharia Mecânica – UFF
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/Campos

...........................................................................................................................................
Prof.° Edson Simões dos Santos
Mestre em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional – UCAM
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/Campos

...........................................................................................................................................
Prof.° Adelson Siqueira Carvalho
Doutor em Informática na Educação – UFRGS
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/Campos
3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos a Deus por todas as oportunidades adquiridas até hoje e


por ter amigos e familiares que acreditaram na conclusão deste sonho, incentivando a seguir
em frente sempre.
Um carinho especial aos nossos pais, por serem a base fundamental durante toda esta
trajetória e por nos apresentarem valores que têm nos tornado pessoas melhores a cada dia.
A todos os nossos amigos, pelo incentivo e apoio constante, especificamente, os da
faculdade, na qual pudemos desfrutar de momentos de aprendizagem, entretenimento e
dificuldades.
Aos professores que nos acompanharam durante este período acadêmico, contribuindo
para o nosso desenvolvimento profissional e pessoal.
Ao professor Sérgio Galito, por ter aceitado o desafio e por tirar sempre todas as
dúvidas necessárias para a elaboração acadêmica deste trabalho, sendo dedicado na orientação
do melhor caminho a ser seguido e acreditando no nosso potencial.
4

Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço. (Dave Weinbaum)
5

DEDICATÓRIA

Aos nossos pais, pelo apoio e incentivo em


todos os momentos das nossas vidas.
6

RESUMO

Na Região Norte Fluminense há uma enorme predominância nas atividades de produção de


petróleo e geração de energia, áreas que necessitam de controles cada vez mais eficientes,
devido a alta complexidade e ao avanço das novas tecnologias, tanto do ponto de vista da
performance dos equipamentos, quanto da segurança operacional. Com a crescente demanda
por energia, as centrais térmicas passam a ser uma excelente alternativa para o atendimento de
grande centros de consumo energético. Onde estudos e modelagens que representam o
comportamento dinâmico de estabilidade do processo são de extrema relevância, pois devem
simular as adversidades inerentes do sistema em questão, auxiliando na identificação de erros
operacionais de forma a otimizar os parâmetros para maior eficiência da planta. Dessa forma,
o presente trabalho apresenta um descritivo da unidade UTE Mário Lago, com modelagem e
simulação de uma turbina a gás aeroderivativa que opera em ciclo simples, destacando as
influências das malhas de controle e de seus principais elementos e componentes no
comportamento dinâmico do sistema. Através da simulação foi possível verificar as atuações
dos controles estudados, proporcionando um melhor entendimento do funcionamento do
sistema, como também um aprofundamento das principais malhas de controle das turbinas a
gás.

Palavras-chave: Simulação; Turbina de Gás Aeroderivada; Ciclo Simples; UTE Mário Lago.
7

ABSTRACT

In the northern region of Rio de Janeiro there is a huge predominance in the activities of oil
production and power generation, areas that need increasingly efficient controls, due to high
complexity and to the advancement of new technologies, both in terms of performance of the
equipment, and operational security. With the growing demand for energy, the thermal power
plants are an excellent alternative to the attendance of great centers of power consumption.
Where studies and modeling to represent the dynamic behavior of process stability are of the
utmost importance, because they must simulate the adversities of the system in question, by
assisting in the identification of operational errors in order to optimize the parameters for
higher efficiency of the plant. Thus, the present work presents a descriptive of the UTE Mário
Lago, with modeling and simulation of an aeroderivativa gas turbine which operates in simple
cycle, highlighting the influences of the control loops and of its main elements and
components in the dynamic behavior of system. Through the simulation was possible verify
the performances studied controls, providing a better understanding of the functioning of the
system, as well as a deepening of the knowledge of the main control loops of gas turbines.

Keywords: Simulation; Aeroderivada Gas Turbine; Simple Cycle; UTE Mário Lago.
8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Modelo proposto por Rowen 1983 ....................................................................... 21


FIGURA 2. Desenho representativo do gerador de gás (spool). .............................................. 30
FIGURA 3. Desenho esquemático de uma turbina a gás aeroderivada (com dois spools) ...... 31
FIGURA 4. Turbina à gas LM600 ........................................................................................... 33
FIGURA 5. Esquema de uma turbina operando em ciclo simples ........................................... 35
FIGURA 6. UTE Mário Lago................................................................................................... 37
FIGURA 7. Vista superior com equipamentos da UTE Mário Lago. ...................................... 37
FIGURA 8. Diagrama funcional da operação em ciclo cimples para turbina a gás ................ 39
FIGURA 9. Sistema de uma turbina com regulador de velocidade ......................................... 40
FIGURA 10. Circuito eletrônico do controle de velocidade de uma turbina a gás .................. 43
FIGURA 11. Diagrama de bloco representativo do regulador de velocidade .......................... 43
FIGURA 12. Porcentagem de erros com a utilização das barreiras protetoras………….........45
FIGURA 13. Diagrama de bloco representativo do protetor contra radiação……………...…45
FIGURA 14. Diagrama de bloco representativo do termopar. ................................................. 46
FIGURA 15. Diagrama de bloco representativo do sistema de controle de temperatura…….47
FIGURA 16. Diagrama de bloco representativo do sistema de combustível e posicionador da
válvula ...................................................................................................................................... 48
FIGURA 17. Diagrama de bloco representativo do controle de aceleração ............................ 50
FIGURA 18. Diagrama de bloco representativo do seletor de valor mínimo. ......................... 51
FIGURA 19. Diagrama de bloco representativo do combustor. .............................................. 52
FIGURA 20. Diagrama de bloco representativo do atraso ocasionado pela exaustão ............. 53
FIGURA 21. Diagrama de bloco representativo da inércia do compressor ............................. 53
FIGURA 22. Diagrama de bloco representativo do eixo da máquina ...................................... 54
FIGURA 23. Esquema físico de uma turbina a gás avançada de dois spools. ......................... 55
FIGURA 24. Diagrama de bloco representativo da turbina a gás avançada. ........................... 56
FIGURA 25. Diagrama de bloco representativo do gerador de gás ......................................... 56
FIGURA 26. Diagrama de bloco representativo da turbina aeroderivada de dois spools ........ 58
FIGURA 27. Simulador de uma turbina aeroderivada de 2 spools operando em ciclo aberto
................................................................................................................................................ ..60
FIGURA 28. Variação no SetPoint da demanda de potência (Simulação 1) ........................... 60
FIGURA 29. Variação na rotação da turbina a gás……………………..…………………….61
9

FIGURA 30. Torque na carga da turbina a gás (Simulação 1)................................................. 61


FIGURA 31. Temperatura dos gases exaustos (Simulação 1) ................................................. 62
FIGURA 32. Demanda de Combustível da rotação, temperatura e aceleração (Simulação 1)....
.................................................................................................................................................. 62
FIGURA 33. Simulador de uma turbina aeroderivada de 2 spools operando em ciclo
aberto.........................................................................................................................................63
FIGURA 34. Variação de rotação da turbina a gás (Simulação 2)...........................................63
FIGURA 35. Variação no SetPoint da demanda de potência (Simulação 2) ........................... 64
FIGURA 36. Torque na carga da turbina a gás (Simulação 2)................................................. 64
FIGURA 37. Temperatura dos gases exaustos (Simulação 2) ................................................. 64
FIGURA 38. Demanda de combustível da rotação, temperatura e aceleração (Simulação 2)….
.................................................................................................................................................. 65
10

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

IGV = Inlet Guide Vane;


Hz = Hertz (medida de frequência);
ω(s) = Velocidade angular no eixo do rotor (pu);
ωS(s) = Sinal de saída do regulador de velocidade (pu);
W, X ,Y, Z = Parâmetros e constantes de tempo do regulador de velocidade.
θX (s) = Temperatura de exaustão da turbina (ºC);

θS(s) = Temperatura medida pelo protetor de radiação(ºC);


τ1 , τ2 = Constantes de tempo do protetor de radiação (s);

θS(s) = Temperatura medida pelo protetor de radiação (ºC);


θp(s) = Temperatura medida pelo termopar (ºC);
τ3 = Constante de tempo do termopar (s);
Δθ(s) = Variação da temperatura (ºC);
ΔθC (s) = Variação de temperatura do sinal controlado (ºC);
τT = Razão de integração do controle de temperatura (s);
KT = Constante do controle de temperatura (pu);
KD = Constante do controle de velocidade modo droop (pu);
VCE = Sinal de demanda de combustível (pu);
Kct = Constante que representa o consumo próprio da turbina (pu);
Kc = Constante que representa a demanda de combustível na turbina (pu);
Kf = Realimentador do sistema de combustível (pu);
a,b, c = Valores associados à função de transferência do posicionador da
válvula de admissão de combustível (pu);
τf = Constante de tempo do sistema de combustível (s);
Wf (s) = Fluxo de combustível (pu);
Ka = Ganho do controle de aceleração;
Sa(s) = Sinal de entrada do controle de aceleração;
α0 = Valor de referência da taxa de variação da variável de entrada (pu);
β(s) = Sinal de saída do controle de aceleração (pu);
θC (s) = Sinal do controle de temperatura (pu);
β(s) = Sinal do controle de aceleração (pu);
min(s) = Valor mínimo obtido pelo seletor (pu);
11

Wf (s) = Fluxo de combustível (pu);


Wfs (s) = Fluxo de combustível com o atraso do combustor (pu);
εCR = Tempo de atraso devido ao combustor (s);
Wft (s) = Variação do fluxo de combustível com o atraso da exaustão (pu);
εTD = Tempo de atraso devido ao sistema de exaustão da turbina a gás (s);
Wfp (s) = Fluxo de combustível com o atraso do compressor (pu);
τCD = Constante de tempo do compressor (s);
Pa(s) = Potência de aceleração da máquina (pu);
τS = Constante de tempo associada aos elementos acoplados ao eixo (s);
ωr(s) = Velocidade angular do rotor da máquina (pu).
LPC = Estágio de baixa pressão do compressor;
HPC = Estágio de alta pressão do compressor;
HPT = Estágio de alta pressão da turbina;
LPT = Estágio de baixa pressão da turbina (turbina de potência);
f1 = Temperatura de exaustão (ºC);
TR = Temperatura de referência (ºC);
Wf = Fluxo de combustível (pu);
Wu = Rotação da turbina de potência (pu);
Eg(s) = Vazão de massa produzida pelo gerador de gás (pu);
f2 = Torque do rotor (pu);
UTE = Usina Termelétrica;
MW = Mega Watts;
KW = Quilo Watts;
AC = Corrente Alternada;
MVA = Potência dos Enrolamentos Principais;
GE = General Eletric;
RPM = Rotações Por Minuto;
K = Temperatura em Kelvin;
CEG = Companhia Estadual de Gás
N = Rotação em por unidade;
GV = Válvulas de controle de admissão de combustível;
τG4 = Constante de tempo gerador de gás (s);
12

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. 08

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS .................................................... 10

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15
1.1 Considerações Iniciais ........................................................................................................ 15

1.2 Descrição do Problema ....................................................................................................... 16

1.3 Objetivo Geral .................................................................................................................... 16

1.4 Justificativa ......................................................................................................................... 17

1.5 Metodologia ........................................................................................................................ 17

1.6 Estrutura do Trabalho ......................................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 19


2.1 Introdução à Pesquisa ......................................................................................................... 19

2.2 Trabalhos Relevantes .......................................................................................................... 19

3 TURBINAS A GÁS .......................................................................................................... 27


3.1 Introdução à Turbina a Gás ................................................................................................ 27

3.2 Turbinas Heavy-duty........................................................................................................... 28

3.3 Turbinas Aeroderivativas ................................................................................................... 28

3.3.1 Características das Turbinas Aeroderivativas .......................................................... 29


3.3.2 Turbinas com Vários Eixos ...................................................................................... 30
3.3.3 Exemplo de Turbinas Aeroderivativas ..................................................................... 31
3.3.4 Características dos Modelos da Linha LM ............................................................... 31
3.3.5 Turbina a Gás LM6000 ............................................................................................ 32
3.3.5.1 Especificações da LM6000 à 60 Hz .......................................................... 32

3.4 Sistema de Admissão de Ar Atmosférico ........................................................................... 33

3.5 Compressores ..................................................................................................................... 33

3.6 Combustão .......................................................................................................................... 34


13

3.7 Ciclo a Gás ......................................................................................................................... 34

3.7.1 Ciclo Simple ............................................................................................................. 35


3.8 UTE Mário Lago ................................................................................................................ 36

3.9 Modelagem ......................................................................................................................... 37

3.10 Representação em Por Unidade (PU) ............................................................................... 38

3.11 Principais Controles.......................................................................................................... 38

3.11.1 Controle de Velocidade .......................................................................................... 40


3.11.1.1 Contrele de Velocidade Tipo com Queda (droop) .................................. 41

3.11.1.2 Controle de Velocidade Tipo Isócrono .................................................... 41

3.11.1.3 Controle de Velocidade Turbina LM6000............................................... 42

3.11.2 Controle de Temperatura ........................................................................................ 44


