São Cristóvão – SE
25 de Setembro de 2017
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Sumário
1. Introdução
2. Objetivo
3. Metodologia
3.1. Descrição da peça
3.2. Identificação do problema ou necessidade
3.3. Modelagem dos cálculos
3.4. Análise dos Mapas de Propriedades
3.5. Seleção dos Materiais
4. Descrição do Torno de Bancada
5. Manipulo
5.1. Definições iniciais
5.2. Esforços Atuantes
5.3. Análise de um limite de escoamento mínimo
5.4. Análise do Mapa de Propriedades dos Materiais
5.5. Processo de decisão de escolha do material
5.6. Resultados
6. Mordentes
6.1. Definições iniciais
6.2. Esforços Atuantes
6.3. Análise Módulo de Elasticidade Mínimo
6.4. Análise do Mapa de Propriedades dos Materiais
6.5. Processo de decisão de escolha do material
6.6. Resultados
7. Conclusão
8. Bibliografia
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Índice de Figuras
Figura 1 - Modelo de morsa no qual o trabalho foi baseado
Figura 2- Manipulo
Figura 3 - Manípulo com os esforços atuantes
Figura 4 - Gráfico para determinação de um fator de concentração
Figura 5 -Mapa de Propriedade Limite de escoamento x Densidade
Figura 6 - Opções de materiais para fabricação do manipulo
Figura 8 - Mordentes
Figura 9 – Mordente com os esforços atuantes
Figura 10 - Mapa de Propriedade Módulo de Elasticidade x Densidade
Figura 11 - Opções de materiais para a seleção dos Mordentes
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Critérios para escolha do coeficiente de segurança
Tabela 1 - Critérios para escolha do coeficiente de segurança
Tabela 2 - Raio x Limite de escoamento com base na equação (14)
Tabela 3 - Materiais selecionados e suas propriedades
Tabela 4 - Custo total da utilização de cada material para fabricação do manipulo
Tabela 5 - Critérios de seleção para o manipulo e seus respectivos pesos
Tabela 6 - Tenacidade dos possíveis materiais do manipulo
Tabela 7 - Matriz de decisão para o manipulo
Tabela 8 -Altura X Módulo de Elasticidade com base na equação (19)
Tabela 9 - Materiais Selecionados e suas Propriedades de interesse (Mordentes)
Tabela 10 - Custo total de cada material para o Mordente
Tabela 11- Critérios de seleção para os mordentes e seus respectivos pesos
Tabela 12 - Tenacidade dos possíveis materiais dos Mordentes
Tabela 13 - Matriz de decisão para os mordentes
3
1. Introdução
2. Objetivo
3. Metodologia
4
Na etapa de descrição da peça, definiu-se a função e a aplicação básica dos
componentes do torno de bancada que o trabalho presente se propôs a estudar: os
mordentes e o manipulo. Identificou-se, também, a peça original na qual o trabalho
realizado foi baseado, que corresponde ao torno de bancada linha profissional nº 4,
modelo TBP059 da marca METALSUL.
Nessa última etapa de projeto, foram atribuídos pesos específicos para cada um dos
critérios de seleção, considerando a importância de cada um deles para o adequado
funcionamento dos componentes projetados. Em seguida, montou-se uma matriz
decisória contemplando o grupo de materiais definidos na etapa anterior e notas para cada
critério foram atribuídas a eles. Uma média ponderada foi, então, calculada para cada
material e aquele que obteve o maior valor foi classificado como o mais apto para a
aplicação desejada. Esses dois processos finais foram realizados para cada um dos
componentes estudados.
5
4. Descrição do Torno de Bancada
5. Manipulo
5.1. Definições iniciais:
a) Função: O manipulo da morsa de bancada tem a função de transmitir uma força
ao parafuso, que consequentemente irá fechar a boca da morsa.
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b) Objetivos: Maximizar sua resistência (𝜎𝑦 ) e minimizar a sua massa.
c) Restrições: O manipulo deve apresentar uma resistência mínima, um custo
relativamente baixo e um comprimento especificado, que seria tirado do modelo
selecionado. Também deve apresentar boa resistência a corrosão, boa
usinabilidade, boa disponibilidade no mercado e boa reciclabilidade. Por fim, é
importante que esse material seja tenaz, para absorver uma certa quantidade de
energia e, consequentemente, não sofrer fratura durante seu uso.
d) Variáveis livres: As variáveis livres para o manipulo são a escolha do material e
o diâmetro.
