Economista pela Universidade Paulista – UNIP e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. Atualmente é professor da UNIP nos cursos de Ciências Econômicas e Administração e também é
coordenador do curso de Ciências Econômicas na mesma universidade. Tem experiência em administração e finanças,
notadamente naquelas ligadas ao setor de transporte de passageiros, atuando há 29 anos no ramo.
Possui mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1991)
e doutorado em Administração pela Florida Christian University (2003). Atualmente ministra aulas de finanças no
MBA da FIA‑USP, e até 2010 foi professor de controladoria, contabilidade, análise das demonstrações financeiras
e administração financeira da Universidade Paulista. No campo empresarial, é presidente da Proteção Especial de
Vigilância Ltda. – PROEVI, e outras empresas do Grupo FB, organizações com aproximadamente 2.500 colaboradores.
U500.74– 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Carla Moro
Sumário
Administração Financeira
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 OBJETIVO E AMBIENTE DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA............................................................. 13
1.1 Papel de finanças e do administrador financeiro..................................................................... 13
1.2 Tarefas básicas da função financeira: funções e objetivos.................................................. 15
1.3 Objetivos estratégicos do administrador financeiro............................................................... 21
1.4 A interação da Administração Financeira com outras áreas do conhecimento.......... 22
2 O AMBIENTE OPERACIONAL DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO E DA
PRÓPRIA EMPRESA............................................................................................................................................. 24
2.1 Agentes operadores do Sistema Financeiro Nacional............................................................ 31
3 DECISÕES DE FINANCIAMENTO EM CURTO PRAZO........................................................................... 39
3.1 Planejamento de caixa........................................................................................................................ 42
3.2 Administração do caixa...................................................................................................................... 44
3.3 Orçamento diário de caixa................................................................................................................ 45
3.4 Capital Circulante Líquido................................................................................................................. 49
3.5 Administração do capital de giro.................................................................................................... 56
3.6 Administração do disponível............................................................................................................ 57
3.7 Administração das duplicatas a receber...................................................................................... 60
3.8 Políticas de crédito............................................................................................................................... 61
3.9 Segurança do crédito: os Cs do crédito....................................................................................... 62
3.10 Modelo de limitação de crédito.................................................................................................... 63
3.11 Aplicação do modelo de limitação de crédito......................................................................... 65
3.12 Administração dos estoques.......................................................................................................... 67
3.13 Necessidade de capital de giro...................................................................................................... 70
4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO............................... 72
Unidade II
5 DECISÕES DE FINANCIAMENTO EM LONGO PRAZO.......................................................................... 76
5.1 Fontes de recursos para o financiamento empresarial.......................................................... 76
5.2 O dilema entre capital próprio e capital de terceiros............................................................. 80
6 ALAVANCAGEM FINANCEIRA...................................................................................................................... 81
6.1 Retorno sobre o Ativo (RsA).............................................................................................................. 81
6.2 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RsPL)................................................................................ 82
6.3 Aplicação do GAF, do RsA e do RsPL............................................................................................. 84
6.4 Financiamento de Ativos fixos......................................................................................................... 85
Unidade III
7 INDICADORES E AVALIAÇÃO DE EMPRESAS......................................................................................... 92
7.1 Risco e retorno....................................................................................................................................... 92
7.2 Indicadores Fiesp‑Serasa e Revista Exame.................................................................................. 96
7.3 Avaliação de empresas: diagnóstico empresarial..................................................................... 98
7.3.1 Desempenhos setoriais.......................................................................................................................... 99
8 HEDGE (PROTEÇÃO).......................................................................................................................................113
APRESENTAÇÃO
• planejamento estratégico;
• visão sistêmica;
• trabalho em equipe;
Note que o livro‑texto está dividido em quatro unidades. Em cada unidade você encontrará:
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• exercícios comentados;
• tópicos para refletir, por meio dos quais convidamos você a pensar sobre assuntos da atualidade;
• a seção “Saiba Mais”, em que indicamos filmes, livros e demais fontes que, de alguma forma,
complementam os temas investigados. Não deixe de explorar essas sugestões, garantimos que
você irá ampliar seu conhecimento sobre os temas apresentados e que essa ampliação será
extremamente útil, não apenas na questão específica da disciplina, mas na sua vida profissional;
• e as “Observações” – apontamentos que chamam sua atenção para algum ponto a ser destacado
sobre o assunto em desenvolvimento – são recursos que reforçam algumas questões.
As unidades foram elaboradas para atender a determinados objetivos. Você entrará em contato
com os objetivos e com o ambiente da administração financeira em um contexto empresarial, em que
são apresentadas as tarefas básicas da função financeira bem como os objetivos do administrador
financeiro num contexto de administração estratégica. Apresentaremos as opções para tomada de
decisão de financiamento de capital de giro, ou de Ativo Circulante, no curto prazo. Versaremos sobre
o assunto “indicadores de desempenho”, apresentando medidas preventivas no que se refere à área
financeira das organizações. Por fim, mostraremos ferramentas para traçar diagnóstico empresarial a
partir dos conceitos e definições que foram apresentadas nas unidades anteriores.
Esperamos que você aprecie a leitura e que, a partir dela, possa conhecer e dominar os processos de
administração financeira e os seus impactos nas organizações. Bom trabalho!
INTRODUÇÃO
Você deve estar se perguntando: por qual motivo devo estudar Administração Financeira?
A resposta poderia ser direta e simples! Porque todos os assuntos que envolvem dinheiro e finanças
são interessantes. A resposta até pode ser simples e direta, mas trata‑se de um assunto demasiado
complexo no tratamento.
Tratar do assunto finanças é abordar de qual forma os recursos financeiros são organizados dentro
das empresas para que o lucro seja gerado e, mais do que isso, significa também ajudar na administração
estratégica, lembrando que nem só de finanças vive uma empresa.
Pense, por exemplo, numa empresa industrial de um setor qualquer, digamos o setor calçadista.
Uma empresa que produza calçados, tanto masculinos quanto femininos de todas as linhas, tanto
adulto quanto infantil. Procure imaginar a quantidade de departamentos que essa empresa industrial
tenha: produção industrial, compras de matéria‑prima e material de escritório, vendas e relações com
consumidores, recursos humanos, departamento contábil, além de todo o staff no nível estratégico.
Procure agora pensar na organização e no desempenho de cada departamento, desses que foram
oferecidos como exemplo e mais outra quantidade que possa imaginar. Para que o departamento
operacional de produção industrial possa bem desempenhar suas funções, do que necessita? Primeiro,
de bens de capital, máquinas e equipamentos que serão utilizados na produção de sapatos. Máquinas
e equipamentos custam dinheiro, muito dinheiro! As máquinas não trabalham sozinhas: necessitam de
alguns elementos que as façam operar. Podemos pensar em energia elétrica ou outra forma de energia
que faça com que as máquinas possam ser operadas. Operadas por quem? Pessoas, talvez. Sim, pessoas,
recursos humanos, trabalhadores que também custam, recebem remuneração por seu trabalho.
Contudo, o que fazem as máquinas e as pessoas sem os meios de produção para surgirem
os sapatos? Há, portanto, a necessidade de mais gastos com a aquisição de meios de produção, as
chamadas matérias‑primas do processo produtivo, que também custam. E as ferramentas e tudo mais
que é utilizado no nível operacional? De onde sai o recurso monetário para manter esta estrutura? Veja,
estamos tratando somente da estrutura operacional.
Para um calçado ser produzido, é necessário pensar em seu modelo. Eis a equipe de criação, capital
intelectual, que também custa dinheiro. Então, fazemos uma pergunta: é um custo, uma despesa ou
um investimento? Não responderemos agora. Vamos pensar mais um pouco sobre nossa indústria de
calçados. Já temos pessoas no nível operacional e nos níveis estratégicos e táticos, que são, de certa
forma, administradas por outras pessoas responsáveis pela folha de salários da empresa: o departamento
de recursos humanos, que também custa. Este departamento cuida, dentre outras preocupações, da
remuneração dos vendedores, fixas ou variáveis. Não importa. O que importa é que sem vendedores essa
empresa de calçados não consegue se fazer conhecer e expandir mercados.
Pois bem, você é capaz de pensar nos demais departamentos e do que necessitam. Cada departamento
dentro de qualquer organização tem um orçamento, aquilo que a ele é pertinente. Todavia, cada
departamento “briga” por orçamentos maiores ao longo do tempo. A produção requer maior orçamento
para poder adquirir máquinas novas; o departamento comercial requer orçamento maior para poder bem
remunerar seus representantes; o departamento de marketing requer maior orçamento para bem poder
desenvolver nova campanha publicitária; o departamento de criação também solicita maior orçamento
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para poder desenvolver novos modelos, o que solicita, muita das vezes, pesquisa. Caso o departamento
de criação desenvolva novo modelo de calçado que utilize matéria‑prima diferente daquela que a
produção estava acostumada a trabalhar, pode ser que isso seja motivo de treinamento ou capacitação
de operários que também custa. Ainda, pode ser que mudança de uma linha de produção requeira
mudança também do parque tecnológico que a empresa tenha instalado. Do que necessitará, então, o
setor operacional? De mais recursos para investimentos em modernidade.
Qual a fonte de todos esses recursos? Bem sabemos que a fonte primária de recursos financeiros
numa organização é o Patrimônio Líquido, representado pelo ingresso de recursos financeiros dos sócios
naquela empresa. O Patrimônio Líquido é uma conta do Passivo no Balanço Patrimonial em que são
apresentadas as fontes de recursos empresarias que também podem ser de terceiros, não necessariamente
os sócios.
Se a fonte de recursos financeiros empresariais está nas contas do Passivo, as contas do Ativo
representam a forma com que tais recursos são utilizados, se circulantes ou permanentes. Ao administrador
financeiro caberá a decisão de como canalizar, na forma de Ativo, os recursos pertencentes à empresa
que ingressam pelo Passivo. Não só isso: com a administração eficiente do Ativo, seja circulante ou
permanente, geram‑se condições de a empresa apresentar lucro e reforçar o Patrimônio Líquido, bem
como remunerar o capital dos sócios que ali foram empregados.
