O Delegado de Polícia ao final firmado, no exercício dos
poderes conferidos pelo artigo 144, IV, § 4º da Constituição Federal; no artigo 2º, § 1º, da Lei 12.830/13; diante dos fatos investigados nos autos do Inquérito Policial nº_______, com fundamento no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal bem como na Lei 9.296/96, vem à presença de Vossa Excelência requerer a interceptação das comunicações telefônicas e a quebra de sigilo telefônico do prefixo n. º () _____, vinculado à pessoa de Fulano de Tal, já qualificado, diante dos fatos e fundamentos a seguir.
Dos fatos.
Trata-se de inquérito instaurado para apurar crime de
prevaricação e associação criminosa.
Na ocasião, quatro assaltantes, que trajavam ternos e usavam
máscaras com os rostos de ex-presidentes da República, conseguiram acessar o interior do estabelecimento bancário, após explodirem a porta giratória com uma granada de mão.
Uma vez dentro do banco, os criminosos renderam os
vigilantes, os funcionários, bem como seus clientes. Ao identificarem o gerente da agência, JOSÉ ROMEU GUIMARÃES, dois dos criminosos o levaram para o cofre, onde passaram a subtrair toda a quantia existente no interior. Foram roubados cerca de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) em espécie. Após recolherem o dinheiro, os criminosos deixaram a agência e fugiram em uma PAJERO, placa ________, roubada dois dias antes em Taguatinga, no Distrito Federal.
O veículo foi encontrado carbonizado na cidade de
__________, o que inviabilizou a coleta de vestígios em seu interior.
Apesar de toda a ação dos criminosos ter sido filmada pelo
circuito interno do estabelecimento bancário, os peritos da Polícia Civil não conseguiram recolher saliências papilares dos roubadores no lugar.
Cumpre ressaltar que JOSÉ ROMEU GUIMARÃES teve seu
IPHONE 5 subtraído por um dos criminosos, enquanto eles estavam no interior do cofre.
Tão logo o subscritor deste tomou ciência da subtração do
aparelho telefônico, notificou JOSÉ ROMEU GUIMARÃES para que comparecesse à ________ Delegacia de Polícia, para apresentar a caixa ou a nota fiscal do aparelho, pois ambas possuem o IMEI do celular.
Ao checar o aplicativo pertinente, a Autoridade Policial e a
vítima constataram que o aparelho telefônico estava nesta Capital, porém em local incerto.
Do direito.
Por meio da Lei 9.296/96, o legislador infraconstitucional
regulamentou a possibilidade da interceptação das comunicações telefônicas, prevista no artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal. Por extensão, também é possível, com autorização judicial, acessar dados telefônicos para fins de investigação policial ou instrução processual penal. A possibilidade de acesso aos dados telefônicos bem como a interceptação telefônica são medidas que se revelam imprescindíveis para as investigações criminais, uma vez que não há outro meio de prova disponível, apto a elucidar o crime.
A interceptação telefônica em sentido estrito é a captação da
conversa entre interlocutores, desenvolvida por meio de aparelhos telefônicos, por um terceiro, no caso um agente da Polícia Civil, desconhecido deles. Já a “quebra” é o acesso aos dados telefônicos, que ocorre quando são analisados os dados cadastrais dos usuários do aparelho, os extratos telefônicos, que possuem a identificação das ligações efetuadas, recebidas e não atendidas, bem como das mensagens enviadas e recebidas, no caso a partir de 19/10/2014 até a data do fornecimento das informações, bem como a indicação das Estações Rádio Base.
No caso em tela, estão presentes os requisitos exigidos para o
deferimento de tais diligências: a prática de crime punido com pena privativa de reclusão (roubo majorado) e a imprescindibilidade da medida, pois não há outro meio de prova disponível. Apesar de ainda não existirem indícios de autoria ou participação na infração penal, o parágrafo único do artigo 2º da Lei 9296/96, permite que se requeira a interceptação mesmo quando não houver a individualização do suspeito. Do pedido.
Diante das razões de fato e de direito expostas, a Autoridade
Policial ao final firmada requer o deferimento, no prazo de vinte e quatro horas, da interceptação telefônica e do acesso aos dados telefônicos do prefixo telefônico n.__________ (e/ou dos prefixos vinculados ao representado; do IMEI), pelo prazo de quinze dias, contados a partir da efetivação da medida, que será realizada por meio de gravação de áudio, vídeo e texto. Com o deferimento do pedido, será necessária a requisição de serviço técnico junto às operadoras de telefonia para implementação das diligências. O subscritor deste dará ciência do teor das investigações ao órgão do Ministério Público, com atribuição para oficiar no feito e, ao final da diligência, apresentará relatório circunstanciado sobre os resultados, que será anexado aos autos do presente, no momento determinado pela legislação.