Figura 2- Manipulo
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• Flexão
𝑀𝑐 4𝑘𝐹𝑥
𝜎=𝑘 𝐼
= 𝜋𝑟 3
(1)
• Tensão de cisalhamento
4𝐹 4𝐹
𝜏𝑥𝑦 = 3𝐴
= 3𝜋𝑟 2 (2)
8
Para a tensão de cisalhamento temos:
4 × 100
𝜏𝑥𝑦 = = 0,663 × 106 𝑃𝑎
3 × 𝜋 × (0,008)2
Usaremos, então, o critério de falha de von Mises,
𝜎𝑣𝑚 = √𝜎𝑥2 + 3𝜏𝑥𝑦
2 (4)
9
Assim,
𝐹𝑆𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑚á𝑥 (2,2,3) = 3
Logo, considerando um coeficiente de segurança igual a 3, temos:
𝜎𝑒𝑠𝑐
𝜎𝑥 = (7)
3
A partir do resultado da equação 11, podemos definir nosso índice de mérito (IM)
cujo máximo é o nosso objetivo, logo, temos:
2
3
𝜎𝑒𝑠𝑐
𝐼𝑀 = (12)
𝜌
Com a equação (14), é fácil perceber que, tornando todos os outros termos
constantes, o valor do raio para o manipulo se relaciona com um valor mínimo para o
limite de escoamento.
Como usaremos o parafuso principal do modelo selecionado, isso por si só
representa uma restrição para o diâmetro do manipulo. Entretanto, iremos supor alguns
valores de limite de escoamento e analisar o que acontece com o raio do manipulo na
tabela 2 abaixo.
10
Tabela 3 - Raio x Limite de escoamento com base na equação (14)
Assim, da tabela, é bem claro que valores de limite de escoamento menores que
150 MPa são inviáveis por conta do enorme e desproporcional diâmetro que eles
acarretariam para o manipulo. Por isso, é aceitável e razoável considerar a restrição do
limite de escoamento mínima de 150 MPa. Esse valor será utilizado nos mapas de
propriedades como uma restrição.
5.4. Análise do Mapa de Propriedades dos Materiais
O índice de mérito (IM) encontrado relaciona densidade e limite de escoamento.
Por isso, trabalharemos no mapa Limite de Escoamento (MPa) x Densidade (kg/m³)
para encontrar os possíveis candidatos a material do nosso manipulo.
Primeiramente, é preciso definir um material de referência. O material escolhido
para isso foi o aço 1020, uma vez que é comercialmente utilizado (boa disponibilidade) e
possui limite de escoamento de 300 MPa, superior aos 150 MPa que definimos como
restrição mínima.
Depois disso, devemos obter o coeficiente da reta que passará por esse material
de referência. Isso é feito da seguinte forma:
1
𝑘
𝜎𝑒𝑠𝑐
Temos que o índice de Mérito é definido por:𝐼𝑀 = , o coeficiente angular da reta, isto
𝜌
é, sua inclinação, é dada simplesmente pelo k. Como nosso índice de Mérito calculado
2
3
𝜎𝑒𝑠𝑐 3
foi 𝐼𝑀 = , temos que a inclinação da reta é 2.
𝜌
11
Abaixo se encontra o gráfico utilizado no processo de seleção do material:
12
Assim, os materiais a serem selecionados como candidatos na confecção do
manipulo se encontram à esquerda da reta marrom e acima da reta verde.
A partir da figura 4, percebemos que os materiais aptos para serem selecionados
para fabricação do manipulo são ligas metálicas, aços, cerâmicas e compósitos. Dessas
famílias, iremos selecionar alguns materiais que serão analisados de acordo com os
critérios estabelecidos anteriormente.
