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TROMBOEMBOLISMO PULMONAR

(INTRODUÇÃO 1. Estados de Hipercoagulabilidade Pós-operatório e Trauma


Primários (Trombofilias)
A Embolia Pulmonar (EP) é ocasionada pela presen- A estase e a imobilização associados ao pós-opera-
ça de materiais, endógenos ou não, que chegam aos A identificação de uma resposta anticoagulante pre- tório podem se manter (e às vezes até mesmo aumen-
pulmões, obstruem em grau variado seus vasos, e cária à proteína C ativada (Resistência à PCA - APC tar) após a alta do paciente, pois muitos pacientes
determinam uma série de manifestações, como resistance), representou um dos maiores avanços que são forçados a deambular durante a hospitaliza-
dispneia, hipoxemia e dor torácica. A fonte mais co- no campo do estudo da coagulação nesta década. O ção, geralmente ficam mais restritos ao leito em casa.
mum desse 'material' é sem dúvida nenhuma êmbo- fenótipo desta condição consiste em um fator V que
los provenientes de trombos venosos de membros não possui um sítio de clivagem aonde iria atuar a Por outro lado, existem procedimentos cirúrgicos de
inferiores. Entretanto, existem outras substâncias que proteína C. Este fator V anormal (mutante) é denomi- alto risco para a TVP (Trombose Venosa Profunda)
funcionam como 'êmbolos', e que se encontram no nado fator V de Leiden. como os ortopédicos (prótese total de joelho e qua-
grupo de causas não trombóticas de EP. Poderíamos dril), nos quais a anticoagulação profilática é manda-
citar as células neoplásicas, partículas de gordura Esta mutação é identificada em cerca de 3 a 7% da tória. O pós-operatório de cirurgias para malignida-
(politrauma - embolia gordurosa), as bolhas de ar, população caucasiana dos Estados Unidos, sendo des ginecológicas e da próstata também possui ris-
partículas de silicone etc. raríssima entre negros e orientais. Em vários estudos co elevado. Cerca de 17% de pacientes que apresen-
a 'resistência à PCA' foi identificada em 10 a 64% dos tam um episódio isolado de TVP, não associados a
A doença embólica para os pulmões encontra-se en- casos de tromboembolismo venoso. fatores de risco identificáveis, desenvolvem posteri-
tre as desordens mais frequentemente identificadas ormente uma neoplasia maligna.
em pacientes hospitalizados em unidades clínicas e Recentemente, um estudo de caso-controle identifi-
cirúrgicas. cou entre mulheres, que o uso de contraceptivos A cirurgia de revascularização miocárdica está asso-
orais, aumentava sua chance de trombose venosa ciada a um risco de 4% de EP e 20% de trombose
A EP e a trombose venosa profunda representam um profunda cerca de quatro vezes. Por outro lado, em venosa de veias profundas das pernas (a maioria
contínuo de uma mesma entidade chamada de trom- mulheres portadoras do fator V de Leiden que utili- assintomática).
boembolismo. zavam anticoncepcionais, esta chance era de trinta
vezes. O politraumatizado apresenta uma incidência de qua-
Antigamente, a presença de fatores de risco, como se 58%. O trauma de medula espinhal apresenta-se
obesidade, pós-operatórios, restrição ao leito, uso de Uma outra desordem hereditária, cada vez mais iden- como um fator de risco para EP. Nos pacientes imobi-
contraceptivos etc, eram as únicas condições associ- tificada, é o mutante do gene da protrombina (transi- lizados em unidades de terapia intensiva, a taxa de
adas a uma maior predisposição a trombose em veias ção G para A na posição 20.210), responsável por um trombose venosa identificada pela ultra-sonografia
profundas dos membros e, consequentemente, nos aumento dos níveis de protrombina. No Physicians é de 33%.
vasos pulmonares. Nos dias de hoje, distúrbios here- Health Study, a prevalência deste distúrbio foi de
ditários da coagulação, que chamamos de trombofilias, 3,9%. Mulheres que apresentam esta condição so- Contraceptivos, Gravidez e Puerpério
estão sendo cada vez mais identificados tanto em epi- mada a presença do fator V de Leiden, possuem um
sódios não vinculados a fatores de risco 'clássicos', risco desproporcional de eventos trombóticos. O uso de contraceptivos orais possui um risco relati-
como naqueles indubitavelmente associados. vo de 3.1. Os de terceira geração, que utilizam o
É importante termos em mente que o diagnóstico la- desogestrel ou o gestodeno como o componente pro-
Um outro desafio, desta vez na terapêutica da embolia boratorial desses distúrbios não deve ser feito du- gestágeno, possuem um risco dobrado de trombose
pulmonar, consiste no emprego correto de trombolí- rante a internação do paciente. Isto deve-se a altera- venosa quando comparados a outros anticoncepcio-
ticos e, mais recentemente, no uso de heparinas de ções naturais que estas proteínas sofrem durante nais. Devemos ter em mente, que não existe uma asso-
baixo peso molecular. um processo de trombose. Por exemplo, na presença ciação entre reposição de estrógenos na pós-meno-
de uma coagulopatia de consumo decorrente de trom- pausa e risco elevado de trombose venosa.
bose venosa, pode haver uma diminuição esperada
FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIA da antitrombina III e das proteínas C e S. Além disso, Na gravidez e, sobretudo, no período de 1 mês após
o uso de heparina leva com frequência a uma queda o parto, ocorrem as principais alterações no balanço
No século dezenove, Rudolph Virchow identificou nos níveis de antitrombina III. entre coagulação e fibrinólise, tendendo para um
uma tríade, que leva o seu nome, associada à coagu- estado de hipercoagulabilidade. A EP é a principal
lação no interior de um vaso: (1) trauma à parede causa de mortalidade materna em partos de nascidos
vascular, (2) hipercoagulabilidade e (3) estase. De 2. Condições Adquiridas Associadas vivos.
uma maneira clássica, a patogênese da EP foi dividi- à Trombose
da em fatores de risco não usuais, hereditários (pri- Neoplasias Malignas
mários) e fatores de risco adquiridos (secundários). As condições que determinam estase venosa ou
Atualmente, sabemos que um grande número de pa- dano endotelial predispõem à trombose venosa, A trombose venosa profunda ocorre também em pa-
cientes que desenvolvem EP são geneticamente pre- especialmente em pacientes que já possuem trom- cientes com câncer, pois geralmente o tumor secreta
dispostos, mas frequentemente requerem um dos fa- bofilia subclínica. Vamos aos principais fatores de substâncias pró-coagulantes. Além disso, soma-se
tores secundários para elicitar a trombose. risco: a este fato imobilização e cirurgias que estes pacien-
tes são submetidos com frequência. Eventualmente, a evento embólico. Este fenômeno contribui pouco pode levar à isquemia miocárdica grave, e diminui-
TVP pode ocorrer antes da doença manifesta. Sabe- para a queda na pressão parcial de oxigênio, porém ção do débito cardíaco (síncope, hipoperfusão
mos que a quimioterapia para o câncer de mama en- passa a ter uma maior importância nas embolias ma- visceral, etc). Somado a estes eventos, a elevação
contra-se associada com doença tromboembólica. ciças... repentina na tensão da parede do miocárdio do VD
provoca hipoperfusão coronariana desta cavidade.
Acidente Vascular Encefálico Os mediadores humorais produzidos são responsá- Este fenômeno pode levar ao infarto de VD e cho-
veis também pela estimulação dos receptores J alveo- que. Todas estas anormalidades se perpetuam e po-
Os pacientes com acidente vascular encefálico isqu- lares, que levam à hiperventilação, o que justifica a dem culminar com o óbito.
êmico possuem um maior risco para TVP de mem- alcalose respiratória frequentemente encontrada. A
bros inferiores, sobretudo no membro paralisado. A taquipnéia e hiperpnéia tão frequentemente observa-
taxa desta complicação, mesmo com o uso de hepari- dos na embolia pulmonar são decorrentes deste me- [MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
na profilática, pode chegar a 31%. canismo e não da hipoxemia, tal como muitos pen-
sam... 1. Embolia Pulmonar
Catéteres Venosos Centrais
Quais as Consequências Cardiocirculatórias da A suspeita clínica de embolia pulmonar é de impor-
As complicações trombóticas em cateteres venosos Embolia? Sabemos que o impacto da EP vai depen- tância fundamental para iniciarmos uma investiga-
profundos geralmente encontram-se associadas à der da extensão da embolia e da presença ou não de ção diagnostica. Dentre os pacientes que não pos-
sepse induzida pelo cateter e a presença de neopla- doenças subjacentes. Na ausência de desordens car- suem doença cardiopuimonar prévia, a dispneia pa-
sias malignas. Uma causa rara de trombose de veia diopulmonares subjacentes, a oclusão de 25 a 30% rece ser o principal sintoma e, a taquipnéia, o sinal
subclávia, não relacionada a cateteres, é a trombose do leito vascular pulmonar vai estar associado à ele- mais frequentemente encontrado (tabela 1).
induzida pelo esforço (síndrome de Paget-Schroetter). vação significativa da pressão arterial pulmonar. A
O uso de muletas com apoio axilar é um fator de risco serotonina liberada pela injúria isquêmica contribui Nos episódios de maior gravidade, encontramos
para trombose da veia axilar. bastante para hipertensão arterial pulmonar, pois tem dispneia, cianose, hipotensão e síncope. Por outro
um importante efeito vasoconstritor. Com o aumento lado, a dor pleurítica representa uma embolia de pe-
Qual a Relação entre a TVP em membros inferio- progressivo da resistência vascular pulmonar (obs- quena monta localizada em vasos pulmonares arteri-
res e a Embolia Pulmonar? A maioria dos êmbolos trução + serotonina), a hipoxemia piora e agrava ain- ais distais, próximos à superfície pleural. Outros acha-
pulmonares tem origem nas veias profundas dos mem- da mais a vasoconstrição (sabemos que a hipóxia é dos incluem febre, sibilos, estertores.
bros inferiores e nas veias pélvicas. A trombose veno- causa de aumento na pressão arterial pulmonar), cri-
sa na panturrilha por si só, não impõe um grande risco ando um 'círculo vicioso'. O exame físico do aparelho cardiovascular pode re-
de EP, porém esta desordem deve ser tratada, devido à velar um impulso ventricular direito, um componente
propagação do trombo para a coxa, o que determina O aumento importante e súbito nas pressões da arté- pulmonar da segunda bulha de alta intensidade, a
um sério risco de embolia para os pulmões. Em um ria pulmonar provoca uma elevação inesperada na presença de uma quarta bulha à direita no précordio.
estudo feito a partir de autópsias, cerca de 83% dos pós-carga ventricular direita, levando à disfunção
pacientes com EP eram portadores de TVP, porém so- sistólica desta câmara. A primeira consequência é a O padrão eletrocardiográfico, em 30-40% dos casos,
mente 19% deles manifestaram essa alteração. redução do débito do VD e, por conseguinte, o retor- mostra um padrão de sobrecarga direita moderada,
no de sangue para as cavidades esquerdas. A repre- que pode ser o "famoso" S,-Q.,-T3 (onda S em DI,
Quando o trombo se desloca do seu sítio de forma- sentação clínica deste fenômeno, denominado COR onda Q em D3 e onda T negativa em D3) ou o blo-
ção, ele 'sobe' pela circulação venosa, atinge cavi- PULMONALE AGUDO, varia de hipotensão arteri- queio incompleto do ramo direito (padrão rSR' em
dades direitas do coração e daí a circulação pulmo- al até o choque cardiogênico e é o mecanismo prin- Vl,V2eaVR).
nar. Se o êmbolo for extremamente grande, ele pode cipal de óbito da embolia pulmonar. A dilatação do
se alojar na bifurcação da artéria pulmonar - êmbolo ventrículo direito (VD), provoca um abaulamento do Apesar de todos estes dados, na maioria dos paci-
em sela. Mais comumente, um grande vaso pulmo- septo interventricular, que vai reduzir o tamanho do entes com EP, a história e exame físico possuem bai-
nar é ocluído... ventrículo esquerdo, mais um fator para contribuir xa sensibilidade, sem levar em conta que um grande
para a queda do seu enchimento (pré-carga). número de episódios ocorrem em pacientes com do-
Quais as Consequências Pulmonares da Embolia? ença cardiopuimonar pré-existente, cuja descompen-
Uma queda na saturação arterial de oxigênio e hipoxe- Com este enchimento ventricular esquerdo precário, sação geralmente se assemelha, e muito, às manifes-
mia ocorrem na maioria dos pacientes com EP. Esta a perfusão coronariana encontra-se diminuída, o que tações de EP. Exemplos incluem a insuficiência cardí-
queda na pressão parcial de oxigênio no sangue deve-
se a um desequilíbrio entre ventilação e perfusão pul-
monares. Tabela 1: Sintomas e sinais em pacientes com EP, que não possuíam doença cardiopuimonar prévia.
Cecil-Textbook of Medicine

A isquemia aos ácinos promove a liberação de diver- Sintomas (%) de Pacientes Sinais (%) de Pacientes
sos mediadores humorais, com destaque para a sero- Dispneia 73 Taquipnéia 70
tonina (produzida pelas plaquetas). Estas substânci- Dor pleurítica 66 Estertores 51
as são responsáveis pela broncoconstricção, diminui-
Tosse 37 Taquicardia 30
ção da produção de surfactante e atelectasia e forma-
ção de exsudato alveolar. As áreas atelectásicas, com Edema de MH 28 Quarta bulha 24
broncoconstricção intensa e presença de exsudato Dor na perna 26 Aumento de P2 23
nos alvéolos, recebem perfusão de sangue pobremente Hemoptise 13 Trombose venosa Profunda 11
oxigenado que lá chegaria na 'esperança' de receber Palpitação Diaforese 11
oxigênio. Entretanto, os alvéolos encontram-se co-
Sibilos 9 Febre >38^"C 7
lapsados ou a ventilação é insuficiente devido à dimi-
nuição do lúmen do brônquio. Desta forma, o sangue Dor semelhante à angina 4 Sibilos 5
passa da 'direita para esquerda' (shunt) sem receber Sinal de Homans 4
oxigênio. Este mecanismo é o principal responsável Elevação de VD no précordio 4
pela hipoxemia observada na EP. Atrito pleural 3
Terceira bulha
Por outro lado, existem áreas ventiladas porém não i !: ' !1
perfundidas, devido à obstrução na circulação pelo ; '• i , tiiifí , llniU.u
aca descompensada, a doença pulmonar obstrutiva é um evento descrito após a injeção de silicone líqui-
crónica. Independente de tudo o que foi falado, de- do por esteticistas ou cirurgiões desavisados. O qua-
vemos sempre pensar, e posteriormente investigar, a dro é grave e a mortalidade é de 33%.
presença de EP em todo o paciente com fatores de
risco clássicos, que apresentem estas manifestações
clínicas descritas. 2. Trombose Venosa Profunda

A velha dica à beira do leito - 'Devemos sempre sus- A maioria dos casos de TVP não apresenta nem si-
peitar de EP em todos os pacientes que desenvol- nais nem sintomas, devido à rica rede de colaterais
vem dispneia súbita e apresentam pulmões 'limpos da circulação venosa. Porém, um paciente que apre-
ou com discreta estertoração à ausculta', não é de senta um edema inexplicado de apenas um membro,
todo verdade, mas nos auxilia bastante... especialmente quando vai até a sua raiz, tem TVP até
que se prove o contrário. Os sintomas clássicos da
1.1- Síndromes Clínicas da Embolia Pulmonar TVP são: edema mole, aumento da temperatura, dor à
palpação. O sinal de Homans, que consiste em um
F/gr. 1- A corcova de Hampton
EP Maciça: Estes pacientes possuem trombose arte- aumento de resistência ou dor à dorsoflexão do pé, é
rial de pelo menos metade do sistema arterial pulmo- um sinal diagnóstico de pouca confiabilidade. Em encontrada. Este vaso tende a se afilar logo após a
nar. O coágulo encontra-se presente bilateralmente. alguns pacientes, a hemoglobina desoxigenada no porção dilatada.
Existe um risco elevado para o desenvolvimento de sangue estagnado, confere ao membro inferior um
choque cardiogênico. Dispneia é o sintoma cardinal aspecto cianótico que chamamos de phlegmasia O exame radiológico do tórax serve também para afas-
e a hipotensão arterial, que requer aminas, é o sinal cerúlea dolens. Em casos de edema importante do tarmos outras condições que podem mimetizar a EP,
predominante. membro inferior, a pressão intersticial elevada ultra- como a pneumonia lobar e o pneumotórax. Vale lem-
passa à de perfusão, tornando o membro inferior pá- brar, entretanto, que o derrame pleural e o infiltrado
EP Moderada a Grande: Nesses casos, a cintigrafia lido- phlegmasia cerúlea alba. pulmonar inespecífico podem ocorrer tanto na pneu-
de perfusão nos revela que mais de 30% dos pul- monia quanto na embolia pulmonar!
mões não encontram-se perfundidos. O ecocardio-
grama evidencia um VD dilatado e hipocinético e o QXAMESINESPECÍFICOS
paciente apresenta pressão arterial normal. Estes in- 2. Eletrocardiograma
divíduos, mesmo anticoagulados, estão em risco de Os exames inespecíficos (radiografia de tórax, ECG e
um novo, e possivelmente fatal, episódio de embolia. gasometria arterial) devem ser solicitados no pacien- O ECG é útil para afastarmos a possibilidade de infarto
Por essa razão, o emprego de trombolíticos ou embo- te com suspeita clínica de EP. Estes exames não con- agudo do miocárdio. A alteração mais comumente
lectomia são modalidades de tratamento considera- firmam o diagnóstico, mas podem 'fortalecer' (ou 'en- encontrada, apesar de pouco específica, é a taqui-
das para esta situação clínica. fraquecer') a suspeita clínica e apontar para outros cardia Sinusal. Em um estudo recente conduzido
diagnósticos (ex.: pneumonia, IAM etc). em 459 pacientes com EP posteriormente comprova-
Infarto Pulmonar: Nesta situação, o êmbolo se aloja da, pelo menos três achados eletrocardiográficos de
na árvore arterial distal, próximo à superfície pleural sobrecarga ventricular direita, dos sete principais,
e ao diafragma. Os achados clínicos mais frequentes 1. Radiografia de Tórax encontravam-se presentes em 76% dos pacientes.
são dor torácica contínua, eventualmente hemoptise, Vamos as principais alterações sugestivas de sobre-
somados à febre e leucocitose. Apesar de um ramo O RX de tórax em pacientes com EP é frequentemen- carga de VD:
arterial pulmonar estar ocluído da EP, somente 5-7% te anormal, entretanto, os achados são pouco espe-
dos pacientes evoluem para o infarto pulmonar. A cíficos, e incluem: infiltrados, pequeno derrame
razão disto é a presença da oxigenação do parênqui- pleural, atelectasia e discreta elevação da hemicúpula - Bloqueio de ramo direito incompleto ou completo
ma pulmonar pelo próprio 02 alveolar e proveniente frênica. Por outro lado, um exame radiológico normal - S em DI e aVL > l,5mm
da circulação brônquica. Os pacientes com baixa PO2 não exclui o diagnóstico, e era considerado, a bem - Zona de transição até V5
alveolar ou baixa perfusão brônquica possuem um pouco tempo atrás, como o achado principal. Desta - QS em D3 e aVL, mas não em DU
risco de infarto pulmonar maior - em torno de 30%. forma, podemos suspeitar de EP em todo o paciente - Eixo do QRS > 90°
dispnéico e taquipnéico, cujos sintomas e sinais se - Inversão da onda T em D3e aVF ou em Via V4
Embolia Paradoxal: Os pacientes com embolia para- iniciaram de maneira súbita, e que apresentem RX de - Baixa voltagem em derivação dos membros
doxal apresentam-se com AVE devastador e embolia tórax sem alterações ou com uma importante despro-
pulmonar. Isso ocorre devido à presença de um porção clínico-radiológica (sintomas » RX).
forame oval patente entre o átrio direito e o esquer- Um padrão que pode ser encontrado na EP, e pode
do. O trombo se desloca, a partir das veias da pan- Os achados específicos são raros. Comentaremos sugerir o diagnóstico, é o famoso padrão S1Q3T3,
turrilha, atinge cavidades direitas (emboliza para os sobre alguns deles. A oligoemia localizada (sinal de ou seja, onda S em DI, onda Q em D3 e T negativa em
pulmões), sendo que alguma porção sua passa atra- Westermark), é mais bem vista quando comparamos D3 - FIGURA 2.
vés do FO para câmaras esquerdas e daí para a circu- esta hipertransparência com o
lação sistémica, atingindo vasos cerebrais. pulmão contra-lateral. Ela é oca-
sionada por oclusão de uma ar-
Embolia Pulmonar não Trombótica: Representado téria pulmonar segmentar ou
nesse grupo, encontram-se as embolias gordurosas, lobar. Este achado, infelizmente
decorrentes de trauma fechado com fraturas de os- raro, é bastante sugestivo de EP.
sos longos, a embolia aérea, que ocorre durante o É mais comum nas embolias ma-
posicionamento ou a retirada de cateteres venosos ciças. A corcova de Hampton
profundos, e a embolia no usuário de drogas intra- (FIGURA 1) é uma imagem
venosas, que pode ser causada por substâncias que hipotransparente, em forma de
contaminam a droga, como talco, algodão, cabelo, cunha, que apresenta-se sobre
etc. Outra fonte de êmbolos nesses pacientes é re- o diafragma e que representa
presentada por embolia séptica associada à endo- infarto pulmonar. Uma pequena
cardite bacteriana aguda das valvas tricúspide ou dilatação da artéria pulmonar
pulmonar. A embolia por microfragmentos de silicone descendente, à direita, pode ser
3. Gasometria Arterial os níveis do D-dímero aumentados sejam bastante A cintigrafia de ventilação ('"Xe) melhora a especifi-
sensíveis para o diagnóstico de EP. Quando medido cidade da cintigrafia de perfusão, uma vez que áreas
Empregando o método ouro no diagnóstico de EP, a pelo método ELISA, sabemos que níveis iguais ou pouco ventiladas que tenham correspondência com
angiografia pulmonar, o estudo PIOPED (Prospective superiores a 500(j.g/L (ou ng/dL), conferem uma sen- sítios pouco perfundidos (V/Q matching), podem
Investigation of Pulmonary Embolism Diagnosis) sibilidade de 96 a 98% para o diagnóstico de EP. Con- representar outras desordens localizadas que não a
relacionou diversas gasometrias arteriais de pacien- tudo, o exame não é específico. O D-dímero pode embolia pulmonar. Uma cintigrafia normal ou quase
tes com e sem EP, e concluiu que o valor da pressão elevar-se na insuficiência cardíaca, sepse, neoplasi- normal, torna o diagnóstico de EP muito pouco pro-
parcial de oxigênio no sangue não se mostrou um as e pós-operatório. vável.
parâmetro confiável para suspeitarmos nem para afas-
tarmos a presença de embolia para os pulmões. Um método comum usado em hospitais para medir o É importante ressaltar que um estudo recente
D-dímero é a aglutinação pelo Látex, porém ele perde mostrou que a radiografia de tórax pode ser utili-
Não houve diferença entre a média de pO2 encontra- em sensibilidade, não sendo um exame adequado para zada no lugar da cintilografia de ventilação, sem
da em pacientes com embolia comprovada pela a triagem dos pacientes suspeitos. prejuízo da acurácia, mas com custos bem me-
angiografia (70 mmHg) quando comparada com a pO, nores.
de indivíduos nos quais a arteriografia descartou a
existência de EP (72 mmHg). Além disso, em indiví- 2. Duplex-Scan de Membros Inferiores Uma cintigrafia de alta probabilidade (FIGURA 3)
duos sem doença cardiopulmonar prévia e com EP apresenta duas ou mais áreas no pulmão com defei-
comprovada, uma pO, maior ou igual a 80mmHg foi Também denominado eco-doppler de membros in- tos de perfusão segmentares que são ventiladas
encontrada em 26% dos casos. Desta forma, a ob- feriores, este é o melhor exame não-invasivo para o normalmente (V/Q mismatch) ou um defeito de per-
tenção de uma gasometria arterial não deve fazer diagnóstico da TVP no território fleo-femoral. Nos fusão substancialmente maior do que um infiltrado
parte do algoritmo diagnóstico da EP. Um achado casos de EP, cerca de 30% destes apresenta um visto ao RX de tórax em região correspondente do
muito frequente é a alcalose respiratória. duplex-scan negativo, pelo fato da fonte de êmbo- parênquima. Infelizmente, um resultado de alta pro-
los ser o território pélvico ou outros. Pode aconte- babilidade encontra-se presente em menos da meta-
Contudo a gasometria arterial é importante para o cer de todo o trombo da veia ter se deslocado para de dos pacientes com EP, posteriormente comprova-
prognóstico e para orientar a terapia de suporte. embolizar o pulmão, não sobrando nenhum frag- da por angiografia, possuindo uma elevada especifi-
mento que possa ser detectado no exame. Um paci- cidade (97%), porém uma baixa sensibilidade (41%).
ente com suspeita de EP e duplex-scan positivo, já Este laudo na presença de indícios clínicos, nos au-
4. Ecocardiograma deve ser tratado. toriza a iniciar o tratamento.

O ecocardiograma se constitui em um método sim- Entretanto, a maioria dos resultados de uma


ples, rápido e prático, para identificarmos sobrecar- 3. Cintigrafia Ventilação-Perfusão (V/Q) dos cintigrafia nos fornecerão exames de probabilida-
ga de VD após a EP. Embora não faça parte do Pulmões de intermediária e baixa!!
algoritmo diagnóstico, este método pode nos orien-
tar quanto à terapêutica a ser empregada. As altera- A cintigrafia Ventilação-perfusão permanece o teste O exame de probabilidade intermediária é caracteri-
ções observadas em episódios de EP clinicamente mais frequentemente empregado quando a EP é sus- zado por defeitos de perfusão do mesmo tamanho
significativa, incluem dilatação de VD com hipocine- peitada, uma vez que os sintomas e sinais clínicos, que uma imagem correspondente encontrada no RX
sia desta cavidade. Eventualmente podemos lançar os exames de sangue, o RX de tórax e o ECG não se de tórax, ou um único defeito segmentar em uma área
mão do eco-transesofágico, quando as imagens do constituem em elementos utilizados para a confirma- bem ventilada. Quando a nossa suspeita clínica é
transtorácico forem inconclusivas. ção diagnostica. importante para a presença de EP, ela é encontrada
em 66% dos pacientes que apresentam este laudo à
Em pacientes com sobrecarga crónica de VD, encon- A cintigrafia de perfusão, empregando agregados de cintigrafia; na ausência de suspeita clínica consis-
tramos hipertrofia ao invés de dilatação dessa câma- albumina marcada com tecnécio 99, consiste na inje- tente, somente em 33%.
ra e, além disso, as alterações de hipocinesia descri- ção intravenosa deste radiofármaco, que sofrerá apri-
tas são difusas, ao contrário da EP, que apresenta sionamento ao nível dos capilares do pulmão refle- Um laudo de baixa probabilidade é representado por
hipocinesia de parede livre e base, poupando o ápi- tindo o fluxo pulmonar no momento da injeção. É um ou mais de três achados: uma área de baixa ven-
ce (Sinal de McConnel). Como vimos acima, em pa- importante termos em mãos uma radiografia de tórax, tilação e perfusão (V/Q matching), que corresponda
cientes com EP comprovada e alterações ecocardio- para relacionarmos com áreas alteradas na cintigrafia a uma região normal ao Rx de tórax, defeitos de per-
gráficas já citadas, é considerado o emprego de trom- de perfusão (ver a seguir). fusão menores do que a imagem hipotransparente
bolíticos, devido ao risco aumentado de novo episó-
dio embólico. Atualmente, entretanto, esta conduta
é controversa...

