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Projeto

PERGUNtE
E
RESPONDEREMOS
ON-L1NE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estêvão Tavares Bettencourt. osb
(in memoriam)
APRESENTAÇÃO
DA EDiÇÃO ON-LlNE
Diz São Pedro que devemos
estar preparados para dar a razla da
nossa esperança a todo aquele que no-la
podir(lPodro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conta da nossa esperança e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora.
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrárias à fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crença católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste slte Pergunte e
Responderemos propOe aos seus leitores:
aborda questões da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristão a fim de que as dúvidas se
...,.,.... ; dissipem e a vlvênda católica se fortaleça
- _ 1.. - no Brasil e no mundo. Queira Deus
abençoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splandor que se
encarrega do respectivo site.
R/o de Janeiro. 30 de julho de 2003.
Pe. E.tevlo Benencourt, 058

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convênio com d. Estevão Bettencoun e


passamos a disponibilizar nesta área. o excelente e sempre alual
conteudo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Respond9remos~ . que conta com mais de 40 anos de publicação.

A d. Estêvão Bettencourt agradecemos a confiaça


depositada em nosso trabalho. bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
LO . . . .

Indice

A A. COPA 00 MUNDO • •••..•.•....... . .... . ..... , ... . . . . 21


EntN holllOl e rumo,..:
MILAGRES E "MILAGRES": COMO IDENTIFICA·LOS 7 . . . ••. .... 323
Aoa olho. da clancla: .. •
.. . MAS POOE REALMENTE HAVER I.1ILAGRE$" . .. .... • . . .. .,. 338
l!r.lI.nlsrr.o recente:
REAVIVAMENTOS PENTECOSTAIS .. . . . .. . .... . .... .... ... . .... , 347
Quem lIo? E ql,le luem?
OS OA.R!SMÁTlCOS NA IGREJA
UM CONGRESSO DE FIL.OSOFIA '"
337
3' e 4' capa
COM APROVAÇAO EClESIA.STlCA

• • •
NO PROXIMO NOMERO ,
As !enloçÕes d.& Jesus n05 Evongelh05, - O filme «MCldre JOClna dOI
Anios •. _ Um «best·.ellers : «Sob.r envelhecer., - A terro de Israel
em foeo: a c bem.Qvenlúrada Pol.ôo».
E VOLTAREMOS Á FALAR 00 TITULO DA NOSSA REVISTA I

x ---
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS.
Assinatura anual . . .. ' •. •• , •. ,. , .' .• . . ... • . •• , •• ,. . .... . . Cr$ 40.00
Número avul.o de ql,lalquer mês , ..... . .... . , . . ...... . . . Cr$ !5 00
Volumes encadernadol de 1958 e 195~ (preço unltArlo) ... Cr$ 35,00
tndlce Geral de 1957 a 1964 .. . .. .. , . .• • .•... , .•.•..•.. • ,. Cr$ 10.00

EDlrORA LAUDES S. A.
REDAÇXO DE PR ADIUINISTRAÇAO
caixa Postal 2,866 RllA SIo Ratael, 88, ZC-09
.Im 20000 RIo de Janel", (Q"B)
20,000 Rio de l:melro (GB) Tela.: 268-9881 e 268·Z1!111

--
Na OH, à Rua. Real Grandeza 1~ a Ir. M&ria Rosa Porto
tem um depósito do PR e reeebe pedidos de aaslnatura da
revista. TeL, 226·1822.
AINDA A COPA DO MUNDO
A disputa futebolística da Copa do Mundo realizada em
junho/Julho pp. empo1gou mais uma vez os homens de todas
as partes do globo.
Os jogos animaram e excitaram. de múltiplas maneiras.
os espectadores. Também deram Que pensar aos comentaristas
e colunistas do esporte .. , Merece atenção. entre outras, a
cronica de C. A. publicada pelo .cO Gloho» (RIo) de 5/VlI174
com o titulo cA revoluçlo holandesa:.. Em suas duas colunas,.
o articulista pOe em foco algumas caracteristicas que terão sido
o segredo do êxito dos holandeses na X Copa MWldial :
"HA uma profunda eDnaeJfncla proOlllonal por IrfI, de... brilho (ho.
I.ndh). E mod'.Ua. A me.ma moclhUa com qu., num. orqunlf•• OI pro-
' ...orel de móslca .. ",11m da anonlinato par. consUtulr.m .p..... um
organlamo Integro. IndlvalVlI, que , • própria orqu••lra.
O lima d. Holanda' UIftII o,....lIa. E UMa 6fquntr. Ilnf&nlca. Se.
lon •• 10 umpr. lCO","•• ,fi nunca de.aflM. T,m wn nothel lnatrumeno
tI,la, d..taclndo-u ao. d.m.... o "guio • lr6nlco Cruyt,: m.. ... ..
Ilmlt. I anclldu, • melodia cem o ..... 1'1011"0 a ... tll, CIlP:U d.....'PnJend.r
• Clda Inltanto pela capacidade da surgir no proacfrtlO • dlnotv,r-se no
.... ndo cio p.tco •• m qua .a p.rceb.m ..........01 ... V6...
t o renGncl. 10 InI1!Yld.... II.mo .. • "
o cristão que leia. estas linhas, não pode deixar de pensar
ulteriormente sobre elas. Para São Pawo, o esporte era fre-
qüentemente a imagem do tiroc1n1o da vida esplrltual: o he-
roismo abnegado e magnânimo do atleta constitula, para o
Apóstolo, o espelho do que deve ocorrer na luta em prol da
coroa imperecivel reservada aos discípulos de Cristo que tive-
rem porfIado com generosIdade (cf. 1 Cor 9,24-27). se, pois,
relêssemos com olhar pauUno o comentArio esportista acima
transcrito, poderIamos refletir nos seguintes tennos :
Um time de futebol (no caso acima, o comentarista aponta
o da HOlanda) vence, porque consta de multiplicidade 'de ele-
mentos valiosos que, sem perder suas notas próprias, se redu~
zem à unidade de urna slnfonla ou harmonia brilhante, artls--
tlea. . . . stnConla esta que nlo seria possive1 se cada qual dos
jogadores (por mais brilhante que fosse) não se tornasse mo·
desta e humilde. Cada qual deve servir à vitória do conjunto,
e não à projeção Indivlduallsta de 51 mesmo, tal projeção seria
rulna para o conjunto, porque o desmantelaria. e falso brilho
para o indIviduo, porque, se o conjunto se arnúna, também o
Individuo se prejudica. 1; somente perd.endo--se no todo que cada
um dos componentes se reencontra exaltado.
Ora estas sé.blas lições se aplicam exatamente à vida cristã:
- No plano pessoal, cada discípulo de Cristo é um C9njunto
-321-
de múltiplas tendências e valores que hão de ser reduzidos à
unidade de uma sinfoma ou hannonla. mediante renúncia e
autodisciplina. Cada cristão tem que se tornar uma pa1avra.
viva, composta de "muitas letras, muitas sUabas, acentos secun-
dários e um acento principal ... , tudo isso convergindo para
uma s6 grande sinfonia que diga cCRISTO •. ~ somente assim
- configurando--se Q Cristo - Que o cristão se realiza como
personalidade. Na verdade, CrIsto é o Primogênito ao qual o
Pai quis filssemos todos contonnes (cf. Rom 8,29). O ideal de
um cristão é viver em beleza ou harmonia, dando a cada valor
do seu ser a justa expansão, segundo a medida adequada, e
rejeitando dura e austeramente qualquer incoerência ou desafi-
nação. AliAs, o comentarista C. A., pouco antes do trecho atrás
citado, elogiava a cautodisciplina férrea» li. qual tiveram de se
submeter os jogadores holandeses para constlturem a equipe
hannoniosa que surpreendeu o mundo. I
• - O cr1stão, porém, reconhece que ele não luta nem vence
a sós. Está Integrado Dum& comunidade ou num Corpo que é
& Igreja., de ta) modo que é somente nesse corpo que ele obtém
a vitOria. O êxito dele e o do con1unto são inseparãveis um do
outro. É a consciência desta verdade que excita no cristão a
capacIdade de se dar aos irmãos na. Igreja, procurando traba·
lhar com eles em atitude de comunhão e de renúncia a si e
humildade. cCarrega! os fardos uns dos outros, e assim cumpri·
reis a lei de Cr.lsto», diz o Apóstolo (00 6,2; cf. 5,13). Ê esse
_saber carregar os fardos alheios com paciência e humildade
(multas vezes. heróicas)>> que faz de muitos um só povo em
marcha' sob o primado de Cristo Cabeça. :t: essa articulação, em
que cada qual se esquece de si para beneficiar o conjunto, que
pode garantir (humanamente falandC)) o êxito da missão da
S. Igreja.
Se em todos os tempos estas verdades foram válldas, pode-
mos dizer que em nossos dias são mais prementes, visto que
mais complexa e desafiadora do que nunca é a tarefa da
IgreJa .. _. visto também que o próprio Deus parece falar aos
seus fiéis de novo modo, através desse slnal dos tempos que é o
atletIsmo contemporâneo configurado na disputa da Copa do
Mundo-74.
Trabalharemos, pois, em harmonia, em graça e beleza. na
urudade que resulta da multiplicidade, . •. em nosS8$ CQmuni-
dades ecleslals, profissionais e sociais. E _ quiçã - poderemos
ser a surpresa do mundo, dos anjos e dos homens, aos quais nós.
crlstãos, fomos dados em espetáculo! Cf. 1 Cor 4,9.
E.B.
1 Not..... bem: "aulodlsclpllnl "rrea". nl anllga linguagem dOI alia-
tu greg08, dlzll!l-&e "kesl• • ucose.

-322 -
«PERGUHTEE RESPONDEREMOS»
."

Ano XV ----: N1 176 - AgOlfO d. 1974


'. ,' .

, "

Ê~t~i' 'b.ôitOt • Ri~o.re.:

milagres 'e "milagres":


CQnro identificá-los? .
Em sim",; o mlllflra, nI teologia , n. ,apologética -católico. nlo
, .Implesmente um feito que derrogue' b lei. da nlluraZl, IlnCltando adml·
r"Io.. , .lul'P.rlla.1'10s.ISI,lI obseNadom. ma 6, antea do mal., um IInal ou
urna !)l!.'IlVI'll "plbUc,a" de De~. aos home".. Em conaeqOtncll, .nt.nd....
por "mflagre" um acontecimento real, qUI leJa .lnoxpllcMI 101 olhos da
ellnel. conlampor& naa ti qUI ocorra Im aullntlco contexto rellglolo como
....po.,. d. Deut • esse contexto.
O autêntIco mUagnl, par. oi tpalog6l1cI eal6l1ea. nlo pod.~ .. r
- um Ien6tneno da experiência maramente IndivIduaI, que OI homens
J'1.~~.· .po~1fI rleõ:onhlca, por crlttrlol oblellvoe•
. / .' _ .nem t1m lenOmeno amblvalenla,: Isto 6, , ule.llvel d, dupla Inllr-
.pretaç~o C . natural e a fObranelu ral),
: .-'nem 'ume cu,. de mol6sUa funcionai (requer... :mol"UI. org6nlca
,lId.~ ~o Jn~\Irll~1 pela medJelne conlempOttne.),
- nam ergo que ae ..,erlllque em emblenl. de Imorelldede, chatlale·
Miamo, cobiça dI lucros fInanceIros, aenaaclonallamo, arrogAnela em nlla~o
~.De:~.', .. ..;
., , .Ao : conlrllrlo. o aul'nllco milagre la reellu IM contexto de prece
hijmJ~ •• :r.' .~l't'!\lIc .. e d. '",,101 d. co~ralo 1 verdad., JOp(ldlo do' pe-
cado, concórdIa e cartdade anl" o. homena. - Caso .eJa • cura de atguma
mol6lU8 orolnlca ~amenle diagnosticada, requer-ee que leja Irwlan-
.Uflea.. OUA!;UII'. Inata,ntAne..
e:
m~dlanle tal. crltérloa que se podam distinguir da 'alloa portentol
(devidos .. Ilullo ou • ror~ •• ocultas) 08 verel.alroa mU.gr.., ,Inals Clt
0.111 'que' confirmam uma menaa".m ou um .raulo da verdadelr' f'.
./ . ,
',' .
, ".
, .- -
: I!~ ., :C!lDlentárlo:,:t .. slgnlflcatlvo O interesse de grande parte
da humanidade de ho1e por fenômenos extraord1nárlos : curai,

-323 -
" ..PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 176/1974

revelaCóeS, profecias, possessão diabólica, etc. Os jomala Dio


raro noticiam prodígios ocorridos em Jgrejas ou em centros
reUgtosos, suscitando os maJs diversos comentários dOI le1torea::
enquanto uns acreditam com facllldade em tais notlclas, outros
se mostram reservados ou céticos. A cautela destes explioa.-Ie
pelo Cato de que muitos dos fen6menos outrora tidos como pr&-
ternaturais ou sobrenaturais 1 hoje em dia vêm sendo mais e
mais explicados pelas ciências naturais e humanas. Este pro-
gresso do saber cientifico leva mesmo grande núme.ro de·pes..
soas a descrer da realidade ou até da possibilidade do ~.
Até os portentos realizados por Jesus, segundo o Evangelho,
são assim postos em xeque.
Visto que se requerem idéias claras a este respeito, propo-
remos abaixe» a posição da teologia cat611ca frente 80 problema.
encarando o conceito de milagre e as caracteristIcu tanto do
autêntico ~mo do falso prodlgto.
A reapel!o do. mUeO"'. de Je.u. no. Evanpelhoa, f" hll artlp
em PR 171/1974, pp. 91-103; 134/1971, pp. 76-&1: 135"11'71, pp.
1011-115; 136/1971, pp. 181·188.

1. Quo' mllagro?
1. Na linguagem comum, costwna·se entender por cmDa-
gre, um. Cato maravilhoso ou extraordlDárlo que suscite .amJ.
ra{'io ou espanto (o tenno mlrI.ea..Ium. latino vem da mecna
raiz que a.dmlrarl). Com outras palavras: m1lagre seria mn
fato contrâriO às leis da natureza. e, por Isto, só expUcivel por
especial intervenção do Criador.
Ora em nossos dias os fatos «maravilhosos:» são cada ~
mais elucldados pelas pesquisas clent1flcas, de modo a já Rio
suscitarem admiração. Além disto, as lei! da na.tureza vlo eendo

I 8obfenelur.l 6 aquilo Que ultnlpa'lI o elcanu ou o poder de qu....


quer criatura: I151m I plrtlclpl,lo di 'Jldl de Deus ou I "lIe,1o dMr.....
concedldl Iltl"" da graça a.nlllk:lnte, 6 um dom aob..-.nalul'Il.
8011teftltural nlO 6 necessariamente .lnt1nlrno de I>Ortl"IOIO ou ..pa-
Ihafalo.oi pode .er um dom lallnle • d"plrcebldo lO. homen •.
PrttemalUra! é O que ultrapassa o alcance dI natum. humana como
tal, levando-a além de 'eu. IImU.. pr6prlo•• Alllm a imortalidade do com-
pcllto flumano , um dom pretlmltural; o homem que foa .. Imortel por dom
. d. · Deu'" nlo deIxaria de aer homem, ma. ultrlpasalrla OI 1Imll.. di lua
condlçlO netural.

-324 -
MILAGRES E f MILAGRES, .

concebido de nova maneira e os conceitos da nsica se vão al-
terando, de sorte a tornar pálido e dúbio para ptultos estudio-
sos o conceito de dntraçlo das leis da naturezas,
~ este questionamento que leva os teólogos a lembrar algo
da história. do conceito de milagre.
2. Nos Evangelhos, o milagre é considerado, antes do
mal!, como .lnal, isto é, como Palavra de Deus que interpela o
homem e o ajUda a proferir um ato de fé na mensagem tram-
mitlda por Cristo. Quem vê um sinal, é lncitado a crer, •. , a
crer na palavra de Jesus, que tez o sinal.
Tenham-se em vista, entre outros, os seguIntes textos:
.I. 3.1; Olz Nlcodemoa a .leeu': "Nlnllullm pode fazer o. sinais que
faz..... Deu. nlo .. ti com .1.··.
Je 1.11: "E,te foi O primeiro dOi sln.l. de J"UI. Ele o cumpriu em
C.nt da aaUl"a. Manlfe.lou a lua glOrIa e OI .eus dlscrpulos crerlm nere".
Em ",o 11.4, O ólUmo mll.or. de Jesus tembêm , apresenlado como
.Inll : "Eeta doençs nlo 111 mortll; mas 111 p.re a glórIa de OeUl; deve
servIr. glortnceçlo do fIlho ds Deu.",
Em ",o 1',4f.A, os feri .."., .pó. I IWllurrelçlo de LU,ro, d.llberam:
"Ou. faramos' EI•• homem (Jesu.) reallu muItos slnll,. Se o deixarmo.
lolr, todQ$ acredlllrlo nelo".
Em La _.1, IpÓS • pllCI mllegrosa. Padro pT08~ou·.e 10.11 pu do
.....Ir. • excllmou: "Aflstl-t. d. mim, S.nhor. pole sou um pecldor".
Mo 2,"" : "Qu. ,
,lo perdoadol?' ou
mall 'tcll: dizer lO pa,.lIIlco "'.U. pecadOl t.
dller~l1. 'uVllnla-te. loma o teu 'ello • Indl'? Pare
que .a!ba. qUI o FIlho do Homem na lerra t.m o pedir de perdoar OI
pee.dot, (diz JelUl lO plralltlco): ·Levante.le, toma O leu lello e vai para
oaar" .