A tabela abaixo (Tabela 3) mostra os materiais que foram selecionados dentre
todos os que estavam aptos:
Tabela 4 - Materiais selecionados e suas propriedades
Limite de
Material escoamento Densidade
(MPa) (g/cm³)
Fibra de carbono de força 3750 1,8
elevada
Alumina 99,5% 250 3,84
Liga de tungstênio AISI T4 2140 8,6
Aço inoxidável AISI 304 690 7,85
Titânio comercial puro 379 4,51
Ferro fundido nodular 526 7,15
Aço estrutural ASTM A36 310 7,8
Com os dados da tabela (3), podemos calcular, para cada material, o índice de
Mérito (IM), o raio mínimo necessário (r) e a massa (m) do manipulo para este raio. Para
os cálculos usaremos as equações (3), (12) e (14). Segue abaixo os resultados:
a) Fibra de carbono de força elevada:
IM = 134,09
r = 2,75 mm
m = 8,98 g
b) Alumina 99,5%:
IM = 10,33
r = 6,77 mm
m = 116,11 g
c) Liga de tungstênio AISI T4;
IM = 19,31
r = 3,31 mm
m = 62,16 g
d) Aço inoxidável AISI 304:
IM = 9,95
r = 4,83 mm
m = 120,82 g
e) Titânio comercial puro:
IM = 11,61
r = 5,90 mm
m = 103,57 g
13
f) Ferro fundido nodular:
IM = 9,11;
r = 5,29 mm
m = 132 g
g) Aço estrutural ASTM A36:
IM = 5,87;
r = 6,31 mm
m = 204 g
Agora, com o índice de Mérito (IM), o raio do manipulo (r) e a massa (m) do
manipulo calculados para cada tipo de material, podemos criar outra tabela com o custo
que teremos ao selecionar um dos materiais:
Tabela 5 - Custo total da utilização de cada material para fabricação do manipulo
14
Tabela 6 - Critérios de seleção para o manipulo e seus respectivos pesos
Feito isso, necessitamos saber como cada material se comporta em cada um desses
critérios. Para isso, utilizamos um Matriz de decisão que avalia cada material listado na
tabela (3) em relação a cada critério da tabela (5), atribuindo notas para cada um deles
baseando-se na experiência no bom senso, seguida do cálculo de uma nota final, resultante
da média ponderada entre cada um dos critérios com seus respectivos pesos. Esta nota
final será o que vamos considerar para a escolha do material a ser utilizado.
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Diante do resultado, temos que para todos os materiais com índice de mérito
menor ou igual a 3,6 (aproximadamente 4) teriam nota 0 nesse critério. E, então, as notas
são distribuídas em intervalos de 4 em 4, até chegar ao valor de 16, a partir da qual a nota
será 4. Isso nos proporciona uma avaliação mais justa diante da desporporcionalidade de
um dos valores do índice de mérito dos materiais selecionados.
Por fim, temos uma escala para as notas de:
0 ≤ 𝐼𝑀 < 4 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 0
4 ≤ 𝐼𝑀 < 8 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 1
8 ≤ 𝐼𝑀 < 12 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 2
12 ≤ 𝐼𝑀 < 16 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 3
16 ≤ 𝐼𝑀 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 4
Para os custos, foi utilizada a seguinte escala para uso na matriz de decisão:
𝑅$ 0 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 1,6 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 4
𝑅$ 1,6 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 3,2 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 3
𝑅$ 3,2 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 4,8 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 2
𝑅$ 4,8 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 6,4 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 1
𝑅$ 6,4 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 8 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 0
Agora só falta analisar a tenacidade. Para o nosso manipulo iremos restringir a
tenacidade à fratura, que é uma propriedade que determina a facilidade que uma trinca,
em um determinado material, tem de se propagar. Existem dois tipos de materiais, os
frágeis e os dúcteis. Os materiais frágeis não permitem deformação plástica, então
teremos um 𝐾1𝑐 pequeno para esses materiais. Já os materiais dúcteis, se deformam
plasticamente antes da fratura e, consequentemente, possuem um valor alto de 𝐾1𝑐 .
Diante dessa análise construiremos uma tabela relacioando os materiais e seus
valores de tenacidade à fratura correspondente (valores de 𝐾1𝑐 adquiridos do banco de
dados do programa CES EduPAck 2013). E com os dados da tabela, faremos uma escala
onde atribuiremos notas para serem usadas na matriz de decisão.
