Problema 2
Questões de aprendizagem:
1. Qual a ação do Sistema nervoso central (SNA) no Trato gastrointestinal (TGI)?
2. Descrever o mecanismo de regulação do TGI (digestão-absorção-secreção)
3. Descrever o mecanismo de ação do omeprazol
4. Definir síndrome do cólon irritável
5. Diferenciar constipação e obstipação
6. Relacionar o sistema endócrino com os diferentes tipos de alimento (regulação hormonal: carboidrato,
proteína e lipídeo)
7. Caracterizar o equilíbrio eletrolítico e ácido-base
Trato Gastrointestinal
Função – digestão e absorção de nutrientes, água e eletrólitos. Para cumprir essas funções ocorrem
as seguintes atividades:
Esôfago Pâncreas
Estômago
(fundo-corpo-antro) Fígado
Intestino grosso
Ânus
Histologia:
Camadas:
Mucosa
Direcionada para o lúmen – camada de células epiteliais (função absortiva e secretora) na lâmina própria
e na muscular da mucosa.
Camada epitelial – secreção de muco (protege órgãos contra a autofagia e facilita a passagem no
alimento pelo TGI).
Lâmina própria - tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos. (rica em glândulas, nutre o epitélio e
absorve nutrientes).
Muscular da mucosa - células musculares lisas que produzem movimentos locais da mucosa.
Plexo submucoso – sistema nervoso do TGI – regula as glândulas e musculo liso da mucosa.
Intrínseco – sistema nervoso entérico (totalmente contido nos plexos submucoso e mioentérico
na parede do TGI, comunicando com o SNA simpático e parassimpático).
Inervação do Trato gastrointestinal:
Inervação Parassimpática
Nervo vago – inerva a parte superior do sistema – musculo estriado do esôfago, a parede do
estômago, o intestino delgado e o cólon ascendente.
Nervo misto:
75% fibras aferentes - leva informação sensorial da periferia para o SNC – ex:
mecanorreceptores e quimiorreceptores na parede do TGI.
25% fibras eferentes - leva informação motora do SNC para a periferia – ex: células
musculares lisas, secretoras e endócrinas.
Nervo pélvico – inerva a parte inferior do sistema – musculo estriado do canal anal externo e as
paredes dos cólons transverso, descendente e sigmoide.
Neurônios pós-ganglionares:
Colinérgicos – liberam acetilcolina (ACh) como neurotransmissor.
Peptidérgicos – liberam a substância P e o peptídeo inibidor vasoativo (VIP).
Inervação Simpática
Neurônio pós-ganglionar:
Adrenérgicos – liberam norepinefrina – deixam os gânglios simpáticos e fazem sinapse em
gânglios nos plexos mioentérico e submucoso ou inervam diretamente células musculares lisas,
endócrinas ou secretoras.
Fibras nervosas simpáticas: 50% aferentes e 50% eferentes: retransmitidas nos dois sentidos
(TGI e SNC).
Neurônios:
Composto por substâncias neurócrinas classificadas em neurotransmissores e neuromoduladores.
Ex: ACh, norepinefrina, VIP, GRP, encefalinas, neuropeptídio Y, substância P.
O SNE é chamado de “pequeno cérebro” porque consegue integrar informações sem o estímulo
do SNC.
Mecanismos que regulam o TGI
Função:
1. Transportar o alimento pelos diferentes compartimentos do TGI até a evacuação.
2. Misturar o alimento as secreções GI e quebra-lo em partículas pequenas que possa ser digerido
pelas enzimas e seja absorvido.
Controle do TGI:
1. Propriedade do músculo liso GI.
2. Sinais químicos (neurotransmissores, hormônio ou substâncias parácrinas).
Composição:
Músculo estriado: faringe, terço superior do esôfago e esfíncter anal externo.
Músculo liso: fibras musculares lisas conectadas uma as outras por vias de baixa resistências (junções
comunicantes). Fazendo com que esse músculo seja do tipo unitário.
Junções comunicantes: permitem a rápida propagação célula a célula dos potenciais de ação que
proporcionam contração muscular uniforme e coordenada.
Contrações:
Fásicas: contrações periódicas seguidas por relaxamento. Ex: esôfago, antro gástrico e no intestino
delgado.
Tônicas: mantem um nível de contração sem períodos regulares de relaxamento. Ex: região superior
do estômago e no esôfago terminal e nos esfíncteres ileocecal e anal interno.
Mecanismo de contração:
Ondas Lentas – essas ondas não são potenciais de ação e sim despolarização e repolarização oscilantes
do potencial de membrana das células musculares lisas.
Despolarização: potencial de membrana torna-se menos negativo e se desloca em direção ao
limiar.
Repolarização: potencial de membrana torna-se mais negativo e se afasta do limiar.