QONFIRMAÇÃO DIAGNOSTICA

1. D-Dímero Plasmático pelo método ELISA

O D-dímero é produzido a partir da degradação do


coágulo de fibrina. Sempre que temos uma formação
de algum trombo, é natural que o sistema fibrinolíti-
co endógeno tente dissolvê-lo. Isso é exatamente o
que ocorre na EP e TVP. Este fenômeno não é o sufi-
ciente para recanalizar um vaso de imediato, mas é o PffUMàO Ventilação
bastante para aumentar os níveis desse produto de
degradação da fibrina no sangue.
Fig.3 - A cintigrafia de perfusão evidencia diversas áreas segmentares com defeito de perfusão. A
Este exame constitui-se no teste mais promissor para cintigrafia de Ventilação demonstra ambos os campos pulmonares bem ventilados. Este exame é
considerado de alta probabilidade.
a triagem de pacientes com suspeita de EP. Embora
CAPITULO 1 - TROMBOEMBOLISMO PULMONAR l 3

encontrada no RX de tórax e pequenas áreas de V/Q A imagem obtida pela TC helicoidal compatível com helicoidal (a angioressonância é de difícil execução
mismatches. Na presença de fortes indícios clínicos a oclusão de um vaso pulmonar, é considerada diag- em doentes críticos). Imagens altamente sugestivas
e um laudo de cintigrafia de baixa probabilidade, a EP nostica, e nos autoriza a iniciar o tratamento. Este em ambos os exames, já nos autorizam a tratar o paci-
pode estar presente em 40% dos casos. método requer uma experiência do radiologista, o que ente.
varia entre as instituições...
Desta forma, se a suspeita clínica existir, o diag- A cintigrafia de probabilidade intermediária ou baixa,
nóstico de EP deve ser perseguido exaustivamen- com sinais e sintomas clínicos consistentes, deve
te, mesmo em pacientes com cintigrafia de baixa 5. Angio-Ressonância ser seguida de exames não invasivos dos membros
e intermediária probabilidade... inferiores (como o duplex-scan) para pacientes está-
Este exame possui uma ótima acurácia para o diag-
veis. A confirmação de TVP nos autoriza a iniciar o
nóstico de EP, porém necessita de maior experiência
tratamento. Por outro lado, em indivíduos que ne-
4. Tomografia Computadorizada Helicoidal para este intuito. Parece bastante promissor.
cessitem de uma definição diagnostica com urgên-
(Angio-TC)
cia, a arteriografia é recomendada. A conduta refe-
6. Arteriografia Pulmonar rente à TC encontra-se na FIGURA 4.
Nesta modalidade de TC, o paciente é movimentado
no interior do tomógrafo, após a injeção de contras-
Permanece como o padrão ouro para o diagnósti-
te que atinge a árvore arterial pulmonar, e a aquisição TRATAMENTO
co da EP. Devemos empregar este método quando as
de imagens se faz de maneira muito mais rápida que
investigações, por meio de cintigrafia ou tomografia
na TC convencional, através de reconstruções dos
computadorizada helicoidal (TC helicoidal), se mos- As modalidades de terapia para EP incluem o uso da
vários cortes.
trarem inconclusivas, em pacientes que necessitem heparina e warfarin, o filtro de veia cava e o emprego
do diagnóstico urgente. de trombolíticos.
As desvantagens do método incluem uma baixa vi-
sualização de áreas periféricas dos lobos superiores Para os pacientes estáveis hemodinamicamente, e
e inferiores e a dificuldade de obter imagem de vasos sem comprometimento respiratório grave, um estu- 1. Heparina e Warfarin
com disposição horizontal, principalmente na língula do não invasivo que identifique a presença de TVP,
e lobo médio direito. muitas vezes poupa a realização da arteriografia para A heparina não fracionada (HNF) plena ou sisté-
o diagnóstico. mica, empregada na EP pela via intravenosa ou sub-
Por outro lado, a TC helicoidal identifica com gran- cutânea, é um tratamento bastante eficaz não trom-
de sensibilidade e especificidade (95%), acometi- A mortalidade no estudo PIOPED foi de 0,5% e as boembolismo pulmonar, reduzindo a mortalidade de
mento de artéria pulmonar principal e suas divi- taxas de complicações não fatais foi de 1%. 30% para 8%, como mostra o famoso estudo
sões lobares e segmentares. Os vasos subsegmen- PIOPED. Ela age impedindo a extensão do trombo,
tares não são bem visualizados, porém a importância pois sua ligação com a antitrombina III 'inibe a coa-
7. Algoritmo Diagnóstico
do comprometimento desses vasos é questionada. gulação'. É importante termos em mente que essa
Qual é o algoritmo diagnóstico para embolia pul- droga não dissolve o trombo estabelecido. Graças a
As vantagens da TC helicoidal sobre outros méto- monar? No algoritmo diagnóstico, inicialmente, os ação inibitória da heparina sobre a coagulação, o
dos inclui uma definição melhor de estruturas não pacientes com forte suspeita clínica e que apresen- sistema fibrinolítico é capaz de dissolver o trombo já
vasculares, a possibilidade de diagnóstico de outras tem ou não dados laboratoriais consistentes, como formado em tempo hábil. A heparina reduz de manei-
condições, como tumor de pulmão e enfisema, e a elevação do D-dímero, por exemplo, devem se sub- ra significativa a mortalidade nos episódios de EP.
rápida realização do exame, cerca de 10 a 15 minutos. meter ou a cintigrafia ventilação perfusão ou a TC
A dose inicial é de 80U/kg de ataque, seguida de
18U/kg/h, em bomba infusora, com ajuste para ob-
termos um tempo de tromboplastina parcial ativado
(PTTa) cerca de 1,5 a 2,5 vezes o controle (por exem-
plo, se o controle é 10 seg., uma vez e meia é 15 seg.).
Uma vez atingido esse objetivo, de preferência em
24h, a taxa de reembolização diminui bastante. Des-
vantagens da HNF em relação à HBPM: necessidade
do PTTa, pois a sua farmacocinética é imprevisível,
maior chance de efeitos adversos (trombocitopenia
imune, sangramento, osteopenia).

A heparina de baixo peso molecular (HBPM) deve


ser empregada como terapia de escolha na trombo-
se venosa profunda (TVP). Um estudo com a eno-
xiparina mostrou que é melhor que a HNF em ter-
mos de mortalidade. No tromboembolismo pulmo-
nar (TEP), existe uma tendência atual ao seu uso
no lugar da heparina não-fracionada, porém, só foi
autorizada pela FDA para o tratamento de TEP as-
sociado à TVP confirmada. A dose de enoxaparina
é de 1 mg/kg/dia, subcutânea, a cada doze horas. O
warfarin pode ser iniciado conjuntamente e as duas
drogas mantidas por 5 a 6 dias, com a retirada da
heparina de baixo peso seguindo as mesmas regras
da heparina não fracionada. Outra indicação da he-
parina de baixo peso seria a substituição da heparina
não fracionada na ocorrência de trombocitopenia in-
duzida por esta.
Fig. 4 - Algoritmo para o diagnóstico de embolia pulmonar.
O warfarin pode ser iniciado assim que o PTTa esti- a 2 vezes o limite superior da normalidade, a heparina respiratória, choque, dissociação eletromecânica ou
ver ajustado, isto é, a partir do 2° dia de tratamento. A pode ser reiniciada sem dose de ataque. Caso este assistolia. A conduta inclui a administração de sali-
dose pode ser de 5 mg ao dia. O uso precoce do valor seja superior, pedimos um novo PTT em quatro na, aminas para suporte da pressão (dopamina e no-
warfarin sem o paciente estar anticoagulado adequa- horas e reavaliamos. radrenalina) e dobutamina para 'estimular' o VD, uma
damente com a heparina, pode levar a um estado de vez que a maioria das mortes advém da falência des-
hipercoagulabilidade, devido a ação inicial desta dro- ta câmara.
ga sobre a proteína C. Além disso, o warfarin requer Estreptoquinase: dose de ataque- 250.000 IU
5 dias para depletar o fator II (trombina), daí a neces- i em 30 min., seguida de 100.000 lU/h por 24h. A intubação orotraqueal e a ventilação mecânica são
sidade de mantermos heparina e warfarin, juntos, por , Uroquinase: dose de ataque - 4.400 IU em 10 geralmente realizados e o emprego de trombolíticos
esse período. Após duas aferições consecutivas (in- min., seguida de 4.400 lU/Kg/h por 12 a 24h. recomendado. Para os pacientes com contra-indica-
tervalo de 24h) de um INR entre 2 e 3, podemos sus- t-PA: 100 mg em infusão contínua por 2h ções a heparinização ou trombólise, o uso de filtro
pender a heparina plena. O warfarin deve ser manti- de cava é a melhor conduta.
do por seis meses.
3. Filtro de Veia Cava
O que é a necrose cutânea induzida pelo warfarin ? EMBOLIA GORDUROSA
Além do sangramento, o warfarin pode ocasionar um As indicações principais para a utilização do filtro de
fenômeno chamado de necrose cutânea induzida pelo veia cava inferior são citadas na tabela 2. A maioria O que é a embolia pulmonar gordurosa? A embolia
warfarin. Muitos destes pacientes são heterozigotos dos filtros são posicionados abaixo das renais. Eles gordurosa, uma causa não trombótica de EP, é de-
para a deficiência de proteína C. A base para esta com- são posicionados através da punção da veia femoral corrente de politrauma com fraturas de ossos lon-
plicação consiste em uma redução rápida da proteína direita. A venocavografia deve ser realizada após o gos. É a medula óssea gordurosa que 'funciona como
C, pela ação do warfarin, que é mais significativa em procedimento. êmbolo'. Uma síndrome, que se inicia em torno de 24
indivíduos já deficientes desta proteína, levando a um a 48h após a fratura, sendo caracterizada por:
estado de hipercoagulabilidade. Tabela 2: Indicações do uso do filtro de cava inferior
Confusão mental,
1- Anticoagulação contra-indicada e EP confirmada
Estes pacientes manifestam inicialmente placas Petéquias no abdome
eritematosas em mamas, coxas e abdomen. As lesões Sangramento gastrointestinal ativo
Taquidispnéia.
progridem para bolhas e necrose cutânea. A biópsia Pós-operatórios de craniotomia
Complicações do uso da heparina
revela trombose dos vasos da pele.
Quimioterapia para o câncer planejada, devido a asso- QUADRO DE CONCEITOS I
ciação com trombocitopenia
O que é a trombocitopenia induzida pela hepari- Ao contrário da embolia gordurosa, a embolia
na? Após cinco dias de uso de heparina sistémica, 2- Falha na anticoagulação
trombótica geralmente ocorre após o 59 dia de
cerca de 6% dos pacientes desenvolvem tromboci- Presença de episódios repetidos na vigência de pós-operatórios ou grandes traumas, ao contrá-
topenia por um fenômeno imunológico. Acredita-se anticoagulação rio da primeira, que é precoce - antes do 3° dia.
que nesses casos, a heparina seja capaz de estimular
a produção de uma imunoglobulina que agrega pla- 3-Profilaxia em pacientes de alto risco
quetas (induzindo plaquetopenia) Trombose venosa progressiva e extensa Geralmente as gorduras neutras sofrem a ação da
Utilização em conjunto com embolectomia ou retirada lipase, liberando ácidos graxos. Estes promovem uma
Entretanto, uma pequena minoria destes indivíduos do trombo por cateter vasculite disseminada, com extravasamento capilar
são acometidos de trombose arterial ocasionando 4- Doença Tromboembólica pulmonar crónica nos pulmões, sistema nervoso central e vasos da
IAM, oclusão arterial de membros e acidentes vas- derme. O tratamento é de suporte e o prognóstico é
culares cerebrais isquêmicos. Isto se deve a um fe- 5- Tromboflebite séptica de veias pélvicas variável.
nômeno mais intenso de agregação plaquetária, o
que leva a oclusões vasculares.
4. Terapia Intervencionista
Nesses casos, nenhuma heparina pode ser emprega- SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS
da. As opções são a hirudina ou o filtro de cava Hemodinamicistas experientes são capazes de reco-
inferior. nhecer o(s) ponto(s) de obstrução por trombo no 1. Carson, JL, Kelley, MA, Duff, A, et ai. The clinicai
leito arterial pulmonar e, em alguns casos, desfazer a course of pulmonary embolism: One year follow-
obstrução com uma das seguintes opções: (1) trom- up of PIOPED patients. N Engl J Med 1992;
326:1240.
2. Trombolíticos bolítico intra-arterial, (2) embolectomia succional, (3) 2. Moser, KM. Venous thromboembolism. Am Rev
embolectomia por fragmentação, (4) outros métodos. Respir Dis 1990; 141:235.
Os trombolíticos reduzem de maneira efetiva a quan- 3. Tapson, VF, Fulkerson, WJ, Saltzman, HA (Ed).
tidade, ou melhor dizendo, a carga de trombos for- Porém, as técnicas de 'angioplastia' na embolia pul- Venous thromboembolism. Clin Chest Med 1995;
monar ainda são realizadas por poucos profissionais. 16:229.
mados. A uroquinase, a estreptoquinase e o t-PA
4. Goldhaber, SZ. Pulmonary embolism. N Engl J Med
estão liberados para uso. Estas drogas atuam ati- Os pacientes com embolia maciça, instáveis hemodi- 1998; 339:93.
vando o plasminogênio tecidual. Devemos ter em namicamente e que apresentam contraindicação ao 5. Goldhaber, SZ, Visani, L, De Rosa, M. Acute pul-
mente que os trombolíticos devem ser administra- trombolítico ou refratariedade ao trombolítico devem monary embolism: Clinicai outcomes in the Inter-
dos uma vez confirmado o diagnóstico de ER Suas ser submetidos à embolectomia cirúrgica, realizada national Cooperative Pulmonary Embolism Regis-
com CEC (circulação extra-corpórea). Atualmente, try (ICOPER). Lancet 1999; 353:1386.
principais indicações são:
6. Kistner, RL, Bali, JJ, Nordyke, RA, Freeman, GC.
Instabilidade hemodinâmica consegue-se uma mortalidade em torno de 40-50% Incidence of pulmonary embolism in the course of
Oxigenação severamente comprometida nas mãos de cirurgiões experientes. Vale ressaltar thrombophlebitis of the lower extremities. Am J
Defeitos de perfusão na cintigrafia ou arterio- que esta é uma cirurgia 'heróica' (sem ela o paciente Surg 1972; 124:169.
grafia pulmonar que revelam comprometimento morreria em 100% dos casos!) 7. Moser, KM, LeMoine, JR. Is embolic risk condi-
tioned by location of deep venous thrombosis? Ann
de metade da vasculatura pulmonar
Intern Med 1981; 94:439.
Disfunção ventricular direita evidenciada pelo 5. Embolia Pulmonar Maciça 8. Weinmann, EE, Salzman, EW. Deep-vein
Eco. Esta indicação é controversall thrombosis. N Engl J Med 1994; 331:1630.
Qual a conduta na embolia pulmonar maciça? 9. Nakos, G, Kitsiouli, El, Lekka, ME. Bronchoalveo-
A heparina deve ser suspensa até o término da infu- Devemos suspeitar de embolia pulmonar maciça, lar lavage alterations in pulmonary embolism. Am
J Respir Crit Care Med 1998; 158:1504.
são do trombolítico. Após isso, se o PTT for inferior quando o paciente apresenta-se com insuficiência
PNEUMOPATIAS
INTERSTICIAIS DIFUSAS

Fig. 1A - Histologia do parênquima pulmonar normal - observe os septos Fig. 1B - Alveolite - septos espessados, macrófagos no espaço alveolar,
alveolares finos. Observe também um brônquio cortado longitudinalmente.

carcinomatosa), que podem levar a um acometimen- Algumas entidades, em particular as pneumoconio-


INTRODUÇÃO to muito semelhante do parênquima pulmonar. Na ses colágenas (silicose, asbestose eta), passam qua-
prática médica, entretanto, estas entidades devem se que diretamente para a fase de fibrose pulmonar.
fazer parte da investigação de todo paciente com
1. Definição infiltrado pulmonar difuso!
3. Principais Entidades
Os septos alveolares contêm as principais células
do tecido pulmonar, como os pneumócitos tipo I, os 2. Patologia Padrão Histopatológico:
pneumócitos tipo II e as células endoteliais, repre- Fibrose Intersticial + Alveolite inespecífica ±
sentando, portanto, aquilo que chamamos de parên- A lesão característica das fases iniciais é a alveo- Ocupação Alveolar
quima pulmonar. O tecido conjuntivo que preenche lite (ou simplesmente, pneumonite). definida Etiologia Conhecida
o interior desses septos e a bainha que reveste os como o acúmulo de células inflamatórias nos septos
1- Pneumoconioses (silicose, asbestose eto.)
vasos pulmonares, brônquios e bronquíolos repre- alveolares - FIGURA 1B, que encontram-se es-
2- Induzida por drogas
senta o interstício pulmonar. pessados e edemaciados. As células inflamatórias
3- Radioterapia
também extravasam para o lúmen, formando exsu-
Um grupo grande de doenças pulmonares se carac- 4- Aspiração de gases ou fumos
datos alveolares. O epitélio do alvéolo está lesado,
teriza pelo acometimento difuso e bilateral dos havendo degeneração dos pneumócitos tipo I (cé- 5- Doença enxerto-versus-hospedeiro
septos alveolares, que apresentam-se inflamados na lulas planas) e proliferação dos pneumócitos tipo II 6- SARA residual
sua fase inicial e fibrosados nas fases mais avança- (células cubóides). As células inflamatórias que 7- Pneumonias Eosinof ílicas de causa conhecida
das. Para este grupo, costuma-se utilizar a nomen- predominam são macrófagos, linfócitos e/ou neu-
clatura 'Pneumopatias Intersticiais Difusas trófilos e, em determinadas entidades, eosinófilos. Padrão Histopatológico:
(PIDs)'. Contudo, o acometimento das células pa- Em um subgrupo de doenças, o infiltrado de macró- Alveolite Inespecífica, Fibrose Intersticial ±
renquimatosas desses septos é expressivo e, além fagos e linfócitos forma nódulos de granuloma na Ocupação Alveolar
disso, muitas das patologias deste grupo também parede dos alvéolos. Etiologia Desconhecida
apresentam outros tipos de lesão pulmonar, tais como
o preenchimento alveolar (pneumonia) e lesão das Diversas doenças incluídas neste grupo possuem a 1- Fibrose pulmonar idiopática
vias aéreas distais (bronquiolite). Por esta razão, al- característica de não se resolverem com a reconsti- 2- Pneumonite intersticial descamativa
guns autores sugerem o nome 'Pneumopatias Pa- tuição do parênquima pulmonar. Ao invés disso, o 3- Pneumonite intersticial aguda idiopática
renquimatosas Difusas'. infiltrado inflamatório acaba se convertendo em um 4-BOOP
processo fibrótico. A fibrose ocupa os septos al- 5- Colagenoses
Um outro ponto importante na definição deste gru- veolares e preenche os seus espaços aéreos, levan- 6- Vasculites não-granulomatosas
po de pneumopatias é o fato de se excluírem as cau- do à destruição progressiva do parênquima. Formam- 7- Síndromes hemorrágicas pulmonares
sas infecciosas (tais como as pneumonites intersti- se múltiplas áreas císticas com paredes fibróticas, 8- Síndromes pulmonares eosinofílicas idiopáticas
ciais causadas por Mycoplasma pneumoniae, vírus, que podem ser visualizadas na radiografia de tórax 9- Pneumonite intersticial linfocítica
Pneumocystis carinii, Mycobacterium tuberculosis) ou TC, sendo descritas como 'pulmão em favo de 10- Linfangioleiomiomatose
e neoplásicas (tais como o linfoma BALT e a linfangite mel' ou 'faveolamento pulmonar'. 11 - Proteinose alveolar

17
Padrão Histopatológico: ção respiratória de um paciente, como por exemplo de de ar que sai no 1" seg de uma expiração
Granuloma quando precisamos fazer o 'risco cirúrgico' de um forçada. O índice VEF 1,0/CVF é o percentual do
Etiologia Conhecida paciente com DPOC. Este exame nos fornece três ar total exalado (CVF) que sai no Io seg (VEF1,O).
grupos de parâmetros: (1) Volumes Pulmonares Está- O seu valor normal é de 0,75-0,80 (ou 75-80%).
1 - Pneumonite por hipersensibilidade ticos; (2) Volumes Pulmonares Dinâmicos e (3) Flu-
2- Aspergilose broncopulmonar alérgica xos Expiratórios. O exame é feito da seguinte forma: o Fluxos Expiratórios: Os mais importantes são
3- Beriliose paciente inspira fundo (o máximo que ele pode) e o fluxo máximo (Vmáx ou Peak Flow) e o fluxo
logo em seguida expira todo o ar que puder, primeiro médio entre 25-75% do volume expirado (FEF
de forma lenta e depois de forma forçada. Esta parte 25-75).
Padrão Histopatológico: do exame, chamada Espirometria, determina os Volu-
Granuloma mes Dinâmicos e os Fluxos Expiratórios. Os Volumes Quais são os padrões patológicos da Prova de Função
Etiologia Desconhecida Estáticos são determinados utilizando-se um outro Pulmonar?
recurso. Veja a tabela e a FIGURA 2 abaixo:
1-Sarcoidose
2- Vasculites granulomatosas Volumes Estáticos: O volume total de ar nos 1- PADRÃO OBSTRUTIVO: Este é o padrão da
3- Histiocitose X pulmões após uma inspiração máxima é a Capa- obstrução das vias aéreas, encontrado na asma e
4- Granulomatose linfomatóide cidade Pulmonar Total (CPT), enquanto que o na DPOC. É caracterizado pela redução dos fluxos
volume de ar que fica nos pulmões após uma expiratórios e dos volumes dinâmicos (especial-
expiração máxima é o Volume Residual (VR). A mente o VEFl,0), e pelo aumento dos volumes
As pneumopatias intersticiais difusas são classifi- Capacidade Residual Funcional (CRF) é o que estáticos, devido ao represamento de ar no final
cadas conforme o tipo de inflamação alveolar (alveo- fica nos pulmões após uma expiração não-for- da expiração (hiperinsuflação). Como o VEF1,O
lite inespecífica versus granuloma) e de acordo com çada - representa a posição de repouso máximo reduz muito mais do que a CVF, o índice VEFl,0/
o fato de terem ou não uma etiologia conhecida. do ciclo respiratório. CVF encontra-se tipicamente baixo (< 0,75). Os
volumes estáticos (VR, CRF e CPT) estão eleva-
Volumes Dinâmicos: A Capacidade Vital (CV) é dos, especialmente o VR (hiperinsuflação).
4. Fisiopatologia o volume de ar exalado após uma inspiração e
expiração máximas. A Capacidade Vital Forçada 2- PADRÃO RESTRITIVO: Este é o padrão das
Vamos fazer uma revisão dos parâmetros mais impor- (CVF) é o mesmo volume, medido com uma exa- doenças pulmonares intersticiais que levam à fibrose
tantes da Prova de Função Pulmonar. Este exame lação forçada. O Volume Expiratório Forçado no parenquimatosa progressiva, restringindo a ventila-
está indicado sempre que necessitamos avaliar a fun- Io seg (VEF1,O), como o nome diz, é a quantida- ção. É caracterizado pela redução de todos os volu-
mes pulmonares - estáticos e dinâmicos, com a ma-
nutenção dos fluxos expiratórios. O VEF1,O reduz
proporcionalmente à CVF, ou o CVF reduz mais que
Principais Parâmetros da Espirometria o VEFl ,0, mantendo normal ou elevado o índice de
PARÂMETROS Homem de 40 anos, Mulher de 40 anos, VEFl,0/CVF.
75Kge1,75cm 60Kge1,60cm
Volumes Estáticos
- Volume residual (VR) 1,5L 1,2L A infiltração e fibrose parenquimatosa progressiva
reduz a complacência estática pulmonar e reduz os
- Capacidade Residual Funcional (CRF) 1,6L
volumes pulmonares, revelando um padrão
- Capacidade Pulmonar Total (CPT) 6,41. 4,9L restritivo na prova de função pulmonar. A capaci-
Volumes Dinâmicos dade vital e a capacidade pulmonar total são os
- Capacidade Vital (CV) 4.9L 3,7L primeiros volumes a se reduzirem. Na espirometria,
- Capacidade Vital Forçada (CVF) 4,81. 3,3L o VEFl ,0 reduz proporcionalmente à CVF, ou o CVF
- Volume Expiratório Forçado no 1 ° segundo (VEF1,0) 3,8L 2,8L reduz mais que o VEF 1,0, mantendo normal ou ele-
vado o índice de VEF 1,0/CVF. Os fluxos expiratóri-
- índice de Tiffenaud (VEF 1,0/CVF) 0,75-0,80 0,75-0,80
os forçados estão todos normais, se o padrão for
È Fluxos Expiratórios restritivo puro. Com a progressão da doença, todos
- Fluxo de pico (Vmáx ou Peak Flow) 9,4L/s 6,1 L/s os volumes pulmonares podem se reduzir: volume
- Fluxo Expiratório Forçado 25-75% do volume (FEF 25-75) 3,1 L/S 2,5L/s residual, capacidade residual funcional, capacida-
de pulmonar e, por fim, o volume corrente. Nas fa-
"Os volumes e fluxos são considerados normais se estiverem entre 80-120% do valor previsto para o sexo, idade, altura
ses avançadas, para manter o volume-minuto, o
e peso.
paciente torna-se cronicamente taquipnêico. Algu-
mas PID, como a silicose e a sarcoidose geralmente
revelam um padrão misto de comprometimento -
obstrutivo + restritivo.

A redução da complacência estática aumenta o tra-


balho da musculatura respiratória, principal elemen-
to que explica a dispneia desses pacientes.

No início, a hipoxemia ocorre apenas aos esforços,


devido ao distúrbio de difusão alvéolo-capilar. O
teste de difusão com CO (monóxido de carbono) é
um dos primeiros exames a se alterar na prova de
função respiratória. Com o avançar do processo, o
distúrbio V/Q torna-se cada vez mais grave, até que
o paciente evolui para hipoxemia crónica e cor
pulmonale.
1- Infiltrado retículo-nodular com predomínio nos lo-
bos inferiores (FIGURA 4)

Principais:
Fibrose pulmonar idiopática
Pneumonite instersticial descamativa
Pneumonite intersticial aguda idiopática
Artrite reumatóide
Esclerodermia
Asbestose
Induzida por drogas
Pneumonite actínica (radioterapia)
Infeccioso: Pneumonias atípicas
Pneumocistose
Fig. 3 - Infiltrado pulmonar intersticial difuso (retículo-
nodular). ,
Neoplasia): Linfoma BALT
Linfangite carcinomatosa
Fig. 6 - Infiltrado intersticial reticular com adenomegalia
mediastinal bilateral.
5. Investigação Clínica Inicial
2- Infiltrado nodular ou retículo-nodular com pre-
domínio dos 2/3s superiores (FIGURA 5) 4- Infiltrado pulmonar associado a derrame pleural
As causas mais comuns de PID são a fibrose pulmo-
nar idiopática, as colagenoses (arterite reumatóide,
Principais:
esclerodermia) e as pneumoconioses.
Artrite reumatóide
- LES
O principal sintoma relacionado às pneumopatias
Asbestose
intersticiais difusas é a dispneia aos esforços, se-
Pneumonite actínica
guida pela tosse seca. A evolução pode variar desde
Induzida por nitrofurantoína
um curso insidioso (anos) até uma forma abrupta
Linfangioleiomiomatose
(dias). O protótipo deste grupo é a fibrose pulmonar
Infeccioso: Tuberculose < •/
idiopática, uma das causas mais comuns e mais gra-
Histoplasmose
ves. O que chama atenção do quadro é o padrão
Criptococose
radiológico que mostra um infiltrado bilateral difuso
Paracococidioidomicose (peri-hilar)
(FIGURA 3) desde o início do quadro. Contudo, em
Neoplásico: Linfoma
10% dos pacientes, a radiografia de tórax é normal,
Linfangite carcinomatqsa
com o infiltrado aparecendo apenas na TC de tórax
Sarcoma de Kaposi
de alta resolução (TCAR).