Tabela 7 - Tenacidade dos possíveis materiais do manipulo
16
0 ≤ 𝐾1𝑐 < 28,8 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 0 (Material não passa devido à restrição mínima)
28,8 ≤ 𝐾1𝑐 < 57,6 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 1
57,6 ≤ 𝐾1𝑐 < 86,4 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 2
86,4 ≤ 𝐾1𝑐 < 115,2 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 3
115,2 ≤ 𝐾1𝑐 < 144 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 4
Por fim, para os restantes dos critérios foi utilizado a literatura e o bom senso entre
os materiais para a escala utilizada. Para o critério disponibilidade, foi julgado a facilidade
de se encontrar o material disponível para a compra. Para o critério usinabilidade, foi
considerada a facilidade de se deixar trabalhar em máquinas operatrizes. Para o critério
resistência à corrosão, foi considerada a resistência do material à oxidação da atmosfera
típica de trabalho do material, o local de trabalho geralmente é em oficinas. Por último,
para o critério reciclabilidade, foi considerada a facilidade do material em se submeter a
processos de reciclagem. Dessa forma, finalmente, foi construída a tabela (7) que
representa a matriz de decisão para os materiais previamente selecionados para fabricação
do manipulo.
Tabela 8 - Matriz de decisão para o manipulo
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5.6. Resultados
Através das etapas realizadas nas seções anteriores foram selecionados sete
materiais possíveis para a fabricação do manipulo do torno de bancada, que atendem os
objetivos e restrições de projeto. As propriedades e características de interesse desses
materiais, como limite de escoamento, custo, disponibilidade e usinabilidade foram,
então, estudadas e os critérios de avaliação foram determinados.
Em seguida, uma matriz decisória foi construída, na qual pesos referentes aos
critérios de avaliação foram definidos e notas relativas a esses critérios foram atribuídas
para cada material. Por meio da análise dessa matriz, foi possível determinar o material,
entre aqueles selecionados, que atendia de maneira mais adequada às exigências de
projeto, o qual corresponde ao material cuja média ponderada de suas notas obteve o
maior valor.
18
se o quadro geral.
O ferro fundido nodular é uma classe de ferro fundido onde o carbono (grafite)
permanece na matriz metálica, porém em forma esferoidal, característica que eleva a
ductilidade desse material em relação às outras classes de ferro fundido, além de melhorar
a usinabilidade e a estabilidade dimensional do corpo projetado, de maneira que esse tipo
específico de ferro fundido passa a apresentar propriedades próximas àquelas dos aços.
Esse material que também possui bons valores para a resistência a impacto e à fadiga,
geralmente é utilizado na fabricação de estruturas e equipamentos como tubulações de
água e esgoto, tratores agrícolas, bombas de poços e caminhões classe 8. O ferro fundido
em questão, apresentou um custo bastante acessível em termos de projeto e excelente
disponibilidade e notas boas para a usinabilidade e resistência à corrosão, todavia as notas
para reciclabilidade e tenacidade à fratura foram insatisfatórias e afastaram a
possibilidade de usar-se esse material na fabricação do manipulo.
19
máxima em todos os outros critérios, inclusive na tenacidade à fratura, critério para o qual
todos os outros materiais apresentaram sérias limitações. Em razão dessa conjuntura, o
aço inoxidável AISI 304 consagrou-se como o material mais adequado para a fabricação
do manipulo, com uma nota final de 12,86.
6. Mordentes
Figura 7 - Mordentes
20
Figura 8 – Mordente com os esforços atuantes
Onde,
P=força de compressão
L= espessura do mordente
E=modulo de elasticidade
A=área frontal do mordente
• Equação da massa
𝑚 = 𝜌. 𝐴. 𝐿 (21)
𝑚
𝐴 = 𝜌𝐿 (16)
Sendo que,
𝐴 = 𝑥𝑦 − 2𝜋𝑟 2 (17)
Onde,
x=comprimento do mordente
y=altura do mordente
r=raio do parafuso
Como nosso objetivo é maximizar o módulo de elasticidade e minimizar a massa,
temos que associar as equações anteriores para determinar o índice de mérito. Então,
substituindo a equação (16) na equação na (15), temos
𝑃𝐿
𝛿= 𝑚
𝐸 𝜌𝐿
Esta tabela (Tabela 9 -Altura X Módulo de Elasticidade com base na equação) deixa
claro que valores de módulo de elasticidade abaixo de 200GPa fogem da padronização da
Morsa especificada porque provoca a escolha de um mordente maior. Por isso, é aceitável
considerar a restrição de módulo de elasticidade mínimo de 200GPa. Esse valor será
utilizado nos mapas de Propriedades como uma restrição.