Origem – ondas lentas são originadas em células intersticiais de Cajal. Essas células estão localizadas
entre as camadas de músculo liso e os plexos nervosos intrínsecos e atuam como intermediaria entre
neurônios e musculo liso.
As ondas lentas que se originam espontaneamente nas células intersticiais de Cajal se espalham
para as camadas musculares lisas que se encontram adjacentes por meio de junções comunicantes.
Processos digestórios
Fase Cefálica – A fase de secreção gástrica ocorre, até mesmo antes do alimento entrar no
estômago, enquanto está sendo ingerido. Resulta da visão, odor, lembrança ou sabor do alimento
e, quanto maior o apetite, maior a estimulação. Sinais neurogênicos se originam no córtex cerebral
e nos centros de apetite na amigdala e no hipotálamo (transmissão: nervos vagos até o estômago).
Essa fase contribui com 30% da secreção gástrica.
Fase Gástrica - O alimento que entra no estômago excita (1)reflexos longos vasovagais do
estômago – SNC – estômago; (2) reflexos entéricos locais e (3) mecanismo da gastrina; todos
levam a secreção de suco gástrico durante horas, enquanto o alimento permanece no estômago.
Contribui com 60% da secreção gástrica.
CAVIDADE ORAL
Secreção: glândulas salivares produzem saliva que entram na cavidade oral através de um ducto.
Glândulas parótidas – composta de células serosas – secretam solução composta de água, íons e
enzimas.
Glândulas submaxilares e sublinguais – compostas por células serosas e mucosas – secretam
solução aquosa e mucina (glicoproteína) para a lubrificação.
Digestão:
Amilase salivar – enzima é ativada pelo Cl- da saliva – quebra o amido em maltose.
Lipase salivar
Absorção: nenhuma.
ESÓFAGO
Motilidade: a epiglote se dobra sobre a abertura da laringe (evita que o bolo alimentar e líquidos
entrem na via aérea). Ao mesmo tempo a respiração é inibida e o esfíncter esofágico superior
relaxa a medida que o bolo alimentar entra no esôfago. Quando o bolo alimentar entra esse
esfíncter se fecha impedindo o refluxo.
A contração peristáltica primária produz contrações sequenciais coordenadas que fazem o bolo
alimentar se desloque.
Para o estômago – o esfíncter esofágico inferior separa o esôfago do estômago. É uma área
relativamente tensa que relaxa após a deglutição para que o bolo entre no estômago.
Obs : se esse esfíncter não estiver completamente contraído a pepsina e o ácido gástrico podem
irritar a parede do esôfago promovendo a azia (pirose).
ESTÔMAGO
Motilidade: possui três componentes: (1) relaxamento da região proximal do estômago para
receber o bolo alimentar vindo do esôfago. (2) contrações que regulam o tamanho do bolo
alimentar e o misturam com as secreções gástricas para promover a digestão. (3) esvaziamento
gástrico que impulsiona o quimo para o intestino delgado.
Relaxamento receptivo – recebe o bolo alimentar que vem do esôfago. É um reflexo vagovagal
(ramos aferentes e eferentes compõem o nervo vago).
Mistura e digestão – Região caudal produz contrações responsáveis por misturar e digerir o
alimento. Ondas começam na porção média do corpo do estômago e movem o quimo ao longo
do estômago caudal.
Esvaziamento gástrico – estomago intestino delgado – (contrações peristálticas antrais) cerca
de 20% do tempo que o alimento está no estômago, as contrações ficam mais intensas,
começando na porção média do estômago e progredindo no sentido caudal, não mais como
constrições de mistura, mas como constrições peristálticas fortes, formando anéis de constrição
que causam o esvaziamento do estômago.
Inervação – extrínseca (SNA simpático – fibras que se originam no gânglio celíaco- ; SNA
parassimpático – nervo vago no plexo mioentérico) e intrínseca (plexo submucoso e mioentérico).
- Células D –
Secretam a somatostatina: sinal de retroalimentação negativa da secreção na fase gástrica. Inibe
a secreção de ácido e de pepsinogênio.
Hormonal – células G –
Secretam a gastrina
INTESTINO DELGADO
Secreção:
Secretina – liberada na presença de quimo ácido no duodeno – inibe a produção de ácido e a
motilidade gástrica, reduzindo a velocidade do esvaziamento gástrico. Estimula a liberação de
bicarbonato pancreático para neutralizar o quimo ácido.
GIP e GLP-1 – se a refeição contém carboidrato, estes são liberados - diminui a motilidade gástrica
e a secreção de ácido. Promove a liberação de insulina pelo pâncreas.
Digestão: carboidratos, gorduras, peptídeos, ácidos nucleicos.