Nos prlmell'QS séculos, os Padres da Igreja, ao considera·


rem os mUagTeS Jnslstiam sobre o seu carâter de sinal salutar
mais. do .que sobre o de manttestac;ão de poder. O mUagre, para
eles, era ti !elo ou 8!nele que autentica.va a verdadeira revela.
çAo feltã por Deus aos homens. Não era o acontecimento por-
!en.toso como tal que lhes lnteressava, mas a f1nalldade e a tun·
elo de mesmo na vida de fê do crlstlo.
Na Idade Média, ponlm, a partlr de S. Anselmo de cano
~ (t 1109) I deslocou·.ae o enfoque dado pelos teólogos ao
mUqre: mala do que o sinal, começaram a ·acentuar no mUagre
li manIfestação do poder de Deus como tal: cUm fato é mUa·

-325 -
6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 178/1974

IT'OIO, quando ultrapassa. o poder de toda criatura_, dIz ·S.


Tomia, sem se importar diretamente com a lndole de sinal, '-que
vinha a ser, no caso, wn acess6r1o (cf. S. Teol. l, qu.ll0, a·, 4c).
O motivo peJo qual se deslocou () enfoqu~, é o ~.te : OI
Padres do Igreja seguiam de preferência a filosofia platOnlca,
que é propensa a consIderar as realidades vistvels como Ima·
gens du invl~ivels; neua mentalIdade, a noelo de sinal é-.clara
e óbvla; adotando-a, os:Pedres da Igreja não tinham ·dlflculdade
em ver nos mllagres (curas, ressurreições, resqt.uraçlo da . or·
dem corporal ". ) acenos às realidades espirituaIs ou ..Slna1.I
de Deus. Na Idade Média, porém, o slstemo fllo~nco predoml.
nante entre os teólogos foi o aristotelismo; este se preocupa
mais com as n0eões de causa e efeito ·do que com a de. sinal ;
é mais guJado pe18. razão do que pela intuição. Dal a nova acen·
tuaCio que a teologia medieval passou a dar ·ao rnllagré: con·
liderou -=>, antes do mais, como um efeito· qUe ultrapasSa ' a
causalidade natural das criaturas; em conseqüência, l.ulga-se
que, quanto mais um efeito parece extl'aorcUnúio, tanto mais
preenche as condições de mDagre.
'.
O c:oneelto medieval perdurou entre 09 teólogos até · tlns
do séc.. XIX: o mUagre fol sendo mais e mais considerado como
feito que evidentemente se opõe às leis da natuuza e, pOr con-
Segulnte, deve ser causado pelo Criador. O vaIoI: de 1lDAI, neSsa
conceituação, era menos explicitado, se não silenciado. .
3. FInalmente no InIcIo cio sée. XX registrou·se na teOlo.
gia a tendência a voltar ao conceito blbUco e patrlstlco de mUa.
gre. Este de novo foi sendo entendido como sinal ou palavra·
..feito de Deus, ~ este o eonCéito dominante hOje na teolõgla
cat6Uca, que assim formula o seu pensamento: . . , ,: :.
MUagre ~

a) um foto real,
b) totalmente inexpllcâvel pela ciência de nossos.dI....
c) realhado em autêntico contexto rel1g1oso, como-.iuaJ
ou resposta de Deus a. esse contexto: . ..
Percorramos cada wn dos elementos deSta ~esen!:io: ,
a) Fnto real ... Antes do mais, requer-se que o epls6dlo
apresentado como posaIve1 m11agre seja um eplsódio ·real; }üa.
MILAGRES E ~MILAG~ 7

tórico. Sabease quanto a ImaglnaCio é fértil em crlar casos


maravilhosos ou, ao menos, em aumentar as dlmensóes estra-
nhas de determinado episódio i o subcomclcnte, com as su.u
ru:plraÇÕes intimas, a alucinação, a sugestão, do responsáveis
por multas dos casos que o rumor popular apresenta como mi-
lagrosos, mas que na verdade nunca ocorreram. ou só ocorre-
ram com características perfeitamente explicáveis peJa clêncla
e e. razão.
Por conseguinte, diante da noticia de um fato. portentoso.
a primeira tarefa do estudioso será a Investigação do grau de
hlstorlcidade que toca a tal episódio. Muitos emDagres:. e mui-
tas dúvidas se dissipam Jogo, medJante tal pesquisa.
Tenha-se em vista a notlcia. propalada na Guanabara em
1972, segundo a qual em IrajA l.parecera milagrosamente uma
imagem de Cristo esculpida na rocha, Muitos fiéis toram ao
local, a fim de pedJr graças e orar, quando após alguns dias
se averigUou que a imagem nada Unha de milagroso, . mas fora
esculpida clandestinamente na pedreira local por mãos huma-
nas ...
b) . •. Inexplicável pela ciência eontemporâuea ao fato.
A ciência moderna tem elucidado numerosos fenômenos que,
na época de sUa ocorrência, foram tidos como ml1agres. C0n-
seqüentemente, muitas pessoas perguntam se os fenômenos hoje
considerados inilagrosos ainda o serão dentro de cinqüenta anos;
extlngulr·~ia. assim o conceito de milagre.

O pensador racionalista A. sabatler (t 1901) dfzia:


"N8$se eonflllo entre o mllegre e ir; ciência, o milagre flaré necessarla-
m.nte v.neldo, polfl o Séu setor.e estreite fi diminui sempre mala,· l ma-
dlda quo ee enriquece e estenoe fi ordem meglllllefl e soberana do eosmoa"
("esquis.. d'une phllosophle de la rallglon d'aprês la psych<llogle ai I'to.la-
tolre". Perlt 1897, p. 75).

Em resposta, dir-se-á:
- há fatos, registrados pelo Evangelho (e por outros do-
cumentos fidedignos) , que a ciencia não explica nem jamais
explicará: tais são a ressurrelçao de um morto, a multiplica!:ão
de alimentos, a transforma~Ao de água em vinho, a sedaçio
Imediata de u~a tempestade violenta, . .
- independentemente desta observação, o conceito de ml·
lagre subsiste desde que a ciêncIa contemporânea ao portento

- 327 -
li cPERGUNTE E ~PONDEREMOS, 176/1914

não o saiba expllcar nem conheça pista para explicA·lo futura-


mente. Basta a verificação de tais condições. - Em tal caso,
dir-se.' que o fato foi produzido por Deus como sinal ou como
.resposta para as pessoas que acompanharam o acontecimento
portentoso. A linguagem lê algo de relativo ou algo que se deve
adaptar à compreensão das pessoas interpeladas. Ora, se estas
registram um evento que de modo nenhum pareCe passlvel de
explloa.Cáo nem no presente, nem no futuro, tais pessoas .pode-
rão concluir que o prodiglo se deve a uma lntervenção'expliclta
de Deus, que assim se quis manifestar mais pujantemente aos
homens.
c) .. . BelltsNIo em autêat1co eontexto rcUgloso . •. O ml-
lagre.palavra vem confirmar, da parte de Deus, uma atitud(!
religiosa dos homens: ora Deus SÓ pode conflrmar valores
autênticos e verdadeiros. t: por isto que, depois que a ciência
contemporânea verifica a' inexplicabilldade de determinado rato.
a Igreja ainda não npregoa mUagre: ela examina ns circuns-
tâncias em que o portento se deu: terâ sido resposta a uma
prece humilde, confiante, Inspirada -pela verdadeira fi:? Terá
servido para conflnnar um servidor de Deus cuja doutrina ou
cujo comportamento prcclsavam da chancela do próprio Deus?
- Ou será que o prodígio se verificou em contexto de magia,
crendices, superstições, culto ao demônio, etc.? Ca~o se veri·
fique a primeira hipótese, a Igreja reconhece o milagre-sino.l
de Deus. Caso, porém, se dê a segunda alternativa, a Igreja
atribui o portento rà aeão de forças maléficas, ou seja, ao demO-
nlo (o Que na verdade ê ocorrência multo rara. que não se há
de supor com facilidade).
Em conclusão, deve-se aflnnar que o mllagre não ê sim·
plesmente um fenômeno fislco, ao qual sobrevenha a funcão de
sinal. Mas, por suo. própria Indole, o milagre é um sinal ou
uma palavra cplAstien. dirigida. por Deus a determInada por--
ção da humanidade. a fim de suscitar- a fé dos homens ou
tornar mais Cacl1mentc acreditável aquilo (a mensagem ou a
pessoa) que o mlIagre assinala.
Passemos agora 1 consideração das

2. CaracteristicQs do autêntico mUogre


Foi dito atrás que todo milagre é um sinal ou uma palavra.
de Deus aos homens. Ora, para que essa palavra possa se~

-328 -
_____________,~ttLA~~G~RES~~E~.~MILA~~G~RES~~>~__________9

reconhecida e uUlJzada pelos teólogos - principalmente pelos


apologistas da fé - como testemunho válido para todos os
homens, é necessârio que ela tenha certas caracterlSticas.
Procuraremos, pois, enunciar abaixo 1lS notas distintivas
do genuino milagre-sinal de Deus para os homens. distrlbuln~
dl>8S JX"r dois subtltulos : características negativas e caracte-
rísticas positivas.

2 .1 . Cri'6rlos negativo.
N'ão são reconhecidos como dnals que a apologéUca uWhe
para seus fins

2 .1 .1• Oa: f.n&meno. cnnblvalentes


Hã, sim, fenômenos suscetlvels de dupla interpretação: a
natural e a sobrenatural. COm outras palavras: certos aconte-
cimentos se podem verUloar tanto em contexto rellgloso como
em contexto puramente natural, psicológico ou parapsicológico.
Tals são os fenômenos que por vezes acompanham a experib-
ela mist1ca:· visões, vozes interiores, êxtases, estigmas, sonhos
premonitórlos, adivinhação do pensamento ...
Todos estes fenômenos "o"dem, sem dúvida, ter wna causa
sobrenatural (intervencão extraordinária de Deus), mas do
igualmente suscetIvels de expllcação natural. 'q ue apela para
reaÇÕeS psicológicas ou parapsico10gicas. Já que é assaz difidl
distinguir a verdadeira causa de tais fenômenos. a teclogla CA-
tólica não costuma utilizá-los em seus tratados de apol~t1ca.
Com Isto não se diz que as visões, os estigmas oú .outros (enôo-
menos atrás apontados jamais sejam de origem sobrenatural;
apenas observamos qUê 8.!; ~ sem fé diante dê tais fen6-
menos poderão sempre apelar para oou..c;as: naturais - o Q.ue
torna ineficaz o sinal ou a palavra que o apologista catOUco
poderia deduz.1r desses mesmos DconteclmentoS.
Não raro os advers'rios da Igreja impugnam tais fen&-
me:ilQS e os ridicularizam! como le, para a Igreja, fossem núla-
gres aptos a favorecer a fé. Ora tal não ê o modo de pensar
da Igreja. - Doutro lado, acontece que multas pessoas pie<!I>
iaS valorizem exageradamente tais expressões amblvaJentes
(voze=s, esUgmas, aparições, vlstes ... ) como se fossem nece..
sarlarnente sinais de Intervenção dIvina ou de comunlcaçio com

-329 -
10 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 17611974

()s espiritos do Além; não se creia isto, dado que tais fatos
podem ser reduzidos à atuação de causas puramente pslcoló·
glcas ou parapsicológ1ças.
A respeito de .. sllgmltlz.eçlo. vellmoS. ultorlores consldorllçC-es em
PR 54/1962. pp. 214-224.

2 . 1 .2 . Os f.n6meflo. d. experifnda m.ramente tnãrtldual


Há fatos que podem ser realmente milagres genuinos, mas
que só uma detennJnada pessoa vive e conhece. Tals fatos serão
verdadeiros sinals de Deus para a pessoa assim agraciada, mas
não poderão ser utilizados pela apologética como mensagem des·
tinada por Deus a todos os homens. Tais s:ina1s têm algo de
incomunlcAvel, pois implicam um tanto de experiência imediata
e de intuição, que não se pode enquadrar em um esquema
objetivo e válido para o grande público.
Aliãs, multas das nossas certezas mais arraigadas e finnes
são Incomunlcâvels;' se as tentássemos relatar, não seriam en~
tendidas ou se tornariam talvéz objeto de menosprezo. Não
obstante, são certezas fundamentadas e vá.1idas.
Tenha-se em vista. por exemplo, um caso freqüentemente
relatado nas vidas de santos. Um homem de Deus, movido pelo
puro desejo de servir ao Senhor, contraiu pesadas div1das ...
Aproximando-se a data de pagã-las, vê o seu cetre vazio. To-
davia pennanece em paz e se refugia na ora~ão, certo de que
o Pai do ceu não o abandonarão Ora aeontece que um visitante
desconhecldo vai procuri·lo; depois de palavras banais. deixa-
-lhe discretamente uma esmola e se vai; era precisamente a
quantia necessãrla para eobrir as dividas . . , ! - Pois bem: o
tato parece ser sinal n't1do da Providência. Divina, que houve
por bem l'e$ponder mllagrosamente às preces do seu servidor.
Sem querer negar o mllape. dIga--se, porém, que para o grande
,PúblIco nAo se pode fazer de tal tato uma prova apodlctlca da
intervenção divina: com eleito, os ouvlntes poderiam aDeJar
para mera coincidêncIa nAo lntene!onaI .. . ; poderiam dtzer que
o· benfeitor foi. por um conjunto de clreunstânclas naturais,
admoestado a respeito da sltuacão trágica do beneficla.rlO; p0-
deriam também alegar Que se tratou de um fenômeno de tele-
patia ou de sugestão. Apesar de tudo, porém. quem tivesse
VivIdo tal experiência, náo seria um doente nem um simplóriO,
se insistisse em julgar. com certeza lnabalãvel, que Deus o teria
agraciado mUagrosamente.

-330 -
MILAGRES E cMILAGRES~ u
2.1 .3 . As moléstios fundoncns

As curas de doenças são os fenômenos mais freqüente-


mente apontados como milagrosos. Por isto é que neste setor
se jmp6em rigldas cautelas a fim de não se contundir mUagre
com outros fenômenos.
Comecemos por distinguIr entre doencas orgânlcas e doen-
~ funcionais.
Nos casos de moléstia. orginiCB, há um órgão afetado em
sua integridade anatômica ou h1stol6g:lca(lU deformado e dege-
nerescente, de modo a estar em vias de perecer lentamente.
Certos processos de destruição ou degenerescência dos tecldos
são, no estado atual da medicina, irreversiveis e. por conse-
guinte, irrecuperáveis. Outros processos desse tipo estâo suJei-
tos à recuperação dentro de certas proporções e pI"li2os..

Outras moléstias são meramente funcionais, nAo dependen-


do de lesão fi$lca, mas de perturbação do sistema nervoso j
t êm causas pslool6gicas; donde o nome de moléstias cps:cogê-
rocaslt. Quando tais causas pstcolOgicas desaparecem, também
as suas conseqUências ou os distúrbios fl'nclonais cessam, até
mesmo quase instantãneamente. Tais são, entre outras, as per-
turbações histéricas pseud(H)rgânicas, que apresentam todos
OS sintomas de uma l6áo <lrg!rüea sem que esta exista real-
·me!1te, (lU. ainda, a pseud().peritonJte tuberculosa sem a pre--
senca de bacl1os.
Há. quem fale também de moléstlaa psicossomáticas, nas
quais wn fundo nervoso está associado a lesões orgânicas. Em
alguns casos, o elemento ps:qulco predorrJna e é diretamente
responsivel por lrrlta.ções orgãnl.eas (dermatoses, úlceras. mo-
léstias carcUacas ... ). Em outros casos, o fator orgânico (com
seus bacllos, por exemplo) predomina. mas o estado pslqulcb
ou afetivo do pacJente lntlul po<Ierosamente no curso da doença.
Fois bem. As doen!:8S funcionais ou nervosas ou mesmo 8$
doenÇas orgânicas de origem nitidamente psiqulca ou nervosa.
não vém ·a o caso, quando se trata de milagre na apologética ou
Jl8 teologia. Ao contrário, interessam as lesões orgânicas nitida-
mente diagnosticadas e tidas como Incuráveis pela mediclna con-
temporânea. Caso sejam curadas em um contexto de fé e prece
puras, pode-se admitir ai uma Interven;ão extraordlnárJa de
Deus ou wn m11agre. '

-331-
J.2 cPEROl1NTE E RESPONDEREMOS, 176/1974

Acrescentemos que, dado o conceito de milagre .sinal de


Deus», nAo podem ser Udos como mlIagres certos tenOmenos
reaHzados em contexto indJgno de Deus. Donde o novo sub-
titulo:

2.1.4. Oratn5l4nda1 que desabonam

a) Tais seriam, em primeiro lugar, os ambientes de lrre-


verenda a Deus, imoralidade ou deboche de costumes, charl&-
tanismo ou Uuslonlsmo, cobIça de lucros materiais ou aceitação
de lucro f1nancelro por parte do pretenso taumaturgo, ocasião
de satisrazer ao orgulho, à vaidade ou à sensuaUdade das pes·
soas envolvidas no portento ...
Expllquem~nos : o homem pode ser incoerente ou contra-
ditório em suas expressões ou conduw (assim pode haver la-
drões que rezem para pedir o bOm êxito das suas tmpaças;
pode haver quem pe~ a Deus que o alUde a vingar-se dos seus
inlmJgos). Mas o Senhor Deus não pode ser incoerente ou con-
traditório. Dal dlzer...se que Ele não realiza sinais ou paJavru
portentosas que de algum modo possam sugerir a conflnnaçlo
do deboche, da fraude ou da lmora.lldade ...
b) Ambientes de sensacionalismo e alarde levam Igual-
mente a desconfiar da autenticidade do crnllagre•• - Na ver-
dade, as obras de Deus costumam ser discretas, mesmo quando
exageradamente sensaclonal 'á
derrogam ao curso natural dos acontecimentos. Um portento
não seria slnaJ, pois não levaria.
os espectadores a pl'OCUr&r outra realidade invisível assim assi-
nalada. Allmentarla a fantasia e a curiosidade profanas mais
do que a lntellgénela, a té e a reverência a Deus.
c) O esplrito de aITOglncla e de dominlo com que alguém
trate as coisas de Deus e os fenÔmenos prodigiosos, tamMm
resulta em desabono do pn!tenso milagre.