O fato é que estamos chamando a atenção para que você perceba que, para a empresa de calçados
ser bem administrada, as finanças estão no centro disso. Entradas e saídas de recursos são uma das
principais preocupações do administrador financeiro. Podemos falar, então, de administração de fluxo
de caixa? Sim. Podemos falar de preocupação do tempo de retorno de um investimento efetuado em
nova máquina? Sim. Podemos falar de como encontrar melhor forma de financiamento de uma despesa
inesperada quando o caixa está negativo? Sim.
Pense na seguinte situação: a folha de salários da empresa vence no quinto dia útil do próximo mês
e, pelo fluxo de caixa, deverá ser paga com as entradas de recursos dos últimos três dias. Tais entradas
de recursos são provenientes do recebimento das faturas que representam as vendas de determinado
período. Pense, ainda, que uma dessas faturas seja de um cliente muito bom, que não atrasa seus
pagamentos, e que, justamente neste mês, passou por problemas financeiros e não pagará no prazo
a fatura devida à nossa empresa de calçados do exemplo, certo? E agora? Você é o administrador
financeiro dessa empresa, sabe que não haverá a entrada de tal recurso esperado em seu fluxo de caixa
e que deverá pagar os salários dos funcionários daqui a alguns dias. O que fazer? Simplesmente pagar
os salários que der? Não, obviamente. Esta até pode ser uma alternativa, no limite. Para que a empresa
de calçados honre com seus compromissos, onde você buscará recursos para cobrir o fluxo de caixa?
Quais são as principais, e mais adequadas, fontes de recursos para este caso? Daí a importância de
conhecermos o “mundo” das finanças.
Oferecemos outro exemplo: essa mesma empresa está pensando em ampliar suas instalações por
conta do maior market share conquistado nos últimos tempos. A decisão é por abertura de uma filial
que ficará responsável por uma linha específica de produção de calçados com vistas à exportação. É
uma linha de calçados que não será oferecida para o mercado interno, doméstico, mas somente para o
10
mercado internacional.
Qual a relação disso com o administrador financeiro? Total. Ele deverá conhecer quanto de recursos
financeiros a empresa necessitará para o investimento inicial na nova unidade fabril. Por exemplo, será
um local alugado ou local próprio com construção a ser efetuada? Quanto de recursos financeiros para
o investimento, portanto, será necessário? E qual a fonte desses recursos? Uso de recursos próprios
acumulados de lucros de períodos anteriores? Reforço de capital por parte dos sócios existentes?
Chamada de novos sócios para reforço do Patrimônio Líquido? Abertura de capital, transformando a
empresa em sociedade anônima, negociando ações em bolsa de valores para reforço de capital e futura
distribuição de dividendos da operação?
Acha que acabaram as opções, não. Em que momento e em quais condições a empresa deverá
optar por financiamentos bancários para proceder tal investimento e quais são as principais fontes
para financiamento? Quanto combinar financiamentos bancários com recursos próprios no novo
investimento? Que taxa de retorno o novo investimento deve gerar para poder cobrir a despesa financeira
com juros dos empréstimos obtidos e a remuneração do capital dos sócios? Qual o prazo de retorno
desse novo investimento para repor totalmente o capital empregado? São questões que o administrador
financeiro deverá estar apto a responder.
Lembre‑se de que, no exemplo que estamos desenvolvendo, o novo investimento será para a produção
que terá como destino o mercado internacional. O que mais deve ser levado em consideração? Será
que a taxa de câmbio está nessa conversa? Sim, está. Conhecimento do mercado cambial e da política
econômica governamental, nacional e internacional também faz parte do ambiente da administração
financeira.
Estas são apenas algumas considerações que efetuamos para que você consiga ver a importância
do estudo desta área. Esperamos, sinceramente, que faça bom proveito do estudo desta disciplina e que
possa bem desenvolver suas funções profissionais, mesmo que não seja diretamente com esta área.
11
12
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Unidade I
Nesta unidade você entrará em contato com os objetivos e o ambiente da administração financeira
em um contexto empresarial, em que serão apresentadas as tarefas básicas da função financeira bem
como os objetivos do administrador financeiro num contexto de administração estratégica. Entretanto,o
tratamento não será somente intraorganização: deve‑se também levar em consideração o ambiente
externo operacional do administrador financeiro proporcionado pela existência do mercado financeiro.
Seu uso é de grande valia ao administrador financeiro por permitir possibilidade para a administração
estratégica de recursos à disposição da empresa. Para tanto, a unidade apresenta características dos
diversos mercados que compõem o mercado de capitais, quais sejam, o mercado cambial, o monetário,
o de crédito e o de capitais, onde o papel das bolsas de valores é o preponderante.
Qual o real objetivo da administração financeira, já parou para pensar? Você administra suas finanças?
É tarefa fácil? A nós parece que não, assim como de uma empresa também não é. Por vezes, o que fazer
quando há sobras de recursos? Onde aplicar, de que forma aplicar, por qual prazo e com qual objetivo
são algumas das questões que as pessoas sempre estão inclinadas a responder, ainda mais quando a
opção não é pela aplicação financeira dos recursos excedentes e sim por seu uso como consumo. E
no caso inverso, quando há falta de recursos? Como financiar os gastos excedentes também é uma
preocupação. Envolva as questões anteriores no âmbito de uma empresa e verá que o problema será
maior ainda. Portanto, o papel das finanças e do administrador financeiro é o que passaremos a tratar.
O fluxo de fundos em uma empresa industrial envolve operações de uma empresa industrial,
mas, de maneira idêntica, outros empreendimentos, no âmbito comercial ou de prestação de serviços,
também apresentam uma dinâmica semelhante ao de uma empresa industrial, no que se refere às
entradas e saídas de recursos financeiros, que é o que visa demonstrar este fluxo. Analisemo‑lo, passo
a passo.
Observação
Qualquer que seja o tipo de empreendimento, é fato que as atividades empresariais requerem recursos
financeiros para a sua operação. E dessa operação resultam recursos financeiros que constituirão os
lucros do negócio.
As atividades empresariais envolvem funções relacionadas entre si, tais como produção, vendas,
administração, contabilidade, finanças e outras. A gestão dos recursos financeiros movimentados por
todas as áreas da empresa é parte essencial da função financeira. Por um lado, a função financeira
responde pela obtenção dos recursos necessários ao desenvolvimento das atividades da organização.
Por outro lado, deve participar ativamente da formulação de uma estratégia, sua implementação e
controle, no que se referir à otimização do uso desses fundos.
Lembrete
Ainda com base no fluxo de fundos de uma empresa industrial hipotética, de que forma são
desenvolvidas as tarefas básicas da função financeira? As “válvulas” que estão dispostas entre um e outro
“reservatório” de fontes e de usos dos recursos financeiros são, de fato, as oportunidades de atuação
do gestor financeiro. A ele compete, diretamente, regular o fluxo de entrada e saída de recursos que, ao
final, serão canalizados para o Patrimônio Líquido da empresa, sob a forma de capital, reservas e lucros
retidos. E é do conhecimento das peculiaridades de cada uma dessas fontes e dessas possibilidades de
utilização dos recursos financeiros que surge a indispensável qualificação do gestor financeiro.
Mercado
Risco/retorno
Valor da ação
Fatores econômicos
Exigível a LP
Ativo permanente
Patrimônio Líquido
Lembrete
Muitas vezes, condições mercadológicas, preço baixo, por exemplo, faz com que determinada empresa
efetue compras de matéria‑prima além do necessário para aquele momento. Trata‑se de uma questão
de escolha entre as opções que lhe são oferecidas: aproveitar uma queda de preços de matéria‑prima e
reforçar estoque na crença de possibilidade de diminuição do custo dos produtos, o que impacta saídas
de caixa para retorno de produção futura, ou simplesmente não “cair na tentação” das oportunidades
ditas mercadológicas, focalizando as ações na racionalidade.
Observação
Saiba mais
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
16
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Lembrete
Saindo do âmbito interno da empresa, o administrador financeiro coloca um olho atento nas
condições oferecidas pelo mercado quanto ao risco e retorno das diversas possibilidades de aplicação
financeira de recursos disponíveis. Nesta condição, municia‑se adequadamente de informações sobre
todos os fatores de ordem econômica que possam interferir direta ou indiretamente na condução das
atividades, quer sejam elas derivadas do mercado de atuação como de forças econômicas, sociais, legais
e tecnológicas provenientes do macroambiente de atuação da organização.
No caso de empresas de capital aberto, sua atuação se concentra, por vezes, em atividades que
possam interferir diretamente na avaliação do valor da ação do empreendimento no mercado, zelando
por uma valorização crescente do valor de mercado, coerentemente com o valor patrimonial e com as
possibilidades de retorno do investimento em níveis compatíveis com a taxa de atratividade do mercado
específico de atuação.
Do lado da alocação de recursos, ou seja, destinação e uso dos recursos financeiros obtidos, quaisquer
que sejam as fontes de recursos, cabe ao administrador financeiro uma análise visando compatibilizar
prazos e custos desta tomada de recursos com a potencial geração dos lucros do negócio, que irão
suportar tais custos em volume e em determinado momento. Assim, o financiamento de um torno
mecânico, por exemplo, deverá considerar as reais possibilidades de geração de receita com o produto
advindo da operação deste item que irá compor o Ativo imobilizado do empreendimento, na época e
17
Unidade I
no volume de lucro compatível com os desembolsos financeiros por conta de um financiamento daí
originado para a aquisição do bem.
Entretanto, a atuação do administrador financeiro não se faz unicamente pela obtenção e alocação
de recursos financeiros destinados à aquisição de bens que irão compor o Ativo Permanente da empresa.
