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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Índice
Apresentação ...................................................................................................................................... 4
Dedicatória.......................................................................................................................................... 5
Introdução. .......................................................................................................................................... 6
A Tônica. ............................................................................................................................................ 7

Diretriz e Compromissos
Segredo. .............................................................................................................................................. 9
Mistério. .............................................................................................................................................10

O Templo
Formato ..............................................................................................................................................11
Ornamentação. ...................................................................................................................................11
Trono e Altar. ....................................................................................................................................11
Sólio e Dossel. .................................................................................................................................. 12
Castiçal nos Altares. ......................................................................................................................... 12
Candelabro de Três Luzes. ............................................................................................................... 13
Delta Luminoso. ............................................................................................................................... 13
Posição das Bolsas. ........................................................................................................................... 14
Pavimento Mosaico. ......................................................................................................................... 15
Abóbada Celeste. .............................................................................................................................. 15
Colunas “B” e “J”.............................................................................................................................. 15

Liturgia
Preleções no Átrio. ........................................................................................................................... 18
Cortejo de Entrada. ........................................................................................................................... 18
Coluna da Harmonia. ........................................................................................................................ 19
Direito de sentar-se no Trono. .......................................................................................................... 20
Trono Vazio. ..................................................................................................................................... 20
Compor o S∴antes da Abertura ....................................................................................................... 21
Posicionamento dos Diáconos. ......................................................................................................... 21
Pálio. ................................................................................................................................................. 21
Quem abre o Livro da Lei. ............................................................................................................... 22
A mim, meus IIr∴............................................................................................................................. 22
Sinais com Instrumentos de Trabalho. ............................................................................................. 22
Movimentação das Colunetas ........................................................................................................... 23
Retorno do P∴M∴ após cerimônia de abertura do L∴da L∴......................................................... 24
Missão dos Diáconos. ....................................................................................................................... 25
Ata e Expediente. .............................................................................................................................. 25
Abstenção. ........................................................................................................................................ 26

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Atos e Decretos. ................................................................................................................................ 27


Ordem do Dia. .................................................................................................................................. 27
Palavra à Bem da Ordem e do Quadro em Particular. ................................................................... 28
Conclusões e Permissões do Orador. ................................................................................................ 29
Fala do Vem∴Mestre........................................................................................................................ 30
Bater na Porta. .................................................................................................................................. 30
Recepção de Autoridades e Visitantes. ............................................................................................. 31
Entrada de Retardatários. .................................................................................................................. 31
Marcha Ritualística. .......................................................................................................................... 32
Saudações as Luzes e ao Delta. ........................................................................................................ 33
Preparar-se para cobrir o Templo. .................................................................................................... 34
Golpe na Liturgia. ............................................................................................................................. 35

Conceitos
M∴I∴Poderes – Direitos e Deveres................................................................................................. 36
O Delegado Maçônico. ..................................................................................................................... 36
Assessores. ........................................................................................................................................ 38
Paramentos da Grande Loja ...uso e costume. .................................................................................. 39
Títulos Profanos. ............................................................................................................................... 41
Sobre os ignorantes. .......................................................................................................................... 41
Fluidos Benéficos. ............................................................................................................................ 42
Egrégoras .......................................................................................................................................... 42
Vibrar na Cadeia de União. .............................................................................................................. 44
Instalação X Posse. ........................................................................................................................... 45
Escolta Armada. ............................................................................................................................... 46
Portar Espada. ................................................................................................................................... 47
O Círculo com o Ponto. .................................................................................................................... 48
Loja de Mesa. ................................................................................................................................... 48
“Venerança” e “Filosofismo”............................................................................................................ 52

Sobre a Cerimônia de Iniciação


A Luz................................................................................................................................................. 54
Constrangimentos ao Iniciando......................................................................................................... 54
Taça Sagrada. .................................................................................................................................. 54
Cena de São João. ............................................................................................................................. 55
Considerações Finais. ....................................................................................................................... 55
Bibliografia. ...................................................................................................................................... 56

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Apresentação

Em meados do ano de 2003 distribuímos trinta exemplares de um livrete, impresso por meios
próprios, de igual título e teor deste. Alguns Irmãos reproduziram o livrete por cópias xerográficas e
distribuíram em suas Lojas. A partir de então passamos a receber algumas consultas sobre temas
variados, mas, principalmente, aqueles envolvendo matéria litúrgica, ritualística e protocolar. Como
as respostas às questões apresentadas demandaram pesquisas, estudos, exegese com fundamentação
para produzir textos de esclarecimentos desprovidos de opinião pessoal, juntos, aprendíamos mais.
Daí então, julgamos, por conclusão natural, dividir o conhecimento adquirido disponibilizando
nosso trabalho a um número maior de Irmãos. Assim sendo passamos a enviar mensalmente, via
correio eletrônico, mensagens de cunho maçônico, resultado das consultas.

Como temos recebido alguns pedidos do livrete e, além disso, tendo em conta que atualmente
cópias de cópias dos livretes circulam de mãos em mãos já um pouco desgastadas, resolvemos
editar uma nova edição do livrete. Com seus textos revistos e outros acrescentados, em função das
consultas recebidas e das mensagens mensais enviadas, já podemos ter a pretensão de transformá-lo
em livro, pois ultrapassa a cinqüenta páginas tamanho A-4, ou 120 páginas quando impresso em
tamanho padrão livro (205x141mm). Como no livrete anterior os temas abordados se referem, em
tese, aos Rituais dos Graus Simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito. As citações aos Rituais e
a dispositivos legais maçônicos têm por referência os editados pela Grande Loja Maçônica do
Estado do Rio de Janeiro. Todavia, os textos correspondem e abrangem, com pequenas variações,
aqueles dos Rituais do mesmo Rito editados pelas demais Grandes Lojas ou Grandes Orientes
estabelecidos no país. O livro não encerra propósito de figurar como manual de procedimentos. A
exegese aplicada é fundamentada em fatos e princípios relativos a genuinidade do Rito; concepções
e pesquisas alicerçadas em obras literárias de historiadores e escritores maçônicos fidedignos.

O Livro é oferta gratuita; estamos regiamente pagos por sua leitura – nossa maior recompensa.
O trabalho pode ser reenviado, copiado e distribuído, porém, exclusivamente entre Maçons.

Paulo Roberto Marinho de Almeida


ritoescoces@aol.com

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Deticatória

A Gl∴ do G∴A∴D∴U∴

A∴R∴L∴M∴ Vetúrio Gomes dos Santos nº 132


Minha Loja Mãe

A∴R∴L∴M∴ Igualdade nº 93
Minha Loja Vó

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Introdução

O Maçom dedicado trabalha para seu aperfeiçoamento, porque sabe que é imperfeito; afetuoso,
não ostenta seus supostos conhecimentos pelos erros de seus Irmãos; consciencioso, sabe que os
Rituais contém erros, que a Bíblia Sagrada contém erros, que a Constituição do País contém erros,
enfim, que todas as obras literárias importantes, ou não, são inexatas; nascem, glorificam-se ou são
ignoradas imperfeitas porque são obras produzidas por homens, seres imperfeitos que todos
sabemos ser. É consciência maçônica dogmática respeitar e cumprir as determinações contidas nos
Rituais, mesmo que alguns procedimentos neles descritos possam parecer equivocados,
desnecessários ou obsoletos.

O manuscrito da “Constituição de Anderson”, documento universalmente reconhecido como


base jurídica da moderna Maçonaria, foi entregue, em 1721, a quatorze experientes maçons para
apresentarem parecer definitivo. Durante 2 anos o trabalho foi examinado por aqueles
pesquisadores que foram buscar informações nos antigos arquivos maçônicos existentes. Concluído
o exame, a Constituição e o respectivo relatório, foram apresentados e lidos na presença dos
membros de todas as Lojas da época. E, desde 1815, quando da última revisão pela, então, Grande
Loja Unida da Inglaterra, permanece praticamente inalterável. Atribui-se a esta longevidade a
seriedade e fidedignidade de seus compiladores na construção do texto. Evidentemente não se
precisa de igual procedimento para adequar os Rituais Maçônicos. Mas, que as adequações tenham
fundamentação histórica, legal e racional; não sejam por enxertos de práticas de Ritos diferentes
que tanto desfiguram a liturgia, ou ainda, não sejam por osmose a “costumes arraigados”. Enfim,
que os Irmãos com proposições de adequações ritualísticas compreendam que a incansável pesquisa
é a fonte da verdade, a erudição onde se estabelece a razão e a dialógica o respeito à opinião alheia.

Algumas questões abordadas neste livro, também, serão questionadas pelos leitores. É a
liberdade de interpretação que a Ordem ensina. Sabemos que fidelidade obediencial comporta
submissão doutrinária e legal, mas, não é mote de impedimentos intelectuais. Ignorar nossos erros e
enganos “é abrir mão da razão, da ação, e não agir equivale a não existir”. Einstein dizia que “se o
homem soubesse de tudo sua vida perderia a graça, pois, a beleza está na curiosidade, no estudo,
na pesquisa, na hipótese, na sensação de que sempre falta alguma coisa à saber” – aprender e
ensinar. Aquele que procura o conhecimento não deve se abster de pensar; a reflexão é o exercício
da razão. A Maçonaria Universal, “não impõe limites à livre e consciente investigação da verdade
em prol da doutrina e do aperfeiçoamento de seus adeptos” – postulado presente em todas as
constituições maçônicas.

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A Tônica

“Se alguém afirma "eu minto”, e o que diz é verdade, a afirmação


é falsa; e se o que diz é falso, a afirmação é verdadeira e, por isso,
novamente falsa”. (O Paradoxo do Mentiroso – Eubúlides Mileto,
pensador do século IV a.C)

Por analogia ao pensamento do filósofo, diríamos que: se procedimentos equivocados são


inseridos nos Rituais Maçônicos, eles ganham legitimidade; como não foram fundamentados na
história e na genuinidade do Rito, eles perdem a legitimidade, mas, como estão descritos nos Rituais
e, por isso, eles são novamente legítimos.

As adequações ritualísticas surgem através de duas vertentes: a arbitrária, por iniciativas


individuais dos Obreiros das Oficinas e a oficial, quando os procedimentos são inseridos em novas
edições de Rituais por autoridades legalmente constituídas. As adequações arbitrárias observam três
aspectos: frívolo, porque “se acha” bonito ou porque se não adequar fica feio; místico, quando, e
porque, se estende a alguma religião ou seita; e lógico, porque é coerente e racional, resulta de um
dado, de um fato (mormente práticas de outros Ritos). Sejam como for, são adequações que nascem
subjetivas e crescem adotadas pelo descaso ritualista; frívolas, não completam nem acrescentam
nada a não ser vaidades e egocentrismos; quando religiosas desrespeitam Obreiros de crenças
diferentes, maculam o Rito com crendices; e mesmo lógicas, embora demonstrem causa e razões,
subestimam os Rituais – mesmo que os Rituais contenham erros eles têm que ser seguidos. As
adequações pessoais à ritualística, ilegais que são, carecem ser rejeitadas na origem; jamais
deveriam ganhar força, pois, tornam-se práticas coletivas e, daí, inseridas nos Rituais sob a égide de
“costumes arraigados” transformando-se, deste modo, em adequações oficiais. Um erro praticado
por centenas ou milhares de pessoas continua sendo um erro.

O maior equívoco no processo das “adequações” litúrgicas e ritualísticas caracteriza-se pela


precipitação e pela desconsideração para com aqueles que deveriam, pela lei e pela razão, propor,
debater e aprovar novos procedimentos, ou seja, o Órgão Litúrgico da Obediência. Argumenta-se
que em assembléia com muitos participantes perde-se muito tempo – dizem: “ficam mais de duas
horas somente para definir se a aba do chapéu é “assim ou assado”. Daí então, nomeia-se uma
comissão com três ou quatro membros, cujo último quesito (pelo resultado produzido) é o
conhecimento; que sem pesquisa alguma (por falta de proveniência) e fundamentados no
empirismo de seus conceitos e, em algumas “sugestões”, maculam o Rito com impropriedades; não
apresentam nenhum esclarecimento ou fundamento para suas “adequações”.

Os “adequadores” deveriam preocupar-se em verificar se suas adequações não serão


contraditórias às instruções contidas nos Rituais de cada grau; não serão contrárias à doutrina
maçônica que é mística e de essência liberal, mas, pela filosofia e pela lógica; não será retrocesso à
didática do ensino maçônico que é simbólico e alegórico, justamente, para induzir o estudante a
pensar, a exercitar o raciocínio abstrato – o método mais eficaz para desenvolver a inteligência.

A moderna ciência garante que quanto mais se usa o raciocínio abstrato, a cognição, mais
desenvolvido fica o cérebro, mais se expandem as conexões entre os neurônios e, cada neurônio
pode ter milhares de conexões. Pode parecer um exagero esta associação da bioquímica com ao
aprendizado maçônico, mas a verdade é que adequações enigmáticas sem correspondência as

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instruções, aos Símbolos e as Alegorias, dissimulam seus consagrados e seculares significados,


promovendo um ensino mais decorado do que por assimilação – interpretação intelectual moral,
social e espiritual – , isto é, o que dá forma ao método cognitivo. Eis a tônica; o tema em que se
insiste mais neste livro.

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Diretriz e Compromissos

“Os segredos da Maçonaria repousam, sobretudo, na sua


simbologia. Usando esse sistema, só os que são Iniciados chegarão
ao pleno conhecimento daquilo que ela, realmente, procura
transmitir. Os não Iniciados podem ler e reler obras maçônicas
que nunca irão, por mais cultos que sejam, apossar-se dos
segredos da Arte Real. O profano não chegará jamais a captar o
sentido real e verdadeiro daquilo que é essencial, o básico, em
nossos mistérios”. (Raimundo Rodrigues - A Filosofia da
Maçonaria Simbólica - Editora A Trolha)

Embora este livro tenha sua distribuição dirigida somente a Maçons, a cautela é salvaguarda
necessária para a preservação dos segredos da Ordem. E, para melhor entendimento destas
precauções torna-se imperativo a exegese das expressões SEGREDOS e MISTÉRIOS e suas
referências para que não suscitem dúvidas quanto à preservação daquilo que é inacessível aos não
iniciados na Ordem ou a iniciados colados em Graus inferiores aos dos assuntos tratados. Estas
observações servirão de diretivas para nossas apreciações, também, elucidadas com auxílio do
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. (o mais usual).

Segredo
Segredo (ê) [Do s. lat. secretu.] S.M. = 1. Aquilo que não pode
ser revelado; sigilo: “Calemos esta paz como um segredo de amor
feliz”. (Odilon Costa, filho, Boca da Noite, p. 82). ... 8. Mistério,
enigma: os segredos da natureza. ... 11. O que há de mais difícil
numa arte, ou numa ciência: Einstein conhecia os segredos da alta
matemática. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

A primeira designação de “Segredo” exemplifica algo partilhado entre duas pessoas. É como
indica o dicionário: “um segredo do amor feliz”. Este, não é o sentido do vocábulo quando a
referência é a Maçonaria e, principalmente, os juramentos contidos nos Rituais da Ordem, pois,
sabemos que aqueles segredos são compartilhados por todos os Maçons espalhados pelo mundo,
observada a graduação de cada um; a oitava designação serve apenas para indicar que o vocábulo
tem a mesma ou quase a mesma significação de Mistério ou Enigma, deste modo, pode ser usado
como sinônimo destes; a décima primeira designação e a que verdadeiramente condiz com os
Segredos ou Mistérios Maçônicos, pois, significa não revelar aquilo que há de mais difícil na arte
ou na ciência que a Ordem preconiza. Aos Maçons, cabe guardar os segredos daqueles que não
foram iniciados nos “Mistérios da Maçonaria”, bem como, os segredos de seu Grau a Maçons
colados em Graus inferiores.

A verdadeira arte da Maçonaria é a arte do pensamento – Arte Real. A ciência maçônica é o


saber que se adquire através dos métodos simbólicos de produzir e transmitir bens intelectuais e
morais. Para se ter acesso aos métodos de ensino da arte de pensar e da sabedoria maçônica é
preciso ser reconhecido como Maçom. E, somente são reconhecidos Maçons àqueles que detém os
segredos do reconhecimento, ou sejam, os SS∴, os TT∴ e as PP∴ – os verdadeiros segredos de

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cada Grau; “o que há de mais difícil para ser alcançado”. Integra-se, ao método de
reconhecimento as perguntas e respostas do Trolhamento ou Telhamento e, por costume, frases
harmônicas a ritualística maçônica – Tens trabalhado muito meu Ir∴? – Sim, de ... ... à ... ...
Exceto o método de reconhecimento, todos os demais segredos não são na realidade transmitidos e
sim percebidos. Na verdade, é pouco provável que muitos Maçons compreendam o que os seus
segredos representam. Que dirá o homem profano.

Quando se diz que o verdadeiro Maçom é reconhecido por sua conduta, sem dúvidas alude as
virtudes que o Maçom deva possuir e, não a método de reconhecimento. Muitos Maçons tem
péssima conduta, evidente que isto não é exclusividade da Maçonaria; em todas as instituições,
sejam religiosas, beneficentes ou filosóficas há maus homens. Da remota antiguidade vem a história
de um grupo evangelizador de apenas treze membros, exceto um, todos, na posteridade, foram
canonizados, entretanto, um vendeu seu líder por trinta moedas, outro apavorado com as atrocidades
físicas e morais que eram impingidas a seu líder, mentiu por três vezes dizendo – não o conheço! E
somente um deles acompanhou seu Mestre durante todo o percurso, entre o covarde tribunal e o
calvário.

Mistério.

Mistério [Do gr. mystérion, pelo lat. mysteriu.] Ant. = 1. Conjunto


de doutrinas e cerimônias religiosas que só eram conhecidas e
praticadas pelos iniciados; culto secreto: os mistérios de Ísis; os
mistérios Elêusis. ... 7. Conhecimento aprofundado de uma arte ou
ciência, inacessível aos não iniciados: os mistérios da física.
(Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

A sétima designação do vocábulo Mistério não difere da décima primeira designação do


vocábulo Segredo, ambos tem o mesmo significado, conceitua-se com a mesma acepção; a primeira
designação é a que nos dá a direção para a interpretação das Promessas contidas nos Rituais: “não
revelar, escrever, divulgar ou gravar os Mistérios da Ordem”, pois, nesta designação revela
conceito rigorosamente definido: espelha a “Doutrina da Maçonaria” – conjunto de princípios que
servem de base a seu sistema filosófico, progressista e filantrópico. Há diferenças entre os Mistérios
da Ordem e os Mistérios das antigas Escolas Iniciáticas que se originaram, a saber: do Egito a lenda
de Ísis e Osíris, da Grécia os Eleusianos, da Palestina os Essênios, a Cabala Hebraica e a Lenda da
Construção do Templo. Estes fazem parte da cultura maçônica; neles as Lendas da Ordem se
fundamentam, se inspiram e se dramatizam. Tanto a doutrina maçônica como as cerimônias
maçônicas são de conhecimento do público profano, isto é um fato, que mal pode causar à
Maçonaria? Pelo menos podemos fazer ver que não cultuamos o demônio e a figura do bode como
ícone maçônico só existe dentro do crânio blindado da ignorância. Narrar os Mistérios não
significa revelar os segredos da Ordem. Os segredos, – conhecimento e percepção das sutilezas das
lendas iniciáticas fundadas nos Mistérios das antigas civilizações, SS∴ Causais e Penais, TT∴ e
PP∴ – são sempre preservados sob o véu das comunicações acobertas e do Código Maçônico.

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O Templo

“... nem as igrejas e nem os Templos maçônicos são, como


pretendem alguns autores, cópias do templo hebraico (de
Jerusalém ou de Salomão), pois este serviu, apenas, como um
modelo aproximado para as igrejas, assim como estas serviram de
modelos aproximados para os Templos maçônicos”. (José
Castellani - Dicionário Etimológico Maçônico - Editora A
Trolha.).

Formato

Decorar significa dar cor e forma. Forma não designa apenas dimensões, mas, também,
estrutura, estilo e padrão. Por exemplo: a Abóbada Celeste, o Pavimento Mosaico, o Oriente, o
Ocidente, os Altares, a Balaustrada, as Colunas e o conjunto de ornamentos. O Templo maçônico
representa o Templo de Jerusalém por analogia simbólica e não por formato arquitetônico.

Ornamentação.

Ornamentar significa guarnecer com ornatos; enfeitar. São os utensílios que, no Templo,
realçam a decoração. Por exemplo: o Pavilhão Nacional, o Estandarte da Loja, os Castiçais e
Candelabros, o Turíbulo e a Naveta, o Mar de Bronze, a Pira do Fogo Sagrado, as Colunetas e os
Painéis. Entretanto, pela observância de preceitos do ensino da simbologia maçônica os ornamentos
da Loja são: o Pavimento Mosaico, a Orla Dentada e o Delta Radiante. Diga-se, de passagem, que
as denominações dos Painéis na última edição do Ritual do Grau de Comp∴Maçom, estão
equivocadas, ou melhor, invertidas, Painel Simbólico é aquele que mostra os símbolos, ou sejam, as
pedras B∴ e P∴, o Maço, o cinzel, o Nível e o Prumo etc; o Alegórico mostra, naturalmente, as
figuras alegóricas, ou sejam, a corrente d’água, a espiga de trigo etc.