6.4. Análise do Mapa de Propriedade do Materiais
O índice de mérito (IM) determinado anteriormente, que relaciona módulo de
elasticidade com densidade, será utilizado no Mapa de propriedades para encontrar os
possíveis candidatos para os mordentes.
Inicialmente, é preciso selecionar um material de referência que no nosso caso será
Aço SAE 4340. Este aço possui uma boa combinação de resistência mecânica e
resistência à fratura e também possui elevada resistência à fadiga. Além disso, possui um
módulo de elasticidade de 205 GPa, superior aos 200 que definimos como restrição
mínima.
Depois disso, devemos obter o coeficiente angular da reta que passará por esse material
de referência. O índice de mérito é definido por:
1
𝐸𝑘
𝐼𝑀 =
𝜌
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O k representa o coeficiente angular da reta, isto é, sua inclinação. No nosso caso o
índice encontrado foi
𝐸
𝐼𝑀 = (20)
𝜌
Ou seja, a inclinação da reta é igual a 1. O gráfico utilizado no processo de seleção do
material se encontra abaixo:
Entre os materiais aptos a ser usados para os mordentes, temos ligas metálicas,
aços, cerâmicas técnicas. A tabela abaixo mostra os materiais que foram selecionados
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Tabela 10 - Materiais Selecionados e suas Propriedades de interesse (Mordentes)
Material Módulo de Elasticidade Densidade (g/cm3)
(GPa)
Aço SAE 4340 205 7,8
Alumina 99,9% (Óxido de 380 3,94
Alumínio)
Aço A286 211 7,92
Alumina AL500 317 3,71
Aço AISI 1020 215 7,9
Liga de tungstênio AISI 239 8,37
H25
Com os dados da Tabela 10 - Materiais Selecionados e suas Propriedades de
interesse (Mordentes), podemos calcular, para cada material, o índice de Mérito (IM), a
altura necessária (y) e a massa (m) do mordente para esta altura. Para os cálculos
usaremos as equações (20), (19) e (21). Segue abaixo os resultados:
h) Aço SAE 4340:
IM = 26,28
y = 19,79 mm
m = 125 g
i) Alumina 99,9%:
IM = 96,4467
y= 13,42mm
m = 429,77 g
j) Aço A286:
IM = 26,64
y = 19,25 mm
m = 123,91 g
k) Alumina AL500:
IM = 85,44
y= 13,07 mm
m = 39,41 g
l) Aço AISI 1020:
IM = 27,21
y = 18,91 mm
m = 121,42 g
m) Liga de tungstênio AISI H25:
IM = 28,55;
y = 17,08 mm
m = 116,2 g
Após calcular esses valores, podemos criar outra tabela com o custo total da
utilização de cada material:
24
Tabela 11 - Custo total de cada material para o Mordente
Feito isso, vamos fazer o mesmo processo de seleção usado no Manipulo. Para
determinação do índice de mérito mínimo vamos combinar o limite mínimo do modulo
de elasticidade, no caso 200GPa, com a maior densidade possível para um material com
esse módulo mínimo. Conforme o mapa da figura 8, temos que os materiais de maior
densidade são as ligas de níquel cuja densidade em média é de 8,3g/cm 3. Então, temos
que o nosso índice de mérito mínimo será:
𝐸𝑚í𝑛 200
𝐼𝑀𝑚í𝑛 = ≅ ≅ 24,096
𝜌𝑚á𝑥 8,3
Diante do resultado, temos que para todos os materiais com índice de mérito
menor ou igual a 24,096 (aproximadamente 24) teriam nota 0 nesse critério. E, então, as
notas são distribuídas em intervalos de 8 em 8, até chegar ao valor de 48, a partir da qual
a nota será 4. Isso nos proporciona uma avaliação mais justa diante da
desporporcionalidade de um dos valores do índice de mérito dos materiais selecionados.