Também se observa uma acentuada atuação do administrador financeiro no desenvolvimento das
operações da organização. Nesse conteúdo operacional da função financeira, os recursos podem ser
alocados tanto em Ativos fixos como em Ativos Circulantes, ou seja, nas disponibilidades, composição
da carteira de contas a receber de clientes e administração dos estoques de matérias‑primas, materiais
auxiliares e produtos acabados. Por vezes, a atuação do administrador financeiro é de fundamental
importância para a constituição de outros Ativos, tais como participação societária em outras empresas
e determinadas aplicações financeiras.
Gestão financeira pode ser definida como a gestão dos fluxos monetários
derivados da atividade operacional da empresa, em termos de suas
respectivas ocorrências no tempo. Ela objetiva encontrar o equilíbrio entre
a “rentabilidade” (maximização dos retornos dos proprietários da empresa)
e a “liquidez” (que se refere à capacidade de a empresa honrar seus
compromissos nos prazos contratados). Isto é, está implícita na necessidade
da gestão financeira a busca do equilíbrio entre gerar lucros e manter caixa.
Observação
A definição dos prazos de pagamento desses materiais será importante para a “saúde” financeira do
empreendimento: se os prazos de pagamento não forem compatíveis com o prazo de recebimento das
vendas, poderá ocorrer um descompasso entre a entrada e a saída de recursos. Sabe‑se que tais prazos
médios de pagamento e de recebimento das vendas nem sempre são ditados pela própria empresa. Na
maioria das vezes, essas condições são estabelecidas “no mercado”, quando todos os principais agentes
econômicos envolvidos ficam dispersos em torno de uma média de dias, sob dependência do custo
financeiro nas operações de refinanciamento existentes neste mercado.
18
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Por isso, compete ao gestor financeiro a conciliação dos interesses envolvidos na área de produção e
de vendas, por exemplo, funções em que se processam paradoxos: para a área de produção interessa
dispor de um elevado estoque de matéria‑prima, componentes e partes e peças indispensáveis à
elaboração do produto final. Desta maneira, se poderá cumprir, com a máxima segurança, o cronograma
de produção que for destinado. Isso requer uma disponibilidade de área, entendido como espaço físico,
com todos os custos e despesas ali envolvidos, tais como aluguel ou amortização de investimento ou
empréstimo para a aquisição do imóvel; despesas com a administração do estoque, com zeladoria,
com vigilância e segurança etc.; além de disponibilidade de capital de giro que, muitas vezes, não são
facilmente suportados pela geração da receita e dos lucros.
Por seu turno, a área de vendas certamente se sentiria mais capacitada a cumprir suas metas de
vendas se lhe fossem disponibilizados produtos para pronta entrega a preços inferiores aos praticados
pelo mercado e com condições de pagamento a perder de vista.
Assim, diante tal paradoxo, cabe ao gestor financeiro a decisão de a qual interesse atender, visto
que os dois lados representam importâncias relativas e, por vezes, no mesmo momento. Daí, então, a
necessidade do fluxo de caixa compatibilizar as saídas e as entradas de recursos financeiros.
Saiba mais
A maioria das empresas apresenta um ACO maior do que o PCO. Neste caso, compete ao gestor
financeiro a obtenção de recursos para financiamento desses Ativos em condições adequadas ao
negócio. Se, no entanto, o ACO for menor do que o PCO, sobram recursos na empresa, aos quais deverão
19
Unidade I
ser aplicadas as melhores taxas do mercado financeiro ou mesmo deverão ser utilizados para a expansão
da planta, ou seja, investimento em Ativos fixos.
Este retorno sobre o Ativo, como também é conhecido, comparado com o custo da dívida – relação
entre a despesa financeira e o volume de empréstimos bancários existentes na organização – poderá
indicar se houve uma adequada alavancagem financeira do negócio, ou seja, se terá ou não valido a
pena o endividamento bancário.
Como se observa, portanto, o equilíbrio entre uma adequada liquidez corrente – o volume de
bens e direitos de curto prazo, comparados com as obrigações de curto prazo – e rentabilidade do
empreendimento são uma permanente preocupação do administrador financeiro e um constante
desafio que se interpõe na consecução dos seus objetivos.
Saiba mais
20
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Com as informações reunidas até aqui, já pudemos observar que as funções do administrador
financeiro de uma organização estão reunidas em algumas atividades básicas, quais sejam:
• administração da estrutura dos Ativos da empresa e de que forma tais Ativos implicam a
obtenção de recursos financeiros para a sua aquisição e operacionalização, coerentemente com
as possibilidades de geração de caixa desses Ativos;
Saiba mais
Neste sentido, é preciso considerar, neste estágio de nossa digressão, o que significa a maximização
do Patrimônio Líquido do negócio ou a ampliação da riqueza dos seus donos. Em outras palavras, quanto
vale o negócio?
21
Unidade I
Existem várias formas para a medição do valor de um empreendimento. Vão desde o valor dos
Ativos, o valor da marca, o valor do Patrimônio Líquido e outros Ativos tangíveis (Ativo Permanente)
e intangíveis (marcas e patentes, licenças de produção etc.). Mas, o que melhor reflete o valor de um
empreendimento é a capacidade de geração de caixa deste. Ou seja, a capacidade de gerar lucros,
mediante o uso de seus Ativos, o emprego de determinada tecnologia, sua competência gerencial e o
seu próprio conceito junto a fornecedores, clientes e credores em geral. É sobre tais aspectos que deve
se concentrar a atuação dos gestores do empreendimento, porque daí deriva o valor do negócio.
Maximização da riqueza dos acionistas não significa necessariamente maximização dos lucros.
Enquanto este último resulta de ações imediatas, por vezes inconstantes e esporádicas e de curto efeito
no tempo, a maximização do valor das ações ou cotas dos acionistas ou proprietários é fruto de uma
perspectiva de longo prazo, com investimentos que visem, além de outros aspectos, à perpetuidade
do empreendimento. Também é preciso atentar para o valor do dinheiro no tempo, que implica uma
análise de valor presente líquido dos retornos anuais esperados para o negócio, descontados a uma
determinada taxa de atratividade para os investimentos que serão cotejados com outras aplicações
financeiras.
Em se tratando de uma empresa que possui ações no mercado de capitais, a valorização dessas ações
também é de extrema importância para a fundamentação da maximização da riqueza do acionista, bem
como os dividendos proporcionados por essa fração do capital. Neste particular aspecto, a periodicidade
dos recebimentos de dividendos pode ser um interessante apelo para a atração de investidores.
Dentre eles, aqueles que preferem receber dividendos de uma forma regular, independentemente das
flutuações dos lucros. Desta forma, a empresa estará minimizando os efeitos negativos que possam
afetar as cotações das ações.
Além disso, há que se considerar a relação entre risco e retorno do investimento. Sabidamente,
quanto maior o risco, maior a exigência de retorno do investimento por aqueles que irão disponibilizar
os recursos.
Feita esta distinção, vejamos de que maneira a função da administração financeira se relaciona
com outras áreas do conhecimento. Esta relação se dá principalmente no âmbito da Economia e da
Contabilidade.
vendas e estratégias de determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias no nível
microeconômico e, por isso, constituem um campo especial de atuação do administrador financeiro.
Vê‑se, portanto, que a dúvida se deslocará de uma visão individualizada para uma visão da economia
como um todo, na mudança de uma abordagem microeconômica para uma abordagem macroeconômica.
Ambos os ramos teóricos são importantes para o administrador financeiro, dadas as implicações sobre
sua atividade e seus objetivos em geral.
Observação
Saiba mais
Em relação à Contabilidade, a Administração Financeira dela se utiliza para uma visão acurada da
posição financeira da organização. O contador, utilizando certos princípios padronizados e geralmente
aceitos, prepara as demonstrações financeiras com base na premissa de que as receitas devem ser
reconhecidas por ocasião das vendas. Por sua vez, as despesas devem ser reconhecidas quando incorridas,
isto é, na sua geração.
Este método é geralmente chamado de regime de competência dos exercícios contábeis. Por este
método, o valor da venda comprovado por uma nota fiscal de venda emitida hoje, que será recebido
23
Unidade I
no mês seguinte, deve ser registrado já neste mês. Por seu turno, uma despesa comprovada por uma
determinada nota fiscal de fornecimento ou prestação de serviço com data de hoje deve ser assumida
hoje, independentemente de ter seu pagamento realizado, por exemplo, daqui a um mês.
Para o administrador financeiro, sua tarefa consiste em proporcionar os fluxos de caixa necessários
para atingir as metas da empresa. Sua preocupação se relaciona à solvência da empresa, ou seja, à
capacidade da empresa de gerar receita e efetuar pagamentos por conta de custos e despesas,
investimentos e outros que tais. Assim, ao invés de reconhecer receitas no ponto de vendas e despesas,
quando incorridas, reconhece receitas e despesas somente com respeito a entradas e saídas de caixa.
São elas que, efetivamente, importam.
Observa‑se, portanto, que, a partir dos registros contábeis, são elaboradas as demonstrações
financeiras, que irão proporcionar ao administrador financeiro uma avaliação, o desenvolvimento de
dados adicionais e posteriores decisões com base em análises subsequentes, com vistas ao equilíbrio entre
as entradas e saídas de recursos e, sobretudo, com vistas à maximização do valor do empreendimento,
conforme já visto.
Qualquer que seja o tipo de empreendimento – empresa industrial, comercial, prestadora de serviços
ou financeira –, a origem do capital – empresa privada ou empresa pública –, bem como seu tamanho
– grande ou pequena –, ou sua finalidade – com ou sem fins lucrativos –, haverá um lugar para um
gestor dos seus Ativos financeiros. São profissionais que se dedicam a uma série de tarefas financeiras
da empresa, voltada para o planejamento financeiro, fluxo de caixa, gestão e concessão de crédito a
clientes, avaliação de projetos de investimento, captação de recursos para financiamento das atividades
da empresa e alocação adequada desses recursos em operações geradoras de caixa.