3.11.2.1 Protetor Contra Radiação ......................................................................... 45

3.11.2.2 Termopar.................................................................................................. 46

3.11.2.3 Sistema de Controle de Temperatura ....................................................... 47

3.11.3 Controle de IGV ..................................................................................................... 47


3.11.4 Sistema de Combustível ......................................................................................... 48
3.11.5 Controle de Aceleração .......................................................................................... 49
3.11.6 Seletor de Valor Mínimo ........................................................................................ 50
3.11.6.1 Limitação VCE ........................................................................................ 51

3.11.7 Atraso Combustor .................................................................................................. 52


3.11.8 Atraso Exaustão...................................................................................................... 53
3.11.9 Descarga do Compressor ........................................................................................ 53
3.11.10 Eixo da Máquina .................................................................................................. 54
3.11.11 Gerador de Gás ..................................................................................................... 54
3.11.12 Temperatura de Exautão da Máquina................................................................... 57
3.11.13 Torque do Rotor ................................................................................................... 57
3.11.14 Modelo Simplificado ............................................................................................ 57

4 SIMULAÇÃO .................................................................................................................... 59
4.1 Simulação 1..................................................................................................................... 59

4.2 Simulação 2..................................................................................................................... 62


14

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 67


15

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Tendo em vista que o atual cenário brasileiro se encontra marcado por uma situação de
déficit energético, evidencia-se a necessidade de aumentar a capacidade de geração instalada
no país. Uma das alternativas mais viáveis para complementar o parque gerador brasileiro é o
emprego de centrais térmicas as quais podem ser classificadas em ciclo simples (ou ciclo
aberto), constituídas por turbinas a gás e geradores, e em ciclo combinado, constituídas de
turbinas a gás, turbinas a vapor e geradores.
As usinas termelétricas são responsáveis pela distribuição de energia elétrica em
grande parte do país. Um exemplo é a usina UTE Mário Lago, que está localizada em
Macaé/RJ e é responsável por auxiliar na demanda energética da Região Norte Fluminense.
Sendo esta uma usina com operação em ciclo simples, com capacidade máxima de geração de
928 MW, trabalhando em paralelo com 20 turbinas a gás aeroderivativas.
Com a evolução tecnológica houve a necessidade de desenvolver modelagens
coerentes com o processo, na qual devem ser definidas as principais malhas de controle que
têm influência no desempenho dinâmico da unidade geradora e, consequentemente, no
próprio comportamento dos sistemas elétricos de potência.
As turbinas a gás são importantes para a geração de energia elétrica, especialmente
para as usinas termelétricas. Por isso, entender a dinâmica dessas turbinas tem se tornado cada
vez mais relevante e, para estudar tal comportamento, são necessários modelos matemáticos
das mesmas. Recentemente, vários modelos de turbinas a gás têm sido propostos com
diferentes graus de complexidade e sucesso. O objetivo deste trabalho é o entendimento,
modelagem e análise do comportamento das plantas com base em turbinas a gás para
investigar os problemas no sistema de energia.
Existem excelentes trabalhos publicados, com diversos enfoques, onde muitos optaram
pela modelagem de turbinas do tipo single-shaft (eixo único), em usinas de ciclo combinado.
Porém, o presente trabalho abordará uma modelagem para turbinas do tipo aeroderivativas,
em usina de ciclo simples, retratando a realidade energética da Região Norte Fluminense.
Serão apresentadas as principais características e configurações das turbinas a gás
aeroderivativas avançadas, em ciclo simpes com configuração de dois spools, descrevendo os
modelos matemáticos propostos para análise de estabilidade dinâmica de sistemas elétricos.
16

No estudo serão incorporados diversos resultados de simulações de perturbações em sistemas


de potência, compostos por unidades aeroderivativas operando em ciclo simples, destacando,
assim, as influências das malhas de controle e de seus principais elementos componentes no
comportamento dinâmico do sistema. Para as simulações será utilizado o software Matlab® e
a toolbox Simulink®.

1.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

Após a implementação do controlador digital e através dos ajustes de sintonia


realizados pela equipe de engenharia, foram observados aspectos de não conformidade com o
controle em situações operacionais nas turbinas da gás da UTE Mário Lago, onde
comportamentos de partida e parada de máquinas, não atingiram os parâmetros necessários
para a operação ideal da planta, fazendo-se necessários novos ajustes ou implementações que
atendam as necessidades da planta de gás.
Como não foi possível obter acesso ao sistema de controle para a realização dos testes
e as alterações necessária de sintonia, optou-se por desenvolver um simulador que se
aproximasse dos comportamentos da máquina em questão. A simulação não atende a solução
deste problema, porém abre portas para uma análise mais profunda dos comportamentos
dinâmicos e elétricos que envolvem as turbinas a gás aeroderivadas que operam em ciclo
simples.

1.3 DESCRIÇÃO DO OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um simulador que represente o


comportamento das principais malhas de controle das turbinas aeroderivadas que operam em
ciclo simples, por meio do qual são revisados os modelos dinâmicos de turbina a gás para
estudos de estabilidade de sistemas de potência elétrica. Dessa forma, a UTE Mário Lago,
serviu de incentivo para este trabalho, pois a mesma é composta por 20 turbinas a gás que
operam com esse tipo de configuração supracitado. Para o entendimento da eficiência
energética e operacional da unidade é de fundamental importância o conhecimento das
variáveis de controle nas operações das turbinas, sendo necessária a utilização de simuladores
que possam auxiliar na análise dos comportamentos do sistema elétrico, pois a estabilidade do
sistema é refinada, para que se evite distúrbios na interligação da rede de energia.
17

1.4 JUSTIFICATIVA

A simulação é inerente no campo da engenharia de controle e automação, sendo


fortemente relacionada à operação e à instrumentação. De forma abrangente, sempre envolve
algum modelo do processo com relações existentes no campo, assim, a combinação da
simulação, operação e instrumentação formam os pilares do tripé para o bom comportamento
operacional das malhas de controle de qualquer indústria.
Este trabalho justifica-se na medida em que o assunto torna-se cada vez mais
importante para os engenheiros envolvidos na área de simulação e controle, principalmente,
na pesquisa e desenvolvimento de sistemas muito próximos da realidade dos processos. À
vista disso, o modelo também pode ser utilizado para estudar os efeitos de pequenas variações
dos parâmetros sobre o desempenho do sistema de controle da turbina.

1.5 METODOLOGIA

A presente pesquisa apresenta um extensa revisão bibliográfica realizada no período


de junho a novembro de 2014, objetivando analisar as modelagens e simulações de turbinas a
gás aeroderivadas e seus respectivos problemas, além de abordar aspectos conceituais
relacionados aos sistemas de controle de uma planta de geração de energia em ciclo simples.
Dada revisão deu base para um melhor entendimento das principais malhas de controle de
uma turbina a gás dentro de uma termelétrica.
Em um segundo momento foi realizada a modelagem em diagrama de blocos, que
permitiu descrever as equações dos sistemas, analisando a estrutura de controle das malhas.
Com a obtenção da modelagem, foi possível iniciar a estrutura do simulador, levando em
consideração os desafios do transporte do diagrama de blocos para o ambiente de simulação,
onde a compreensão da ferramenta (software) é primordial para analisar os problemas
existentes. Após a construção do sistema, foi possível obter os gráficos necessários para
análise do comportamento dinâmico e validação do trabalho.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado da seguinte forma:


No Capítulo 1 são apresentadas as considerações iniciais do estudo em questão.
18

No Capítulo 2 é feita uma revisão bibliográfica a respeito das modelagens e


simulações de turbinas a gás, utilizando trabalhos de altíssima relevância para o embasamento
do estudo e fazendo referência aos tópicos mais pertinentes na elaboração do trabalho em
questão.
O Capítulo 3 apresenta os principais componentes das turbinas a gás aeroderivadas,
destacando os instrumentos mais utilizados nas malhas de controle de velocidade,
temperatura, aceleração e suas funções transferências utilizadas na modelagem. Descrevendo,
também, a estrutura e funcionamento das principais malhas de controle que compõem
sistema.
No Capítulo 4 é feita a introdução da simulação, com um breve detalhamento da
arquitetura do Sistema e avaliação dos comportamento das malhas, através de testes e análise
dos resultados obtidos com os gráficos gerados.
Por último, são apresentadas as considerações finais do trabalho.
19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será abordado um estudo dos principais trabalhos que auxiliaram no
entendimento e desenvolvimento do simulador.

2.1 INTRODUÇÃO A PESQUISA

Entre os diversos métodos de geração de energia, a termelétrica ganha espaço pela sua
eficiência e estratégias utilizadas, produzindo energia elétrica através dos combustíveis
fósseis, com um parque industrial localizado próximo a centrais de fornecimento de gás.
Deste modo, seu uso tornou-se bastante difundido e com isso surgiram diversos trabalhos com
o intuito de descrever matematicamente os sistemas.
Devido ao caráter estratégico e forte participação militar no desenvolvimento de
turbinas a gás ao longo dos anos, as informações a respeito da modelagem e do sistema de

controle são de difícil obtenção. A seguir, será apresentada nesta seção uma breve descrição

dos principais artigos e trabalhos consultados, que auxiliaram no desenvolvimento deste


trabalho.

2.2 TRABALHOS RELEVANTES

Rowen (1983) apresenta um modelo para turbinas de eixo único, ou seja, o


compressor-turbina que é acoplado fisicamente ao gerador. Mediante ao nível de
detalhamento dos principais componentes da turbina, este artigo torna-se de suma importância
para a modelagem dinâmica de turbinas a gás quando sua utilização ocorrer em estudos
dinâmicos de sistemas de potência. Servindo como base para citações de diversos autores.
No referido artigo o autor representa modelos matemáticos de turbinas a gás heavy-
duty do tipo single-shaft, com potências de 18 a 106 MW, onde os modelos propostos são
válidos para variações de 95 a 107% da rotação nominal, pois previne que a turbina a gás
entre para regiões onde não responda linearmente ou onde haja descontinuidades devido às
ações de controle. Apresentando também as principais malhas de controle de forma
functional, com ciclo termodinâmico simples sendo abordado.
No trabalho de Rowen (1983) são citados os principais sistemas de controles, dentre
eles: o regulador de velocidade, o sistema de controle de temperatura e o controle de
20

aceleração, havendo duas condições de operação do regulador de velocidade, onde podem ser
utilizados reguladores isócronos, quando a turbina estiver operando isoladamente, ou são
usados reguladores com queda, no caso da operação interligada. O recurso responsável por
controlar a saída da turbina a gás quando a mesma está operando de forma interligada e
usando um regulador com queda é o setpoint digital.
No modelo apresentado pelo autor a principal malha de controle é a de velocidade,
representando um recurso primordial do controle da turbina a gás para variações de carga,
uma vez que as malhas de temperatura e aceleração atuam apenas como limitadoras. A malha
de temperatura exerce sua função controlando a temperatura de combustão para que a
temperatura na entrada da turbina não exceda o limite do material utilizado, para isso é pré-
determinada uma temperatura de aquecimento, que independente da variação na temperatura
ambiente ou das características do combustível não deve ultrapassar essa limitação.
Já o controle de aceleração é atuante na partida da máquina ou em situações de
rejeição de carga a fim de evitar o estresse térmico, limitando a taxa de aceleração do rotor.
Este controle cumpre uma função secundária durante a operação normal, em que ele atua para
reduzir o fluxo de combustível e limitar a tendência de sobre velocidade no evento em que o
conjunto turbina-gerador se separa eletricamente do sistema.
Os sinais de controle oriundos das três malhas servem de entrada para um seletor de
valor mínimo, cujo valor de saída é o menor dessas três entradas e requer menos combustível.
Sendo assim, os valores da saída do seletor de valor mínimo são comparados com os limites
máximos e mínimos. O limite máximo atua como uma reserva para o controle de temperatura
e não é utilizado em operação normal, já o limite mínimo é o mais importante no ponto de
vista dinâmico, pois mantém um fluxo adequado de combustível para garantir que a chama
seja mantida no sistema de combustão da turbina a gás.
O modelo proposto pode ser aplicado em turbinas a gás que utilizam tanto
combustíveis líquidos, quanto gasosos. Para o operação a gás, o sinal sofre a ação de duas
constantes de tempo, onde a primeira é associada com o sistema de posicionamento da válvula
de controle de gás e a segunda é a constante de tempo associada com o sistema de
combustível. Atrasos relacionados ao transporte são percebidos no tempo de reação da
combustão, no volume de descarga do compressor e no transporte de gás do sistema de
combustão à turbina.
Nesta obra também são citadas as linearidades características do torque e da
temperatura de exaustão da turbina a gás de eixo único quando estão operando dentro da faixa
limitada do modelo, apresentando as equação do torque e a equação da temperatura de
21

exaustão. Além disso, o artigo concentra-se em aplicações de acionamento do gerador, onde a


operação está limitada em uma escala estreita de velocidade da turbina e assume um ângulo
constante para o VIGV do compressor, a uma temperatura ambiente constante, conforme a
Figura 1 a seguir:

Figura 1. Modelo proposto por Rowen


Fonte: Rowen (1983)

Em outro artigo, Rowen (1993) apresenta um modelo dinâmico de turbinas a gás do


tipo single-shaft (eixo único) que utiliza acionamentos mecânicos com velocidade variável
para turbinas com potência na faixa de 19.370 a 80.460 KW. Atentando para uma das
condições da turbina a gás de eixo único, que são mais simples do que as turbinas de
múltiplos eixos, mas que apresentam uma escala de velocidade de operação
significativamente mais estreita.
Um dos fatores mais abordados é a adequação dos modelos para uma larga escala de
temperatura ambiente e a influência do VIGV (variable inlet guide vane) no compressor axial
que é incluída nos modelos. Assim, o ar atmosférico entra pelo duto de filtragem, passa pelo
compressor axial da turbina a gás, pelas VIGVs onde é comprimido e descarregado dentro das
câmaras de combustão, sendo o combustível injetado e queimado com temperatura do ar
atmosférico elevada. O ar mais quente e com pressão elevada se expande através de dois ou
três estágios de expansão da turbina a gás, produzindo potência mecânica suficiente para
acionar o compressor axial e a carga acoplada. Logo, os gases provenientes da exaustão
passam pelo difusor da turbina e das alhetas transversais, depois pelos termopares de
exaustão, e então vão para a atmosfera, no caso de turbinas de ciclo simples.
Considera-se a influência do IGV no compressor axial, como elemento de controle,
para plantas de ciclo combinado. O modelo apresentado é semelhante ao utilizado no artigo de
22

Rowen (1983) com algumas considerações: utiliza somente regulador de velocidade isócrono,
o combustível é o gás natural, um modelo rudimentar da carga representada pelo compressor é
incluído, o calculo do fluxo de exaustão da turbina é apresentado, a correção devido à
temperatura ambiente é incorporada nos cálculos; e a malha de realimentação representando
os efeitos da modulação do fluxo de ar devido ao IGV também é incluída.
O sistema de controle inclui controle de velocidade, controle de temperatura, controle
do VIGV do compressor axial, controle de aceleração, e limites superior e inferior de
combustível. Assim, o modelo proposto pode também ser aplicado no acionamento do
gerador de velocidade constante, proposto em Rowen (1983), sendo este um caso particular
do que está sendo descrito neste artigo.
Hannett (1993) aborda uma comparação com os dados obtidos no campo, com o
modelo apresentado por Rowen (1983), para que o mesmo fosse validado, utilizando o
sistema do Alaskan Rainbelt, onde a maior parte da geração é decorrente de usinas térmicas.
Modelos e simulações dinâmicas detalhados são propostos utilizando-se parâmetros obtidos
em campo para dois tipos de controladores. Na determinação dos parâmetros do modelo,
foram feitos testes que consistiam na aquisição de dados em regime permanente e variações
dinâmicas de carga, uma vez que manter a freqüência seria uma preocupação para sistemas
isolados de pequeno porte, onde qualquer mudança na carga ou na geração são grandes e
relativas à capacidade do sistema. Logo, há uma necessidade de modelos mais precisos para a
resposta não só da turbina, como também do regulador às mudanças de freqüência.
O autor apresenta com maior ênfase a modelagem do controle de temperatura,
explicando seu funcionamento, onde,a saída do termopar é comparada com um valor de
referência (temperatura limite da turbina), normalmente maior, forçando a saída do controle
de temperatura a permanecer no limite máximo e permitindo que o controle de velocidade
mantenha-se atuante. No entanto, quando a saída do termopar excede a temperatura de
referência, esta diferença torna-se negativa e, consequentemente, a saída do controle de
temperatura começa a abaixar e a saída do seletor de valor mínimo passa a ser do controle de
temperatura, comandando a turbina.
É abordado o controle do regulador da Woodward que consiste em um controle PID
para o sinal de erro de carga e velocidade. O sistema de combustível e as dinâmicas da turbina
para a unidade são assumidos para terem a mesma estrutura do modelo proposto por Rowen,
no ano de 1983.
Para determinar os valores dos parâmetros nos diagramas de bloco, o método de teste
consiste na aquisição de diversas medições em regime permanente com o gerador conectado
23

em diferentes variações dinâmicas de carga. Os principais sinais medidos foram: potência


elétrica, referência de carga ou velocidade, sinal de demanda de combustível, fluxo de
combustível e temperatura de exaustão.
As características de resposta dinâmica foram obtidas principalmente de rejeições de
carga, sendo medidos os seguintes sinais: tensões de linha do gerador, correntes AC no
gerador, velocidade angular da turbina, referência de velocidade ou carga, sinal de demanda
de combustível e temperatura de exaustão da turbina.
Foi feito um teste em regime permanente originando-se um gráfico com os valores
medidos de potência elétrica, sinal de demanda de combustível e temperatura de exaustão da
turbina em relação ao fluxo de combustível. As três funções são praticamente linhas retas, o
que valida a utilização de modelos lineares.
Uma análise entre os modelos típicos e modelos derivados de teste em campo foi
realizada através de duas simulações. A primeira considerou a unidade operando isoladamente
com 50% da carga nominal, aplicando-se um aumento de 10% da carga. Um segundo caso
considerou o sistema interligado com a aplicação de um trip (parada de máquina) num
gerador com carregamento de 57 MW. Após os testes e análises realizadas, foi possível o
autor afirmar que os resultados foram muito otimistas e confirmaram as observações da
experiência de operação, validando o modelo proposto por Rowen (1983).
Em outra publicação, Hannett (1995) cita o modelo dinâmico da turbina a gás de dois
eixos, utilizando o mesmo método do artigo de 1993, validando mais uma vez o modelo
através da comparação dos resultados de simulação com dados adquiridos em campo. Tal
artigo, apresenta um modelo desenvolvido para uma turbina térmica de 46,5 MVA (fp = 0,9),
pertencente ao complexo da Con Edison’s Astoria Plant, seus controles e, também, a
identificação de valores para parâmetros do modelo de testes.
O sistema citado acima é composto por um compressor, uma turbina de alta pressão,
uma turbina de baixa pressão (ou turbina livre) e um gerador elétrico. A turbina de alta
pressão aciona o compressor e os gases de escape da turbina de alta pressão acionam a turbina
livre, onde o conjunto compressor/turbina de alta pressão é chamado de gerador de gás. Uma
variação no fluxo de combustível pode acarretar na variação da potência de saída do gerador
de gás que, por sua vez, faz variar a potência da turbina livre.
O projeto dos controles considera o efeito que as mudanças no fluxo de combustível
têm sobre a velocidade do motor e do fluxo de ar. Assim, o fluxo de combustível é regulado
pela válvula acionada por um servomecanismo que, a seguir, é acionado por um dos três
24

sinais de controle, dentre eles o de valor mínimo: controle da turbina livre, controle da
temperatura do gás de exaustão e controle da velocidade angular do motor.
O controle da turbina livre fornece o controle de regulação normal para a unidade,
onde seus sinais de entrada são: a velocidade angular da turbina livre e a potência elétrica. Já
o controle da velocidade do motor, quando em comando, é um controle isócrono sobre a
velocidade angular do motor e serve para limitar o fluxo de combustível para que a velocidade
do mesmo não exceda um certo valor.
O controle da temperatura do gás de exaustão fica em comando sempre que a
referência da temperatura de exaustão é excedida ou quando a unidade está ganhando carga
mais rápido do que a dinâmica da turbina pode suportar. Seus sinais de entrada são: a
temperatura do ar de entrada, a velocidade angular do motor e a temperatura de exaustão da
turbina. Assim, as dinâmicas da turbina são representadas por um conjunto de funções que
podem ser determinadas por medições de regime permanente, já os testes consistem em
coletar medições de regime permanente e realizar testes de mudança de carga dinâmica.
O autor conclui que a modelagem envolve inicialmente uma análise profunda da física
do processo e de seus controles, que determinam a estrutura do modelo, incluindo variáveis e
parâmetros pertinentes. Sendo utilizado o processo de tentativa e erro para que as respostas
das simulações fossem compatíveis com os testes realizados em campo, devido as não
linearidades envolvidas.
Rowen (1997), apresentou na ASME TURBO EXPO 98 modelos dinâmicos de turbinas
aeroderivativas, porém não publicado oficialmente, tratando-se apenas de um tutorial. Neste
caso, foram apresentados modelos para turbinas avançadas com dois e três spools (conjuntos
compressor/turbina) e tradicionais com um spool + turbina livre ou com dois spools + turbina
livre, abordando os principais fabricantes de turbinas no mundo.
Silva (2008) publicou uma dissertação de mestrado que apresenta as principais
características e configurações das turbinas a gás aeroderivativas e heavy-duty, mostrando de
forma detalhada os modelos matemáticos utilizados. O enfoque do trabalho é para as usinas
de ciclo combinado, com proposta da análise de estabilidade dinâmica de sistemas elétricos de
potência. Para as simulações foi utilizado o software Matlab®, a toolbox Simulink® e os
programas ANAREDE e Anatem desenvolvidos pelo CEPEL, ambos são software destinados
as simulações de sistemas elétricos. Também foram realizadas perturbações para análise do
comportamento de sistema elétricos de potência, compostos por unidades aeroderivativas e
heavy-duty em ciclo combinado, com a configuração de eixo único, demonstrando a
25

influência do controle nos diversos sistemas envolvidos nos modelos, destacando os


principais componentes no comportamento dinâmico do sistema.
Dentre os componentes representados na turbina a gás destacam-se o próprio consumo
da turbina para manter o compressor, o sistema de combustível (que pode ser para
combustíveis líquido ou gasoso), o posicionador de válvula, o câmara de combustão e o
gerador de gás (no caso de turbinas aeroderivativas).
Na modelagem abordada foram citados os controles de velocidade, de temperature e
de aceleração. Além de outras funções importantes, como: o seletor de valor mínimo, que
seleciona o menor sinal entre os três controles com o objetivo de minimizar o consumo de
combustível, o bloco limitador, que atua como backup do controle de temperatura e também
garante a combustão ativa, e as equações que determinam a temperatura dos gases de exaustão
do conjugado mecânico, incluindo a quantidade dos gases de exaustão.
Outro destaque é o controle de VIGV para turbinas a gás que atuam em ciclo
combinado e tem como função tentar manter constante a relação ar/combustível na câmara de
combustão, salvaguardando a eficiência da turbina a gás nas mais diversas condições
operativas. Além disso é demonstrado o funcionamento e a modelagem dos principais
elementos para sistemas elétricos de potência em usinas de ciclo combinado: as caldeiras de
recuperação e as turbinas a vapor que, no entanto, não será abordado no presente trabalho
acadêmico. Logo, são apresentados como resultados a coerência com os diversos modelos
matemáticos abordados.
Carneiro (2007), em sua dissertação de mestrado, objetivou avaliar o comportamento
dinâmico de turbinas a gás aeroderivativas na operação em ciclo combinado, apresentando de
forma clara e detalhada modelos e controles utilizados nas turbina aeroderivativas. Por meio
deste estudo, foi possível compreender melhor o ciclo combinado, sendo apresentadas as
características dos ciclos a vapor, a gás e os elementos responsáveis pelo acoplamento
termodinâmico entre os dois ciclos. Neste sentido, as simulações com turbinas aeroderivativas
operando em ciclo combinado são realizadas em um sistema de 39 barras denominado
Brazilian Birds, que será abordado com maiores detalhes no trabalho, uma vez que para cada
configuração de turbina aeroderivativa é necessário o estudo independente das funções, pois
as mesmas apresentam comportamentos diferentes.
O autor cita nos resultados de suas simulações a similaridade do comportamento entre
turbinas com configurações de três spools, assim como para a configuração com dois spools.
Onde a semelhança entre os comportamentos das configurações com um, dois e três spools
tem origem na inexistência da turbina livre ou de potência, e no acoplamento através de um
26

mesmo eixo. Então, é destacada a importância da utilização do IGV, como o responsável por
manter constante a temperatura de exaustão das turbinas aeroderivativas, as quais influenciam
na eficiência do ciclo combinado.
O presente trabalho utiliza a modelagem feita por Rowen (1983), pois o mesma foi
desenvolvida para operação em ciclo simples, e os parâmetros do modo de operação do
regulador de velocidade foram selecionados, também, de acordo com o referente artigo. O
aprimoramento para a modelagem de uma turbina aeroderivada do tipo avançada de 2 spools
ocorreu através do tutorial apresentado pelo mesmo autor em 1997. Os outros trabalhos
auxiliaram no entendimento do sistema elétrico de potência e no funcionamento das malhas
de controle, porém os mesmos abordaram uma modelagem mais complexa para ciclos
combinados com a utilização de IGV, entre outros parâmetros, que não cabem ao estudo em
questão.
27

3 TURBINAS A GÁS

3.1 INTRODUÇÃO A TURBINAS A GÁS

A maior utilização das turbinas a gás é na indústria de aviação, onde requisitos


relacionados à confiabilidade, potência e tamanhos cada vez mais compactos são
extremamente relevantes, tornando esse equipamento fundamental no segmento aeronáutico,
com excessões a pequenos aviões. No entanto, a Região Norte Fluminense só passou a utilizar
turbinas a gás próximo do anos de 1990, tanto para geração de energia, como para utilização
em plataforma de petróleo com injeção de gás.
O setor industrial ficou aquecido e novos investimentos foram realizados,
proporcionando maior fornecimento de gás natural e atendendo a demanda que essas
máquinas necessitavam. As novas tecnologias em aerodinâmica, os sistemas de resfriamentos
mais eficientes e, principalmente, a suportabilidade térmica dos materiais foram fatores que
ajudaram na expansão das turbinas a gás por todo o mundo. Assim, esse conjunto colaborou

para o aumento da própria potência mecânica e eficiência do sistema.