Podem, também, ser considerados ornatos as ferramentas simbólicas de trabalho de cada Grau:
o Maço, o Cinzel e a Régua; o Esquadro, o Nível e o Prumo; o Cordel, o Lápis e o Compasso. Cada
uma com seu simbolismo didático-maçônico e iniciático, indispensáveis nas comunicações dos
Mistérios. Malhetes, Bastões, Espadas e Bolsas de coletas, embora, também, ornamentem são
ferramentas reais de trabalho litúrgico. Tenhamos sempre em mente que Rituais, livros, pastas e
objetos pessoais, não fazem parte da Decoração e Ornamentação do Templo, não são ferramentas
ou instrumentos de trabalho simbólico ou litúrgico. (Ver Sinais com Instrumentos de Trabalho )

Trono e Altar

Muitos Obreiros costumam confundir Trono com mesa, Altar ou área do Altar – chamam de
Trono tudo o que se encontra sob o dossel –, o que é um erro, Trono é a cadeira onde tem assento o
Ven∴Mestre. Essa confusão ocorre por interpretações equivocadas, inclusive, e, principalmente,
quando na redação de Rituais:

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“... o TRONO, destinado ao Ven∴ M∴, deforma triangular ou


quadrangular, onde repousam uma espada, um malhete, ...”

Ou ainda onde trata das Normas e Procedimentos em Loja, quando se refere ao acendimento de
velas.

“... No TRONO do Venerável, Altares dos VVig∴ e Mesas dos


IIr∴ Sec∴, Tes∴, e Chanc∴ ”

O correto é designar como TRONO somente a cadeira onde o Ven∴ Mestre se assenta para
presidir os trabalhos. O Ven∴Mestre sentará “no” Trono e não “ao” Trono. Torna-se óbvio,
então, que a referência e a cadeira, pois, todos sabemos que mesa não é assento.

Sólio X Dossel

O 1º Diác∴ tem assento a direita do Ven∴ Mestre e, em nível de piso, abaixo do Trono ou
Sólio, porque, Trono e Sólio representam a mesma coisa, ou seja, são sinônimos.

Para se chegar ao Trono do Ven∴ Mestre sobem-se três degraus. Dossel é a armação
ornamental, saliente, forrada e franjada, que encima o Altar e o Trono do Ven∴Mestre.

Castiçal nos Altares

No Ritual de Aprendiz Maçom editado pela GLMERJ, lê-se na página 11: “... o Trono (o
correto seria a mesa ou Altar) destinado ao Ven∴M∴ ... onde repousam ... , um castiçal de uma luz
...”. Todavia, no mesmo Ritual de Aprendiz, na sétima Instrução, páginas 136 e 137, lê-se:

“... Este é o mais precioso talismã que pode possuir o iniciado,


quando condensa seu ideal no justo, no belo e no verdadeiro.
– E qual símbolo que oculta esta verdade?
– O candelabro de 3 luzes, que se vê sobre o Altar do Ven∴
Mestre, ideal que é o único para qual tendem todas as aspirações
humanas”.

Ao lermos com extrema atenção o texto da sétima Instrução de Aprendiz, podemos verificar,
perante a Ciência dos Números – disciplina didática maçônica – como é belo seu conteúdo na
magnífica representação alegórica da figura do Candelabro de Três Luzes. Entretanto, o simbolismo
de toda aquela narrativa cai por terra, quando o Candelabro de Três Luzes é substituído por um
Castiçal – objeto de uma luz. Opondo-se àquela narrativa esotérica, reprime o estímulo
interpretativo – o raciocínio abstrato – pois, anula a referência.
A UNIDADE É ABSTRATA; não é exterior, não pode ser mostrada ou emblemada; reside em
nosso íntimo; manifesta-se pelo TERNÁRIO.

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Candelabro de Três Luzes

“As LUZES da oficina são o Venerável, o 1º Vigilante e o 2º


Vigilante, só eles possuem luzes simbólicas. Nas outras mesas, as
Dignidades e Oficiais que por dever de ofício tem que lidar com
papéis e livros, lendo-os ou escrevendo – caso do Orador, do
Secretário, do Tesoureiro e do Chanceler –, costumam colocar
luminárias sobre suas mesas, apenas para facilitar a leitura, mas,
tal luz não tem qualquer significado simbólico. Lamentavelmente,
porém, alguns “achistas” – e eles existem as pencas – resolveram
colocar a sua colher torta nesse angu e acharam lindo colocar
uma lampadazinha sobre cada uma dessas mesas, o que é um
absurdo”. (José Castellani - O Rito Escocês Antigo e Aceito -
Editora A Trolha.).

É absolutamente correto, em Loja de Aprendiz, o acendimento de apenas uma luz em cada altar
das LUZES, entretanto, em um candelabro de três braços, deste modo, não só, porquê se mantém a
alegoria contida na sétima instrução, mas, principalmente, porque há procedimentos diferentes de
acendimentos de luzes para cada Grau. Em Loja de Aprendiz se acendem três luzes: uma no Altar
do Ven∴ Mestre, outra no Altar do 1º. Vig∴ e a terceira no Altar do 2º. Vig∴, – Oriente, Ocidente
e Meio-dia – todas no braço central do candelabro de três braços. Em outros Graus o acendimento é
diferente e, a razão, facilmente compreendida, a Loja de Grau inferior é menos iluminada que a de
Grau superior – iluminação inerentemente referencial ao conhecimento, ao progresso, a ascensão.
Diga-se, de passagem, que castiçal só pode ser de uma luz se houver ramificações para duas ou
mais luzes designa-se candelabro.

A bem da verdade, as LUZES da Loja são os três dignitários que a governam – o Ven∴
Mestre e os VVig∴. É por isso que suas mesas são ornadas com Luzes Representativas – alusivas
ao Sol, a Lua e a Estrela Flamejante. Orador e Secretário não são LUZES da Loja, muito menos
Tesoureiro e Chanceler, pois estes, nem sequer dignitários são; por que luzes simbólicas em suas
mesas, pois, também, nem sequer Altares são? Podemos notar que o Mestre de Harmonia tem em
sua mesa de som uma pequena lâmpada elétrica para auxiliá-lo na visão dos comandos do
equipamento e na leitura dos títulos dos discos ou fitas magnéticas, e, assim melhor conduzir a
Coluna da Harmonia. Desse modo, fazia-se em tempos passados com as mesas do Orador, do
Secretário, do Tesoureiro e do Chanceler, oficiais com funções de escrituração; precisam de
iluminação em suas mesas. Com o tempo essas luzes foram se integrando as LUZES simbólicas da
Loja e, por fim, enxertadas nos Rituais sem nenhum esclarecimento, ou melhor, fundamento.

O Delta Luminoso
“Não podendo pintar o Painel completo, deve ser substituído com
as figuras do Sol e da Lua em quarto crescente, tendo no meio
destes um triângulo isóscele com o Olho da Providência”. (Ritual
Grau 1- O Templo Maçônico).

O Delta Luminoso ou Radiante é o triângulo eqüilátero tendo no seu interior a figura de um


olho esquerdo – Olho da Providência – ou as letras do nome hebraico de DEUS (Iôd, He, Vav, He)

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ou ainda somente a primeira letra (Iôd). Representa a presença de DEUS. Sua localização correta é
na parede Oriental do Templo, compondo, ou não, o Painel Simbólico. Por representar a divindade
ele não pode ser encoberto por nada ou ninguém.

Para destacar o Delta Luminoso os Rituais descrevem sua figura suspensa por um fio entre duas
Colunas de ordem Compósita que ladeiam o Trono. Ou seja, acima do espaldar do Trono. Mas,
alguns “achistas” e arranjadores resolveram transferir o Delta para frente do dossel. Aproveitaram,
pra ficar mais “bonito”, construí-lo em forma de caixa e colocaram dentro uma lâmpada elétrica,
desta forma ninguém duvidaria que aquele seria o Delta Luminoso. Como se não bastasse
inventaram um Delta para a Loja de Companheiro, este com a Estrela Flamejante ou Hominal. Em
Loja de Companheiro Maçom, retiram o Símbolo de DEUS e colocam um símbolo do homem,
ignorando as prescrições dos Rituais:

“A Estrela Flamejante brilha no centro da Loja” “Está colocada


entre o Sol e a Lua” (Venerável e 1º Vig∴, portanto, ao “Meio-
dia” é representada pelo 2º Vig∴ − Ritual Grau 2, 4º Instrução).

Nos Rituais mais antigos, no texto que descreve a cerimônia iniciática de Elevação ao grau 2,
lê-se:

“... contemplai este Delta Misterioso... este DELTA resplandecente


de luz, dominando nossa Loja, vos mostra duas grandes verdades e
duas sublimes idéias. A letra Iôd ou G, representa...”.

Já nos Rituais mais recentes lê-se:

“... contemplai este Delta Misterioso... Esta ESTRELA


resplandecente de luz, dominando nossa Loja, vos mostra duas
grandes verdades e duas sublimes idéias. A letra Iôd ou G,
representa...”.

Isto foi o suficiente para inventarem o tal “Delta do Grau 2”; enxertaram a Estrela dentro do
Delta materializando o sentido figurado, a conotação. Esqueceram, ou fizeram “vista grossa”, a
parte do texto que define em todas as edições dos Rituais do grau de Companheiro Maçom o
simbolismo da letra Iôd ou G, que figuram, uma ou outra, inscritas no Delta. O Pentagrama com a
letra “G” em seu interior é figura que compõe o Painel do grau de Companheiro Maçom; também,
faz parte dos Ornamentos da Loja de Comp∴ (Pavimento Mosaico, Orla Dentada e Estrela
Flamejante), e como tal deveria estar suspensa no centro geométrico do Templo – Meio dia,
próximo ao 2º Vig∴.

Posição das Bolsas

A balaustrada – grade que divide o Oriente do Ocidente – não é cabide de descanso das Bolsas
de coletas ritualísticas. A B∴ de PP∴ e II∴ deve repousar sobre a mesa do Secr∴ e a do Tr∴ de
Sol∴ sobre a mesa do Tes∴ pois, a estes oficiais e que correspondem seus conteúdos”. (Ritual
Grau 1 – O Templo Maçônico)

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Pavimento Mosaico

O Pavimento Mosaico, e não “de Mosaico”, pois, neste caso, mosaico é um adjetivo relativo a
Moisés, é o piso ou soalho do Templo, composto de quadrados ou losangos alternadamente em
brancos e pretos. É herança histórica dos primeiros Templos Maçônicos construídos na Inglaterra
por inspiração nas arquiteturas dos prédios públicos, principalmente, do Parlamento Britânico e dos
Templos Anglicanos. Atualmente, no sistema de Grandes Lojas Brasileiras, o Pavimento Mosaico é
representado de forma reduzida. Os Rituais das Grandes Lojas designam, apresentam e
materializam o Pavimento Mosaico, por um pequeno quadrilátero que figura no centro do Templo.
Mas, lembramos, ele representa todo o piso ou o soalho do Templo.

É ledo engano julgar que não se deve pisar no Pavimento Mosaico. Em Loja aberta,
naturalmente, não se pisa no Pequeno Pavimento, quando, e, porque se caminha em círculos, mas,
só por isso. Pisa no Pavimento Mosaico o profano quando iniciando, o Aprendiz quando da
Elevação, o Companheiro quando da Exaltação. Dizer-se que somente MM∴II∴ podem pisar no
Mosaico é outra utopia; o Orador pode não ser M∴I∴, mas, abre o L∴da L∴ nas ausências ou
impedimentos dos ex-Veneráveis e neste procedimento pisa no Mosaico, os Diáconos pisam no
Mosaico, de outro modo como o 1º Diácono abriria e fecharia os Painéis, com um gancho na ponta
de seu bastão?

Abóbada Celeste

A origem da Abóbada Celeste no Templo Maçônico foi perdida. A versão mais aceita pelos
historiadores é que ela representa o céu de 21 de março, quando, o Sol, cruza a linha do equador no
equinócio de primavera no hemisfério norte. É, também, quando começa o calendário maçônico
mais usado, o hebraico. A criação artística da Abóbada Celeste que temos atualmente é da mesma
época dos Painéis dos Graus, pintados por John Harris em 1813 por encomenda da Grande Loja
Unida da Inglaterra. Não há rigor, sob o ponto de vista astronômico, na disposição dos astros na
figura da Abóbada Celeste, mas, devemos manter a tradição que já perdura próximo aos 200 anos,
que é a do hemisfério norte.

Colunas “B” e “J”

Alguns pesquisadores argumentam que as Colunas B e J por serem denominadas


“Vestibulares” e, por isto, devem ser instaladas no vestíbulo, ou seja, no Átrio; contra-argumenta-se
que não podem ser vestibulares, pois, no Templo de Jerusalém estavam situadas, externamente, à
porta do Templo e não no vestíbulo, ou Átrio. O posicionamento das Colunas “B” e “J” sempre foi
motivo de controvérsias, há contradição entre os próprios Rituais das Obediências. Na GLMERJ,
no Ritual do Grau de Apr∴Maçom as Colunas estão dispostas no interior do Templo, já nos Rituais
dos Grau de Comp∴e de M∴Maçom (novas edições) figuram no Átrio. Podemos notar como
trabalham alguns “adequadores” e como suas propostas são desprovidas de pesquisas – não
pesquisam sequer o próprio Ritual que alteram –; não se deram ao trabalho de antes de alterar a
figura do Plano do Templo, pondo as Colunas no Átrio, lerem as instruções de Circulação em Loja
do mesmo Ritual:

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

“O Obreiro circulando em Templo nunca deve passar por trás dos


Pilares J e B, e sim pela frente dos mesmos....”

Ora, como poderia o Obreiro circular por trás dos Pilares estando estes no Átrio?

As Colunas B e J não tem, nem tiveram nos “tempos bíblicos” função de sustentação; são
colunas decorativas, por isto, o que importa é sua representação – alegorias contidas nas instruções
de cada Grau –, suas referências simbólicas. O Templo Maçônico não é, e nunca foi, como muitos
insistem em “arraigar” nas mentes dos Aprendizes, réplica do Templo de Salomão. As reuniões de
nossos antigos Irmãos, no período de transição da Maçonaria operativa para a dos Aceitos ou
Especulativa, eram realizadas nas Tabernas e nos Átrios das Igrejas. Os primeiros Templos
Maçônicos foram construídos na Inglaterra, no século XVIII, como já dissemos antes, por projetos
inspirados nas arquiteturas dos prédios públicos da época, principalmente, dos Templos Anglicanos
e o do Parlamento Britânico. Destes se originam o Átrio, o Mosaico, as Colunas, etc., Inclusive a
Sala dos Passos Perdidos copiada do Parlamento e, até os dias de hoje existe e assim denominada.
Os Templos maçônicos atuais representam a terra e o universo, e, isso é claramente visível: a
Abóbada Celeste, as Colunas Zodiacais, o Norte, o Sul, o Oriente, o Ocidente, o Zênite e o Nadir.
(Ver na quinta instrução do Grau 1 – o primeiro diálogo entre o Ven∴ e o 1º Vig∴)

Nesta concepção as Colunas “B” e “J” representam os pontos solsticiais; alinhadas ao eixo do
Templo definem as paralelas que se estendem e alcançam o Sol no Oriente; os trópicos de câncer e
de capricórnio (ver sexta instrução do Grau 1); estão inseparavelmente ligadas ao Zodíaco que
ornamenta as 12 Colunas ao norte e ao sul do Templo; integram as alegorias que contemplam as
instruções de cada Grau, como as Colunas de fogo e nuvens que guiava e protegia o povo hebreu na
fuga do Egito e da ira do Faraó. No interior do Templo as Colunas preponderam; estão sempre
“vivas” e ativas no simbolismo e analogias. Isoladas do Templo, não aludem quaisquer
representações – ligações simbólicas ou alegóricas relacionadas ao Átrio ou ao exterior – estão
solitárias não refletem “Estabilidade e Firmeza”, “Força e Apoio”.

Diga-se a bem da verdade que não há nas escrituras sagradas das religiões, ligadas ao
simbolismo hebraico, referências a esferas representando o mapa do “Globo Terrestre” e do “Globo
Celeste” encimando as Colunas “B” e “J”. Estas esferas existem, no Painel do Grau de
Comp∴Maçom, por criatividade alegórica de nossos Irmãos dos tempos em que os Painéis eram
desenhados no chão e a lenda do Templo ainda não fazia parte dos Ritos que praticavam. O
primeiro globo terrestre foi construído em 1492.

“...Na Mina, conheceu Martim Behaim, geógrafo que


acompanhara a expedição de Diogo Cão e que em 1492 concluiria
um grandioso projeto: a fabricação do primeiro globo terrestre,
reformulando as idéias de Ptolomeu”. (Eduardo Bueno - A
Viagem do Descobrimento - Editora Objetiva).

Nos Rituais passados, editados pela GLMERJ, relata-se que segundo as tradições maçônicas as
Colunas eram ocas para que ali fossem guardados as ferramentas e os tesouros dos Aprendizes e
Companheiros, porém, na nova edição do Ritual do Grau de Comp∴Maçom, foram adequados
para Aprendizes MAÇONS e Companheiros MAÇONS, tal como Adonhiram, que no Ritual de
Instalação recebe, do mesmo modo, o tratamento de Mestre MAÇOM. As Lendas das antigas
civilizações, nas quais a Maçonaria espelha sua doutrina, seus Mistérios e sua filosofia, por lendas,

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

não têm nenhum compromisso com verdades históricas. As lendas maçônicas, fundamentadas
naquelas, são episódios adaptados pela imaginação para gerar as alegorias de cunho moral e
filosófico, engendra o sincretismo didático maçônico.

“... Nada, historicamente, autoriza a hipótese de uma divisão de


Obreiros, durante a construção do Templo de Jerusalém, o
primeiro, o de Salomão; esta lenda é mais medieval, com base nas
corporações de Ofício da Idade Média, as quais, essas sim,
possuíam essa divisão”. (Frederico G. Costa e José Castellani -
Manual do Rito Moderno - Editora A Trolha).

As mentes mais ávidas por grandiosidades maçônicas, e até mesmo, por superestimação e
Amor a Ordem, costumam, à revelia, dar veracidade as lendas e converter à Maçonaria seus
personagens. Denominar os construtores do primeiro Templo de Jerusalém como Maçons leva a
crer que naquela época haveria uma instituição com a denominação de Maçonaria. E isso, dá força a
imaginação de alguns Maçons que adoram antiquar a Ordem aos tempos de Cristo, Noé e até
mesmo Adão, desacreditando a Maçonaria e os Maçons perante a comunidade literária universal à
luz da história da humanidade. Na remota antiguidade encontramos associações semelhantes à
Maçonaria onde a mesma filosofia era ministrada a seus adeptos. Entretanto, se confundirmos os
títulos maçônicos com a filosofia maçônica, e procurarmos a origem desses títulos na sua forma
atual, somente às encontraremos após o século dez, ou seja, distantes 1900 anos da construção do
Templo.

Do Ritual da Grande Loja do Rio de Janeiro, editado na década de 60, transcrevemos


sintetizada a seguir, a narrativa sobre a Origem da Maçonaria, história aceita pela maioria dos
pesquisadores maçônicos como a mais próxima da verdade:

“... Desde os primeiros dias o povo romano distinguiu-se por seu


ativo espírito colonizador, e logo que suas legiões dominaram os
povos semi-bárbaros da Espanha, Gália, Alemanha e Bretanha,
eles, aí, deram início ao estabelecimento de colônias e edificaram
cidades. Cada legião que era enviada à conquista de novas
terras, levava uma sociedade do grande corpo de Roma, que
marchava e acampava com a tropa e, quando era fundada uma
colônia, nela ficava para cultivar as sementes da civilização
romana, inculcar os princípios das artes romanas e construir
templos às divindades e casas e acomodações para os habitantes...
Os descendentes dos antigos colégios romanos estabeleceram
escolas de arquitetura e ensinaram a arte dos construtores entre os
povos libertos ... Dessa escola saíram os construtores que naquele
tempo eram conhecidos como Francomaçons e que do X ao XVI
século, percorreram toda a Europa”.