Observação
24
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Saiba mais
• mercado cambial, que compreende operações à vista e em curto prazo, transformando moeda
estrangeira em moeda nacional e vice‑versa;
• mercado de crédito, por meio do qual se processam operações de prazos curto, médio e aleatórios,
com financiamentos de capital de giro, capital fixo, habitação, rural e consumo de bens e serviços;
• mercado de valores mobiliários, com operações de prazos curto, médio, longo e indeterminado,
igualmente para financiamentos de capital de giro, capital fixo, underwriting ou subscrição de
ações, ações e debêntures.
Saiba mais
Dois livros são muito importantes para que você possa aprofundar
seus conhecimentos quanto aos mercados de capitais, crédito, cambial e
monetário. O primeiro deles é o livro de Eduardo Fortuna intitulado Mercado
25
Unidade I
A regulamentação governamental desses mercados é realizada pelas autoridades monetárias, que são
os órgãos normativos que regulam, controlam e exercem a fiscalização do sistema financeiro nacional
e das instituições de intermediação, disciplinando todas as modalidades e operações de crédito, assim
como a distribuição de valores mobiliários.
Vejamos algumas das principais atribuições dos órgãos que compõem as autoridades monetárias
do país:
É o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. É composto pelo Ministro da Fazenda
(que é o Presidente do CMN), o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, e pelo Presidente do
Banco Central. Entre suas funções destacam‑se:
26
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
• Tesouro Nacional
Consubstanciado na Secretaria do Tesouro Nacional (STN), consiste no caixa do governo, pois capta
recursos no mercado, via emissão primária – pela primeira vez em circulação – de títulos – Letras
Financeiras do Tesouro (LFT), Notas do Tesouro Nacional (NTN), Letras do Tesouro Nacional (LTN) –, para
financiamento da dívida interna do governo, por intermédio do Bacen. A STN é o órgão central do
Sistema de Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade Federal, responsável pela
administração e controle da dívida pública federal, tanto interna como externa.
É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada em fins de 1964, juntamente com o
Conselho Monetário Nacional. É o principal executor das orientações deste conselho e responsável por
garantir o poder de compra da moeda nacional, ou seja, pelo controle da inflação. Dentre seus objetivos,
destacam‑se:
27
Unidade I
– estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras;
Observação
Dada a sua importância na economia, pois constitui um balizador para as taxas de juros praticadas
em todo o mercado financeiro, a Selic é reconhecida como a “taxa básica de juros da economia” e “custo
primário do dinheiro”.
Saiba mais
Você pode acessar o site do Banco Central do Brasil para obter mais
informações acerca deste órgão, bem como do Conselho Monetário
Nacional. O site do Banco Central oferece enorme quantidade de
informações sobre o sistema de metas para inflação, economia e finanças,
câmbio e capitais internacionais, sistema de pagamento brasileiro, sistema
financeiro nacional, além de informações sobre intervenções, liquidações e
privatizações. O endereço eletrônico é <http://www.bcb.gov.br>. Há muita
coisa interessante.
28
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
– assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa – bolsa de valores e bolsa
de futuros – e de balcão;
Para o cumprimento de suas funções, cabe à CVM disciplinar as seguintes matérias, dentre outras:
29
Unidade I
Saiba mais
• os bancos de investimento;
• os bancos de desenvolvimento;
• as agências de fomento;
• as companhias hipotecárias;
30
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
• os administradores de consórcio.
Bancos múltiplos
Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações
ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras:
comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil
e de crédito, financiamento e investimento.
Lembrete
O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas,
obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima.
As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve
constar a expressão “Banco” (Resolução CMN nº 2.099, de 1994).
Bancos comerciais
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo
principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, em curto e médio
prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros
em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco
comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído sob a forma de
sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão “Banco” (Resolução
CMN nº 2.099, de 1994).
A Caixa Econômica Federal, criada em 1861, está regulada pelo Decreto‑Lei nº 759, de 12 de agosto
de 1969, como empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Trata‑se de instituição assemelhada
aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar prestação
de serviços.
Uma característica distintiva da Caixa é que ela prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos
a programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos
e esporte. Pode operar com crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo duráveis,
emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, tem o monopólio do empréstimo sob
penhor de bens pessoais e sob consignação e tem o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal.
Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o
Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Cooperativas de créditos
Observação
Agências de fomento
As agências de fomento têm como objeto social a concessão de financiamento de capital fixo e de
giro associado a projetos nas unidades da Federação onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a
32
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle de unidade da Federação, sendo
que cada unidade só pode constituir uma agência. Tais entidades têm status de instituição financeira,
mas não podem captar recursos junto ao público, recorrer ao redesconto, ter conta de reserva no Banco
Central, contratar depósitos interfinanceiros na qualidade de depositante ou de depositária e nem ter
participação societária em outras instituições financeiras.
De sua denominação social deve constar a expressão “Agência de Fomento” acrescida da indicação
da unidade da Federação Controladora. É vedada a sua transformação em qualquer outro tipo de
instituição integrante do Sistema Financeiro Nacional. As agências de fomento devem constituir e manter,
permanentemente, fundo de liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do valor de suas obrigações, a ser
integralmente aplicado em títulos públicos federais (Resolução CMN nº 2.828, de 2001).
As associações de poupança e empréstimo são constituídas sob a forma de sociedade civil, sendo
de propriedade comum de seus associados. Suas operações ativas são, basicamente, direcionadas ao
mercado imobiliário e ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As operações passivas são constituídas de
emissão de letras e cédulas hipotecárias, depósitos de cadernetas de poupança, depósitos interfinanceiros
e empréstimos externos. Os depositantes dessas entidades são considerados acionistas da associação e, por
isso, não recebem rendimentos, mas dividendos. Os recursos dos depositantes são, assim, classificados no
Patrimônio Líquido da associação e não no Passivo exigível (Resolução CMN nº 52, de 1967).
Bancos de desenvolvimento
Bancos de investimento
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952 como autarquia
federal, foi enquadrado como uma empresa pública federal, com personalidade jurídica de direito privado
e patrimônio próprio, pela Lei nº 5.662, de 21 de junho de 1971.
A BNDESPAR, subsidiária integral, investe em empresas nacionais por meio da subscrição de ações e
debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de fundamental importância, na execução de sua política
de apoio, a observância de princípios ético‑ambientais e assume o compromisso com os princípios
do desenvolvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro e os programas do BNDES atendem às
necessidades de investimentos das empresas de qualquer porte e setor, estabelecidas no país. A parceria
com instituições financeiras, com agências estabelecidas em todo o país, permite a disseminação do
crédito, possibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES.
Companhias hipotecárias
34
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras criadas pela Lei nº 4.380, de 21
de agosto de 1964, para atuar no financiamento habitacional. Constituem operações passivas
dessas instituições os depósitos de poupança, a emissão de letras e cédulas hipotecárias e depósitos
interfinanceiros. Suas operações ativas são: financiamento para construção de habitações, abertura
de crédito para compra ou construção de casa própria, financiamento de capital de giro a empresas
incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção. Devem ser constituídas sob a
forma de sociedade anônima, adotando obrigatoriamente em sua denominação social a expressão
“Crédito Imobiliário” (Resolução CMN nº 2.735, de 2000).
Administradoras de consórcio
data da realização da primeira assembleia geral ordinária por consorciados reunidos pela administradora,
que coletam poupança com vistas à aquisição de bens, conjunto de bens ou serviço turístico, por meio
de autofinanciamento (Circular BCB nº 2.766, de 1997).
As sociedades de arrendamento mercantil são constituídas sob a forma de sociedade anônima, devendo
constar obrigatoriamente na sua denominação social a expressão “Arrendamento Mercantil”. As operações
passivas dessas sociedades são emissão de debêntures, dívida externa, empréstimos e financiamentos de
instituições financeiras. Suas operações ativas são constituídas por títulos da dívida pública, cessão de
direitos creditórios e, principalmente, por operações de arrendamento mercantil de bens móveis, de produção
nacional ou estrangeira, e bens imóveis adquiridos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio do
arrendatário. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN nº 2.309, de 1996).
As sociedades corretoras de câmbio são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por
quotas de responsabilidade limitada, devendo constar na sua denominação social a expressão “Corretora
de Câmbio”. Têm por objeto social exclusivo a intermediação em operações de câmbio e a prática de
operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil
(Resolução CMN nº 1.770, de 1990).
As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade
anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. Dentre seus objetivos estão:
• praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e
de terceiros;
São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN nº 1.655, de 1989). Os fundos de
investimento, administrados por corretoras ou outros intermediários financeiros, são constituídos sob
forma de condomínio e representam a reunião de recursos para a aplicação em carteira diversificada de
títulos e valores mobiliários, com o objetivo de propiciar aos condôminos valorização de quotas, a um
custo global mais baixo. A normatização, concessão de autorização, registro e a supervisão dos fundos
de investimento são de competência da Comissão de Valores Mobiliários.
As sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade
anônima ou por quotas de responsabilidade limitada, devendo constar na sua denominação social a
expressão “Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários”. Algumas de suas atividades:
São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN nº 1.120, de 1986).
As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, sem finalidade lucrativa, com
objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas
em pregão ou em sistema eletrônico. Para tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar um
37
Unidade I
mercado de derivativos livre e transparente, que proporcione aos agentes econômicos a oportunidade
de efetuarem operações de hedging (proteção) ante flutuações de preço de commodities agropecuárias,
índices, taxas de juro, moedas e metais, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável
macroeconômica cuja incerteza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades.
Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são fiscalizadas pela Comissão de Valores
Mobiliários.
Bolsas de valores
As bolsas de valores são associações privadas civis, sem finalidade lucrativa, com objetivo de
manter local adequado ao encontro de seus membros e à realização, entre eles, de transações de
compra e venda de títulos e valores mobiliários pertencentes a pessoas jurídicas públicas e privadas,
em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus membros e pela Comissão
de Valores Mobiliários. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa (Resolução CMN
nº 2.690, de 2000).
Sociedades seguradoras
São entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, especializadas em pactuar contrato,
por meio do qual assumem a obrigação de pagar ao contratante (segurado), ou a quem este designar,
uma indenização, no caso em que advenha o risco indicado e temido, recebendo, para isso, o prêmio
estabelecido.