Segundo Carneiro (2007), os principais componentes do sistema térmico da turbina a


gás são básicamente o compressor, a câmara de combustão e a turbina, propriamente dita. O
ar atmosférico admitido é comprimido por meio do compressor, em seguida entra na câmara
de combustão, onde o mesmo recebe energia com a queima de combustível e aumenta a sua
temperatura. Quando os gases provenientes da combustão chegam na turbina chocam-se nas
palhetas, tal fluido é expandido fornecendo potência para acionamento do compressor e
potência útil. Fator este é conseguido devido aos vários estágios existentes, nos quais
dependem da relação entre a potência exigida, o fluxo de gás, a velocidade rotacional que
deve ser produzida e o diâmetro da turbina.
A potência útil produzida pela turbina a gás está limitada pela temperatura que o
material suporta,. Assim, o sistema de resfriamento deve ser bem eficiente, ao passo que além
de poder gerar mais potência, também pode aumentar-se a vida útil do equipamento. Logo, os
principais fatores que afetam o desempenho das turbinas a gás são: o rendimento dos
componentes e a temperatura de entrada na turbina.
Como o rendimento das turbinas a gás é diretamente proporcional a sua temperatura
de trabalho, a utilização de materiais de boa resistência é fundamental como, por exemplo, o
28

níquel, um metal muito utilizado para suportar grandes temperaturas. Conforme informações
dos fabricantes a limitação da operação está ligada a resistência ao calor do material utilizado
nas pás da turbine e devido às altas razões de pressão atingidas por este tipo de equipamento,
a utilização de refrigeração intermediária no compressor é uma das alternativas mais viáveis,
pois visam melhorar o desempenho do equipamento de uma forma geral.
As principais vantagens na utilização de uma turbina a gás estão relacionadas com as
unidades compactas e de pequeno peso (turbinas a gás equivalem, geralmente, a 1/4 em peso e
1/10 em volume quando comparadas com os motores alternativos e quando comparadas com
centrais a vapor convencionais, seu volume gira em torno de 1/100), baixa poluição ambiental
e utilização de combustíveis líquidos e gasosos. No ambiente industrial é possível encontrar
diversos fabricantes e modelos de turbinas a gás, porém as mesmas são difundidas em dois
tipos básicos: turbinas heavy-duty e aeroderivadas.

3.2 TURBINAS HEAVY-DUTY

As turbinas industriais heavy-duty são conhecidas pela sua robustez, flexibilidade no


uso de combustível, alta confiabilidade e baixo custo. São turbinas a gás de ciclo simples de
um eixo, capazes de fornece energia mecânica para o compressor que aciona a turbina e
também outras aplicações. Este tipo básico de turbina pode trabalhar a elevadas temperaturas,
possuindo grande aplicação na geração de eletricidade, visto que opera na base e pode gerar
até 350 MW.

3.3 TURBINAS AERODERIVATIVAS

Segundo Silva (2009), as turbinas aeroderivativas são oriundas de turbinas a gás


aeronáuticas que sofreram algumas modificações no decorrer do projeto. Já as turbinas
industriais puras (heavy-duty) são turbinas projetadas para a aplicação industrial segundo uma
filosofia própria. Assim, as turbinas a gás aeroderivativas são caracterizadas por apresentarem
maior eficiência térmica, pois possuem alta confiabilidade, ocupando pouco espaço e
flexibilidade na manutenção, além de atingir uma potência máxima de até 50 MW.
Mendes et al. (2005) destacam que outra vantagem das aeroderivativas é a
configuração com turbina livre e gerador de gás, pois ambos estão unidos por um
acoplamento aerodinâmico e, dessa forma, os esforços mecânicos na turbina livre não são
29

absorvidos pelo gerador de gás. Não obstante, o gerador de gás pode ter rotações diferentes da
turbina livre, proporcionando maior eficiência.
Carneiro (2007) observa que a utilização de mais de um eixo tem a finalidade de
aumentar a eficiência térmica, pois aumenta a razão de pressão do ciclo. A divisão da
compressão em vários estágios (vários eixos) visa aumentar a eficiência aerodinâmica do
processo de compressão com a obtenção de alta pressão do ciclo, já a compressão em um
único estágio diminui a faixa de operação da turbina a gás e sua eficiência térmica.
As turbinas a gás de múltiplos eixos são muito sensíveis aos distúrbios que porventura
possam ocorrer na rede elétrica, onde os riscos de perda de estabilidade da rede são maiores
quando comparadas com a configuração de um eixo. As turbinas de eixo duplo podem
apresentar um considerável acúmulo de energia no acoplamento aerodinâmico entre o gerador
de gás e a turbina de potência.
Uma variável importante a ser notada é a viabilidade econômica desse tipo de
máquina, pois modificar turbinas a gás aeronáuticas para serem utilizadas em fins industriais
sai mais barato do que projetar e desenvolver uma totalmente nova. No entanto, são
necessárias algumas modificações, para que seja possível a utilização de turbinas de
aeronaves na produção de energia elétrica de ciclo simples, como: fortalecimento dos
mancais, sistema de combustão, adição de turbina livre e caixa de redução;

3.3.1 CARACTERÍSTICAS DAS TURBINAS AERODERIVADAS

Este tipo de turbina a gás pode funcionar com temperaturas mais elevadas, o que
proporciona um maior rendimento, menor durabilidade e, consequentemente, manutenções
mais frequentes em relação às turbinas heavy-duty. De acordo com Corneiro (2007), as
turbinas aeroderivadas podem ter configurações com um ou vários eixos e ainda possuírem
turbina livre. A vantagem deste tipo de configuração, onde a turbina livre está acoplada
mecanicamente ao gerador elétrico, é que existe apenas um acoplamento aerodinâmico do
conjunto turbina livre/gerador, com o gerador de gás (spool turbina/compressor). Com isto, os
esforços mecânicos no conjunto turbina livre/gerador não são absorvidos pelo spool turbina/
compressor.
O termo “spool” refere-se ao gerador de gás, ou seja, do conjunto compressor/câmara
de combustão/turbina, o qual é responsável pela produção de energia (através de gases
quentes), sendo convertida na turbina livre ou turbina de potência. A Figura 2 a seguir ilustra
o gerador de gás de dois spools de um turbina aeroderivada com configurações avançadas.
30

Figura 2. Desenho representativo do gerador de gás (spool)


Fonte: Silva (2009)

As turbinas a gás com esse tipo de configuração são chamadas de turbinas


aeroderivativas, que são formadas por dois eixos, composta por um gerador de gás
relacionado ao primeiro eixo e uma turbina livre que compõe o segundo eixo, como mostra a
Figura 2 acima. Quando sua utilização for industrial a turbina livre é acoplada a um gerador
ou compressor, dando potência de acionamento. Normalmente o gerador de gás pode ter
rotações diferentes da turbina livre.
Carneiro (2007) também comenta das características fundamentais para a operação de
turbogeradores que deve ter rotação constante. Devido às restrições no sistema de geração, o
estágio de baixa pressão tem rotação constante desde a situação em vazio até em plena carga,
a fim de manter constante a freqüência. Já as configurações das turbinas de múltiplos eixos,
caracterizadas por spools com eixos concêntricos, operam com rotação variável em função da
potência solicitada.

3.3.2 TURBINAS COM VÁRIOS EIXOS

Conforme Silva (2009), além das turbinas de potência que corresponde à turbina livre
e é responsável por acionar o gerador, existem as configurações avançadas com dois ou três
spools. O constante crescimento do consumo de energia elétrica no mundo atual, associado à
dificuldade de obtenção de recursos e de aproveitamentos hidrelétricos, cada vez mais
remotos, tem dado origem à necessidade de soluções alternativas incluindo, assim,a utilização
de energia de origem térmica, eólica, nuclear, entre outras. Analisando esse cenário, tem
ocorrido bastante investimento no setor de geração de energia, principalmente em usinas
térmicas e em aquisição de turbinas derivadas da aviação.
31

Nas turbinas aeroderivativas com vários eixos, o gerador de gás pode possuir um, dois
ou três eixos concêntricos com a finalidade de aumentar a razão de pressão do ciclo e,
consequentemente, sua eficiência térmica. Quanto mais divisões nos eixos do gerador de gás
maior a eficiência aerodinâmica da compressão, entretanto, essas configurações podem ter
menor estabilidade da rede.
Existem diversos modelos e configurações que podem ser encontrados pelo mundo,
dentre os mais comuns são: turbinas avançadas com dois e três spools (conjuntos
compressor/turbina) e tradicionais com um spool + turbina livre ou com dois spools + turbina
livre. Em suma, o presente trabalho abordará somente a turbina a gás aeroderivada com
configurações avançadas de dois spools. Tal configuração possui um gerador de gás e um
conjunto compressor/turbina com conexão física com o eixo do gerador, de acordo com a
Figura 3.

Figura 3. Desenho esquemático de uma turbina a gás aeroderivada (com dois spools)
Fonte: Silva (2009)

3.3.3 EXEMPLO DE TURBINAS AERODERIVADAS

A GE (General Eletric), maior fabricante de turbinas do mundo, produz diversos


modelos de turbinas a gás aeroderivativas, como por exemplo, podem ser citadas as seguintes
turbinas fabricadas pela GE (General Eletric): LM1600, LM2500, LM5000 e LM6000,
fornecendo potências variando de 13,2 MW a 45 MW.

3.3.4 CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS DA LINHA LM

As seguintes características são comuns em todos os modelos LM de turbinas a gás:


parte central da máquina (compressor, combustor, e turbina), geometria variável para válvulas
32

IGV e estatórica, domo e paquete do combustor, cobertos, palheta da turbina de alta pressão
arrefecida e coberta; e palheta da turbina de potência não arrefecida.

3.3.5 TURBINA A GÁS LM6000

Conforme dados do fabricante a LM6000 tem muitas das características da turbina


CF6-80C2, a qual é utilizada como motor de avião, sendo aquela única no sentido de que a
sua turbina de baixa pressão pode ser diretamente acoplada à carga sem o uso de uma turbina
de potência extra. Este conceito melhora a eficiência da turbina em ciclo simples, reduzindo o
custo global e o tamanho da turbina à gás.
O rotor de baixa pressão da LM6000 consiste de um compressor de baixa pressão e
uma turbina de baixa pressão de 5 estágios, ambos conectados por um eixo intermediário, o
qual se estende através do centro da turbina. Enquanto o rotor de alta pressão consiste de 14
estágios, um compressor de alta pressão e uma turbina de alta pressão de 2 estágios com
acoplamento direto, arrefecimento e um combustor com 30 bocais de combustível. A taxa de
compressão é de 29:1. Assim, a LM6000 não tem uma turbina acoplada aerodinamicamente.

3.3.5.1 ESPECIFICAÇÕES DA LM6000 À 60 Hz

A turbina LM6000 é projetada para operar a uma rotação no eixo de saída de 3.600
rpm para a geração de energia elétrica, pois a operação da geração é em 60Hz. A velocidade
no rotor de alta pressão varia de 6.000 a 10.000 rpm, do ponto morto até o ponto de potência
máxima. A turbina é equipada com 3 sistemas que controlam o fluxo de ar para atingir as

características de performance desejadas. Além disso, sua potência é de 43.4 MW, com um

fluxo de exaustão de 126 kg/s e temperatura do gás de exaustão girando em tornde de 452°C,
onde tais especificações incluem perdas pelo gerador e pela redutora.
As IGVs que estão localizadas no compressor de baixa pressão direcionam a entrada
do fluxo de ar e válvulas direcionais entre o compressor de baixa e o de alta pressão permitem
que uma parte do ar seja descartada em condições de baixa carga. Seis estágios com aletas
direcionais no estator do compressor de alta pressão mantêm a eficiência elevada em toda a
faixa de trabalho. A Figura 4 seguinte representa a turbina LM6000 e seus estágios
termodinâmicos.
33

Figura 4. Turbina a gás LM6000


Fonte: CTGAS-ER - UTE Mário Lago (2009)

3.4 SISTEMA DE ADMISSÃO DE AR ATMOSFÉRICO

Há uma sistema de filtragem para remoção de partículas em dois níveis, aumentando a


eficiência na eliminação das impurezas. Assim, através de filtros, os sistemas de entrada de ar
têm a finalidade de remover partículas que podem afetar os componentes internos e a
eficiência da turbina. Outra função do sistema de entrada de ar é o arrefecimento da máquina
quando houver valores elevados da temperatura ambiente.