Em algumas doenças, os sintomas são mais graves


5- Infiltrado pulmonar com áreas de condensação
do que poderia sugerir o infiltrado radiológico. Como alveolar
exemplos, temos a fibrose pulmonar idiopática, a es- Fig. 5 - Infiltrado intersticial nodular predominando nos
clerodermia e a silicose. Por outro lado, algumas en- 2/3s superiores.
Principais:
tidades cursam oligossintomáticos, apesar do acha- - BOOP
do de extensos infiltrados pulmonares, sendo exem-
Principais: Síndromes hemorrágicas pulmonares
plificadas pela sarcoidose, pneumonites por hiper-
Sarcoidose Infeccioso: Todos
sensibilidade, síndromes pulmonares eosinofflicas e
Pneumonite por hipersensibilidade Neoplásico: Carcinoma Bronquíolo-Alveolar
a pneumonite intersticial linfocítica. Estas últimas
fazem diagnóstico diferencial com o linfoma BALT Silicose
(bronchial associated limphoid tissue) que também Histiocitose X
Infeccioso: Tuberculose 6- Infiltrado pulmonar com predomínio periférico
inicia-se como uma doença oligossintomática.
Histoplasmose ("imagem negativa do edema agudo de pulmão")
*Padrão Radiológico: O padrão radiológico pode Paracococidioidomicose (peri-hilar)
Pneumonia eosinofílica crónica
limitar o número de prováveis diagnósticos:
3- Infiltrado pulmonar associado à adenomegalia hilar
ou mediastinal (FIGURA 6) * Sinais de Doença Sistémica: Diversas são as cau-
sas de PID que, na verdade, são doenças multissis-
têmicas nas quais o pulmão é apenas um dos ór-
Principais:
gãos acometidos. A sarcoidose, por exemplo, pode
Sarcoidose cursar com lesões cutâneas na face, hipercalcemia,
Silicose artrite, paralisia facial, diabetes insipidus etc. A ar-
Beriliose trite reumatóide, o LES, a esclerodermia, a dermato-
Induzida por fenitoína (pseudo-linfoma) polimiosite, a doença mista do tecido conjuntivo e
a síndrome de Sjõgren cada uma destas colageno-
Infeccioso: Tuberculose ses apresenta os seus sinais e sintomas caracterís-
Histoplasmose ticos, bem como determinados achados sorológicos
Criptococose (ex.: FAN positivo no LES e na esclerodermia, fator
Paracococidioidomicose (peri-hilar) reumatóide na AR). A angeíte de Churg-Strauss e a
Neoplásico: Linfoma granulomatose de Wegner são vasculites multis-
Linfangite carcinomatosa sistêmicas que apresentam frequentemente o aco-
Fig. 4 - Infiltrado intersticial reticular predominando em Sarcoma de Kaposi metimento pulmonar.
bases.
* História Ocupacional: As pneumoconioses tornam-
se os primeiros diagnósticos sugeridos em caso de PRINCIPAIS DOENÇAS
uma história positiva de exposição à sílica (silicose) e
ao asbesto (asbestose). Indivíduos que trabalham ou
trabalharam com mineração de ouro, cobre ou esta- 1. Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI)
nho, com corte ou polimento de pedras, com jatos de
areia e na indústria de sabões abrasivos estão sob É uma importante causa de PID, acometendo
risco de silicose. Aqueles que tem história prévia de pacientes entre 40-60 anos, sem preferência
trabalhar na fabricação de telhas, tubulações, fabrica- de sexo. O tabagismo é um fator de risco leve.
ção de freios, roupas com isolamento, construção na- Os sintomas iniciais são a dispneia aos esfor-
val, os bombeiros encanadores e até os familiares de ços de instalação insidiosa (ao longo de anos
indivíduos expostos podem desenvolver asbestose. ou meses), associada à tosse seca. Apenas
A exposição a poeiras orgânicas pode desenvolver alguns pacientes apresentam sintomas
pneumonite por hipersensibilidade. Os principais exem- constitucionais. O exame físico revela classi-
plos são os fazendeiros que se expõem aos esporos camente os estertores crepitantes
de actinomicetos presentes no feno ("pulmão do fa- (teleinspiratórios em velcro) nos l/3s inferi-
zendeiro"), os indivíduos que criam pássaros, expos- ores do hemitórax. O baqueteamento digital
tos a proteínas presentes nas penas ou excretas des- Fig. 7 • FPI na TCAR - infiltrado em 'vidro fosco' ou 'vidro moído',
pode estar presente em 40-50% dos casos. sugestivo de alveolite.
ses animais ("pulmão do criador de pássaros") e aque- Este achado, entretanto, pode ser encontra-
les que trabalham no conceito de ar-condicionados, do nas formas graves de outras PIDs, como
expostos a bactérias termofílicas. nas pneumoconioses e colagenoses. A radi-
ografia de tórax tipicamente mostra um
*História Medicamentosa: As principais drogas infiltrado reticular ou retículo-nodular bilate-
supostamente incrimindas na PID são: nitrofuran- ral, mais proeminente nos campos inferiores.
toína, metotrexate, amiodarona, bleomicina, ciclo- Nas fases mais avançadas, pode-se perce-
fosfamida, bussulfan, procarbazina, nitrosuréias, ber diversas áreas de faveolamento pulmo-
fenitoína, sais de ouro e os AJNE. nar na radiografia, marcadas pela presença
de múltiplos cistos medindo 0,5-1 em. A
* Presença de Eosinofilia Periférica: Se a contagem TCAR - é fundamental para avaliar a exten-
de eosinófilos no hemograma for maior que 5OO/mm3, são do comprometimento pulmonar e a fase
deve-se pensar nas síndromes pulmonares eosinofílicas, da doença. A presença de múltiplas áreas com
especialmente a pneumonia eosinofilia crónica, ou aspecto de vidro fosco (opacificações que
então, nas pneumonites por hipersensibilidade, na não chegam a obscurecer o parênquima) sig-
aspergilose broncopulmonar alérgica, na pneumonite nificam uma fase mais precoce, na qual pre-
relacionada a medicamentos, na síndrome de Loeffler, domina o processo de alveolite e exsudato
nas pneumonias eosinofílicas idiopáticas e na angeíte mononuclear. O faveolamento visto na
de Churg-Strauss. TCAR significa fase avançada, porém, no
mesmo paciente é comum encontrarmos áre- Fig. 8 - FPI na TCAR - faveolamento - fibrose avançada e destrui-
as de vidro fosco e outras de faveolamento. ção pulmonar.
6. Investigação Clínica Final
Para o diagnóstico, devemos excluir doen-
Se com toda essa investigação inicial, não for possível ças que levam a um padrão muito semelhan-
se obter o diagnóstico etiológico, deve-se proceder a te no histopatológico, como as colageno-
outros exames. O diagnóstico geralmente necessita do ses artrite reumatóide e esclerodermia e a
histopatologia). A Tomografia Computadorizada asbestose. O que pode trazer confusão é a
de Alta Resolução (TCAR) deve ser sempre solicita- positividade do FAN. que pode ocorrer em
do neste momento da investigação, não só pelo fato de 20% dos casos de FPL A confirmação obri-
ter um padrão característico em determinadas doenças gatoriamente necessita de uma biópsia pul-
(ex.: granulomatose de células de Langhans, linfangiolei- monar a céu-aberto ou guiada por toracos-
omiomatose, pneumonite por hipersensibilidade), mas copia. O padrão histopatológico é denomi-
principalmente por orientar mais precisamente qual a nado pneumonite intersticial usual (UIP),
melhor área do pulmão para ser biopsiada. caracterizada pela presença na mesma
biópsia de três padrões concomitantes: (1)
A Broncofibroscopia com lavado bronco-alveolar alveolite mononuclear, (2) fibrose alveolar e
(LBA) e com biópsia transbrônquica pode esclarecer (3) áreas de faveolamento. Os tecidos brôn-
alguns diagnósticos. Um LBA eosinofílico indica uma quico e vascular são poupados.
síndrome pulmonar eosinofílica. Um LBA linfocítico
sugere sarcoidose, síndrome de Sjõgren, pneumonite O tratamento traz pouco ou nenhum gan-
intersticial linfocítica, granulomatose linfomatóide ou ho a maioria dos pacientes, que acabam
linfoma BALT. A biópsia transbrônquica é o exame de evoluindo inexoravelmente para insuficiên-
maior acurácia para o diagnóstico da sarcoidose (sen- cia respiratória terminal em 3-8 anos (so-
sibilidade=90%). brevida média em 5 anos de 30-50%), ne-
cessitando de transplante pulmonar. O uso
Nos casos restantes, o diagnóstico deve ser obtido de corticóide (prednisona), associado a
pela Biópsia Pulmonar a Céu-Aberto ou guiada imunossupressores (ciclofosfamida) e a
pela Vídeo-Toracoscopia. Doenças como a fibrose drogas anti-fibrosantes (colchicina) deve
pulmonar idiopática, a pneumonite intersticial ser tentado nos casos em que o exame de
descamativa e a BOOP só podem ser diagnosticadas imagem mostra o predomínio da alveolite Fig. 9 - FPI no RX - faveolamento visto na radiografia simples de
dessa maneira. (infiltrados com aspecto de vidro fosco). tórax.
2. Pneumonite Intersticial Descamativa (DIP) Os jateadores de areia são os indivíduos expostos toma constitucional. Raramente, nota-se adenome-
a maior quantidade de poeira de sílica e são aqueles galia hilar na radiografia. Raramente, há calcificação
Esta entidade era considerada uma variante da fibrose que fazem as formas mais graves de silicose. dos linfonodos hilares, do tipo 'casca de ovo'. O
pulmonar idiopática, porém, trata-se de uma doença a risco de tuberculose pulmonar está bastante aumen-
parte e que apresenta extrema associação com o taba- A forma mais comum é a Silicose Crónica Sim- tado!! A associação silicose + tuberculose é chama-
gismo. É menos comum que a FPI, mas acomete a mes- ples - FIGURA 10, com mais de 10 anos de exposi- da Silicotuberculose. Portanto, a presença de sin-
ma faixa etária. O grande marco histopatologia) da ção (em média 20-30 anos). A fase inicial do processo tomas constitucionais deve levar à suspeita deste
doença é o extenso acúmulo de macrófagos no espa- é marcada pela presença de múltiplos nódulos pulmo- diagnóstico. A presença de nódulos reumatóides
ço alveolar (exsudato mononuclear macrofágico) as- nares (com menos de lcm), levando à formação de um associados à silicose define o diagnóstico da Sin-,
sociado a pouca fibrose parenquimatosa. O quadro infiltrado nodular difuso predominando nos 2/3 s su- drome de Caplan.
clínico-radiológico é semelhante ao da FPI, porém, o periores. Estes são os nódulos silicóticos da silicose
prognóstico é muito melhor. A sobrevida inédia em 10 simples ou clássica. O histopatológico do nódulo re- O tratamento é de suporte. Mesmo após a parada da
anos excede 70% e geralmente há resposta à absti- vela um centro acelular, com material hialino e fibrótico, exposição, a doença tende a progredir, com um prog-
nência ao tabaco e aos corticosteróides sistémicos. contendo partículas de sílica, que podem ser demons- nóstico bastante sombrio, indicando, por vezes, o
tradas pela microscopia com luz polarizada, evolvida transplante de pulmão. A resposta ao corticóide é
por um infiltrado mononuclear. O processo pode evo- precária.
3. Pneumonite Intersticial Aguda (Síndrome
de Hamman-Rich) luir para a forma mais grave - a Silicose Crónica
Complicada - FIGURA 11, na qual ocorre fibrose A Silicose Aguda é um quadro muito mais grave.
Trata-se de uma rara doença, marcada por um grave maciça, marcada pela formação de conglomerados com Caracteriza-se por um quadro respiratório de início
comprometimento alveolar agudo, levando rapida- diâmetro acima de lcm que vão coalescendo e se tor- subagudo que inicia-se meses a 5 anos após a expo-
mente à insuficiência respiratória e necessidade de nando grandes massas de fibrose, predominando nos sição a grandes quantidade de poeira de sílica
ventilação mecânica. O quadro é semelhante à SARA lobos superiores. Os lobos inferiores podem apresen- (jateadores de areia). O paciente evolui para insufici-
(síndrome da angústia respiratória aguda), incluindo tar hiperinsuflação compensatória. ência respiratória e a radiografia mostra infiltrado
o grave distúrbio da troca gasosa, necessitando de alveolar bilateral, com predomínio nas bases. A mai-
PEEP e FiO2 altos para que se mantenha uma satura- A silicose crónica simples muitas vezes é assintomá- oria evolui para óbito. O histopatológico revela um
ção de oxigênio adequada no sangue arterial. Um tica, sendo descoberta por uma radiografia de tórax padrão idêntico ao da proteinose alveolar - preen-
pródrome de 7-14 dias é comum, representado por um ocasional. Pode evoluir a qualquer momento para chimento dos alvéolos por material proteináceo se-
quadro viral, evoluindo para febre, tosse e dispneia um quadro sintomático. Surge dispneia aos esforços melhante ao surfactante pulmonar - é a silicoprotei-
franca. A radiografia mostra infiltrado alveolar bilate- progressiva, tosse seca, com poucos ou nenhum sin- nose. Existe uma forma intermediária de apresenta-
ral difuso - o mesmo padrão da SARA. A mortalida- ção clínica - a silicose acelerada, ocorrendo após a
de é alta (> 60%), mas os 40% restantes que não mor- exposição entre 5-10 anos.
rem podem recuperar significativamente a função pul-
monar. Vale ressaltar que a profilaxia é fundamental, já que
não há tratamento adequado, além do transplante de
pulmão. Os trabalhadores devem se proteger utili-
4. Sarcoidose zando máscaras apropriadas, mas só isso não é sufi-
ciente. Estes dispositivos apenas reduzem mas não
Dada a sua importância didática, esta doença será impedem a exposição. Outros recursos devem ser
abordada em um capítulo à parte. utilizados, como substituição dos abrasivos, venti-
lação do local, períodos de afastamento do operário,
5. Silicose técnicas de engenharia para reduzir a concentração
de poeira de sílica no ambiente de trabalho etc.
A exposição a poeira de sílica (dióxido de silício), o
elemento mais abundante na crosta terrestre, sob a
forma de quartzo, leva à forma mais comum de pneu- 6. Asbestose
moconiose existente no Brasil e no Mundo. Pneu-
moconiose é o termo dado às pneumopatias causa- As fibras de asbesto ou amianto são utilizadas na
das pela exposição a poeiras inorgânicas e como indústria de materiais isolantes. A construção de pré-
Fig. 10 - Silicose Crónica Simples. Infiltrado microno-
exemplos principais temos a silicose, a pneumoconi- dular nos 2/3s superiores dios ou a demolição dos mesmos, a fabricação de
ose dos mineiros de carvão, a asbestose, a baritose telhas, tubulações, fabricação de freios, a constru-
(sulfato de bário), a siderose (óxido de ferro) e a ção naval e a profissão de bombeiros encanadores
estanose (óxido de estanho), a talcose (poeira de podem trazer uma exposição suficiente para causar a
talco) e a beriliose. No Brasil, a exposição à poeira de doença. Uma exposição por mais de 15 anos geral-
sílica ocorre nas seguintes atividades laborativas - mente é necessária. Os familiares de indivíduos ex-
tabela abaixo: postos ao asbesto em seu trabalho podem inalar as
fibras presentes suas roupas.

Atividades de Risco para Silicose no Brasil A doença evolui de forma insidiosa, com sinais e
sintomas muito semelhantes aos da FPI. A radiogra-
1 - Indústria extrativa: mineração subterrânea e de su- fia de tórax mostra um infiltrado reticular ou retículo-
perfície nodular predominando nos lobos inferiores. Um acha-
2- Beneficiamento de minerais: corte de pedras, do característico é a presença de placas de calcifica-
britagem, moagem e lapidação ção pleural ou espessamento pleural. O mesotelioma
3- Indústria de transformação: cerâmicas, fundições, j
pleural é um tumor maligno altamente ligado à expo-
vidros, abrasivos, marmorarias, cortes e polimento de gra- sição ao asbesto. O diagnóstico é feito pelo quadro
nito e cosméticos clínico-radiológico compatível, associado à história
4- Atividades mistas: proféticos, cavadores de poços, de exposição. Na dúvida, a biópsia pulmonar revela
artistas plásticos, jateadores de areia e borracheiros. Fig. 11 - Silicose Crónica Complicada. Massas con- os corpúsculos de asbesto, quando examinada pela
glomeradas de fibrose. i microscopia de luz polarizada. O tratamento é ape-
levando a um quadro muito semelhante ao da que contém a fonte antigênica ou o cuidado através
sarcoidose ou da pneumonite por hipersensibi- do uso de máscaras. Os corticóides sistémicos são
lidade (adiante). Surge um infiltrado pulmonar indicados nos quadros mais sintomáticos. O prognós-
difuso retículo-nodular ou nodular e, frequen- tico é bom, contanto que a exposição continuada seja
temente, adenomegalia hilar bilateral. A sensi- abolida.
bilidade aos sais de berílio deve ser confirmada
para o diagnóstico, através do teste de trans-
formação linfocitária ao berílio. O tratamento, 9. BOOP
além da parada da exposição ao agente, inclui o
uso de corticóides sistémicos nos casos muito A bronquioliote obliterante com pneumonia em organi-
sintomáticos. Outros casos de pneumonite in- zação (BOOP) é uma entidade que sempre deve ser con-
tersticial por hipersensibilidade a metais pesa- siderada como diagnóstico diferencial nos pacientes
dos são: dióxido de titânio. pó de alumínio, cro- que apresentam um quadro febril e constitucional ar-
mo, cobalto, tungsténio. rastado, associado a infiltrado pulmonar bilateral. O
quadro pode se confundir com a tuberculose e até mes-
mo com uma pneumonia atípica. A radiografia de tórax
8. Pneumonites por Hipersensibilidade revela infiltrado intersticial e alveolar bilateral, com áre-
F/g. 72 - Asbestose. Infiltrado reticular bibasal. Obser-
as de condensação. Alguns infiltrados podem ser mi-
ve a presença de placas de cálcio na pleura mediastinal A exposição continuada a determinados agen-
direita e um espessamento pleural à direita gratórios. O padrão da TCAR é sugestivo: opacidades
tes orgânicos (fungos, bactérias termofílicas, do tipo vidro fosco entremeadas a áreas de consolida-
proteínas animais) ou inorgânicos (isociana- ção pulmonar e infiltrados nodulares. O diagnóstico
nas a parada da exposição e o suporte. A evolução é tos) pode propiciar uma alveolite granuloma- deve ser dado sempre pela biópsia pulmonar a céu aberto
variável desde um quadro estável até a rápida pro- tosa por uma reação de hipersensibilidade do ou video-toracoscopia-guiada, que mostra o caracte-
gressão para insuficiência respiratória, necessitan- tipo III (dependente de imuno-complexos) e IV rístico padrão de preenchimento alveolar por um tecido
do do transplante pulmonar. (tardia, mediada por linfócitos T helper). A ex- fibroso de granulação (pneumonia organizada) associ-
posição aguda a esses agentes pode levar a ado à obliteração bronquiolar pelo mesmo tecido. O
O Mesotelioma Pleural é um tumor maligno mui- febre, mal estar, tosse e dispneia após cerca de tratamento deve ser com corticóide sistémico (predni-
to raro e, quando encontrado na prática médica, qua- 6-8h, melhorando em alguns dias. A forma su- sona), havendo boa resposta.
se sempre está relacionado com a exposição prolon- baguda da doença necessita de uma exposi-
gada ao asbesto. O tumor geralmente se manifesta ção mais prolongada, podendo evoluir para
30-35 anos após esta exposição, surgindo com o pa- uma síndrome febril associada a dispneia gra-
ciente na faixa etária entre 60-70 anos. O sintoma ve, com necessidade de hospitalização. A re-
principal é a dor torácica não pleurítica (60-70% dos cuperação pulmonar pode ou não ser comple-
casos). A dispneia e a tosse seca ocorrem em 25% e ta nesses casos. A forma crónica é a que mais
20%, respectivamente. O que encontramos na radio- se parece com a PID, evoluindo insidiosamen-
grafia de tórax? O achado mais comum é o derrame te com dispneia aos esforços, tosse e perío-
pleural unilateral de grande monta, um pouco mais dos de febre ou exacerbação do quadro, após
comum no lado direito. Entretanto, alguns pacientes novas e repetidas exposições ao agente anti-
podem apresentar massas pleurais, espessamento gênico. Curiosamente, o tabagismo reduz a
pleural difuso que pode inclusive acometer as cisuras chance de um indivíduo desenvolver pneumo-
interlobares. Nos casos mais avançados, o pulmão é nite por hipersensibilidade. por abrandar a res-
encarcerado pela pleura neoplásica, reduzindo o seu posta imunológica alveolar.
volume. O tumor costuma metastatizar localmente,
atingindo a parede torácica (destruindo costelas e Deve-se sempre suspeitar de peneumonite por
promovendo retrações), o pericárdio, levando ao hipersensibilidade quando a história profissio-
aumento da área cardíaca e o diafragma, porta de nal ou de determinados hobbies de vida são
entrada para a invasão peritoneal e abdominal. O compatíveis com a exposição a um determinado
paciente geralmente tem os primeiros sintomas quan- antígeno. Os principais exemplos são: cana de F/gr. 13 - BOOP no RX. Observe o infiltrado em 'vidro fosco'
açúcar (bagassose), fazendeiros que se expõem nas bases.
do a doença já está avançada e a sobrevida média é
de 6-18 meses, pouco influenciada pelo tratamento. ao feno ('pulmão do fazendeiro'), criadores que
Como confirmar o diagnóstico? O exame indicado é a ficam expostos às excretas ou penas de pássa-
biópsia pleural aberta, guiada pela toracotomia ou ros ('pulmão do criador de pássaros'), exposi-
pela video-toracoscopia (sensibilidade= 98%). A ção à água de ar-condicionados ('pulmão do ar
biópsia fechada (às cegas) e a toracocentese confir- condicionado') ou de saunas ('pulmão da sau-
mam o diagnóstico em apenas 25% e 40% dos casos, na'). Diversos são os fungos que habitam esses
respectivamente. locais, dentre eles os actinomicetos termofílicos,
bem como determinadas bactérias termofílicas.
O risco de carcinoma broncogênico também está O pulmão do trabalhador químico é referente à
aumentado, em cerca de 5 vezes. A associação entre hipersensibilidade aos isocianatos.
exposição ao asbesto e tabagismo aumenta em 50
vezes a chance de Ca de pulmão!!! O padrão radiológico pode ser um infiltrado
retículo-nodular ou nodular difuso bilateral.
Eventualmente, predomina nos 2/3s superiores,
7. Beriliose . como na sarcoidose e silicose. O padrão da TCAR
pode ser sugestivo: infiltrado nodular bronco-
A exposição ao berílio, um metal utilizado em indús- cêntrico. Na dúvida diagnostica, a biópsia
tria de alta-tecnologia. na fabricação de lâmpadas transbrônquica revela a presença de nódulos
fluorescentes e de armas nucleares, pode levar a uma granulomatosos, bastante sugestivos da doen- Fig. 14 - BOOP na TCAR. Observe áreas de alveolite
reação de hipersensibilidade do tipo granulomatosa, ça. O tratamento é o afastamento da atividade peribrônquicas e periféricas.
10. Síndromes Pulmonares Eosinofílicas periférica também é um importante critério clínico 13. Síndromes Hemorrágicas Pulmonares
desta vasculite. i ; " i r
São definidas como doenças que cursam com um Aqui consideram-se duas entidades: (1) síndrome
infiltrado eosinofílico pulmonar, associado ou não à de Goodpasture; (2) hemossiderose pulmonar idio-
eosinofilia periférica. As entidades de etiologia conhe- 11. Granulomatose de Células de Langhans pática. A primeira é uma doença auto-imune,
cida são: (1) aspergilose broncopulmonar alérgica; (2) (Antiga "Histiocitose X") marcada pela presença de anticorpos anti-membra-
hipersensibilidade a drogas - exemplificada pela rea- na basal alveolar e glomerular. A doença apresenta-
ção ao antibiótico nitrofurantoína; (3) infestações pa- Esta doença ocorre em uma faixa etária precoce, inici- se como uma síndrome pulmão-rim recorrente, com
rasitárias agudas - síndrome de Lõeffler - ou crónicas ando os seus sintomas entre 20-30 anos de idade. A dispneia, hemoptise franca e glomerulonefrite com
- pneumonia eosinofílica tropical. As entidades de eti- associação com o tabagismo é quase universal (> 90%). insuficiência renal aguda. A anemia ferropriva é
ologia desconhecida são: (1) sfndromed e Lõeffler idi- A doença predomina no sexo masculino. Deve-se sus- bastante comum. A doença acomete mais indivídu-
opática; (2) pneumonia eosinofílica aguda; (3) pneu- peitar deste diagnóstico quando o quadro clínico de os jovens do sexo masculino. A doença deve ser
monia eosinofílica crónica; (4) síndrome hipereosino- uma PID lentamente progressiva é marcado por episó- diferenciada das vasculites que cursam com hemop-
fílica; (5) angeíte granulomatosa de Churg-Strauss. dios de pneumotórax recorrente e hemoptise. A radio- tise e glomerulite, da pneumonite lúpica e da lep-
grafia de tórax tem um padrão de infiltrado retículo- tospirose. O diagnóstico é feito pela biópsia renal,
A aspergilose broncopulmonar alérgica ca- nodular predominando nos 2/3s superiores e com utilizando-se a imunofluorescência. O tratamento é
racteriza-se pela presença de infiltrados pulmona- múltiplos cistos de 0,5-1 em. A TC AR tem um padrão com plasmaférese, corticóides e imunossupresso-
res transitórios, com predomínio nos lobos superi- característico (mas não patognomônico), mostrando res sistémicos. A hemossiderose pulmonar idiopá-
ores, bronquiectasias centrais e asma brônquica alér- bem estes cistos nos lobos superiores. A rotura de um tica é uma doença mais branda que a primeira, mani-
gica devido à hipersensibilidade aos antígenos do desses cistos é responsável pelo pneumotórax de re- festando-se com hemoptises recorrentes e infiltra-
Aspergillus fumigatus. O diagnóstico é confirmado petição. Em uma pequena percentagem de casos, há dos alveolares bilaterais predominando na faixa
pelo teste intradérmico e a dosagem das precipitinas cistos ósseos (lesões líticas), especialmente, nas cos- etária pediátrica ou adolescente. A anemia ferropri-
anti-Aspergillus. O IgE plasmático total está quase telas. O diabetes insipidus é uma complicação descri- va está quase sempre presente. A hepatoespleno-
sempre elevado e a asma costuma ser grave e refra- ta (tal como na sarcoidose). O padrão da espirometria megalia ocorre em 20% dos casos. Ao longo dos
tária. O tratamento é com corticóide sistémico (pred- é do tipo misto (restritivo e obstrutivo) e está associ- anos, o paciente evolui com um infiltrado interstici-
nisona). ado à hiperinsuflação pulmonar. O diagnóstico é pela al permanente, associado à fibrose progressiva do
biópsia a céu-aberto ou toracoscópica-guiada. O parênquima. Os corticóides sistémicos não interfe-
A Síndrome de Lófller é caracterizada pela pre- infiltrado parenquimatoso é caracteristicamente gra- rem na história natural da doença.
sença de infiltrados migratórios em ambos os pul- nulomatoso. O achado patognomônico é a presença
mões, eosinofilia periférica e ausência ou presença de células contendo os grânulos de Birbeck (que ca-
de poucos sintomas. Trata-se de uma doença auto- racterizam as células de Langhans), visíveis apenas 14. Protelnose Alveolar
limitada e que geralmente está associada ao ciclo na microscopia eletrônica. O tratamento é a abstinên-
larvário pulmonar de alguns helmintos (Áscaris cia ao tabaco, levando à melhora clínica em boa parte Rara entidade, geralmente associada a outras do-
lumbricóides, Strongyloides stercoralis, Necatur dos casos. Em outros, há um curso progressivo para enças, como leucemias, pneumoconioses, exposi-
americanus, Ancylostoma duodenale). A pneumo- insuficiência respiratória ao longo dos anos. ção a solventes. O paciente apresenta crises de tos-
nia eosinofílica aguda manifesta-se como um se, eliminando grande quantidade de um líquido
quadro agudo de pneumonia, com febre alta, tosse e proteináceo. A radiografia de tórax mostra conden-
infiltrado pulmonar. A presença de eosinofilia perifé- sação alveolar com predomínio nas bases e a
rica e a não resposta a antibióticos chama atenção biópsia transbrônquica confirma o diagnóstico,
para o diagnóstico. O tratamento de escolha é o cor- mostrando a ocupação alveolar por um material
ticóide sistémico (prednisona). lipoproteináceo PAS-positivo. O tratamento é a la-
vagem bronco-alveolar maciça. A doença pode es-
A pneumonia eosinofílica crónica é uma enti- tabilizar ou evoluir progressivamente como uma PID.
dade que se encaixa mais no grupo das PIDs. O qua- Algumas infecções pulmonares oportunísticas são
dro clínico é marcado por sintomas constitucionais, frequentes nestes pacientes, especialmente a no-
incluindo febre alta, sudorese noturna, anorexia e cardiose (Nocardia asteroides), a tuberculose, a
perda ponderai (semelhante à BOOP) e pulmonares, pneumocistose, a citomegalovirose e as micoses
como a tosse. A radiografia de tórax apresenta o clás- pulmonares.
sico padrão de infiltrado na periferia dos campos
pulmonares (a imagem negativa do edema agudo de
pulmão). A eosinofilia periférica está presente em 70% Fig. 15 - Histiocitose X na TC AR. Observe múltiplos 15. Pneumonites Linfocíticas e Linfomas
dos casos. A resposta ao corticóide sistémico (pred- cistos e o infiltrado intersticial.
nisona) é dramática, ocorrendo melhora importante Uma causa rara de PID, a pneumonite interstici-
dos sintomas após 48h. A ausência de resposta pra- al linfocítica está frequentemente associada a
ticamente afasta o diagnóstico. 12. Linfangioleiomiomatose outras doenças, como a SIDA (geralmente em cri-
anças), a hipogamaglobulinemia e a síndrome de
A síndrome hipereosinofílica e a angeíte de É uma rara doença de mulheres jovens, em fase mens- Sjõgren. Pode ser idiopática. A evolução pode ser
Churg-Strauss, na verdade, são doenças multissis- trual, caracterizada por um infiltrado pulmonar de para piora progressiva, estabilização ou resposta
têmicas que acometem também o pulmão. A primeira células musculares lisas, predominando na região ao corticóide sistémico. A granulomatose linfo-
é definida como a presença de esosinofilia periférica peribrônquica e perivascular. A formação de múlti- matóide é, na verdade, um linfoma de células T
> 1.50O/mm3 por mais de 6 meses, associada a lesão plos cistos leva ao pneumotórax espontâneo recor- angiocêntrico, promovendo um infiltrado granulo-
orgânica, especialmente o coração (cardiomiopatia rente e o comprometimento pleural é muito frequente matoso no pulmão, pele e sistema nervoso central.
restritiva), o pulmão (pneumonite eosinofílica), o sis- (às vezes o único), manifestando-se como derrame O linfoma BALT deve sempre ser considerado no
tema retículo-endotelial (hepatoesplenomegalia) e o pleural. O padrão da espirometria é semelhante ao da diagnóstico diferencial com as PIDs. Caracteriza-se
sistema nervoso (neuropatia). A angeíte de Churg- histiocitose X, havendo também hiperinsuflação por um quadro oligossisntomático associado a um
Strauss é uma vasculite sistémica que se manifesta pulmonar. O diagnóstico deve ser confirmado pela infiltrado misto difuso bilateral. A adenomegalia
com sintomas constitucionais, mononeurite múltipla, biópsia. A evolução mais frequente é a progressão hilar e mediastinal é incomum neste tipo de linfoma.
infiltrados pulmonares associados a asma brônquica para insuficiência respiratória em 10 anos. O trata- Trata-se de um linfoma de células B de baixo grau
•refratária, diarréia e miocardite aguda. A eosinofilia mento de escolha é a progesterona. de malignidade e boa resposta à quimioterapia.
SARCOIDOSE

Fig. 1: Adenopatia Hilar Bilateral Simétrica da Sarcoidose Fig. 2: O Granuloma Sarcóide