Sociedades de capitalização
São entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos
de capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo contratante,
o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados
corrigidos por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o
direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.
São entidades constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo
instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos em forma de renda
continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas. São regidas pelo Decreto‑Lei nº
73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001. As funções
do órgão regulador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério da Fazenda, por intermédio
do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
empregados de uma empresa ou grupo de empresas ou aos servidores da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, entes denominados patrocinadores ou aos associados ou membros
de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. As
entidades de previdência fechada devem seguir as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário
Nacional, por meio da Resolução nº 3.121, de 25 de setembro de 2003, no que tange à aplicação
dos recursos dos planos de benefícios. Também são regidas pela Lei Complementar nº 109, de 29
de maio de 2001.
Nossa experiência, após centenas de demonstrações financeiras examinadas, sinaliza que as empresas
entram num cenário de dificuldades financeiras basicamente por meio de duas consequências: má
formação do capital social inicial ou busca de empréstimos bancários para sanar esta má formação,
redundando em excesso de despesas financeiras e baixa lucratividade.
Quando uma empresa inicia suas atividades, em seu Balanço Patrimonial há a entrada de dois tipos
de investimentos: um deles cobre o investimento fixo devido aquisição de máquinas, equipamentos
e demais itens que comporão o Ativo imobilizado. O outro compõe os saldos em caixa ou mesmo em
bancos para gastos rotineiros ou emergenciais e apresentam liquidez imediata ou de curtíssimo prazo.
Estoques também fazem parte desse componente, bem como contas a receber. A esta outra parte do
investimento inicial, as reservas de recursos, dá‑se o nome de capital de giro.
Mais adiante voltaremos ao assunto administração de capital de giro. Por enquanto, vamos ilustrar
dois exemplos típicos de formação de capital com valores hipotéticos.
39
Unidade I
Iniciaremos com a consideração de uma empresa em que a formação de capital não é das melhores:
Quadro 1
Ativo Passivo
Disponível 1.000,00
Imobilizado 2.000,00 Capital social 3.000,00
Total
3.000,00
Total 3.000,00
Observação
O erro de má formação de capital inicial da empresa, em termos financeiros, poderá ser constatado
ao calcularmos a necessidade de capital de giro. O capital de giro da empresa é a parte das fontes de
longo prazo, representadas pelo Passivo Não Circulante não comprometidas com o financiamento das
aplicações de longo prazo, e que estão no Ativo Não Circulante. De outra forma,
onde,
40
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Para o caso do exemplo hipotético, se este cálculo indicar o valor, digamos de $800, isso significa
que a empresa deverá tomar um empréstimo bancário em idêntico valor. Se não for assim, não terá
como financiar o giro dos estoques e das vendas a prazo.
Quadro 2
Ativo Passivo
Após a tomada do empréstimo, vê‑se que a composição do Balanço Patrimonial sofre alguma alteração:
no lado do Passivo temos o aumento de 800,00 representados pelos empréstimos tomados e que deverão
ser pagos no curto prazo, pois está no Passivo Circulante. O lado do Ativo também evoluiu em termos
monetários, permanecendo o mesmo valor para o imobilizado (investimento inicial). É possível perceber
que, ainda no Ativo, os 1.000,00 iniciais também lá estão, só que agora desmembrados em disponível,
supostamente caixa e bancos e estoques. O acréscimo dos 800,00 está em duplicatas a receber.
Lembrete
Com esta alternativa, a empresa inicia um ciclo de decisões que poderá ser correto e adequado, ou
então, vicioso, chegando até a provocar o encerramento de suas atividades. Isto porque os acionistas
cobrarão um retorno sobre o capital social de $3.000,00 e os bancos financiadores cobrarão despesas
financeiras sobre o valor de $800,00.
Assim, os gestores da empresa terão duas obrigações, simultaneamente: por um lado, atender aos acionistas
e, por outro, atender aos bancos. Se os concorrentes não têm esta obrigação, certamente trabalharão com
preços menores porque não terão as mesmas despesas financeiras, e, com isso, suas vendas serão mais estáveis
e muito provavelmente com menores sacrifícios de preço e, portanto, melhores margens.
41
Unidade I
Portanto, tratamos aqui de um das fontes de capital de giro e para Hoji (2012, p. 110),
Algumas fontes são geradas pelas próprias operações, tais como duplicatas a
pagar aos fornecedores, impostos a recolher, salários e encargos sociais a pagar.
Outras são provenientes de atividades financeiras, como os financiamentos e
empréstimos bancários. As principais fontes de financiamento são onerosas,
pois geram encargos financeiros, tais como empréstimos e financiamentos
bancários e parcelamento de impostos vencidos. As duplicatas a pagar
aos fornecedores de materiais e serviços, se forem financiadas, embutem
encargos financeiros, de uma forma ou de outra. [...]. Existem fontes de
financiamento não onerosas geradas naturalmente pelas operações normais
da empresa. As principais são: salários a pagar, encargos sociais a recolher,
impostos a recolher e provisões para férias e 13º salários.
Essas decisões são as que norteiam esta parte do livro‑texto, cujo objetivo principal será o de trazer
exemplos de controles que as facilitem e que permitam evitar as já conhecidas “cirandas financeiras”,
que têm levado à bancarrota milhares de bons empreendimentos.
Planejar o caixa consiste em estabelecermos, com antecedência, as decisões financeiras que serão
tomadas em circunstâncias e condições previamente estabelecidas, com a propriedade de previsão dos
recursos que serão utilizados para que os objetivos traçados possam ser atingidos.
Lembrete
Observação
a empresa tem, e o gestor não consegue manipular de acordo com sua conveniência. Afinal, a empresa
tem sua dinâmica e o caixa é, em particular, o representante desse dinamismo e dessa circulação diária
de recursos.
• o planejamento estratégico de caixa, que é de longo prazo, antecipado aos fatores externos e
internos à empresa, sinalizando quase sempre decisões complexas e que envolvem grande volume
de recursos;
• o planejamento tático de caixa, que tem um alcance mais curto em termos de prazo, envolvendo
o resultado particular de alguma área, como a de marketing, por exemplo;
Qual, então, a essência de um planejamento de caixa? Trata‑se, a nosso ver, de uma ação estratégica,
razão de ser de um sistema orçamentário. Todos os orçamentos são elaborados – orçamento de
pessoal, orçamento de despesas, orçamento de investimentos, orçamento de vendas e custos – e
culminam no orçamento do caixa, que dá o tratamento final às possibilidades financeiras objetivadas
nestes orçamentos.
Sobre o assunto, Hoji (2012) salienta que o gestor financeiro deve ter uma visão integrada
do fluxo de caixa. Para ele, quando a área que chama de tesouraria efetua pagamentos e/ou
recebimentos, pouca coisa há a fazer: os fatos geradores não estão sob seu controle. As decisões
foram tomadas anteriormente. Se há um pagamento a fazer, é porque alguma despesa/compra
foi gerada. Se há recebimento, houve venda. Trabalha, muitas das vezes, no presente com fatos
geradores do passado. Assim, ao gestor financeiro – ou qualquer outro nome que ocupe o cargo
da administração das finanças – cabe interagir preventivamente junto a áreas geradoras de
recebimentos e de pagamentos.
Muitas vezes as empresas adotam estratégias diante da tomada de decisão. Podemos dizer que, vez
ou outra, as empresas adotam política de caixa. Política, de modo geral, é um modo de ação que norteia
a direção e o sentido para um processo de tomada de decisões que podem se repetir continuamente, ou
que ocorram para atingirmos um objetivo.
Como exemplo de uma política financeira tem‑se o caso de uma empresa que adota uma política
de preços do tipo “cobrimos qualquer oferta” para crescer seu faturamento e, com isso, alcançar
um acréscimo de 20% em suas vendas anuais. Visando atingir tal objetivo, a empresa autoriza a
concessão de descontos de até 10% em seus preços de venda, independentemente de autorização
superior, bastando que os clientes apresentem os preços anunciados pelos concorrentes. Tal política
pode ser adotada quando o que interessa para a empresa, naquele momento, seja um reforço de caixa
lançando mão de lucratividade.
43
Unidade I
Vários são os motivos que levam as empresas a tomar tal atitude: possibilidade de entrada de
um produto substituto ao seu ou mesmo entrada de novo concorrente; estoque elevado de produtos
acabados e assim por diante.
Saiba mais
Não é propósito, neste livro, estabelecermos um modelo de planejamento de caixa, à margem dos
demais orçamentos. Procuraremos, nesta obra, tratar dos cenários existentes e que envolvam situações
que possibilitem o conhecimento das variáveis que induzem a um planejamento eficiente de caixa e
que, ao mesmo tempo, contribuam para a superação de algumas das dificuldades que, por vezes, tornam
o planejamento inadequado como elemento vital no processo decisório.
É o aspecto mais prático e que envolve os saldos bancários de livre movimentação e as aplicações
financeiras de resgate ou liquidez mais ou menos imediatas.
O nível de saldos médios ou reserva de segurança, deve ser objetivado pelo que denominamos de fluxo
diário de caixa. As empresas devem ter uma previsão do seu dia a dia, dos valores que provavelmente
serão depositados nos bancos nos diversos dias, e dos valores que, com certeza, deverão ser pagos
naquelas datas.
Este fluxo diário é que norteia o nível de saldo médio, que, se constituírem sobras financeiras, devem
ser aplicadas no mercado financeiro, observadas as condições de liquidez, segurança, risco e rentabilidade
inerentes a qualquer aplicação financeira.
É importante destacar que saldo bancário excessivo não significa necessariamente a existência de
lucro. O lucro pode, sim, se transformar em saldo bancário, bastando que se tenha uma política de
remuneração do acionista/cotista definida para tal transformação. Mas o lucro também pode estar em
qualquer conta do Ativo – nos estoques ou mesmo no financiamento do total de contas a receber, por
exemplo – e não necessariamente à disposição para que se paguem contas, ou se adquiram bens para
circulação ou não.