3.5 COMPRESSORES

Quanto aos compressores, existem dois tipos que são utilizados em turbinas a gás:
axial ou radial (centrífugo). Para um bom comportamento operacional da tubiba a gás é
indispensável que haja uma compressão eficiente de grandes volumes de ar e o compressor é
responsável por comprimir o ar que será introduzido na câmara de combustão.
A compressão do ar é feita por uma série de pás e aletas com perfil aerodinâmico em
vários estágios, com configuração de estágio variando conforme modelo e fabricante. A
energia de pressão é então transferida ao fluído de trabalho (ar) no rotor ou especificamente
nas pás fixas resultando numa elevação de pressão e o aumento da velocidade nas pás móveis.
34

Realizada a compressão, o ar segue para o sistema de combustão sendo que há


também a possibilidade de extração do ar dos diferentes estágios de compressão para selagem
dos mancais, limpeza do filtro de ar e resfriamento da turbina.

3.6 COMBUSTÃO

Após a compressão, a câmara de combustão fica responsável pela queima de uma


quantidade de combustível com um grande volume de ar. Na combustão, há liberação de calor
e consequente expansão, acelerando os gases que são resultantes da combustão e chocam-se
com as palhetas da turbina produzindo trabalho mecânico.
Um dos maiores esforços de pesquisa e desenvolvimento das turbinas a gás está ligado
à resistência dos materiais, devido a limitação da temperatura das palhetas da turbina. A
câmara de combustão deve realizar uma combustão eficiente e estável ao longo da faixa de
operação da turbina.

3.7 CICLO A GÁS

A turbina a gás foi introduzida para a geração de energia elétrica e sistema de potência
para compressores, revolucionando os processos com a utilização de combustíveis fósseis. A
evolução foi enorme, proporcionado avanços no segmento de geração de energia e produção
de petróleo, o que antes tornava-se difícil, uma vez que existia a falta de oferta de gás natural.
As mudanças tecnológicas ocorridas na aerodinâmica, através de metais com maior
resistência a altas temperaturas e sistemas de resfriamento mais eficientes, os rendimentos
térmicos ampliaram a gama de aplicação na indústria.
De acordo com Silva (2009), o principio básico de funcionamento de uma turbina a
gás pode ser visto na Figura 5 a seguir, onde o fluido de trabalho é comprimido pelo
compressor. O mesmo entra na câmara de combustão e recebe energia do combustível,
elevando sua temperatura. Na turbina o fluido é expandido fornecendo potência para o
compressor e potência útil. Sendo que a eficiência dos componentes (compressor 88 a 90%) e
a temperatura de entrada na turbina (até 1800 K) são os principais fatores que afetam o
desempenho das turbinas a gás.
Um outro fator que pode alterar o desempenho da turbina a gás é o tipo de câmara de
combustão, existem dois tipos: pressão constante ou volume constante. A primeira denomina
35

o ciclo da turbina a gás de “ciclo a pressão constante” e a segunda de “ciclo a volume


constante”.

Figura 5. Esquema de uma turbina operando em ciclo simples


Fonte: Silva (2009)

3.7.1 CICLO SIMPLES

A estrutura básica das turbinas a gás de ciclo aberto foi apresentada na Figura 5 acima,
onde o compressor de ar, geralmente axial, eleva a pressão até chegar a câmara de combustão,
sendo misturado com o combustível e produzindo gases que são eventualmente chocados na
turbina que produz energia mecânica. As principais partes de plantas de turbina a gás de ciclo
aberto são o regulador de velocidade, o sistema de combustível, a câmara de combustão e o
controle da temperatura, como também da turbina. Diferentes modelos de turbinas a gás em
sua maioria se refere a certas simplificações de alguns dos subsistemas. (MANTZARIS;
KARYSTIANOS; VOURNAS, 2008)
Carneiro (2007) mencionou que um dos maiores problemas apresentados nas turbinas
a gás de ciclo aberto é a baixa eficiência em todo o processo de produção do conjugado
mecânico entregue ao eixo, sendo tipicamente da ordem de 35%. Se comparada a eficiência
térmica das plantas de ciclo combinado onde operam com parâmetros super críticos,
necessitam de reaquecimento intermediário e um desenvolvido sistema de regeneração
podendo, assim, atingir 48%.
O mesmo autor também citou a relação com a operação, onde há uma diferença
marcante de é a atuação do controle do IGV entre uma turbina a gás operando em ciclo aberto
e uma turbina a gás operando em ciclo combinado. O IGV consiste em pás móveis que
controlam a quantidade de ar que entra na turbina a gás, quando a turbina opera em ciclo
combinado o controle do IGV deve ser bastante efetivo para que a razão entre ar e
36

combustível permaneça constante, deste modo, é mantida a temperatura dos gases de exaustão
e a caldeira de recuperação opera no ponto ótimo. Já no ciclo aberto a influência das pás é
praticamente constante, sendo a maior variação somente na partida, a mesma não é atribuída
no controle da máquina quando operada neste ciclo.

3.8 UTE MÁRIO LAGO

A UTE Mário Lago é uma central de geração de energia elétrica para suprimento da
região, contemplando 20 turbinas aeroderivadas e divididas em cinco blocos, cada um com 4
máquinas, sendo capaz de gerar 180 MW por bloco e 928 MW em capacidade máxima.
Situada ao norte do Estado do Rio de Janeiro, com cerca de 180 km da cidade do Rio de
Janeiro, a aproximadamente 28Km da cidade de Macaé e a 100 km da cidade de Campos.
(TERMOMACAÉ, 2007)
As unidades são compostas por turbinas a gás aeroderivativas do tipo LM 6000 PC-
NG, em ciclo aberto, potência unitária média de 46,411 MW, a uma temperatura ambiente de
28°C e a umidade relativa de 86%, cada uma delas acoplada a um gerador refrigerado a ar.
(TERMOMACAÉ, 2007)
Esta usina utiliza como meio de geração de energia os turbogeradores, que são
divididos em três partes: turbina como parte motriz, caixa redutora responsável pela
transmissão de velocidade e gerador sendo a parte operatriz. O bom funcionamento deste
conjunto é de fundamental importância para a performance da geração, pois esta necessita de
estabilidade da rotação da máquina como parâmetro de sincronismo para se colocar a máquina
em plena carga. Assim, este trabalho abordará os principais tipos de controles utilizados nas
tubinas desta usina.
O gás natural, utilizado como combustível pela UTE Mário Lago, é fornecido pela
Companhia Estadual de Gás (CEG), que após tratamentos realizados dentro da própria usina,
são alimentados os blocos com os turbogeradores. Assim, as figuras 6 e 7 a seguir ilustram a
UTE Mário Lago.
37

Figura 6. UTE Mário Lago


Fonte: Boletim de Engenharia, Tahiro (2013)

Figura 7. Vista superior com equipamentos da UTE Mário Lago


Fonte: Boletim de Engenharia, Tahiro (2013)

3.9 MODELAGEM

Carneiro (2007) descreve a modelagem matemática de um sistema dinâmico como um


conjunto de equações que representa a dinâmica do sistema com precisão, ou pelo menos, de
forma bastante aceitável. A modelagem matemática da turbina a gás é freqüentemente
simplificada devido à sua complexidade e ao conhecimento intrínseco necessário à sua
análise.
38

Com a modelagem matemática da turbina, pode-se ter diversos benefícios, dentre os


quais cabe citar: partidas rápidas – ajuste correto dos parâmetros do sistema de controle,
menor tempo de máquina – diminuição do estresse devido a extensivos ajustes de campo,
operação mais eficiente, aumento da vida útil – prevenção de condições de sobre-velocidade e
comportamento oscilatório, e operação estável e segura. Antes que o sistema dinâmico possa
ser analisado, deve-se determinar o modelo matemático preciso que o descreva
completamente.

3.10 REPRESENTAÇÃO EM POR UNIDADE (PU)

A análise no desempenho de sistemas de potência utiliza de forma conveniente a


representação em PU de grandezas, tais como: tensão, corrente, impedância, potência ativa e
reativa, etc. Tal análise consiste em dividir uma dada grandeza pelo seu correspondente (valor
base), escolhido de forma apropriada na mesma unidade e ordem de grandeza. Desta forma,
transforma-se em uma quantidade “padronizada” com relação ao valor base escolhido.
(VOLPONI, 1999)

3.11 PRINCIPAIS CONTROLES

Uma das limitações que devem ser consideradas em turbinas a gás é o fato de que a
velocidade da turbina não deve ultrapassar um certo nível, pois a frequência da energia gerada
é diretamente relacionada com a velocidade da turbina. A temperatura de exaustão também
deve ser limitada por causa da condições físicas e econômicas. De modo a ter um
funcionamento correto e normal, diferentes sistemas de proteção e de controle são aplicados
em plantas de turbina a gás. Estes sistemas controlam parâmetros diferentes, relacionados a
entrada de turbina, temperatura de saída, velocidade e taxa de vibração do eixo, condição
chama e a quantidade de fluxo de ar de arrefecimento, entre os quais, alguns parâmetros são
mais significativos que outros, no entanto, a variação de cada parâmetro não pode ultrapassar
uma faixa permitida. (MANSOURABAD ; BEHESHTI; SIMAB, 2013)
Este estudo visa a modelagem e simulação de uma turbina a gás aeroderivada do
modelo LM6000 do fabricante da GE (General Eletric) com enfoque na estabilidade elétrica.
A turbina possui muitos controles, porém alguns merecem um enfoque maior, pois são de
extrema importância para o funcionamento da máquina e quando sofrem alteração, mudam o
resultado do comportamento da máquina diretamente.
39

As turbinas a gás geralmente possuem os seguintes controladores:


- Controlador de partida: responsável pela inicialização do sistema e aumento da velocidade
da turbina, no caso de uma aceleração excessiva do rotor o mesmo se tornará ativo, sendo
realizado em circuito aberto por várias fases e etapas;
- Controlador de velocidade: substitui o controlador de partida nas velocidades próximas da
velocidade nominal, sendo responsável por aumentar a velocidade da turbina com precisão na
fase final de arranque e regular a velocidade antes da unidade de sincronização e fechar o
disjuntor do gerador;
- Controlador de carga: onde controle da turbina é transferido automaticamente a partir do
controlador de velocidade para o controlador de carga após o fechamento do disjuntor do
gerador e sincronização da unidade, sendo responsável pelo aumento de carga da turbina e
diminuição para atingir o nível de carga determinada pela unidade;
- Controlador de limite máximo de temperatura: representa o limitador de temperatura da
turbina, sendo responsável por controlar e evitar a sobrecarga da turbina, se a temperatura for
superior a temperatura máxima tolerável pela mesma;
- Controlador de limitação de carga mecânica da turbina: limita a carga mecânica da turbina e
impede que esta atinja um valor máximo permitido.
A Figura 8 representa a estrutura de controle de uma turbina a gás que opera em ciclo
simples. Assim, nos próximos tópicos será explicado o funcionamento dos principais
controles citados no diagrama abaixo.