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Liturgia

Preleções no Átrio

Alguns IIr∴, quando nas funções de M∴ de CCer∴ costumam fazer preleções e, ou, preces
no Átrio; procedimentos que estão se tornando costumeiros nas Lojas da Obediência; a prática é
generalizada. No R∴E∴A∴A∴, na liturgia do simbolismo e nas normas e práticas da Obediência
não há preleção ou prece no Átrio; o Átrio, não é purgatório de “pensamentos profanos” ou
extensão de nossas crenças religiosas. E a consciência religiosa pessoal é de foro íntimo, portanto,
inviolável. As preces ou preleções no Átrio, mesmo sem intenção do Obreiro que as faz,
desautorizam o Ven∴Mestre e a cerimônia de abertura dos trabalhos, pois, naquele momento é que
está previsto a prece, que é pedido de auxílio e agradecimento ao G∴A∴D∴U∴ Os Rituais
denominam esta parte da Abertura dos Trabalhos como Exortação; significa animar, incitar,
encorajar, estimular os Obreiros para o início dos trabalhos. Ninguém tem o direito de se antecipar
ao Venerável e a ordem dos trabalhos desordenando a liturgia. Cabe ao M∴ de CCer∴, naquele
momento, organizar a entrada nada mais.

Cortejo de Entrada

Na ordem de entrada no Templo não é correto a seqüência de primeiro AApr∴ depois,


CComp∴, MM∴, Oficiais etc. Muito menos anunciar quem está entrando e como deve entrar.
Romper a marcha com o pé esquerdo é noção ritualista elementar, embora muitos desconheçam seu
verdadeiro significado.

“... a marcha com o pé esquerdo se justifica facilmente porque


precisamente então nos apoiamos no pé direito. A direita, isto é, a
razão, permanece estável, enquanto a esquerda, isto é, o
sentimento, é a única que se move...” (Jules Boucher - A
Simbólica Maçônica - Editora Pensamento).

O cortejo nada mais é que uma fila dupla, tendo no seu início um Apr∴ à esquerda e um
Comp∴ à direita. Eles entram juntos, lado a lado. Isto, porque se entra no Templo, em Loja
fechada, por ambos os lados, ou seja, tanto pelo N∴ como pelo S∴. Inclusive, para quem tem
assento no Or∴. Mesmo não se formando, o que é um erro, a fila dupla, a entrada deverá ser dois a
dois – aos pares. Quem tem assento no N∴ toma posição à esquerda e quem tem assento no S∴
toma posição à direita. (Para Visitantes e Autoridades Maçônicas há procedimentos especiais)

Após a formação do cortejo de entrada alguns MM∴ de CCer∴, costumam dizer, antes do
golpe na porta: “Irmãos G∴ do Templo e M∴ de Harmonia, queiram ocupar os vossos lugares”.
Isto não consta nos Rituais e, é uma prática sem qualquer fundamentação. Estes Oficiais são
senhores de suas responsabilidades e devem cumprir suas funções sem necessidade de ordens ou
pedidos do M∴ de CCer∴; devem ingressar no Templo durante a organização do Cortejo, ou
mesmo antes.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Como a maioria dos Obreiros insiste em ingressar no Templo somente pelo lado Norte, tirando
a harmonia e o equilíbrio do cortejo, forma-se um aglomerado de Irmãos próximo à grade do
Oriente, inclusive MM∴II∴ sem cargo, que têm lugar garantido no Oriente; ficam aguardando a
passagem do Ven∴ Mestre para somente depois tomarem seus lugares. Os Rituais indicam com
clareza que os Obreiros adentram ao Templo tanto pelo lado Norte quanto pelo lado Sul,
ocupando seus lugares.

Atentamos, também, que as funções do M∴ de CCer∴ estão restritas às dispostas nos Rituais,
ele não tem poderes para determinar quem tem assento no plano do Trono do Venerável ou mesmo
no Oriente. Os MM∴ II∴ não devem estacionar no Ocidente aguardando convite do M∴ de
CCer∴ para tomarem assento no Oriente, isto porque, como dissemos antes, no Oriente eles têm
lugar garantido.

Coluna da Harmonia
Durante a marcha, (Cortejo de Entrada) o órgão executará uma
música lenta e os Irmãos poderão acompanhá-la com um cântico
apropriado.(Ritual Grau 1 da GLMERJ pág. 28)

Gostaríamos de melhor comentar este procedimento, após assistir uma sessão maçônica em um
Templo que possuísse um órgão de sopro (ou mesmo eletrônico) e, que algum Obreiro do Quadro
soubesse entoar cânticos maçônicos. A Grande Loja está “cochilando” com este texto que já deveria
ter sido mudado há décadas. Manter procedimentos anacrônicos instiga adequações subjetivas na
liturgia; dão força aos inventores de plantão. Na salvaguarda das tradições a cultura, a identidade
doutrinária e o progresso seguem juntos. Por esta ótica, devemos sempre ter em mente que práticas
cerimoniais consideradas fora de época não abrem licença para enxertos de modernismos profanos
impróprios a liturgia maçônica. (Trocando em miúdos: a falta de órgão ou cânticos não autoriza a
execução de músicas mais comum a bares, boates e churrascarias) A função do M∴ de Harmonia é
produzir e conduzir a “Trilha Sonora da Sessão Maçônica”, músicas – melodias, instrumentais ou
cantatas –, que sejam condizentes com o momento ritualístico vivido. É como a “Música de Cena”
que se desenvolve nos teatros, destinada a acompanhar determinados momentos. Também,
designada como “Música Incidental” é aquela que incide sobre algo, reflete, referencia-se a algo, no
caso da sessão maçônica aos procedimentos ritualísticos. Justamente por isto chama-se “Coluna da
Harmonia”, tem que harmonizar cada momento da liturgia e não ao gosto seresteiro dos Obreiros.
Podemos citar como exemplo de “impropriedade incidental” a inegável bela composição “Ronda”,
que é sucesso nacional e internacional. Porém, mesmo, quando só melodia faz lembrar a letra. Isto
se dá com outras músicas, havendo sempre algum obreiro que sussurra o canto. “Ronda” e “Meu
Pequeno Cachoeiro” são lindas canções, todavia, desvia a atenção do Obreiro por não se coadunar
com a liturgia; não são desrespeitosas, mas, evidentemente impróprias.

Pelo lado doente dos “Usos e Costumes” ensina-se que o Mestre de Harmonia tem a função de
silenciar as conversas durante a sessão maçônica, aumentando o volume de áudio do sistema de
som; sobrepondo as músicas às vozes dos Obreiros. Este absurdo quase não se pratica mais,
entretanto, é bom enterrá-lo de vez: será que não ouvem o que 2º Diácono diz na abertura dos
Trabalhos com relação as suas funções? – “... velar para que os Irmãos se conservem nas CCol∴
com o devido respeito, disciplina e ordem”. Quem dirige os Obreiros da Col∴ do Sul é o 2º Vig∴,
da Col∴ do Norte é o 1º Vig∴, além de ser o responsável por todo o Ocidente; acima destes ainda

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tem o Venerável que é quem dirige o Oriente e tudo mais, isto é elementar. O M∴ de Harmonia
não tem mando de “Admoestador Sonoro”

Direito de sentar-se no Trono

“Na ausência do V∴M∴ o Ir∴ que estiver presidindo os trabalhos


se sentará no Trono, mesmo não sendo M∴I∴, só devendo
solicitar a um M∴I∴ que proceda a Consagração em cerimônias
de Iniciação, Elevação e Exaltação”. (Ritual de Aprendiz
GLMERJ)

O artigo 81 do Regulamento Geral da GLMERJ, que trata da substituição do V∴Mestre nas


sessões das Lojas, não explicita que o Ir∴ que preside os trabalhos, para sentar-se no Trono, seja
M∴I∴ Entretanto, o artigo 52 pode levar a interpretações diferentes, quando diz:

“Nenhum maçom eleito Venerável poderá assumir completamente


suas funções nesse cargo, enquanto nele não for devidamente
instalado de acordo com o Ritual respectivo, salvo se já o houver
sido anteriormente. Até o ato de Instalação, o Venerável eleito
apenas dirigirá os trabalhos da Oficina”.

É preciso que se esclareça que a nota da página 15 do Ritual se refere aos substitutos legais do
Ven∴ Mestre, pela ordem: 1º. Vig∴, 2º. Vig∴, o ex-Venerável mais recente, e, por fim, o
M∴M∴ decano da Loja. O Venerável eleito não é substituto legal do Ven∴Mestre em exercício, é
seu sucessor. Não há hipótese do Venerável eleito dirigir os trabalhos presidindo, sem, neste cargo,
ser empossado – instalado. Sendo assim, presente o Venerável em exercício e seus substitutos
legais, o Venerável eleito e não instalado não poderá sentar-se no Trono, por isto e que ele apenas
dirigirá os trabalhos; não presidirá. Já o 1º. Vig∴ quando substitui o Ven∴Mestre, passa a dirigir e
presidir a sessão tomando assento no Trono, mesmo não sendo Mestre Instalado, porque ele é o
substituto legal. Apenas, nas cerimônias em que haja consagração do recipiendário, pedirá a um
Mestre Instalado que o faça.

Trono Vazio

É prática inadequada um M∴I∴ocupar o Trono, quando o Ven∴Mestre dele se afasta para


realizar algum procedimento ritualístico. Alguns Obreiros dizem que o Trono nunca pode ficar
vazio. Trono não é insígnia. O Ven∴Mestre quando se afasta do Trono para realizar algum
procedimento ritualístico leva consigo a fita com a Jóia do cargo e o Malhete, estes, os verdadeiros
distintivos do Ven∴Mestre. Ninguém tem o direito de ocupar o Trono fora da condição de
presidente da sessão.

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Compor o Sinal antes da Abertura dos Trabalhos

É um erro crasso compor o Sinal do Grau, quando no início dos trabalhos o Ven∴Mestre
pronuncia “em Loja meus Irmãos”. O M∴de CCer∴, é o responsável pela verificação se todos os
cargos estão preenchidos, ou com mínimo de oficiais necessários para a realização da abertura dos
trabalhos, ele não é o responsável pela segurança e inviolabilidade do Templo, tarefa esta a cargo do
Guarda do Templo e do Cobridor. Por isto, qualquer sinal maçônico somente pode ser executado
após o 1º Vigilante certificar-se, através do Guarda do Templo se o Templo está devidamente
coberto das indiscrições profanas e comunicar ao Venerável Mestre que se pode dar começo aos
trabalhos. É, também, uma recomendação; é como dizer-se: “Meus Irmãos, a partir deste instante
estamos reunidos em Loja, peço a todos a máxima atenção e reverência”.

Posicionamento dos Diáconos

O posicionamento dos DDiác∴em relação ao Norte e ao Sul, no A∴ dos JJur∴ durante a


cerimônia de abertura e de encerramento dos Trabalhos, diferem entre os Rituais das Grandes Lojas.
O 1º Diác∴, após a transmissão da palavra deve posicionar-se ao lado Sul do Altar e o 2º Diác∴ ao
lado Norte. Isto apenas por uma questão de harmonia na circulação. Desde modo e, neste
procedimento, ambos cruzam o eixo do Templo em número igual de vezes (quatro). De outro modo,
o 1º Diác∴, após a transmissão da palavra posicionar-se ao lado Norte do Altar e o 2º Diác∴ ao
lado Sul, haverá desarmonia, pois o 1º Diác∴cruzará o eixo do Templo somente duas vezes e o 2º
Diác∴ quatro vezes. No R∴E∴A∴A∴genuíno não há Altar∴dos JJur∴ no Ocidente; ali está
somente o Painel da Loja. O Livro da Lei é aberto no Oriente em uma mesa próxima ao Altar do
Ven∴ Mestre, como se fosse uma extensão deste.

Pálio
Pálio [Do lat. palliu.] S. m. = 1. Ant. Manto, capa. 2. Sobrecéu
portátil, com varas, que se conduz em cortejos e procissões,
caminhando debaixo dele a pessoa festejada ou o sacerdote que
leva a custódia. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Não há significação gramatical na designação de Pálio para a ação de cruzamento dos Bastões
dos DDiác∴, sendo no sentido denotativo ou conotativo. Na cerimônia de abertura do L∴ da L∴
as instruções dos Rituais são bem claras “Os DDiác∴ cruzam os Bastões acima do Ir∴ que for
abrir o L∴ da L∴ e sobre o A∴ dos JJur∴” É um procedimento para destacar – dar vulto,
emoldurar, ornar em volta – naquele momento, as Três Grandes Luzes Emblemáticas da
Maçonaria – O L: da L∴ o Esquadro e o Compasso – e não festejar ou homenagear o Obreiro
que abre o L∴ da L∴ Não há comparações com manto, capa ou sobrecéu, e o L∴ da L∴ não é
“custódia religiosa” – objeto de ouro ou prata em que se expõe a hóstia consagrada. Os Bastões,
não são varas de pálio, são instrumentos de trabalho dos DDiác∴; símbolos concretos que
representam os mensageiros divinos, completam a alegoria do L∴ da L∴ – a mensagem sagrada –
do E∴ e do C∴ pelas pombas, inscrita e em vôo – a matéria contida e o espírito livre.

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Houve no passado, a inclusão do Bastão do M∴ de CCer∴ neste procedimento e, que, por


“costumes”, engendrou figurações de “Triângulos”, “Pirâmide” e finalmente “Pálio”. Mas, esta
participação do M∴ de CCer∴ no cruzamento dos Bastões já foi abolida dos textos das novas
edições dos Rituais, levando junto, a pretensa justificativa para o uso da expressão “Formação do
Pálio”, frase ainda “arraigada” na cabeça de muitos Veneráveis e MM∴ de CCer∴ e que se
presta, algumas vezes, para anunciar violações aos Rituais – a transformação ou encerramento dos
trabalhos “com um só golpe de Malhete” –, ação que evidencia um golpe na própria ritualística,
ressoando nos sentimentos de fidelidade do Maçom Ritualista.

Quem abre o Livro da Lei?

Não é correto convidar o Orador para abertura do L∴ da L∴quando ausente o Past Master
imediato e presentes ex-Veneráveis que não estejam ocupando cargos. Entre estes deverá ser
convidado o mais recente, ou seja, aquele que passou o Malhete mais recentemente, desde que não
esteja ocupando cargo. O Obreiro portando Jóia de cargo está ocupando cargo. Caso todos os ex-
Veneráveis da Loja estejam ocupando cargo, inclusive o Past Master imediato, então sim, abre o
L∴ da L∴ o Orador. (Em algumas Obediências quem sempre abre o Livro da Lei e o Orador).

A mim, meus IIr∴

Logo após o término da prece de abertura dos trabalhos quando o Ven∴Mestre diz: “A mim
meus IIr∴ pelo Sinal ...”, o Ven∴ e os VVig∴ não costumam fazer o Sinal, permanecendo com
o Malh∴ apoiado ao P∴. O comando “A Mim ...” significa “Sigam-me ...”, “Façam como eu ...”,
“Acompanham-me ...”. Portanto, o Ven∴ e VVig∴, devem executar a trilogia completa – pelo S∴
(com a mão), pela B∴ (com o Malh∴ ou as mãos) e pela Acl∴ (com o sinal convencional).

Sinais com Instrumentos de Trabalho

Proíbe-se fazer quaisquer sinais com instrumentos de trabalho. Por mais absurdo que pareça, as
Luzes da Loja – Ven∴ Mestre e VVig∴ –, em tempos passados, costumavam executar o sinal
gutural, o sinal de aclamação e apontar, tudo, com os Malhetes e não com a mão que é a maneira
correta; o M∴ de CCer∴ e DDiác∴ batiam com os bastões no chão, quando da execução das
baterias; o G∴ Templo apontava e fazia o sinal da aclamação estendendo o braço com a Espada
empunhada. Daí transformaram uma clara frase disciplinadora – “Não se faz nenhum sinal COM os
instrumentos de trabalho” – em outra complicadora – “Não se faz nenhum sinal PORTANDO
instrumentos de trabalho”. Não há nada de errado em executar a saudação portando quaisquer
objetos na mão esquerda – não sendo ferramenta de trabalho simbólico ou litúrgico –, tais como,
Rituais, Livros ou objetos de uso pessoal. Basta para isso estar parado, com os PP∴ em Esq∴ e
com o corpo ereto. Há exceção para o sinal de Comp∴ pois este sofreu um enxerto no passado; um
complemento usando a mão esquerda, copiado do sinal de súplica do Rito York, e, que faz também
a alegria de Maçons ocultistas, pois, argumentam que é uma clara alusão à quiromancia – mostrar
nas linhas das mãos o “M” de Maçonaria, “triângulos” e outros significados quiméricos.

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No R∴E∴A∴A∴ genuíno executava-se o Sinal de Ordem, mesmo portando instrumentos


ou ferramentas na mão esquerda. Existem hoje, alguns procedimentos que são inexplicáveis
justamente por terem sido modificados sem fundamentação, por exemplo, por que se porta a Espada
com a mão esquerda quando o neófito recebe a Luz? Somente porque é o lado do coração?
Vejamos o que diz um Ritual da Grande Loja do Rio de Janeiro editado na década de 60:

“O Neófito e novamente vendado e conduzido ao Templo, ... todos


voltam para seus lugares, onde permanecem de pé e à Ordem, com
a Espada na mão esquerda.”

Isto é o que diz, também, o Vade-Mecum Iniciático do saudoso Irmão Nicola Aslan:

“No decorrer de todas estas Cerimônias, os Maçons seguram as


Espadas com a mão esquerda, a mão direita permitindo-lhe pôr-se
à Ordem..” (Comentários ao Ritual de Aprendiz – Editora A
Trolha)

Cabe aqui um comentário para reflexão: sempre culpamos Mário Behring por todos os
enxertos no R∴E∴A∴A∴, mas a grande verdade é que nossos Rituais sofreram mais nos últimos
25 anos com adequações desprovidas de fundamentação do que todo o período sob a influência de
Behring.

Movimentação das Colunetas


“...Os Bastões dos IIrm∴DDiác∴ são descruzados, o Ir∴ 1º Vig∴
levanta a Col∴ de seu Altar e o 2º Vig∴ abaixa a do seu ...”
(Ritual Grau 1- Abertura dos Trabalhos).

As movimentações, das Colunetas, sobre as mesas ou Altares das “Luzes”, (Ven:. Mestre, 1º e
2º VVig:.) no Rito Escocês Antigo e Aceito, não tem nenhum significado simbólico ou alegórico;
são procedimentos copiados, e mesmo assim mal copiados, do Rito de York. As Colunetas e suas
movimentações foram enxertadas no R∴E∴A∴A∴ por Mário Marinho Behring em 1927/28
quando mandou editar os Rituais para a Grande Loja Unida da Bahia, Grande Loja Symbólica do
Rio de Janeiro e Grande Loja Symbólica de São Paulo, as primeiras, respectivamente, a receberem
Carta Constitutiva do Supremo Conselho criado por Behring pela grande cisão com o GOB.
Naquela época havia grande interesse de Behring em agradar a Grande Loja Unida da Inglaterra,
pois, buscava o reconhecimento da Potência mãe para o sistema de Grandes Lojas que iniciara no
Brasil; inseriu, então, vários procedimentos do Rito de York nos Rituais do R∴E∴A∴A∴, entre
outros as Colunetas nos Altares das “Luzes”, a transferência do Altar dos Juramentos do Oriente
para o Ocidente, os Castiçais em torno do Altar dos Juramentos – Castiçais, não Colunas como
normalmente se vê – e o título de “Past Master”. Todas aquelas modificações visavam deixar os
trabalhos das Lojas mais próximos do Emulation Rite – Rito oficial da Grande Loja Unida da
Inglaterra.

Pode-se notar que para todos os utensílios simbólicos ou litúrgicos que adornam o Templo do
R∴E∴A∴A∴, desde do pequeno lápis até a corda de 81 nós que circunda todo o Templo, existem

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

explicações concretas ou alegóricas nas instruções contidas nos Rituais dos graus simbólicos;
indicativos para interpretações filosóficas, ensinamentos morais e origem histórica, exceto para as
Colunetas. No Rito Escocês Antigo e Aceito a elucidação sobre os três pilares Sabedoria, Força e
Beleza, aos quais a Loja se apóia, são apresentados através da quinta e da sexta instrução do grau de
Aprendiz; representam as três grandes Luzes da Loja, o Ven:. Mestre, 1º e 2º Vigilantes e não por
representação física de Colunetas sobre as mesas destas dignidades.

Não há, nos Rituais dos graus simbólicos, quaisquer citações as Colunetas, a não ser em textos
de esclarecimentos, após as preces de exortação e de despedida e na descrição do Templo. Texto de
esclarecimento, posto entre parênteses, indica que se interrompe um período ou uma narrativa para
fazer-se uma digressão, o que sugere intervenção subjetiva. Quaisquer interpretações, ou
fundamentações, que se faça da movimentação das Colunetas nas mesas dos Vigilantes, no
R∴E∴A∴A∴, carecem de apoio histórico que envolve a genuinidade do Rito, carecem de
identidade ritualista estabelecida por relação instrucional. Por tudo, só podemos concluir que o uso
das Colunetas já está consagrado, entretanto, deveriam ser fixas e representar apenas ornatos
simbólicos de Sabedoria, Força e Beleza, nada mais, pois, estas qualidades estão amplamente
descritas nos Rituais do R∴E∴A∴A∴ por suas analogias virtuosas e morais.