Há vários outros motivos para que se tenha um maior ou, por vezes, um menor saldo médio
bancário, ou, como também é reconhecido, uma reserva de segurança. Entre os mais comuns, se
situam uma especulação de preços junto a fornecedores, e aquisição de algum item imobilizado
que esteja em promoção por tempo limitado nos fornecedores ou em razão direta de alguma
44
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Uma das finalidades da gestão do caixa é manter um saldo mínimo de recursos que possa ser
utilizado imediatamente, em função da incerteza associada aos fluxos de recebimentos e pagamentos,
pois, caso os recebimentos previstos não se concretizem conforme a previsão, a empresa pode incorrer
em problemas de inadimplência temporária.
Saiba mais
Um orçamento diário de caixa é uma projeção diária das entradas e saídas para um período de
tempo imediatamente seguinte ao da data da sua elaboração. Vamos exemplificar, com uma situação
existente numa indústria têxtil.
Com base na publicação das demonstrações financeiras de uma Indústria Textil S.A. de 31 de
dezembro de 2006, é possível elaborar um fluxo diário de caixa para o próximo período, utilizando‑se
das informações hipotéticas que são a seguir apresentadas:
45
Unidade I
Quadro 4
Quadro 5
46
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Há, ainda, que se considerar a previsão de pagamento dos impostos, dos custos e das despesas
operacionais para o ano de 2007.
Quadro 6
Quadro 7
Quadro 8
47
Unidade I
Quadro 9
6. Outras informações
a) o Realizável em Longo Prazo terá o valor de $40 como Receitas financeiras, adicionadas a seu saldo;
b) o Exigível em Longo Prazo terá o valor de $730 como Despesas financeiras, adicionadas a seu saldo;
c) o exercício é feito com dados hipoteticamente anuais, porém com movimentações de caixa
simuladas dentro do período de um mês (31 dias);
d) caso, no dia 31, o saldo de caixa esteja negativo, a empresa recorrerá a um empréstimo bancário
10% maior que esta diferença.
Tabela 1
1 466 466,00
- -
2 14.412,00 14878,47
- -
3 14893,34
- -
4 8.482,00 6426,24
- -
5 3.226,00 3206,66
- -
6 3209,87
- -
7 3213,08
- -
8 3216,29
- -
9 3219,51
- -
10 3222,73
- -
11 3225,95
- -
12 644 (3419,82) (6,84) 7.293,00 (3419,82)
48
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
O fluxo diário de caixa é uma previsão próxima da realidade, num horizonte de tempo de, por
exemplo, um mês seguinte. Quanto maior o período de tempo a ser previsto, maior será a probabilidade
de desvios em relação a esta previsão, porque aumenta o grau de incerteza dos lançamentos esperados.
As atividades de estocagem, produção, vendas e recebimento das vendas têm determinação de épocas
mais difícil de se prever.
Há, normalmente, uma dificuldade nessa previsão diária, e para tal surge o Capital Circulante Líquido
(CCL) que, por sua natureza, apresenta dados mais abrangentes.
Observando a figura extraída do Balanço Patrimonial, podemos notar o Capital Circulante Líquido:
Ativo Passivo
Passivo Circulante
Ativo Circulante
Capital Circulante
Liquido (CCL) Patrimônio
Líquido
Ativo Permanente
49
Unidade I
A figura demonstra que o Capital Circulante Líquido é a diferença entre o Ativo Circulante e o
Passivo Circulante, constituindo‑se na diferença positiva ou negativa entre estes grandes grupos pelos
quais circulam os recursos. Numa situação em que haja carência de CCL, esta poderá ser corrigida por
meio de financiamentos de longo prazo, que entrarão pelo Passivo de terceiros ou, ainda, por aporte de
capital próprio.
De outra forma, quando a soma dos elementos do Ativo corrente é maior do que a soma dos
elementos do Passivo corrente, o CCL é positivo. Em caso contrário, o CCL é negativo. Quando a soma
dos elementos do Ativo corrente é igual à soma dos elementos do Passivo corrente, o CCl é nulo.
Na situação de CCL positivo uma parte do Ativo corrente está sendo financiada pelo Passivo não
corrente, que são recursos de longo prazo representados pelos grupos do Exigível em Longo Prazo e
Patrimônio Líquido.
Em caso de CCL negativo, o Passivo corrente está financiando parte do Ativo não corrente, que são
investimentos de longo prazo classificados em Ativo Realizável em Longo Prazo e em Ativo Permanente.
Na situação do CCL nulo, existe um equilíbrio entre o Ativo corrente e o Passivo corrente.
Quadro 10
CCL 200,00
Se desejarmos um CCL de $300,00, não devem ser realizados empréstimos bancários de curto prazo,
sob pena de anulação da operação, porque tanto o Ativo Circulante como o Passivo Circulante serão
ampliados no montante do empréstimo contraído, conforme se demonstra na sequência:
Quadro 11
CCL 200,00
Desta forma, para termos um CCL maior, ou maior folga financeira, precisamos optar por outros
canais de financiamento, preferivelmente por meio de recursos financeiros obtidos em longo prazo, ou,
então, mediante aumento do capital próprio proveniente de acionistas ou cotistas.
50
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Quadro 12
Entende‑se, portanto, que o Capital Circulante Líquido seja um estudo que atinge apenas a dois
grupos financeiros do Balanço Patrimonial: o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.
Observação
Por isso mesmo, eles têm uma abrangência de curto prazo – um ano
após o encerramento do Balanço Patrimonial, com base nos critérios legais
de classificação.
Como conclusões a respeito do CCL, podemos relacionar algumas afirmações e suas comprovações
financeiras logo a seguir:
• quanto maior o CCL, menor será o risco de a empresa enfrentar problemas financeiros envolvendo
pagamentos atrasados ou descumprimento de obrigações nas datas previstas.
Quadro 13
CCL 700,00
Comentários: a empresa conta com uma folga de $1.800,00 para pagar compromissos de $1.100,00.
• se a participação dos estoques no Ativo Circulante da empresa for muito elevada, o CCL poderá
não significar folga financeira, conforme o que se demonstra a seguir.
51
Unidade I
Quadro 14
CCL 700,00
Comentários: o Ativo Circulante ficaria restrito a $800 ($1.800 – $1.000) e com um Passivo Circulante
de $1.100 – o CCL seria reduzido para apenas $100, diminuindo, como consequência, a folga financeira,
e com grandes probabilidades de surgirem problemas de pontualidade nos pagamentos
• se a conta de duplicatas a receber apresentar prazos extensos, ou seja, com um prazo médio de
recebimento das vendas excessivo, o CCL poderá não significar folga financeira, senão vejamos:
Quadro 15
CCL 700,00
Comentários: o Ativo Circulante ficaria restrito a $300 porque extraímos os saldos dos estoques
(1.000) e das duplicatas a receber (500) do total de $1.800. Assim, o CCL ficaria negativo em 800 (300 –
1.100) e com totais probabilidades de a empresa ter problemas de pontualidade, ou até de insolvência
em seus compromissos.
• o CCL de valor baixo pode não necessariamente implicar problemas como pontualidade no
cumprimento das obrigações diárias:
Quadro 16
CCL 200,00
Comentários: dependendo do tempo, ou até mesmo dos dias, em que os valores do Ativo Circulante
serão transformados em dinheiro, e do tempo ou dos dias que os vencimentos das obrigações do
Passivo Circulante ocorrerão, os compromissos podem ser saldados sem qualquer problema até uma
determinada data que a deficiência aparecerá.
52
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
• quando um gestor financeiro aplicar recursos no Ativo Permanente, ele deve ter noção de que
poderá provocar diminuição no CCL se estes recursos forem suprimidos do Ativo Circulante. De
nada adiantará, também, neste caso, se os recursos forem obtidos em curto prazo:
Quadro 17
CCL 700
Comentários: se houver a aquisição de um imóvel para utilização da empresa, por exemplo, no valor
de $500, a demonstração do CCL passará a ser de:
Quadro 18
• quando um gestor financeiro aplicar recursos no Ativo permanente, o ideal é que obtenha esses
mesmos recursos por meio do exigível em longo prazo ou por meio dos acionistas ou sócios:
Quadro 19
CCL 700
Comentários: se, por exemplo, esta aquisição fosse de $500 – teríamos um Balanço Patrimonial
demonstrado da forma seguinte, em que não se alterariam os valores do Ativo e Passivo Circulantes.
Quadro 20
53
Unidade I
Quadro 21
• o CCL elevado tem limites quanto à sua influência junto à rentabilidade da empresa. Ele pode
estar concentrado em contas cujo excesso não traz rentabilidade, como estoques excessivos, ou
saldos médios excessivos nas contas a receber:
Quadro 22
[...] a maioria das origens (fundos) vem dos lucros, da depreciação, dos
aumentos de capital e de empréstimos de longo prazo, enquanto aumentos
em contas a receber, em títulos negociáveis e Ativos imobilizados
representam os principais usos desses fundos. Descobrir de onde esses
fundos vieram e para onde eles foram é extremamente importante, porque
isso ajuda os gerentes financeiros a encontrar os melhores caminhos para
gerá‑los e utilizá‑los.
54
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Ainda, de acordo com os mesmos autores, para calcular as origens e as aplicações dos fundos,
utilizam‑se as seguintes regras simples: origens de caixa ocorrem quando:
Quadro 23
Origens de recursos
55
Unidade I
Quadro 24
Aplicações de recursos
A conclusão, pelo que expõe a DOAR, é a de que, logo após a obtenção desses dados, a empresa
terá $65.802 a mais em seu Ativo Circulante, identificando para o CCL uma variação positiva, ou um
aumento deste em relação ao período anterior.
Lembrete
Administrar o capital de giro pode ser sinônimo de administrar o Ativo Circulante, composto das
disponibilidades, das contas a receber, dos estoques e de outros créditos.