A Sarcoidose é uma doença sistémica crónica que se te não apresentam sintomas específicos, provavel-
PATOLOGIA
caracteriza pelo acúmulo de linfócitos e fagócitos mente porque o processo patológico não modifica
mononucleares em determinados órgãos, de maneira as estruturas locais o suficiente para afetar a função.
a formar granulomas não-caseosos (FIGURA 2) que Este processo inflamatório é seguido pela formação No caso dos pulmões, os granulomas distorcem a
causam desarranjos em suas estruturas teciduais. de granulomas. O granuloma típico da Sarcoidose parede dos alvéolos, brônquios e vasos sanguíne-
(não-caseoso - FIGURA 2) é uma estrutura com- os, alterando as trocas gasosas normais, e sendo
O pulmão é o órgão mais frequentemente afetado, pacta, composta por um agregado de fagócitos mo- percebido pelo indivíduo como dispneia.
mas qualquer parte do corpo pode ser atingida, como nonucleares, circundados por uma coroa de linfóci-
pele, olhos e gânglios. tos T auxiliares, e, às vezes, de linfócitos B. Outros locais onde a Sarcoidose se exterioriza, não
por causar disfunção clinicamente evidente, mas por
A doença tem seu pico de incidência em indivíduos Não há evidências de que o granuloma possa lesar estar diretamente exposta, inclui a pele e diversos
com vinte a quarenta anos de idade, e, contrariando o parênquima circundante através da liberação, pe- gânglios sistémicos.
as estatísticas das principais formas de lesão pulmo- las células inflamatórias, dos mediadores inflamató-
nar, parece ser menos comum entre fumantes do que rios - isto é, não há evidências de que o processo in- OBSERVAÇÕES:
em não-fumantes. flamatório por si cause alguma alteração patológica
importante. 1- Se um órgão comprometido pela sarcoidose for
homogeneizado, e seu extrato for injetado via
ETIOLOGIA A Sarcoidose causa comprometimento nos tecidos intradérmica em pacientes com Sarcoidose, estes
afetados porque os granulomas causam a distorção desenvolverão uma resposta inflamatória tardia de-
A etiologia ainda não é bem esclarecida, mas uma de suas arquiteturas (vitais para suas funções). Se nominada reação de Kveim-Siltzbach. Esta difere de
variedade de agentes infecciosos e não-infecciosos um número suficiente de estruturas vitais para a fun- uma reação cutânea de hipersensibilidade tardia pelo
têm sido implicados como antígenos precipitantes. ção de um órgão estiver envolvido, a doença torna- fato de levar de 4 a 6 semanas para se desenvolver,
Na verdade, acredita-se que a doença resulte de uma se clinicamente aparente. persistindo por vários meses. As respostas de anti-
resposta imunológica anormal dos processos que corpos à imunização podem ser exageradas, e pode
envolvem os linfócitos T auxiliares (lembrar que es- Portanto, enquanto a necropsia mostra que os indi- haver:
tes são responsáveis pela liberação de fatores qui- víduos com Sarcoidose possuem os granulomas em fator reumatóide circulante
miotáticos para fagócitos mononucleares, quando quase todos os órgãos (doença difusa), a expressão anticorpos anti-nucleares
na presença de um antígeno). clínica só ocorre nos órgãos onde os granulomas auto-anticorpos contra linfócitos T
estão em maior número e especialmente naqueles em
Assim, a primeira manifestação histopatológica da que a arquitetura é decisiva para os processos fisio- 2- A Sarcoidose representa um notável exemplo de
doença traduz-se no acúmulo de células inflamatóri- lógicos - e o caso dos pulmões e olhos. 'compartimentalização' do sistema imune: as reações
as mononucleares, predominantemente linfócitos T de ativação inadequada dos linfócitos T auxiliares,
auxiliares e fagócitos mononucleares, nos órgãos Ex.: A maioria dos indivíduos com Sarcoidose tem seguidas pela atração e depósito de fagócitos mo-
afetados. inflamação granulomatosa do fígado, mas geralmen- nonucleares, caracterizando um processo inflamató-

27
rio e a formação de granulomas, ocorrem em ambien- Foram identificadas 2 síndromes básicas da Sarcoi- 1. Pulmões r

te local, isto é, nos órgãos acometidos. dose aguda:


A atividade da doença não pode ser avaliada por Noventa por cento dos indivíduos portadores de
testes sanguíneos - enquanto existe um aumen- 11- SÍNDROME DE LÒEFGREN, caracterizada j Sarcoidose apresentam um RX de tórax anormal em
to marcante do número de células T auxiliares | pelo complexo: algum momento de sua evolução. Metade costuma
nos sítios da doença, o número de células T au- _ _ _ _ _ _ _ _ ^ . desenvolver anomalias pulmonares permanentes
xiliares no sangue está normal, ou mesmo dis- (fibróticas).
2- eritema nodoso : nas
cretamente diminuído.
3- achados radiológicos de adenopatia; '^ndlnavas.
hilar bilateral (e paratraqueal) I irlandesas e' O comprometimento pulmonar da Sarcoidose carac-
3- Se a doença for suprimida, espontaneamente ou 4- artrite periférica aguda ou poliartralgia | P°rt°- teriza-se primariamente por uma pneumonia intersti-
pelo tratamento, a inflamação reduz-se em intensida- riquenhas cial, no qual o processo inflamatório envolve os al-
de e o número de granulomas diminui. A involução J2- SÍNDROME DE véolos, bronquíolos e pequenos vasos sanguíneos.
dos granulomas determina a formação de cicatrizes HEERFORDT-WALDENSTRÕM (FIGURA 3), Os principais sintomas pulmonares incluem dispneia
fibróticas que posteriormente desaparecem. que descreve indivíduos com: e tosse seca.
se a inflamação persistir por um período curto de
tempo, e as alterações causadas pelos granulo- 1-febre
A dispneia geralmente é causada por comprometi-
mas não forem muito extensas, a tendência natu- 2-aumento da parótida
3- uveíte anterior
mento do parênquima (por fibrose ou pelo próprio
ral do órgão é retomar suas funções normais, granuloma), mas pode também resultar de obstrução
: 4- paralisia do nervo facial
se a inflamação persistir por um período longo granulomatosa das vias aéreas superiores. A disp-
de tempo, e as lesões forem suficientemente ex- neia aguda, secundária a um pneumotórax, desen-
tensas, de modo que as células parenquimato- volve-se também ocasionalmente em pacientes com
sas restantes não consigam restabelecer a ar- 3. Crónica doença pulmonar fibrótica mais avançada.
quitetura normal do tecido, o processo fibrótico
pode determinar perda funcional permanente do A forma insidiosa de Sarcoidose desenvolve-se ao Pode haver atelectasias, resultantes tanto da granu-
órgão acometido. longo de meses, e geralmente está associada a quei- lomatose endobrônquica, quanto da compressão por
xas respiratórias, sem sintomas gerais sistémicos. gânglios hilares aumentados.
4- É importante ressaltar que o granuloma sarcoi-
dótico é idêntico, morfológica e imunologicamente, apenas 10% dos indivíduos que apresentam Sar- A pleura está comprometida em até 5% dos casos,
a granulomas gerados por outras enfermidades, coidose de aparecimento insidioso, desenvolvem quase sempre dando origem a derrames pleurais. Tais
sendo, portanto, fundamental afastar outras doen- sintomas em outros órgãos, derrames costumam se resolver em semanas, mas
ças granulomatosas antes de firmar-se o diagnósti- a Sarcoidose de início insidioso é a que mais podem resultar em espessamento pleural crónico.
co de sarcoidose. frequentemente evolui para a cronicidade, com
lesão permanente dos pulmões e outros órgãos. A hemoptise é rara, mas pode ocorrer em associação
a Sarcoidose cavitária avançada.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A Sarcoidose é uma doença sistémica, podendo aco- 2. Vias Aéreas Superiores


meter vários órgãos e causar uma sintomatologia
muito variada. Um aspecto marcante para a clínica A mucosa nasal está comprometida em 20% dos pa-
desta doença é o fato dos pulmões estarem quase cientes com Sarcoidose, geralmente manifestando-
sempre envolvidos. A grande maioria dos pacientes se sob a forma de obstrução nasal. Todas as estrutu-
se apresenta com sintomas pulmonares. ras orais podem ser comprometidas, com sintomato-
logia variada e pode haver rouquidão (quando a la-
ringe é acometida), sibilos e dispneia alta obstrutiva.
FORMAS DE APRESENTAÇÃO
3. Linfonodos
1. Assintomática
A adenopatia é muito característica da Sarcoidose:
Os gânglios intratorácicos estão aumentados em
Algumas vezes a Sarcoidose é detectada em um indi-
até 90% dos pacientes, principalmente os hilares
víduo completamente assintomático, geralmente por
(FIGURAS 4a e 4b). A adenopatia hilar é geralmen-
um exame de rotina, como um RX de tórax. Neste
te bilateral e simétrica.
caso, são achados com mais frequência a adenopatia
hilar bilateral simétrica, com ou sem infiltrado pulmo-
A adenopatia periférica é também muito comum, com-
nar associado. Fig. 3: A síndrome de Heerfordt-Waldenstrõm prometendo principalmente os gânglios cervicais, axi-
lares e inguinais, mas em geral não são importantes e
2. Aguda frequentemente passam despercebidos pelo pacien-
te. São geralmente indolores à palpação, não-aderen-
Em outros casos, a Sarcoidose aparece com sinais e COMPROMETIMENTO DE tes, e geralmente não ulceram. A adenopatia raramen-
sintomas de doença aguda, desenvolvendo-se de ÓRGÃOS ESPECÍFICOS te causa problema para o indivíduo afetado, entretan-
forma repentina ao longo de algumas semanas. to, se for maciça, pode ser desfigurante e comprome-
ter a função de vários órgãos por compressão.
Os indivíduos que iniciam com este tipo de evolução Apesar do fato da Sarcoidose representar uma doen-
costumam apresentar sintomas gerais como febre, ça sistémica, e alguma evidência de inflamação po-
astenia e anorexia, que podem ser tanto leves quan- der ser detectada em quase todos os órgãos na mai- 4. Pele
oria dos pacientes, ela é clinicamente importante
to extenuantes. São comuns também os sintomas devido às anormalidades pulmonares, e, em menor
pulmonares, como tosse, dispneia e um vago des- A Sarcoidose acomete a pele em 25% dos casos. As
grau, ao comprometimento dos gânglios, pele e olhos.
conforto retroesternal. lesões mais comuns são:
O eritema nodoso, caracterizado por nódulos erite- 8. Rins
matosos sensíveis na superfície anterior das pernas,
não é comum na Sarcoidose crónica, mas é muito Além dos granulomas renais serem raros, quando
típico da forma aguda, em combinação com sintomas ocorrem são frequentemente assintomáticos.
sistémicos gerais e poliartralgias (Lõefgren). O eritema
nodoso estaria associado à Sarcoidose como uma Como os granulomas da Sarcoidose podem ser res-
reação secundária a uma vasculite subcutânea ines- ponsáveis por uma produção anormal de vit.D ativa,
pecífica. é sabido que esta condição pode ser acompanhada
de hipercalcemia.
Granulomas sarcoídicos também ocorrem diretamen-
te na pele, produzindo uma variedade de lesões Esta hipercalcemia é quem geralmente dá origem às
maculares e papulares assintomáticas. Podem apare- manifestações renais da Sarcoidose, ou seja, através
cer erupções maculopapulares elevadas, com menos de nefrocalcinose ou nefrolitíase.
de lcm de diâmetro, e uma superfície plana e cérea.
São comuns na face, em torno dos olhos e nariz, no
dorso e extremidades. 9. Sistema Nervoso

As placas são lesões indolores, violáceas, frequen- Qualquer parte do sistema nervoso pode ser acome-
temente elevadas, e ocorrem em geral na face, região tida pela Sarcoidose, dando origem a sintomas dos
glútea e extremidades. Os nódulos subcutâneos são mais diversos. O nervo craniano mais comumente
muito comuns no tronco e nas extremidades. comprometido é o facial, mas qualquer nervo pode
ser afetado.
O lúpus pérnio (FIGURA 5) caracteriza-se por le-
sões endurecidas, azuladas e brilhantes, no nariz, A mononeuropatia ou a polineuropatia dos nervos
bochechas, lábios, orelhas, dedos e joelhos. Em ge- periféricos provoca perda sensorial, parestesias ou
ral, a mucosa nasal está comprometida. fraqueza motora.

Granulomas da Sarcoidose também podem se desen- Pode haver meningite asséptica, geralmente de ins-
volver em cicatrizes cirúrgicas antigas e tatuagens. talação insidiosa - a meningite sarcóide - importan-
te diagnóstico diferencial com a meningite por BK.
A Sarcoidose cutânea raramente causa maiores pro-
blemas, embora possa ser esteticamente desfigurante. Granulomas dentro do parênquima cerebral podem
produzir sintomas de lesão expansiva, como cefaléias,
convulsões ou sintomas locais.
5. Olhos . '

O comprometimento dos olhos ocorre em cerca de 10. Glândulas Endócrinas


25% dos pacientes com Sarcoidose, e pode provo-
car cegueira. Dos casos de comprometimento ocu- O aumento da parótida é um aspecto clássico da sar-
lar, 75% desenvolve uveíte anterior. Sintomas co- coidose, embora apareça clinicamente apenas em
Fig. 4b muns são fotofobia, lacrimejamento e turvação vi- 10% dos pacientes, (lembrar síndrome de Heerfordt).
sual. Pode haver síndrome de ceratoconjuntivite
seca, quando houver comprometimento das glân- O eixo hipotálamo-hipofise é a parte mais compro-
dulas lacrimais. metida do sistema endócrino, manifestando-se ge-
ralmente por diabetes insípido. O hipopituarismo
Lembrar que o quadro de uveíte anterior, associado é raro. O comprometimento da córtex supra-renal,
a parotidite e paralisia facial define a síndrome de resultando em insuficiência glandular, tem sido
Heerfordt. descrito.

6. Medula Óssea e Baço 11. Coração

O comprometimento da medula óssea é descrito em Embora frequentemente existam granulomas cardía-


até 40% dos casos de Sarcoidose, mas raramente cos nas necrópsias de pacientes com sarcoidose,
existem alterações hematológicas significantes. Em- assim como no fígado, os sintomas clínicos são
bora a esplenomegalia ocorra em até 10% dos paci- infreqiientes (menos de 5% dos casos). Quando ocor-
entes, as consequências do comprometimento es- re comprometimento cardíaco, este pode se manifes-
plênico grave são semelhantes as de uma esplenec- tar de muitas formas: bloqueios, arritmias, angina,
tomia... aneurismas, derrame pericárdico e ICC.

O cor pulmonale é uma apresentação infreqiiente,


7. Pâncreas, Intestino e Fígado que ocorre em associação a uma fibrose pulmonar
avançada.
Fig. 5: Lúpus Pérnio
Embora a biópsia hepática revele o comprometimen-
to deste órgão em até 90% dos casos, em geral isto
eritema nodoso não se torna clinicamente evidente. Da mesma for- 12. Ossos - Articulações - Músculos
erupções maculopapulosas ma, manifestações clínicas intestinais, ou relaciona-
nódulos eritematosos sensíveis das ao comprometimento do pâncreas, são bastante O comprometimento ósseo envolve mais frequente-
lúpus pérnio (FIGURA 5) incomuns. mente as falanges, os metacarpos e metatarsos.
• manifestações externas incluem deformidades
GRAU ZERO ausência de alterações radiológicas
dos dedos e unhas distróficas (FIGURA 6).
GRAU I aumento dos linfonodos mediastinais sem anormalidades do parênquima (50-60%)
• pode haver osteoporose e formação de cistos GRAUJIA^ acometimento dos linfonodos mediastinais com doença difusa do parênquima (40-50%)
(FIGURA 7). GRAU IÍB doença parenquimatosa difusa sem acometimento dos linfonodos mediastinais (15%)
GRAU III Indícios de doença mais crónica com fibrose, como as retrações em "favo de mel" ou retração hilar

As anormalidades do parênquima mais frequente- sibilidade (alveolite alérgica extrínseca), linfoma, tu-
mente se revelam como um infiltrado retículo- berculose miliar, beriliose, silicose, asbestose,
nodular. Entretanto: coccidioidomicose, hanseníase e doença de Gaucher,
entre outras. Destarte, a dosagem desta enzima deve
lesões grandes e conglomeradas podem estar ser avaliada com critérios na composição diagnosti-
presentes em associação a retração hilar (diag- ca da sarcoidose, pois apresenta taxa de falsa
nóstico diferencial com silicose). negatividade em torno de 40% e falsa positividade
os infiltrados parenquimatosos são por vezes em torno de 10%. A dosagem sérica da ECA tem sido
algodonosos, e apresentam um padrão alveolar, estudada como marcador de atividade na sarcoido-
pode haver grandes nódulos, únicos ou múlti- se, refletindo a presença sistémica de granulomas e
plos, que podem ser confundidos com tumores, não somente o acometimento pulmonar. No acome-
nódulos pequenos podem produzir um padrão timento pulmonar, a ECA costuma estar mais elevada
miliar sugestivo de tuberculose. nos graus II e III e menos nos graus I e 0, traduzindo
em raras situações pode haver derrame pleural maior acometimento granulomatoso. Portanto, a ECA
associado a sarcoidose. denota a atividade da fase granulomatosa sistémica
Fig.6
os linfonodos mediastinais e hilares podem da enfermidade, tendo por isso pouca relação com
apresentar calcificações ditas "em casca de ovo" estudos de lavagem broncoalveolar e cintigrafia por
(diagnóstico diferencial com silicose), gálio 67, que podem detectar a presença de alveolite
além de alterações bolhosas, podem surgir ver- ainda em fase pré-granuloma ou com poucos granu-
dadeiras cavidades que, algumas vezes, contêm lomas. A dosagem sérica da ECA não é, portanto,
micetomas. bom previsor da intensidade da alveolite na sarcoi-
atelectasia lobar pode ser causada por granulo- dose. Sua dosagem também não tem o menor valor
mas endobrônquicos, e pode haver bronquec- como avaliador de prognóstico e nem é, por si só,
tasía pós-obstrutiva. indicador de terapia, pois valores iniciais não são
diferentes entre pacientes que melhoram ou pioram.
A TC pode mostrar o aumento dos linfonodos mais O uso de corticóide ou a diminuição da atividade da
claramente, detectando linfonodos do mediastino ou enfermidade baixam seus níveis séricos. Estes fatos
abaixo da carina que muitas vezes passam desperce- fazem com que esta enzima seja de grande valor na
bidos nas radiografias convencionais do tórax. monitoração do tratamento da enfermidade.

A lisosima costuma estar elevada na sarcoidose e


QABORATÓRIO tem certa correlação com a atividade da enfermidade.
Os maiores valores são mais encontrados no grau II,
Não é comum a elevação significativa do VHS, exceto nos pacientes com sintomas e com lesões extra-
na síndrome de Lõefgren. : ' torácicas. Tem pouco valor diagnóstico pois encon-
tra-se elevada em diversas outras doenças como tu-
Em geral, os achados mais comuns são: berculose, beriliose, silicose e leucemias. Tem sido
Linfopenia .,.:., identificada em macrófagos e células epitelióides,
Hiperglobulinemia porém, preferencialmente, em granulomas jovens e
Como já dito, na sarcoidose pode haver artrite agu- Hipercalcemia/hipercalciúria não antigos. Tem comportamento semelhante ao da
da. Esta se manifesta como poliartrite (por vezes mi- ECA, mas com menor especificidade, tendo com isso
gratória) das grandes articulações, como tornozelos, Quando há meningite asséptica, o líquor mostra pouco valor na prática clínica.
joelhos, punhos e cotovelo. Habitualmente há re- pleocitose inespecífica e elevação de proteínas.
gressão sem deformidades articulares.
Níveis séricos elevados da enzima conversora da DIAGNÓSTICO
Assim como o fígado, os músculos frequentemente angiotensina I e II (ECA) têm sido relatados na sar-
apresentam granulomas assintomáticos no seu inte- coidose desde o clássico trabalho de Lieberman. Este O diagnóstico da sarcoidose é baseado em três pila-
rior. Miosite aguda ou miopatia crónica, com eleva- fato tem sido encontrado com frequência que varia res que devem, de maneira geral, estar presentes:
ção das enzimas musculares são incomuns. em torno de 40 a 90%, sendo que estudo internacio-
nal envolvendo 12 centros e 1.941 pacientes com Assim, o diagnóstico de sarcoidose deve ser sus-
Obs.: a gota pode complicar a sarcoidose, presumi- sarcoidose demonstrou sensibilidade de 57%. A ECA peitado pela clínica, e confirmado por exames com-
velmente devido a superprodução de purinas nos parece ser produzida pelo granuloma sarcoidótico plementares. Entretanto, é comum que os achados
granulomas disseminados. sob influência T-linfocítica, tem ação quimiotáxica clínicos sejam mais sutis, e, além disto, como a sar-
para macrófagos, podendo aumentar sua função coidose pode acometer qualquer órgão... nem sem-
fagocítica entre outras. Parece ser, portanto, mais um pre a clínica indica uma suspeita forte, podendo ha-
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS modulador do processo granulomatoso na sarcoi- ver confusão com várias outras doenças.
dose. Entretanto, esta enzima também pode ser en-
As anormalidades radiológicas que ocorrem na sar- contrada, em torno de 10%, em outras enfermida- O RX não pode ser usado como critério isolado para
coidose foram arbitrariamente classificadas da se- des, algumas delas de difícil diagnóstico diferencial o diagnóstico - embora a adenopatia hilar bilateral e
guinte maneira: com a sarcoidose, como a pneumonite por hipersen- simétrica seja o estigma da doença, um padrão seme-
lhante pode ser encontrado no linfoma, na tubercu- evitando possível nefrocalcinose e insuficiência re- usados no tratamento de manutenção da sarcoidose
lose, na paracoccidioidomicose, na brucelose e no nal, e alivia, de maneira eficaz, a sintomatologia gera- pulmonar crónica e, especialmente, das vias aéreas
carcinoma broncogênico. da pela enfermidade. superiores. Lesões cutâneas podem ser tratadas com
cremes/pomadas ou até mesmo injeções locais de
A Biópsia Pacientes com grau I, especialmente com eritema corticóides, claro que na dependência da extensão
nodoso, devem ser observados sem tratamento, ape- destas lesões.
Seja a apresentação clínica clássica ou não, o acha- sar de James et ai terem demonstrado regressão das
do microscópico de um processo mononuclear gra- linfonodomegalias com tratamento (corticóide ou Não existe forma única de regime de tratamento na
nulomatoso é decisivo para o diagnóstico. antiinflamatório não esteróide), em 1 de cada 2, e sarcoidose. A maioria dos autores utiliza a predniso-
regressão espontânea somente em 1 de cada 6 paci- na na dose de 20 a 60mg diários, geralmente em dose
Mas qual tecido deve ser biopsiado ? entes não tratados após seis meses de observação. única, que é gradualmente reduzida até a dose de
Havendo piora, obviamente, trata-se. manutenção de 5 a lOmg diários ou 10 a 20mg em
Na ausência de acometimento cutâneo o pulmão é o dias alternados. Recaídas podem ocorrer em torno
local mais indicado para realização de uma biópsia. Dificuldade maior existe quanto à indicação terapêu- de 25% dos pacientes, geralmente quando diminui-
Quando o método utilizado é a biópsia transbrôn- tica no grau II. Sendo este sintomático deve ser se a dose para 10 a 15mg/dia ou mesmo após o trata-
quica, através de um broncoscópio de fibra óptica: tratado. Quando assintomático mas com captação mento. Doses maiores, isto é, 60 a 80mg, podem ser
aumentada de gálio-67, aumento da ECA sanguínea necessárias na presença de uveíte aguda, cardiopa-
60% dos pacientes que têm RX normal, revelam e alta relação CD4:CD8 no LBA também deve ser tia sarcoidótica, hipercalcemia persistente e acome-
granulomas típicos. tratado. Alguns estudiosos, entretanto, preconizam timento pulmonar extenso.
90% dos pacientes que têm alterações no RX, a observação clínica por seis meses neste grau radi-
revelam granulomas típicos. ológico, quando este se apresenta assintomático e Praticamente não há substituto para os corticóides
sem grande disfunção pulmonar. Caso haja piora ou no tratamento da sarcoidose, entretanto, outras dro-
Se a biópsia transbrônquica for negativa, mas hou- não melhora após seis meses, trata-se. Posição con- gas podem ser usadas, geralmente quando há algum
ver forte suspeita de sarcoidose, com comprometi- trária a esta se baseia no fato que os corticoesterói- impedimento no uso daqueles, em determinadas si-
mento de parênquima ao RX, está indicada a repeti- des são capazes de abortar o processo inflamatório tuações especiais ou como uma alternativa para se
ção do exame. granulomatoso existente evitando a possível gera- diminuir e/ou espaçar as doses de corticóide. Antiin-
ção de fibrose, devendo-se tratar todo grau II. flamatórios não hormonais, por exemplo, podem ser
Outros métodos que podem ser utilizados para ob- usados na vigência de eritema nodoso, poliartralgi-
tenção do material pulmonar são: O grau III apresenta grau de resolução espontânea as e irite aguda. Hidroxicloroquina é útil no tratamen-
a) mediastinoscopia pequena e, praticamente, deve sempre ser tratado. O to de lesões fibróticas crónicas pulmonares e cutâ-
b) biópsia pulmonar a céu aberto LBA, a cintigrafia por gálio-67 e, principalmente, a neas. A dose utilizada é de 200mg em dias alternados
dosagem sérica da ECA, devem ser usados no acom- por 9 meses. Este esquema, de modo geral, evita a
Não se deve realizar biópsias "às cegas" de locais panhamento do tratamento. toxicidade ocular, porém se faz necessário um acom-
como por exemplo as conjuntivas, glândulas lacri- panhamento oftalmológico. Metotrexate pode ser
mais, gengiva, etc. pois não fornecerão resultados O grau IV já apresenta importante fibrose, tendo, usado no tratamento do lúpus pérnio e lesões cutâ-
compensadores. Entretanto, se estes órgãos estive- portanto, os corticoesteróides pouca ação. Porém, neas crónicas, mas também em certas lesões pulmo-
rem comprometidos, a biópsia pode ser útil. Caso na presença de sinais de atividade da enfermidade, nares crónicas, com o intuito de diminuir e espassar
existam lesões de pele, nódulos subcutâneos ou onde a cintigrafia por gálio-67 pode ser extremamen- as doses de corticóide. É geralmente usado na dose
musculares, estes também devem ser submetidas a te útil, um curso de corticoesteróide deve ser tenta- de lOmg, uma vez por semana durante três meses.
biópsia, pois são de fácil acesso e podem ser diag- do. Diante da ausência de captação na cintigrafia Outras drogas imunossupressoras como azatioprina
nósticos. A biópsia de um eritema nodoso mostra por gálio-67, indiscutivelmente, não há indicação de (50mg 3x/dia/3 meses), ciclofosfamida (50mg 1 x/dia/
frequentemente uma paniculite ou vasculite inespe- corticoterapia. 3 meses) e clorambucil (5mg xx/cia/3 meses) também
cífica, e, por conseguinte, não é diagnostica. Como podem ser usadas com o intuito principal de espassar
já dito, as biópsias hepática e dos linfonodos fre- No que tange a sarcoidose extratorácica existe con- e diminuir a dose de corticóide.
quentemente mostram granulomas inespecíficos. senso. Destarte, devem ser tratadas com corticoes-
Obs: os granulomas típicos de sarcoidose não po- teróides lesões de órgãos vitais como o SNC e cora- Em situações especiais pode ser considerada a pos-
dem conter micobactérias, fungos ou material refrátil. ção, acometimento ocular, lesões hepáticas e renais sibilidade de transplante de órgãos (pulmonar, cardí-
importantes, envolvimento esplênico (principalmen- aco e hepático), sendo fato interessante a ocorrên-
te com anemia, leucopenia, trombocitopenia e he- cia de granulomas nos órgãos transplantados, mes-
TRATAMENTO morragia), o acometimento de vias aéreas superiores mo com imunoterapia efetiva.
(pois, frequentemente, indicam cronicidade da en-
O tratamento da sarcoidose praticamente se baseia fermidade), hipercalcemia e hipercalciúria persisten-
no uso de corticóide. As lesões granulomatosas da te, lesões glandulares com ressecamento ocular e
sarcoidose são, na maioria das vezes, extremamen- bucal por acometimento lacrimal e das parótidas,
te sensíveis aos corticóides e estes devem sempre tiroidites, lesões cutâneas, especialmente as defor-
ser usados quando indicados, em qualquer das suas mantes e o lúpus pérnio, e, quando intenso, o aco-
formas de administração. Entretanto, a sarcoidose metimento articular, ósseo e muscular.
é enfermidade de etiologia desconhecida, com gran-
de diversidade de apresentação clínica e de evolu- As diversas formas de aplicação de corticoesterói-
ção variada, de certo modo, imprevisível, e que apre- des podem ser usadas. Assim, a pulsoterapia tem
senta grande taxa de resolução espontânea. Estes lugar especial na neurosarcoidose, que tem morbi-
fatos fazem com que exista grande dificuldade de dade importante e aumento da mortalidade. A dose
análise dos diversos estudos existentes quanto ao usada deve ser de 500mg de metilprednisolona IV em
tratamento, gerando opiniões distintas. Apesar de dias alternados ou lg a cada semana num total de 4 a
existir certa dúvida quanto à influência que os cor- 6 injeções, na dependência da resposta terapêutica.
ticoesteróides possam ter na história natural da Colírios e pomadas oftálmicas com corticóides po-
sarcoidose, seguramente esta droga previne a dem ser tentados no acometimento ocular, porém se
fibrose ocular e cegueira, previne a fibrose e hiper- houver uveíte posterior, corticóide sistémico deve
tensão pulmonar, normaliza o metabolismo cálcico ser usado. Corticóides tópicos inalatórios podem ser
CÂNCER DE PULMÃO

^EFINIÇÃO ^ , Cânceres Mais Frequentes de Acordo com o Sexo particulada ou alcatrão (nicotina e demais carcino-
gênios).
O termo câncer de pulmão se aplica a neoplasias Homens Mulheres
malignas que se originam do epitélio respiratório. Próstata (41%) Mama (31%) O consumo de cigarros é o tipo mais carcinogênico de
Os linfomas, os mesoteliomas e os sarcomas não se tabagismo. Sabemos também que o número de cigar-
Pulmão (13%) Pulmão (13%)
enquadram nesta definição. ros possui uma correlação direta com o surgimento do
Cólon (9%) Cólon (11%) carcinoma broncogênico. Uma carga tabágica (núme-
O carcinoma broncogênico é responsável por cerca ro de maços consumidos ao dia multiplicado pelo nú-
de 90% das neoplasias malignas de pulmão. Este tu- mero de anos que o indivíduo fuma ou fumou, repre-
mor habitualmente é dividido em 2 grupos - carcino- Pelo seu alto potencial maligno, o CA de pulmão é o sentada pela unidade maços-ano) considerada de alto
ma broncogênico de pequenas células e os carcino- líder entre as causas de morte oncológica, sendo res- risco é representada por um valor maior do que 20
mas broncogênicos não-pequenas células (carcino- ponsável por 31% dos casos de morte por câncer em maços/ano. Para uma mesma carga tabágica, as mu-
ma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de homens e por 25% em mulheres. A sobrevida em 5 lheres continuam mais suscetíveis do que os homens.
grandes células anaplásico). anos deste câncer (equivalente à cura) continua sen- Os estudos mostram que quem fuma mais de 10 cigar-
do desapontadora, com apenas 13% dos pacientes ros por dia durante muitos anos tem uma chance 10
atingindo esta marca. Esta pequena chance de cura vezes maior de contrair CA de pulmão em relação aos
vem do fato de a maioria dos casos (55% dos pacien- não tabagistas. Aqueles que fumam mais de 20 cigar-
tes) quando o diagnóstico é obtido, o tumor já apre- ros por dia, a chance aumenta para 20 vezes. O consu-
senta metástases à distância. Somente 15% dos indi- mo de charutos ou de caximbos também aumenta o
víduos possuem doença local, enquanto 25% já apre- risco de câncer de pulmão, porém, em menor intensi-
sentam disseminação para linfonodos regionais. En- dade (em torno de 3 vezes). Talvez, isto venha do fato
tretanto, na presença de doença localizada, observa- do charuto e caximbo serem tipos de fumo não tragáveis
mos uma melhora da sobrevida, que pode alcançar em (a nicotina é absorvida pela mucosa oral). Esses tipos
algumas séries até 50-70% em 5 anos. Em termos de de fumo estão também relacionados ao aumento do
malignidade, o CA de pulmão perde para poucos cân- risco de câncer de boca.
ceres, como o de esôfago, estômago e pâncreas.
Os fumantes passivos possuem também um risco re-
De acordo com estatísticas americanas, a partir de 1984 lativo de cerca de 1,3 vezes de desenvolver câncer
tem sido notado um pequeno declínio na incidência de pulmão, principalmente após algumas décadas de
do carcinoma broncogênico em homens (provavel- exposição. Isto justifica diversos casos relatados de
mente resultado de campanhas contra o fumo); entre- carcinoma broncogênico em filhos de pais fumantes
tanto, a incidência no sexo feminino continua paulati- ou em cônjuges de fumantes, mesmo se essas pesso-
namente elevando-se. Este fenômeno faz com que 47% as nunca fumaram ativamente. O encontro de
dos pacientes com a doença sejam mulheres. carcinogênios conhecidos no sangue desses fuman-
tes passivos comprova a relação.