Por fim, temos uma escala para as notas de:
25
0 ≤ 𝐼𝑀 < 24 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 0
24 ≤ 𝐼𝑀 < 32 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 1
32 ≤ 𝐼𝑀 < 40 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 2
40 ≤ 𝐼𝑀 < 48 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 3
48 ≤ 𝐼𝑀 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 4
Para os custos, foi utilizada a seguinte escala para uso na matriz de decisão:
𝑅$ 0 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 9 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 4
𝑅$ 9 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 18 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 3
𝑅$ 18 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 27 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 2
𝑅$ 27 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 36 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 1
𝑅$ 36 ≤ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 < 𝑅$ 45 → 𝑁𝑜𝑡𝑎 0
Agora só falta analisar a tenacidade. Para os mordentes iremos restringir a
tenacidade à fratura, que é uma propriedade que determina a facilidade que uma trinca,
em um determinado material, tem de se propagar. Existem dois tipos de materiais, os
frágeis e os dúcteis. Os materiais frágeis não permitem deformação plástica, então
teremos um 𝐾1𝑐 pequeno para esses materiais. Já os materiais dúcteis, se deformam
plasticamente antes da fratura e, consequentemente, possuem um valor alto de 𝐾1𝑐 .
Diante dessa análise construiremos uma tabela relacioando os materiais e seus
valores de tenacidade à fratura correspondente (valores de 𝐾1𝑐 adquiridos do banco de
dados do programa CES EduPAck 2013). E com os dados da tabela, faremos uma escala
onde atribuiremos notas para serem usadas na matriz de decisão.
Tabela 13 - Tenacidade dos possíveis materiais dos Mordentes
26
Por fim, para os restantes dos critérios
Tabela 14 - Matriz de decisão para os mordentes
Alumina 4 4 0 4 2 0 2
AL500
Aço AISI 1 3 4 4 5 4 3,36
1020
Liga de 1 4 4 3 2 1 2,3
tungstênio
AISI H25
6.6. Resultados
Esse material corresponde a uma cerâmica de extrema pureza que apresenta forte
inércia e dureza bastante elevada, além de ser bastante útil para aplicações em condições
de serviço severo que exigem excelente resistência mecânica e altas temperaturas de
operação. Esse óxido de alumínio ultrapuro pode ser empregado na confecção de
componentes que sofrem corrosão de plasma e em componentes isolantes de grau nuclear.
A alumina obteve notas máximas nos critérios de resistência a corrosão e reciclabilidade,
assim como no índice de mérito, entretanto a tenacidade a fratura extremamente reduzida,
27
por tratar-se de um material frágil, e o elevado custo de obtenção desse material tornaram
sua utilização incompatível com o projeto estudado, de maneira que ele atingiu uma nota
final correspondente a 2, segunda menor nota da matriz de decisão.
Esse aço caracteriza-se como uma superliga de ferro, níquel e cromo apropriado
para aplicações em que o componente projetado estará submetido a altos valores de
tensões trativas, pois apresenta um limite de escoamento bastante elevado. Outras duas
propriedades muito importantes desse material são suas resistências à corrosão e a
oxidação, permitindo a manutenção da integridade do componente em ambientes
extremamente agressivos. Essa superliga geralmente é utilizada em diversos componentes
estruturais nas indústrias de óleo e gás, em compressores, em motores a jato e em
componentes de turbinas geradoras de energia. Esse material obteve notas muito altas
para a maioria dos critérios de projeto, mas em razão de suas notas tolerável e
insatisfatória para o índice de mérito e tenacidade à fratura, respectivamente, mostrou-se
bastante inadequado para o projeto dos mordentes e sua nota final (1,32) foi a menor entre
todos os materiais analisados.