Quem julga ter direito a. algum. milagre, porque possui


ciência e receitas ou porque é virtuoso e sempre foi fiel a Deus,
jA se coloca fora das dJsposlç6es necessflrJas para ser atendIdo
pelo Senhor Deus. O autêntico milagre é sempre sinal gratuito.
nunca. é devido por Deus ao homem. O homem não ~encomen­
da:. milagres a Deus. Somente quando assume uma atitude de
humildade e dlsponlblJldade. pode o homem esperar receber a
graca e a condescendência de Deus.

-332-
13

Para que melhor se penetre o sentido desta verdade. tranJ..


creveremos abaixo wna péglna em que o escritor Ernesto Renan
(t 1892) formula as condições que o pensador raclonalJsta eto
tlpu1arla para poder reconhecer um mUagre :
"Olaamol que venha fi le aj:lresentar amanhll um taumaturgo com era-
dancl_1I .ulltlenrem.nll a6r1a. para IIr levado em conslderaçlo. Suponh ...
mOI: Ire .nrmarl. qUI poda reSluscllar um mol10. Oue f.rfamoa? s.rta
ncmaada uma comlnlo d. fl' lologlsta,. II, lcos. qulmlcoa, pblO" ,,..Inadas
na critica histórica ... EUI comIna0 ucolherla o CII~r; c:ertlflctrol&-la
d. que li morte 101 roal. designaria li ••Ia em q UI • • f.rla fi axpa,16nela,
estipularia todo o 11.'ema da precauçOe., n.c.ll"r~ para nlo dalur lu".r
• dllvlda alguma. Se em tar. condlç6., . . .1,11.1"'8 li 1HlurrtlçJo. .... ri.
adquirida um. problllUdad. qUI'1 Igual" cortoza. Todavia, dado qua uma
experiência deve sempre podar repeUr,," • vlato que o experlmentador de".
•• r capaz de refazer o que .re fez uma vez e - mais - 1111. que na linha
do mrregr. n!o vem 80 caso o ''-ell ou o dureI!, o taumaturgo sena convI-
dado a reprOdU2.lr o seu .10 portenloso •. . S. em cada InslAnels o mUagre
aconlecesse, duas eol.u eslsrlam comprovada : em primeiro luger, acorto
lacem na mundo f.IM lobrlnstutels; em seoundo luo.r, o ~d.t de 011
produ:!r pertence ou • dllegldo • cert .. pello... Mas q\.l.m nlO Y6 que
nunca um milagre ao realizou em 'ai. eondlçoe.," (E. Renen, ·'VI. di
J6.us". Pari. 1863, pp. LI·lIl!).
Na verdade, o fiel cristão pode estar certo de Que nunC8j
um tal milagre se realizou nem reaUzarã. Não serfe milagre
crlstão, nem mesmo acontecimento rellgfQsoj não teria sentido.
Viria a se~. em última análise, uma capitulação de Deus. que
cederia. à descanfianca. e ao orgulho da. matura. Diz a S. Escri-
tura que Deus recusa a sua graça aos soberbos e auto-suficlen-
tes, mas a derrama sobre os hurnlldes com a generosidade de
um grande senhor.
Mais: pode-se notar que a comlsslo Imaginada por Renan,
alnda que verificasse a caparlção. do morto-vivo, provavel-
mente suspenderia o seu julgamento e declararia que havia de
estudar um pouco mais a fim de averJguar, por melo de expe.-
riências e pesquisas, se certas forças naturais até agora Igno-
r adas ou um acaso ou uma combinação,) de fatores até aqui
lmprovAvel ou a intervenção de um número quAntlco. . . não
poderiam explicar o que, em primeira abordagem. ficava sem
explleacão.
Em suma, para que alguém possa fazer wna experiência
reUgiosa - seja ordinária, seja extraordinária - . existe wna
condit;ão prévia Indlspensâvel: admitir que tal experiência não
seja Imposs;vel. E só o pode admitlr quem seja hum1lde e dE"&-
tltuldo de preconceitos.
Passemos agora aos
-333-
14 c:PERGUN'TE E RESPONDEREMOS:. 176/1974

'2,2 , CrllériClO potlllv• •

Uma vez ei1Unctada,s as caracteristicas que desabonam o


mllagre no sentido teológico e apologético, importa averiguar
as . que o recomendam e autenticam aos olhos do observador.

2 .2 . 1• 0Ha Jnlfagrosa: carad.rl"lcGs

Para que uma cura de enfennldade venha a ser levada em


conta como possível resposta de Deus aos homens, deve, se..
gundo a jurisprudênda da Igreja, preencher as cinco seguntes ·
condições :
1) Trate·se de uma. doen;a orgânica grave, consistindo
em alterações anatômicas (modificação, perda ou hiperprodu~
ção de tecidos . . . ). Essa doença terá sido diagnosticada pelos
métodos mais seguros e haverá sido considerada totalmente
incurável aos olh.os da medicina contemporânea.
2) Tenham sido Ineficientes todos os meios terapêuticos
devidamente apUcados.
3) Verifique-se a restauração dos órgãos ou tecidos le-
sados em espaço de tempo tão breve que possa ser considerado
instantâneo.
4) Não se tenha registrado o prazo ordinariamente ne-
cessário para a recuperacão gradual da func;ão lesada (a pessoa
curada conseguiu logo caminhar ou comer e dJgerir com toda
8 normalidade . . . ).
Ou, em outros casos, não se tenha verificado o prazo ne-
cessãrio para a reabsorclo dos edemas, dos derrames de pleura
ou para a destruição das massas de tumores - o que não exclui
ritmo progressivo (mas rápido) do estado geral de saúde da
pessoa curada (aumento de peso, de forças, etc.) .
5) Seja a cura. duradoura, capaz de ser comprovada por
exames sucessivos. feitos a intervalos regulares durante longo
espaçO de tempo.

No artJ.g:o seguinte, veremos como em Lourdes procede 8.


Comissão encarregada de exambta.r os fatos extraordinários lá.
ocorrentes.

-834 -
MILAGRES E «MILAC~ 15

2 .2 . 2. Avtlntlcas atttudn d. "

a) lu pessoas envolvidas no verdadeiro müagre elevem


apresentar atitude de autêntica fê, m&l"C8da principalmente pela
omç§.o e a humildade.
As idéias protessadas por essas pessoas deYerlo ser as da
Revelaçio cr!sti. O mDagre verlflcado em tal "",texto serã o
smete dada por Deus para confirmar a virtude, a missão ou a
doutrina das pessoas por intermédlo das quais ou em favor das
quais o portento se realiza. Sendo asslm, entende-se que os
milagres se efetuem geralmente na vida dos Santos ou dos
arautos de Deus, pois estes é que precisam de credene1ais, isto
é, precisam de ser idenUflcados ou confl.I"lll8.dos pelo Senhor aos
clhos do mundo.
A rigor, não se exclui que um rnllagre ocorra por Intenné-
dio de pessoa de vida indigna ou de doutrina errônea. ~ de
crer, porém, que Isto 50 se dê excepcionalmente e que o Senhor.
ao realizar o portento, remova os perigos de ilusão; Deus então
fará que os homens eompreendam o sentido do prodIglo ou o
tenno preciso ao qual se refere o sinal milagroso. Em outras
palavras: o Senhor pode querer servir-se de um pagão cu de
um homem de má vida para ser portador 00 mna mensagem
divina. Em t.ais casos, o milagre atestari a verdade dessa men-
sagem, mas não comprovará a conduta de vida ou o conjunto
de idéias do arauto; o Senhor pennitlrá que isto se torne claro
aos homens.
:e importante frisar que o quadro mais normal dentro do
qual o mDagre se Insere, é o da prece bamllde, desUtuida de
crendices ou artlftclos supersticiosos. O prodfglo aparece então
com, a resposta de Deus ao apelo da mlsêrla do homem. Este
não é capaz de comprar ou de forcar o favor de Deus; nAo hi
preces OU ritos de efeito lnfaUvel ; a oraçio :agradãvel a Deus
é a que procede de um coração filial, voltado para o Pai do
céu em confiança e amor, sem «receitas» prévias cgarantidas••
b) Os efeUos do genuino milagre alio, entre outros, a con-
firmação dos homens na verdade e no bem, O repúdio do pe--
cada, conversões à reta fé, paz de alma, concórdia e caridade
entre os homens, fidelidade ao dever de estado, obediência às
autoridades . ..
c) A expressA0 cA tua fê te salvou. J freqUente nos lábios
de Jesus (cf. Mt 8,13; 9,2. 22; 15,28; 17,20), não quer dizer que

-335-
16 ,PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 176/1974

os milagres sejam projeções do psiquismo subjetivo do paciente


(fallb beo!la" la 101 qui gu6rll) . Há, sem dúvida, casos de cura
por auto-sugestio; todavia, desde que sejam reconhecidos como
tais, " Igreja não os úUlb:a na apologética. Outros casos ~e cura,
porém, não podem ser atribuldos à sugestão; tenham se em
vista os que supõem, comprovadamente, o clncer, a cegueira,
a esclerose ... Charcot e Janet. qtie defendem. a tese da cré que
cura», 50 apontam. entre os exemplos "dados, casos de doenças
funcionais, ocorrentes em. cpade"ntes especlais afetados de mo.
léstias especla1s.; d. J. M. Charcot. eLa foI qui guéritn , Paris
1897; P. Janet, eLes rriédlcatlons psychoJogiqueb, 3 vols., Pa-
rls 1919.
A fé, de resto, não é sugtStão subjetiva. A fé que Jesus
louva nos Evangelhos como penhor de salva~ão. significa aber-
1llra para DeWJ cheia de entrega e confianca. DitA daro que
uma tal dlsposlção a.calma o sistema nervoso do paciente, mas
"é incapaz de explicar 8 cura radical do mesmo, quando afetado
de certas lesões oriA.nJcas. A autêntica fé, ademais, é precedida
por um juizo da riLzão; longe de ser cega ou sentimental, ela
supõe o conhecimento dos motivos de credibilidade: por que
posso crer ? . . por que devo crer? ".. por que crer precisa-
mente em Jesus de Nazaré ? .. por que crer na Igreja Cató-
lica, e não em outra comunidade religiosa? O estudo de tais
perguntas exige o funcionamento da razão e da lógica, contri-
butndo assim para emancipar da sugestão, do sentimentalismo
e do fanàtismo a autêntica fé cristã.
EIs o que, resumIdamente, ocorre dizer sobre o autêntico
milagre no sentido da. teologia ~at6lica e suas características.
N ão é a ostentacão de poder divino que at importa, mas. sim,
a palavra e plãstlca~ que o Senhor assim queira transmitir aos
home-ll5.
A tem6tica d~ artigo será completada pelo que Se segue.

J" Galot, "11 mlrac% , aegno di Crllto'·, em "La Clvlll! caltollc." 2972,
.20/1V/1 874. pp. 131-142.
L. MonlSen, "Le mlnlcla, al<;ln8 do .alul". Dascll~. da Brouwar 1960.
J. B. Ma~ ''Wuncl.,." em "Mysh"lum Salutla", IV. Frelburg 1.16r.
1889, cols" 1413·1417.
Fr. l6p.rgnltUr, '"La o.fure foncUonnelie du mlracle", am "Nouvollo
Aevu. l'h60IO<;Jlque" 14 (1882). pp. 283-294.

-336-
MILAGRES E cMILACRES, 17
Ed, Ohanl.. "CU·"t-C8 qu'un mlraele1", em "Gregorlanum" 40 (1959),
pp. 201·241.
VArlos, "Mlracolo". em "EnclcIClpe;dla Cettollc." VIII, Clttl dlla VatI-
cano, cols, 1089·1 078.
J. Gultton. "Jnw". Pari. 1956 (em traduçlo brlllUelra' .
R. van der AIII, tlGu'tllons mlracl.lleuSH tI , em "Dlctlonnaln Apolog'"
Uque da la FoI ChréUenna" 11. Parb 1911, cols. "19-438.
PR 6/1 958, pp, 223-226.
PR 59/1902, pp. 4:;0-.402-
PR B8/ 1ge7, pp. HH~,
PR 134/1971, pp. 75011.
PR 135/1971, pp. lD6-115.
PR 1311/ 1971, pp, 181-1N.
PR 1711197", pp. 91-103.

• • •
um (ongresso de lIIosolla
Os nota0. dlUmo. 'a. clcuIOl 11m telmlnado com br..... cr.!lnlca de
"lasem a '.ra,I. Desta vez. porém, Inlarrvmperemos a "lia d.. nBl:aç6ee
Cfonl.ncn p.ara poder dar lugar h hnpr... lln da um cortama g:andloso.
Em . etambto voU.ramol m.nlalmant. li Tarra Sanla.
R..lhI:ou.... em Patr6polb (AJ', da 14 a 20 cf. Julho pp., a 11 Semana
Inleml cloMl eI. filosOfIa promovida p,la Socled.~ Bradlelra de Fll6.ofos
c.c~lc:os. Pod.... dl_r qu • • • • • ncontro foi brilhante como pOUCOll Con-
"reaos de lal ganel'1) am nos.. pilllL
.• . B,llhlnta .~ .... rlot a'plclot. Eram c.rca de IJuenlOl OI um..
"1s1" (dot quais 100 .,Iuclanl .. com lolal grltuldade). Entra OI granel"
,""Iras de r.nom. Im.maclonl l. d •• IDe ....am-te o Prof. André Men:fer, sulço,
flslco le6rlca a m6.ofo, antigo A.llor da Unt,ars!cla(.. da Bems. a .Iua!
Secrall:lo Garll dI Sociedade Int.rnaclonal de' SocJedad" de FIlosofia;
o Prol'. GlOfges Ou.dorf, da U"lvarsldadl de Estrasburgo (França); o Prof.
Ado[o Mulloa Afonso, d. V.n.dolld (Esplnh.); o Prol. Han. Pfen, da B....
boroa (AIemanha); o Pro!. R,osuk. Ha,lkl, da Unlversldad. da Hagoya
("apl o) ; o P ro!. lanell", Puthlldam, d. Kadaltana\ (lndla); o Prol. T.hl.
maJangl Ntumb., da Unl....,.ld.d. Naclonll do Zalf'll (AliJe.) .. , Em .um ..
eram 2:; o. m..l,.. .'lrang,lrol que, }untamonl. com OI nadonela., 10m..
vem parte n.. aUddld •• do Conll,a'lio, aple'Mlendo dl..erte-;6el e preaJ..
dlndo a .... lIes de ••Iudoa.
AI minha. do Congrnlo, d. . . ti . . 12 h, arem dHtlnlda a clllCO
SemIn',1os, qu., em 111.. dl,.rsas, debatiam re'plcllvunanle oa "9ulnt..
(Continua na 3' Capa)

-337 -
Aos olho. da clOnela:

... mas pode realmente haver milagres 1

11m alnteM: A pa.I'b:llldade do mllagrw fo por \'tIz.., l'KVUde pela


dlnels I pela rulo em noma 1) do "Indatermlnbmo" das 'e" da natureza,
2) do poder da 11,191,110, 3) do absurdo que o milagre rep,... ntarla PAra
DeUI.
Na verdade, c1ew... dller ~U. o Indetermlnlsmo proclamado por W.
H.'stnbtrg tem ••ntldo sub/etlvo, ti Rio objetivo : Rio podemos lomular
leis con.tante. a ' "paliO do cu~o ds nalur.zl porque nio ap,.,ndemos
com precldo • aua ..Irulura Infra·atOmlca. - O podar da augasllo nlo
explica I cura de ...oes 04'glnlcu Irreverslwlt. - Paio milagre. Deu. nIo
ceda • eaprfehos fi arbllfllll&dades, mu quer dlr lOS lIomans, em momento.
oportunos, um I lna' cla presença dO .obran.tura' no mundo I um leste-
munho de que o homem nio II realiza lomenta sagundo as 11,1111 espIei-
dldu nalurals,
O artigo termina al)'••'nlando a or9.n1zaçlo do contrai. exercido
por médicos e le610gOl . obre os por1anlOl apregoados em Lourdes. Essa
controle, metlcuto.o e oblellvo. mostrl como I Igrell deseja I!Isl:8gUrBr •
nltlda dlstlnçlo entr. verdadeiros mUagres (sinais de Deus) a portentos
me ramente naturels.
• • •
Comentário: A elucidação do conceito de mUagr-e apre-
sentada no artigo ant~rlor talvez ainda deixe aberta na mente
dos estudiosos a questão: Será que a ciência moderna permite
realmente laJar de milagres? Em que sentido se podeda J1izer
que algo é lnexpllcã.vel aos olhos do cientista contemporAneo'!'
~ a estas dúvidas que 8.5 páginas seguintes tencionam res-
ponder, levando em conta sucessivamente: 1) o determinlsln().
-lndetenninismo das leis naturaIs, 2) o poder da sugestão, 3) a
tese do mUagre-absurdo de Deus. Para termInar, diremos algo
sobre !.curdes, cidade tida como testemWlho sensível da ação-
-sinal de Deus entre os homens até hoje.