Retorno do P∴M∴(ou Orador) após abertura do L∴ da L∴

O M∴ de CCer∴ é quem convida um dos ex-VVen∴(ou o Orador) para abrir o L∴ da L∴ Ao


término daquela Cerimônia, este deverá retornar a seu lugar sem aguardar nenhum convite do
Ven∴ Mestre. Se houvesse necessidade de convidar o Ir∴ que abriu o L∴ da L∴, bem como os
DDiác∴ para retornarem a seus lugares o convite partiria do M∴ de CCer∴ e não do Ven∴
Mestre, mas, este convite de retorno não existe. Todos os Rituais sempre esclarecem: “... finda a
Cerimônia o Ir∴ que abriu o L∴ da L∴ retorna a seu lugar no Or∴ ...” . Também, não há fala de
convite do M∴ de CCer∴ na abertura do L∴ da L∴ do tipo: “Ir∴ P∴M∴ vos convido a
acompanhar-me ao A∴ dos JJur∴ para abertura do L∴ da L∴ etc.”.

Por nossa interpretação, mas com fundamentação na história, concluímos que a seqüência de
“adequações” que culminaram com os procedimentos atuais é a seguinte: genuinamente, no
R∴E∴A∴A∴, o Livro da Lei era aberto pelo Ven∴Mestre e, em sua própria mesa; mais tarde
anexou-se uma pequena mesa à frente da Mesa do Venerável para desocupar espaço e, para que o
Livro ficasse mais a vista de todos – destacar. Daí surgiu o primeiro problema: o Venerável ter que
sair de seu lugar para abrir o Livro e, forçosamente circular no Oriente, saudar o Delta etc. Em
virtude deste problema a responsabilidade pela abertura do Livro foi transferida para o Orador. E,
porque, também, havia uma relação litúrgica entre o “Fiscal da Lei” e o “Livro da Lei”. Com a
criação do sistema de Grandes Lojas por Behring, em 1927/28, a mesa do Livro da Lei “viajou”
para o Ocidente e ganhou o status de “Altar dos Juramentos”. Atribuiu-se então outra relação, ou
seja, no Altar dos Juramentos são realizadas as Sagrações ou Consagrações e, estas somente podem
ser celebradas por Mestres Instalados, deste modo ficou estabelecido que a abertura do Livro
deveria ser feita por um Mestre Instalado e, o Orador poderia não possuir a qualidade de Mestre
Instalado. Para não causar descontentamentos e, como Behring levou o título de Past-Master do
Emulation Rite para o Rito Escocês, fixou-se que um dos ex-Veneráveis, o mais recente a partir do
Past-Master, seria quem abriria o Livro, e em seus impedimentos o Orador. (É impedimento quando
o ex-Venerável está ocupando cargo) Com o passar do tempo surgiu o Pálio, mal copiado do Rito
Adoniramita, e a necessidade da participação do M∴ de CCer∴ na cerimônia de abertura do Livro

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

da Lei, pois, na faltas do Past-Master se estabelecia grande confusão, como até os dias de hoje
ocorre. Daí chegamos aos procedimentos atuais, ou seja, o M∴ de CCer∴ sai de seu lugar e vai
convidar um dos ex-Veneráveis (A partir do mais recente) ou o Orador para abrir o Livro.

Nos Rituais atuais, no texto de esclarecimento sobre a cerimônia de abertura, o termo


“Convidar” não é na acepção restrita da palavra e sim por denotação no sentido lato – fazer notar;
fazer ver; manifestar, indicar. Basta o M∴ de CCer∴ sair de seu lugar e postar-se frente ao
Obreiro, – o ex-Venerável mais recente ou o Orador – que estará convidando-o a abrir o L∴ da L∴

Diga-se de passagem, que o M∴ de CCer∴ quando circula em Loja em companhia de um ou mais


Obreiros estará conduzindo-os e não sendo conduzido por estes. Conduzir significa ir em
companhia guiando, orientando, abrindo caminho, portanto vai a frente.

Missão dos Diáconos

É comum assistir o M∴ de CCer∴ saracoteando no Templo, levando recados. Para qualquer


missão na Loja que envolva ordens ou recados do 1º Vig∴ ou do Ven∴ Mestre, estas, devem ser
transmitidas através dos Diáconos e não do o M∴ de CCer∴ As ordens devem ser cumpridas ao
final de cada procedimento ritualístico. Para isto o Ven∴ Mestre tem que estar atento e pausar a
liturgia enquanto o Diácono transmite a ordem a algum Dignitário ou Oficial. É isto o que diz em
sua fala:
“Para transmitir vossas ordens ao Ir∴ 1º Vig∴ e a todos os
Dignitários e Oficiais, afim de que os trabalhos sejam executados
com ordem e perfeição”

Ata e Expediente

O Livro de atas é a memória da Loja, seu traçado deve ser claro e coeso, objetivamente
detalhado e realista. Contudo, não dever ser romanceado ou, por outro lado, abreviado. O Obreiro,
quando fizer uso da palavra, deve estar ciente que tudo que disser será registrado no Livro –
palavras boas ou más, nobres ou vulgares.

Constata-se que os secretários das Lojas, em sua maioria, utilizam o ano do calendário hebraico
nos registros de datas em seus traçados. Isto ocorre porque os Mestres mais antigos, também, em
sua maioria, são colados nos chamados “Altos Graus” – do 4 ao 33 – e como nestes Graus os
registros de datas são com a utilização do calendário hebraico, julgam que nos Graus Simbólicos,
também o são, o que é um erro. Para a certeza dos registros com datas corretas basta ler na Carta
Constitutiva da Loja, lá está o ano da emissão da carta acrescentado em 4000, exemplo, ano de 2000
da E∴V∴ e 6000 da V∴L∴

Para por uma pá de cal sobre o assunto, transcrevemos, abaixo, o texto inicial da histórica ata
da criação e inauguração do “Grande Oriente Braziliano”, (Hoje Grande Oriente do Brasil) berço da
Maçonaria em nosso País, no ano de 1822. (o Sistema de Grandes Lojas surgiu 105 anos depois)

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

“Aos vinte e oito dias do terceiro mez do Anno da Verdadeira Luz


5822, achando-se abertos os trabalhos da nossa Officina em o
gráo de Aprendiz e havendo descido do Oriente o irmão Graccho,
Veneravel da Loja Commercio e Artes, única até este dia existente
e regular no Rio de Janeiro... e que nessa ocasião resumia o povo
maçonico reunido para a inauguração e criação de um Grande
Oriente Braziliano em toda a plenitude de seus poderes, foi por
acclamação nomeado o irmão Graccho, que acabava de
Veneravel, para presidente da sessão magna e extraordinaria
naquella ocasião convocada para a eleição dos officiais da Grande
Loja na conformidade do paragrafo-capitulo da parte da
Constituição jurada. ... e logo depois que o Presidente disse que se
passasse a fazer a nomeação do Grão Mestre da Maçonaria
brasileira, foi nomeado por acclamação o irmão José Bonifacio de
Andrada...”

Abstenção

Após a leitura do Balaústre, o Ven∴ Mestre, em quaisquer dos Graus em que a Loja esteja
trabalhando, pede aos IIr∴, que aprovam sua redação, para se manifestarem com o Sinal
Convencional. É comum, a Obreiros ausentes naquela citada reunião, se absterem de votar, ou
melhor, aprovar. E esta manifestação é feita com o sinal de abstenção. Nas novas edições dos
Rituais da GLMERJ o ato deixa de ser voluntário para ser obrigatório, pois é determinado:

“ ... Os IIr∴ que não estiveram na citada sessão ficarão de P∴ e à


Ord∴.” (Ritual Grau 1, pág. 37 GLMERJ)

Ato de abstenção é por espontaneidade, vontade própria, designa ação voluntária, não pode ser
estabelecido, perde o sentido e as designações do verbete. Não há razão que impeça o Obreiro de
aprovar a redação da ata que ouviu ser lida. Mesmo porque o que está em votação é a redação do
traçado e não o mérito dos assuntos tratados. Após a leitura a palavra é concedida para quem
queira, sobre a ata, fazer observações; quando há observações elas são examinadas e dirimidas; o
Orador, que é o fiel guardião da Constituição, conclui que retificado o traçado pelas observações
deliberadas a ata pode ser votada, embora a conclusão óbvia seria de que redação do balaústre
estaria aprovada. (Não havendo manifestações fica evidenciado que a votação torna-se
desnecessária). É incoerente que após todos estes procedimentos alguém vá rejeitar a redação da ata
ou mesmo se abster. Sendo assim, todos os IIr∴ que estiveram presentes na citada sessão
aprovarão a redação da ata. É claro que não cabe ao Obreiro, ausente a determinada sessão, tecer
comentários, rejeitar ou emendar o texto sobre os assuntos nela tratados, todavia, por que não
confiar na capacidade e competência daqueles que estão aprovando? Abster-se, neste caso, é recusa
voluntária de participar do ato de aprovação. É demonstração de amabilidade e respeito ratificar a
resolução da assembléia que aprovou o a redação da ata. A ação de abstenção é de foro íntimo. Se
ensinarmos aos Aprendizes que, simplesmente, nestes casos, sempre se deve ficar à Ord∴, no
futuro, pelo costume, sugerirá que este procedimento é para que todos saibam quem faltou aquela
sessão.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Não há motivos, também, para proibir o Obreiro de usar a palavra e manifestar-se sobre a
redação da ata de reunião que não esteve presente:

“Só será permitida a palavra aos IIr∴que estiveram presentes a


citada sessão.”

Imediatamente após a aprovação do Balaústre este é assinado pelo Secretário, pelo Orador e
pelo Venerável Mestre, depois, não poderá mais ser emendado ou rasurado. Os IIr∴ impedidos de
usar a palavra não puderam se manifestar sobre erros de concordância que alteram a narrativa, sobre
datas erradas, sobre nomes de pessoas ou instituições equivocados e que somente eles perceberam .
E o que dizer de fatos relacionados a eles mesmos, que porventura não condizem com a realidade?

Atos e Decretos

Faz parte do expediente a leitura, pelo Orador, dos Atos e Decretos emanados do Grão-
Mestrado. E, devem ser lidos com todos os Obreiros à Ordem. É delito maçônico arquivar estes
documentos sem suas leituras em Loja Aberta. Os Atos e Decretos lidos devem ser registrados nos
Balaústres com suas referências – número e epígrafe. Epígrafe e a curta citação sobre o que
DISPÕE o documento – normalmente, já disposta na parte superior direita do documento. A
reverência que se deve ter – estar à Ordem – durante a leitura destes documentos, não deve ser um
martírio para os Obreiros, muitos deles idosos e, ou, com dificuldades nas articulações orgânicas.
Após todos estarem à Ordem, o Ven∴ Mestre pode, e deve, mandar que desfaçam o Sinal, quando
da leitura de documentos longos ou mais de um documento, permanecendo, porém, todos, de pé. Ao
término da leitura, mandará o Ven∴ Mestre que todos recomponham o Sinal, depois, assentarem-
se. De passagem, esclarecemos que somente se fica à Ordem de pé, portanto, é desnecessário dizer-
se “de pé e à Ordem”, basta “à Ordem” que naturalmente fica-se de pé.

Ordem do Dia

A Ordem o Dia é o expediente predeterminado dos trabalhos de cada dia; o conjunto de


instruções divulgado pelo secretário, ouvido o Ven∴ Mestre. Isso, quer dizer que o Secretário
organiza a pauta e a sujeita ao Ven∴ Mestre que a adaptará a luz de seu conhecimento. E,
os trabalhos são realizados pelos Obreiros da Oficina ou convidados; palestras, exposições,
arquiteturas, teses, propostas e instruções de Grau, tudo, quando em Sessão Econômica, ou seja,
sessão “Ordinária”. Nas sessões “Extraordinárias” – Magna ou Especial – a cerimônia se
desenvolve exclusivamente para aquele ato – Iniciação, Filiação, Eleição, Posse, etc. – respeitando-
se a Ordem dos procedimentos ritualísticos do Grau em que a Loja esteja trabalhando.) Dizer-se
que a Ordem do Dia é do Ven∴ Mestre e ele faz dela o que bem entender é, no mínimo,
desarrazoado e demonstra falta de organização.

Todo obreiro tem o direito de incluir na ordem do dia trabalho cultural maçônico – filosófico,
moral ou social; projetos ou propostas de interesse da Loja ou da Ordem, entretanto, os assuntos
nela incluídos deverão ser previamente apresentados para análise e programação. A organização da
Ordem do Dia é de responsabilidade do Ir∴ Secretário, ouvido o Ven∴ Mestre. Se o Ven∴ Mestre
julgar, por quaisquer motivos, que determinada matéria proposta para a Ordem do Dia seja
inconveniente ou desprovido de fundamentos, encaminhará a mesma ao Orador que no prazo

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

determinado pelo Ven∴Mestre, deverá emitir seu parecer. O autor de matéria rejeitada tem direito a
recurso. Cabendo a Loja em Assembléia e como última instância, deliberar a questão. No universo
da Loja a assembléia é soberana.

Nas deliberações de propostas apresentadas a Loja e sujeitas à votação, aqueles que se


decidirem pelo voto contrário devem apresentar suas razões ou emendas que julguem adequadas ao
melhoramento dos propósitos originais. Já os assuntos de ordem financeira somente poderão ser
deliberados em ordens do Dia de sessões especiais de finanças, estando a Loja reunida em grau de
Mestre.

Palavra à Bem da Ordem e do Quadro em Particular

O R∴E∴A∴A∴ tem herança nobiliárquica, desde sua primeira manifestação textual pelo
famoso ”Discurso de Ramsey”, publicado em 1738. Do grau um ao grau trinta e três há cerimoniais
protocolares estabelecidos por Constituições, dispositivos complementares, Rituais, práticas
consuetudinárias e tradições. Dizemos isto para que não nos esqueçamos que na Palavra a Bem da
Ordem, bem como nas Conclusões do Orador, não devemos nos dirigir à assembléia, dispensando
os tratamentos protocolares, os nomes dos Obreiros precedidos de seus respectivos títulos
honoríficos, de distinções ou de graduação, devem ser citados. Isto está claro nos rituais e deve ser
rigorosamente observado. Isto não significa apego a frívolas ostentações e sim respeito ao Rito e
cumprimento ao ritual, que é pomposo por suas tradições cavalheirescas; diferente do Rito
Schroeder que é o mais conciso pela sua simplicidade e do Rito Adonhiramita, o mais belo pela
riqueza cênica.

A Palavra a Bem da Ordem e do Quadro em Particular é a função litúrgica onde se praticam as


maiores impropriedades que se pode notar em nossas Lojas. Não raro obreiros pedem a palavra por
mímicas: aplicando toques nos lábios com o dedo indicador; apoiando a mão direita sobre o dorso
da mão esquerda permanecendo sentados, simulando a intenção de pedir a palavra; com sibilações
(Psiu); chamando os Vigilantes por seus nomes e outras modalidades das mais diversas,
dependendo da suas capacidades inventivas e desatenciosas para com os Rituais. As formalidades
para o pedido de uso da palavra estão descritas nos Rituais com clareza e de fácil entendimento.

Quando o Ven∴ Mestre concede a palavra nas CCol∴, significa exatamente o que ele disse:
que a palavra está nas CCol∴. E, o responsável por cada uma das Col∴ é seu respectivo Vigilante,
que daquele momento em diante organiza e controla a concessão da palavra, até que reine silêncio.
Significa, também, que: "à bem da Ordem" – com respeito a Ordem – são os assuntos de
interesse da Maçonaria, temas concernentes à Maçonaria. “Do quadro em particular” são os
assuntos restritos à Loja, litúrgicos ou administrativos e, ou, sobre obreiros da Oficina. Fora disto é
irregular. Quando em Sessões Magnas ou Especiais, a palavra somente deve ser pedida para falar-se
sobre o ato realizado. O Obreiro que desejar falar sobre assunto que não esteja relacionado
diretamente com a Ordem deve, inclusive, através da Bolsa de Propostas e Informações, pedir ao
Ven∴Mestre para inclui-lo na Ordem do Dia.

Quando é franqueada a palavra, qualquer Obreiro que queira dela fazer uso o faz apenas uma
vez. O M∴de CCer∴goza do privilégio de falar do local em que se encontra, por dever de ofício,
seja no Oriente ou Ocidente, no momento da tramitação da palavra. Isso, todavia, não o autoriza a
mudar de lugar para falar mais de uma vez, em detrimento dos direitos dos demais Obreiros. Sendo

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

permitido a um determinado Obreiro o uso da palavra mais de uma vez, esta, deve retornar as
CCol∴ para que todos tenham o mesmo direito.

As interrogações sobrevindas na Palavra a Bem da Ordem e do Quadro em Particular, devem


ser dirimidas pelo Ven∴Mestre ou, quando legais, pelo Orador nas Conclusões. Os demais
Obreiros não devem se antecipar e se manifestarem, principalmente, quando não possuem a correta
resposta e divagam pelo hipotético "Eu acho ..." Ninguém é sabido o suficiente que possa
responder a tudo. É melhor calar-se e ouvir do que ensinar errado. Diga-se de passagem, muitos
Obreiros se aproveitam do uso da palavra para manifestarem seus supostos conhecimentos
maçônicos. Quase sempre suas interpretações são escoradas no empirismo de bastidores e utilizadas
para as famosas “puxadinhas de tapete”. Gratuitamente e, pela simples intenção de demonstração de
pretenso conhecimento, não se importam em praticar indelicadezas desmerecendo seus “amados
Irmãos”, expressão sempre presente, no início de suas falas e, na retórica maçônica.

Conclusões e Permissões do Orador

O Orador deve lembrar que “Conclusões do Orador” é função litúrgica, com procedimentos
estabelecidos nos Rituais. Nas sessões ordinárias (Econômicas) saúda os visitantes, apresenta um
resumo dos assuntos tratados e os ensinamentos que a reunião proporcionou, nada mais. Nas
Sessões Magnas há textos complementares relativos a respectiva cerimônia, prescritos nos Rituais.
É notório que o Orador é o responsável pelo fiel cumprimento da lei, entretanto, isto não o autoriza
a apresentar pareceres sobre formalidades cerimoniais, com opiniões pessoais do que “acha” certo
ou costumeiro nos procedimentos ritualísticos, sobretudo sendo matéria passível de discussão que
somente pode ser tratada na Ordem do Dia. Além do mais, todos sabemos, que o Órgão Litúrgico da
Loja é o Venerável Conselho de Mestres Instalados e não o Orador.

É um contra-senso o Ven∴Mestre pedir ao Orador permissão para praticar algum ato litúrgico
ou administrativo, principalmente, quando procedimentos irregulares. Quando na condução de um
veículo motorizado podemos pedir ao Policial de Trânsito que nos permita trafegar na contra-mão?
Podemos, impunemente, desrespeitar o sinal vermelho ou exceder na velocidade somente porque
estamos atrasados e consideramos o Código de Transito inútil? Do mesmo modo os Veneráveis
devem entender que não podem pedir “autorizações” ao Orador para atropelar a liturgia ou ignorar
nossos Diplomas Legais; e os Oradores, devem compreender que são Fiscais da Lei. E, a principal
obrigação do Fiscal da Lei é a de fazer cumprir as leis; não deve se associar ao Venerável e tomar a
lei para si; não são os donos da Lei.

“Diga-se, a bem da verdade que as duas expressões mais


prejudiciais à Maçonaria Brasileira, são: “devido ao adiantado da
hora” e “eu acho”, através delas, são cometidas as maiores
barbaridades legais e ritualísticas. E, isso, independentemente da
Obediência, pois a prática é generalizada.”. (José Castellani.-
Consultório Maçônico VII - Editora A Trolha).

Acrescentaríamos duas expressões desestimuladoras: “Não Precisa...” dita quase sempre por
MM∴ de CCer∴ desidiosos, quando um Obreiro inicia algum procedimento ritualístico. E “Deixe
que eu resolvo tudo” dita, por alguns Expertos presunçosos que se intitulam “Iniciadores” e julgam-
se donos da Cerimônia de Iniciação.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Fala do Ven∴Mestre

O hábito generalizado da fala do Ven∴ Mestre, após as CONCLUSÕES do Orador, carregada


de opiniões pessoais, queixas e admoestações, é um procedimento inadequado que fere as regras das
leis e da razão. Prescreve com muita propriedade e sabedoria o Artigo 116, alínea “C” do
Regulamento Geral da GLMERJ:

“Passar o Malhete da Sabedoria a seu substituto presente quando


tenha que tomar parte em qualquer discussão ...”