[JTIOLOGIA Nos indivíduos que param de fumar existe uma redu-


ção significativa do risco somente após cerca de 15-
O principal fator de risco para o câncer de pulmão 20 anos. O risco realmente torna-se bem menor, mas
indubitavelmente é o tabagismo. Cerca de 90% dos ainda um pouco maior que da população que nunca
homens e 80% das mulheres com a doença são (ou fumou.
Fig. 1 - Nódulo pulmonar de 3cm, espiculado. Trata-se
foram) tabagistas. As substâncias carcinogênicas
de um Carcinoma Broncogênico - o maior responsável conhecidas do fumo incluem os hidrocarbonetos aro- Existem diversos outros tipos de câncer relaciona-
pelas mortes oncológicas atualmente. máticos policíclicos, as N-nitrosamina tabaco-espe- dos ao tabagismo - tabela abaixo.
cíficas (do inglês: TSNA) e os aldeídos voláteis. A
nicotina, substância do tabaco responsável pela de- Cânceres Relacionados ao Tabagismo
||PIDEMIOLOGIA pendência química e pelos efeitos cardiovasculares,
também está implicada na carcinogênese, uma vez Pulmão Cabeça e pescoço
O câncer de pulmão representa uma verdadeira que derivados nicotínicos são capazes de inibir a Boca Bexiga
'pandemia', que teve seu início no século XX, com a apoptose das células cancerígenas do epitélio brôn- Esôfago Pâncreas
industrialização do tabagismo. Corresponde à segun- quico. Na verdade, a queima do tabaco, durante o
da neoplasia maligna mais comum no sexo masculi- fumo, libera mais de 4.000 substâncias, entre elas a
no e no feminino - tabela a seguir. Não esqueça que nicotina, o monóxido de carbono e diversos carcino- Outros fatores de risco conhecidos são doença pul-
o quarto câncer mais comum no sexo masculino é o gênios. Todas essas substâncias são divididas em monar obstrutiva crónica (fator de risco indepen-
câncer de bexiga. parte gasosa (ex.: monóxido de carbono) e parte dente), fibrose pulmonar, exposição ao asbesto, ao
36 M E D C U R S O - "Do INTERNATO À RESIDÊNCIA"

radônio (produto radioativo derivado do urânio que linfonodos). O nome aveno-celular ou oat cell vem
se impregna no solo) e a outros carcinógenos indus- do fato das células neoplásicas deste tumor terem
triais (arsénico, halo-éter, cromo, níquel, gás mostar- sido comparadas a grãos de aveia. As células são um
da, hidrocarboneto aromático policíclico, cloreto de pouco maior que os linfócitos, sendo derivadas pro-
vinila, metal duro eta)- O asbesto aumenta impressi- vavelmente das células neuro-endócrinas argentafins
onantemente o risco quando associado ao tabagis- (tal como o tumor carcinóide). O carcinoma aveno-
mo (50 vezes*), comprovando um efeito sinérgico. A celular é a causa mais comum da maioria das síndro-
exposição ao asbesto em não-fumantes eleva o risco mes paraneoplásicas (hormonais, excetuando-se a
em 5 vezes. hipercalcemia, e neurológicas).

Algumas alterações genéticas podem ser observa-


das nas células tumorais de pacientes com carcino- gPRESENTAÇÃO CLÍNICA
ma broncogênico: (1) ativação, através de mutações,
de oncogenes dominantes como os da família ras Muitos pacientes com carcinoma broncogênico não
(principalmente o gene K-ras encontrado no adeno- procuram assistência médica até o surgimento dos
carcinoma). Este achado está relacionado a mau prog- sintomas. A tabela a seguir resume as principais apre-
nóstico em pacientes com câncer não-pequenas cé- sentações clínicas dos tumores de pulmão.
lulas; (2) amplificação, rearranjo ou perda de contro-
le sobre a transcrição, de oncogênese da família myc Fig. 2 - Carcinoma Bronquíolo-Alveolar, um subtipo raro
de adenocarcinoma. Geralmente manifesta-se como um
(C-, N- e L-); alterações em todos os genes desta Sintomas de Apresentação do
nódulo ou massa pulmonar, mas eventualmente apre-
família são encontradas no câncer de pequenas cé- senta-se com um infiltrado alveolar localizado ou difuso. Carcinoma Broncogênico
lulas, enquanto modificações no c-myc são observa-
das no câncer de pulmão não-pequenas células; (3) Assintomático
defeitos (perda de alelos) também têm sido observa- adenocarcinoma é o tipo de longe mais comum. Ge- - Nódulo na radiografia de tórax -15%
dos em genes supressores tumorais (oncogenes ralmente de localização periférica, é o subtipo mais
recessivos), como o rb (gene do retinoblastoma) e o | Sintomas do Tumor
encontrado na citopatologia positiva do líquido
p53. Estes distúrbios são encontrados mais frequen- ! -Tosse 75%
pleural e no aspirado nodular transtorácico. É a cau-
temente no carcinoma de pequenas células. - Hemoptise 35%
sa mais comum da osteoartropatia hipertrófica - uma
- Chiado localizado
síndrome paraneoplásica - seguido de perto pelo
epidermoide. Invasão Intra-torácica
(JlPOS HISTOLÓGICOS - Dor torácica -30%
O carcinoma bronquíolo-alveolar é um subtipo de - Dispneia
Como vimos antes, o Carcinoma broncogênico re- adenocarcinoma, representando apenas 3% do total -Rouquidão -15%
presenta 90% das neoplasias malignas do pulmão. dos carcinomas broncogênicos. É derivado das célu- - Síndrome da veia cava superior - 5%
Este é um tumor originário da célula do epitélio brôn- las alveolares (pneumócitos tipo II) e apresenta-se - Síndrome de Pancoast - 5%
quico, bronquiolar ou alveolar - pneumócito tipo II como massa, lesão difusa multinodular ou infiltrados
(este último, no caso específico do carcinoma alveolares (assemelhando-se a uma pneumonia - FI- Metástase à distância 30%
bronquíolo-alveolar). Outras formas raras de neo- GURA 2). Este carcinoma se caracteriza por infiltrar e i - Dor óssea
plasias malignas incluem os linfomas (inclusive o se espalhar pelos os epaços alveolares, sem invadir os - Cefaléia, náuseas e vómitos, déficit neurológico focal
BALT), os mesoteliomas e os tumores de células do septos (crescimento 'lepídico'). Existem dois tipos his-
Síndrome paraneoplásica 10%
estroma. tológicos: mucinoso (derivado das células calicifor-
mes) e não-mucinoso (derivado dos pneumócitos tipo
Os principais subtipos do carcinoma broncogênico II). Este segundo pode se manifestar com a expectora-
serão descritos abaixo e abordados preferencialmente ção de grande quantidade de muco. A tosse é o sintoma mais comum, ocorrendo em cerca
neste texto: de 75% dos pacientes; ela pode ser ocasionada por
1.3- Carcinoma de Grandes Células Anaplásico invasão da mucosa brônquica pelo tumor, pela pneu-
monite pós-obstrutiva ou atelectasia, pelo derrame
1. Carcinomas Não-Pequenas Células Na verdade, a sua histologia parece ser um carcino- pleural ou pela cavitação da neoplasia. A dispneia
ma epidermoide ou adenocarcinoma tão indiferenci- ocorre em até metade dos casos, sendo resultado da
1.1- Carcinoma Epidermoide ado que não pode ser classificado como nenhum obstrução de grandes vias aéreas pela massa tumo-
(Escamoso, Espinocelular) desses subtipos histológicos. Perfaz 9% dos ca- ral. Nesta situação pneumonite e atelectasia podem
sos; é o subtipo menos comum. Apresenta pior prog- ser observadas. Outras causas de dispneia são a
Representa cerca de 29% dos casos (nos EUA), nóstico entre os carcinomas não-pequenas células. disseminação linfangítica do carcinoma e o derrame
sendo o mais comum entre os homens fumantes. O Localização mais periférica, podendo sofrer cavitação pleural.
tumor epidermoide tem geralmente localização cen- em até 10% dos pacientes.
tral ou proximal e apresenta-se como tumoração Hemoptise é observada em 35% dos indivíduos
brônquica exofítica, melhor visualizada à broncofi- acometidos. Suas causas incluem necrose do tumor,
broscopia. É a causa mais comum de hipercalcemia 2. Carcinoma de Pequenas Células ulceração da mucosa, erosão de vasos intra-toráci-
paraneoplásica (secreção do peptídeo PTH-símile - {Oat Cell ou Aveno-Celular) cos, pneumonia pós-obstrutiva e tromboembolismo
ver adiante). O tumor cavita em 10 a 20% dos casos. pulmonar, fenómenos que ocorrem isoladamente ou
O oat cell é responsável por 18% dos casos de em combinações variadas. A dor torácica é queixa
1.2- Adenocarcinoma câncer de pulmão. Esta variedade apresenta o pior importante em 40% dos pacientes, sendo ocasiona-
prognóstico e maior agressividade entre os carcino- da por invasão da pleura parietal, parede torácica ou
Está presente em 32% dos pacientes com carcino- mas broncogênicos (tempo de duplicação em torno mediastino. Outras causas incluem infecção e doen-
ma broncogênico (nos EUA), atualmente considera- de 30 dias versus 200 dias para o carcinoma não- ça tromboembólica.
do o tipo histológico mais frequente, tendo suplan- pequenas células. Geralmente de localização central,
tado o carcinoma epidermoide quando a estatística possui 70% de chance de metástases à distância no A extensão da doença no mediastino pode levar a
não separa por sexo, idade ou raça. No sexo femini- momento do diagnóstico. A maioria dos casos tam- paralisia diafragmática (envolvimento do nervo
no, nos jovens (< 45 anos) e nos não-fumantes, o bém apresenta invasão do mediastino, incluindo os frênico) ou rouquidão por comprometimento do
trajeto intra-torácico do nervo laríngeo recorrente Hodgkin e não-Hodgkin (especialmente o subtipo monia pós-obstrutiva. O tumor que mais cavita é o
esquerdo. Neste caso, o tumor invadiu os linfonodos mediastinal fibrosante de grandes células B). Em cer- carcinoma epidermóide. Deve ser diferenciado do
mediastinais da janela aorto-pulmonar, por onde pas- ca de 10-20% dos casos, a síndrome pode ser cau- abscesso pulmonar bacteriano por ter os bordos ir-
sa este nervo. O surgimento de turgência jugular, pul- sada por doenças benignas, como a mediastinite regulares. A atelectasia é decorrente da compressão
so paradoxal e alargamento da silhueta cardíaca de- fibrosante pós-infecção fúngica ou micobacteriana de um brônquio lobar ou principal. No último caso,
nota acometimento pericárdico com tamponamento. ou a trombose da cava, geralmente precipitada pela temos todo o pulmão atelectasiado. A ocorrência de
permanência de um catéter venoso profundo. pneumonias de repetição sempre no mesmo local fala
A extensão intra-pulmonar do próprio tumor se dá a favor de uma lesão obstrutiva brônquica - esta le-
por via linfática (linfangite ocasionando hipoxemia e Antes considerada uma emergência oncológica, a são pode ser um carcinoma broncogênico.
dispneia) ou pelo surgimento de novas massas no síndrome de veia cava superior ocasionada pelo car-
parênquima. cinoma broncogênico permite um tempo hábil para Doença Metastática
a realização do diagnóstico histológico antes de seu
A presença de derrame pleural pode ou não signi- tratamento. A obtenção do material pode ser feita Segundo o Tratado de Patologia Robins (última edi-
ficar comprometimento pleural pelo tumor. Algumas através de mediastinoscopia, mediastinostomia, aná- ção), os locais mais frequentemente envolvidos por
causas incluem obstrução linfática, pneumonite pós- lise citológica do escarro, broncofibroscopia ou bi- metástases são: adrenais (50% dos casos), fíga-
obstrutiva, hipoalbuminemia, tromboembolismo ou a ópsia de medula óssea. As opções terapêuticas são do (30-50%), OSSOS (20%) e cérebro (20%). Estes
presença de alguma outra desordem não relaciona- a poliquimioterapia, empregada no carcinoma de pe- percentuais foram obtidos em pacientes que morre-
da ao carcinoma broncogênico (insuficiência cardí- quenas células, e a radioterapia. ram de CA de pulmão (não valem para a apresenta-
aca, por exemplo). Contudo, o derrame pleural ma- ção do câncer)... As metástases adrenais são obser-
ligno é mais comum, apresentando-se como derra- Complicações Locais vadas como aumento unilateral assintomático da
mes de moderado a grandes volumes e que reacu- glândula, visualizado à tomografia computadorizada
mulam rapidamente após toracocentese. O líquido As principais complicações locais do carcinoma (TC). A insuficiência supra-renal é rara. O diagnósti-
pleural é um exsudato com predominância linfocíti- broncogênico são: (1) derrame pleural, (2) cavitação co diferencial desta lesão é o adenoma adrenal. Em
ca. A citologia do derrame é positiva em cerca de 50- - FIGURA 3, (3) atelectasia - FIGURA 4 e (4) pneu- casos de dúvidas, sobretudo quando existe a possi-
60% dos casos na primeira coleta e pode aumentar bilidade de cirurgia curativa, uma biópsia percutâ-
para 65 a 70% em análises citológicas repetidas. nea guiada por TC é recomendada. As metástases
Aquele de maior positividade citológica é o adeno- hepáticas são mais frequentemente encontradas no
carcinoma. A biópsia pleural às cegas acrescenta carcinoma de pequenas células (até 25% dos pacien-
muito pouco ao diagnóstico. tes à apresentação) do que no tumor de não-peque-
nas células.
O tumor localizado no sulco superior do pulmão leva
à famosa síndrome de Pancoast-Tobias Esta é As metástases para o sistema nervoso central po-
caracterizada por dor no ombro e/ou escápula ipsi- dem envolver os hemisférios cerebrais, o cerebelo e
lateral e dor na distribuição do nervo ulnar (com as meninges. O carcinoma de pequenas células e o
atrofia muscular e paresia distal). A destruição radi- adenocarcinoma mais comumente estão envolvidos.
ológica da primeira e segunda costelas é comumen- Os sintomas podem ser focais (convulsão) ou não
te observada. O envolvimento das raízes C8 e Tl, focais (cefaléia). O comprometimento da medula es-
pela extensão tumoral no ápice pulmonar, justifica as pinhal, na verdade, geralmente é derivado de uma
manifestações. O subtipo histológico mais frequen- metástase óssea vertebral e pode levar à síndrome
temente envolvido é o carcinoma epidermóide (52% de compressão medular, uma emergência oncológica.
dos casos), embora o carcinoma de grandes células As metástases para o esqueleto são osteolíticas e
(23%) e o adenocarcinoma (23%) possam também ser comprometem as costelas, corpos vertebrais e os-
encontrados. Atualmente a ressonância magnética sos longos.
de tórax é o exame que melhor delineia o tumor, por
realizar cortes no plano coronal. Síndromes Paraneoplásicas
Fig. 3 - Carcinoma epidermóide cavitado.
A síndrome de Claude-Bernard-Horner (miose, As síndromes paraneoplásicas representam um con-
ptose, enoftalmia e anidrose facial ipsilateral), oca- junto de distúrbios ocasionados pelo tumor, não ten-
sionada pelo comprometimento dos gânglios simpá- do relação com sua presença física nem com suas
ticos cervicais, geralmente coexiste com a síndrome metástases. Estas manifestações muitas vezes ocor-
de Pancoast. Para alguns autores ela compõe a sín- rem antes da detecção clínica e laboratorial do carci-
drome de Pancoast. noma broncogênico. O carcinoma de pequenas célu-
las é o subtipo mais frequentemente relacionado com
A Síndrome de Veia Cava Superior está relaci- as diversas síndromes.
onada ao carcinoma broncogênico originado no
lobo superior do pulmão direito. O carcinoma de pe- A Hipercalcemia é uma das síndromes paraneo-
quenas células é o subtipo mais comumente encon- plásicas mais comuns, estando relacionada ao car-
trado. Suas manifestações incluem edema e conges- cinoma epidermóide. A produção de um peptídio
tão facial, edema das extremidades superiores, circu- relacionado ao paratormônio ocasiona o distúrbio
lação colateral proeminente, visível na região supe- metabólico. Esta substância tem exatamente o mes-
rior do tórax, e turgência jugular. Outros sintomas in- mo efeito do PTH - induz a atividade osteoclástica e
cluem tosse, síncope (que pode ser precipitada pela inibe a excreção renal de cálcio. O quadro clínico-
tosse) e ortopnéia. Os achados no RX simples são laboratorial é muito parecido com o hiperparatireoi-
de um mediastino alargado, presença de uma massa dismo primário (hipercalcemia, hipofosfatemia, aci-
pulmonar (usualmente no lobo superior direito) e dose metabólica hiperclorêmica e aumento do AMP
derrame pleural ipsilateral (25% dos casos). Os ho- cíclico urinário).
mens entre 50 e 70 anos são mais frequentemente Fig. 4 - Atelectasia da língula do pulmão esquerdo, devi-
afetados. O carcinoma broncogênico é causa de 65- do à compressão brônquica por um carcinoma bronco- A SIADH (síndrome de secreção inapropriada do
80% dos casos, seguido de longe pelos linfomas gênico. ADH) está relacionada ao carcinoma de pequenas
células (oat cell). O ADH produzido pela célula elevados de ACTH no soro (>200pg/mL), nos indi-
tumoral promove a retenção de água livre nas por- cam a presença de secreção ectópica de ACTH. Nes-
ções distais do néfron, ocasionando hiponatremia, ta situação, uma TC de tórax é mandatória, uma vez
que pode ser grave e comprometer o estado de cons- que o tumor de pulmão é a causa mais comum desta
ciência do paciente. O diagnóstico inclui hipona- síndrome.
tremia, osmolaridade sérica baixa (<270mOsm/L) e
osmolaridade urinária inapropriadamente elevada A Osteoartropatia Pulmonar Hipertrofies apre-
(>200mOsm/L de água) em um paciente euvolêmico senta-se com baqueteamento digital, aumento e dor
e sem edema de membros inferiores. É necessário dos tecidos moles das extremidades (periostite de
que desordens endócrinas, adrenais e da função ossos longos - tíbia, fíbula, rádio e ulna, metacarpos,
renal sejam afastadas. Na ausência de manifesta- metatarsos) e sinovite de grandes articulações peri-
ções neurológicas, o tratamento é restrição hídrica féricas (punhos, cotovelos, tornozelos, joelhos), ge-
(lL/dia). Em pacientes sintomáticos, recomenda-se ralmente simétrica. O sinal radiológico da periostite
o uso de diurético de alça somado a infusão de da tíbia pode ser visto na FIGURA 5. Esta síndrome
solução salina hipertônica a 3%. pode ser eventualmente confundida com artrite reu-
matóide. A VHS elevada e a boa resposta aos AINE
A Síndrome de Cushing é ocasionada devido à muitas vezes atrasa o reconhecimento desta condi-
produção, pelas células tumorais, de ACTH. Está ção, que na verdade é um marco semiológico de uma
mais relacionada ao carcinoma de pequenas células provável neoplasia intratorácica. O adenocarcinoma
(oat cell). Os poucos pacientes com este distúrbio é o subtipo usualmente encontrado: o carcinoma epi-
apresentam um prognóstico reservado. As manifes- dermóide é responsável por até 38% dos casos.
tações clássicas do hipercortisolismo crónico não
costumam estar presentes, pela rapidez de instala- As manifestações neurológicas ocorrem devido a fe-
ção da síndrome. O paciente pode apresentar pletora nómenos autoimunes. Existem determinados antíge-
facial, ganho ponderai centrípeto, hipertensão arte- nos que são compartilhados entre as células tumorais
rial, hiperglicemia e hipocalemia. Inicialmente obser- e os diversos componentes do tecido nervoso.
vamos elevação do cortisol urinário livre e a não su- Fig. 5 - Reação periosteal típica da periostite
da Osteoartropatia Hipertrófica.
pressão do cortisol com baixas doses de dexameta- A Síndrome Miastênica de Eaton-Lambert é
sona (teste de Liddle). A não supressão do cortisol encontrada em 1 a 3% dos pacientes com carcinoma
com altas doses de dexametasona somada a níveis de pequenas células. A célula tumoral exibe canais de cálcio mediados por voltagem exatamente iguais
aos dos neurônios pré-sinápticos da placa motora
(terminação neuro-muscular). O indivíduo com esta
As principais síndromes paraneoplásicas do câncer de pulmão desordem produz anticorpos contra este canal (de-
monstrados no soro), o que interfere na liberação de
Hipercalcemia Mais comum no carcinoma epidermóide. Secreção tumoral de substância acetileolina na fenda sináptica após a passagem do
paraneoplásica PTH-símile. Quadro semelhante ao hiperparatireoidismo primário, com hi- potencial de ação. As manifestações incluem fraque-
percalcemia grave e hipofosfatemia. za muscular proximal, hiporreflexia e disfunção autó-
noma. Até metade dos pacientes obtém melhora dos
Síndrome de Cushing Mais comum no carcinoma de pequenas células (oat cell). É relacionada a sintomas com o tratamento do câncer. A diferença
um mau prognóstico. clínica com a miastenia gravis é o fato de poupar a
Aguda: HAS, hiperglicemia, edema, hipocalemia, fraqueza muscular. musculatura ocular e bulbar. A eletroneuromiografia
Subaguda/crônica (rara): Faseies cushingóide, obesidade centrípeta, estrias
tem um padrão característico, denominado incremen-
violáceas abdominais.
tal do miopotencial, ao contrário da miastenia que
Síndrome da secreção Mais comum no carcinoma de pequenas células (oat cell). Hiponatremia
tem um padrão decremental).
inapropriada de ADH progressiva e severa (dilucional), levando a sinais e sintomas neurológi-
(SIADH) j cos (convulsões, torpor, coma) quando Na < 120 mEq/L. A Degeneração Cerebelar Subaguda é caracte-
rizada por ataxia de evolução lenta, que ocorre como
Osteopatia hipertrófica Mais comum no adenocarcinoma (Harrísorís). Edema e dor nas extremida- consequência da degeneração das células de Purkinje
e baqueteamento digital des dos ossos longos da porção distal dos membros (rádio e ulna, tíbia, do córtex do cerebelo. As manifestações incluem
fíbula, metacarpos e matatarsos), baqueteamento digital e sinais de periostose vertigem, nistagmo, ataxia, disartria e diplopia. Ela é
na radiografia convencional. a mais comum dentre as síndromes paraneoplásicas
que envolvem o sistema nervoso central. Esta de-
Síndrome de ; Mais comum no carcinoma de pequenas células (oat cell). Fraqueza mus- sordem associa-se ao carcinoma de pequenas célu-
Eaton-Lambert cular, predominando nos grupos musculares proximais, auto-anticorpos anti- las (oat cell), mas também à doença de Hodgkin e ao
canais de cálcio do axônio da junção neuro-muscular, reduzindo a liberação carcinoma de mama e ovário. No caso dos tumores
de acetileolina na fenda. Eletroneuromiografia com padrão característico. ginecológicos, identificamos no líquor e no soro de
metade dos pacientes um anticorpo dirigido contra
Presença do Anti-Hu Encefalite límbica, poliradiculopatia, mielopatia, miopatia, neuronopatia as células de Purkinje (anti-Yo).
motora, anormalidades do plexo braquial, afasia e dismotilidade gastroin-
: testinal.
Existem outras manifestações neurológicas associa-
Degeneração cerebelar Mais comum no carcinoma de pequenas células (oat cell). Ataxia bilateral, das com auto-anticorpos neuronais - antineuronal
subaguda náuseas, disartria e nistagmo (síndrome cerebelar), de instalação subaguda. nuclear autoantibodies (ANNA-1). Estes autoanti-
corpos (compostos de IgG policlonal), também co-
Síndromes Hipercoagulabilidade: Síndrome de Trousseau e Endocardite marântica (em- nhecidos como anti-Hu, reconhecem uma família de
Hematológicas bolização arterial periférica é comum). proteínas ligadas ao RNAm nuclear, expressas tanto
CID, anemia, granulocitose e eritroblastose. nas células do oat cell quanto em células presentes
no tecido nervoso. As manifestações neurológicas
Caquexia Causa multifatorial. precedem, em mais de 90% dos casos, o aparecimen-
to do câncer.
As desordens envolvidas com a presença do anti-Hu reserva pulmonar não devem ser submetidos a este Procedimentos Gerais de Estadiamento
são: encefalite límbica, poliradiculopatia, mielopatia, exame.
miopatia, neuronopatia motora, anormalidades do plexo Todo paciente com câncer de pulmão deve ter sua ana-
braquial, afasia e dismotilidade gastrointestinal. Uma das grandes missões do patologista é a diferen- mnese bem feita, assim como seu exame físico. Detalhes
ciação entre os tumores de pequenas células e os de como o seu índice de performance diário (performance
Os anticorpos dirigidos contra as células da retina não-pequenas células, uma vez que a terapêutica e o status) deve ser estabelecido. Este parâmetro avalia a in-
podem ser observados raramente em pacientes com prognóstico diferem significativamente. fluência do câncer no dia-a dia do paciente, isto é, até
câncer de pulmão. Nestes casos, o tumor de peque- que ponto o tumor influencia de forma negativa a realiza-
nas células encontra-se presente. Fotossensibilida- __ ção de tarefas da vida pessoal e profissional do paciente.
de, perda visual e estreitamento do calibre das artéri- ^STADIAMENTO Na verdade, é uma escala que avalia o estado geral do
as retinianas podem ser encontrados. paciente. Os índices mais empregados nos Estados Uni-
Deve ser anatómico e fisiológico. O primeiro deter- dos são o Karnofsky Performance Scale e o Eastern
Os distúrbios hematológicos são encontrados em mina a localização do tumor e nos guia para a forma Coopperative Oncology Group, possuindo ambos cor-
cerca de 1 a 8% de pacientes com carcinoma bronco- de terapêutica a ser empregada. O estadiamento fisi- relação com a sobrevida. Em pacientes com estádios
gênico. Destacam-se as síndromes de hipercoagula- ológico refere-se à capacidade que determinado pa- precoces do tumor (I e II, por exemplo), um índice desfa-
bilidade, manifestas como tromboflebite migratória ciente apresenta de suportar os diversos tratamen- vorável fala a favor de uma doença mais avançada do
(síndrome de Trosseau) e endocardite marântica. tos propostos (cirurgia, radioterapia e cirurgia). Nes- que a detectada pelos métodos habituais de avaliação.
Anemia, leucocitose, leucoeritroblastose e coagula- te caso, a condição cardiopulmonar tem importância
ção intravascular disseminada são alterações tam- fundamental. Os exames empregados para estadiamento clínico
bém descritas. incluem:
Os pacientes com carcinoma não-pequenas células
As síndromes dermatológicas estão presentes em são estadiados de acordo com a classificação TNM (1) Broncofibroscopia nos fornece material para
cerca de 1% ou menos dos pacientes com câncer de (próxima tabela e FIGURA 6 - pág. seguinte). Apro- análise histopatológica além de informação a respei-
pulmão. A dermatomiosite e a acantose nigricans são ximadamente 30-40% dos indivíduos apresentam-se to do tamanho do tumor, localização, grau de obstru-
as principais. A caquexia é uma síndrome paraneo- com doença passível de cura cirúrgica (estágios I, II ção brônquica e possível recorrência. O exame não é
plásica comum e possui causa multifatorial. e alguns casos de IIIA), enquanto 33% já encontram- realizado em todos os pacientes.
se no estádio IV (metástases à distância).
(2) TC de tórax (ideal: com extensão para andar
DIAGNÓSTICO O carcinoma de pequenas células possui um es- superior do abdome - fígado e suprarrenais) - indi-
quema simples de estadiamento, não sendo utilizado cada em todos os casos. Avalia tamanho do tumor e
O screening de indivíduos assintomáticos acima de o TNM. No estágio limitado, a doença está confina- envolvimento nodal, e possível extensão pleural. No
45 anos que fumam cerca de 20 cigarros ou mais por da a um hemitórax e linfonodos regionais (mediasti- caso do oat cell é empregada para se avaliar respos-
dia, através de citologia de escarro e radiografias de nal, hilar contra-lateral e usualmente supraclavicula- ta à terapia, uma vez que o tratamento cirúrgico não
tórax, não mostrou alterar a sobrevida. Mesmo o uso res ipsilaterais). No estágio avançado, a dissemina- é recomendado na maioria dos casos.
de tomografias helicoidais de tórax de forma periódi- ção tumoral ultrapassa estes limites, sendo infeliz-
ca não demonstraram benefícios. Estes estudos são mente encontrada em 70% dos pacientes na apre- (3) Mediastinoscopia com Biópsia de Linfo-
feitos em grandes populações e têm como objetivo sentação inicial. nodos - indicado em todos os casos do carcinoma
principal mensurar o custo-benefício. Na prática, o
bom senso pode indicar a radiografia de tórax nos
Estadiamento TNM do Carcinoma Broncogênico Não-Pequenas Células
indivíduos tabagistas que chegam ao seu consultó-
rio ou ambulatório - lembre-se que os poucos cân- T=TUMOR
ceres de pulmão que são curados geralmente são '• TO = Não Evidenciado - Ausente na imagem e citologia negativa. j
diagnosticados na fase assintomática por uma radi-
T1= Pequeno e Periférico -< 3cm, periférico, envolto por parênquima. j
ografia de tórax.
T2 = Grande ou Proximal ou Pleura Visceral - > 3cm ou com atelectasia/penumonia pós-obstrutiva, ou no j
brônquio fonte com distância > 2cm da carina, ou invadindo pleura visceral. \
A citologia do escarro possui uma sensibilidade de
60-70% para tumores de localização central, revelan- T3 = Minimamente Invasivo (Ressecável) - no brônquio fonte com distância < 2cm da carina, ou com atelectasia |
do-se um exame de baixa acurácia para os tumores pulmonar total, ou invadindo parede torácica, oudiafragma, ou pleura mediastinal, oupericárdio parietal. I
mais periféricos. Se positivo, confirma o diagnóstico. T4 = Invasivo e Irressecável - invadindo traquéia ou carina ou grandes vasos ou coração ou esôfago ou corpo í
vertebral, ou D. pleural neoplasia), ou D. pericárdico neoplásico. j
J
O diagnóstico histopatológico requer a obtenção
de tecido para análise. Os métodos utilizados são N = LINFONODO
descritos a seguir: NO = Sem Acometimento - Não invade linfonodos. I
N1 = Hilares Ipsilaterais - Invade os linfonodos peribrônquicos ou hilares do mesmo lado. 1
- Biópsia brônquica ou transbrônquica através de N2 = Mediastinais Ipsilaterais - Invade os linfonodos mediastinais do mesmo lado ou subcarinais. I
broncofibroscopia (sensibilidade de 70-80% para N3 = Contralaterals ou Supraclaviculares/Escalenos - Invade os linfonodos contralaterais (hilares ou medias-
nódulo central > 2 em). tinais), ou linfonodos supraclaviculares ou escalenos (qualquer lado). ,
- Biópsia transtorácica por agulha guiada por TC M = METÁSTASE À DISTÂNCIA ]
(sensibilidade de 95% para nódulo periférico > 2
MO = Sem Metástase à Distância - Nenhum sinal ou indício de mestástase à distância. ;
em). Pode ser utilizada também em pacientes nos
quais a broncofibroscopia não obteve sucesso ou M1 = Hilares Ipsilaterais - Invadindo osso ou cérebro ou fígado ou suprarrenal eto.
não pode ser realizada. Tumor Operável Tumor Inoperável
- Biópsia guiada por video-toracoscopia (VATS).
- Biópsia a céu aberto. Estágio I - (T1 ouT2)N0M0 Estágio IIIB -T4(N0-3)M0
(T1-4)N3M0
Vale ressaltar que a biópsia transtorácica está relaci- Estágio II -(T1ouT2)N1 MO Estágio IV - (T1 -4)(N0-3)M1
onada a maior chance de complicação, ocorrendo T3N0M0
pneumotórax em cerca de 20-30% dos casos, geral- Estágio IIIA -T3(N0-2)M0
mente pequeno e auto-limitado. Pacientes com baixa (T1-3)N2M0