1. Indetanninlsmo da natureza
Em oposIção ao determinismo, que atribui às leis naturais
uma necessidade absoluta de apUcação, alguns cientistas, a par-
tir do inicio deste século, começaram a professar o IndetenlÚ-

-338 -
____________~PO~D~E~HA~VER~~MILA~~G~RES~~'~_________ ~
n1smo ou o contlngentlsmo. Com eleito, dizem, no campo da
F1sJca. infra--atômlca e nuclear jã não se pode admitir a causa-
lidade detennlnada dos eorp11sculos elétricos e da energia cons-
trutiva da matéria; as partIculas lnfra-etõmlca.s se movem e
reagem de tal sorte que não podemos reduzir suas ações e rea-
ções a leis preclsas. Ora. já que o mundo macrosc6pico é a re-
sultante global da ação dos bUhóes de elementos infra-atOmlcos
(microscópicos). 'as leis f1sfcas que regem os corpos no unl-
verso sio leis estaUstlcas. Estas leis se exercem com grande
probabilidade, ~(), pot'ém, com certeza e regularidade. Tal é
a posição de Werner Heisenberg, proposta de maneira expUdta
pela primeira vez em 1927. - Por conseguinte, dizem, não se
deveria julgar que, quando ocorre alguma derrogaçio ao curso
normal da natureza, Deus interveio especialmente. dando um
sinal de si; as cderrogaç6es. se expUC8IÍam pelo fato mesmo
de náo serem constantes as leis da natureza.
_ Em ....posta. observemos os dois segu1ntes pontos :
I} O JndetennJnlsmo ftslco de Helsenberg deve ser en-
tendido em sentido IJUbjetivo, e não obJetlvQ. Com outras pala.-
vras: Heisenberg e sua escola querem dizer que, da.das as pre--
cirias eondicOes de nossos modos de observar a matéria miCl"'OS-
COpies, não podemos ter conhecimento preciso da posição, da
velocidade e da direção dos corpúsculos lnfra-e.tõmk:05,... co--
nhedmento necessàrio para prever as ações e reaç6es de tais
partlculas. Todavia a própria Fislca tende a corrigir- as falhas
eventualmente ocorrentes nos seus processos de observação. a
fim de apreender- com precisão crescente o curso objetivo da
natureza, que é determinado. Na matéria bruta, No existe llvre
al'bltrio ou autodete,nn1nação. Quanto 80 acaso, ê simples nome;
querer expllcar o curso da natureza peJo acaso ~ simplesmente
fugir de qualquer exPlicação, é abdicar- da I'82áo,
São palavras de Max Planck 'U 1947), Prêmio Nobel em
~m~: '
"Nlo • neculllrlo mulllpllear p.l~t.. p.ta hpllcer que a Filie., em
lodos 08 problemas do mundo .1Omleo a molecular, tende I lubs1ltulr as
lelt .. laUIUeu por lell dll\lII'IlelS rloldalllenll caunll ." NHI, ..nlleSo, •
licito dlzor que a Fillct em Iodol OI "UI .. Iore. 10 funda .obre a ... an-
dada da lei di caUlllldade" ("Le oonOKenu dll mondo fIIlco", Torlno
1042, p , 121).

Por- conseguinte, pode.se atlnnar que, embora. noSSD.S per--


cepções possam ser deficientes no que eonc~me a certas m1croo-
·est::ruturas, estas são regidas pela lei da. causalidade {.todb
-339-
20 cPERCUNTE E RESPONDEREMOS~ 176/1974

ser contingente, tem uma causa. adequada:., é o que a sã razão


ensina), e não pelo acaso, Este. na verdade, não existe, mas
é .o nome atrás do qual se enCQbre a ignorância do observadorj
cI. PR' 141/ 1971, PP- 386-399 (comentário do livro de .Jacques
Monod : .cO acaso e a n~ldade:t). 1
2) Observe-se ainda: Nem todas as leis da natureza são
puramente estatistlcas, mas existem leis naturais estabelecidas
com precisão.
Tais do as lers dos fenômenos vitais, cujo processo se de--
senvolve em d1re;ão contrária à das leis da probabWdade. .se..
gundo estas, um conjunto de elementos agitados pelo mero
acaso tende à homogeneidade ou li igual repartição da energia;
ao contrãrlo, no vivente os elementos tendem li heterogenei·
dade crescente de órgãos, pelos, eartllagens, OSSOS, bem dife-
renciados entre si, mas convergentes para constituir a unidade
e a finalidade caracteristieas do orga~~mo vivo,
, Também no mundo anorsânlco existem leis fixas. como a
da conservação da energia, as. leis dos limItes de tempo (mâ·
,orno e m1ntmo) além dos quais um fenômeno não é natural·
mente explicável. , ,
Para Ilustrar esta última afirmação, há quem proponha o
seguinte exemplo: Admitamos dois recipientes Iguais qJ.le ~
municam entre si por um pequeno "orificlo. Estão cheios da
mistura de dois gases que têm quase o mesmo peso atômico e
se acham aI em quantidades proporclonals aos respectivos pesos
t:dômicos. SuponhamOs que as moléeulas de Um gfis passem
pelo orif:cio comwn somente l1uma direcão e as do outro ~
~te na direção oposta. Seri posslvel obter a separação com-
pleta dos dois gases. Mas ex1gir-se-ã, na melhor das bipóteset,

"1 "NUnel laberemos '.I'Ift porque. como um alétron ou um f610n,


paRando alravts de uma rada, tem uma dllraçlo numa dlreçlo antes qua
em oulra, porque a como um. partlcul. ali. no eleito Gamow supera uma
ba.,..lr. de" potencial q~ se 'prasume superior l energIa do corpusc.ulo, E
1erem03 que n03 18Mr do c6lculo du probabilidades, na dascrlçlo doe
fen~menM obterVllovals, por uma neealSldada Inerente ao nosso pr6prlo modo
de conheeê-Ios a axpatlmenl"lo., Mas deveremos lambém allrmar pelas
exlgtnclas da no!!sa razJo a eXlslêncla de uma causa que determina o
lenOmeno; pola dlxar que uma realidade sa determina por acaso de um
modo antes que doutro, 6 allrmer qua algo chaga à exlsltlnela sem uma
causa ou, paio manoa, sem uma causa proporcionada" (F. Selvlggl, "11 prl!'lo
elp10 di Indelarmln8110na di Halsanberg", "em " La ClvUtl CaUollc.a'·, 1947,
p. 122),
-340-
PODE MAVER MILAGRES ? 21

um tempo minlmo para atingir a separatão completa. Este


tempo minimo serâ detennlnado pelas dimensões do orlflcio e
das moléculas asslm (Orno peJa velocidade de&tas numa deter-
minada temperatura. Por conseguinte, se a separação se desse
em tempo muito menor ou mesmo instantaneamente, poder~
«.Ia reconhecer ai uma derrogação evidente às leis da natu-
reza, qu~ suporia a intervenção do Autor da natureza.
Em conclusão,· vê-se que não se pode alegar o lndeterrnl..
llismo da natureza para negar exceções ao curso natural dos
aconf.ecimentos e, indiretamente. recusar a noção "de milagre.

2~ Sugestõo
A sugestão explicaria todos ~ fenOmenos portentosos ...
Já abordamos o assunto às pp. 331s deste fasc ículo. Verifi-
camos a necessidade de se distinguirem doenças funcionais e
d~nças orgânicas. Embora toda moléstiâ seja"psicossomática.
há males somáticos ou orgânicos de tal ordem que são irreveI'-
sivels, mesmo que o paciente se predisponha à curo. pejos mais
variados. recursos psicológioos.
Ma1s ainda : têm-se verificado curas pTodigiO$al? em bebês
e crianças, incapazes de sentir ca fé qúe curaa . Sejam recaI'-
dadas também as pes~as que se dirigem a um santuário (Lour-
des, Fãtima ... ) em atitude de ~ticlsmo, hostilidade, d~
pera ...
A esta altura, porém, dirA alguém: se não "se "devem ex.~
pliear por sugestão os crnUagres católlcosa, também não se
deve recorrer à sugestão para explicar os cmilagres esp[rJt&sa
ou dos curandeiros.
- A propósito, observemos: os fenOmenos que posso.m
ser tidos como mUagrosos no Catolicismo, são aqueles nos quaJs,
desde o ln~cio, se vê que a explicação por sugestão niio "tem
propósito. A apo10gética católica não aceita como possIveis mi-
lagres os casos de doen;as funcionais "e outras em que a su...~·
tão possa ser responsável pela cura. - Ao contrário, as curas
apregoadas pelo espiritismo não costumam ser examinadas
cientificamente, mas, de maneira mais ou menos global e gra-
tuita, são atribu:das ao Além; ora ê evidente que em muitas e
muitas dessas curas a sugestão é o grande fator de restauração
da saúde (na medida em que esta realmente se dã).
- 341 -
Z! .PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 176119'74

Sego.... um exemplo d. cUra que, à prlmelra vista, p0de-


ria ser tida. como milagrosa, mas que, na verdade, não foi re-
conhecida como tal pelas autoridades médk:as e ecleslástlcas
competentes no caso.
Gérard BraUlle. natural de Salnt-Pol-sur-Mer (França).
com três anos de idade. passou por anestesia geral a fim de
sofrer tntervencão cirúrgica; foi então atingido por coroidite e
atrofia" ótica bUatera1. Com o olho direito. conseguia contar os
dedos a 50 em de distAncia; com o olho esquerdo apenas per-
cebia cex:ta luminosidade. Foi levado por sua mãe ao Instituto
dos jovens cegos de Arras, que passou "8 freqUentar; o oftal·
mologista Dr. Biziaut (Ieu·)he ai o laudo seguinte: cAtrofla ótica
dupla. Cegueira iacuráveb (sublinhado pelo Dr. Bizaut)_ Igual
diagnóstico foi redigido e asslnado pelo Dr. Viton. oculista em
Arras. por ocasião de outro exame médIco feito durante os
dezoito meses que passou freqüentando o Instituto_
. _~

Aos 26 de setembro de 1947, o menino chegou a Lourdes,


em companhia: de seus paiS. Li tol examinado por diversos.
médicos. que fizeram idmtico diagnóstico. No quarto dia em
Lourdes, foI levado a fazer a Via Sacra; era então guiado por
sua mie, que lhe segurava a mão; na quarta estação da Via
Sacra. porém. disse repentinamente: .Mãe, que vestido bonito
você tem !:t Enxergava como que através de dois canais, sem
visão de conjunto nem aprcc1acáo de perspectiVL No dia ~
guinte, no donrutório, pOs-se 8 correr e pular de uma cama
para outra. Levado ao Or_ Camps, oculista de Tarbes, comen·
tava tudo o que ele via pela estrada. Resultado do novo exame:
c:Cório-retlnite bilateral com atrofia ótica dupla; não pode "en·
xergar nem há de enxe~ .
A tam1Ua voltou para ArMs. sua cidade residencial, no dia
seguinte. O menino foI colocado em uma escola para crlancas
sadias; a fim de lá chegar, percorria diariamente três quilôme-
tros a pé, passando por cruzamentos de estradas de intenso
trUego. - Na sala de aulas. podla ler no quadro negro, seguia
facilmente os cursos; tinha seus cadernos de apontamentos em
dia. Em julho e setembro de 1948 foram·lhe feitos novos exa-
mes pelo Dr. Smith, oculista de Glugow_ Oiagn6stlco : cCório-
·retlnite "dupla_ Gérard não deveria. t.'St&r emeergando,_
Então a ComIssão Midlca Nacional de Lourdes. encarre-
gada de e."I(sminar OS casos portentosos ocorridos naquela cl·
dnde. tendo recebldo o dossiê de Gérard, pediu noves exames.

-342 -
PODE HAVER MILAGRES 1 23

mêdJcos. Estes foram feltos pelo Dr. Lescaut. oftalmologista


dos Hospitais de LWe. Em. 1949, o resultado de tals exames era
o seguinte: .. Não parece cllscutiveJ que Górard Braillle tenha
tido uma cório-retlnlte bUateral, cem atrofia 6t1ca dupla. Atual-
mente, porém, jA Dio a tem. Ora a cura de uma cório-retinite
cOm atrofia ótica é c:olsa que n\UlC8 vb.
Todavia o acume visual de Gérard. era apenas de 0;2 e 0,3.
_ Levado o cuo à cornlsslo ecIeslâstlca (além de médicos, hâ
teólo~ que examinam os casos de Lourdes), esta não quis
proclamar o milagre, porque a cegueira não era completa nem
a cura tora tota] e, ' além do mais, não estava excJuida a poso.
sibUldade de lnfluênelas psiQulcas na cura (possibllldade suge.-
rida pejo Dr. Delogé de Nlce e pela psic61ega M. Krudewlg) .
_ A comissão eclesiútiea, po~m, não negou que tivesse ha-
,-1do resposta de Deus ls preces de uma mãe e de seu flIho e
que tal graça fora devtda l intercessão da Virgem 55. em
Lourdes.
Este caso se acha descrito, com a respectiva documenta-
ção, no livro de L. Monden, eLe miracle, slgne de salub, p. 198.

3. O «(absurdo» de Deus
HA pel1sadores que recusam a possib1l1dade do milagre, por
julgarem que derrogaria à perteicAo e à sabedoria de Deus. Este.
pelo milagre, retocaria a sua criação como se tosse defeituosa
ou usarj.a caprichosa e arbitrariamente de seu poder. Seria um
rei volúvel ou t1rAnlco ou um enaenheiro inAbll e perdulár~.
Esta objeção era freqUente nos séculos xvm e XIX. Eis
como Voltoire Cf 1778) a formulava:
"[)eu. nada pode fazer aam motivo. Ora Qua motivo podia lev'·1o a
dasllgu ra r, ainda Que por curto prazo, a lua própria obra? .. Por qua
Deus 'a,la um mllaOre? Par. eumpr1r um certo das/gnlo lobre datarmlnado
viYanlD? Ela dl,la, pol" N'o çonsegul, p.la labrlcaç!o do unfY'lrao, por
meus decreto.s divInos, por alinha. leis ele""", reellzar um certo proleto:
quaru Irocar minha. Id'lu oterna, minhas lais Imu"vals, a 11m da lonla r
execular o que nao pude obter por melo du que 88tlo fim vIgor. Ora tal
.tlluda .8rla uma conllaalo da Iraqu'ete, e nlo do poder, d8 Deus. Evldan--
'emanto em Deu. larlamo. qua admitir a mal. tnconclblvet contradlçlo"
(cf. "Olcllonnalre Ptlllosophlqu.", verbeta "Mllacl.·').

- Deve'R responder que o mUagre não signifIca a mInima


mudança em Deus. Com efeito, num só ato de sua vontade o.

-343 -
24 «P!:RGtlNTE E RESPONDEREMOS-:t 176/1974

~Iador . desde toda a eternJ~de estabeleceu tanto as leis da


natureza como as exceções a essas leis. As alterações Impllca.-
das pelos mUagres estão nas crla~ e não no Criador; não
se contunda a vontade.de nNdança .com a mudança de vontade.