Absorção: peptídeos por transporte ativo; aminoácidos; glicose e frutose por transporte ativo
secundário; gordura por difusão simples; água por osmose; íons; mineirais e vitaminas por transporte
ativo.
INTESTINO GROSSO
Motilidade: o material que não é absorvido pelo intestino delgado vai para o intestino grosso em
forma de fezes, movendo- se do ceco para o cólon, para o reto e por fim, para o canal anal.
Ocorrem contrações segmentares: misturam o conteúdo do intestino grosso.
Movimentos de massa: movimenta o conteúdo fecal em direção ao reto.
Defecação: quando o reto se enche se fezes, o esfíncter anal interno se relaxa o musculo liso se contrai
e as fezes são forçadas para fora.
Digestão: nenhuma
Absorção: água.
Tipos de alimentos:
CARBOIDRATOS
PROTEÍNAS
LIPÍDIOS
Constipação e Obstipação
Quadro clínico
Aspectos psicológicos:
85% dos pacientes dizem que os sintomas coincidiram ou foram precedidos por problemas
psicológicos, como conflitos emocionais e grandes tensões.
Muitas vezes os problemas emocionais exacerbam os sintomas. O paciente apresenta sinais de
ansiedade e depressão.
Equilíbrio hidroeletrolítico:
Equilíbrio hidroeletrolítico:
O equilíbrio de água e sais é mantido por reflexos neurais, neuroendócrinos e endócrinos, mas esse
equilíbrio é controlado, principalmente, por respostas comportamentais (volume do LEC diminui
ou a osmolaridade aumenta).
Beber água é a única forma de repor sua perda e ingerir sal é a única maneira de elevar o conteúdo
de Na+ no corpo.
Ingestão hídrica: quando as concentrações de LEC estão baixas é estimulada uma sensação de
sede para repor a água, essa sensação é estimulada no hipotálamo. No entanto, ao bebermos água,
mesmo antes desta ser absorvida, a sede é cessada graças a receptores na boca e na faringe
(receptores orofaríngeos).
Ingestão de Na+: baixas concentrações de Na+ no plasma estimulam o apetite por sal (alimentos
salgados). Essa sensação é estimulada no hipotálamo e esta relacionada aos hormônios aldosterona
e angiostensina.
Bomba de prótons
Aldesterona – hormônio esteroide sintetizado no córtex da adrenal, secretada no sangue e
transportada por uma proteína carreadora – promove a reabsorção de Na+ no túbulo distal e nos
túbulos coletores do rim.
Aumenta a atividade da Na+/K+ ATPase.
Causa a secreção de K+.
O alvo primário da aldesterona são as células principais (possui bomba Na+/K+ ATPase na
membrana basolateral – ou seja, a membrana apical contém canais de vazamento para Na+ e
para K+.
A aldesterona entra na célula principal por difusão simples, uma vez no meio intracelular,
combina-se com um receptor.
Os canais apicais de Na+ e K+ aumentam seu tempo de abertura influenciados por molécula
sinalizadora.
A medida que os níveis deNa+ intracelular aumentam, a Na+/K+ ATPase acelera,
transportando Na+ para o liquido extracelular (LEC) e trazendo K+ do LEC para dentro da
célula principal.
Resultado: rápido aumento na reabsorção de Na+ e na secreção de K+.
Equilíbrio ácido-base:
Entrada de ácido: muitos ácidos orgânicos que ionizam e contribuem com o H+ para os líquidos
do corpo são intermediários metabólicos dos alimentos.
Ex: aminoácidos e ácidos graxos.
Entrada de base: Nossa dieta tem poucas fontes de base, uma vez que a fisiologia se concentra em
ácidos.
Ex: frutas e vegetais que contem anions metabolizados formando bicarbonato.
Distúrbios:
Acidose metabólica - distúrbio na balança de massa que ocorre quando a dieta e a produção
metabólica de H+ excedem a secreção de H+. (Cetoacidose- degradação excessiva de gorduras ou
aminoácidos). Há substâncias que causam a acidose metabólica.
Também pode ocorrer pela perda de bicarbonato durante uma diarreia.
Ex: metanol, aspirina (ácido acetilsalicílico) e anticongelante (etilenoglicol).
Alcalose metabólica – duas causas comuns: excesso de vômito do conteúdo ácido estomacal ou pela
ingestão excessiva de bicarbonato contido em antiácidos. Em ambos ocorre a redução da
concentração de H+.
Mecanismo do omeprazol
O omeprazol é um inibidor da secreção ácida gástrica. Cujo mecanismo de ação envolve a inibição
específica da bomba de prótons na célula principal.
É uma base fraca, concentrada e convertida à sua forma ativa no meio ácido, onde inibe a enzima
ATPase H+/K+ dependente (bomba de prótons).
Mantém o pH intragástrico superior a 4 por até 16-18 h/dia