Figura 8. Diagrama funcional da operação em ciclo imples para turbina a gás: representação
dos principais controles
Fonte: Silva (2009)
40

3.11.1 CONTROLE DE VELOCIDADE

Segundo Kakimoto (2003), o regulador de velocidade ou controle de velocidade


podem ser de dois tipos: isócrono, quando a turbina estiver operando isoladamente, ou
regulador com queda (droop), na operação interligada. Sendo o regulador de velocidade o
principal recurso do controle da turbina a gás para variações de carga. Neste caso, o operador
da turbina é o responsável pela escolha do tipo de controle utilizado, bastando alterar os
parâmetros, já que ambos os modos de controle de velocidade, tanto isócrono quanto com
queda, podem ser estabelecidos.
Esse controlador determina a demanda de combustível de acordo com a referência de
carga e o desvio de velocidade do rotor, por isso suas entradas são o erro de freqüência e o
valor nominal da potencia, onde o ponto de ajuste de potência é inicializado a partir dos
resultados do fluxo de carga.
Conforme Mendes et al. (2005), o ajuste do fluxo de ar é de cerca de 30% do fluxo de
ar nominal. A velocidade de ajuste é lenta em comparação com o fluxo de combustível, logo,
o fluxo de ar é proporcional à velocidade do rotor, cujo controle de velocidade tem a função
de manter a rotação da turbina dentro dos limites permitidos, atuando sobre as válvulas de
admissão GV e aumentando ou reduzindo o fluxo de combustível. A Figura 9 abaixo,
representa o sistema de uma turbina com regulador de velocidade:

Figura 9. Sistema de uma turbina com regulador de velocidade


Fonte: Silva (2009)
41

3.11.1.1 CONTROLE DE VELOCIDADE TIPO COM QUEDA (DROOP)

Para Silva (2009) o controlador com queda é usado para regular a potência de saída da
turbina quando a mesma opera interligada a rede elétrica. Este controlador reage aos desvios
da velocidade atual com relação à velocidade de referência.
A opção em operar no modo droop é pela necessidade de poucas variações da rotação,
pois o sistema deve manter uma frequência constante próximo de 60Hz. Por ser um controle
proporcional a rotação da turbina a gás é também equivalente à frequência da rede, sofrendo
apenas pequenas variações próximo do ponto de operação.
Rowen (1983) itera que a lei de controle nesse modo de operação é do tipo ‘avanço-
atraso’, logo, a saída do bloco controlador é proporcional à diferença entre a rotação da
turbina e o valor de referência definido pelo usuário. O setpoint digital é o recurso utilizado
para controlar a saída da turbina a gás quando a mesma está operando de forma interligada e
usando um regulador com queda (droop). O valor do setpoint digital definirá a potência a ser
gerada na saída da turbina a gás e no bloco do controle de rotação, modificando os parâmetros
para alterar o modo de operação.
O controlador droop é um regulador proporcional. O ganho tipicamente varia de 10 à
50, o que corresponde aos droops primários entre 2% e 10%. Como a rotação da turbina a gás
é proporcional à frequência da rede, a mesma vai sofrer pequenas variações ao redor do ponto
nominal de operação (N ≈ 1PU).

3.11.1.2 CONTROLE DE VELOCIDADE TIPO ISÓCRONO

O controlador isócrono é utilizado quando o sistema não está ligado a rede, ou seja,
operando de forma ilhada, em apenas uma das máquinas da planta, garantindo que a
freqüência da mesma seja recuperada para o valor de referência.
O controlador isócrono é um regulador PI (com o ganho Ki e constante de tempo Ti),
o que reduz o erro de frequência de zero. Na verdade, é necessário para controlar a freqüência
da planta quando não há conexão com a rede de distribuição (operação ilhada). O modelo
implementado permite uma transição suave de um controlador para o outro, uma vez que
obriga a saída do regulador isócrono a seguir a saída do controlador de inclinação e quando o
controlador PI não está em operação. (MASSUCCO; PITT; SILVESTRO, 2011)
42

3.11.1.3 CONTROLE DE VELOCIDADE TURBINA LM6000

De acordo com Mendes et al. (2005), turbogradores podem operar com dois tipos de
reguladores de velocidade, regulador de queda e isócrono, e esses reguladores são
responsáveis pelo controle de rotação. Resumidamente o regulador de queda de velocidade
utiliza o proporcional puro, onde a saída é proporcional ao erro da velocidade. Diferentemente
do regulador isócrono que utiliza um controlador integrador puro, onde a saída será integrada
até que o erro seja corrigido totalmente.
A turbina LM6000 utiliza o regulador tipo queda de velocidade (droop), proveniente
da operação em paralelo, configuração da UTE Mário Lago. O sistema elétrico de potência
provoca pequenas perturbações no conjugado elétrico, tais perturbações fazem com que o
ocorra um leve desequilíbrio entre o conjugado elétrico e mecânico. Então, para que ocorra a
correção desse desequilíbrio, o regulador de velocidade tipo droop atuará na abertura ou
redução na válvula de admissão de combustível, alterando o fluxo deste até que seja
reestabelecido o equilíbrio.
Apesar da rotação permanecer quase que constante, seu controle altera
significativamente o rendimento da máquina térmica, pois o regulador de velocidade atua na
modulação da válvula de combustível, fazendo com que gere mais ou menos gases quentes
(energia mecânica) para serem transformados em energia elétrica. Desse modo, oaumento ou
a redução da potência gerada é de acordo com o que está ocorrendo no controle de rotação.
Vale lembrar que a potência não está somente associada ao controle de rotação, mas também
a outros fatores que serão vistos a seguir.
Ahmed (2009) concluiu em sua pesquisa que a principal função do sistema de controle
da velocidade é propiciar uma mudança na potência de saída da turbina que é proporcional,
mas de sinal opostom a alteração da velocidade da turbina. Esta mudança é chamada erro de
velocidade e é igual à velocidade real menos a velocidade de referência, uma vez que o
gerador é normalmente sincronizado com o sistema de alimentação e o erro de velocidade é
também um erro de frequência, sendo o controle de velocidade usado para fornecer regulação
da frequência.
A velocidade da turbina a gás é detectada por meio de um sensor magnético e os
impulsos são obtidos com a taxa de 60 pulses / rotação de uma engrenagem de 60 dentes
montado sobre o eixo da turbina a gás. O sinal de impulso é convertido para um sinal
analógico proporcional à sua frequência, a qual é dada como o sinal de realimentação de
velocidade. O sinal analógico de velocidade é somado a outras referências de velocidade, que
43

são: 100% da referência de velocidade, velocidade máxima sem carga, ponto de ajuste digital
e VCE, que representa o feedback através de resistências de droop para a junção de soma,
estes sinais determinam a quantidade de combustível necessária para a turbina, como
mostrado na Figura 10 do circuito de controle de velocidade. Quando estas cinco entradas são
somadas, o sistema é satisfeito e o aparelho é um controle de velocidade.

Figura 10. Circuito eletrônico do controle de velocidade de uma turbina a gás.


Fonte: Ahmed (2009)

O bloco utilizado para o controle de rotação é dado na figura 11 abaixo.

Figura 11. Diagrama de bloco representativo do regulador de velocidade


Fonte: Silva (2009)

Onde:
ω(s) = Velocidade angular no eixo do rotor (pu);
ωS(s) = Sinal de saída do regulador de velocidade (pu);
W, X ,Y, Z = Parâmetros e constantes de tempo do regulador de velocidade.

No caso de se utilizar o regulador de velocidade com queda, o parâmetro W é definido


pela seguinte expressão:
44

Onde:
R é chamado de estatismo permanente. O estatismo no Sistema Interligado Nacional (SIN) é
tipicamente igual a 5%, ou seja, com R=5% tem-se que o KD=20. Para o presente trabalho foi
utilizado regulador de velocidade na condição ‘droop’ de 5%, portanto o valor da constante
do controlador é KD = 1/0,05=20.

3.11.2 CONTROLE DE TEMPERATURA

O controle de temperatura é o recurso normal para limitar a saída da turbina a gás em


uma temperatura de aquecimento pré-determinada, independente da variação na temperatura
ambiente ou das características do combustível. Visto que a temperatura de exaustão é medida
usando uma série de termopares, incorporando protetores contra radiação, com um pequeno
erro transitório devido às constantes de tempo associadas ao sistema de medição. (SILVA,
2009)
A máquina quando em operação normal, monitora os valores de temperatura, evita o
desgaste excessivo dos componentes da turbina. Caso esses valores de temperatura atinjam
certos níveis, então o controle de temperatura, faz com que a máquina fique limitada devido à
alta temperatura em certo local da máquina. Logo, o controle de temperatura restringe a
temperatura de exaustão para não ferir a turbina, onde a temperatura de descarga é medida em
comparação com a temperatura de referencia e a saída é o sinal de controle de temperatura.
Para realizar essas medições de temperatura são utilizados termopares que, quando
submetidos a rápidas variações de temperatura, demoram a perceber essa variação,
produzindo um delay no sinal de temperatura. Esse atraso determina o overshoot causado pela
existência de uma rápida variação de temperatura e para minimizá-lo e compensar o atraso
causado pelo termopar, a malha de controle de temperatura monitora a taxa de variação da
mesma. Esse valor é atualizado no sinal de temperatura, fazendo com que o controlador atue
na modulação da válvula de combustível, limitando o overshoot. (SILVA, 2009)
Sob condições normais de operação, onde ocorrem pequenos distúrbios na carga, o
controle de temperatura não tem ação significativa, desde que, a turbina esteja operando um
pouco abaixo de sua potência nominal. Entretanto, quando o aumento de potência gerada pela
turbina a gás é determinado pela redução da freqüência do sistema, o controle de temperatura
passa a atuar resguardando a turbina a gás de altas temperaturas que possam reduzir a vida útil
de funcionamento da máquina. O limite de temperatura depende da temperatura ambiente,
assim, no caso de ocorrer aumento da temperatura ambiente, a temperatura de escape tende a
45

aumentar e a ação do circuito de controle de temperatura será a redução da quantidade de


consumo de combustível da turbina a gás. Por outro lado, quando a temperatura ambiente
diminui a temperatura de escape tende a diminuir também, portanto, se não houver redução do
consumo de combustível, o controle de velocidade assume a malha de controle ativa.
(CENTENO ET AL., 2005)
Silva (2009) complementa ainda que a temperatura de exaustão é medida através da
aplicação de uma série de termopares incorporados aos protetores de radiação, onde haverá
um pequeno erro transitório devido às constantes associadas ao sistema de medição.

3.11.2.1 PROTETOR CONTRA RADIAÇÃO

O protetor contra radiação (Radiation Shield) é utilizado para minimizar o erro de


radiação que afeta o termopar. Tal erro pode ser dividido em três componentes: erro causado
pela radiação na junção do termopar, erro causado pela radiação do gás e da chama e erro
devido ao efeito catalítico (reações químicas na superfície do termopar).
Na Figura 12 nota-se a diminuição do erro na utilização do protetor, onde o valor
correto da temperatura do gás é de 1650 ºC:

Figura 12. Porcentagem de erros com a utilização das barreiras protetoras


Fonte: Silva (2009)

O protetor contra radiação introduz um atraso na medição da temperatura. A Figura 13


mostra a representação matemática em diagrama de bloco do componente.

Figura 13. Diagrama de bloco representativo do protetor contra radiação


Fonte: Silva (2009)
46

Onde:
θX (s) = Temperatura de exaustão da turbina (ºC);

θS(s) = Temperatura medida pelo protetor de radiação (ºC);


τ1 , τ2 = Constantes de tempo do protetor de radiação (s).

3.11.2.2 TERMOPAR

Para medição da temperatura dos gases exaustos da turbina são utilizados termopares,
que são responsáveis por realizar a transdução do sinal de temperatura em um sinal de tensão
proporcional.
Silva (2009) destacou que o tempo de resposta da tensão de saída do termopar a uma
variação na temperatura do gás de exaustão, é uma função do tempo de aquecimento do bi-
metal. Logo, constante de tempo do termopar é a medida do tempo de atraso de resposta
devido a uma variação de temperatura. A dinâmica da malha de controle é afetada por esta
constante, sendo importante o valor desta para o projeto do controlador. Na ocorrência de uma
variação rápida da temperatura, o overshoot é determinado pela magnitude desta constante.
De acordo com Rowen (1983), o bloco para o controle de temperatura irá atuar
decorrente da variação entre a temperatura medida e a temperatura de referência, ou seja, deve
haver variação na temperatura do termopar. A Figura 14 abaixo representa o diagrama de
bloco do termopar:

Figura 14. Diagrama de bloco representativo do termopar


Fonte: Silva (2009)

Onde:
θS(s) = Temperatura medida pelo protetor de radiação (ºC);
θp(s) = Temperatura medida pelo termopar (ºC);
τ3 = Constante de tempo do termopar (s).
47

3.11.2.3 SISTEMA DE CONTROLE DE TEMPERATURA

Este sistema consiste em um bloco de controle PI de limitação, com um ganho muito


baixo. Caso haja aumento da potência requerida haverá um aumento na vazão de combustível,
o qual resultará na elevação da temperatura de operação da turbina. Esta temperatura deve ser
controlada para não alcançar o limite máximo do material usado na turbina. O sistema de
controle de temperatura amplifica e compara o sinal elétrico proporcional, produzido pelos
termopares, com o valor de referência, modulando a vazão de combustível quando a
temperatura alcança o valor pré-determinado. (MASSUCCO; PITTO; SILVESTRO, 2011)
Assim a Figura 15 abaixo representa o diagrama de bloco do sistema de controle de
temperatura:

Figura 15. Diagrama de bloco representativo do sistema de controle de temperatura


Fonte: Silva (2009)

Onde:
Δθ(s) = Variação da temperatura (ºC);
ΔθC (s) = Variação de temperatura do sinal controlado (ºC);
τT = Razão de integração do controle de temperatura (s);
KT = Constante do controle de temperatura (pu).