O discurso de conclusão dos Trabalhos é função do Orador; saudações e agradecimentos são


atos de ofício do Orador. Havendo extrema necessidade do Venerável responder a questões que,
por ventura, se apresentem na tramitação da palavra, deverá fazê-lo antes das “Conclusões do
Orador.” Após as Conclusões do Orador cabe ao Ven∴ Mestre encerrar os trabalhos; no máximo,
havendo clima de instabilidade emocional resultado de algum debate mais acalorado, transmitir
uma sucinta mensagem de paz, um conceito de virtude ou uma manifestação de estímulo, de
concórdia. O Venerável deve dirigir os trabalhos com firmeza, todavia, sempre fraternal; evitando
tanto a indulgência demasiada como a excessiva severidade. Infelizmente, este espírito moderador
pouco se vê; alguns Veneráveis se excedem em seus deveres, inclusive, incitados pela fala do
Orador, que diz ao final das Conclusões:

“Ven∴ Mestre, os trabalhos transcorreram Justos e Perfeitos e


vossa Sabedoria poderá encerrá-los quando melhor lhe aprouver”.

A sentença acima e mais uma “adequação” que se insere nos Rituais pelos “costumes arraigados”
– de tanto, muitos, adotarem esta fala, incluíram-na nas últimas edições dos Rituais. Aprouver é
flexão de um verbo irregular; futuro do subjuntivo de Aprazer, ou seja, o que lhe apraz, que lhe
causa prazer, o que lhe agrada, deleita. Sugere autorizar o Venerável, que antes de proceder ao
encerramento ritualístico dos trabalhos, se dirija à assembléia e diga o que melhor lhe agrada, o
que mais lhe dá prazer. Aí, então, alguns Veneráveis deitam falação; esgotam seus egos diante de
um plenário passivo por força das determinações contidas nos Rituais – após as conclusões do
Orador somente o Venerável tem direito a usar a palavra (Considerando ausente o Grão-Mestre ou
seu Adjunto) – desordenam a sessão com assuntos que deveriam ser matérias de partes da liturgia
claramente organizadas no Ritual.

Para deliberações de quaisquer assuntos deve-se utilizar a Ordem do Dia, onde todos terão o
direito de manifestar suas opiniões, apresentar suas propostas, votar. Mesmo neste caso deve o
Venerável entender que é o Presidente da Loja da Assembléia; ele dirige os trabalhos, está impedido
de manifestar sua opinião pessoal; discutir e votar (exceto o voto de Minerva). O Ven∴Mestre deve
pelo simbolismo do Prumo “não se deixar pender, nem pela amizade nem pela afeição para
nenhum dos lados”. Todas as matérias – deliberações, propostas, instruções, votações e etc. –
devem ser esgotadas na Ordem do Dia.

Bater à Porta

A batida universal na porta do Templo é a bateria do Grau de Aprendiz, ascensão de bateria


de Grau é invenção. Na falta do Cobridor; batendo-se à porta do Templo e, no momento o ingresso

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

não for permitido, o G∴ do Templo responderá com outras três batidas; se for permitido o ingresso,
abre a porta e verifica quem bate; sendo Obreiro do quadro ou Irmão reconhecidamente regular e,
tanto aquele como este, com Grau suficiente para assistir a sessão, anunciará ao Venerável através
do 1º Vigilante; não sendo reconhecido quem bate, designa-se um Cobridor.

“No caso de ausência do Irmão Cobridor ... o Ven∴ Mestre


designará um M∴ M∴ para proceder como Cobridor” (Ritual
Grau 1, pág 29- GLMERJ).

Estando presente o Cobridor, este, terá assento no Átrio até o término dos trabalhos, todavia,
seria mais correto (como se pratica em outras Obediências), após a cerimônia de abertura dos
trabalhos, o Cobridor, entra no Templo e senta-se à esquerda da porta – Col∴ do N∴Deste modo,
batendo-se a porta do Templo, o Cobridor, que neste momento estará no interior do Templo, é quem
responderá, saindo no momento adequado para as devidas verificações, depois, entra e anuncia ao
Ven∴ Mestre através do 1º Vig∴ Manter o procedimento atual – o Cobridor o tempo todo no Átrio
– significa manter um Cobridor imaginário. Todos sabemos disso, faz de conta que ele está lá.
Infelizmente existem alguns Maçons que ainda não se aperceberam que o simbolismo não está
somente nos ornamentos e nas ferramentas da Loja; está presente, também, nos cargos e nos títulos.

Recepção de Autoridades e Visitantes

O protocolo de recepção é uma formalidade de reverência no sentido de saudação e respeito,


aos visitantes e as Altas Autoridades Maçônicas; abrange procedimentos diferentes, conforme
Graus e Cargos, e não devem ser dispensados. Alguns Irmãos argumentam que há futilidades nestes
procedimentos; que somente o realizam, e isto se constata, para a recepção do Grão-Mestre ou de
seu adjunto. Alegam que, pelos “usos e costumes”, o 1º Vig∴ tem assento no Ocidente para que
nivele todos aqueles que adentram ao Templo.

O belo aforismo é realmente representativo breve e conceituoso: “Todos são iguais pelo Nível
do primeiro Vigilante”, contudo, nem mesmo nos direitos e deveres há essa pretendida igualdade. É
por todos sabido que AApr∴ e CComp∴ não possuem a plenitude dos direitos maçônicos e seus
deveres são obviamente restritos à seus Graus, os MM∴II∴ detém SS∴ TT∴ e PP∴ que os
MM∴MM∴ desconhecem; a igualdade que o Nível opera por uma de suas analogias compreende
os compromissos; responsabilidades e promessas que a todos abrange, sem distinção por
prerrogativas sociais ou títulos profanos. Se não houvesse, hierarquia – chefia, subalternidade e
responsabilidades diversas – seria a desordem total.

Entrada de Retardatários

Uma vez iniciado a abertura dos trabalhos os Irmãos retardatários somente devem entrar no
Templo após o encerramento desta cerimônia. A entrada é obrigatoriamente ritualística e nos
intervalos da liturgia; se visitantes ou Autoridades Maçônicas, serão recepcionados com o devido
protocolo. Não há recepção especial para retardatários Obreiros da Oficina.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Marcha Ritualística

Existe opinião corrente, de forte argumento, que a Marcha Ritualística de M∴M∴ compõe-se
apenas dos passos de Mestre, não precedidos dos passos das Marchas de Apr∴e Comp∴. Isto se
deve ao fato que se adotou pela cerimônia de Abertura do Livro da Lei, com a Loja em Câmara do
Meio; o Obreiro que vai abrir o livro, ao se encaminhar para o A∴ dos JJur∴, avança seus últimos
passos com aqueles da Marcha de Mestre, o que é um erro. Em nenhum grau maçônico, seja
Simbólico ou dos chamados Filosóficos, executa-se marcha ritualística na cerimônia de abertura do
Livro da Lei; a Marcha é procedimento ritualístico de entrada no Templo, todos os Rituais assim
ensinam. Pode haver divergências nas interpretações das instruções ritualísticas, todavia, no
“Cobridor do Grau de Mestre” não, pois, suas explicações são concretas e claras quando ensina a
Marcha do Mestre Maçom – forma ritualística de entrada no Templo em Câmara do Meio:
M∴ – Depois das marchas formais de Apr∴ e Comp∴, dar
............... como se tivesse de passar por .............. etc.

Somente este esclarecimento seria suficiente para elucidar a questão, todavia, vamos esgotá-la,
em virtude de sua grande importância ritualística. Outrossim, considerando a primeira instrução
maçônica:

“não devemos, restringirmo-nos às explicações dos Rituais,


porque nossos símbolos podem ser encarados sob múltiplos pontos
de vista, cada um deles dá lugar a interpretações análogas, mas,
diferentes”.

Existem diferenças entre passos e marcha. Nas cerimônias iniciáticas de cada grau é ensinado
ao recipiendário os PASSOS do grau.
“É com esses três pp∴ que se entra em uma Loja em trabalho ..”.
(Ritual Grau 1 – Primeira Instrução)
“Ir∴ M∴ de CCer∴, conduzi o Ir∴ Apr∴ ao Ir∴ 2º Vig∴ para
que lhe ensine a dar os pp∴ de Comp∴ e depois ...” (Ritual Grau
2 – Cerimônia de Elevação)
“Ir∴ M∴ de CCer∴ fazei o Irmão caminhar como Mestre a fim
de aproximar-se do Altar...” (Ritual Grau 3 – Cerimônia de
Exaltação)

Note-se que pelos enfoques acima se evidencia que os rituais de cada grau não denominam
aqueles passos ou caminhar como MARCHA. A marcha corresponde aos passos dos graus
ascendidos: a Marcha de Aprendiz compreende os três pp∴ retos da Maçonaria; a Marcha de
Companheiro compreende os três pp∴ retos de Apr∴ mais...; a Marcha de Mestre compreende as
marchas formais de Apr∴e Comp∴mais ....

Torna-se imperativo consultarmos os dicionários para “marcharmos” na direção certa a procura


da razão; para que nossos argumentos fiquem claramente fundamentados, também na hermenêutica.
Para isto utilizaremos o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

MARCHA [Dev. de marchar.] S. f.

1. Ato ou efeito de marchar;


2. Jornada a pé; andada, caminhada;
3. Modo de andar; andadura, passo;
4. Cortejo, préstito, séqüito;
5. Passo cadenciado (de um indivíduo, ou de um corpo de tropas);
6. Seqüência, sucessão;
7. Progresso, andamento, desenvolvimento;
8. Mecânica – Cada uma das posições das engrenagens da caixa de marchas que permitem,
em diferentes condições de rodagem, imprimir ao veículo... Como a primeira marcha, a
segunda marcha, a terceira marcha, etc., e a marcha à ré.
9. Mús. Peça musical em compasso binário ou quaternário, com os tempos fortes
acentuados, e com andamentos variados, e que se destina a marcar ou evocar o ritmo
cadenciado do passo de uma pessoa, ou de um grupo de pessoas em marcha.

Poderíamos argumentar que a terceira designação do vocábulo é a que vale, pois, nos diz que
passos e marcha são sinônimos, porém, a exegese é ritualística, é maçônica e a terceira designação é
verossímil. Entretanto, não se pode estacionar simploriamente em um sinônimo gramatical, a
interpretação tem que ser mais referencial, mais filosófica – no sentido de abrangência; a quarta
designação esta fora da questão, pois, refere-se a cortejo e a marcha é pessoal; individual; todas as
demais designações do vocábulo inferem única acepção para a Marcha Ritualística de cada Grau:
Progresso.

Considerando as instruções dos Rituais e, as designações do vocábulo “Marcha” contidas no


dicionário, diríamos que “Marcha Ritualística” é: o modo de caminhar do Obreiro ao entrar no
Templo, em sessão aberta, e que, no grau três, mostra a jornada da vida terrena do nascimento a
morte; a seqüência, a sucessão dos graus alcançados; o desenvolvimento intelectual adquirido em
cada grau completado, pelas diferentes condições de avanços, que demonstram o conhecimento de
todos caminhos; a renovação das promessas iniciáticas pela execução dos sinais penais de cada
grau, que estabelecem o direito de participar da assembléia; a trilogia com tempos acentuados, com
andamentos variados e, que se destina a marcar ou evocar o ritmo que Obreiro sempre deverá seguir
pelo simbolismo da Régua, do Esquadro e do Compasso.

Saudações as Luzes e ao Delta

Ao ser franqueada a entrada no Templo, com os trabalhos abertos, sem as formalidades


ritualísticas, o que um erro, é comum assistir Obreiros não executarem a marcha, porém, saudarem
as Luzes, ou seja, cometer um erro sobre outro erro. Entra-se no Templo, ritualisticamente, sem a
marcha, quando em retorno de saída temporária, neste caso, a saudação deve ser dirigida apenas ao
Ven∴Mestre . Saudar, neste caso, não é cumprimentar; significa dar testemunho exterior de
respeito. Saudação no sentido de cumprimento só se faz duas vezes: na cerimônia de abertura dos
trabalhos – na trilogia onde todos se saúdam (“Pela Saudação...”) – ou após a marcha ritualística
que é a maneira correta de entrada no Templo, com os trabalhos abertos, daquele que não participou
da cerimônia de abertura – retardatários ou visitantes – e na cerimônia de encerramento onde, outra
vez, todos se saúdam após a prece de despedida (“Ides deixar este Templo ...” “Pela saudação ...”).

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Saudação, no sentido de cumprimento é feita, universalmente, na chegada e na partida ou na entrada


e na saída.

O Obreiro, quando em circulação, deve observar que a saudação que se faz ao cruzar o eixo do
Templo, à frente do A∴ dos JJur∴ou do A∴dos PPerf∴ é gesto de homenagem, respeito e
reverência ao G∴A∴D∴U∴ representado pelo DELTA LUMINOSO, o símbolo de Deus na Loja.
O Ven∴Mestre não tem que responder a esta saudação com meneio de cabeça ou outros gestos,
mesmo porque, a saudação, naquele momento não lhe é dirigida. O que ocorre é que o V∴Mestre
posiciona-se na mesma linha do Delta Luminoso, ficando, o Delta, deste modo, encoberto. Surgiu
então, por esta confusão, a proposta que a saudação seria ao V∴Mestre.

O V∴Mestre representa a principal Luz da Loja; o Sol, a Sabedoria etc. Mas, algo é
infinitamente superior à representação do Sol, da Sabedoria e outras analogias qualificativas ou
representativas do Ven∴Mestre, que é a representação do G∴A∴D∴U∴ pelo DELTA
LUMINOSO com o Olho da SUPREMA SABEDORIA ou o TETRAGRAMA SAGRADO, ou
ainda, da letra Iôd ou G.

Para distinguir a saudação – entre o Venerável e o Delta – e evitar a confusão os Obreiros


passaram a dirigir o olhar para o Delta Luminoso suspenso, no momento da saudação. Mas, isto não
é necessário, principalmente, quando o Delta está instalado, irregularmente, na frente do Dossel. O
importante é se ter conhecimento que aquela saudação é ao Delta Luminoso ou Radiante. Nada no
Templo é superior ao DELTA RADIANTE – a PRESENÇA DE DEUS. Se dedicarmos nossa
saudação, ao cruzar o eixo do Templo, ao Ven∴Mestre, estaremos ignorando ou subestimando o
G∴A∴D∴U∴. Ações de respostas às saudações, procedidas pelo Ven∴Mestre, neste caso,
sugerem legitimar a interpretação de que a reverência é ao Ven∴Mestre “Meneio de Cabeça”,
embora contido nos Rituais, não é sinal maçônico, apoiar o Malhete sobre o peito, somente quando
de pé. Mesmo assim, não como resposta a Saudações e sim como postura ritualística.

Preparar-se para cobrir o Templo

Nas transformações dos trabalhos de Apr∴ ou de Comp∴ para Grau superior é comum, estes,
permanecerem sentados após o anúncio dos VVig∴ de prepararem-se para cobrir o Templo.
Preparar-se para cobrir o Templo é se aprontar; dispor-se a cumprir a ordem; estar de pé com o sinal
do Grau composto, ou seja “à Ordem”. Portanto, ao anúncio “IIr∴AApr∴ (e/ou CComp∴),
preparai-vos para cobrir o Templo”, estes, se põem à Ordem, e aguardam o convite do M∴ de
CCer∴ para terem o Templo coberto. No caminhar de saída, ao alinharem-se ao do eixo do T∴ no
Ocid∴ – entre CCol∴ – voltam-se para o Or∴ e saúdam o Ven∴Mestre.

A expressão “Cobrir o Templo” só deveria ser utilizada quando se referisse ao Cobridor, pois é
ele quem cobre o Templo – obsta a entrada a profanos, a Maçons irregulares ou a Obreiros colados
em Graus inferiores aos dos trabalhos naquela ocasião. Os demais Obreiros tem “o Templo
Coberto”, ou seja, não podem ver nem ouvir o que lá se passa; o Templo está coberto a eles.
Todavia, cumpra-se o que prescreve o Ritual.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Golpe na Liturgia

No mês de junho realizam-se as Posses de novas administrações nas Lojas Jurisdicionadas a


GLMERJ O Ritual de Investidura e Posse das Dignidades e Oficiais, estabelece, para a realização
da cerimônia, a abertura da Loja em grau de Aprendiz; a transformação para Câmara do Meio e,
depois decrescer para as Lojas de Companheiro e Aprendiz para que em todos os graus sejam
realizadas as devidas proclamações e investiduras.
A Cerimônia de Posse é rica em representações doutrinárias, morais e legais, transmitidas em
cada grau pelo simbolismo das ferramentas emblemáticas da escala iniciática; do Cordel à Régua,
procedimentos ritualísticos contemplam e realizam a Harmonia dos gestos formais com a sinergia
nas aclamações – Salve o Venerável Mestre!
Detalhes dos procedimentos ritualísticos não são ações formais triviais que se lançam fora
inconseqüentemente; não devem pecar e submergir na banalização e no desinteresse cerimonial. Os
Rituais contém práticas normatizadas pelo Venerável Colégio de Mestres Instalados – Órgão
Litúrgico da Grande Loja – do qual o Venerável que assume o cargo e aquele que o transmite são
membros vitalícios.
A frase ainda “arraigada” na cabeça de muitos Veneráveis e, que se presta a anunciar
violações aos Rituais precisa acabar: a transformação ou encerramento dos trabalhos “com um só
golpe de Malhete”. Ação prepotente que evidencia um golpe na própria Liturgia, ressoando nos
sentimentos de fidelidade do Maçom Ritualista. Para realizar as cerimônias de transformações da
Loja em trabalhos de outros graus, seguindo as determinações dos Rituais, Obreiros
desembaraçados não demoram mais que dois minutos, além daquele suposto diminuto tempo, do
triste “golpe de malhete”. Golpe que cassa o verbo litúrgico para disponibilizar tempo que,
fatalmente, ao ser franqueada a palavra, será utilizado por algum Obreiro que dará o derradeiro
golpe no precioso tempo místico, sobrepondo-lhe materiais e frívolas manifestações de auto-elogio
e de adulações.
Venerável Mestre Eleito e Instalado, não inicie seu Veneralato com atentados aos Rituais. A
transformação ritualística dos trabalhos e, por conseguinte das Lojas, entre os graus simbólicos,
estabelecem procedimentos de abertura e encerramento fundamentados na História na Lei e na
Razão e não em rompantes atos de pretensos poderes inventados ou prerrogativas que cabem
somente ao Grão-Mestre. Causa estranheza, assistir as comuns declarações de Irmãos, da escola de
pensamentos místicos, que por suas convicções testemunham na ritualística maçônica a
espiritualização da Maçonaria, os benéficos fluidos, as “egrégoras”, a presença espiritual de
Obreiros do Oriente Eterno e outros prodígios, mas, não hesitam em “golpear” suas próprias crenças
para dar tempo às mesuras quase sempre vazias de sinceridade e carregadas de vaidades.
A transformação ou encerramento dos trabalhos com um só golpe de Malhete configura
desinteresse litúrgico e indiferença a ritualística.

Salve o Venerável Mestre! Venerável Mestre... Salve a Liturgia

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Conceitos, Enxertos e Supressões

M∴I∴ Poderes – Direitos e Deveres

Ao contrário do que muitos pensam a qualidade de um M∴I∴ não se constitui em atributos de


Autoridade Maçônica – Aquele que tem por ENCARGO fazer respeitar as leis. A outorga de
poderes de representante do Ministério Público Maçônico, do Alto Corpo Litúrgico e de Delegado
do Grão-Mestre são incumbências inerentes aos cargos da Alta Administração.

No âmbito da Loja o representante do Ministério Público Maçônico é o Or∴, que é o “Fiscal


da Lei”; o orientador litúrgico é o Ven∴ Mestre, principalmente, na qualidade de presidente do
Ven∴Cons∴de MM∴II∴, que é o Órgão Litúrgico da Loja. Todavia, os MM∴II∴, inclusive, fora
do Veneralato, têm compromissos ajuramentados especiais, além das promessas solenes iniciáticas
dos três Graus Simbólicos. O Alto Corpo, na Cerimônia de Instalação, exige de um M∴I∴ o
juramento de fazer cumprir as leis, Landmarks, etc., “pessoalmente ... tão estritamente quanto
puder ... em qualquer tempo”. Entretanto, não por ENCARGO, mas, por confiança nos
conhecimentos adquiridos e provenientes, sob perspectivas diversas, da experiência como Ven∴
Mestre. Cabe ao M∴I∴ compreender que, quando necessário, deve admoestar Irmãos ou corrigir
equívocos, discretamente. Sem dize-lo, apresentar-se como conselheiro experiente, e não como
Autoridade Maçônica que não é.

Autoridade [Do lat. auctoritate.] S. f. = 4. Aquele que tem por


encargo fazer respeitar as leis; representante do poder público.
(Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

Quanto à expressão “estritamente” define-se a como “rigor”, mas, com alusão as Leis e não a
ação censora ou corretiva.