Nesta análise, não importam os vários conceitos de capital de giro, pois todos eles convergem para
o mesmo ponto:
Observação
56
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Pode‑se dizer que a política de administração de capital de giro envolve duas questões básicas: a
primeira é saber qual a quantidade apropriada de Ativos Circulantes que uma empresa deve manter,
tanto no total quanto para cada conta específica. A segunda, saber como devem ser financiados os
Ativos Circulantes.
Saiba mais
Administrar o disponível – ou o caixa – é cuidar cotidianamente dos Ativos cuja característica seja a
sua transformação em dinheiro ou liquidez imediata, de forma natural e sem interferências de terceiros.
• saldos bancários;
Basicamente, suas preocupações são com as entradas e saídas previstas de caixa. Se a empresa tem
filiais, ou várias unidades que podem interferir nesse processo, esta característica poderá ampliar seus
controles e preocupações.
A manutenção adequada e dentro das expectativas nas entradas e saídas de recursos previstas são
o principal escopo diário.
57
Unidade I
• vendas à vista;
• pagamento de fornecedores;
• empréstimos a terceiros;
O caixa muitas vezes é chamado de Ativo não lucrativo. Ele é necessário para o pagamento de mão
de obra e de matérias‑primas, para a compra de Ativos fixos, pagamento de dividendos etc. Entretanto,
o caixa em si, não recebe juros. Assim, o objetivo do administrador de caixa é minimizar a quantia de
caixa que a empresa deve manter para a conduta de suas atividades normais de negócio, ainda assim,
ao mesmo tempo, manter caixa suficiente para:
58
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
De qualquer forma, abordaremos os tópicos mais relevantes que interferem ou colaboram para o
controle desse saldo mínimo de caixa:
• tipo de atividade exercida – uma loja apresenta um caixa mínimo substancialmente diferente de
uma indústria ou de um prestador de serviço;
• histórico anterior – o passado pode razoavelmente indicar‑nos qual o valor mínimo que devemos
manter em determinadas situações, mesmo nas ocasiões sazonais;
• reciprocidade bancária – mesmo que não existam empréstimos bancários, a reciprocidade (saldos
médios diários) é um fator de aproximação e exigência para futuros e eventuais empréstimos;
• política de vencimentos – podemos negociar alterações mínimas nas datas de nossos fornecedores
mais comuns e constantes;
• uso de meios eletrônicos – facilitam as transações mas nos escravizam na obediência aos
vencimentos. Entretanto, podemos exigir o mesmo procedimento por parte de nossos clientes,
por meio da utilização do meio mais rápido de crédito que possamos ter;
• acúmulo de vencimentos – é prática, no Brasil, que a maioria dos vencimentos salariais, locatícios,
tributários e governamentais, venham a ocorrer do dia 1 ao dia 10 de cada mês. Se este acúmulo
não se coaduna com a situação, devemos tentar alterá‑lo no que for possível, ou antecipar aquele
que favoravelmente colabora para quitá‑lo.
Para melhor gerenciar o fluxo de caixa, é necessário que ele seja um instrumento gerencial para
tomada de decisões, tanto para coletar e organizar os dados como para gerar subsídios que permitam a
análise de desempenho financeiro da empresa.
Com o manejo do fluxo de caixa, o gestor financeiro tem condições de compatibilizar, no tempo, as contas
a pagar com as contas a receber, e, consequentemente, tomar decisões sobre situações importantes, como:
As empresas, em geral, preferem vendas à vista em vez de vendas a crédito, entretanto, pressões
competitivas forçam a maioria das empresas a oferecer crédito.
Observação
Administrar as duplicatas a receber ou, como também é chamado, o contas a receber, significa cuidar
do crédito e da cobrança nas transações a prazo.
A decisão sobre vendas a prazo passa pelo estabelecimento de uma política de concessão
do crédito, sem o qual se podem ter problemas com a cobrança. Crédito é o instrumento de
política financeira a serviço das entidades, quando estas correm o risco de transferir a posse de
dinheiro, mercadorias ou serviços, mediante a promessa de reembolso futuro. Tem característica de
reciprocidade, uma vez que, ao ser concedido por alguém, é automaticamente recebido por alguém.
Nos regimes capitalistas, pressupõe‑se que haja ao concessor uma vantagem financeira pelo
ato de conceder, e, ao tomador, uma desvantagem financeira pelo ato de tomar. Esta vantagem/
desvantagem financeira é geralmente determinada pelo valor dos juros compreendidos na
operação de crédito.
Sob o ângulo estritamente comercial, quando a concessão está ligada à transferência de mercadorias
ou serviços, admite‑se que o concessor esteja ligado ao interesse em obter maior lucratividade em
suas transações, e ao tomador resta‑lhe a obtenção de capitais de terceiros de que necessita também
em seu negócio.
• estimular o consumo, tal que a produção crescente possa ser absorvida pela sociedade;
• reunir capitais que, sozinhos, não conseguiriam financiar grandes projetos sociais, levando a
sociedade a um bem‑estar econômico e adequada distribuição da renda.
60
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Saiba mais
O crédito divide‑se em dois tipos da forma mais ampla: o crédito público e o crédito privado. O
crédito público trata das relações entre entidades públicas – governo federal, estadual e municipal – e
as pessoas ou empresas. O crédito privado trata das relações entre as pessoas ou entre as empresas.
O crédito privado, nosso foco nesta obra, pode subdividir‑se em: crédito mercantil e crédito bancário.
Para conceder crédito, as empresas precisam estabelecer, entre as políticas possíveis, aquela que irão
adotar. Há três políticas para concessão de crédito:
As empresas que adotam normas que determinam e controlam este tipo de política devem ser
aquelas cuja situação financeira é razoavelmente boa. É comum o estabelecimento deste tipo de política
pelas empresas novas no mercado, e que precisam se tornar conhecidas rapidamente, a fim de que suas
vendas aconteçam.
Esta política pode ser utilizada também pelas empresas cuja margem de lucratividade seja considerada
alta. A competição de mercado, por seu lado, pode ser elemento impulsionador para a prática da política
de crédito liberal. Pode ocorrer sua prática em circunstâncias especiais, quando em promoções gerais ou
específicas a produtos de pouco giro, ou até obsoletos ou fora de linha de comercialização ou produção.
O que, por seu turno, deverá ser objeto de consequência ao adotá‑la, é que, como fator de um maior
volume de vendas que poderá trazer, seguir‑se‑á um risco maior no crédito, com possibilidades de maior
atraso nas contas as receber e, com isso, maiores possibilidades de perdas.
61
Unidade I
As empresas que adotam normas que determinam e controlam esse tipo de política devem ser aquelas
cuja situação financeira não permite maiores riscos por falta de capital de giro. É comum encontrá‑la nas
empresas que comandam determinados mercados com poucos concorrentes, ou nas monopolistas, como
também em épocas de demanda elevada de consumo com produção insuficiente para atendê‑la.
Observação
Como consequência, poderemos ter menores vendas, menor lucratividade, menor quantidade de
clientes atendidos e menor risco de crédito. Em contraposição, teremos possibilidades maiores de as
contas a receber estarem sendo pontualmente quitadas.
As empresas que seguem normas que determinam e controlam esse tipo de política são aquelas que
adotam uma linha de flexibilidade de ação, levando em conta as condições do mercado e de seus clientes.
É a política moderada que leva em conta, sobretudo, as possibilidades de capital de giro da empresa
ao empreender sua linha de financiamento aos clientes. Não deixa de pertencer ao tipo de empresa com
alto grau de controle em seus negócios.
Como consequência desse tipo de ação, espera‑se obter vendas de acordo com o planejamento e com
o mercado, um maior equilíbrio entre as vendas e os recebimentos, permitindo uma situação financeira
controlável no decorrer do tempo, pois todos os riscos do crédito são absolutamente planejados.
Observação
A análise de crédito pode ser feita com base em técnica conhecida como 5 Cs, que se referem aos
seguintes aspectos: caráter, capacidade, capital, colateral e condições (HOJI, 2012, p. 127). Em termos
de risco de crédito, segurança absoluta é uma utopia. Segurança relativa com base nas técnicas mais
apropriadas de concessão de crédito é o objetivo mais adequado. Os 5 Cs buscam esta segurança relativa.
São eles:
62
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Caráter
O levantamento de dados históricos, tais como pontualidade nos pagamentos, protestos de títulos e
pendências judiciais, pode auxiliar na avaliação do caráter. Se o caráter do cliente não for aceitável, os
outros itens da análise ficam prejudicados (HOJI, 2012).
Condições
Capacidade
Capital
Refere‑se às condições materiais de que dispõe o cliente, se ele possui ou não capital de giro
suficiente para trabalhar e gerir o negócio.
Colateral
Refere‑se às garantias e bens pessoais que o cliente oferecerá na hipótese do negócio ruir ou fracassar.
A fase de compra e venda mediante o prazo inicia‑se pela visita de um vendedor ao cliente e é
materializada pela efetiva compra de mercadorias, matérias‑primas ou serviços.
63
Unidade I
Há duas possibilidades: de a venda ser feita à vista ou de ser feita a prazo. Se ela for efetuada a
prazo, teremos o preenchimento de uma ficha cadastral, com dados de bancos, fornecedores e demais
fontes de informação.
Essa ficha será analisada, as confirmações de idoneidade serão colhidas, serão ouvidas entidades
ligadas ao crédito, como a Serasa e a Associação Comercial, e quando for o caso, analisadas as
demonstrações financeiras fornecidas.
LC = {[(0,10 x PL) + (0,05 x EST) + (0,08 x DR) + (0,02 x DISP)] – [(0,10 x FORN) +
(0,02 x SAL) + (0,10 x EBCP) + (0,03 x OC)]}
Quadro 25
PL Patrimônio Líquido
EST Estoques
DR Duplicatas a receber
DISP Disponibilidades
Quadro 26
FORN Fornecedores
SAL Salários, contribuições e tributos
EBCP Empréstimos bancários de curto prazo
OC Outras contas a pagar
64
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Analisaremos três empresas do ramo de produção de alimentos, com situações totalmente diferentes,
e cujas demonstrações apresentam‑se a seguir.