wm.
Fig. 6

Estadiamento Estadiamento^ Estadiamento


TMN TMN TMN

Mediastinais contralaterais
Hiiares contralaterais
Peribrõnquicos ipsilaterais
Escalenos Supraclavicutarat
HUares ipsilaterais Subcarinais

não-pequenas células quando há aumento dos lin- (4) TC Crânio - indicada nos casos de sintomas Veja a tabela seguinte comparando a sobrevida em
fonodos na TC de tórax. Eventualmente os aumen- neurológicos (incluindo cefaléia) ou de doença lo- 5 anos (cura) com o estadiamento do carcinoma
tos linfonodais podem ser decorrentes de reação in- calmente avançada. broncogênico não-pequenas células.
flamatória. Além disto, pode haver comprometimento
metastático em linfonodos de tamanho normal. A (5) Cintilografia Óssea - indicada nos casos de Determinação da 'Operabilidade'
mediastinostomia anterior esquerda (procedimento dor óssea ou de doença localmente avançada (está-
de Chanberlain) é realizada para lesões no lobo su- gio III). Em pacientes com carcinoma não-pequenas células
perior do pulmão esquerdo, uma vez que o arco as contra-indicações à cirurgia curativa incluem:
aórtico dificulta o exame dos linfonodos da janela (6) Aspirado de Medula Óssea - no caso de
aórtica através da mediastinoscopia. Em ambos os carcinoma de pequenas células quando houver alte- (1) Metástases extra-torácicas
procedimentos a anestesia geral é requerida. rações sugestivas de invasão medular. (2) Síndrome de veia cava superior
Está ras a ponto de impedir a sua retirada total durante a tumores localmente avançados possam ser retirados
9io . — Sobrevida em 5 anos
cirurgia. com sucesso, com benefícios na sobrevida. O está-
i
gio IIIB do tipo T4 é considerado inoperável.
I A - T 1 NOMO | 61% Tumores não-pequenas células candidatos a terapia
cirúrgica de acordo com seu estadiamento (TNM).
IB-T2N0M0 j 38% Terapia Neoadjuvante (Pré-operatória)
I I A - T 1 N1 MO
Operável
i 34%
A radioterapia torácica combinada com quimiotera-
IIB-T2N1M0 ! 24% pia à base de cisplatina antes da cirurgia (radio-qui-
Estádio I Estádio II Estádio IIIA
T3 NO MO ; 22% mioterapia neoadjuvante) têm obtido algum sucesso
TINO TINI T3(Nl-2) em pacientes com estádio IIIA e IIIB que apresentam
IIIA-T3N1 MO • 9% T2N0 T2N1 Localmente tumores inoperáveis. Este protocolo está sempre in-
T1-2-3N2M0 13% T3N0 avançada dicado, apesar dos estudos mostrarem apenas um
IIIB-T4N0-1-2M0 í 7% Localizada pequeno aumento da sobrevida, mas um melhor con-
T1-2-3-4N3M0 ' 3% trole local do tumor.
IV - qualquer T ou N M1 j 1% BRATAMENTO Os tumores de Pancoast (um tipo de T3) usualmente
encontram-se em estádio HB, IIIA ou IIIB. A terapêu-
tica inclui radio-quimioterapia neoadjuvante segui-
(3) Paralisia de cordas vocais e do nervo frênico 1. Carcinoma Não-Pequenas Células das pela ressecção cirúrgica.
(4) Derrame pleural maligno
(5) Tamponamento cardíaco Estádio I ali Estádio IV
(6) Tumor dentro de 2cm da carina (potencialmente
curável pela radioterapia) Cerca de 1/3 dos pacientes com tumores não-peque-
(7) Metástases para o pulmão contra-lateral nas células apresentam-se em Ml no momento do
(8) Tumor endobrônquico bilateral (potencialmente É praticamente a única terapia escolhida. A cirurgia diagnóstico. Nesta situação não existem opções cu-
curável pela radioterapia) com intenção curativa é recomendada para os paci- rativas. O manejo consiste em terapia paliativa e con-
(9) Metástases para linfonodos supraclaviculares entes nos estádios I e II; infelizmente apenas 20 a trole da doença. A radioterapia é empregada para o
(10) Metástases para linfonodos mediastinais con- 25% dos indivíduos apresentam-se nesta fase da controle das metástases cerebrais e para a terapia da
tra-laterais (potencialmente curável pela radiotera- doença. Apenas 30% dos pacientes ressecados para síndrome de veia cava superior. Esta terapia pode
pia) a cura da doença sobrevivem em 5 anos. As opera- ser empregada em outras situações e apresenta as
(11) Envolvimento do tronco pulmonar principal. ções standard são a lobectomia, a bilobectomia ou a seguintes taxas de resposta clínica: melhora da tos-
pneumonectomia (para os tumores centrais). A se crónica (50%), da hemoptise (80%), da dor (65%)
lobectomia é a cirurgia mais realizada. A ressecção e da dispneia (45%). A obstrução brônquica pode
através da vídeotoracoscopia (VATS) pode ser em- ser manejada com ressecção com laser, através da
QUADRO DE CONCEITOS I pregada para lesões periféricas e em pacientes que BFO, posicionamento de stents ou braquiterapia (uso
não tolerem procedimentos cirúrgicos mais extensos local de sementes radioativas).
Em resumo, não há benefício em termos de
devido a sua função pulmonar. Durante a cirurgia
sobrevida se operar um tumor T4 ou N3 ou M1,
deve ser observado o grau de invasão tumoral e a
isto é, se ele for estágio IIIB ou IV!
biópsia de congelação (linfonodos) deve obrigatori- 2. Carcinoma de Pequenas Células
amente ser feita. Muitos pacientes clinicamente em
estádios localizados de doença, podem apresentar, A terapia da doença limitada consiste em 4 ciclos de
Estadiamento Fisiológico na verdade, estádios avançados após a avaliação quimioterapia com cisplatina e etoposídeo, associa-
cirúrgica (estadiamento patológico). da a sessões de irradiação torácica em pelo menos 2
Como vimos antes, o estadiamento fisiológico defi- dos ciclos. Uma resposta completa é conseguida em
ne a operabilidade de um tumor, isto é, se o paciente Outros até metade dos pacientes. A sobrevida em 5 anos é
é capaz de tolerar os diversos procedimentos envol- observada em 15% dos casos.
vidos na terapia anti-tumoral. É frequente a presença Nos pacientes com doença estádio I, a radioterapia
de DPOC e doenças cardiovasculares no paciente adjuvante (pós-operatória) teve efeito deletério na Em situações raras, isto é, indivíduos com doença
com carcinoma broncogênico. Antes do procedimen- sobrevida; em pacientes estádio II, não interferiu na localizada e ressecável (estádio I e II sem linfonodos
to cirúrgico, o fumo tem que ser interrompido, a ane- sobrevida. acometidos), a cirurgia é recomendada. Nesta situa-
mia corrigida e as infecções e as arritmias, tratadas. ção a sobrevida em 5 anos pode chegar a 25%, prin-
Estádio IIIA e IIIB cipalmente se a quimioterapia adjuvante for acres-
As contra-indicações a ressecção cirúrgica incluem: centada ao plano terapêutico.
IAM nos últimos 6 meses, volume expiratório força- Cirurgia
do no primeiro segundo (FEV,) menor que 1L. reten- A doença que está no estádio avançado é manejada
ção de CO2 e hipertensão pulmonar grave. Os pacientes em estádio IIIA. do tipo T3N1 podem somente com quimioterapia. A taxa de resposta é de
ser tratados apenas com a cirurgia curativa. Uma das 25% e a sobrevida em 2 anos é de 10% ou menos.
Em pacientes com FEV, entre 1.1 e 2.4L o julgamento grandes controvérsias, entretanto, no tratamento do Poucos pacientes sobrevivem além de 5 anos (cerca
tem que ser criterioso. Um valor do FEV! maior ou câncer de pulmão não-pequenas células é a indica- de 5%).
igual a 2.5L permite a operação (lobectomia, ção cirúrgica em pacientes que se apresentam com
pneumonectomia). N2. Estes indivíduos podem ser divididos em 2 gru- Em pacientes com bom performance status, boa fun-
pos - doença mínima (foco microscópico em um ção pulmonar e com apenas um sítio de doença ex-
O que são os Tumores Operáveis? gânglio) e doença avançada (doença detectável pela tensa, a radioterapia pode ser acrescentada ao es-
TC). No primeiro caso, a cirurgia está sempre indica- quema terapêutico.
Após um criterioso estadiamento clínico e fisiológi- da; no segundo caso, é fundamental uma terapia
co, os pacientes com carcinoma não-pequenas célu- neoadjuvante (pré-operatória) para tornar o tumor Pacientes com a doença em completa remissão de-
las candidatos a cirurgia (de acordo com seu TNM) ressecável. Apesar do estádio IIIB do tipo (T1-3)N3 vem ser submetidos a irradiação craniana profilática
são representados na tabela seguinte. Definimos um ser à princípio inoperável, o avanço dos protocolos (40 Gy). Este procedimento reduz a chance de metás-
tumor como irressecável quando ele invade estrutu- de terapia neoadjuvante podem permitir que estes tases para o-SNC (que ocorre em 60 a 70% dos paci-
entes que sobrevivem 2 anos ou mais). Infelizmente 50-70%. Como a chance de cura da neoplasia malig- A história de tabagismo, principalmente quando a
esta conduta não tem demonstrado um aumento sig- na do pulmão depende da precocidade da interven- carga tabágica é considerável (> 20 maços-ano), a
nificativo da sobrevida. ção cirúrgica, a maioria dos autores recomenda uma chance de malignidade encontra-se bem aumentada.
abordagem agressiva para os nódulos sugestivos A avaliação do Rx de tórax é importante. Radiogra-
de malignidade através de toracotomia ou, mais fias dos últimos 2 anos devem ser obtidas. Se a lesão
QUTROS TUMORES DIAGNÓSTICOS recentemente,a video-toracoscopia (VATS), a menos encontrava-se presente, o seu 'não crescimento'
que existam contra-indicações ao procedimento. neste período fala a favor de benignidade, enquanto
1. Carcinóide \ um aumento progressivo do seu tamanho nos diz
exatamente o contrário. Um tempo de duplicação entre
É um tumor derivado das células neuro-endócrinas QUADRO DE CONCEITOS II 20-400 dias é compatível com nódulo maligno, en-
argentafins do epitélio brônquico (células de A causa mais comum de nódulo benigno é o quanto que um tempo de duplicação < 20 dias ou
Kulchitsky), sendo também denominados Adeno- granuloma pós-infeccioso (ex.: tuberculoma, superior a 400 dias parece mais típico de nódulo be-
mas Brônquicos. Raramente estão relacionados à histoplasmoma). O hamartoma é o tumor be- nigno. A duplicação refere-se ao volume do nódulo,
síndrome carcinóide (diarréia, broncoespasmo, ru- nigno de pulmão mais comum, mas só é res- mas vale ressaltar que o volume é proporcional ao
bor facial), manifestando-se como hemoptise ou si- ponsável por 6% dos casos de NPS. cubo do diâmetro (a fórmula do volume nodular é
nais de obstrução brônquica (atelectasia, pneumo- dada pela expressão: V = 4/37tR'). Um outro dado a
nia pós-obstrutiva). Na maioria das vezes, os carci- ser avaliado é a presença de calcificações. Deter-
nóides brônquicos são benignos e são chamados de Por outro lado, métodos mais sofisticados de imagem, minados padrões sugerem muito uma lesão benigna
'Carcinóides Típicos'. Alguns tumores são menos como a tomografia computadorizada de alta resolução - FIGURA 8, dentre eles destacam-se - tabela abai-
diferenciados e têm um comportamento maligno - (TCAR) e a tomografia por emissão de pósitrons xo. As calcificações excêntricas podem ocorrer em
são chamados de 'Carcinóides Atípicos' ou 'Carci- (PET), aumentaram a porcentagem de acerto nos lesões malignas!!
nomas de Células de Kulchitsky'. nódulos malignos ressecados (90 a 100%) nos anos
90. Concluímos que estes exames indicam com maior Padrões Benignos de Calcificação
precisão a possibilidade de uma lesão ser maligna.
• Central
2. Metástases de Outros Órgãos
;• Difusa
Quais são os tumores mais encontrados como causa 2. Benignidade x Malignidade '• Salpicada
de múltiplas metástases pulmonares por dissemina- •• Laminada concêntrica j
ção hematogênica? Veja a tabela. O grande dilema vivido por clínicos e pneumologistas • Em 'pipoca' - hamartoma - FIGURA 7!
é decidir como investigar ou acompanhar o NPS.
Múltiplas metástases pulmonares hematogênicas
À princípio, 4 parâmetros devem ser inicialmente ana-
Mama Tireóide lisados: (1) idade do paciente, (2) história de tabagis-
Cólon, reto Coriocarcinoma mo, (3) tamanho do nódulo, e (4) velocidade de cresci-
Rim Sarcomas ósseos mento do nódulo. Veja a Tabela.
Colo uterino Testículo
Melanoma Ovário Nódulo Pulmonar Solitário - Fatores pré-TCAR |

; Sugestivos de Malignidade
Quando o aspecto é micronodular (miliar), as hipó- - Idade > 50 anos
teses mais prováveis são: tireóide, melanoma, rim e - História de tabagismo
ovário. As metástases solitárias podem ser causa- - Diâmetro > 2cm
das pelos tumores de mama, colo-retal, rim, colo
- Crescimento ou surgimento nos últimos |
uterino, melanoma. As metástases linfangiomatosas i

podem ser derivadas dos seguintes tumores: carci- 2 anos


noma broncogênico, estômago, mama, pâncreas, Sugestivos de Benignidade
próstata. - Idade < 35 anos
- História negativa para tabagismo
IJÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO - Diâmetro < 2cm
- Mesmo diâmetro há 2 anos Fig. 7 - Hamartoma com calcificação em pipoca'.

1. Introdução
Fatores de Risco para Malignidade no Nódulo Pulmonar Solitário
O nódulo pulmonar solitário (NPS) é definido como
Fator de Risco Risco Risco Fator de Risco Risco Risco
uma densidade radiológica circunscrita cercada por
relativo absoluto relativo absoluto
parênquima pulmonar aerado normal, que apresenta
formas diversas e tamanho variando de 0,8-3cm (0,8- 1- Idade 3- Diâmetro do nódulo
4cm, para alguns autores). Sabemos que a maioria < 35 anos 0,1 9% < 1,5 em 0,1 9%
36-44 anos 0,3 23% 1,5-2,2cm 0,5 33%
dos nódulos com diâmetro superior a 4cm são malig-
45-49 anos 0,7 41% 2,3 - 3,2cm 1,7 63%
nos e então são chamados de 'massa pulmonar'.
50-59 anos 1,5 60% 3,3 - 4,2cm 4,3 87%
60-69 anos 2,1 68% 4,3 - 5,2cm 6,6 97%
As causas de NPS são o carcinoma broncogênico 70-83 anos 5,7 85% 5,3 - 6,0cm 29,4
(% variável), os granulomas infecciosos ou não-in-
fecciosos (% variável), os hamartomas (6%), adeno- 2- Tabagismo em 10 anos 4- Crescimento do nódulo
mas brônquicos (2%), metástases (3%) e condições 1-9 cigarros/dia 0,3 23% < 7 dias 0 0%
diversas outras (linfonodos intra-pulmonares, infarto 10-20 cigarros/dia 1,0 50% 7-465 dias 3,4 77%
pulmonar e mal-formação arteriovenosa). Quando o 21-40 cigarros/dia 2,0 67% > 465 dias 0,01 0,9%
câncer de pulmão apresenta-se como NPS. a sobre- > 41 cigarros/dia 3,9 80%
vida em 5 anos dos pacientes operados (cura) é de
Fig. 8 - Padrões de calcificação encontrados nos NPS. Fig. 9 - TCAR mostrando um NPS com o sinal do 'rabo de cometa'.
A: Central. B: Laminado concêntrico. C: Difuso. D: em pipoca'. E: Salpicado. F: Excêntrico.

A Tomografia Computadorizada de Alta Re- com uma sensibilidade = 98% e especificidade= 58%.
solução (TCAR) (cortes de 1 a 3mm) é o melhor Isto significa que quando não há reforço de contras-
exame para se começar a avaliação de um NPS visto te, a chance de ser um nódulo benigno é muito gran-
na radiografia de tórax simples. É capaz de detectar e de (mais de 90%).
definir padrões de calcificação não visualizados no
RX, observar melhor os bordos da lesão, determinar
a densidade da lesão e presença ou não de nódulos 3. Conduta
sincrônicos e linfonodos mediastinais aumentados.
A presença de áreas de densidade gordurosa no meio Critérios altamente sugestivos de benignidade: (1)
do nódulo indica que se trata de um hamartoma — não crescimento em 2 anos, (2) idade < 35 anos, (3)
tumor benigno. não-fumante ativo nem passivo, (4) padrões de cal-
cificação característicos, (5) densidade muito eleva-
da na TCAR, (5) não-reforço do contraste na TCAR
Nódulo Pulmonar Solitário - Fatores da TCAR dinâmica. Na presença desses critérios, o paciente
deve apenas ser observado e acompanhado. Nestes
Sugestivos de malignidade: casos realizam-se radiografias (ou TCAR) a cada 3
meses durante 1 ano e depois a cada 12 meses. Se
- Padrões de calcificação 'maligna':
qualquer crescimento significativo for notado, um
i Calcificação excêntrica, ou amorfa, ou salpicada;
diagnóstico histológico se faz necessário.
- Padrões de contorno do nódulo: i
Borda irregular, borda espiculada, coroa radiadaj
Nos pacientes que não preenchem os critérios acima
'rabo de cometa' (FIGURA 9).
(casos indeterminados), ou quando há sugestão de
- Coef.de atenuação na TC < 164 unid Haunsfield malignidade (tamanho > 3cm, idade > 65anos, bor-
- Reforço do contraste na TC dos espiculados, sinal do cometa) a abordagem do
Sugestivos de Benignidade: I nódulo deve sempre ser invasiva - com a obtenção
de material para análise histológica.
- Padrões de calcificação 'benigna':
Calcificação difusa, ou laminar, ou central, oi
Esta pode ser realizada por: i
'em pipoca' (hamartoma)
- Coef. de atenuação na TC > 185 unid Haunsfielc
- Áreas com densidade de gordura (hamartoma)! • Biópsia guiada por broncofibroscopia:
- Sem reforço do contraste na TC
indicada para os NPS centrais > 2cm

Recentemente, a TCAR melhorou a sua capacidade • Biópsia Aspirativa Transtorácica com


de sugerir doença benigna ou maligna, pela utiliza- Agulha Fina: indicada para os nódulos
ção de duas estratégias. A primeira é a determinação
mais periféricos em pacientes com boa
quantitativa da densidade do nódulo: nódulos com
reserva pulmonar.
densidade maior do que 185 unidades Haunsfield
provavelmente são benignos e menor que 164 uni-
dades Haunsfield. A TCAR Dinâmica com Re- • Biópsia guiada por Vídeo-Toracoscopia ou
forço de Contraste, é a segunda estratégia... Estu- Toracotomia Aberta:
dos recentes mostraram que a repetição da imagem indicada para os casos muito sugestivos de ;
após injeções seriadas de contraste iodado é extre- malignidade ou para as grandes massas [
mamente útil para o diagnóstico do NPS. Se houver pulmonares. i
reforço de contraste da lesão, sugere malignidade,
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO - QUESTÕES DE CONCURSOS

zSDIENCIA MEDICA - 2004 RESIDÊNCIA MÉDICA - 2004


1SPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SERVIÇO PÚBLICO - FESP
1- Um fumante de 55 anos submeteu-se à radiografia para chek-up, 5- Homem é internado com quadro de tosse produtiva e dispneia.
onde foi evidenciado um nódulo solitário de 2,8cm, espiculado no lobo Tabagista de 40 cig/dia há 35 anos. Trabalhou em minas de carvão por
superior do pulmão direito. O paciente negava emagrecimento e 15 anos. Raio X de tórax mostra múltiplos nódulos periféricos. O res-
hemoptóicos. Não dispunha de radiografias prévias para comparação. tante do exame físico é normal. Fator reumatóide presente. O diagnós-
A tomografia (TC) confirmou o achado e não mostrou outras anormali- tico mais provável é:
dades. Levando-se em conta a probabilidade de malignidade, a me- a) síndrome de Felty
lhor conduta imediata é: b) síndrome de Caplan
a) realizar TC com contraste para avaliar o grau de realce c) doença de Still
b) toracotomia imediata d) câncer pulmonar
c) broncofibroscopia com biópsia dirigida por radioscopia
d) punção aspirativa transtorácica
e) repetir a TC a cada seis meses para avaliar o crescimento ou estabi-
lidade RESIDÊNCIA MEDICA - 2004
FUNDA ~Ã" cefr0LA DE SERVIÇO PÚBLICO - FESP
6- Homem de 50 anos, tabagista, tem diagnóstico de DPOC, vem apre-
sentando tosse com secreção fluida e dispneia. Foi feito raio X de tó-
ESDIENCIA MEDICA - 2004 rax, que mostrou um nódulo solitário periférico.
OSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP Neste caso, o tipo de tumor de pulmão mais provável é:
2- Estertores em velcro nas bases pulmonares em um indivíduo ex- a) pequenas células
fumante de 60 anos de idade, com dispneia progressiva há um ano, b) células escamosas
associados a infiltrado reticular bibasal com faveolamento sugere o c) adenocarcinoma
seguinte diagnóstico: d) carcinoma de grandes células
a) pneumonia intersticial inespecífica com fibrose
b) pneumonia descamativa
c) bronquiolite respiratória com doença pulmonar intersticial
d) fibrose pulmonar idiopática RESIDÊNCIA MEDICA - 2004
e) pneumonia em organização criptogenética FUNDAÇÃO ESCOLA DE SERVIÇO PÚBLICO - FESP
7- Neste caso, a ressecção cirúrgica requer, como exames pré-opera-
tórios, a espirometria e:
a) RX de tórax
RESDIENCIA MEDICA - 2004 b) gasometria arterial
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP c) cintilografia pulmonar
3- As alterações pulmonares que ocorrem na embolia pulmonar são d) broncoscopia
decorrentes, principalmente, de:
a) áreas extensas de microatelectasias por deficiência de suríactante
pulmonar
b) alterações na ventilação/perfusão RESIDÊNCIA MEDICA - 2004
c) liberação de substâncias vasoativas na circulação, principalmente a UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
serotonina 8- Paciente feminino, de 32 anos, em uso de contraceptivos orais, apre-
d) influência indireta da queda do débito cardíaco senta dispneia súbita com taquipnéia e dor pleurítica. A radiografia do
e) obstrução mecânica da árvore pulmonar pelo trombo tórax demonstrou sinais de derrame pleural e condensação na base
pulmonar esquerda com formato de aspecto triangular. Esses dados
favorecem a hipótese de:
a) embolia pulmonar d) atelectasia
RESIDÊNCIA MEDICA - 2004 b) pneumonia pneumocócica e) carcinoma broncogênico
FUNDAÇÃO ESCOLA DE SERVIÇO PÚBLICO - FESP c) pneumonia estafilocócica
4- Mulher de 55 anos, negra, vem ao ambulatório de Nefrologia enca-
minhada pela Clínica Médica, por ser hipertensa e ter clearance de
creatinina calculado em 33 ml/min e creatinina sérica de 0,75mg/dL
Há cerca de três meses, vem apresentando dispneia, ortopnéia e tos- RESIDÊNCIA MEDICA - 2004
se. Ao exame, edema periorbitário. Taquipnéia, dispneia, edema de UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
membros inferiores ++/4+, mais acentuado em MIE, além de aumento 9- Paciente masculino, de 65 anos, fumante de cerca de um maço/dia
do volume desse membro. Jugulares túrgidas a 60° com refluxo desde os 15 anos, apresentando ptose palpebral, enoftalmia, dor no 1/
hepatojugular presente. Ausência de hepatoesplenomegalia. PA = 3 superior do pulmão esquerdo que não cede com analgésicos. A radi-
160X100mmHg, FR = 36ipm, FC = 110bpm. RCR 2T BNF. Pulmões ografia do tórax demonstrou massa apical com erosão de arco costal e
com estertores bibasais. Tabagista por 30 anos, de 40 cigarros/dia. do processo transverso de vértebra dorsal em correspondência. Iden-
ECG = S1Q3T3. RX de tórax com aumento da área cardíaca. tifique o diagnóstico mais provável:
O exame que melhor definiria o diagnóstico é: a) Fibrossarcoma
a) cintilografia pulmonar ventilação / perfusão b) Tumor carcinóide
b) angiografia pulmonar c) Tumor de Pancoast
c) dímero D d) Carcinoma bronquíolo-alveolar
d) ecocardiograma bidimensional com Doppler e) Linfoma não-Hodgkin
PNEUMOLOGIA - VOLUME 1/2004 47