O Delegado Maçônico

A delegação de atribuições pressupõe a seleção de pessoas adequadas – confiança e qualidades


técnicas aceitáveis. Mesmo assim, o encargo necessita de fiscalização para que o delegante tenha
certeza que os delegados cumpram com suas funções e não excedam suas responsabilidades. E, por
outro lado, não se limitem a visitar Lojas e ter como única atuação a frase: “os trabalhos foram
maravilhosos e trago um tríplice e fraternal abraço do Grão-Mestre”. Vejamos o que diz em seu
livro, “MAÇONARIA E DIREITO”, editado pela A TROLHA, o Ir∴ José Wilson Ferreira
Sobrinho – Escritor Maçônico, Juiz Federal, Professor de Direito da Universidade Federal de Juiz
de Fora – MG.

“O delegado, por definição, é alguém da confiança daquele que


tem o poder para torná-lo seu auxiliar. Se for um delegado do
Chefe do Executivo, por exemplo, ele não será delegado do
Executivo, mas, sim daquele que chefia o Executivo. A relação
primeira do delegado é com o delegante, não com a função a qual
pertence o delegante. Não parece adequado, por isso mesmo, falar-

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

se de delegado do Poder Executivo (Delegado do Grão-Mestrado).


Dir-se-á, com maior propriedade, delegado do Executivo.
(Delegado do Grão-Mestre)” Os grifos são nossos.
Do ponto de vista do Direito Maçônico, o Delegado, para as
Obediências que os possuem, é um cargo de confiança do Grão-
Mestre.
De fato, o Delegado Maçônico integra a assessoria do Grão
Mestre, de acordo com o disposto nos Regulamentos Gerais sendo,
portanto, seu auxiliar. Trata-se, obviamente, de cargo que permite
a exoneração “ad nutum” do ocupante.
O Delegado Maçônico... atuará em nome do Grão-Mestre, desde
que, naturalmente, observe os limites jurídicos da delegação.
Normalmente as tarefas do Delegado Maçônico são as seguintes:
- prestar assistência administrativa aos Veneráveis; organizar e
convocar o Conselho Regional de Veneráveis, quando
necessário;
- dar parecer sobre a necessidade ou não de criação de Lojas e
Triângulos;
- dar parecer sobre a necessidade de extinção ou fusão de Lojas e
Triângulos;
- dar parecer sobre as necessidades materiais das Lojas;
- cumprir determinações especiais, de caráter administrativo.
Com efeito, poderá ocorrer a hipótese de um Venerável não
necessitar da assistência administrativa do Delegado Maçônico.
Neste caso, à evidência, o Delegado Maçônico não poderá ter a
pretensão de prestar tal assistência contra a vontade do Venerável,
uma vez que a Loja é administrada pelo Venerável e não pelo
Delegado Maçônico. ... E isto é assim porque não se permite a
intromissão administrativa do Delegado nas Lojas.(...) Ele não
poderá praticar atos administrativos de repressão a quaisquer
irregularidades.
Sua atuação se esgotará na mera informação ao Grão-Mestre e na
apresentação de sugestões para sanar as irregularidades. É só.
(...). ... oferecer parecer sobre determinada matéria não equivale a
decidir sobre esta matéria”.

O Delegado, como foi dito, faz parte da Assessoria do Grão-Mestre é uma espécie de braço
longo do Grão-Mestre. Auxiliar de grande importância; não tem poder de polícia, mas é Autoridade
Maçônica, podendo receber a qualquer momento poderes do Grão-mestre, inclusive, como
interventor em Lojas de seu distrito. Nos procedimentos protocolares de recepção, objeto do
Decreto 17/92/95, integra a Assessoria do Grão-Mestre.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Recentemente (Ano de 2002) foi criado, na GLMERJ, o cargo de “Assessor Distrital do Grão-
Mestrado” com atribuições e funções de auxiliar do Delegado Distrital. Mais adequado nos parece
ser, o cargo, de “Assessor Distrital” ou Assessor do Delegado”, porquanto, assessor designa
adjunto, auxiliar, assistente ou ajudante, e, sua relação direta de subordinação é com o Delegado
Distrital. Isto, todavia, pouco importa, o que há para se considerar é a função, que deve, sob ponto
de vista laboral, efetivamente, realizar encargo, embora, sob o ponto de vista honorífico, realize
benemerência.

Assessores

Assessor designa auxiliar, ajudante e assistente; assessor não absorve a autoridade de quem
assessora – como por osmose; não é autoridade em Maçonaria ou em outras quaisquer instituições.
Enxergar autoridade maçônica em Assessores do Grão-Mestre é contra-senso, legal e gramatical,
embora o decreto nº 17/92-95, mal redigido e pouco esclarecedor, afirme o contrário, pois, dá
qualidade de Autoridade à Assessoria do Grão-Mestrado e se omite quanto a Autoridade de
Delegados do Grão-Mestre. Este mesmo decreto prescreve que quando uma das Autoridades estiver
representando o Grão-Mestre, esta terá lugar ao lado esquerdo do Ven∴Mestre. O que ocorre é que
alguns Maçons investidos em Altos Cargos supõem que recebem, também por este ato, patente de
Representantes do Grão-Mestre, o que é um absurdo, pois, para isto, o Grão-Mestre nomeia
Delegados. (Em algumas Obediências são Deputados eleitos) Caso o Grão-Mestre necessite de
alguém que o represente em determinada Loja, sem que este alguém seja o Delegado do Distrito,
será por motivo muito especial e, o fará explicitamente. Assessores não são representantes da
Obediência ou do Grão-Mestre e, alguns, “assessoram” mais seus próprios egos do que seus chefes
ou departamentos.

Assessor, ou qualquer outro membro da Obediência, estando revestido com os Paramentos de


seu Alto Cargo tem lugar assegurado no Oriente, independente de convite. Somente quem tem
direito a um lugar no plano do Trono, à esquerda e a direita do Ven∴Mestre, são os integrantes da
Alta Cúpula (Grão-Mestre, Grão-Mestre Adjunto, Past Grão-Mestre e Past Grão Mestre Adjunto) e,
na ausência destes o Representante do Grão-Mestre, (Delegado ou Enviado Especial) fora disto é
cortesia, homenagem. (Ou como se costuma dizer na roda do ágape “massagem do ego”; “mimo” )

Pela grande quantidade de cargos na Alta Administração e, como poucos têm ciência de suas
responsabilidades, quando há, pois, todos sabemos que os Altos Cargos, em sua maioria, não
representa encargo algum, ganha força o costume do visitante portador de Alto Cargo, sem motivo
legal, litúrgico ou protocolar, se apresentar como Membro da Alta Administração e não como
Obreiro das Colunas de sua Oficina. Deveria lembrar que está ali antes de tudo, e sobretudo, vindo
“de uma Loja de São João justa e perfeita”; em visita, para “estreitar os laços de fraternidade que
nos unem como verdadeiros Irmãos”; está ali, em primeiríssimo lugar representando o Ven∴Mestre
de sua Loja – aquela que lhe dá sustentação legal para exercer o Alto Cargo. E mesmo porque, se
inquirido, dirá ao Venerável da Loja que visita: “O Ven∴Mestre de minha Loja
V∴S∴P∴T∴V∴T∴”. Já se foram os “soberbos” tempo que se permitia, por exemplo, o uso dos
paramentos dos Altos Graus (do 4 ao 33) nas Lojas Simbólicas. Inclusive, quando o Ven∴Mestre
era obrigado a passar o Malhete aquele que se apresentasse com os paramentos do Grau 18 em
diante.

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“Paramentos da Grande Loja” ...uso e costume

Em Maçonaria os Paramentos são as vestes litúrgicas que adornam os participantes das


Cerimônias Ritualísticas. Nos graus simbólicos são Paramentos: Aventais, Colares, Faixas ou
Fitões, Punhos, Luvas e Chapéu. Existem variações de composição simbólica e distintiva na
confecção dos Paramentos, dependendo do grau e do cargo, e, até mesmo de entre Obediências, mas
não será objeto de análise deste texto; diremos apenas que os membros da Alta Administração da
Grande Loja, bem como, Delegados e Assessores Distritais possuem paramentos com
características que os distinguem daqueles utilizados nas Lojas, inadequadamente designados no
cotidiano maçônico como “Paramentos da Grande Loja”; quando mais adequado seria dizer-se:
“Paramentos dos Altos Cargos” por extensão de “Alta Administração”, “Alto Corpo”.

No conjunto de Diplomas Regimentais da GLMERJ não se encontra norma, sobre em quais


ocasiões é pertinente o uso dos Paramentos dos Altos Cargos, prevalece o bom senso, a
circunspeção, embora para alguns a propensão tende ao uso extremado. O uso de Paramentos dos
Altos Cargos sem critério algum, seja em sessões das Lojas, Econômicas, Magnas ou Especiais,
evolui para o domínio dos “costumes”.

A exemplo de outros fatos e atos, aspectos maçônicos aparentemente sem importância não
recebem a devida atenção. Parece que não se questiona explicitamente a banda doente dos “Usos e
Costumes”, de modo que o tempo vai transformando a omissão em regra, a ponto de os menos
avisados tomarem a exceção por regra.

O Maçom quando é investido em Alto Cargo, o recebe por eleição ou nomeação, neste último
caso por Ato do Grão-Mestrado; novato, não recebe, por departamento competente – Litúrgico ou
Cultural – instrução formal ou informal sobre comportamento protocolar e ética cerimonial; “não é
preciso...” costumam dizer seus antecessores. O resultado disto é que poucos, efetivamente, têm
ciência de suas responsabilidades e, pelo tema abordado, maneiras comedidas em ambiente
maçônico, reputando aos Paramentos da Alta Administração troféu de conquista pessoal em
detrimento a sua representação distintiva. Há necessidade de Orientação, principalmente, discursiva,
em virtude do lastimoso nível em que se encontra o hábito da leitura.

Na maioria das Grandes Obediências Maçônicas estabelecidas pelo mundo afora,


principalmente onde o R∴E∴A∴A∴ é majoritário, constituem-se Grandes Secretarias de
Orientação Litúrgica ou Ritualística – visto que tudo que se faz em Templo é pelo Ritual; operam
diferentemente das Grandes Comissões e Subcomissões de Liturgia, que tem por atribuição
apresentar pareceres e não o de “orientar”, isto porque, neste caso, parecer indica análise e síntese
por conceitos e interpretação de práticas normatizadas. Mais abrangente, a Orientação Litúrgica ou
Ritualística além dos preceitos da lei esclarece, conforta e sugere; instrui pela razão, pelo senso
acrítico e afetivo, ou seja, pela lei e pelo sentimento; não está atrelada rigorosamente a juridicidade
ou ao misticismo e, a despachos e trâmites. Acima de tudo a Orientação Litúrgica ou Ritualística é
mais coerente e volitiva, por empatia e em respeito à Liderança Espiritual do Grão-Mestre. Mas,
voltemos a questão do uso de Paramentos dos Altos Cargos.

Quando o Grão-Mestre está presente nas Lojas em visita ou em missão, todos os membros da
Alta administração, também presentes, devem estar revestidos com os Paramentos dos Altos
Cargos, pois, a Obediência está presente e ativa na pessoa de sua Autoridade Máxima, seu
Representante Maior, seu Líder, Chefe e Guia. De outro modo, não se justifica Obreiros revestidos

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

das Insígnias dos cargos que exercem na Alta Administração da Grande Loja, porquanto não há
atividade explicita da Grande Loja. Ainda de outro modo, podem e devem estar revestidos com
Paramentos de seus Altos Cargos, quaisquer dos membros da Obediência, quando a maior
Autoridade Maçônica da Grande Loja, presente, cumpre missão especifica, outorgada ou
determinada pelo Grão-Mestre, visto que, neste caso, há atividade da Alta Administração,
justificando-se comitiva, onde o cargo denota assessoria e não posto.

É também pertinente, por interpretação deste que escreve, o uso dos Paramentos dos Altos
Cargos, a qualquer tempo, pelos ex-Grão-Mestres, Delegados e Assessores Distritais: os ex-Grão-
Mestres, pelo insigne cargo que ocuparam, sempre devem ser vistos como Grão-Mestres; os
Delegados e Assessores Distritais, porque são representantes do Grão-Mestre, podem e devem,
mesmo em suas próprias Lojas, estar revestidos com os Paramentos distintivos de seus Altos
Cargos, pois, o exercício de seus ofícios independem de tempo ou lugar. É por isto que o cargo de
Delegado do Grão-Mestre é incompatível com quaisquer outros cargos nas Lojas do Simbolismo,
eletivo ou não. A adequação dos Regulamentos e Códigos atuais à nova Constituição deverá
estabelecer para os Assessores Distritais a mesma incompatibilidade.

Os Paramentos Maçônicos podem ser insígnias de grau, de função ou emblemáticos; quando de


função, ou cargo, estabelece relações litúrgicas de Ofício. O Obreiro que não esteja exercendo as
funções que indicam suas insígnias, em posto ou em assessoria, não deveria, por lógica formal, com
elas estar revestido.

A Insígnia emblemática da Loja é o Estandarte; os Paramentos do Venerável de Honra, ou ex-


Venerável imediato (Past Master) é emblemático, pois, não designa cargo ou Ofício e sim título,
qualidade, benemerência; os paramentos do Venerável Mestre embora firmem cargo e encargo é,
também, emblemático, pois, o Venerável Mestre representa o Sol da Loja, a Sabedoria e,
principalmente, a imparcialidade. Justamente por isto é que o Past Master e o Venerável Mestre
quando e visita, convidados ou convocados se apresentam revestidos com seus Paramentos.

Se entendermos ser pertinente o uso dos Paramentos dos Cargos da Alta Administração em
qualquer sessão ou quaisquer eventos maçônicos nas Lojas do Simbolismo, seja qual for o cargo
que o portador exerça na Alta Administração, do mesmo modo, seria apropositado as Dignidades e
Oficiais das Lojas ostentarem, também, seus Paramentos em visitas a outras Lojas, o que seria a
maior festa para muitos Maçons dados a aparições coruscantes. Vigilantes, Secretários, Oradores,
Mestres de Cerimônias e outros Oficiais em visitas a suas coirmãs, paramentados segundo seus
cargos, poderiam, inclusive, reivindicar com justo motivo um lugar no Oriente.

Com muita propriedade o leitor atento dirá:

– Estas coisas não têm muita importância, o que importa de fato são os postulados, a
realização doutrinária, a filantropia, o trabalho profícuo, os ensinamentos que levam
ao progresso moral e social.

E é exatamente este o ponto: alguns, felizmente poucos, mas, formadores de opinião, estão mais
interessados em aparecer com seus Paramentos Azulões do que trabalhar para o engrandecimento
de sua Loja e, por extensão da Maçonaria como Construtora Social.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Títulos Profanos

No tratamento protocolar maçônico não deve haver distinção ou inclusão de títulos profanos
precedendo ou completando títulos ou cargos maçônicos. Preceitua o 22º Landmark:

“Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem


distinção de prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade
confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas”.

Landmark, por princípio fundamental, tem que ser conciso e objetivo. Os Landmarks não se
estendem em dispositivos complementares de exposição de razões ou motivos. Conduzir nossa
interpretação no sentido de validar o uso de títulos profanos no tratamento maçônico, desconsidera
e desrespeita o 22º Landmark. Quando se lê: “... NAS REUNIÕES MAÇÔNICAS”, significa que,
primeiro: “Reunião” é a formação de um grupo de pessoas e, segundo: “maçônicas” são as coisas
referente a Maçonaria. Deste modo é elementar e fácil compreender que as Reuniões Maçônicas
não são apenas as templárias ou litúrgicas; indica, também, aquelas onde estão reunidos dois ou
mais Maçons, em ambiente maçônico ou em qualquer ambiente, tratando de assuntos maçônicos.
Nestes ambientes – conjunto de condições materiais e morais que envolve Maçons e Maçonaria –
títulos profanos não são condizentes; há não ser por adulação ou conveniência pessoal. Na “prova
da terra”, na parede escura daquele lugar sombrio de meditação lê-se:

“Se és apegado às distinções humanas, retira-te, pois nós aqui não


as conhecemos”

Esta intrépida mensagem na Câmara de Reflexões é categórica e terminante, não permite outras
interpretações quanto a sua natureza moral; aplica-se, independentemente de tempo e lugar, a
quaisquer reuniões ou comunicações, seja oral ou escrita. Na Maçonaria Simbólica proibi-se o uso
de Títulos Maçônicos referentes aos Altos Graus (do 4 ao 33), como então adotar ou permitir o uso
de títulos profanos? Estariam, em Maçonaria, acima dos títulos concedidos pelo Supremo Conselho
do R∴E∴A∴A∴? Para a alegria de séqüitos adulatórios está de bom tamanho, não há problema
algum na bajulação. Entretanto, imagine só: “Sargento e Ven∴ Mestre Irmão ...; General e 2º
Vig∴ Irmão...; Pastor e 1º Diácono Irmão...; Vereador e Past Master Irmão... e por aí vai.

Aqueles que conhecem a história da Maçonaria no Brasil sabem quem foi seu mais importante,
nobre Maçom e Grão-Mestre. Os títulos profanos desde Maçom não apareciam no tratamento
protocolar maçônico; também, sequer o seu nobre nome – Don Pedro I. Em Maçonaria o Imperador
do Brasil, em era tratado, simplesmente, por Irmão Guatimozin. Ou, no máximo, tal como assinava
em seus decretos, Grão-Mestre Guatimozin.

Sobre os ignorantes

Quando se reescreve um texto, se, por descuido muda-se, exclui-se ou inclui-se um ponto ou
uma vírgula, pode-se alterar, também, a narrativa, a história. Revisões são extremamente
importantes, mas, não devem ser apenas técnicas – ortográfica e gramatical – pois, não visam, nem
revisam, possíveis alterações acidentais que afetam o conteúdo moral ou filosófico da mensagem
que o texto encerra. Sendo assim, proposições originais podem ser deturpadas conduzindo o leitor a

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

deduções contraditórias, como podemos constatar na quinta instrução do Ritual de Aprendiz


Maçom, onde se lê:
“Eis porque os ignorantes são grosseiros, irascíveis e perigosos;
perturbam e desmoralizam a sociedade... São inimigos do
progresso, que, para dominar afugentam as Luzes, intensificam as
trevas e permanecem em constante combate com a verdade, o bem
e a perfeição”.

O termo “ignorante” designa conceito rigorosamente definido; é aquele que não tem
conhecimento de determinada coisa; pessoa que não tem instrução. Comparemos o texto original
transcrito dos Rituais antigos onde há coesão, clara é a mensagem, de fácil entendimento a narrativa
e convincente a exposição.

“Porque a ignorância torna fraco o homem e deixa-o presa fácil


dos tiranos e do fanatismo, impedindo que os homens conheçam
seus direitos. Os inimigos do progresso, (os tiranos e os fanáticos e
não os ignorantes) para dominar, afugentam as luzes, intensificam
as trevas e permanecem em constante combate contra a Verdade,
contra o Bem e contra a Perfeição”. (O grifo e nosso) Ritual dos
Graus Simbólicos – Grande Loja do Rio de Janeiro, pág. 137 –
1960.

Fluidos Benéficos
Fluidos: S. m. pl. No ocultismo, suposta influência ou força
misteriosa que emanaria dos astros, dos seres e das coisas, e que
explicaria formas de energia aparentemente inexplicáveis.
(Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Com a justificativa de que faz parte dos Usos e Costumes, muitos Veneráveis dizem que “a
B∴ de PP∴ e II∴, além dos bons Fluidos dos Irmãos colheu ...”. Acrescentar “Fluidos” na
ritualística maçônica abre discussão entre Irmãos de crenças diferentes, pois, cada razão tem seu
próprio ponto de vista; todos teriam o mesmo direito de acrescentar prodígios de suas Fés – Prana,
Ectoplasma e outras modalidades de influências psicossomáticas.

O Ritual é claro: (RAM Pág. 40) “V∴ Mestre: (Após conferir o conteúdo da B∴) Comunico a
Oficina que a B∴ de PP∴ e II∴, colheu ... CCol∴ Grav∴ que passarei a decifrar.” Nada mais.
Mesmo porque, havendo algum tipo de energia emanada por boas intenções, e, se fosse possível
depositar e colher estes “fluidos” em uma bolsa, isto seria feito através da bolsa que recebe a
solidariedade, a beneficência, o auxílio; as boas intenções – A Bolsa do Tronco de Solidariedade –
e, não a bolsa de coletas administrativas – Bolsa de Propostas e Informações.

Egrégoras

A Maçonaria é uma instituição de construção social, universal e iniciática, essencialmente


filosófica, filantrópica e progressista; embora seja religiosa, porque seus membros são religiosos,

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

ela não é uma religião. Complementa-se que no R∴E∴A∴A∴, não há prática de Artes
Divinatórias – ocultismo ou “mancias”.