Tabela 2
Tabela 3
Fontes negativas
0,10 x FORN 563 663 2.978
0,02 x SAL 136 46 228
0,10 x EBCP 1.475 447 –––
0,03 x OC 10 13 70
Limite de crédito 2.357 399 16.534
Tabela 4
Comparações
Faturamento anual 117.786 103.388 449.085
Liquidez corrente 1,41 1,22 2,20
Retorno sobre o Patrimônio Líquido 8,28% 2,05% 5,26%
Podemos notar que os limites são bastante heterogêneos, o que justifica a necessidade da análise
das demonstrações financeiras, conforme se procede.
Indústria A
Ativo Circulante 32,497 Passivo Circulante 23,032
Disponível 593 Fornecedores 5,633
Duplicatas a receber 6,961 Contas a pagar 7,148
Estoques 18,170 Empréstimos bancários 10,251
Outras contas 6,773
Exigível Longo Prazo 15,369
65
Unidade I
Indústria B
Ativo Circulante 16,978 Passivo Circulante 13,870
Disponível 358 Fornecedores 6,631
Duplicatas a receber 3,817 Contas a pagar 2,769
Estoques 9,183 Empréstimos bancários 4,470
Outras contas 3,620
Realizável Longo Prazo 1,036 Exigível Longo Prazo 9,053
Financiamentos 8,824
Outras contas 229
Permanente 12,880 Patrimônio Líquido 7,971
Investimentos 1,911
Imobilizado 10,969 Capital social 4,300
Diferido – Reservas e lucros acumulados 3,671
Total do Ativo 30,894 Total do Passivo 30,894
Indústria C
Ativo Circulante 196 Passivo Circulante 86
Disponível 3 Fornecedores 29
Duplicatas a receber 68 Contas a pagar 57
Estoques 54 Empréstimos bancários –
Outras contas 71
Exigível Longo Prazo 65
Realizável Longo Prazo 1 Financiamentos 9
Outras contas 56
Permanente 72
Investimentos – Patrimônio Líquido 118
Imobilizado 71 Capital social 6
Diferido 1 Reservas e lucros acumulados 112
Total do Ativo 269 Total do Passivo 269
66
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
É interessante observar que a utilização da fórmula evidenciou que a empresa com menor liquidez
corrente foi aquela que apresentou menor limite de crédito, enquanto a de maior liquidez corrente foi
a que apresentou maior limite de crédito.
Lembrete
Os estoques têm grande importância dentro do grupo do Ativo Circulante. Apesar da moderna
administração dos estoques, pela aplicação contínua da logística, eles representam volumes consideráveis
entre as demais contas do Ativo Circulante.
Nas empresas comerciais, os estoques são chamados de mercadorias e, nas empresas industriais,
subdividem‑se em: matérias‑primas, produtos semiacabados, produtos acabados e materiais diversos.
Os erros mais comuns que podem ser encontrados na administração dos estoques são:
• compra em quantidade maior do que a necessária. Muitas vezes provocada por informação deficiente
sobre o volume e andamento das vendas, ou mesmo com intenções de especulação. Corre‑se o risco
de, por modificação no mercado, o excesso permanecer ocioso e sem movimentação.
• compra sem conhecimento da produção. Quando há produção sob encomenda, ou produção feita
antecipadamente à venda. Como no comércio, compramos para vender posteriormente. Controles
estatísticos e compras moderadas são formas de tentar errar menos ou não errar neste instante.
67
Unidade I
• itens de maior densidade. Quer de saída, quer de produção, quer estratégicos, requerem cuidados
especiais. Suas informações precisam ser tratadas com maior frequência que os demais.
• seguros de valor inadequado. Os itens estocados devem ter um valor segurado que seja adequado
à reposição, e ao tempo em que isso se dará, entre o sinistro e o recebimento de novos estoques.
• desuso e obsolescência. Nas fábricas, pela desativação de alguns produtos, e no comércio pela
mudança de estação ou mudança de hábitos, merecem cuidados especiais os itens mais sujeitos
a este tipo de alteração.
• políticas definidas. É comum as áreas interessadas nos estoques terem atenção focada em
pensamentos divergentes. Assim, o departamento de compras deseja comprar para que não faltem
os insumos necessários. O departamento de produção gostaria de grandes volumes para atender
melhor suas máquinas. O departamento comercial gostaria de mais produtos ou mercadorias
estocadas a fim de nenhum cliente viesse a reclamar de faltas. Finalmente, a área de finanças
precisa ajustar recursos para atender a todos os anseios, mesmo os exagerados.
Segundo Hoji (2012), a responsabilidade direta pela administração dos estoques não é do
administrador financeiro, mas ele pode influir sobre os resultados globais da empresa, interagindo junto
a áreas operacionais responsáveis pelo controle do giro e níveis adequados de estoques. Ainda para Hoji,
Observação
Cm = custo de manutenção.
Admita uma empresa cujo consumo anual de um item seja de 25.000 unidades, o custo do
pedido de compra seja de R$215,00, e o custo de manutenção por unidade igual a R$5,00. Nestas
condições, o lote econômico de compra será de 1.466 unidades, com valores arredondados. Vejamos
a aplicação da fórmula.
(2x25000)x215
LEC =
5
50000x215
LEC =
5
10750000
LEC =
5
LEC = 2150000
LEC = 1.466
69
Unidade I
A empresa minimizará o custo total de pedir e manter se 1.466 unidades forem requisitadas em cada
pedido de compra. Já que o consumo anual é de 25.000 unidades, a empresa deve emitir 17 pedidos de
compra, solicitando 1.466 unidades de cada vez.
O livro Análise das Demonstrações Financeiras, de Antonio Salvador Morante, apresenta amplas
observações a respeito do capital de giro, que culminou com a fórmula do Prof. Dante Carmine Matarazzo,
que estabeleceu um modelo utilizando os prazos médios de recebimento das vendas, de renovação dos
estoques e de pagamento das compras.
Os estudos sinalizam várias opções, a fim de que tenhamos o valor adequado para dimensionar a
necessidade do capital de giro.
Neste mesmo capítulo, ao estudarmos a administração do capital de giro, demos especial atenção às
contas duplicatas a receber e estoques.
Assim, é a soma de dois prazos médios: o prazo médio de renovação dos estoques e o prazo médio
de recebimento das vendas.
Ciclo financeiro é o tempo decorrente entre todas as movimentações de caixa. Abrange o período
compreendido desde a compra dos estoques, mais o período até o recebimento das vendas, menos o
período do pagamento das compras.
70
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Onde:
Entretanto, devido ao PMRE e PMPC conterem em seus dados somatórias de informações a preço de
custo, precisamos fazer sua equivalência ao preço de venda.
A fórmula do ciclo financeiro, que é base para a determinação do capital de giro, teria sua equivalência
da seguinte maneira:
Onde:
VD = Vendas Diárias.
71
Unidade I
Tabela 5
Saindo do curto para o longo prazo, o próximo capítulo versará sobre as decisões de financiamento
em longo prazo à disposição do gestor financeiro. O dilema entre a utilização de capital próprio como
fonte de financiamento das necessidades de capital ou capital de terceiros para amortização em longo
prazo passa pela análise da alavancagem financeira. Este conceito, ao lado de outros conceitos relativos
aos principais papéis que são oferecidos no mercado de capitais, serão vistos a seguir, juntamente com
formas alternativas de financiamento de Ativos fixos, indispensáveis às operações industriais.
Resumo
Exercícios
• Oferecemos ajuda para escolher seus investimentos, de acordo com o seu objetivo financeiro;
• Diversos serviços, como home broker (site para você investir via internet), relatórios de
recomendação de ações, informativos etc.;
• Informamos você sobre novos produtos no mercado, para garantir a diversificação da sua carteira
de investimentos;
• Informamos você sobre o recebimento de dividendos e outros bônus que as empresas pagam
aos acionistas.
A principal vantagem dos fundos é possibilitar que investidores de perfil similar ― com objetivos
comuns, estratégias de investimento semelhantes e mesmo grau de tolerância a risco ― concentrem
recursos para aumentar seu poder de negociação e diluir os custos de administração, além de contarem
com profissionais especializados, dedicados exclusivamente à gestão dos recursos.
73
Unidade I
O texto acima trata de uma oferta de serviços ao investidor que necessita da intermediação
de um agente financeiro autorizado pelo Banco Central do Brasil (BACEN) e pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) para operar diretamente na Bolsa de Valores. Este agente financeiro
é um(a):
A) Banco múltiplo.
B) Fundo de pensão.
C) Banco de investimento.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as
operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes
carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento
mercantil e de crédito, financiamento e investimento.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: no Brasil, com origem nos anos 1960, os fundos de pensão foram criados para resolver
situações trabalhistas de funcionários de empresas estatais. Apresentam-se como uma fundação,
ou sociedade civil sem fins lucrativos, que, a partir da contribuição de participantes, resulta em um
patrimônio que gera renda ou pecúlio aos seus participantes.
C) Alternativa incorreta.
financiamento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários,
depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa correta.
Justificativa: as sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma
de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. Dentre seus objetivos estão: operar
em bolsas de valores; subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado; comprar e vender
títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros; encarregar-se da administração de carteiras
e da custódia de títulos e valores mobiliários; exercer funções de agente fiduciário; instituir, organizar
e administrar fundos e clubes de investimento; emitir certificados de depósito de ações e cédulas
pignoratícias de debêntures; intermediar operações de câmbio; praticar operações no mercado de câmbio
de taxas flutuantes; praticar operações de conta margem; realizar operações compromissadas; praticar
operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e de terceiros;
operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros. São supervisionadas pelo
Banco Central do Brasil.
Questão 2 (Enade 2009). Se você for analisar a saúde financeira de uma empresa, mas dispuser de
pouco tempo, o que deve primordialmente observar?
A) Atividades de financiamento.