Esse material é uma cerâmica cuja composição química apresenta teores de cerca
de 94% de óxido de alumínio e possui uma excelente combinação de propriedades
mecânicas, térmicas, elétricas e químicas entre as quais é possível citar elevadas
resistências mecânica e dureza, baixa expansão térmica, alta resistividade volumétrica e
elevada resistência a ataques químicos. Em razão desse conjunto de propriedades essa
cerâmica torna-se útil para aplicações em sensores de pressão para medição de fluxo de
fluido, componentes de tubos eletrônicos, etc. As notas obtidas em cada um dos critérios
para a alumina AL500 foram idênticas àqueles referentes a alumina 99,9% de maneira
que a reflexão feita anteriormente a respeito desse último material também é válida para
o primeiro.
28
bastante viável, financeiramente, para a aplicação desejada e as notas atribuídas aos
requisitos de resistência a corrosão e reciclabilidade foram, respectivamente, muito boa e
boa. Todavia, quanto aos outros requisitos de projeto, a liga de tungstênio obteve um
desempenho abaixo do esperado e sua nota final foi apenas mediana.
Esse aço é uma liga que apresenta quantidades significativas de níquel, cromo e
molibdênio em sua composição química, a fim de obter-se elevada dureza e possibilitar a
manutenção de altos valores de resistência mecânica após o material ser submetido a
tratamentos térmicos. Além dessas propriedades o aço em questão possui boa
conformabilidade e algumas áreas em que sua aplicação é visível são o desenvolvimento
de aeronaves para uso comercial e militar, de sistemas automotivos e de fabricação de
virabrequins de aço forjado. Esse material obteve um valor de índice de mérito
considerado tolerável para o projeto, mesmo assim seu desempenho em todos os outros
requisitos foi exemplar, sua disponibilidade é maior entre os materiais analisados e as
notas nos demais requisitos foram muito boas. A nota final desse aço na matriz decisório
foi de 3,5, a maior de todas, de maneira que o aço SAE 4340 foi escolhido para a
fabricação dos mordentes.
7. Conclusão
Ao longo do trabalho presente foi realizada uma análise geral para a seleção dos
materiais mais adequados para a fabricação de dois dos componentes mecânicos de um
torno de bancada: o manipulo e os mordentes. Para tanto foram traçados objetivos
específicos para o projeto desses componentes, definidas as restrições e explicitadas as
variáveis livres que poderiam ser trabalhadas. Em seguida, com base na teoria da
mecânica dos materiais, os cálculos referentes aos esforços mecânicos aos quais cada um
dos componentes estudados estaria submetido, nas condições de operação, foram
estruturados e resolvidos. As ferramentas da seleção de materiais foram, então, utilizadas
a fim de analisar-se os dados obtidos na etapa do equacionamento matemático,
comparando-os com as propriedades dos materiais disponíveis através dos mapas de
propriedades, e assim um grupo preliminar de possíveis materiais destinados a fabricação
dos componentes foi selecionado. Posteriormente foram definidos os critérios de
avaliação e atribuídos pesos a cada um desses critérios e com base neles notas foram
definidas para cada material. Por fim, as informações foram sintetizadas em matrizes de
decisão, nas quais o material que atingisse a maior nota final corresponderia ao material
no qual o componente em questão seria fabricado.
Verificando os resultados para a seleção do material do manipulo, considerando que
o objetivo principal era maximizar a resistência e minimizar a massa, o material que
atendia os requisitos de projeto mais adequadamente foi o aço inoxidável AISI 304. Para
os mordentes, por sua vez, sabendo que o objetivo central era maximizar a rigidez e
minimizar a massa, o aço SAE 4340 foi escolhido como o material que supria da maneira
mais eficiente as necessidades de projeto. É importante ressaltar aqui que, em ambos os
processos de seleção, os materiais escolhidos não foram aqueles que apresentavam o
maior índice de mérito, mostrando assim que apesar desse critério ter significativa
influência no projeto como um todo, ele por si só não define o melhor material para uma
dada aplicação, visto que existem diversos fatores internos e externos ao processo de
fabricação que precisam ser considerados.
29
8. Bibliografia
• <https://www.mecanicaindustrial.com.br/439-o-que-e-um-torno-de-bancada/>.
Acesso em: 24 de setembro de 2017
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