Considerando que alguns Irmãos (como este que escreve, em tempos passados) crêem,
enaltecem, invocam e temem as chamadas egrégoras, cabe a seguinte recomendação: PESQUISEM,
PROCUREM DESCOBRIR O QUE SUPOSTAMENTE SEJA UMA EGRÉGORA E O
CONCEITO QUE SEUS DEFENSORES FAZEM DESTA ENTIDADE. Em qualquer site de busca
na Internet (o melhor é www.google.com) pode-se encontrar dezenas de páginas ligadas ao
Ocultismo e com referências ao tema. Constatar-se-á que o conceito geral que fazem os defensores
das chamadas egrégoras é de uma entidade engendrada e plasmada pela força da mente de seus
devotos e que adquire individualidade, vontade própria e, boa ou má, interfere na vida e no destino
das pessoas.

Avalie você mesmo a questão: já lestes nos Rituais da Maçonaria, Simbólica ou Filosófica
(Altos Graus), de qualquer potência, de qualquer país ou idioma algo sobre as egrégoras? Alguma
vez participastes de sessões maçônicas voltadas para práticas, técnicas e articulações místicas na
intenção de desenvolver ou alimentar as chamadas egrégoras? Você, respeitável Irmão, nas sessões
maçônicas, de olhos serrados ou semi-serrados, em introspecção ou em oração alguma vez pediu ou
desejou que a energia que emana de seu corpo físico e astral fossem utilizados para a formação ou
alimentação das chamadas egrégoras? Se isso não ocorreu, como podem, os defensores das
egrégoras, considerar você um DEVOTO de algo que não desejou, e sequer sabe o que é ? A
conclusão salta aos olhos: pretendem que foi ALHEIO A SUA VONTADE. Como podes então tu,
meu Irmão, alimentardes uma suposta entidade que não sabes como atua, onde atua e quais os
resultados de sua atuação? Queres crer em algo só porque te disseram que deves crer? É um Auto-
engano – a crença em algo obviamente falso, que só se explica pela interferência de elementos
superficiais ou subjetivos como o desejo, a paixão e o temor. O auto-engano é a mente do homem
ludibriando a si mesma.

Muitos Maçons, Construtores Sociais que são e praticantes da Verdadeira Arte, já descobriram
a verdade. Mas, compreensivelmente se omitem, sabem que se manifestarem suas opiniões a
desafeição com certeza se apresentará por aqueles, que embora bons Obreiros, bons amigos e
Irmãos, elegeram as chamadas egrégoras em dogma maçônico, esquecendo-se que em Maçonaria só
existe uma invocação e esta e feita ao GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO QUE É DEUS.

“O conhecimento ocultista é uma faca de dois gumes, e quem


procura desvendar os seus segredos e descobrir os seus mistérios
deve estar cônscio da séria responsabilidade inerente a esta
tarefa”. (Michael Howard, - The Occult Conspiracy - Editora
Campus)

Apesar de tudo, a tua fé deve ser respeitada. Se quiserdes crer e praticar as egrégoras, magias e
“mancias” faça-o. Sobre isto a Maçonaria diz:

“Cultiva a tua religião ininterruptamente, segue as inspirações de


tua consciência; a Maçonaria não é uma religião, não professa um
culto; quer a instrução leiga; sua doutrina se condensa toda nesta
máxima – Ama o teu próximo” (Ritual Grau 1 – Princípios
Fundamentais).

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Por isso lembrem-se queridos Irmãos Obreiros das Colunas, lembrem-se, líderes da Maçonaria,
o Templo maçônico não é local para invocações ou práticas estranhas a Maçonaria. Existem na
doutrina maçônica elementos de algumas ciências ocultas, mas apenas como referências; como
suporte indicativo para algum ensinamento moral ou social. Na Maçonaria estuda-se arte e ciência,
e, dentre outras, fazem parte a Astrologia, a Numerologia e a Magia. Isto, porque “A Maçonaria
não impõe nenhum limite à livre investigação da verdade”. Todavia, devemos considerar que entre
o estudo e a prática existem grandes distâncias doutrinárias. A Maçonaria não é uma escola
ocultista, embora, alguns Maçons se esforcem para em tal transformá-la, pois, é mais fácil
demonstrarem suas mestrias por conceitos sobrenaturais que não precisam ser explicados, a ter que
estudar, ler, pesquisar; fundamentar suas interpretações na verdade histórica, na razão, na
racionalidade.

Tenho evitado a utilização de pronomes pessoais, principalmente da 1ª pessoa do singular, e os


pronomes possessivos, também não gosto de “testemunhos”, não raro carregam a pedante tríade
vaidade - orgulho - ostentação. Todavia, necessário se faz dizer que: não sigo uma linha religiosa
rígida, mas sou religioso. Um dia ajoelhado em um Templo Maçônico alguém me perguntou
“Senhor, nos extremos lances de vossa vida, em que depositais confiança? Respondi – EM DEUS”
e, não nas egrégoras. Creio no Grande Arquiteto do Universo que é Deus. Pelo meu lado Cristão
não aceito que o Divino Mestre Jesus Cristo seja uma egrégora criada pelos homens; pelo meu lado
Católico sou devoto de São Sebastião que não é uma egrégora criada pelos homens; pelo meu lado
místico esotérico creio em nossos tradicionais e imorredouros Bons Fluidos, gerados em nossas
reuniões; creio na fluídica sinergia vitalizadora de nossas Cadeias de União em prol de nossos
Irmãos necessitados de saúde; creio na luz indelével da aura de meus Irmãos que promovem a
fraternidade na Maçonaria e contemplam nosso ser com a afetividade no abraço, no beijo e no
sincero olhar amigo. Em fim, pelo meu lado religioso não permitirei que forças desconhecidas
utilizem minha inteligência para supostamente criar entidades com vontade própria e com pretensos
poderes supremos. A manutenção da lenda do terceiro grau é um Landmark (3º), justamente, pelo
maior ensinamento que prodigaliza: nunca procurarmos evoluir por métodos fáceis, sem o trabalho
incessante, a prática da virtude e da razão, pois, assim o fizeram J∴ J∴ J∴

Vibrar na Cadeia de União

É um erro dizer que vamos “vibrar” na, ou a, Cadeia de União. O movimento dos braços
descritos no detalhamento dos procedimentos é de elevação e abaixamento por três vezes. Isto é, no
ritmo da Aclamação; a cada palavra. É um procedimento ritualístico maçônico e não ocultista. Não
há tremuras, benzeduras passes ou comoções sensoriais. Não façamos da Cadeia de União uma
extensão de nossas crenças religiosas.

“Aquele para quem a religião e o consolo supremo, a Maçonaria


diz: cultiva a tua religião ininterruptamente, segue as inspirações
de tua consciência; a Maçonaria não é uma religião”.
“A Maçonaria é, portanto, acessível aos homens de todas as
crenças religiosas”. ( Declaração de Princípios - Ritual do
Aprendiz Maçom).

Mas, não é acessível a “enxertos” de crendices religiosas em sua liturgia – superstições – as


quais combate em todas as suas modalidades.

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Tomar emprestados símbolos atrelados a conceitos divinatórios de sociedades ocultistas,


auspiciar procedimentos milagrosos ou supersticiosos, apresentando-os, à guisa de que tudo que é
místico é maçônico, é contemplar os inimigos da Ordem com os argumentos que tanto anseiam, é
baixar nossas defesas para os ataques de clérigos intolerantes.

Ensina-nos os mestres, desde a mais tenra idade maçônica, que devemos estar sempre alerta
para que nas múltiplas interpretações de nossos Mistérios, subjuguemos crendices, vícios e paixões
à fiel obediência a nossos Sublimes Princípios.

Instalação X Posse

É fala corriqueira dizer-se que o Venerável foi Instalado e vai tomar posse em... Instalação e
Posse são sinônimos:
INSTALAR V. t. d. e i. = Dar posse de um cargo ou dignidade;
investir.
INVESTIR V. transobj. = Dar, formalmente, posse ou investidura
a; fazer entrar de posse; empossar: (Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa).

Na cerimônia de Instalação, presidida pelo Grão-Mestre ou um M∴I∴ por ele designado, o


Venerável Eleito toma posse do cargo de fato e direito, porque, repetimos, Instalação e Posse são
sinônimos. Naquela cerimônia o V∴ C∴ de MM∴ II∴ abre seus trabalhos; o Venerável de cada
Loja apresenta seu Venerável Eleito; o presidente do Conselho, na qualidade de Mestre Instalador,
conduz a Cerimônia para que os novos Veneráveis recebam de suas mãos a EFETIVIDADE DE
SUA INSTALAÇÃO e prestem seus juramentos; é narrada a lenda que revela os segredos e
significados dos SS∴, T∴ e PP∴; recebe, ritualisticamente, o Malhete das mãos do Grão-Mestre
ou seu preposto, se reveste das insígnias de um Venerável – a fita com a Jóia do cargo e o Avental
– finalmente, e efetivamente, é instalado no Trono do Rei Salomão. Encerra-se a cerimônia, quando
os novos Veneráveis são saudados e proclamados por todos os presentes como VENERÁVEL
MESTRE. Portanto, cabe ao Ven∴ Mestre que deixa o cargo, na próxima sessão de sua Loja, –
imediatamente seguinte a de Instalação do Ven∴ Eleito – transferir o Malhete a seu sucessor, que
presidirá, naquela sessão, a Cerimônia de Posse da ADMINISTRAÇÃO da qual, inclusive e
obviamente, faz parte.

É um absurdo um Venerável eleito e Instalado não assumir suas funções imediatamente e ficar
subordinado a um ex-Venerável, inclusive, com seu período administrativo vencido. Este declarou,
sob juramento, que aceitava o cargo ATÉ que fosse eleito e INSTALADO um sucessor para o seu
lugar. Para que não restem dúvidas, reza o Ritual de Instalação:
“... coube-me a subida honra de instalar-vos no alto posto (e posto
é cargo) para o qual fostes eleito”.
“... declaro aceitar o CARGO de Venerável Mestre de minha
Loja... ATÉ que seja devidamente eleito e INSTALADO um
sucessor em meu lugar”

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Se esses argumentos ainda não forem suficientes, leia-se o artigo 51 do Regulamento Geral da
GLMERJ, alínea “d”.
“Instalação, que é a cerimônia litúrgica na qual o venerável da
Loja é instalado NESSA QUALIDADE, procedendo-se, a seguir, a
POSSE DOS DEMAIS OFICIAIS”.

Outra prática completamente desprovida de fundamentos e até mesmo de legalidade, é quando


eleito como novo Venerável um Mestre Maçom, já instalado, este, venha assumir a presidência da
Loja sem renovar seu juramento. Todos os demais Dignitários e Oficiais eleitos ou nomeados para
uma nova administração e que exerceram os mesmos cargos no passado, ratificam seus juramentos
e são investidos com as devidas formalidades.

Na Cerimônia de Instalação, quando no Juramento de Fidelidade, na declaração de aceitação


do cargo de Ven∴ Mestre, o Ven∴ eleito faz duas promessas: a primeira refere-se aos deveres
concernentes àquele encargo, incontestavelmente ligada ao exercício da função; limita-se ao
mandato – “durante os meses que se sucedem, até que seja devidamente eleito e instalado um
sucessor em meu lugar”. A segunda promessa é a de cumprir e fazer cumprir todas as leis, pessoal
e estritamente. Promessa, aquela, que encerra em sua essência a qualidade de um Mestre Instalado.

Na cerimônia de Investidura da Administração, depois de transformado os trabalhos para


Grau três, seria mais Regular e esmerado (Com autorização do Grão-Mestrado) o Venerável mandar
cobrir o Templo, ou ter o Templo coberto, os Mestres não instalados, abrir em sessão o V∴ Cons∴
de MM∴ II∴ da Loja – em número igual ou maior que três – e iniciar a Investidura do M∴ I∴
eleito Venerável, com três procedimentos simples e indispensáveis, ou sejam, o Juramento em sua
primeira promessa, a transferência do Malhete e paramentos, e a proclamação com as respectivas
saudações. Também, não haveria nenhuma transgressão as leis ou a ritualística se o Ven∴eleito
fizesse seu juramento com a presença dos MM∴ MM∴, naturalmente, sem abrir em sessão o
V∴ Cons∴ de MM∴ II∴ da Loja.

Escolta Armada

Um grupo de pessoas, armadas, enviadas para conduzir alguém, designa-se escolta. Quando
armadas significa que sua missão é defender ou guardar o conduzido. Caracteriza-se mais ainda
como ato de resguardo quando as armas não estão em seus coldres ou bainhas e sim em posição de
ataque e defesa.

Escoltar [De escolta + -ar2.] V. t. d. = Acompanhar para defender


ou guardar: Os policiais escoltaram os presos até a cadeia.
(Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

Na Cerimônia de Iniciação quando o Ven∴Mestre tem conhecimento que no Átrio encontra-se


um profano que desejoso de ver a Luz força a entrada do Templo, precavendo-se, destaca uma
escolta armada para vigiá-lo; na cerimônia de Exaltação quando o Ven∴Mestre tem conhecimento
que no Átrio encontra-se um Comp∴ pedindo para ser Exaltado ao Grau de Mestre Maçom,
surpreso, o Venerável, precavendo-se, destaca uma escolta armada para vigiá-lo, pois ele é susp∴
de crim∴; porém, na Cerimônia de Elevação, quando o Ven∴ Mestre tem conhecimento que no

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Átrio encontra-se um Aprendiz com intenções de entrar no Templo pedindo aumento de salário, não
destaca escolta armada, pois, sabe que não há necessidade; o Aprendiz tem direto de fazê-lo, é
regulamentar; não é profano nem susp∴ de crim∴Citamos esses exemplos para melhor
entendimento de nossa opinião sobre a inclusão do texto abaixo na recente edição do Ritual de
Instalação da GLMERJ.
“.... Ir∴ M∴ de CCer∴, ide ao Átrio, acompanhado de três MM∴
II∴, armados de Espadas e trazei o Ven∴ Mestre Eleito ao
Oriente...”

Este procedimento é mais um dos “costumes arraigados” que se insere nos Rituais da
GLMERJ, e neste caso, por interpretação estendida e equivocada do decreto 17/92/95 que trata da
RECEPÇÃO de Autoridades e Visitantes, onde se lê:
“As Lojas da jurisdição deverão RECEBER os Visitantes, na
ausência do Grão-Mestre.... da seguinte forma: ... d) Os
Veneráveis Mestres e os Ex-Veneráveis, pelo Irmão responsável
pelo Cerimonial mais três Mestres PORTANDO espadas, ...”

Não há motivos para o Ven∴ Eleito ser defendido ou, muito menos, vigiado. Naquela sessão
solene ele é recipiendário – tem algo a receber – tem de ser RECEPCIONADO; a comissão é de
RECEPÇÃO; não vai ao Átrio, ela aguarda o Maçom com direito a esta Pompa à Porta e no interior
do Templo. Tal qual, aguarda o Grão-Mestre e o Grão-Mestre Adjunto, quando em “Abóbada de
Aço”. Nota-se que os Obreiros que formam a “Abóbada” não conduzem o Grão-Mestre até o
Oriente, isto é função de Ofício do M∴ de CCer∴ Se um grupo de Oficiais armados, seguem o
Obreiro até seu destino é uma Escolta e não Comissão de Recepção.

Portar Espada

Portar Espada não significa, necessariamente, posição de ataque e defesa – arma na mão.
Portar significa trazer consigo e no caso de Espada, embainhada. Mas, isto foi suprimido dos
Rituais – não há mais às expressões próprias e autenticas do Rito, tais como, “cingidos de Espadas”,
“Espadas a cinta” ou “Espadas embainhadas”. As “bainhas” das espadas e suas referências foram
suprimidas, tanto, dos textos ritualísticos como da indumentária do Obreiro. Esse desaparecimento
levou a necessidade de adequações quanto à postura do Obreiro que traz Espada consigo. Estas
adequações afetaram, pelo seu surgimento, outros procedimentos como podemos ver na última
edição do Ritual de Aprendiz da GLMERJ, onde se lê:

“A Espada, ... quando seu portador estiver de pé e à Ordem, deve


ficar com o punho colado ao corpo junto ao quadril e a lâmina
voltada para cima em direção ao ombro oposto. Quando sentado
apoiar as duas mãos sobre seu punho e a ponta voltada para o
chão”.

Quando se suprime algo da ritualística para adequar temos que avaliar suas implicações e
aplicações em outras ações. O sinal de Ordem é claramente definido nas instruções de cada Grau e é
feito com as mãos, É PROIBIDO FAZER QUALQUER SINAL COM INSTRUMENTOS DE
TRABALHO. Se quando de pé, portando Espada estamos à Ordem, a postura, então, passa a ser um

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sinal de Ordem e, por conseguinte, estaremos fazendo este sinal com um instrumento de trabalho. E
o que dizer do Obreiro, quando sentado, manter as mãos apoiadas sobre o punho da Espada (todos
apóiam na cruzeta) por duas ou três horas – tempo aproximado de uma sessão maçônica. Além de
representar um castigo para o Obreiro, não é uma posição muito elegante. Por outro lado, as
adaptações para evitar o desconforto de ficar apoiado sobre a Espada surgiram com a rapidez do
“jeitinho brasileiro”: O G∴ do Templo, que, na prática e a qualquer tempo, é o único que porta
Espada, punha a ponta desta por dentro do calçado, deste modo, evitava que a ponta deslizasse no
chão derrubando a Espada. Mas, isto já foi suplantado. A maioria das Lojas adotou uma base com
peso suficiente e com um orifício no molde da ponta da Espada, que a sustenta e mantém ereta. Não
se admirem, se daqui a alguns anos, lermos nos Rituais a descrição detalhada desta base que dará
total “liberdade” a Espada – livre que ficou da bainha e depois do próprio Obreiro.

O Círculo com o Ponto

Nos Rituais do Grau 1, independente da Obediência, encontra-se a figura do Painel Alegórico


da Loja de Aprendiz. Em alguns foi suprimido da figura um dos maiores símbolos da Maçonaria
Universal: o desenho do Círculo com um Ponto no meio, figura, esta, presente em todos os Painéis
do passado.

“O Círculo que se nota na parte frontal do Altar tem inserido no


centro um Ponto. ... é um símbolo tradicional que aparece em
todos os Painéis antigos” (Rizzardo da Camino - Os Painéis da
Loja de Aprendiz - Editora A Trolha).

“Ainda nos diz o Ritual que este círculo situa-se entre duas linhas
paralelas representando, ao norte, Moisés; e, ao Sul, o Rei
Salomão, tendo em seu centro o Livro da Lei, sustentando a
Escada de Jacó e que, enquanto o Maçom se conservar assim
circunscrito, não pode errar”. (Caderno de Pesquisas 17 - Editora
Trolha).

“Em toda Loja Maçônica Regular, Justa e Perfeita, existe um


ponto dentro de um círculo, que o verdadeiro Maçom não pode
transpor ... Na parte superior deste círculo, fica o Livro da Lei que
suporta a Escada de Jacó ...” (Ritual de Aprendiz Maçom -
Segunda Instrução).

Loja de Mesa (Banquete Ritualístico)

O Banquete Ritualístico Maçônico é uma FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO onde se


comemora as passagens dos solstícios2, uma das mais antigas tradições da Maçonaria.

Como tudo em Maçonaria a preparação do local para a realização desta fraterna cerimônia deve
ser esmerada; a ornamentação com respeito aos Rituais; os utensílios1, tanto litúrgicos como de
mesa, limpos e brilhantes como brilhante deve ser a festa; as iguarias (materiais de demolição),
leves e naturalmente saborosas, sem os artifícios da cozinha laboratorial.

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Tudo que se faz em Maçonaria é à Glória do Grande Arquiteto do Universo, todavia, sem
sectarismo religioso. O Banquete Ritualístico NÃO TEM NENHUMA CONOTAÇÃO
RELIGIOSA. Isso é o que preceitua o Ritual. O Banquete não deve e não pode ser transformado em
SANTA CEIA. A seqüência de expressões e gestos na realização dos brindes durante a cerimônia é
uma alegoria; simulam o alinhamento de uma bateria de canhões, o carregamento de bocas-de-fogo
e uma salva de tiros em homenagem a personalidade ou a instituição que naquele momento está
sendo brindada. As alegorias dos Brindes e da “Carga de Cavalaria3” são apelos às lendas
nobiliárquicas4, fazendo ressurgir a lembrança das Lojas Militares. O Banquete Ritualístico
Maçônico não é Celebração de Eucaristia.5

Os brindes obrigatórios são feitos depois do primeiro serviço, ou seja, o primeiro prato, e, o
primeiro prato é o cordeiro6 com pão árabe e alface. Não há porque proibir a ingestão de bebidas
durante a degustação dos materiais; há diferenças entre beber e brindar; os brindes, estes sim, é que
são feitos depois do primeiro serviço; o primeiro serviço é o simbólico; naquele momento é
repartido o pão. Nossos antigos Irmãos dos tempos da Maçonaria Operativa de onde vêm nossas
raízes e, o povo do Oriente, de onde se espelha nossa doutrina e filosofia, comiam o pão embebido
em vinho, sempre foi costume. Isto não quer dizer que tenhamos que fazê-lo, mas, serve para
fundamentar nossos argumentos; os alimentos (Materiais de Demolição) podem e devem ser
degustados junto com a bebida. O hábito de consumir vinho como acompanhamento de alimentos é
milenar, proibir de fazê-lo carece de instrução maçônica e profana na medida que contraria até
mesmo as regras da etiqueta gastronômica universal. Não se justifica sob hipótese alguma, mística
ou cerimonial, determinar que as barricas e os canhões não devam ser tocados durante a demolição
dos materiais.