E por que pode o Senhor querer wna alteração nas obras


que Ele mesmo criou?
Não para corrlgl·las, porque Deus não se engana (um Deus
falho ou errôneo não seriEl Deus). Nem seria Deus movido por
capricho arbltrârio - coisa Indigna daquele que é três vezes
Santo. Mas teda interven!;ão extraordinária de Deus na natu·
reza deve-se a uma fInalidade superIor e hannonlosa: o Senhor
quer assim manifestar especial benevolência para com alguma
criatura ou credenciar determinada verdade _.. Mais: derro-
gando às leis da natureza, o Senhor Deus quer assinalar ao
homem a sua vocacão à ordem sobrenatural ou à filiação di-
vina, ao consórcio da vida do própI10 Deus. O homem não é
simplesmente chamado a se realizar segundo as capacidades
da sua natureza, mas Deus quis colocar dentro da criatura
humana uma realidade transcendental, a graça santificante
- participação da vida do PaI, do Fllho e do Espirlto Santo - ,
que os mUagres do seu modo insinuam ou assinalam quando
Deus o julga oportuno.
Vêm agora a propósito algumas indicações das atitudes
que a Igreja e os cientistas têm tomado em Lourdes frente à:J
apregoadas curas milagrosas li ocorrentes.

4. A averiguação dO possfvel milogTe


t: principalmente em Lourdes (França) que atualmente se
pode tomar contato com ícnOmenos milagrosos.
Embora as aparições se tenham dado em 1858, somente em
1882 se constituiu uma comlssão de controle das curas lã re-
gistradas. Com efeito, naquela data o Dr. Dunot de Salnt-
-Maclou fundou o «Bureau des Constata~ons Médicales,. (B.
c. M.), hoje muito ampliado com o nome de «Bureau Médical
de Lourdes.. (B. M. L.) . Este orgrutlsmo foi atraindo o inte-
resse dos médicos de diversos palses, de sorte que o B. C. M.
passou a aceitar, para. tomar parte em suas atividades, qual-
quer médico que o deseje, sem acep:ão de nacionalidade ou
de conv~cçê5es fllcs6tico·rellglosas. O controte se faz em duas

-344 -
PODE. MA VER MILAGRES ! 25

(ases : 1) exame da realidade 4a doença e da ~Iva cura;


2) exame da Úldole dessa cura: t;XPllcãvel pela, me41dna ou não!
Quando algum citretmo se diz curado em Lourdes, apre-:
senta-se ao BtIft8U. onde 0$ médicos o examinam; qualquer
médico que o "queira, pode realizar o ex.Bme. Caso a cura seia
averiguada, os médicos ' redigem e assinam. a 'ata respeetiva e
um laudo provisório: O pactente é convidado então a se ' apre-
Sentar de novo dentro de wn ano em Lourdes. Entretanto um
médico é encarregado de completaI;' a 1nvestigaçao do caso;
em 1925, o Dr. VaUet fundou a cAssoclatlon Médicale Interna-
tions.le de Notre-Darne de Lourdes. (A. M. I. L.), que facll1ta
a criação do' arquivo de cada 'paclente ccudtdo. depois que volta
à casa no primeiro ano de sua cura; os membros dessa .Ass0-
ciação, Que pertencem a diversas nacionalidades, ccmprom~
tem-se a fazer gratuitamente as anrulses, os trabalhos de labo-
ratório e a docwnentação fotográtlca de cada caso que lhe
Interesse. -
Depois de um ano, o paciente curado volta a Lourdes. O
seu dossJê ê aberto e relido. Os médicos examinam mais uma
vez; a ·pessoa, a fim de averiguar se a cura se manteve sem e
m:nima objeção em contrãrlo. ÀS vezes, a pedido de um dos
médicos, o Bureau. pode düerir por mais um ano ou dois a de-
claracão a respeito da realidade da cura. - Caso, porém, os
fatos sejam claros, os dentistas põem-se a discutir a última
questão: Poder·se-la expUcar naturalmehte a cura assim ve-
rificada ?
Se a resposta é negativa, o BOTeaU niio se pronuncia sobre
a Sndole ml1agrosa da cura. Isto escapa ao seu setor. Nesta
instância são competentes tão somente a (omissão canônica lns-
titu'da para O exame teoi6gfco de cada caso e a autoridade ecle-
slãsUca. Nem todas as curas tidas como inexplicáveis pela co·
missão de médicos são consideradas milagres pela Igreja. Entre
1938 e 1948, por exemplo, o Bureau julgou doze ,casos como não
redutivels aos conhecimentos da medicina; mas, em fins de 1949,
apenas quatro desses haviam sido déclarados m11agrosos pelas
comissões eclesIásticas. .
A organização do controle, meticulosa como é, exclui a
possibilidade de fraude consciente, como também contribui para
afastar a suspeIta de parcialidade ou de preconceitos no julga-
mento pronunciadO sobre cada caso.
Ainda em 1949, o contro1e foi remodelado em Lourd~, a
fiin de atender às novas exigências da investigação médJca.
- 345-
26 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 1761197(

Foram criadas 1nstalaç6es que permitam proceder a exames


pre1imln1U'es do padente, logo que chegue a Lourdes para pedir
a graça da cura. O cBureau MédicaJ de Lourdes, constitufu
urgaos assessores; entre estes, Cita-se o .Comité MédiCaL J.ntcr·
nauonab, que se reune anualmente e passa em revista os casos
já exwrun8QOS peJa comissio médica que trabalha pennanente-
mente em LoW'Oes; &em. esse Ulterior exame e a respectiva apro-
vação do «Comitê MédiOJ.l Internationab. nenhum caso de cura
é levado à comissio ~ teólogos e canonlstas, que julga:rão o
I:ISpecto reJJgioso do fatô em loco.

Eis algwlS dados que ilustram a organização e os resulta-


dos do controle: J

Em 1948, passaram por Lourdes 15.800 pa~entes; em 1949.


20.000; em 1950, 30.000; em 1958, 50.000. O C"Bureau Médicab
matriculou, aos 15/X/ 1949. o 25.00Q0 médico participante de
suas atividades; 750 médicos cola.boraram com o cBureau, em
1947; 1.000 em 1948; 1.400 em 1950; 1.453 em 1957. Entre esses
cientistas, contam-se católicos, protestantes, ortodoxos, maçons,
judeus. maometanos, budistas, contucionlstas, incrédulos ... Em
1947 eram ai 47 os professores de Universidade - Londres,
Glasgow, Dublin, Louvain, Liege. Pádua, Génova, Llão, .. Paris,
LIDe -, representativos das grandes especlallzacões da medi-
cina Desde 1882 até 1859, dentre mais de mU casos tidos como
portentosos, a comissio de peritos (médicos e teólogos) apenas
reconheceu 54 como milagres, sendo que dez dentre estes.datam
de 1949 a 1959.
Possam estes dados ajudar os estudiosos a conceituar o
miJagre n~ perspectiva awnt~amente teológica! Esta pt'1r
cura evitar tanto o racionalismo como a creduIldade simplória
e Uudida.
Ver a blbUografia cltado. no flm do artigo anterior, à p. 336,
asslm como a. resenha de cUm Congresso de FilosofIa, 11
p. 337 deste fasdculo.

ERRATA: Em PR 1711111", id1tJrM ""tia da p. ». lei.... :


" .. . Ioc.r IIma.,...O& ou um ob§Mo ...,,.0, tomtw.... Nu peram. a Dhl~"

1 Intellzmenhl u 03laU,Ucu qua pudemm cOMullar, nlo \/60 Iltm der


1960. t corto, portm. que 011 lenomenos e • oua averl~uaçlo eontlnulI:m em
LourdM.

-346 -
CTlotlan _ _ :

reavivamentos pentecostals

Im alntne: A rtlnoWlÇlo carlsmAllca pentecostal QY8 se ver dIfun-


dindo no Cl.tollcllmo, dev. I.r entendida IJOb,. o •• u fundo da cena: IUpOto
o pentecoslallamo chullco • o neo-penlacostalllrno.
O primeiro teve ollgem em 1901 no' &lldol Unidos por otn. dI pu-
to.... batistas li metQdr,tu, que duelavam viver I expell'nel a da Ponte-.
costes ou dos dons do Etpllllo Santo com ,spaclal profundidade.
cos foram conslrtulndo comunidades Independentes
"otI pou-
da IUU "'grei"". que
s. "pilharam rapldamonte por dl .... rsOl pllaoa; dar se originou o que ..
chama "penteeOltallsmo cI6"lco··. Este I' compc., hoje em di., da Fed..
raçlO daI AiSamblél.. da Deus • d, oull'Ol oruPO' manores. Abra~atI'I o.
a"lgOl da f. prol""nr., acrescido, d, crença no "bailamo no Eaprrlto
Sinto" ou "Pentecotlet pHsoal", o qUI" •••Inal.do pelo dom da. IInguu.
Por volta de 1951, nas Igreja, prol.ll.nl.s mais .nllgas (Iutarana.
anglicana. presbUerlan.), vários pastor.s aderiram .. esplrltuaUdadll pente-
coslal. sem todavia se lepa,ar das lUas comunidades de origem . ConaUluem
o neo.palllacost.llsmo. El la col\lrlbulu para fomantar o surto da ranovaçlo
catlamAtlca cal6lfca, da qual trata o artigo ,egull\le deste fasclculo.

• • •
Comentário: A corrente pentEcostal protestante, que em
grande parte se concretiza nas chamadas cAssemblélas de
DeUSlt, ê o movimento protestante que mais cresce numerica-
mente no BrasU. Além deste fato, registra-se no selo do Cato-
licismo mn surto de renovação carlsmãt1ca que tem um nexo
(no menos) histórico eom o pcnteeostallsmo protestante. Já
Que esse movimento catóUco multo tem merecido a. atencão
dos f!êis católicos, ê nosso intuito apresentA-lo neste número
de PR com alguma documentação. Todavia, para melhor en-
tendé-Io. proporemos, nas páginas Que se seguem, algo do his-
tórico do penteeostalisrno protestante. Este tem dois aspectos.
que abordaremos sucesslvnrnente: 1) o pent.ecostaUsmo clás-
sico. que compreende as «Assembléias de DeuSa e as multas
denominacões que incluem o adjetivo cpentecostal,. em seus
respectivos titulOSj 2) o neo-pentecostallsmo, que abrange o
movimento penteeostal, oriundo nas antigas Igrejas protes-
tantes (episcopal ou anglicana, luterana, presbiteriana), Igrejas
êas quais os nec>pentccostaJs não se separaram.

-347-
"'PERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 17611974

1. Penleeoslallsmo clássico
1. O Pentecostallsmo c1úslco @ uma forma de reavlva-
mento fW1Clamentallsta J do Protestantlsmo norte-americano.
Está ligado com um tipo de reavtvamento metodista 2 cha.-
mado RoRness (Santidade) . que se originou na segunda me-
tade do século passad(!. Os seus mentores julgavam que os
metodistas negligenciavam a. doutrina dI! st!u fundador John
Wesley Cf 1791), concernente à dntelra santificação •. ~do
esta, o cr1stlo que já tivesse feito a experiência da conversão
(necessária para a &alvação), devia aspirar a uma csegunda
bênção», isto é, a wna nova e mais profunda experiência reli-
giosa; esta tomaria o cristAo apto à vida de perfeição moral,
sem sentir perturbacAo proveniente de algum resquicio do pe.-
cado. Tal experiência nova era tida como cbatismo no Esplrlto
Santo» ou também RoliDeu. Esta segunda experiência teria
indole meramente interior e subjetiva, ficando Independente de
qualquer sinal exterior que a denotasse.

Ora aconteceu no ano de 1900 que o pastor metodista


Charles F. Parham aderia às concepções de Holloess. Tinha
uma escola para estudas bibUcos em Topeka (Kansas, U. S. A.)
com trinta alunos, de ,ambos os sexos. Adotava o método de
propor uma pergunta. para a qual os estudantes tinham de
procurar os textos blblicos que pudessem servir de resposta.
Certa vez, interrogou: «Quais são os sinais que, na Biblia, ca-
racterizam o autêntico batismo no Espírito Santo?~ - Na
base de At 2, 1-12; 10. 44-48; 19,17, Parham e seus discipulos
concluiram que o Úlllco sinal seguro era o dom das l!nguas
(glossoIalia). Então grande entusiasmo epoderou-se do grupo,
que se pôs a rezar lnlntem.iptamente durante vários cUas e noi-
tes, pedindo a vinda do Espirlto Santo. A l' de janeiro de '1901.
wna das estudantes, Agnes Omam, pediu a Parham que 1he
impusesse as mãos sobre a cabeCa enquanto orava; quando Lsto

I o .dJetlvo ·'Iundamentallsl." quer dizer ".dalo IncondlcJonal eos


."Igos fundamenla" da f6 Qua ai danomlnaç6el prdteslanles tOdas aceitam,
Mm axcaçao'·. - O ad]aU'Io d,,'gna, poIs, uma atitude rlgorllta, ciosa do
mAxlmo d. pureu n. '6.
S O metodIsmo 6 uma crenomlnaçlo protestante que, por lua vez,
tendI• • reavlver o anglicanIsmo ou apilcopallsmo oriundo no Me. XVI n.
Ingl.terr•. Julgando que os eplscop./I.nos tI.... lam perdIdo o leu fe",or,
John Waaley It 1791) d81.J ..... d.r-Ihos novo método de vida espiritual;
dQncte o nome "MetodIsmo".

-348-
REAVIVAMENiOS · PEN'I'ECOSTAIS 29

foi feito, ela experimentou o «batIsino no Esplrito) e começou


a falar Il.nguas: «Sentia-me como SP. rios de água viva jorrassem
do mais profundo do meu serJ, declarou ela mais tarde. Dentro
de poucos dias Parham e os outros membr<ls do grUpo fizeram.
a mesma experiência.
Assim surgiu a primeira congregação pentecostal, distinta
dos grupos BolIDes5 peJa conviccão de que o genuíno batismo
no Espit"lto há de ser man1!estado, como no primeJro Pente-
costes, pelo dom das línguas; esse batismo não visa. apenas à
santificação pessoal dos crentes, mas também os fortalece para
que possam dar público testemunho de Cristo num apostolado
eficiente, assinalado por outros dons do Espírito; entre estes,
o da cura dos doentes por imposição das mãos de um pregador
tem imPlrtAncla eminente.
O primeiro núcleo pentecostal de TopelUt deu origem a
outros; espalhou-se pelo Texas e em 1906 estava em Los Ange-
Ies, sob a dlrecão de um. pastor de ~r chamado W. J. Seymour,
O qual aderira ant-erlonnente à esplrltualidade de Hollness.
A exaltação e o entusiasmo demonstrados por esses grupos
ÍlZeram que as comunidades batistas e metodistas tomassem
distância do movimento. Verdade é que Parham, Seymour e os
outros iniciadores do Pentecostnlismo não tencionavam fundar
novà denominação cristã, mas apenas suscitar wn revival ou
reavivamento no &elo das comunidades protestantes. Quando,
porêl." se viram rejeitados por estas, passaram a constituir con-
gregações próprias, hoje conhecidas pejo tenno genérico de
cpentecosta1s:., que nos Estados Unidos contam com um total
de dois milhões de membros.
Nenhuma denominação protestante está sujeita a se dividir
e subdividir tanto quanto a dos pentecostois. Isto se compreende,
dado que as raizes e as forças Impulsoras do movimento são
~ subjetivas e quicã arbltrãrlas .. . Multas núcleos pente-
costal! se eongregaram numa Federa~ão chamada cAssembléias
de Deus» CA5sembUes of God), que conta 500.000 crentes nos
Estados Unidos e quase um milhão em outros pa1ses.
Já em 1906 o Pentecostalismo clássico se propagou pela
Europa, começando pelas: nac6es esoandinavas, donde passou
para a Grã-Bretanha e o continente. A mesma denominacáo
protestante se encontra na África e na América Latina; jul-
ga-se que na América Central há. cerca de melo-mUhão de pen-
tecostals protestantes; no Chile, constituem 80 % da população
protestante, ou seja, perto de um mUhão de crentes.