RESIDÊNCIA MEDICA - 2004 RESIDÊNCIA MEDICA - 2004


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ
10- Paciente feminino, de 21 anos, com queixa de dispneia progressi- 15- No diagnóstico laboratorial do tromboembolismo pulmonar pode-
va, realizou radiografia do tórax que evidenciou alargamento mediastinal mos afirmar que:
bilateral maior à esquerda, com calcificações grosseiras de permeio. a) a quantificação plasmática do dímero D por ELISA tem baixa sensibi-
Pulmões sem alterações. Identifique o diagnóstico mais provável: lidade
a) Sarcoidose b) a quantificação plasmática do dímero D por ELISA tem especificidade
b) Teratoma semelhante aos métodos de diagnóstico por imagem
c) Tuberculose c) a quantificação plasmática do dímero D por ELISA tem baixa
d) Silicose especificidade
e) Carcinoma broncogênico d) a quantificação plasmática do dímero D por ELISA tem baixo valor
preditivo negativo

RESIDÊNCIA MEDICA - 2004


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF RESIDÊNCIA MEDICA - 2003
11-0 diagnóstico de silicose, usualmente, é estabelecido: FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP
a) pela análise de albumina no lavado broncoalveolar Leia o caso clínico abaixo e responda às duas próximas questões.
b) no lavado broncoalveolar
c) no exame de escarro induzido Homem de 55 anos trabalhou por 22 anos em fábrica de produção
d) somente pela tomografia computadorizada de alta resolução de materiais eletrônicos de alta tecnologia. Queixa-se há algum tem-
e) com bases clínicas e radiológicas sem confirmação histopatológica po de tosse seca e falta de ar. Nega outros sintomas, como hemoptise,
febre, chiado no peito e dor torácica. Os exames do aparelho respira-
tório e cardiovascular são normais. Rx de tórax mostra pequenas
opacificações bilaterais, reticulonodulares e linfonodomegalia hilar
RESIDÊNCIA MEDICA - 2004 bilateral. A espirometria tem discreta evidência de doença restritiva.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF Biópsia pulmonar aberta mostrou formação granulomatosa e
12-0 tumor carcinóide representa 85% a 90% dos chamados adenomas pneumonite intersticial.
brônquicos, atingindo em 90% dos casos pacientes com menos de 55
anos, sem preferência por sexo. Assinale as manifestações clínicas 1 6 - 0 provável agente responsável pela doença descrita é:
mais frequentes nos tumores carcinóides brônquicos centrais: a) fibra de vidro c) cobalto
a) atelectasia e dispneia grave b) zircônio d) berílio
b) febre e broncoespasmo perene
c) infecções recorrentes e insuficiência respiratória
d) hemoptise e tosse persistente
RESIDÊNCIA MEDICA - 2003
e) derrame pleural e hemoptise
FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP
17- Dentre os agentes citados abaixo, o que também poderia causar
uma pneumonite intersticial é:
a) sílica c) dióxido de titânio
RESIDÊNCIA MEDICA - 2004
b) óxido de ferro d) fibra de algodão
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
13- Aponte o exame mais sensível para diagnóstico etiológico de
síndrome do derrame pleural por adenocarcinoma:
a) Cyfra21-1 pleural RESIDÊNCIA MEDICA - 2003
b) Histopatológico pleural HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO - SP
c) Antígeno carcinoembrionário 1 8 - 0 tabagismo causa ou agrava diversas doenças. Assinale, dentre
d) Desidrogenase lática as abaixo, a doença pulmonar que ocorre com menor frequência em
e) Citopatológico pleural fumantes, quando comparados aos não fumantes:
a) fibrose pulmonar idiopática
b) bronquiolite respiratória
c) pneumonia de células descamativas
RESIDÊNCIA MEDICA - 2004 d) síndrome de Goodpasture
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF e) pneumonite de hipersensibilidade
14- Paciente com câncer de pulmão apresenta uma dosagem sérica
de sódio de 118mEq/L, potássio de 3,9mEq/L, cloreto de 88mEq/L e
bicarbonato de 24mEq/L. A possibilidade mais provável é a de secre-
ção inapropriada de: RESIDÊNCIA MEDICA - 2003
a)GH HOSPITAL DOS SERVIDORES DO FSTADO - SP
b) ACTH 19- Qual dos tumores de pulmão abaixo relacionados tem a taxa mais
c) TSH elevada de crescimento (duplicação):
d) PTH a) carcinoma de grandes células
e)ADH b) carcinoma de pequenas células
c) adenocarcinoma
d) carcinoma de células escamosas
e) carcinoma epidermóide
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO - QUESTÕES DE CONCURSOS

RESIDÊNCIA MEDICA - 2003 RESIDÊNCIA MEDICA - 2003


HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO - SP CONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA
20- Na avaliação de um doente com nódulo pulmonar solitário 24- Um nódulo solitário de pulmão é descoberto em um paciente fu-
indeterminado em um dos lobos superiores, qual dos fatores abaixo mante e assintomático de 55 anos sem evidência de doença
mais fortemente se relaciona com doença benigna? extratorácica.
a) escarro sanguinolento O manejo apropriado dessa condição é:
b) espículas visíveis no Rx de tórax a) radiografar o tórax a cada 3 meses para controle
c) nódulo difusamente calcificado no Rx de tórax b) fazer punção aspirativa
d) doente do sexo feminino, não fumante c) tomografar o tórax a cada 3 meses para controle
e) radiografia de tórax normal há dois anos d) proceder ressecção pulmonar após avaliação da condição pulmo-
nar do doente
e) dosar alfa feto-proteína

RESIDÊNCIA MEDICA - 2003


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP
21- Homem com 54 anos, branco, lavrador, fumante (30 maços.ano), RESIDÊNCIA MEDICA - 2003
alcoólatra (2 cálices/dia), vem ao seu consultório (médico geral), quei- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC
xando-se de aumento da intensidade da tosse e perda de peso há 6 25- Um homem de 56 anos, tabagista há 38 anos, tossidor crónico,
meses e, há 3 meses, rouquidão. Traz uma radiografia de tórax que apresenta numa radiografia de tórax de rotina um nódulo pulmonar
mostra o hilo esquerdo empastado. Assinale a alternativa CORRETA: solitário. A tomografia computadorizada de tórax confirma uma lesão
a) este paciente deve ser encaminhado ao posto de saúde para pes- de 2,2 em com realce pós-contraste, espiculada e com calcificação
quisa e tratamento de tuberculose periférica ténue, localizada no terço distal do lobo superior esquerdo.
Não há adenomegalias mediastinais. Traz uma prova de função pul-
b) deve-se pedir exame de escarro para pesquisar tuberculose e neoplasia
monar recente com volume expiratório forçado no primeiro segundo
c) deve-se encaminhá-lo para broncoscopia com hipótese diagnostica
50% do previsto. A melhor conduta é:
de neoplasia pulmonar
d) deve ser encaminhado ao otorrinolaringologista devido à rouquidão a) iniciar radioterapia, uma vez que o paciente não apresenta condições
e) deve-se pesquisar blastomicose, pois o paciente é lavrador, e a de cirurgia torácica.
blastomicose de laringe justificaria sua rouquidão e o aumento dos b) broncoscopia com lavado broncoalveolar e biópsia transbrônquica da
linfonodos hilares justificaria o seu empastamento área afetada.
c) observar um possível crescimento do nódulo com tomografias mensais
durante 6 meses.
d) iniciar esquema tríplice para tuberculose pulmonar e acompanhar com
RESIDÊNCIA MEDICA - 2003 tomografias mensais.
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GAFFRÉE E GUINLE - UNI-RIO e) ressecção cirúrgica do nódulo, dada a alta probabilidade de malignidade.
22- Um homem assintomático, de 25 anos, sem antecedentes mórbidos
familiares de neoplasia, que fumara cerca de dois cigarros/dia por 2 me-
ses na idade de 15 anos é encaminhado para esclarecimento de nódulo RESIDÊNCIA MEDICA -2002
pulmonar de aproximadamente 8 mm de diâmetro. Nova análise por ima- UNIVERSIDADE np sãn pâin a - IIGP
gem, após 30 dias, evidencia rápido crescimento do nódulo que, agora, 26- Com o atentado terrorista ao World Trade Center, em 11 se setem-
mede 16 mm, possui margens bem definidas e densidade alta. A melhor bro de 2001, a população novaiorquina ficou exposta a um agente quí-
conduta seria: mico que foi utilizado na construção dos prédios para evitar ou diminuir
a) ressecção do lobo pulmonar acometido as possibilidades de incêndio. Os riscos ocupacionais aos quais os
b) exérese videolaparoscópica do nódulo trabalhadores que construíram o prédio estiveram submetidos, em 1973,
c) toracotomia diagnostica passam agora também para a população geral, rente ao desabamento
d) investigação menos invasiva do prédio, caracterizando-se como um problema de saúde pública e
e) antibiótico de amplo espectro ambiental a ser acompanhado nas próximas décadas. Esse agente,
que provoca alterações pulmonares, agudas e crónicas, além de um
tumor, o mesotelioma de pleura é:
a) a silica d) a lã de vidro
RESIDÊNCIA MEDICA - 2003 b) o asbesto e) o alumínio
CONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA c) o berilio
23- Senhora, 38 anos, foi submetida à cirurgia para explorar massa
localizada em tórax. A constatação cirúrgica foi de que a massa estava
invadindo o pericárdio e os nervos frênicos. O patologista, a partir da
congelação, sugeriu que se tratava de um tumor de timo com natureza RESIDÊNCIA MEDICA - 2002
benigna. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP
27- Paciente com 43 anos de idade, programado para cirurgia extensa
A conduta adequada é: de abdome superior (gastrectomia subtotal), apresenta provas de fun-
a) fazer nova congelação ção pulmonar com capacidade vital reduzida, embora a relação entre
b) fazer uma ressecção tão completa quanto possível volume expiratório forçado no primeiro segundo de capacidade vital -
c) fechar o tórax e planejar irradiação VEF1/CV seja normal. A condição funcional pulmonar condizente com
d) fechar o tórax e esperar a lâmina preparada com parafina essa situação é:
e) usar braquiterapia imediatamente a) pneumopatia obstrutiva d) aumento da condutância
b) pneumopatia restritiva e) função pulmonar normal
c) aumento da complacência
PNEUMOLOGIA - VOLUME 1/2004

RESIDÊNCIA MEDICA - 2002 RESIDÊNCIA MEDICA - 2001


FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
28- Indivíduos que trabalham por muitos anos em construção civil po- 34- Assinale a alternativa INCORRETA:
dem ter exposição moderada ao asbesto. Dentre as doenças abaixo, a a) o carcinoma epidermóide de pulmão localiza-se, preferencialmente,
que pode ser decorrente dessa exposição ocupacional é: em brônquios grandes e está relacionado ao hábito de fumar
a) carcinoma pulmonar de células escamosas b) o carcinoma broncogênico de pequenas células é uma neoplasia de
b) carcinoma broncogênico origem neuroendócrina, de comportamento muito agressivo, tendendo
c) sarcoma de pulmão a ocorrer em múltiplos focos na periferia dos pulmões
d) sarcoma da pleura c) pneumonias de repetição podem estar associadas a um carcinoma
broncogênico e alertar para a presença do tumor
d) no grupo dos carcinomas de grandes células incluídos carcinomas
epidermóides e adenocarcinomas pouco diferenciados
RESIDÊNCIA MEDICA - 2002
e) os adenocarcinomas estão mais relacionados a cicatrizes pulmona-
FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLIOO - FESP
res e, menos frequentemente, associados ao hábito de fumar do que
29- Grande fumante procura atendimento médico com quadro de enoftalmia,
os outros carcinomas de pulmão
miose e ptose palpebral à esquerda, além de tosse crónica. Rx de tórax
mostra imagem de condensação em lobo superior do pulmão esquerdo. O
diagnóstico compatível com esse caso é câncer de pulmão com:
a) síndrome de Pancoast c) síndrome de Horner RESIDÊNCIA MEDICA - 2001
b) síndrome de Eaton-Lmbert d) síndrome paraneoplásica UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
35- São elementos fundamentais para o diagnóstico das pneumoconi-
oses:
RESIDÊNCIA MEDICA - 2002 a) história ocupacional e radiografia do tórax
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF b) radiografia do tórax e espirometria
30- As atividades desenvolvidas na indústria extrativa (mineração sub- c) lavado bronco-alveolar e radiografia do tórax
terrânea e de superfície - no beneficiamento de minerais, como no d) broncoscopia e biópsia transbrônquica
corte, britagem, moagem e lapidação) e na indústria de transformação e) biópsia pulmonar, espirometria
(com atividades em cerâmicas e fundições), são atividades de risco,
que expõem o trabalhador, principalmente:
a) ao mercúrio d) ao zinco RESIDÊNCIA MÉDICA - 2001
b) à sílica cristalina ou ao quartzo e) ao chumbo INST. DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
c) ao enxofre 36- Diversos fatores etiológicos são associados ao carcinoma brônqui-
co. Assinale a alternativa correta.
a) a nicotina e seus metabólitos não participam da carcinogênese pul-
RESIDÊNCIA MEDICA - 2002 monar
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS b) o risco de câncer de pulmão não é aumentado em fumantes de
31- Considerando-se o câncer pulmonar de pequenas células, assina- charuto e cachimbo
le a opção CORRETA: c) esposas não fumantes de maridos fumantes tem risco 20 a 30 vezes
a) o câncer pulmonar de pequenas células é bastante sensível à maior de desenvolver câncer de pulmão
quimioterapia d) beta-caroteno, presente em vegetais, reduz o risco de câncer de
b) em geral começa como um tumor periférico pulmão em grandes fumantes
c) a presença de metástases nos gânglios torácicos linfáticos é pouco e) ingestão de vitamina A reduz o risco de câncer de pulmão, especial-
comum neste tipo de tumor mente em fumantes
d) confirmado o diagnóstico do câncer pulmonar de pequenas células,
o tratamento é sempre cirúrgico
RESIDÊNCIA MEDICA - 2001
INST. DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
RESIDÊNCIA MEDICA - 2002 37- Um paciente de 38 anos, fumante de 20 anos-maço, realizou uma
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS radiografia de tórax para admissão, que revelou um nódulo pulmonar
32- Sobre o câncer de pulmão, qual o tipo histológico mais frequente e isolado de 2,3cm no lobo superior direito aparentemente não calcificado,
qual o de maior sobrevida em 5 anos, respectivamente: de bordos lisos. Radiografia prévia feita três anos antes nada revelava.
a) câncer de células escamosas, bronquioloalveolar O exame físico foi considerado normal. Assinale a alternativa correta:
b) adenocarcinoma e seus subtipos, câncer de pequenas células a) PPD e estudos sorológicos para fungos devem ser solicitados
c) câncer de células escamosas, carcinóide b) citologia de escarro deve ser solicitada em nódulos de crescimento
d) adenocarcinoma e seus subtipos, carcinóide recente
c) um câncer primário em outro local deve ser excluído por TC de crâ-
nio, tórax e abdome
RESIDÊNCIA MEDICA - 2002 d) a probabilidade de nódulo maligno é baixa, e punção aspirativa deve
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL • AMRIGS ser feita para confirmar nódulo benigno
33- Os fatores abaixo estão comprovadamente relacionados à etiologia e) a não elevação da densidade tomográfica após contraste tem alto
do carcinoma de pulmão, EXCETO: valor preditivo para benignidade
a) tabagismo passivo d) dieta rica em betacarotenos
b) exposição ao asbesto e) história familiar de neoplasia
c) radiações ionizantes
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO - QUESTÕES DE CONCURSOS

RESIDÊNCIA MEDICA - 2001 RESIDÊNCIA MEDICA - 2001


INST. DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP
38- Dispneia, febre, hipoxemia e infiltrado difuso com nódulos mal-de- 43- O câncer mais comum no sexo masculino é o de:
finidos foram observados em indivíduo após limpeza de gaiolas de a) pulmão c) próstata
pássaros. O diagnóstico mais provável é: b) cólon d) linfoma
a) psitacose d) febre Q
b) pneumonia de hipersensibilidade e) legionelose
c) histoplasmose
RESIDÊNCIA MEDICA - 2001
FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP
44- O mesotelioma está relacionado à exposição crónica a:
'ESIDENCIA MEDICA - 2001 a) sílica
VSI DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP b) berílio
39- Uma menina de três anos de idade, raça negra, é atendida com c) alumínio
quadro de vómitos pós-alimentares e tosse. Relata dor abdominal inter- d) asbesto
mitente. Está afebril, desnutrida de primeiro grau e descorada. A auscul-
ta pulmonar revela roncos e sibilos disseminados. O RX de tórax mostra
infiltrado difuso na base esquerda e ápice direito. Hemograma com 9,5
g/dl de hemoglobina e 26 de hematócrito. VCM de 68, Leucograma com RESIDÊNCIA MEDICA - 2001
8.000 leucócitos (2% bastonetes, 60% segmentados, 10% eosinófilos, HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS - HNMD
28% linfócitos). O quadro pulmonar é sugestivo de: 45- Qual o tipo histológico mais comum em pacientes com câncer de
a) asma brônquica pulmão?
b) pneumonia linfócita a) carcinoma de células escamosas
c) síndrome da pneumonia afebril b) adenocarcinoma
d) broncopneumonia de evolução atípica pela desnutrição c) carcinoma bronquioloalveolar
e) síndrome de Lõeffler d) carcinoma de células gigantes
e) carcinóide brônquico

RESIDÊNCIA MEDICA - 2001


VSI DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP RESIDÊNCIA MÉDICA - 2000
40- Em paciente portador de sarcoidose, assintomático respiratório, lirJIVFRGinADF FSTADIIAI HF CAMPINAS - UNICAMP
onde a radiografia de tórax demonstra adenomegalia hilar bilateral e 46- Uma paciente, com 58 anos, vem apresentando hemoptise e tosse
os exames laboratoriais comprovam hipercalciúria e hipercalcemia, qual seca há quatro semanas. Refere emagrecimento de 10 kg em quatro
a melhor conduta terapêutica? meses. É tabagista (45 cigarros/dia desde os 20 anos de idade). A
a) acompanhamento clínico rigoroso c)pulsoterapiacomciclofosfamida radiografia de tórax detecta imagem nodular com cerca de 2 em de
b) corticosteróides oral d) methotrexate diâmetro, em região periférica do lobo superior do pulmão direito, as-
sociado a alargamento do mediastino superior. A broncoscopia com
biópsia evidenciou adenocarcinoma moderadamente diferenciado e
primário de pulmão. É correto:
RESIDÊNCIA MEDICA - 2001 a) a paciente tem indicação de radioterapia neoadjuvante
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ b) a broncoscopia não tem valor diagnóstico sem o resultado de lavado
41 - O achado de nódulo pulmonar com predominância de áreas com densi- brônquico
dade de gordura na tomografia computadorizada sugere o diagnóstico de: c) a paciente deve ser submetida a exames de estadiamento clínico (TNM)
a) tuberculoma d) esta paciente tem indicação de mediastinoscopia, bem como todos
b) metástase pulmonar de neoplasia óssea os pacientes com diagnóstico de neoplasia primária de pulmão
c) adenoma brônquico e) paciente com neoplasia de pulmão são sempre submetidos a
d) hamartoma quimioterapia

RESIDÊNCIA MEDICA - 2001 RESIDÊNCIA MEDICA - 2000


IMIUFDQinAnF FFDFRAl OH R/D HF .IA WP7RO - IIFR.I UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
42- Paciente de 65 anos, aposentado, trabalhou durante 20 anos em 47- Com relação ao estadiamento do carcinoma broncogênico, é incorreto:
fábrica de produtos automobilísticos, no setor de produção de freios. a) a mediastinoscopia é o melhor método para avaliação dos linfonodos
No momento com dor torácica em hemitórax esquerdo. A radiografia mediastinais
de tórax revela espessamento pleural desse mesmo lado, com retração b) a invasão da parede torácica é uma contra-indicação cirúrgica
dos espaços intercostais. Ao exame físico apresenta queda importante c) a tomografia computadorizada de crânio deve ser utilizada no pré-
do estado geral. A melhor conduta é: operatório de casos selecionados
a) considerar o diagnóstico de mesotelioma maligno e recomendar d) derrame pleural com citologia oncótica negativa não contra-indica
biópsia pleural aberta cirurgia
b) recomendar fisioterapia respiratória por tratar-se de fibrotórax e) a toracoscopia pode ser utilizada na suspeita de invasão da aorta e
c) pensar em tuberculose com sequela pleural e iniciar de imediato o veia cava
tratamento com esquema tríplice
d) afastar a possibilidade de malignidade com broncofibroscopia e biópsia
PNEUMOLOGIA - VOLUME 1/2004

RESIDÊNCIA MEDICA - 2000 RESIDÊNCIA MEDICA - 2000


FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP
48- A associação de sintomas pulmonares, eosinofilia e alterações ra- 53- Qual a neoplasia maligna de pulmão que mais frequentemente
diológicas caracterizam a síndrome de Lóffler, que pode ser causada associa-se às síndromes para-neoplásicas?
por áscaris e: a) carcinoma epidermóide
a) enteróbios, tricocéfalos e giárdia b) carcinoma de pequenas células
b) giárdia, enteróbios e estrongilóides c) carcinoma indiferenciado de grandes células
c) tricocéfalos, necator e ancilóstomo d) adenocarcinoma
d) estrongilóides, ancilóstomo e necator e) carcinoma de células gigantes

RESIDÊNCIA MEDICA - 2000 RESIDÊNCIA MEDICA - 2000


INST. DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES
49- Qual câncer pulmonar é o tipo celular mais comumente associado 54- Um paciente com carcinoma de pulmão apresentando síndrome de
com hipercalcemia? Cushing. O diagnóstico histológico mais provável da lesão pulmonar é:
a) carcinoma espinocelular d) carcinoma de grandes células a) carcinoma indiferenciado de pequenas células
b) adenocarcinoma e) carcinoma de células alveolares b) carcinoma epidermóide
c) carcinoma de pequenas células c) carcinoma adenoescamoso
d) carcinoma de grandes células
e) não existe síndrome de Cushing associada a carcinoma de pulmão

RESIDÊNCIA MEDICA - 2000


INST. DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
50- No tumor de Pancoast-Tobias, a síndrome clínica é caracterizada por: RESIDÊNCIA MEDICA - 2000
a) dor torácica irradiada para o pescoço, febre e edema do membro HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENS - MINAS GERAIS
superior ipsilateral ao tumor 55- A doença ocupacional pulmonar que acomete os trabalhadores da
b) dor torácica tipo pleurítica, síndrome de Claude-Bernard-Horner, fiação do algodão é chamada:
atrofia do membro superior ipsilateral ao tumor a) asbestose
c) dor no ombro irradiada para o membro superior ipsilateral na sua b) elaioconiose
face radial e destruição óssea c) silicose
d) dor localizada no ombro, braço, dedos, escápula ou porção superior d) bissinose
do tórax ipsilaterais ao tumor, associada à síndrome de Claude-Bernard- e) antracose
Horner e destruição óssea
e) dor localizada no tórax e ombro ipsilateral ao tumor associada à
dispneia ventilatório-dependente
RESIDÊNCIA MEDICA - 1999
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
56- Em relação ao nódulo pulmonar solitário é INCORRETO.
RESIDÊNCIA MEDICA - 2000 a) o diagnóstico por imagem de calcificação praticamente exclui malig-
INST. DEASSIST. MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP nidade
51- Dentre as afirmações abaixo, assinale a incorreta: b) o diagnóstico por imagem de espícula fala a favor de malignidade
a) os tumores pulmonares do tipo carcinóide típico, carcinóide atípico c) citologia negativa do material aspirado por punção percutânea fala a
e carcinoma de células pequenas são classificados como tumores favor de benignidade
neuroendócrinos d) na hipótese diagnosticada o tamanho do nódulo não deve ser leva-
b) a caquexia provocada pela neoplasia de pulmão é frequentemente do em consideração
uma manifestação inicial da doença e) a citologia de escarro é um exame de baixa positividade para o diag-
c) a síndrome de veia cava superior é provocada pela obstrução parci- nóstico etiológico
al ou total do fluxo sanguíneo dentro deste vaso
d) aproximadamente 65 a 80% dos casos de síndrome de veia cava
superior devem-se a um carcinoma broncogênico
e) a osteoartropatia hipertrófica é um processo incomum que geral- RESIDÊNCIA MEDICA - 1999
mente está associada a uma malignidade intratorácica HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
57- Um paciente apresenta as seguintes alterações clínico-laboratoriais:
neuropatia periférica, infiltrados pulmonares não cavitários, lesões
cutâneas nodulares, níveis elevados de IgE, anticorpos anti p-anca e
RESIDÊNCIA MEDICA - 2000 presença de eosinofilia. Deve-se pensar em:
FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP a) Poliarterite nodosa
52- Os adenomas brônquicos do tipo carcinóide são derivados das b) Granulomatose de Wegener
células de Kulchitsky, tal como ocorre com o seguinte tumor maligno c) Síndrome de Churg-Strauss
pulmonar: d) Doença de Kawasaki
a) sarcoma e) Síndrome de Cogan
b) cilindroma
c) histiocitoma invasivo
d) carcinoma de pequenas células
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO - QUESTÕES DE CONCURSOS

1ESIDENCIA MEDICA - 1999 RESIDÊNCIA MEDICA - 1998


HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS - HNMD UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
58- Correlacione as informações radiológicas pulmonares e clínicas 62- Os elementos fundamentais para o diagnóstico de silicose pulmo-
da 1â coluna com as patologias prováveis na 2- coluna e assinale a nar, são:
alternativa correta. a) biópsia de pulmão e espirometria
b) história ocupacional e radiografia de tórax
1- cavidades em lobo superior em paciente emagrecido c) radiografia de tórax e espirometria
2- enchimento alveolar difuso em paciente HIV positivo d) broncoscopia e biópsia pulmonar
3- lesões multinodulares, algumas com cavitação, em paciente com e) história ocupacional e tomografia computadorizada de tórax
sinusite e cilindros hemáticos ao EAS
4- adenopatia hilar bilateral em homem negro, jovem, assintomático

( ) Pneumocystis carinii RESIDÊNCIA MEDICA - 1998


( ) granulomatose de Wegener UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
( ) sarcoidose 63- Paciente masculino com 65 anos, tabagista (30 cigarros/dia há 45
( ) tuberculose pulmonar anos), refere tosse persistente nos últimos meses, acompanha de
hemoptise há 2 meses e de emagrecimento de 8 Kg nesse período.
Apresenta inapetência moderada e nega outras queixas. Nega antece-
e) (1) (4) (2) (3) dentes familiares de neoplasias. Ao exame físico apresenta-se em re-
gular estado geral, corado, hidratado, afebril, eupnéico, com dedos
hipocráticos. PA=140X80 mmHg, pulso = 80 bpm, FR = 30 ipm. À
propedêutica pulmonar apresenta tórax simétrico, sem abalamentos
ou retrações, com elasticidade diminuída ++, com roncos esparsos,
RESIDÊNCIA MEDICA - 1999 sem outros ruídos adventícios. A ausculta cardíaca é normal. A se-
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL - AMRIGS quência da investigação diagnostica deverá ser:
59- Em relação ao adenocarcinoma e ao carcinoma epidermóide de a) radiografia simples de tórax ( PA e P) seguida tomografia
pulmão, considere as afirmações abaixo. computadorizada
I - Ambos são associados com osteoartropatia pulmonar hipertrófica b) citologia do escarro e pesquisa da BAAR, radiografia simples de
II- Paciente com menos de 60 anos de idade, em bom estado geral, tórax (PA e P), tomografia computadorizada de tórax seguido de
com carcinoma epidermóide de 2,5 em de diâmetro, localizado no lobo broncofibroscopia
superior direito, tem indicação cirúrgica com bom prognóstico c) tomografia computadorizada de tórax seguida de broncofibroscopia
III- Radioterapia deve ser realizada somente nos pacientes considera- d) radiografia simples de tórax (PA e P) e broncofibroscopia
dos inoperáveis ou nos com metástases sintomáticas. e) broncofibroscopia com citologia de escarro e pesquisa de BAAR
Quais são corretas?
a) apenas I
b) apenas II
c) apenas III RESIDÊNCIA MEDICA - 1998
d) apenas I e II UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
e) apenas I, II e III 64- Assinale a alternativa INCORRETA:
a) o carcinoma broncogênico é o tumor maligno visceral mais frequen-
te no sexo masculino
b) o carcinoma epidermóide e o basocelular incidem mais em áreas da
RESIDÊNCIA MEDICA - 1999 pele expostas ao sol
INIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR c) oncogenes estão normalmente presentes no genoma humano e
60- Na Doença Pulmonar Intersticial, o que avalia a atividade da doença: podem ser ativados por translocações cromossômicas
a) lavado broncoalveolar d) imunodeficiências congénitas ou adquiridas predispõem ao apareci-
b) gasometria mento de neoplasias malignas, geralmente linfomas
c) espirometria e) melanomas originados em nevos pigmentados intradérmicos geral-
d) cintilografia com tecnécio mente crescem limitados à pele
e) nenhuma das anteriores