Música, flores e brindes de saúde não podem faltar nestas reuniões, mormente quando a
Ordem imprime às mesmas aquele caráter de confraternização. Após os brindes obrigatórios podem
ser celebrados outros brindes especiais à instituições ou pessoas reconhecidamente merecedoras.
Todavia, deve-se evitar a banalização das saúdes por exageros na retórica e adulações por
preferências pessoais, sob o risco de tornar o procedimento, tribuna de frivolidades.

Na terminologia do Banquete, em todos os rituais conhecidos, encontramos: Pólvora Preta


(Café), Pólvora Amarela (Cerveja), Pólvora Forte (Licores) etc., mas, principalmente, Iguarias ou
Materiais de Demolição (Alimentos). Ora, o termo iguarias significa, além de comida fina, delicada
e apetitosa, comidas variadas, por isto, nada impede um cardápio mais diverso; iguarias leves de
fácil digestão, por exemplo: saladas de grãos e verduras, carne de aves, carne de peixes e frutas para
as sobremesas – alimentos comuns à mesa da raça humana desde da mais antiga das civilizações
conhecidas.

Não trata, nossas observações de mudar o costume, mas, sim de resgatá-lo, rejeitando as
tentativas de santificação desta magna festa de confraternização que, em última análise histórica, é,
desde os tempos dos Pitagóricos, nada mais do que um grande ágape fraternal. Já por análise lógica
não permite outras interpretações além daquela que salta aos olhos do atento observador ritualista: o
tema de caráter benemerente de valores morais e sociais.

Elevar o Banquete à sublimação mística, pelas práticas de princípios religiosos ou eclesiásticos,


dá forças aos inventores de plantão que não perdem oportunidades de enxertar na ritualística
maçônica suas manias e crendices.

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As afirmativas que se seguem, as mais comuns que se tem notado nas cerimônias de Loja de
Mesa, devem ser evitadas e até mesmo combatidas por não apresentarem fundamentações no
mínimo razoáveis; referências históricas e até mesmo racionais:
“Banquete Ritualístico é a Páscoa7 Maçônica”
A verdade: Páscoa é celebração religiosa Hebraica e Cristã e não Maçônica.
“A fita vermelha, sobre a mesa, serve para lembrar a décima
praga do Egito.8”
A verdade: A fita representa a linha de uma frente de combate pela alegoria dos brindes. Ela
pode ser vermelha ou azul, dependendo do Rito, indica o alinhamento das armas – Barricas e
canhões.
“As folhas de alface servem, também, para limpar as mãos da
gordura do cordeiro antes de serem ingeridas”
Sem comentários.
“Os garfos (Picaretas) não devem ser usados e que todos os
Alimentos (Materiais) devem ser consumidos servindo-se apenas
das mãos”.
O bom senso: Os garfos – “Picaretas” – estão ali de enfeite? E as mãos...? Presumidamente
limpas depois de cumprimentos, de abraços, de coçadas e esfregas. Isto, sem contar com o
manuseio de Rituais, Malhetes, Bastões, Livro de Presenças e Paramentos, que sabemos, sempre
estão “Iimpinhos” – Apenas o repartir e a divisão dos Pães e feito usando somente as mãos. O
procedimento é simbólico; no aprendizado maçônico é matéria elementar a observância do
simbolismo nos procedimentos ritualísticos.
“Nos Brindes deve-se esgotar todo o conteúdo do copo (Canhão)”
O bom senso: As Saúdes ou Brindes são as palavras de saudação e homenagem que se faz
antes de sorver uma bebida, não o ato de sorver a bebida. Esgotar a bebida do copo em um só gole é
procedimento que sugere um vulgar vira-vira-vira das festas etílicas profanas.
“Os alimentos, ao serem servidos, devem ser ingeridos totalmente,
antes de se reiniciar os procedimentos ritualísticos”
A verdade litúrgica: Este procedimento está totalmente em desacordo com o Ritual onde o
Venerável diz: ... "Meus Irmãos, dediquemo-nos, POR UNS MOMENTOS, a demolir os
materiais”. A degustação se faz durante toda a duração da cerimônia, tal qual as bebidas. O
Banquete é um jantar formal e não um balcão de Fast-Food.
Os Banquetes Solsticiais, realizados em sessão de Loja de Mesa, atualmente, estão se tornando
festas resumidíssimas, pois, não são poucos aqueles que se esforçam para transformá-la em Santa
Ceia para em seguida profanizá-la, pois, torna-se a prática generalizada o hábito de realizar-se dois
ágapes: o primeiro, o ritualístico; degusta-se um pedaço de cordeiro, uma folha de alface, reparte-se
o Pão. Muitas vezes nem mesmo há Cadeia de União; o segundo ágape, o glutão-etílico; encerrados
os trabalhos ritualísticos retiram-se os ornamentos e paramentos, as gravatas são embolsadas,
camisas abertas, mangas arregaçadas e a boca é livre para comilança e falatório. Fazem parte deste
segundo Banquete, entre outros pratos, a farofa com macarrão, o estrogonofe com feijão e outras
misturas “explosivas” para o estômago. Nos recentes Banquetes realizados em churrascarias, quase
sempre, a cerimônia é meteórica para logo descer o espeto com a suculenta picanha e subir a falação
sobre futebol, pescarias e política.

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Rito Escocês Antigo e Aceito - Graus Simbólicos Paulo Roberto Marinho de Almeida

Para que os Banquetes Ritualísticos sejam de fato uma festa de confraternização, conforme
nossas tradições é necessário haver iguarias, alocuções; brindes, outros, além dos obrigatórios;
música, flores e homenagens. Enfim, uma pura festa maçônica; alegria com fartura, liturgia com
fidelidade, gastronomia com moderação; comportamento nobre, asseio pessoal e coletivo.

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Utensílios – 1. Pavilhão Nacional (Bandeira do Brasil) 2. Estandarte da Loja. 3. Carta
Constitutiva. 4. Mesa Triangular para o Altar dos Juramentos. 5. Mesa em forma de ferradura e
cadeiras. 6. Mesa separada para os "Materiais". (Alimentos) 7. Três jarras para flores. (Ven∴ e
VVig∴) 8. Livro da Lei. 9. Esquadro e Compasso. 10. Quatro castiçais de uma vela. (para: Livro
da Lei, Ven∴ Mestre. 1º e 2º Vigilantes.) 11. Bastões (para o M∴ de CCer∴ e Diáconos) 12.
Malhetes. (Ven∴ Mestre e Vigilantes) 13. Alfaias (Fitas c/ Jóias do cargo para: Ven∴, VVig∴,
Orador, Secretário, Tesoureiro, Chanceler, M∴ de CCer∴, M∴ de Banquetes e G∴ do Templo.
14. Rituais (De Loja de Mesa) 15. Peça de Oratória para o Past Master explicativa dos motivos do
Banquete e seus procedimentos. 16. Peça de Oratória para o Orador sobre a tradição do Banquete e
sua história. 17. Fita vermelha para toda a extensão da mesa. 18. Velas de cera para L∴ da L∴, o
Ven∴ e VVig∴ 19. Incenso suave. 20. Toalhas brancas para a Mesa Ferradura e Mesa de
"Materiais". (Alimentos) 21. Guardanapos de papel tamanho grande (50X50) para a "Cadeia de
União". 22. Pratos (Telhas) 23. Talheres – Garfo e faca. (Alfanje e Espada) 24. Taças (Canhão)
Uma para cada conviva. 25. Copos descartáveis para água. 26. Papel toalha. 27. Saleiros. (Areia
Branca) 28. Flores. (Pelo menos uma para cada conviva)
2
Solstícios. O homem primitivo imaginava os solstícios, como aberturas opostas do céu - como
portas -, por onde o Sol entrava e saía. Distinguia a diferença entre as duas épocas do ano por uma
de frio e outra de calor, conceito que inicialmente, lhe serviu de base para organizar o trabalho
agrícola. O que ocorre na natureza e que quando o Sol, em sua órbita aparente, atinge a maior
distância angular do equador terrestre, ocorrem os chamados solstícios. No hemisfério Sul, os
solstícios situam-se nos dias 21 de junho - solstício de inverno - e 21 de dezembro - solstício de
verão. A primeira data marca a passagem do Sol pelo primeiro ponto do trópico de Câncer,
enquanto a segunda é a passagem pelo primeiro ponto do trópico de Capricórnio.
3
Carga de Cavalaria – A “Carga de Cavalaria” não faz parte da ritualística do Banquete. Ter sido
acolhida nos Rituais da Grande Loja não lhe confere genuinidade. Todavia, a beleza de sua alegoria,
o simbolismo de seus procedimentos e o vigor de sua mensagem de combate ao mal e exaltação ao
bem, recomenda sua realização. A “Carga de Cavalaria” é uma exortação de forte apelo
sentimental; um ato de repulsa a tudo que é nocivo e avilta ao homem. Para sua realização, que é
opcional, os trabalhos deverão ser suspensos conforme determina o Ritual.
4
Nobiliarquia – Relativo à nobreza; estudo das origens e tradições das famílias nobres, armas,
brasões, etc.
5
Eucaristia – Um dos sete sacramentos da Igreja Católica, no qual, segundo a crença, Jesus Cristo
se acha presente, sob as aparências do pão e do vinho, com seu corpo, sangue, alma e divindade;
designa, também, missa, banquete sagrado, comunhão, ceia do Senhor, memorial do Senhor.

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Cordeiro – Muitos confundem carneiro ou cabrito com cordeiro. O filhote ainda novo da ovelha é
que se chama cordeiro, normalmente até doze meses de vida.
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Páscoa - Na época pré-mosaica era a festa da primavera, equinócio de março (hemisfério norte),
de pastores nômades; depois foi transformada pelos hebreus em memorial de saída do Egito; mais
tarde, festa anual dos cristãos, que comemora a ressurreição de Cristo, celebrada no primeiro
domingo depois da lua cheia do equinócio de março.
8
Praga do Egito – O povo hebreu, no êxodo – na fuga do Egito e da ira do Faraó –, por Ordem de
Moises, besuntou as vergas das portas de suas casas com sangue de cordeiro para protegerem seus
primogênitos do anjo da morte enviado por Deus – “É que nessa noite atravessarei todo o Egito, e
matarei todos os primogênitos no país, desde os homens até os animais, e infligirei castigos contra
todos os deuses do Egito. Eu, o Senhor. Mas, o sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes.
Vendo o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora quando eu ferir o
Egito. Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por
todas as gerações, como instituição perpétua”. Êxodo cap. 12 vs de 7 a 12.

“Venerança e Filosofismo”

Ritual do Aprendiz Maçom, Cerimônia de Iniciação; palavras do Orador ao Iniciando:

“O que em um profano seria uma qualidade rara, não passa, no


Maçom, do cumprimento do dever. TODA A OCASIÃO QUE
PERDER DE SER ÚTIL É UMA INFIDELIDADE; ...”

Maçom útil, “Venerança” não existe, ELIMINE ESSE BORRÃO DA MAÇONARIA, é uma
corruptela, ou seja, uma palavra corrompida, um abuso ao vocábulo verdadeiro que é
VENERALATO, induz, ainda, a erros mais grosseiros, como, “Venerância” ou se pior fosse
possível, “Veneralança”.

Filosofismo possui designações claramente definidas e grafia correta, entretanto, se usado na


Maçonaria com menção aos chamados, Graus Filosóficos é pejorativo.

Filosofismo [De filósofo + -ismo.] S. m. Mania de Filosofar.


Falsa filosofia. Mania [Do gr. manía, 'loucura'.] S. f.
Excentricidade, extravagância, esquisitice. Mau costume; hábito
prejudicial; vício. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

Filosofismo. S. m. (derivado de filosofia), é um termo


depreciativo, que significa falsa filosofia, mania de filosofar. Por
uma pretendida analogia com o termo simbolismo, usado para
designar a Maçonaria Simbólica. Muitos Maçons usam o vocábulo
filosofismo para designar o terreno dos Altos Graus, também
chamados Graus Filosóficos. Esse uso é indevido, impertinente e
incorreto, já que o termo é depreciativo, ou pejorativo, não
devendo ser aplicado a uma prática maçônica; preferem-se as

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expressões Altos Graus ou Graus Filosóficos. (José Castellani -


Dicionário Etimológico Maçônico - Editora A Trolha).

Sempre que alguém pronunciar estas coisas – Venerança e Filosofismo – alerte-o,


discretamente, seja útil a seu Irmão e fiel a Ordem.

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Sobre a Cerimônia de Iniciação

A Luz

Na Cerimônia de Iniciação, pergunta o Ven∴ Mestre ao profano:

“... Que quereis senhor? Por que vindes perturbar nossas


meditações?”.

Alguns Irmãos costumam instruir o profano a responder com as seguintes palavras: “Um lugar
entre vós” ou “Ser Maçom” ou ainda “Ser iniciado na Maçonaria”. Todas estas respostas são
equivocadas, não há conciliação com suas referências no texto da dramatização. O correto é
simplesmente dizer-se “A Luz”. É só estar atento ao Ritual e observar a narrativa.

“... Suspendei vossa espada Ir∴ G∴ do Temp∴, pois ninguém


ousaria entrar neste recinto sagrado sem vossa permissão.
Desejoso de VER A LUZ, este profano VEM HUMILDEMENTE
PEDI-LA...”
“... tereis então, retirada a venda material que prende vossa alma
e não mais precisareis de guia em vosso caminho. Foi para isso
que aqui batestes PEDINDO PARA VER A LUZ”.

Constrangimentos ao iniciando

Alguns Maçons ainda não compreenderam que causar constrangimentos aos iniciandos –
homens de bons costumes e escolhidos para serem seus Irmãos – é um desproposito inaceitável que
beira as raias da covardia. A dramatização da cerimônia de iniciação não é tablado de comédia
satírica.

“... sendo terminantemente proibidos quaisquer tipos de chistes ou


gracejos dirigidos ao iniciando, bem como posturas inadequadas
aos mesmos.” (Ritual Grau 1 - Preparação do Candidato).

“Como sabeis, este ato é um dos mais solenes da nossa


Instituição” (Início da Cerimônia de Iniciação).

Taça Sagrada

Na prova da Taça Sagrada, onde é mais forte o sentimento do iniciando e a dúvida de ter
cometido uma falsidade o aflige, à ordem do Venerável: “Retirai o profano”, este, deve “ser
conduzido para entre Colunas com brandura e a Loja no mais completo silêncio”, pelas mãos do
mesmo Obreiro que o recebeu em Templo com as tranqüilizadoras palavras: “Eu sou o vosso
guia, tende confiança em mim e nada receies”.

É triste, testemunhar procedimentos incongruentes, quando o iniciando descalço, peito nu, olhos
vendados – suposta condição de inferioridade –, sendo puxado pelos braços, sentindo o tropeço no
próximo passo e, ainda com o sabor amargo da bebida sorvida, ouvir sussurros degradantes do tipo:

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... “Coitado estava indo tão bem... Xii... foi reprovado... Olha o rosto dele, parece que mentiu”.
Tudo isto acompanhados de risotas, cochichos e interjeições sibiladas de falsos lamentos. É de fazer
chorar, não só ao candidato submetido à assembléia da Arte Real, mas, também, ao Maçom
ritualista. Este sim, que envergonhado altera-se o semblante.

Cena de São João

A rigor no cenário da dramatização de São João Batista morto não deveria haver o esquife. A
figura a ser mostrada ao profano seria somente de uma cabeça. Fazendo-se a representação com o
esquife, o que é inadequado, recomenda-se, pelo menos, que não se use nenhuma Espada estocada,
por simulação, no corpo do Irmão que representa São João, isto demonstraria uma grande falta de
conhecimento, pois João Batista foi morto por decapitação.

Considerações Finais

Concluímos o presente “trabalho” na esperança de ter contribuído e, convictos de que a


fidelidade maçônica deve ser como o Prumo de Amós, aferindo condutas e conceitos; posto no meio
do povo maçônico, entre um Irmão e a Loja, penderá sobre os estatutos da Loja; entre a Loja e a
Obediência, penderá sobre os estatutos da Obediência. Sendo assim, fica claro compreender que e
entre nossa opinião e os Rituais a inclinação natural é, e sempre deverá ser, para os Rituais. É dever
do Maçom respeitar e cumprir as determinações contidas nos Rituais, mesmo que, por sua
interpretação, alguns procedimentos neles descritos possam parecer equivocados, desnecessários ou
obsoletos.

Procurar o aperfeiçoamento é dever de todo Maçom. Perfeitos na acepção da palavra, jamais


seremos. Não nos deixar levar pelos vícios de nossas imperfeições já será um grande avanço na
estrada progressista que é a Maçonaria. No fluxo e refluxo das marés de hipocrisias e vaidades,
muitos banalizam a Liturgia, subjetivam a Ritualística e pisam nos diplomas legais que um dia
juraram respeitar e fazer cumprir. Estes, certamente, terão como juízes suas próprias consciências,
se esclarecidas, e como verdugo a percepção dos resultados de suas más ações.

Há algum tempo vimos dizendo que em Maçonaria nossas interpretações, devem sempre estar
fundamentadas em três indicativos conceituais: Lei, História e Razão, necessariamente, nesta
ordem, ou seja, a interpretação se inspira nesta fórmula. A história e a razão não podem sobrepor-se
a lei – lei positiva e não lei ou direito consuetudinário – está escrito? Cumpra-se. Já a razão não
deve imperar sobre a história, pois, a Maçonaria está impregnada de lendas “históricas”, além da
história de sua própria existência e, as lendas não têm nenhum compromisso com a verdade,
todavia, fazem parte dos Landmarks e da didática maçônica. Os procedimentos ritualísticos
maçônicos, principalmente aqueles de caráter iniciático, são fundados na história da Maçonaria e
nas lendas das antigas instituições nas quais a Maçonaria espelha sua doutrina – não é lei, mas faz
parte da historia ou das lendas, vale por excelência; interpretemos por elas. Podemos concluir então,
por último caso, que quaisquer procedimentos não normatizados, estatutária ou ritualisticamente, e
que não estejam relacionados com a história ou as lendas, somente podem ser interpretados pela
razão, que traduz lógica, coerência e discernimento e não gosto e preferências, pessoais ou de credo
religioso

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Bibliografia

A Bíblia Sagrada Edição Pastoral – Versão Católica – Ed. Pallus – 1990.


A Filosofia da Maçonaria Simbólica – Raimundo Rodrigues – Ed. A Trolha – 2000.
A Maçonaria na Evolução da Humanidade – Felippe Cocuzza – Ed. Ícone – 1994.
A Simbólica Maçônica – Jules Boucher – Ed. Pensamento – 1979.
Astrologia e Maçonaria – José Castellani – Ed. Madras – 1997.
As Pedreiras de Salomão – León Zeldis – Ed. A Trolha – 2001.
A Viagem do Descobrimento – Eduardo Bueno – Ed. Objetiva – 1998.
Comentários ao Ritual de Aprendiz – Nicola Aslan – Ed. A Trolha - 1995
Constituição da G∴L∴M∴E∴R∴J∴– Ed. Nacional Gráfica e Editora – 1989.
Dicionário Etimológico Maçônico – José Castellani – Ed. A Trolha – 1989.
Dicionário de Termos Maçônicos – José Castellani – Ed. A Trolha – 1995.
Manual do Rito Moderno – Frederico G. Costa/José Castellani – Ed. A Trolha – 1995.
Maçonaria e Direito – José Wilson Ferreira Sobrinho – Ed. A Trolha – 2001.
Mosaico Maçônico – René Joseph Charlier – Ed. A Trolha – 1995.
Os Maçons Construtores – Joseph Fort Newton – Ed. A Trolha. 2000.
Os Painéis da Loja de Aprendiz – Rizardo da Camino – Ed. A Trolha – 1994.
Rito Escocês Antigo e Aceito, História, Doutrina, Prática – J. Castellani – Ed. A Trolha
Ritual do Aprendiz Maçom – G∴L∴M∴E∴R∴J∴– Ed. Futurart – 1999.
Ritual do Companheiro Maçom – G∴L∴M∴E∴R∴J∴– Ed. Futurart – 2003.
Ritual do Mestre Maçom – G∴L∴M∴E∴R∴J∴– Ed. Futurart – 2004.
Ritual dos Graus Simbólicos – G∴L∴R∴J∴ – 1960
The Occult Conspiracy – Michael Howard – Ed. Campus – 1998.

Contatos: Paulo Roberto - ritoescoces@aol.com

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