-349 -
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 17G/19'74

2. No Brasil. os pentecostals constituem hoje em dia mais


de 75- % da população protestante, ao passo que em 1930 não
perfaziam senão 9,5 % do Protestantismo brasileiro. AJj comu-
nidades pentecosta1s no BrasU podem ser dlstribuidaa: em três
grupos :

1) AIIombléla cio Do... C<>meçou em 1911. Em 1930 con-


tava 14.000· membros plenos ou atuantes (aetive oommUDIcaat
memben) '. Em 1949. já eram 120.000. eom grande número
de mIn1stros nadonals. A partir dessa data. o aumento médio
nnual tem sido de 75.000 membros plenos ou comungantes;

2) CoDgregaçio c;lrlsti 11.0 BrasU. Teve inicio em 1909 na


colônia Italiana do Brãs (São Paulo, SP) por obra de Luis Fran·
cescon, emigrante Italiano que velo dos Estados Unidos. Até
1935 pennaneceu restrita aos ambientes de Ungua italJana,
tcndo seus livros de canto e oração em Italiano. Em 1940 con-
tava com 50.000 membros e 330 Igrejas: em 1950, Já tinha
105.000 membros e 760 Igrejas; em 1960, o total era de 230.000
membros e 1.537 igrejas. Dal por dJante o crescimento é COD·
tlnuo.
A Congregação Cristã não só não recebe auxilio financeiro
de fora do Brasil, mas chegou a enviar à 19reja·mãe de Chi-
cago a quantia de 25.000 dólares. Oistlngue-se nitidamente da
Assembléia de Deus e de outras denominações pentecostals por
caracteristlcas próprias: a) os fléls costumam orar de joelhos;
b) os mulheres usam véu; c) a Congregacão Insiste no batlsmo
por Imersão; d) tem organização local assaz espontAnea (ede
Ilcordo com a inspiração do Espirito:t) i e) não dá à Blbl1a a
lmportàncla que lhe dão outras denominações; f) não se In-
troduz em assuntos poUtlcos.
. 3) Penteeostals independentes. Connltuem grupos oriun-
dos em 1950 e depois, num total de 500.000 membros aproxima-
damente. A principal Congregação neste conjunto é a Cruzada
_Brasil para Crlsto:t, chefiada pelo pastor Manoel de Mello. que
Re desligou da. Assemblêla de Deus e Inidou o Movimento da
cTenda Dlvina:t. ~ particu1annente notório o crescimento dessa

t AS eomuntd3des pentecostals slo I'Ials numero,u do que o, seu,


membros comungante. e .tlvos, pol, compreendem a. ctl.nçal e OI cren-
te, .Ind. nlo plen.mente IntegT8dos. Por con.egulnte. para obter o número
t'Olal de membr03 de uma comunldado, os pentecosl.Js multlpllcam por 2
" numoro de mombros ativo. o comungante,.

-350 -
REAVIVAMEN'TOS PENTECOSTAIS 31
obta; o pastor Manoel de Mello não receia envolver-se em qUe&-
tões s6c1o-poUtlc'as. Ao lado de tal corrente pentecostaJ, tem-se
ainda a Cruzada Nacional de Evangelização, a Cruzada de Nova
Vida, a Igreja da Renovação,"a Igreja da Restauração, o Rea-
vivamento B~blico. o Evangelho Quadrangular Pentecostal, o
Cristo Pentecostal ' da B[blla, "a Igreja Pentecostal Unida, a
Igreja"Evangélica Pênt~, a Igreja Pentecostal Jesus Na-
zareno e outras.
J ã se tem dito Que a. cidade de São Paulo é a capital pen-
tecostal do mundo.
3. E guais seriam as causas dê tão rápida expansão do
PentecostalJ.smo protestante no Brasil ?
- As que abaixo apontaremos, são extraJdas do artlgo
ele Frei Boaventura KJoppenburg. «O fant.ã.stlco crescimento
dns Igrejas Pentecostais no BrasiliJ, em REB 26, set. 1966,
pp. G53-65S. Este autor, por sua vez, se serviu do livro de
Willlam R. RêS.d, «NêW Patterns of Church Growth in Brazih,
MJchigan 19S5 :
a) Caracteristicas raciais: () indIo, o negro e o português
se encontraram em diferentes graus e tempos, constituindo um
fundo racial extraordinariamente aberto às possibilidades reli-
gIosas, emocionais, intelectuais e morais.
b) Netureza emocianaJ do brasUeIro: ele gosta de todas
as tormas de drama e mUsica. Ora os pcntecostais encontra-
ram a expressão adequada para comunicar a sua mensagem.
c) O espiritismo prc-parou grande parte do povo brasileiro )
para aceitar com naturalidade as experiências rellglosas pen-
tecostais.
d) O analfabetismo faz com qUe parte da nossa popula..
ção ainda viva na "superstição e na Ignorância. Ora os pente-
costals oferecem a este povo belas oportunidades de aprender
e de melhorar...se no contato vjvificante com o Evangelho.
e) O Pentecostalismo stgnilica o apelo constante c s1ste-
mitlco a uma vida melhor, livre dos yjcl~ e dos pecados. com
a consciente e alegre aceitação de Cristo como Salvador. Insiste
também na necessidade de uma economia frugal, uma vida
simples, em alto nível espiritual.
t) As reuniões informais e populares do PentecostalIsmo
fazem que a gente simples se sinta em casa; todos ai desempe--
-351-
32 4PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 176/1974

nham um papel: enquanto uns lêem, outros rezam ou cantam


ou testemunham o que CrIsto fez em lUa vida.
o Pentecostallsmo, com estas e outras notas tão atraen·
tes para o povo, consUtul um desafio para o catolicismo, Que
se vê assim 1ncltado a procurar atingir com novos melas a p0.-
pulação simples que se aglomera nos subúrbios das grandes
cidades (o Pentecosta1lsmo é marcadamente uma reUgião ur-
bana, (l qual se dirige não raro aos cldadios que passam do
campo para a cidade).
Examinemos agora o que se chama

2. O Neo-pentecoltollsmo
Nos últimos dezessete anos tem-se registrado um surto de
pente.costalismo dentro das antigas Igrejas protestantes, prlnd·
palmente nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra e na
Alemanha. Com efeito, verificou-se que os membros. dessas
Igrejas, além de assistlr ao culto dominical em seus respectivos.
templos, se puseram a freqüentar em algum. dia da semana,
numa Igreja ou em casa particular, os grupos de oração cujos
membros lã tinham recebido ou aspiravam a receber o cbatis-
mo no Espírito. com o concomitante alnal da gJossolalla. Esta.
passou a ser fortemente enfatizada por tais cristãos neo--pente-
costais, a ponto de se dizer que constltulam o TODgue.s.mOV6-
ment ou «Movimento das línguas.. Alguns pastores ou min1stros
protestantes (luteranos, anglicanos, presbiterianos) abracaram
o novo movimento e o fomentaram entre os seus paroquianos.
Os mentores e dlr:Igentes das Igrejas protestantes nos Es-
tados Unidos se mostraram desfavoráveis ao Neo--pentecosta.
Usmo. O mais explicito nesta atitude foi o bispo episcopallano
Jarnes A. Pike, da diocese da Califórnia, que em Carta Pastoral
datada de 2/V/1963 declarou: «OS avanços e as auto-aflnna·
t6es deste outro sistema pentecostal de pensamento e de aeão
presenteiam a Igreja com uma heresia em embrião:.. E eon·
cluiu : «Não 'haja culto ou reunião em nossas igrejas, em nos~
sa.s casas ou onde quer qUe seja, que tenha por finalidade expri-
mIr ou promover a atividade pentecostaJ ... Não creio que o
nosso clero dirija tais reunIões ou tome parte nelas, sob os aus-
pIclos de quem quer que seja., 1

I Jam.s A. Plke, "Pasloral LeU.r Aeglrdlng 'Spe.klng In Tongues' ",


.m "Pastoral Psyc.hology", may 1964.

-352 -
REA VIVAMENTOS PENTECOSTAIS

Em alguns casos, os pastores foram afastados ou obrlga~


dos a resignar pelo fato de terem fomentado o Pentecostallsmo
entre os seus fiéis. OUtros conseguiram pennaneeer no seu m1~
nlstérlo, embora continuassem em suas atividades pentecostais.
O número de pastores n~pentecostais nos Estados Unidos tem
sido estimado em cerca de 1.700. sendo 700 de origem episco-
paliana e 1.000 pertencente! a outras denominações.
Como elo importante entre pentecostais clãssicos e nro-
-pentecostals, fundou se uma organização dita cFnD Qospel Bu-
sinas Men's Fellowshlp IDtematioual (Sociedade Internacional
de Homens de Negócios em prol do Evangelho Pleno)>>. Fundada
e m 1953 por DetnOs Shakarlan, leigo pentecostal e homem de
recursos financeiros, essa Sociedade aplica as técnicas dos ne-
gÓCios à propagaçio do Penteeostallsmo entre homens de COf}o
di.ções econômIcas e soclais mais elevadas do que es da média
das comwt1dades pentecostais clássicas. Declara ser interco~
Cessional - o que quer dizer que todos os cristãos são benvln-
dos às sUas reuniões, geralmente realizadas em hotel:s ou luga-
res de convenções; essas reuniões constam de uma refeição
frugal, seguida de orações. cantos. testemunhos ou eXJ)erlências
e exerclcio dos cdonS). Depois de encerrada a assembléia. aque-
les Que aspiram ao «batismo no Esplrito». são convidados a
pennanecer em saletas, onde pedem a Deus essa graça, enquanto
os Cl'E'ntes jA batizados: no Esplrito oram com eles e lhea impõem
as mãos. A ripida propagação e a influência dessa socledade
multo contrlbulram para a penetração do neo-pentecostalismo
nas Igrejas protestantes.
Foram tamMm os protestantes neo-pentecostals que fize-
ram a ponte entre os dâsslcos pentecostals e os oat6Ucos. dando
assim ensejo e estimulo para que surgisse entre os catOUcos um
movimento pentecosta.l paralelo ou uma renovação carlsmá.tlca.
que se baseia em certas premissas bíblicas do Pentecostallsmo.
mas se mantém fiel à Igreja Cat6Uca e ao Credo desta.

:e desse movimento católico que tratará o artigo seguInte,


dando continuidade à temâUca até aqui proposta.
A conclusão respectiva será :'\pre.sentada no fim do pró-
ximo artigO.
o. modo especial, vej.... coll'lo lonle blbll00,'f1ca;

Fr. Sulllv.n, "The lPenl_cOII.' Movem_n''', em "O~90rl.num·' 5.1/2,


H172, pp. 231·268.

- 353-
OS carismáti<os na igreja

~ alntaM: o PenlfJcoslallsmo cat611co ou, mar. propriamente, a


"RenOVlçlo Clltsmlitrc." teve orlgam em 1067 em Plltsburg (U. S .A.),

~
quando um grupo da protMSOres • alurto' da Unl.... rsldad. de Cuqutsna
procurava uma elCperl6ncla doa dons do &plrllo Sanlo .emelhante .. daa
primei,.. comunidade. cll.lb. Duas obra" aulm como • pr... nça de
'crente, neo-penlecollals avivaram MUI' lIéls católicos o da.eJo de lal
graça.

o movimento cal6Uco assim oriundo .11 expandiu rapldamenla da


moelo • ,tingir um total da C6rC~ 200.000 ou 300.000 membros. Nlo se traia
de uma organlzaçlo ou çongregaçlo prÓpria dentro da Igreja C&lólle., mo,
elm, d. uma corranta da uplrlluelldade, que I . manifesta principalmente
em rtunlOI. da orlçao nutrida pela Sibila; OI .Inal. IIxlrao rdln6r1oa (glos-
.lIOlalle, cura de enlermos) que marcaram lat. reunl!!.e em "!.li primeiro'
anol, loram sendo cada VIII: menos procurados a almeJadol pelos caris-
mAUeol católicos. Estes .. mar'lllm firmemente u". A " fi li hierarquia da
Igreja CatOUça. A 11111 presença., aluaçlo f108 amblenle3 c:atól1cos tem l ido
ben4iflca, de modo a dissipar as reserva que o Movimento carllmAtlco poda
ta, luscltado ls autorldadH da Igreja. Eltu la mostram atenta ao fd~
.manto, procurando loman'" o Que tenha de sadio e profundo, a avlla r OI
.da."los Que nele poasam astar lalantll.

• • •
Comentário: Vai-se difundindo cada vez mais entre os
Movimento dito
"fiéis católicos do Brasil e do mundo inteIro o
«de renovação carismâ.tiCa:t ou, menos proprJamente, .Pente-
'c ostalismo católico• .

De 10 a 3 de junho de 1973, na Universidade de Notre-Oame


(Indiana, U.S.A.) realizou se o .vn Congresso da Renovação
Carismática católica, do qual participaram 25.000 pessoas pro-
venientes de 30 paises e pertencente., aos mais dlvernos estados
sociais; sob a pl:esldêncla do Cardeal Léon-Joseph Suenens, ar-
cebJspo de Bruxelas, reunIam-se para orar juntos, testemunhar
a ação do Espirlto Santo em melG aos fiéis, trocar experiências
e reaflnnar, com renovado entusiasmo, o Seu intuito de difundir
e fortalecer a fé e o amor cristãos no mt.mdo. O ponto culmi-
nante desse Congresso foi a concelebração eucarIstica final, da
qual participaram cerca de 600 sacerdotes, 8 bispos e o Cardeal

-354 -
Suenens. Este, em ma. homilla, declarou: «Creio nas surp~as
do Esp1rito So.nto, uma das quais é · a .que ~tamos vivendo~.

Aliás, outros certames semelhantes se realizaram em anos


anteriores nos Estados Unidos, contando com número sempre
crescente de congressjsf:as. Tenham-se em vista os seguintes
dados: em 1967. 90 .parUclpantes ; em 1m, 4.500; em 1972,
11.000 ; em 1973, 25.000. Dado que a renovação carlsmãtlca é
principalmente uma atitude interior de docilldade ao Espírito
Santo, sem quadroS lnstltuclonais nem estruturas jurl!1lc~s pró-
prias, é ditIc1I &er quantas pessoes lhe . aderem atualmente
no mundo catóUco. H A quem calcule entre 60.000 e 120.000 nos
Estados Unidos e 200.000 ou 300.000 no orbe inteiro.

Ainda em 1973, de 17 a 19.de agosto, realizou-se em Mont-


real um Congresso regional canadense sob a presidência de
Mons. Hayes, arcebispo de Halüax, com a participação de
4.000 pessoas e 150 "saCerdotes.

Na ~pa, em Grottarerrata (R0l!la), teve lugar de 9 a


12 de outubro de 1973 o primeiro Encontro Internacional de
l ~deres da Renovação Carismática, contando com a presença
de 126 pessoas provenientes de 32 palses. Na França, de 11
a 21 de- agosto efetuou-se em Aix~n-Provence, uma reunião
d e 150 anImadores de grupos carismltlcos, acompanhados de
teólogos e · exegetas, a tim de aprofundar as bases bíbllcas e
teológicas do Movimento. A mor parte dos partiCipantes tinha
entre 25 e 30 anos.
Já tratamos dos penteeostaJs catOlIcos em PR 149/ 1972.
pp. 2JO...238. Dado, porêm, que o Movimento chama cada vez
mais a aten~§.o do nosso púbUco, voltart!mos a abordar o
assunto a seguir, encarando..o com .a documentação que os
últImos anos têm proporc.lonado ao estudioso.
A propósito do nome .PénteeClstalismo católico." sãbe-se
que pode ser ambIguo, visto que existe um «Pentecosta.1ismo
protestante". Por Isto hâ quem pref!ra Calar de . Renovaçfio
Carismática:.; e cóm razão . . . Cartsma. é palavra grega que
slgniflo dom, graça;. durante muito tempo, tinhà·se o carisma
na conta de graça extraordlnárla, portentosa (cura de doen-
tes,llnguas novas ; . _). Todavia, àpós o Concilio do Vaticano II.
geralmente se reconhece que carisma é qualquer dom que Deus
queira dar a a1guém para o serviço da comunidade, ainda que
o laça sem notas extraordinárias ou portentosas. Neste sentido,

-355 -
aa cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 116/ L974

todo cristão é carismático. Há, porem, quem procure colocar-se


em cIlsponibWdacle maio dócil à açto do EsplrilO Sonlo, distri-
buidor dos carismas. Jt para esta atitude que a renovação da
Igreja tenciona levar os f1éls. Entendida à luz destas noções, a
Renovação Carlsmé.tlca de que vamos tratar, não deveria ser
tida como wna corrente particular dentro da Igreja Católica,
mas vem a ser apenas o aprofundamento mais sistemático e
consciente de grandes temas da esp1r1tualidade bibUca e cristã.

Começaremos per expor sudntameote a origem da Reno-


vação Car1smãt1ca católica.

1. Surto do Movimento
Em 1966 um gnlPO de professores e estudantes da Unlver-
&Idade de Duquesne em Pittsburg (U.5.A.) pôs-se a refletir
sobre a sua vida cristi. Em clima de oração, confrontaram a
sua existência e o seu apostolado com o modelo oferecido peJas
primeiras comunidades descritas pelo livro dos Atos dos Após·
tolos. Sentiam que algo lhes faltava, como se a sua fé estivesse
C!atlS&da ou tolhlda em seu poder de irradiação. Intenslflcaram
então a oração ao Espírito Santo, pedindo que os lIwninasse
como havia llwnlnado 85 antigas comunidades. Ao memto tem-
po, tomaram conheelmento de dois livros escritos por autores
neo-penteeostais: cThe Cross nnd the Sw1tehblade. 1, em que
o pastor D. WUkerson narra o seu apostolado en~ os jovens
dos subúrbios de Nova Iorque, dados à droga e ao furto, e
cThey speak with other tongues. (Eles falam em outras lin-
guas), no qual o jomaUsta J. Sherrill apresentava o desenvol-
vimento das comunidades pentecostals nos Estados Unidos. Im-
pressionados pela semelhança que descobriam entre a Igreja
primitiva e traços do movimento pentecostal, esses fiéis católi-
cos intensificaram suas orações, participando mesmo das reu-
niões de crentes neo-pentecostals nos arredores de Pittsburg.
Em conseqüência, nos primeiros dias de 1967, pediram a lm-
PQslc:ão das mãos e a oratão do grupo pentecostal que freqüen-
tnvàm, para obter o «batismo no Espirlto:t. O Impulso assim
recebido contrlbulu para d1nam1z:ar os primeiros grupos de Pen...
tecostalismo catóUco entre professores e estudantes da Uni-
versidade de Duquesne. Estes não hesitavam em sua proflssão
de fê católica e em aua adesão l Igreja dirlglda por Pedro. De

I Publlcedo .m tr.duçlo brasllall. com o lltulo "/lo CIUJ: G .o punha'''.