3.11.3 CONTROLE DE IGV

Mendes et al. (2005) destacam que a representação do controle denominado IGV pode
ser desprezada quando a turbina a gás opera em ciclo simples, mas é fundamental na operação
em ciclo combinado.
Carneiro (2007) também faz referência à atuação do controle pela IGV, pois há
diferença marcante entre uma turbina a gás operando em ciclo simples e uma turbina a gás
operando em ciclo combinado. O IGV consiste em pás móveis que controlam a quantidade de
ar que entra na turbina a gás. Quando a turbina opera em ciclo combinado o controle do IGV
deve ser bastante efetivo para que a razão entre ar e combustível permaneça constante. Deste
48

modo é mantida a temperatura dos gases de exaustão e a caldeira de recuperação opera no


ponto ótimo. No entanto, quando a operação for em ciclo simples, a atuação da IGV não se
aplica.

3.11.4 SISTEMA COMBUSTÍVEL

O sistema de combustível consiste de dois blocos em série, representando as duas


válvulas existentes na turbina. O primeiro bloco diz respeito a válvula que controla a pressão
de combustível em função da rotação e o segundo bloco faz relação a segunda válvula que
controla o fluxo de combustível, sendo este proporcional ao produto do sinal de combustível
pelo sinal de rotação da turbina.
Rowen (1983) apresentou a influência do tipo de combustível utilizado, onde as
constantes de tempo apresentadas são diferentes. Outra diferença se deve à existência de uma
realimentação devido ao bombeamento quando houver a utilização de combustível líquido. O
acúmulo de combustível nas tubulações entre a válvula de controle e os injetores são
representados pelas constantes de tempo remanescentes no sistema de combustível. O bloco
que representa o sistema de combustível é dado pela Figura 16:

Figura 16. Diagrama de bloco representativo do sistema de combustível e posicionador da


válvula
Fonte: Silva (2009)

Onde:
VCE = Sinal de demanda de combustível (pu);
Kct = Constante que representa o consumo próprio da turbina (pu);
Kc = Constante que representa a influência da demanda de combustível na turbina (pu);
Kf = Realimentador do sistema de combustível (pu);
a,b, c = Valores associados à função de transferência do posicionador da válvula de admissão
de combustível (pu);
49

τf = Constante de tempo do sistema de combustível (s);


Wf (s) = Fluxo de combustível (pu).

A turbina LM6000 é uma turbina a gás que opera com gás natural, sendo assim, a
realimentação Kf será 0, pois, conforme Rowen (1983), a realimentação só é usada para
combustíveis líquidos.

3.11.5 CONTROLE DE ACELERAÇÃO

O controle de aceleração atua como uma restrição da variação da aceleração,


impedindo que a turbina dispare, ou seja, acelere mais que o devido. Esse controle limita a
taxa de aceleração do rotor, melhorando o estresse térmico encontrado no decorrer da partida.
Sua função é secundária durante a operação normal, em que ele atua para reduzir o fluxo de
combustível e limitar a tendência de sobre velocidade no evento em que o conjunto turbina-
gerador se separa eletricamente do sistema. (SILVA, 2009)
O limitador de aceleração intervém quando a aceleração do rotor supera a aceleração
máxima admissível (tipicamente em torno de 1rad/s²). Se esta condição se verifica, a saída do
limitador é válida no interior do seletor mínimo. Se este sinal é o mais baixo da entrada do
seletor, o limitador reduz a solicitação de combustível.
Quando o limitador de aceleração não funciona, é certo que o erro da aceleração seja
positive. Assim, a saída do integrador atinge o limite superior. Já se a aceleração do rotor
superar a aceleração máxima admissível, o erro torna-se negativo e aceleração da saída do
integrador diminui a partir do limite superior. De modo a realizar uma intervenção oportuna
do limitador, o limite superior deverá ser igual à potência mínima do seletor. Em aplicações
práticas, são escolhidos poucos pontos percentuais maiores do que a saída mínima selector.
(MASSUCCO; PITTO; SILVESTRO, 2011)
Sendo assim, Mendes et al. (2005), confirmam que o controle de aceleração é utilizado
na partida da máquina para limitar uma tendência de sobre velocidade, caso ocorra uma
rejeição de carga. Esse controle também evita o desgaste térmico da máquina, limitando a
taxa de aceleração do eixo do gerador.
Quando o controle de aceleração detecta uma tendência de sobre velocidade, ele atua
na modulação da válvula de combustível, fazendo o fluxo deste diminuir e controlando a
sobre velocidade. Essa é uma função secundária do controle de aceleração, pois sua principal
função é a de limitar o disparo da turbina na partida. De acordo com Cigre (2003), o controle
50

de aceleração é muito importante também porque atua como limitante para que a turbina não
entre em zonas de operação inseguras.
O sinal de entrada para este controle é a velocidade da turbina que passa através de um
bloco derivado e é comparado com o limite de aceleração. O sinal de erro obtido é escalado
pelo ganho Ka e este valor é somado ao valor atual do valor de saída do seletor de valor
mínimo. A Figura 17 descreve o sistema do controle da aceleração:

Figura 17. Diagrama de bloco representativo do controle de aceleração


Fonte: Silva (2009)

Onde:
Ka = Ganho do controle de aceleração;
Sa(s) = Sinal de entrada do controle de aceleração;
α0= Valor de referência da taxa de variação da variável de entrada (pu);
β(s) = Sinal de saída do controle de aceleração (pu).

Rowen (1998), formulou algumas alteração para as turbinas a gás aeroderivadas, cujo
o sinal de entrada do controle de aceleração passará a será Eg(s), que é o sinal vindo do
conjunto gerador de gás.
No modelo matemático da LM6000 foi inserido um bloco na malha de controle de
aceleração, que de acordo com Rowen (1983), é set para 0,01(α0), pois é a deficiência de
torque de aproximadamente 10%, que é o limite da deficiência de torque e representa a
máxima taxa de desaceleração ou absorção de torque vindo do sistema.

3.11.6 SELETOR DE VALOR MÍNIMO

O seletor de valor mínimo compara as três entradas (regulador de velocidade,


controle de temperatura e controle de aceleração), sendo sua saída a menor das três. A
transferência de um tipo de controle para outro é feita sem atraso ou impacto. A saída do
bloco seletor de valor mínimo é comparada com os valores máximos e mínimos., onde o valor
51

máximo funciona como um back-up para o controle de temperatura, não sendo encontrado em
operação normal. O valor mínimo é mais importante dinamicamente, pois o limite mínimo é
escolhido para manter o fluxo de combustível adequado para assegurar a chama. (MENDES
ET AL., 2005)
De acordo com Silva (2009), os controles de temperatura e de aceleração atuam como
limitadores sobre o sinal de solicitação de combustível. Assim, a saída deles deve ser ignorada
sempre que a variável controlada não tiver atingido seu limiar superior, ou seja, o limitador
não poderá intervir. Por outro lado, se o máximo valor permitido para a variável controlada
for excedido, a saída deles será fornecida para o bloco seletor de valor mínimo. A
transferência de um sinal de controle para outro é feita sem atraso ou impacto e o bloco do
seletor de valor mínimo é representado na Figura 18 por:

Figura 18. Diagrama de bloco representativo do seletor de valor mínimo


Fonte: Silva (2009)

Onde:
ω(s) = Sinal do regulador de velocidade (pu);
θC (s) = Sinal do controle de temperatura (pu);
β(s) = Sinal do controle de aceleração (pu);
min(s) = Valor mínimo obtido pelo seletor (pu).

3.11.6.1 LIMITAÇÃO VCE

O sinal de solicitação de combustível proveniente do selector mínimo é enviado para


um limitador de combustível. Seu limite inferior Fmin é -0.1pu, garantindo que o combustível
entregue aos combustores seja suficiente para suportar o processo de combustão. O valor
mínimo de combustível para manter o compressor em funcionamento é de 16% e representa
52

também a quantidade mínima de combustível para suportar as chamas na câmara de


combustão, onde, na verdade, ele contém: 0.23 +0.77 * (-0.1) = 0.16. (MASSUCCO; PITTO;
SILVESTRO, 2011)
Mendes et al. (2005) afirmam que, após o limitador definir o sinal VCE
correspondente ao sinal de demanda do combustível, este passa a comandar a mistura
ar/combustível na câmara de combustão da turbina a gás. O fluxo de gás resultante sofre a
influência das constantes de tempo do sistema de combustível e do gerador de gás.

3.11.7 ATRASO COMBUSTOR

Segundo Carneiro (2007), há um atraso ocasionado pelo processo de combustão entre


a válvula bypass e o sensor de fluxo de combustível devido a inércia do sistema e a
compressão do combustível. A Figura 19 descreve o bloco de atraso do combustor:

Figura 19. Diagrama de bloco representativo do combustor


Fonte: Silva (2009)

Onde:
Wf (s) = Fluxo de combustível (pu);
Wfs (s) = Fluxo de combustível com o atraso do combustor (pu);
εCR = Tempo de atraso devido ao combustor (s).

Na utilização de combustível gasoso, pode-se desprezar tal atraso. Como a função de


transferência do tempo morto não é racional, não será possível fazer a análise de sistemas
dinâmicos com tempo morto usando apenas os conceitos e as propriedades das transformadas
de Laplace racionais. Rowen (1983) e Silva (2009) enumeram que este problema é
contornado aproximando-se a função de transferencia por funções racionais, conforme
desmonstrado abaixo, entre as quais a mais utilizada é a aproximação de Padé de primeira
ordem, descrita pela seguinte equação:
53

3.11.8 ATRASO EXAUSTÃO

Silva (2009) itera que há outro atraso proveniente do gás que desloca-se da câmara de
combustão até a localização dos termopares que medem a temperatura da turbina. Sua
representação é feita no diagrama de blocos abaixo, onde Rowen (1983) também destaca que
na utilização de combustível gasoso, pode-se desprezar tal atraso.

Figura 20. Diagrama de bloco representativo do atraso ocasionado pela exaustão


Fonte: Silva (2009)

Onde:
Wfs (s) = Variação do fluxo de combustível com atraso do combustor (pu);
Wft (s) = Variação do fluxo de combustível com o atraso da exaustão (pu);

ε TD = Tempo de atraso devido ao sistema de exaustão da turbina a gás (s).

3.11.9 DESCARGA DO COMPRESSOR

Rowen (1983) em sua modelagem observa a existência de mais um atraso,


correspondente a descarga de ar do compressor que causa um pequeno tempo morto, sendo
este representado pelo diagrama de bloco da Figura 21:

Figura 21. Diagrama de bloco representativo da inércia do compressor


Fonte: Silva (2009)

Onde:
Wfs (s) = Fluxo de combustível com atraso do combustor (pu);
Wfp (s) = Fluxo de combustível com o atraso do compressor (pu);
τCD = Constante de tempo do compressor (s).
54

3.11.10 EIXO DA MÁQUINA

Outro componente importante para o desenvolvimento do simulador da turbina


LM6000 é o eixo do rotor. De acordo com Silva (2009), a constante de tempo do rotor passa a
ser definida como o tempo necessário para que o rotor dobre a sua velocidade angular, se for
mantida constante a taxa de variação de velocidade que ocorre após a perda de conjugado de
carga. O diagrama bloco que representa o eixo da máquina é:

Figura 22. Diagrama de bloco representativo do eixo da máquina


Fonte: Silva (2009)

Onde:
Pa(s) = Potência de aceleração da máquina (pu);
τS = Constante de tempo associada aos elementos acoplados ao eixo (s);
ωr(s) = Velocidade angular do rotor da máquina (pu).

3.11.11 GERADOR DE GÁS

O conjunto gerador de gás também é um componente importante na modelagem de


uma turbina a gás aeroderivada, pois o mesmo altera o resultado da carga gerada pelo rotor.
As turbinas aeroderivativas são sensíveis aos distúrbios que porventura possam ocorrer na
rede elétrica, onde os riscos de perda de estabilidade são maiores quando comparados à
configuração de um eixo apenas.
Consoante Carneiro (2007), para as turbinas de eixo duplo, existe um atraso entre o
instante em que o combustor alcança uma nova taxa de queima e o instante em que o gerador
de gás alcança um novo nível de fluxo de massa para o torque necessário. Após o combustor
alcançar a nova taxa de combustão, a temperatura alcançará o nível desejado, mas a
velocidade do gerador de gás deve aumentar para que o fluxo de massa desejado seja obtido.
O tempo de resposta do gerador de gás é usualmente não-linear e em baixas velocidades o
mesmo pode levar mais tempo para incrementar a sua velocidade. Portanto, um aumento de
55

carga quando a turbina estiver com baixo carregamento apresenta um tempo de recuperação
maior do que com alto carregamento.
Para os autores Tesoutsanis et al. (2013) e Carneiro (2007), as turbinas de dois spools
podem apresentar um considerável acúmulo de energia no acoplamento aerodinâmico entre o
gerador de gás e a turbina de potência. Durante um acréscimo de carga, o acoplamento leva
um tempo para alcançar o novo nível de temperatura e pressão e a energia acumulada é
reduzida antes da obtenção do novo torque. A constante de tempo do gerador de gás e a
capacidade de acúmulo do acoplamento afetam desfavoravelmente o comportamento
transitório da turbina de eixo duplo comparada com a turbina a gás heavy-duty.
Devido às restrições no sistema de geração, os estágios de baixa pressão têm rotação
constante desde a situação em vazio até a em plena carga, com o intuito de manter constante a
freqüência. Rowen (1998) propôs o acréscimo do sistema gerador de gás, definindo um
modelo dinâmico utilizado para as turbinas aeroderivativas de múltiplos eixos. Foram feitas
algumas modificações a partir do modelo original utilizado para a turbina de um eixo, são
elas: inserção do bloco do gerador de gás, modificação das funções algébricas e mudança dos
parâmetros do sistema de combustível, termopares e rotor.
A Figura 23 mostra o sistema físico de uma turbina a gás aeroderivada do tipo
avançada de dois spools, correspondente a turbina LM6000.