Editora ealAnlo 1i72, "" .d., Belo HorlJ:Ol\la.

- 356-
CARISMÁT1COS NA IGREJA

Duquesne O Movimento se propagou rapidamente para a Uni~


vcrsidade de Notre·Dame (Indiana, V.S.A.) e outras, assim
como para paróquias e conventos dos Estados Unldos. Em breve
delxou os confins daquele pais, estendendo~se para a Europa,
a América do SuJ e outras partes do globo.
Reina geralmente grande Interesse, entre os fiéis católicos,
por esse movimento que apareceu em circunstâncias tão sin-
gulares. Hoje, sete anos depois do ~w1o da Renovação Car.ls-
mâtica entre católicos, já se tem um pouco de história e de
experiência para se lndJcarem as linhas caracterlsticas do ma.
vlmento e situã,..1o tanto em relação ao Protestantismo como
em relação à doutrina e à orga,nizaçio da Igreja Cat6lica.
Eis por que passamos agora 8 considerar

2. As grandes notCl$ dCl Ronovação Carismática


Em síntese. pode--se dizer que a Renovação se tem inte-
grado - e deseja integrar-se cada vez mais _ na Igreja Ca~
tólica, tencionando apenas aprofundar os elementos básicos de
autêntica vida cristã fundada nas Escrituras e na Tradicão.
Ei$ os traços maIs tlplcos que o movimento assim inspirado
apresenta BG observador:

2 .1 . EspírIto e prállca da oraçlo


Esta nota é e~c.1aJ. O Movimento se constitui c ~prime
através de grupos de fiéis, que, convictos da promessa de Cristo
- c-Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome. estarei
em mekt a eles:. (Mt 18, 20) - , se encontram para ouvir a Pa~
lavra de Deus e exprimir a sua fé e o seu .amor suscitados por
tal Palavra; os partldpantes põem em comum as suas expe-
riências de vida alstã, num clima de slmpllcldade, alegria e
paz, que leva à ação de graças e ao louvor de Deus.
Uma das notas mais earaeterlstieas dessa oraçã.o comuni·
tária ê a espontaneidade: cada qual se manifesta segundo a
inspiração que tenha. 1: o que explica. haja Intervalos silencio·
sos ao lado de depoimentos, hinos, recitação do Pai Nosso e
por vezes também a celebração da Eucaristia. De rt'&to, a fre..
qü~ncia a esta é cada vez mais amiudada por parte daqueles
que partlcipam da Renovação Carlsmd.lica.
-357 _
38 _PERGUNTE E RESPONDEREMOS:> 176/1974.

2.2. Aprofundamento da fé

Visto que a S. EscrItura é a base da oração comunltArla


do movimento, os membros <leste demonstram grande Interes!e
por aprofundar as verdades da fê transmitidas pela Bíblia e
estudadas pela teologia. Nos Estados Unidos têm-se organizado
sessões de estudo para penetrar os temas de fê mais llgados à
Renovar;áo Carlsrnática. .

De modo espec1aJ, esta exige e desenvolve a crenca na açAo


do Esp'rlto' Santo. O Pentecostallsmo clAsslco se originou pre-
clsamente de uma nova compreensão da expetiêncla que os
Apósto1os fizeram no dia de Pentecostes; os pentecQstals crêem
que a efusão do Esp(rlto, acompanhada de sJna1s notórios e de
especial dom de coragem para testemunhar o Evangelho, não
foi apenas acontecimento de um dia distante de nós, mas é um
dom que Cristo reproduz pennanentemente em sua Igreja.

Os adeptos do Movimento Carlsmi.tlco a principio designa-


vam ta) efusão do Espirlto como cbatismo no Espírito Santo~
(expressão Urada de At l,5i cf. Mt 3,11; Jo 1,33; At 11,16).
Todavia têm verifIcado que tal locução é amblgua, pois 'Pode
sugerir que há outro sacramento do batismo além do de égua.
Por Isto a eXllressão tem sido posta de lado em favor de outra,
que seria «efusão do Esp~rlto:t: esta significaria, segundo o..c;
teólogos do movimento, uma interven"'ão especifica do Esplnto
Santo, diversa da que se dA nos sacramentos, embora não inde-
pendente destes. Pode acontecer que, nas reuniões de oração
no Espírito Santo, wn dos fiéis, desejosos de cclocar-se sob a
ação mais intima e poderosa do Esplrito, peça aos membros da
ccmunldade que jA. tenham recebido os dons do Esp'rito, que
lhe imponham as mIas e rezem por ele; esse cristão espera
assim que se tome mais Atuante em sua vida a forca do Espírito
recebida no Batismo, na Crisma e na Eucarlstia; faz votos para
que lhe seja dado experimentar essa força, como os Apóstolos
a exnerlmentaram no dia de Pentecostes e como os primeiros
cristãos 8 perceberam nos episódios narrados pelo livro dos
Atos. I
Quanto ao dom du Jlnguas, que na Igreja nrimiti~ se asso·
clava à imposição das mãos (cf. At 2,4; 10,46; 19,6) , os peno

1 E!l11I "ollcla corresoorlda prlnclplllman'a tiO cua se tem dado no.


E!lI.Ufn'l Unidos e na Eurnolil. Aoul no Br.. ~1I 09 encontros de oraçlo, de
manal'e gar«l, 'em ,Ido t6l;1rlo' em tuas 8::11press(le, de entusiasmo.

-358 -
CARISMA.TIOOS. NA IGREJA · 39

tecostais católicos julgam que é poss1vel ocorra.. embora não


façam desse dom um critério decisivo da ação do Esp1rito Santo
no fiel crIstão•
.."E que seria o dom das Hnguas ?

- Em última anâ1Lse, não é espalhafato, mas, segundo os


teólogos da Renovação C&rlsmAtica, é um dom de oraçAo multo
profunda, que jorra do mais Intimo da pessoa. :DIse dom de
·oração e adoração pode suscitar W1l estado de emoção no liel,
que então passa li. se exprlmlr através de sons .UrigWsticos des-
conhecidos até mesmo a quem os profere. Com outras pala-
vras: São PauJo dlz que o Espírito Santo reza. nos seus fiéis
com getnli10s inenarrâvels · (Rom a, 26); ora "esses gemidos,
passando pela voz humana, provocam os mancionados sons· lln-
gillstlcos ou o chamado _dom das llnguas», que nlo estA neces-
sariamente iI.sSoclado ao fenõmeno do êxtase 1. Geralmente a
' Intenção de quem fala em Hn~, é louvar • Deus; visto que
Deus é inetâvel ou lndlzlve1, Ele não pode ser"dlto ou louvado
na· lInguagem chi de cada dia. Tenha-se em vista a palavra
"Aleluia, que em hebraico significa _Louvai ao Senhon, ·mas
.que os crlstios "ger81mente repetem sem conhecer a sua etimo-
"loiJa, movidos apenas pela intencão de cantar a glória do
Senhor inefável

2 .3. Converslo

A efusão do Esplrlto, m.ediante imposlcão das mlos ou sem


esta, rrbvoca múdanca de vida ou uma conversão mais radical
naqueles que a recebem. A vida nova é marcada por nova ·pre-
sença· dos frutos do · EspIrito assinalados por São Pllulo! cari-
dade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fldeUda"de.
brandura, temperança (Gál 5.225). Como se compreende, a con-
·versão· lmpulslonada pela comurucação do Esplrito é um pro-
cesso que ·nunca está consumado enquanto o cristão peregrina
scibre a terra: ela Impllca um progredir constante na compreen-
são da ·Palavra e do plano de Deus. uma vida de oração caela
·vez· mais perfeita e unida ·80 Senhor, uma capacidade de aus--
"Cülta· e dodlldade crescentes em relação ao Esptrlto. alegria e
~~ cada W:i maia"protwldas.
f
. "... . . . ; .. ,
• t assim qua o dom da! Irnguaa (realmanle obscuro a discutido) •
, explicado por doia aulOiras d. valor; E. Sulllvan, '·La Mouvemant de Perl-
'ecOI. paul·11 renouveler ,.. 'gUsee?", em "Cenlrum pro Unlone" ,"' 5, 1973,
$, e 11. Callarel, "FauHI par/ar d'un Penleç"Otltma cathollque?'; Paria .197.3.

,-'.-:359-
2.4. Movlmenlo do IgroJI

Uma dai dúvldal que 00111 mais Insistência ae têm levan-


tado em relacão 80s cristãos Ou1sm6.t1cos. diz respeito 1 sua
adesão 6. Igreja Católica. Se antes do movimento pentecosta1
católico jâ exIBtIa desde 1901 um movimento pentecostal pro-
testante, perguntacse: será Que 05 carismáticos católicos nlo
adotario o principio do chllJn8do divre exame da Bib1Ja., e a
autonoml~ de governo do Penteeostallsmo protestante! A quelo
tão se toma mais ainda Just1f1cacJa, desde que se leve em conta
Que não raro na história da Igreja os grupos 4'c:artsmâtlcoa.,
abusando de seus Ccarlsmas~ 1 fizeram oposição à Igreja lnstl·
tuelana! ou organizada juridicamente.

Na verdade, porém, os carismAtJcos caMUcos desejam mano


ter-se unidos à Igre;)a, constituindo com todos os fiéis catóUcos
o Corpo de Cristo vivifIcado pelo Espirito. Allãs, como foi dito
atrás (cf. p. 352), os pentecostais protestantes a principio não
lntenclonavam separar-se du respectivas comunida"des batistas
e metodistas norte-americanas; apenas desejavam viv1t1d-las a
partir das suas raizes; só anos depois do surto do movimento
é que este constltulu wna nova corrente do Protestantismo. O
mesmo não se deu - e não é de crer QUe se dê - COm OS ca-
rismáticos católicos. Verdade é que alguns grupos destes ado-
tam por vezes práticas singulares e exuberantes para exprimir
o &eU tervc:lr. Nota-se, porém, que os grupos carilmáticoa cató-
licos se mostram d6ce1s à hierarquia da Igreja e dispostos a
obedecer u ordens recebIdas. Dizem memlO OS peritos que a
expeliêocla pentecosta1 na IgreJa Católica só tem fortalecido
a unidade e o fervor do Corpo Mlatlco de Cristo; dep9Ja da
experiência penteeostaJ, 05 eat6l1eos se tornam membrOl mats
fervorosos e partlclpantes d. vida da Igreja Católica. Além"de
tomar garte na Liturgia oflc1aJ, reunem-se semanalmente para
orar em comwn em uma IrreJa. uma casa particular ou outro
lugar convenJente. Segundo wn Inquérito realizado pelo aocl6--
logo norte-americano, Pe. Joseph Flchter, 76 % dos Cariami..
tlcoe: vlo A M1ssa mala freqUentemente do que antes da . .
nova conversão, e 63 ~ vilitam. o Santl!:slrno Sacr~tC! ma1s
amIúde do que antes: 37 % também se confessam mala UII-
du~nte do Que antes de tazer a experiência pentecostal.

Pf,SSem08 agora à an6.11se da. atitude da hierarquia cat611ea


frente A Renovaçio Carlsmltica.
-360-
CAlUSMATICOS NA IGREJA

3. A atitude d~s bispos


Compreend~se que os bispos católicos se tenham viva-
mente Interessado pelo movimento carismático, principalmente
nos Estados UnJdos, onde este nasceu. Vários motivos 1usUfi-
cavam esse Interesse:

- a Renavaçio CartsrnãUca nasceu na Igreja. Católica em


estreIta ligação com o PentecostalIsmo protestante. Em virlos
lugares, as reuniões de orac;ão são lntercontesslonals - o que
pode ser multo positivo para o progresso do ecumenismo, mas
pode Iwc1tar relattvismo e indiferentismo doutrlnArloa i
- a Renovação Carismática corria o risco de cair no puro
subJetiv1smo emoclonal ou sentimental . .. Como ê fád1 alguém
iludir-se, tomando por graças erlraord1nãrlas fen6menos psico-
16g1cos! O antilntelectuallsmo SÓ conbibula para alimentar
ilusões e tomar as pessoas fanâtlcas ;
- receava·se outl'osslm e. t endência a formar grupos de
elite, de dniciados:t, que ameaçassem a unidade e a caridade
na Igreja.
Eis por que os bispos norte-americanos quiseram acompe.-
nhar a Renovacão eom vigilância e zelo.
Em novembro de 1968, a Conferência NaciOnal dos Bispos
doIS Estados Unidos c:onfiou o exame da RenovaÇão a uma co-
mlssio de bispos presidtda por D. A. ZaleskJ, bispo de Lanslng
(Michigan). Aos 14 de novembro de 1969, a comissão apresen-
tou à Conferencia Episcopal o seu relatório, que, embora assI-
nalaste btlerrogaç6es suscltadas pelo movimento, propunha pa-
recer favori.veJ. ao mesmo. Desse documento v,Ao aq1.Ü cltadoa
alguns trechos : .
•'II!: preciso r8ConhllCer que o movimento tem legltlmos motivo. de
·e)(II!;ltncle. Baul....e em sillldos fundamenlol bjbllcoa. Serle dlllcll colocar
oblllliculol ti aclo do Elplrlto, que le manllOalou 110 coplo.. mentl na Igrlla
. primlllVL"

No tocante aos carismas (entendidos como dons extraord!-


ntrios, no :asa) :
...... pegou que particIpam do movimento pen1ecoat.1 cal6l1co, dizem
. que NOebem cartos dons carflmllitlcoa. I!: precll o reconhlcer que houve
abUIOS. M•• a soluçlo nlo consiste em negar 11 existência dessea dona ..•
Slo nlcllrirI.. ultlrlor.s pe.qulsu lobre OI dons clrlsmillool. ( ceno,

-361-
42 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 176/1974

porém. que o recente COncIlio do Vaticano admita que o esplrllo ell.l.


contlnuamlnte em açlo na IgreJa,"

,.. . Para avalIar a Renovação Carlsz:p.ática. o docwnerito pro-


. . os fruto. I' por ... prodmldos
põe . :
"H' numeroso. lfldlcloa de qUI nal partlcipaÇlo (na Ren~ljlol
leva I melhor comp,eenaao di Iarl'a que toca ao crlstlo na Igreja. Mu to..
em. conaequlncla,. Ixplrlmantaram prograuo na lU •. '1ld. "plrllual; do
.~O'Ildoa i .leltura da 5. flOIIIL" •• li mais plolunda panetllçao. da.l ul f~"

~ conclusão, dizem os bispos:


"O mO'llmenlo nlo d......'la •• r luloe.do, mu ula autorlu.do • del.n·
volver-H, Como quer que 1111.. <:811.. madldaa de cautela devem ,ar tom..
du. Um'. oportuna suporvlalo s6 pode" ter exercida com .lIdela •• OI
bispo••e recordarem d. lua rllponsabllldade posloral de conlrolar .• ' guiar
essa movlmenlo na Igrela. Cavemos vIgIar p.ra que evIte os erros ~o Pente-
.coat.lllmo cl".lco, I'; pracl'o r.conhecer que \U'n nossã cultur. exIsta uma
lendlocla a substltulr..e a expe,l6ncla religiosa pela doutrina rellulosa. ,Na
p"'IICI, recomendamol que os bl.po. coloquem ·aacerdotes prudenl81 n....
movimento. Tal parUclpaçlo e gula IIIrle bem acolhida pelos pentecoe'.Is
-católicos" (leXIO' colhido. no arUgo dlt A, Barrullo citado em noua blbllo--
.l!lat1.,," ,

A esta Declaracão. datada de 1969. seguiram-se numerO.


.s as Cartas Pastorais de bispos ~orte-amerlcanos, expr1m1ndo
com' prudência um incentivo favorável ·ao movimento. . ,

Ainda aos 30 de lulho de 1973, .D. W. G .. Connare, bispo


!le' Greensburg. afirmava em carta Pastoral que a Renovação
.Carism4t1ca cé provavelm~te o movimento mais d1tundldo. 'q ue
existe na Igreja após o ConcUlo'. e Incitava os seus sacerdotes
:&acolher os grupos de oracão e tomar parte neles para'
transm1.
tir-Ihes wna orlentaçlo 'segura: cSe não o f.lzerdes, acresceh·
:tavá, ,eles se voltarão para os nossos ' vizinhos. oS irmãos ~p'a·
rados. Seria muito melhor vigiar sobre o movimento dentro das
nossas igrejas e salões paroquiais••
Note-se também Que em entrevista dada à Rádio Vaticano
'"em 26/Il/l~4 a respeito da Igreja nos EE. 00., D. J . Rausch,
Secretário Geral da Conferência. dos Bispos Norte-Americana,
decl~:

"O elemenlo pr1nclpsl que caraclerlza hole .. Igra)e•.. . • o ,..plrlto


d, procu'• . .. o. EstedOl Unidos .10 o pai' que prova'lfllmente conta com
' 0 mel. voto movimento catllm'tlco do mundo. Esse movimento faz: parte
daquel. procura a que aludimos; por '1eze. toma posições um tanto ..tra-
nhal, mas cralo qua em .ue ortgem h' uma exlgAnc.ra· po.ltl..... Ilto '," 0
deliro de encontre, uma forma d. relaclonamenlo mal. dlrtlo com O.U••

-362-
CARISMATICOS NA IGREJA

A Igreja ollclal do no&&o p"., sem düvld., lornou cOt'lscl6nçl. disto, de


modo que da parte dos bispos • sacerdotes existe um autêntico desejo de
guler esse e.plrllo na dlraçlo carta" (R'dlo-Jornel Vaticano 26111/74).

Fora dos Estados Unidos, merece atenção, entre outros


documentos, a Carta Pastoral do Cardeal Suenens, de Bruxelas,
escrita êrn Pentecostes de 1973 com o titulo cRedescobrir o
Espirho Santo_, em vista do Ano santo. Referindo:se à Reno--
vação Carismãtlca., observa o ilustre prelado:
"NIo 1& tr.la de um 'Movimento' novo no a.ntldo usual d. palavra,
mas de uma corrente de graçáa, que faz ,"ur"lr em loda parte, elponlan4ta·
menta. assembldlas de oraçlo de um tipo novo. Baseando-se sobra e pro-
ma5S8. do S6n/'lOt: 'Quando dois ou três se reunirem em mau noma, estaral
no melo d.' ..·• grupos crlstlos ae reunem para orar juntoa, a axampto
das primeiras comunidades crlatAa. Esses reunlOaa da oraçlo t6m IIslono-
mias vllIladu, pob se prestam a grande a.pontaneldade e •••da~tam 801
ambientes mais dlvet!los: parOqula, melo unlverslllarlo. mosteiro, convento,
grupo de açlo ftalema ou social ..• A energia prOfunda dessas asaem·
blélu é uma fé viva na pres.nça do Senhor que age alr'8Ws do Espfrllo
Senlo e.1mo renovador da vida am todos OI 1801 ealoles: panoel. familiar,
prollS$lonal, aoclal. poUtlco. E... tipo d. allembéla de oraçlo oxlra·l!liJr·
glca n.d. lem de rlgldo. O observador Ilca Impressionado pelo clima de
fé, de juventude, de Ir.lamldade, da esponlanaldade que el .. revala e
que nRo receia traduzlr"'a na simplicIdade dos gaslol 8 das "tlllldaS . . .

O movlmanlo carl,m6llco nlo visa ft criar alguma nova organlzaçlo


paralela, mas ante, ofarfc.r um suplemenlo d. anlmaçlo ..plrltual aOI
crl'IAos da IIOj8. Nio sub,llIul nem tuper. al110 do que se lez ou se vive
no Imenso campo de açAo da Igr.Ja. O Esplrlto age semp ra que a lé, a
asperança e a caridade estio em açlo. Ma. o movlmanto vem cumular um
vdzfo."'ot {JIUmos anos, multas 8xpressOes da piedade popular calram em
desuso ou ..tio .m dei::llnlo, sa bem que am nada tenham perdido o eeu
valor rellgl08o ... A Renov.çlo C&rlsm'Uca of.rece experltncl.. valiosas
no ,alor d* p.,allturgle e pode contribuir pere que esta sa re)uvonesça ou
vlvlllque.
. .. Concorra para que o. lIels descubram e eab-oralam melhor as
Escrituras. amem a Igreja tanlo vlslvel como Invlsfvel. rede.cubrem e ell-
dcla viYlllcante doa Mcramentos, como também certas dlmenl6e. ela carl-
~ade fral.me. Inspiradas por asses . .emb"las d. oraçlo, vtarn..e aurglr
Iniciativa. Iocr ais, que I.mbram u primeira. cornunldedea crl.tls a que
"Y1o por vezes até uma carta comunhlo da bens. Ciosos da evitar o fecha-
mento sobra si meamos e a oraçlo divorcIada da vida, ..... g rupos ••
esforçam por deixar IIvr. cura0 la açlo do Eaplrllo, que ... t.nde .ti abaresr
lode. as ImpllcaçOes concretas do Cristianismo vivido no mundo da hoje,
• .. Cremos dlanle da Deus que se trata de uma graça de &$Col pa,..
• Igreja pós-conclllar. Mas, pita que 8S.!Ia gtatça a.)a feeunda 8 duradoure.
6 preciso qua ela 8e possa desenvol .... r desde o Infclo em plena hannonl.
com a 'greJa Insl!tuelonal" (texto tradut.ldo de "La. Oocumentatlon calho-
IlquliI", n9 1638, 1S/VI1l1gT3, pp. 8888).

-363-
44 .. PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 116/1974

As palavras do Cardeal Suenens lnegavelmente exprimem


bem o que seja a Renovação C8r1smAtica e contribuem valiosa-
mente para dissipar dúvidas sobre a validade desse movimento.

Para rematar esta. série de testemunhos, sejam citadas as


palavras do S. Padre Paulo VI proferidas a Uderes da Renova-
çáo Carlsmât1ca reunidos em Grottaferrata de 9 a 12 de outu-
bro de 1973 : .

"RaJubllamo-Nol corivoaco, caros amigos, pela renovaçlo da ~kI_ es-


plrltull qua .. mlnll•• I_ hoJa nl Igreja. lob dlvarsas formll a em variados
ambientei. Algumas nolas comum aparecem nelSI reoovsçlo: O gosto
de uml oreçlo profunda, penol' e comunUirll, um relomo à contampla-
çAo a uma acenluaçlo do louvor de Caus, o de,eJo de ee enlreger lotaI-
menle e Cristo, grende dl.ponlbllldade par. o. apelos do Elpfrlto S.nto,
leltur. mafs essldue de E,crltura, grende dedlceçlo aoe hmloa, vontade da
colaborar com O!I servlçoe da Igreja. Nisso todo podemos reconhocer a
obre mlslerlosa e dl.cr.... do Elp(rlto, que' e lima de Igrela.

. . . Doutro lado, mesmo nu melhore. experiências da I1Il'1OVaçlo, o


Joio pode mesclar-se ao trlgo. Por Isto 6 Incllapenalvel uma laref. de discer-
nimento. Ela compete &Oa que t6m I lollcltude da Igreja: a 88lee loca, antes
do mata, nlo extinguir o Esplrllo, mas examinar h.Jdo • reler o que é bom
(cf. , T•• 5,12 e '9-21)".

Cabe-nos -agora deduzJ..r, de tudo o que foi exposto, uma

4. Conclusão

A Renovação Carlsmá.tlca começou em 1967 tlmlda, sem


mesmo poder definir o seu futuro. A principio suscitou dúvidas
e 'hesltacões nos seus observadores, que denunciavam mani~
fostacõe> exóticas, teatrais • aenllmentals d. parte dos C811sml-
ticos. O vocabulArto e o estilo desses crtstios podiam realmente
motivar 6USpeltaa. Eis, porém, que, com o passar do tempo, o
movimento se foI definindo melhorj e.ssum.lu express6es mais
equilibradas e maduras, colocando a ênfase de sua mensagem
nlo sobre fenOmenos extraordl..nArlos (Unguas e curas milagro-
sas), m~ sim, sobre a vida de oraeio, a docl.1idade ao Esplrlto
Santo, o cultivo mais generoso do amor, que os sacramentos
derramam em nossos corações.
Essa evolução em demanda de equllfbrio tem sido acom-
panhada de frutos copiosos produzidos pela RenovacAo Caris~
mãtica; a autêhtlca vida cristã, bem estruturada, vai·se desa-
brochando em multes corações.
No Brasil, O movimento tem. atdo marcado por sobriedade
de etltudes exteriores e procura de profundidade j ~ntre nós
não se têm verificado, em ambientes cat6Ucoo pentecostals, os
fenõmenos que poderiam lanear descrédito sobre tais ambien-
tes. Eis por que parece não haver motivo para impugnar a
Renovação carismática; antes, ela se toma ocasião para que
os fiéis agradecam ao Senhor os seus dons e os procurem des-
trutar com fervor, tendo em mira a sua santlflcaçio pessoal,
a de seus innãos e a do munclo Inteiro.

BlbllograDa :
Kevln e Dorollly Ranagl'lan, "CaUJllcos Panlacoslalt". Plndamonhan-
Sllbl 1972,
H, Rahm·M, Llmago, "Sarels ballzadot no Eaplrlto", 510 Paulo 1972.
A. 8arrulll, "11 tlnnovlll11enlo carlamaUco nella Chlasa CeUollc..", em
"La Clvlltil C4Uollca" 2971 , e/lVl197.(, pp. 22--38.
Fr. Sulllvan, "Tha Panlaeostar Movemanl", em "Gregorlanum" 530/2,
1972, pp. 237-265,
J. Gouvernalre, "Les 'charlunallques' u, em "~tudes". Janeiro 1974-
IlP. 123-1040.
A, Woodrow, "Le renouveau charlsmatlque: una notMIlla PanlecOte'i''',
em "Informallons Calhollque, Intemallonales", n9 0448, 15/1/74, pp. 13-20.
AA. W" "La rtnouy'au charlsmallque", em "I.a VI. 5plrlluIII." n9 56,
Jan.-h,Y. 1974, pp. 4-149.
J . Ford, "Sponlaneous Prayer Meellngs", em " 51511t'1 Today" nII 41
(1970) pp, 3420347.
O. Paulo Evarlsto Arns, "Renevaçlo certam'tlça • 'lIda crlstl", em
"O 510 Paulo", 1·7 junho 197.(, p. 7.
ElJtêvilo Bctf:eneourt O. S. B.
• • •
UM CONGRESSO DE FILOSOFIA
(ContJnUlçlo da plog, 337)

.rm,
temae ; FlloaoOa d.1 Educaçlo, F11osona lurfdlCO-loelal, Fllo.olla da rlngu ..
Matan.lca a Fllololla da Relrgllo, Fllesolla d.. Clllnclu • da Ttcnlca.
larda, da. 14 h 30 mln 61 18 " 30 mln, re.llza'lam-H laual' pl.nil1n,
QU, abOrdavam os "\lulnlll ugumlnlot: Fllotolla ar.. O.lra, FilosofIa La-
Uno-Alnerlcana • Mundial, P"qu"a Fllolóllca a Ensino da FlloloOa, FIlo-
solla a CI'ncl..; a"m do qua, faz-aa • eO'lIamorapio do 7'9 Clnlanlrlo da
morte da 5, Tomaz d, "'qulna a 5. lIoa Venlura a do 250f 1111'1111'11"0 do
nuclmento da oEmm.,.ue' 1(...- ' foi outrO~llm Iaomln.gleda a memória do
lluatre PIOf. Pad,. Maurllle Talxelr.LaIl. Penldo, palropoll\ano di nascI-
"",nlo I panudof do lama In!amaclonal.
Mio podarfamOl deixar da destacar ainda a digna OgUr8 d, ConstanUn
Vlrgn Ghaorghlu, IKtlrdola ortoclcxo rumano, que obteve ° Prlm50 Real de
Pai'" da Rum'nl. am 1UO e, Inlre oulr.. notAvel. obras, elCr8YIU "A 25'
~Ol"l", ramllftee qUI 19lra'a da parto OI lrH1endOl IpllÓcOO' provOClldOll
pala gHna da 1931·1145. A. nolta .ram prof.rld.. Confer'nclo 1IU1lraU'tIa
por IImlnan!as personalidades do eantralao.
M · ~fMI ;tetJeJ ......nl~~:. n • . Slmln. · .m ~ úl~lm. a,,6I' ••, re."
. ç _ _ . ·. ,,"portlnela da RIONInl em lodoa DI . lampq. · •• , pIlfUcvl.rmanle,
· Im llÔa.oa dlai. Viardad. ( qUI OI cursOs dI Fllósona (dita "pura F110a0fla'')
:nao· coneam· rnullóa · .luftOl: ni :F.culdadej·· flol • • ·Fllo.cna ril o proporciona
· granda ..c.la" d. .em·pr.goa com camlni ·' ·p,cmcç6ea · 1I \/"lsl.: :ao corilrf,ló,
:. Flloaofla pliraca 'luxcrtmprodUllivo, m.ral_llndO" pell cMII~lo da alnefa
. • . d. 16eA1oL lnIellzmltall, .porim I., . EI.. . . marglnallzaçlo . dI Flloaofla
cauai. .m a,.nd. par1a o ·VIWO•• perplexldact. e ... 1",,0.11. do boml'"
· cORtamporlnao. .. . .
Co~ .11110. Todo homem I.m, alndl qUI a6 .tmpllcllam.nte ~r ve:EM),
um. 11101011. da vida. P.r. mullOl e Multei, .1' 11101001 ClU ubadorla ·'
• di " 'Ieeltarn DeUl!, !Sua Palav,a e · o NU convlta para p.rUclp.r da f.lI·
cidade do próprio DIUI). P.ra oulros, , o malerlallsmo, o positivismo, o
marxl.mo, o ,,"onbmo' (1 "101011. do praur. do 801:0 IlbartJnos) .. . . Todo
· hOlÍlMII· preel"· da ·pontos Clrdt.... ·(M;· 5 .. L; O) plra. Ia ortenear ·na .vlda •
••lêafeCar I 'UI "cII. da valo,... Nlo h.6 qUlm nIo concl"" -as pe,,,~
til: Ouem. sou? Dondl venho? ParI Ondl. vali? Qual o .-ntldo da vida? ..
· d. morl.? "'..,.r' um Além' Por que I(f/rer? Por que ·'rabllhar? Por quI
· ..-.ir1 Por· cfua p,o.cUlr1 - ·S6 ,,10 traz ,aI, Ind.Saç6es qu.m 11m· PI"'o~
nalldade Inorm.' ou defoiril.da. Poli bem; • • FllosolUi que respondI· ·•
.••••• , Imlrrog.ç6I• . lu~amlnllh , 1~I~o .o homlm I p.,ar I ... neUr, I
o""lr e aprendar com • ruJo: ·· ' ... . . . . , _ .. ,
.. . .. , .." ' . . ..
Talvez. pCI~4I.. , .-dlgl algu4",.: ,~flJlI." .UJ:n c,lstio I Filosofia raeJontl
· Rio , . neca"',I. j baillem I " • .• "'''0 ero cClr.çio li P.lavr. C!. Da\lll ~'1
_ Mio penslma. ."Im; • " precll. da um lundlR)lnlo r.clorial, · T.nlto
·quI .••bai · po; que · creiO,: .. ·~or. q.,.. ·clllo. .M!.ta prDpoIlçlo · ii rilo na-
· qUII." .: qUIlJ l i rallçilea ela " com l i ,mlnh.. categorl.. elt pan.am.nlo
lógico . • com 1S . lIpol'• • • lundammlarl ·.cDmUftl • mim I a toda. OI
· homen.·... S. ·.omos· ••.ratI Intel/gani";. noua' 'nlellgancl. ·nlo :pód.. dI"
..r de '1 ~1Ic:., .li eonsliuçlCl da- nossa lJIololla de vIda, alnéli que· inla.
: l/ft flupre;"ti. lmlnel.; a.JI "Iul.a. p.1. ,.; Á· ", •• m emba. am.nto ·raclon.1
ou fIIos6l1co, .nlsee--'I • cld.r ao ,enll~talllmo vulo ou ti rm.glnaçio
· Ixublran'., .tornando-se cra"dlee ou guperatlÇ10 ou Ilnd. ml.UcI C.aa •
· sem búslola. N. · verd.d., I 16 "lo , um· ..·nllmIRlo mtr...,..,'. IIiIbJ~lIvO;
mal ai••dera • VlrdlldH obJellvlI "'" lodos oa homeris; mldllinle o üso
.,
d. Inlellgtncl.,. pod-.n penelnt. • Ilustrar. V.I.·••, IIIH. o que foi dllo •
p, 338 dalte lascfculo. .
Im1lglRllmOl uma estrada rela. Enqulnto o vllJanle per alI· c:.-I,.ha,
.Ia a domina, tendo um horb.Oft'. cl.ro, Digamo., po.-.n, qua· ·no fim d.
rata d . . .Iradl, o vlajor pareebl um. ,Inuosld.da·: ti · . .hldl ·10· curv. a . .,
ngue outro rumo ... Embora o vlandllnte nlo pos•• dizer como continue
• •• tradl d.poll da .lnuo-skSlda (Poli lIa )1 ••c.p. ·. tr.nscand.· 10 ,.1.1
homonle), .'.1 Itomeln . laba q\I. 11 ..trad. nIo tennlnl qu.ndo • IUI v'do
· Ilrmlnl j ~rceba que ai. continua, embora ... niCl I veJa u!tarlormenle ...
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