Figura 23. Esquema físico de uma turbina a gás avançada de dois spools
Fonte: Silva (2009)

Onde:
LPC = Estágio de baixa pressão do compressor;
HPC = Estágio de alta pressão do compressor;
HPT = Estágio de alta pressão da turbina;
LPT = Estágio de baixa pressão da turbina (turbina de potência).
56

A Figura 24 representa a proposta feita por Rowen (1998), quando adequou o


modelo para turbinas aeroderivadas, com a inserção do bloco gerador de gás.

Figura 24. Diagrama de bloco representativo da turbina a gás avançada


Fonte: Rowen apud Silva (2009)

A Figura 25 abaixo descreve o diagrama de blocos da geradora de gás de uma turbina


aeroderivada do tipo avançada de dois spools, correspondente a turbina LM6000, objeto de
estudo da pesquisa.

Figura 25. Diagrama de bloco representativo do gerador de gás


Fonte: Silva (2009)

O gerador de gás fornece empuxo para a turbina de potência através do fluxo de massa
proveniente dos gases quentes de exaustão. No modelo de gerador de gás pode ser
considerado o seguinte valor típico para a constante de tempo: τG4 = 2,0 s e a variável Eg que
diz respeito a vazão de massa produzida pelo gerador de gás. Existem, assim, duas funções no
modelo (f1 e f2) que fazem referência a temperatura de exaustão e torque no rotor,
respectivamente. Tais funções sofrem a influência da maior quantidade de variáveis no
modelo.
57

3.11.12 TEMPERATURA DE EXAUSTÃO DA MÁQUINA

De acordo com Mendes et al. (2005), para determinar a temperatura de exaustão, são
levados em consideração vários parâmetros e, além disso, a medida que a temperatura se
altera, os mesmos também vão se alterando. As variáveis que afetam o cálculo para
determinar a temperatura de exaustão são: temperatura de referencia, fluxo de combustível,
rotação da turbina de potencia, além de ainda sofrer atrasos provenientes do termopar e do
protetor contra radiação. Assim, a função que rege a medição da temperatura de exaustão da
turbina é:

f1 = TR - 85 (1 - Wf) + 300 (1 - ω(s))

Onde:
f1 = Temperatura de exaustão (ºC);
TR = Temperatura de referência (ºC);
Wf = Fluxo de combustível (pu);
Wu = Rotação da turbina de potência (pu).

3.11.13 TORQUE DO ROTOR

A função f2, responsável pelo torque no rotor, também sofre influência de algumas
variáveis. Sua fómula é expressa por:

f2 = Torque = 1.28 (Eg - 0.22) + 0.5 (1.0 - ω(s))

Onde:
Eg = Sinal de saída do conjunto gerador de gás;
ω(s) = Rotação da turbina de potência (pu).

3.11.14 MODELO SIMPLIFICADO

A modelagem simplificada com diagramas de blocos é comumente utilizada para


representar sistemas dinâmicos operando ao redor de um ponto de operação com
comportamento aproximadamente linear. Sistemas térmicos de geração são representados
58

nesse formato devido à facilidade que oferecem para apresentar de forma visual as principais
variáveis envolvidas. Esse tipo de representação se justifica com algumas restrições, limitando
a faixa de operação das máquinas representadas para evitar cair em regiões de não-
linearidade.
A Figura 26 representa a modelagem simplificada de uma turbina a gás aeroderivada
do tipo avançada de dois spools.

Figura 26. Diagrama de bloco representativo da turbina aeroderivada de dois spools


Fonte: Elaboração própria adaptado de Silva (2009)
59

4 SIMULAÇÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos com as simulações da turbina do


tipo aeroderivativa operando em ciclo simples, conforme mostrado no capítulo anterior. Para
a realização das simulações utilizou-se o software Matlab® aliado ao toolbox Simulink®.
Onde os estudos de estabilidade em sistemas de potência elétrica preocupam-se com o
comportamento dinâmico das variáveis tensão, frequência e ângulo. Assim, os modelos de
turbogeradores devem ser capazes de representar o comportamento das variáveis em
condições de regime e nos processos transitórios.

4.1 SIMULAÇÃO 1

Para a primeira simulação foi realizado um ajuste no SetPoint por uma função rampa a
taxa previamente programada no workspace do Matlab®, que é representada pelo bloco SP1
no simulador. Segundo Rowen (1983), quando o ‘droop’ escolhido é 5% o tempo para
comandar a mudança desde zero até plena carga é de aproximadamente 6 minutos. No
entanto, para níveis de simulação, foram utilizados 720 segundos.
No Seletor de Valor Mínimo, foi utilizado um bloco de interpretação de funções, que
tem como parâmetro “min(u(3),min(u(1),u(2)))”, cuja a função é escolher o menor valor dos
sinais provenientes dos controles de temperature, velocidade e aceleração, enviando o menor
destes para um bloco de limitação, onde a estrutura de controle não irá para regiões de não
linearidade.
Para incluir os parâmetros de temperatura de exaustão e torque do eixo, f1 e f2,
respectivamente, foram utilizados blocos para representar as equações, onde recebem também
as entradas da variação da rotação, sistema de gás combustível e geradora de gás.
60

Figura 27. Simulador de uma turbina aeroderivada de 2 spools operando em ciclo aberto
Fonte: Elaboração própria

Como pode ser observado na Figura 28 abaixo, no gráfico foi simulada uma rampa
ascendente de demanda que varia de zero até a plena carga (onde o SP vai de 0 até 0,05 em
360 segundos), seguida de uma rampa decrescente desde plena carga até zero (onde variou o
SP de 0,05 até 0) em mais 360 segundos.
SetPoint [PU]

Figura 28. Variação no SetPoint da demanda de potência


Fonte: Elaboração própria

Conforme a Figura 29 a seguir, da variação da rotação da turbina a gás, a demanda de


rotação é de aproximadamente 1 PU, correspondente a rotação nominal da turbina.
61

Rotação [PU]

Figura 29. Variação na rotação da turbina a gás


Fonte: Elaboração própria

Já na Figura 30 é representado o torque na carga da turbina a gás, que, como pode ser
observado, a potência gerada é expressa na forma de torque em PU, demonstrando uma rampa
semelhante à demanda. Assim, quando o SetPoint da Figura 27 é 0,05 PU, o torque na saída
da turbina a gás deve corresponder a 1 PU que é equivalente a freqüência de rotação do
motor.
Torque [PU]

Figura 30. Torque na carga da turbina a gás


Fonte: Elaboração Própria.

No gráfico da Figura 31 a seguir é percebida a resposta do controle de temperatura dos


gases exaustos, que varia linearmente de uma forma ascendente até seu valor máximo de
566ºC, cuja temperatura corresponde aos dados fornecidos pelo próprio manual do fabricante.
62

Temp. Exaustor [ºC]

Figura 31. Temperatura dos gases exaustos


Fonte: Elaboração própria

Outra Figura 32 representa a demanda de combustível da rotação, temperatura e


aceleração, onde pode ser observada a demanda de combustível das três malhas de controle.
Assim, a rampa de subida e descida representam a demanda por controle de rotação (VCEn) e
a linha horizontal tracejada representa a demanda pelo controle da temperatura no exaustor
(VCEt). Já a linha contínua cinza claro representa a demanda pelo controle de aceleração
(VCEa). O tempo todo o valor mínimo é o sinal VCEn, e os valores VCEt e VCEa não
operam.
Demanda Combustível [PU]

Figura 32. Demanda de combustível da rotação, temperatura e aceleração


Fonte: Elaboração Própria.

4.2 SIMULAÇÃO 2

Nesta simulação foi realizada uma sequência de variações tipo degrau na demanda
com variações pré programadas no workspace, cuja a função responsável por este comando é
SP2.
63

Figura 33. Simulador de uma turbina aeroderivada de 2 spools operando em ciclo aberto
Fonte: Elaporação própria

O gráfico da Figura 34 a seguir, mostra que a demanda de rotação é N ≈ 1PU,


correspondente a rotação nominal da turbina.
Rotação [PU]

Figura 34. Variação de rotação da turbina a gás


Fonte: Elaboração própria

Para as variações no SetPoint de demanda da potência foram realizadas alternâncias a


cada 100 segundos, na faixa entre 75% , 90% e 100% do valor nominal, região onde opera o
controle por IGV (Rowen, 1983). Como a simulação corresponde à operação em ciclo simples
o controle IGV está inativo.
64

SetPoint [PU]

Figura 35. Variação no SetPoint da demanda de potência


Fonte: Elaboração própria

Abaixo na Figura 36, é possível observar o torque na carga da turbina a gás e ve


rificando que na simulação a potência atende o sinal requerido.
Torque [PU]

Figura 36. Torque na carga da turbina a gás


Fonte: Elaboração própria

A temperatura dos gases exaustos varia com a condição de operação e não ultrapassa o
valor máximo definido pela malha de controle (566ºC). Como pode ser observado no gráfico
da Figura 37.
Temp. Exaustor [ºC]

Figura 37. Temperatura dos gases exaustos


Fonte: Elaboração Própria
65

A simulação do modelo de uma turbina aeroderivada operando em ciclo simples


apresenta a operação das três malhas de controle: rotação, aceleração e temperatura do
exaustor, que são chaveadas pelo seletor de valor mínimo. O gráfico da Figura 36 corresponde
a demanda de combustível, sendo possível observar que a malha de controle de velocidade foi
a única atuante, pois as outras duas malhas estão saturadas.
Demanda Combustível [PU]

Figura 38. Demanda de combustível da rotação, temperatura e aceleração


Fonte: Elaboração própria

Foi observado que não houve um elevado sobressinal nas solicitações tipo degrau.
Então, tem-se que:

“As cargas elétricas do sistema de potência sofrem pequenas variações,


determinando suaves alterações no conjugado elétrico em condições normais
de operação. Conseqüentemente há um pequeno desequilíbrio entre os
conjugados elétrico e mecânico. Uma forma de compensar isto é através do
aumento ou redução do fluxo de combustível, através da atuação do
regulador de velocidade sobre as válvulas de admissão. Assim, o equilíbrio
entre a carga e a geração é restabelecido.” (SILVA, 2009)

Como as variações de freqüência são pequenas o suficiente, o controle de velocidade


representa o fluxo de combustível e, portanto, a saída da turbina, sendo praticamente uma
função direta do comando do regulador de velocidade. Por isso, a maioria dos sistema
elétricos de geração de energia utilizam turbinas a gás, devido ao seu elevado controle de
frequência, que atua de forma eficiente atendendo as condições de estabilidade da carga.
66

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da simulação foi possível verificar as atuações dos controles estudados,


proporcionando um melhor entendimento do funcionamento do sistema, como também um
aprofundamento do conhecimento das principais malhas de controle das turbinas a gás.
Dando ênfase a influência do controle de rotação destacado, principalmente, na Figura
34, onde observou-se que o objetivo foi atingido quando houve solicitação do SetPoint,
atendendo a potência requerida. Assim como na Figura 35, a temperatura dos gases exaustos
variaram de acordo com a condição de operação.
Com isso, verificou-se que o simulador proposto corresponde aos requisitos do sistema
elétrico de potência, pois, por intermédio das alterações da demanda, o fluxo de combustível
acompanhou as solicitações da carga.
Apesar do estudo em questão ser mais direcionado para as principais malhas de
controle, existem outras funções importantes nos modelos das turbinas a gás, tais como: o
seletor de valor mínimo (que seleciona o menor sinal entre os três controles com o objetivo de
minimizar o consumo de combustível), o bloco limitador (que atua como backup do controle
de temperatura e também garante a combustão ativa). Além das equações que determinam a
temperatura e a quantidade dos gases de exaustão, do conjugado mecânico.
Nas análises das simulações, foi possível observar e estudar o comportamento do
sistema de geração de energia quando há a ocorrência de variações na demanda de carga,
associadas com a turbina a gás, expandindo o conhecimento dos controles mais efetivos.
Embora esta seja uma simplificação do modelo ideal, a sua representação é adequada, pois
descreve uma modelagem relativamente pequena de uma turbina a gás do tipo aeroderivada
em um sistema muito grande.
67

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