RESIDÊNCIA MEDICA - 1998


RESIDÊNCIA MÉDICA - 1999 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
!NiVi=osiDADE FEDFRAJ DO P « ? P W 7 0 SANTO - UFES 65- A radiografia de tórax realizada por uma paciente mostra vários nó-
61- Qual o carcinoma do pulmão cresce como células bem diferencia- dulos pulmonares bilaterais, e a hipótese diagnostica é de metástases
das que revestem os espaços aéreos sem invadir o estroma? por via hematogênica. A procura do tumor primário deve considerar, como
a) carcinoma de células escamosas possibilidades mais frequentes desta apresentação, neoplasias de:
b) carcinoma anaplásico a) tireóide, mama, rim
c) carcinoma de grandes células b) cólon, pâncreas, vesícula biliar
d) carcinoma de pequenas células ("oat cell") c) pâncreas, colo uterino, ovário
e) carcinoma bronquiolo-alveolar d) fígado, rim, ovário
e) vesícula biliar, estômago, pâncreas
PNEUMOLOGIA - VOLUME 1/2004

RESIDÊNCIA MEDICA - 1998 RESIDÊNCIA MEDICA - 1997


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
66- Entre as doenças profissionais em nosso meio, destaca-se as 71- A pneumonia de Lóeffler está relacionada a :
pneumoconioses, sobretudo a silicose devido a sua elevada incidên- a) Reação alérgica a mofo e fungos.
cia e gravidade. Quais das alternativas abaixo está INCORRETA em b) Fase larvária das helmintíases
relação a esta doença. c) Reação alérgica aos helmintos.
a) doença pulmonar de caráter irreversível e progressivo d) Reação alérgica aos ácaros.
b) o diagnóstico necessita de Raio X de tórax e da história ocupacional e) Hipersensibilidade a agentes inespecíficos.
c) a tuberculose pulmonar é uma e suas complicações
d) pode ser prevenida somente com uso de máscaras contra poeiras
no local de trabalho
e) a prova de função pulmonar apresenta distúrbio ventilatório misto RESIDÊNCIA MEDICA - 1997
nos casos avançados HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
72- A silicose é:
a) Pneumoconiose fibrogênica causada pela inalação de poeiras com
alto conteúdo em sílica cristalina que é frequente em nosso meio entre
RESIDÊNCIA MEDICA - 1998 ceramistas.
FUNDAÇÃO ESCOLA DE SERVIÇO PÚBLICO - FESP b) Pneumoconiose não fibrogênica causada pela inalação de poeiras
67- A síndrome do tumor de sulco superior do pulmão (Pancoast) ca- com alto conteúdo em sílica cristalina que é frequente em nosso meio
racteriza-se por: entre ceramistas.
a) rouquidão, atelectasia, febre c) Pneumoconiose fibrogênica causada pela inalação de poeiras de
b) diarréia, hipercalcemia, caquexia alto conteúdo em amianto e que é frequente em nosso meio entre
c) tosse, broncoaspiração e exoftalmia fundidores de metais.
d) dor no ombro, enoftalmia, ptose palpebral d) Pneumoconiose não fibrogênica causada pela inalação de poeiras
e) dislexia, ataxia e desvio da comissura labial com alto conteúdo em amianto e que é frequente em nosso meio entre
mineiros de carvão.
e) Pneumoconiose fibrogênica causada pela inalação de poeiras com
alto conteúdo em carvão que é frequente em nosso meio entre
RESIDÊNCIA MEDICA - 1998 fundidores de metais.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PF RUÇO - UFPE
68- Considerando os carcinomas pulmonares, qual a alternativa correta:
a) O carcinoma bronquiolo-alveolar é o tumor maligno mais frequente.
b) O carcinoma epidermóide é o único tipo relacionado com o tabagismo. RESIDÊNCIA MEDICA - 1997
c) O carcinoma epidermóide origina-se habitualmente em área de HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
displasia do epitélio alveolar. 73- Em carcinoma brônquico periférico de lobo superior esquerdo, a
d) O carcinoma de pequenas células (oat-cell) é o tipo mais agressivo, presença de rouquidão recente indica que a tomografia computadori-
originando-se de células neuroendócrinas. zada de tórax deverá revelar adenomegalia:
e) São menos frequentes que os sarcomas. a) No hilo esquerdo
b) Na cadeia pré-vascular
c) Na janela aorto-pulmonar
d) No recesso ázigo-esofagiano
RESIDÊNCIA MEDICA - 1997 e) No espaço retro-cava
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
69- Paciente com achado de nódulo pulmonar em lobo superior direito,
com diagnóstico de adenocarcinoma de pulmão, apresenta na
tomografia de mediastino linfonodo de 1,5cm em região para-traqueal RESIDÊNCIA MEDICA - 1997
esquerda. A conduta é: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
a) radioterapia exclusiva, pois o estágio da doença é IV 74- Infiltrado intersticial micronodular é achado frequente em:
b) lobectomia e esvaziamento ganglionar bilateral a) silicose
c) nodulectomia e quimioterapia b) proteinose alveolar
d) radioterapia, quimioterapia e branquiterapia c) fibrose pulmonar idiopática
e) mediastinoscopia com biópsia e, se exame de congelação negativo d) asbestose
para neoplasia, lobectomia radical e) esclerodermia

RESIDÊNCIA MEDICA-1997 RESIDÊNCIA MEDICA - 1997


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
70- Radiografia de tórax evidenciando acometimento pulmonar difuso 75- Trabalhador que tem como profissão jateamento de areia está su-
e linfonodos mediastinais, é MENOS comum em: jeito a adoecer por qual pneumoconiose?
a) sarcoidose . a) berilose
b) histoplasmose b) silicose aguda
c) linfangite carcinomatosa c) siderose
d) pneumonia por Pneumocystis carinii d) histiocitose X
e) tuberculose e) granulomatose de Wegener
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO - QUESTÕES DE CONCURSOS

RESIDÊNCIA MEDICA - 1997 RESIDÊNCIA MEDICA - 1996


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO - UERJ
76- Em um paciente com eritema nodoso, a presença de linfoadenopatia 82- A síndrome paraneoplásica é uma condição frequente no carcino-
hilar bilateral e uma resposta negativa ao PPD sugerem o diagnóstico de: ma de pulmão. Dentre as situações apresentadas abaixo, a que não
a) sarcoidose d) paracoccidioidomicose pode ser associada a ela é:
b) tuberculose e) leishmaniose a) "clearance de água livre" diminuído
c) histoplasmose ^ b) manifestações trombóticas
c) hiperpotassemia
d) neuromiopatias
e) hipercalcemia
RESIDÊNCIA MEDICA - 1997
MINISTÉRIO DA SAÚDE - CONCURSO NACIONAL
77- O sintoma inicial mais frequente no câncer de pulmão é:
a) tosse d) dor torácica RESIDÊNCIA MEDICA - 1996
b) hemoptise e) perda de peso UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO - UERJ
c) hemoptóico 83- Os principais tipos histológicos da neoplasia pulmonar são:
a) cilindroma, melanoma e carcinoma de células gigantes
b) carcinoma escamoso, carcinoma oat cell e mesotelioma
c) tumor carcinóide, sarcoma e carcinoma de grandes células
ESIDENCIA MEDICA - 1997 d) carcinoma bronquíolo-alveolar, carcinoma de células claras e
OSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS - HNMD carcinossarcoma
78- Assinale a alternativa que indica uma manifestação de extensão e) carcinoma epidermóide, carcinoma indiferenciado de pequenas cé-
loco-regional de neoplasia de pulmão. lulas e adenocarcinoma
a) caquexia d) polimiosite
b) tromboflebite venosa migratória e) baquetamento digital
c) síndrome de Horner
RESIDÊNCIA MEDICA - 1996
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL - AMRIGS
84- Em relação à neoplasia de pulmão, considere as seguintes afirma-
ESIDENCIA MEDICA - 1997 ções.
OSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS - HNMD I - O fumo é um fator de risco proporcional à quantidade de cigarros
79- A asbestose, frequentemente, se associa com: fumados.
a) tuberculose pleural II - As decisões terapêuticas baseiam-se na diferenciação entre
b) silicose adenocarcinoma e carcinoma epidermóide.
c) mesotelioma maligno da pleura III -A síndrome paraneoplásica é comum e pode mimetizar uma doen-
d) DPOC ça metastática.
e) bronquiectasia Quais são correias?
a) apenas I d) apenas I e III
b) apenas II . e) I, II e III
c) apenas III
RESIDÊNCIA MEDICA - 1996
'ONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA
80- Sobre a doença intersticial pulmonar crónica, é CORRETO afirmar:
a) a radiografia do tórax demonstra padrão retículo nodular caracterís- RESIDÊNCIA MEDICA - 1996
tico, porém o raio X normal não exclui o diagnóstico CONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA
b) o padrão gasométrico é geralmente PCO2 elevado e a hipoxemia 85- O principal fator de risco para o desenvolvimento do mesotelioma
não piora com o exercício da pleura é a exposição prévia a:
c) a doença não cursa com hipertensão pulmonar, mesmo nas formas a) sílica
mais graves b) níquel
d) os volumes pulmonares mantêm-se elevados no curso da doença c) cádmio
e) a tomografia computadorizada de alta resolução, embora seja extre- d) asbestos
mamente útil em pneumologia, não ajuda no diagnóstico da doença e) hidrocarbonetos

RESIDÊNCIA MEDICA - 1996 RESIDÊNCIA MEDICA - 1996


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF CONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA
81- Não constituem contra-indicações absolutas de ressecção no car- 86- São drogas implicadas no desenvolvimento da doença pulmonar
cinoma broncogênico: intersticial:
a) síndrome da veia cava superior a) nitrofurantoína e bleomicina
b) derrame pericárdico neoplásico b) ampicilina e amiodarona
c) derrame pleural neoplásico c) cloranfenicol e ciprofloxacin
d) metástase a distância d) cefalosporinas e metotrexato
e) nenhuma das hipóteses anteriores e) vancomicina e propiltiouracil
PNEUMOLOGIA - VOLUME 1/2004 55

RESIDÊNCIA MÉDICA - 2003 RESIDÊNCIA MEDICA - 2002


HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO - SP CONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA
87- Assinale a alternativa INCORRETA em relação à embolia pulmonar: 92- Em relação a trombo embolismo pulmonar, é incorreto afirmar:
a) embolia pulmonar e trombose venosa profunda são duas manifesta- a) arteriografia pulmonar é considerada "padrão ouro" para diagnósti-
ções da mesma doença co de trombo embolismo pulmonar
b) a causa hereditária mais comum na população branca de trombofilia b) Rx de tórax normal em paciente com dispneia e hipoxemia aguda
é a resistência à proteína C ativada, também conhecida como fator V sem bronco-espasmo deve sempre levantar suspeita de trombo
de Leiden embolismo pulmonar
c) achados eletrocardiográficos típicos (P. pulmonale, hipertrofia c) o eletrocardiograma pode apresentar sobrecarga no ventrículo direi-
ventricular direita, desvio do eixo para a direita, bloqueio do ramo direi- to, mas o padrão clássico S1Q3T3 sempre está presente
to) ocorrem em 5% ou menos dos casos d) uma cintilografia pulmonar de alta probabilidade para trombo
d) níveis plasmáticos elevados de D-dímero, um produto de degrada- embolismo pulmonar demonstra dois ou mais defeitos grandes (> 75%
ção da fibrina, têm especificidade de mais de 95% para o diagnóstico de um segmento) de perfusão sem anormalidade ventilatória ou radio-
e) a angio-TC negativa exclui a possibilidade de embolia em artérias lobares lógica correspondente
e) a mensuração dos níveis plasmáticos dos dímeros (produtos de
degradação da fibrina) encontra-se geralmente acima de 500 mcg/L,
nos casos confirmados de trombo embolismo pulmonar
RESIDÊNCIA MÉDICA - 2003
HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO - SP
88- Paciente de 50 anos chega ao Pronto Socorro com quadro de in-
tensa dispneia e cianose. O RX de tórax não revela nenhuma anorma- RESIDÊNCIA MEDICA - 2002
lidade. O provável diagnóstico é: C C W C " " ™ UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA
a) mixoma de átrio esquerdo d) pneumotórax hipertensivo Para responder as duas próximas questões, identifique APENAS
b) feocromocitoma e) tamponamento cardíaco UMA ÚNICA alternativa correta.
c) tromboembolismo pulmonar Uma mulher de 55 anos chega ao pronto-socorro queixando-se de
dispneia e dor torácica ventilatório dependente. Refere ter caído e le-
sado o quadril esquerdo há 4 dias, tendo sido imobilizada devido à dor
articular. Ontem sentiu dor e notou edema na perna esquerda. Não há
RESIDÊNCIA MEDICA - 2003 antecedentes médicos relevantes. Suas únicas medicações incluem
FUNDAÇÃO ESCOLA DE SERVIÇO PÚBLICO - FESP terapia de reposição hormonal, com combinação de estrógenos e
89- Dentre as medidas mecânicas abaixo, para a profilaxia da trombo- progesterona.
se venosa profunda, a mais eficaz é: 93- Dos testes relacionados o que, utilizado isoladamente, não permi-
a) elevação mecânica das pernas te fazer o diagnóstico é:
b) compressão elástica das pernas a) D-dímero
c) compressão pneumática da panturrilha b) ultra-sonografia vascular
d) estimulação elétrica dos músculos da panturrilha c) venografia
d) pletismografia de impedância
e) cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão

RESIDÊNCIA MÉDICA - 2003


INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER - INÇA
90- Paciente de 65 anos, sem antecedentes mórbidos pessoais, é ad- RESIDÊNCIA MEDICA - 2002
mitido no pronto socorro com fratura do colo do fêmur, ocorrida há 4 CONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA
horas devido a queda. Após doze horas, teve alteração do nível de 94- São opções terapêuticas apropriadas a esse caso, EXCETO:
consciência, entrando em coma, insuficiência respiratória aguda e apa- a) heparina de baixo peso molecular subcutânea
recimento de petéquias nas conjuntivas oculares e tronco. Qual o diag- b) heparina não fracionada em infusão fixa, 1 .OOOU/hora após bólus de
nóstico mais provável? 5.000U
a) acidente vascular encefálico c) heparina não fracionada ajustada para o peso, 80U/kg em bólus,
b) broncoaspiração de conteúdo gástrico seguida por infusão de 18U/kg/hora
c) embolia gordurosa d) cumarínicos orais para tratamento a longo prazo
d) endocardite infecciosa e) suspensão da terapia de reposição hormonal
e) atelectasia pulmonar

RESIDÊNCIA MEDICA - 2001


RESIDÊNCIA MEDICA - 2002 FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP
CONCURSO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA - SUS - BAHIA 95- Os métodos que podem ser utilizados para reduzir o risco de
91- O procedimento que condiz com a realidade na introdução do tra- tromboembolismo em pacientes que apresentam história clínica de trom-
tamento do trombo embolismo pulmonar é: bose ou embolia prévia são:
a) contra-indicar a introdução do tratamento, se o Rx de tórax for normal a) filtro na cava e elevação dos membros inferiores
b) usar heparinas de baixo peso em dose profilática b) meias de compressão pneumática e deambulação precoce
c) usar cumarínicos c) heparina em baixas doses e posição de Trendelenburg
d) usar trombolíticos d) enfaixamento com crepe dos membros inferiores e aspirina via oral
e) introduzir dose plena de heparina
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO - QUESTÕES DE CONCURSOS

RESIDÊNCIA MEDICA - 2001 RESIDÊNCIA MEDICA - 1998


FUNDAÇÃO ESCOLA DO SERVIÇO PÚBLICO - FESP UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP
96- A mais comum expressão eletrocardiográfica da tromboembolia 101- O exame considerado padrão para o diagnóstico de embolia pul-
pulmonar é: monar, é:
a) taquicardia sinusal c) fibrilação atrial a) radiografia simples de tórax
b) inversão de onda T em V6 d) onda Q em V3 b) cintilografia pulmonar de ventilação - perfusão
c) arteriografia pulmonar
d) ressonância nuclear magnética de tórax
e) tomografia computadorizada de tórax
1ESIDENCIA MEDICA - 2001
iOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP
97- Assinale a afirmativa INCORRETA em relação ao tromboembolis-
mo pulmonar: RESIDÊNCIA MEDICA - 1998
a) a indicação de trombolítico pode ser feita pela análise do UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG
ecocardiograma, quando ocorre disfunção do ventrículo direito 102- Com relação ao tromboembolismo pulmonar agudo, é correto
b) o trombolítico pode ser utilizado em até 12 semanas após o fenôme- afirmar:
no tromboembólico a) cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é método diagnósti-
c) o eletrocardiograma é um exame bastante específico aparecendo co de alta sensibilidade, mas de muito baixa especificidade
com frequência sobrecarga ventricular direita e desvio do eixo para a b) presença de febre afasta o diagnóstico
direita em mais de 70% dos pacientes c) maioria dos pacientes apresenta alterações pulmonares visualizadas
d) a presença de choque revela em geral obstrução da árvore pulmo- no estudo radiológico do tórax
nar superior a 50% d) uma pressão de oxigênio arterial normal exclui o diagnóstico
e) a cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão tem boa sensibili-
dade e especificidade para o diagnóstico

RESIDÊNCIA MEDICA - 1997


1ESIDENCIA MEDICA - 2000 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ
1OSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP 103- O sintoma mais frequente do tromboembolismo pulmonar no pós-
98- Observa-se a maior incidência de tromboembolia pulmonar na se- operatório é:
guinte condição: a) hemoptise
a) obesidade c) pós-operatório b) dor pleurítica
b) neoplasia maligna d) uso de contraceptivo oral c) dispneia
d) síncope

RESIDÊNCIA MEDICA - 1999


HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP RESIDÊNCIA MEDICA - 1996
99- Paciente de 16 anos, previamente sadia, porém usuária de cocaí- ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
na há 4 meses, apresentou quadro súbito de dispneia intensa. Ao exa- 104- O melhor exame para diagnóstico de tromboembolismo pulmonar é:
me físico a PA= 145x95mmHg e encontrava-se intensamente dispnéica, a) RX de tórax
cianótica +++/4 e com diversos sibilos pulmonares. A radiografia do b) ECG
tórax era normal. O provável diagnóstico è : c) cintilografia para obtenção da relação ventilação/perfusão
a) Crise asmática d) Edema pulmonar induzido por droga d) arteriografia
b) Embolia pulmonar e) Arritmia cardíaca
c) Emergência hipertensiva

MEDICO EFETIVO - ESPECIALIDADE: CLINICA MEDICA - 1996


SECRET. MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO - SMS/RJ
1ESIDENCIA MEDICA - 1999 105- São fatores de risco para o tromboembolismo pulmonar, EXCETO:
iOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - SP a) uso de estrogênios d) obesidade
100- Em relação ao tromboembolismo pulmonar, assinale a alternativa b) puerpério e) climatério
correta. c) carcinoma
a) As alterações endoteliais são os principais fatores predisponentes
da trombose venosa
b) O principal foco embolígeno são as cavidades cardíacas diretas,
principalmente o átrio direito RESIDÊNCIA MEDICA - 1993
c) As alterações eletrocardiográficas sugestivas (tipo S1Q3T3) e so- UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR
brecarga ventricular direita são frequentes, ocorrendo em mais de 50% 106- A trombose venosa profunda que com mais frequência causa
dos pacientes embolismo pulmonar é:
d) A cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão é um exame com a) íleo femoral
boa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico. b) esplénica
e) A principal função da heparina é lisar o trombo em árvore pulmonar c) renal
e assim minimizar os efeitos hemodinâmicos na pequena circulação d) seio cavernoso
e) mesentérica
1 COMENTÁRIO Vamos fazer uma revisão dos parâmetros mais importantes da Prova de Função Pulmonar. Este exame está indicado
sempre que necessitamos avaliar a função respiratória de um paciente, como por exemplo quando precisamos fazer o 'risco cirúrgico' de um paciente
com DPOC. Este exame nos fornece três grupos de parâmetros: (1) Volumes Pulmonares Estáticos; (2) Volumes Pulmonares Dinâmicos e (3)
Fluxos Expiratórios. O exame é feito da seguinte forma: o paciente inspira fundo (o máximo que ele pode) e logo em seguida expira todo o ar que
puder, primeiro de forma lenta e depois de forma forçada. Esta parte do exame, chamada Espirometria, determina os Volumes Dinâmicos e os Fluxos
Expiratórios. Os Volumes Estáticos são determinados utilizando-se um outro recurso. Veja a tabela e a figura abaixo.

Principais Parâmetros da Espirometria

PARÂMETROS Homem de 40 anos, Mulher de 40 anos,


75Kg e 1,75cm 60Kge1,60cm
Volumes Estáticos
- Volume residual (VR) 1,5L 1,2L
- Capacidade Residual Funcional (CRF) 2,2L 1,6L
- Capacidade Pulmonar Total (CPT) 6,4L 4,9L
Volumes Dinâmicos
- Capacidade Vital (CV) 4,9L 3,7L
- Capacidade Vital Forçada (CVF) 4,8L 3,3L
- Volume Expiratório Forçado no 1o segundo (VEF 1,0) 3,8L 2,8L
- índice de Tiffenaud (VEF 1,0/CVF) 0,75-0,80 0,75-0,80
Fluxos Expiratórios
- Fluxo de pico (Vmáx ou Peak Flow) 9,4L/s 6,1 L/s
- Fluxo Expiratório Forçado 25-75% do volume (FEF 25-75) 3,1 L/s 2,5L/s
*Os volumes e fluxos são considerados normais se estiverem entre 80-120% do valor previsto para o sexo,
idade, altura e peso.

1 seg 25% 75%


Tempo em Volume i
Segundos Expirado j

- Volumes Estáticos: O volume total de ar nos pulmões após uma inspiração máxima é a Capacidade Pulmonar Total (CPT), enquanto que o volume
de ar que fica nos pulmões após uma expiração máxima é o Volume Residual (VR). A Capacidade Residual Funcional (CRF) é o que fica nos pulmões
após uma expiração não-forçada-representa a posição de repouso máximo do ciclo respiratório. '

- Volumes Dinâmicos: A Capacidade Vital (CV) é o volume de ar exalado após uma inspiração e expiração máximos. A Capacidade Vital Forçada
(CVF) é o mesmo volume, medido com uma exalação forçada. O Volume Expiratório Forçado no 1 o seg (VEF 1,0), como o nome diz, é a quantidade
de ar que sai no 1 o seg de uma expiração forçada. O índice de Tiffenaud é o percentual do ar total exalado (CVF) que sai no 1 o seg (VEF 1,0), isto
é, é a relação VEF 1,0/CVF. O seu valor normal é de 0,75-0,80 (ou 75-80%).

- Fluxos Expiratórios. Os mais importantes são o fluxo máximo (Vmáx ou Peak Flow) e o fluxo médio entre 25-75% do volume expirado (FEF 25-75).

<mm
Quais são os padrões patológicos da Prova de Função Pulmonar?

1- PADRÃO OBSTRUTIVO: Este é o padrão da obstrução das vias aéreas, encontrado na asma e no DPOC. É caracterizado pela redução dos fluxos
expiratórios e dos volumes dinâmicos (especialmente o VEF 1,0), e pelo aumento dos volumes estáticos, devido ao represamento de ar no final da
expiração (hiperinsuflação). Como o VEF 1,0 reduz muiuto mais do que a CVF, o índice de Tiffenaud encontra-se tipicamente baixo (< 0,75). Os volumes
estáticos (VR, CRF e CPT) estão elevados, especialmente o VR.

2- PADRÃO RESTRITIVO: Este é o padrão das doenças pulmonares intersticiais que levam à fibrose parenquimatosa progressiva, restringindo a ventilação.
É caracterizado pela redução de todos os volumes pulmonares - estáticos e dinâmicos, com a manutenção dos fluxos expiratórios. O VEF 1,0 reduz
proporcionalmente à CVF, mantendo normal o índice de Tiffenaud.

Voltemos ao enunciado da questão: o paciente tem uma Capacidade Vital (CV) reduzida, mas a relação entre VEF 1,0 e CV (equivalente ao índice
de Tiffenaud) está normal. Portanto, o padrão é Pneumopatia Restritiva.

2 COMENTÁRIO As pneumoconioses são diagnosticadas por critérios eminentemente clínicos e radiológicos (anamnese, exame físico e radio-
grafia de tórax). A história de exposição ocupacional ao agente (ex.: sílica, asbesto) em conjunto com um padrão radiológico típico confirma o
diagnóstico, não havendo necessidade de outros exames na maioria das vezes. As pneumoconioses mais importantes do nosso meio são a silicose,
a asbestose e a pneumoconiose dos mineiros de carvão.

3 COMENTÁRIO Esta mulher nefropata de meia idade apresenta dispneia progressiva, taquipnéia e ortopnéia por um quadro bem provável de
insuficiência cardíaca congestiva descompensada. O edema predominante do membro inferior esquerdo associado ao padrão eletrocardiográfico
S1Q3T3 (figura) nos sugere tromboembolismo pulmonar, que pode ser o fator precipitante da insuficiência cardíaca. Pergunta-se o melhor exame
para DEFINIR o diagnóstico. Qual é o exame considerado padrão-ouro para este diagnóstico? É a angiografia pulmonar. Este exame deve ser
solicitado caso a cintilografia pulmonar ventilação-perfusão seja duvidosa, embora seja um exame invasivo...

4 COMENTÁRIO Esta questão é sobre os subtipos histológicos principais do carcinoma broncogênico (CA de pulmão). São eles: (1) carcino-
ma epidermóide ou de células escamosas, (2) adenocarcinoma, (3) carcinoma anaplásico de grandes células, (4) carcinoma de pequenas células
ou oatcell. Vamos analisar as assertivas acima... OpçãoA-correta: o carcinoma epidermóide tem localização mais proximal ou central (grandes
brônquios), aparecendo como massas exofíticas na broncocospia; tem uma grande correlação com o tabagismo. Opção B - errada: o carcino-
ma de pequenas células (oatcell) realmente é de provável origem nas células neuro-endócrinas do epitélio brônquico e tem um comportamento
bastante agressivo, porém, é um tumor de localização tipicamente central (e não periférica), como diz a assertiva. Opção C - correta: quando
temos um tumor obstruindo um determinado brônquio, o paciente fica propenso a ter episódios repetidos de pneumonia da área que drena para
este brônquio. Opção D - correta: segundo os livros de patologia, o carcinoma anaplásico de grandes células provavelmente é um carcinoma
epidermóide ou um adenocarcinoma tão indiferenciado que as características morfológicas destes últimos não se desenvolvem. Opção E -
correta: o adenocarcinoma é o subtipo mais relacionado ao sexo feminino, à idade jovem (< 45 anos) e à ausência de história prévia de tabagismo.
Podem se desenvolver a partir de cicatrizes pulmonares.

5 COMENTÁRIO Este paciente trabalhou durante 20 anos fabricando lonas de freio - o que isto sugere? Exposição ao asbesto! As fibras de
asbesto ou amianto são utilizadas na indústria de materiais isolantes. A construção de prédios ou a demolição dos mesmos, a fabricação de
telhas, tubulações, freios, a construção naval e a profissão de bombeiros encanadores podem trazer uma exposição suficiente para causar as
doenças relacionadas ao asbesto. Uma exposição por mais de 15 anos geralmente é necessária. As roupas dos indivíduos expostos ficam
repletas de fibras de asbesto, que eventualmente podem ser inaladas por suas esposas no ambiente domiciliar. Agora vamos lembrar: quais são
as doenças relacionadas ao asbesto?
Doenças Relacionadas ao Asbesto
1- Asbestose - pneumoconiose relacionada ao asbesto: é uma pneumopatia intersticial difusa semelhante à fibrose
pulmonar idiopática.
2- Carcinoma broncogênico - já foi provado que o asbesto é um fator de risco independente para o CA de pulmão,
principalmente nos indivíduos tabagistas. Esta associação (fumo + exposição ao asbesto) é sinérgica para causar
este câncer, aumentando o seu risco em mais de 50 vezes!!
3- Mesotelioma - um tumor maligno derivado do mesotélio (camada que reveste as serosas do corpo - pleura,
peritônio e pericárdio). O mesotelioma pleural é bem mais frequente que o peritoneal e o pericárdico.

O mesotelioma pleural é um tumor maligno muito raro e, quando encontrado na prática médica, quase sempre está relacionado com a exposição
prolongada ao asbesto. O tumor geralmente se manifesta 30-35 anos após esta exposição, surgindo com o paciente na faixa etária entre 60-70 anos.
Os sintomas são exatamente os do paciente acima: dor torácica não pleurítica é o mais frequente (60-70% dos casos). A dispneia e a tosse seca
ocorrem em 25% e 20%, respectivamente. O que encontramos na radiografia de tórax? O achado mais comum é o derrame pleural unilateral de
grande monta, um pouco mais comum no lado direito. Entretanto, alguns pacientes podem apresentar massas pleurais, espessamento pleural difuso
que pode inclusive acometer as cisuras interlobares. Nos casos mais avançados, o pulmão é encarcerado pela pleura neoplásica, reduzindo o seu
volume. O tumor costuma metastatizar localmente, atingindo a parede torácica (destruindo costelas e promovendo retrações), o pericárdio, levando
ao aumento da área cardíaca e o diafragma, porta de entrada para a invasão peritoneal e abdominal. O paciente geralmente tem os primeiros
sintomas quando a doença já está avançada e a sobrevida média é de 6-18 meses, pouco influenciada pelo tratamento. Como você está percebendo,
parece ser o caso do paciente do enunciado. Como confirmar este diagnóstico? O exame indicado é a biópsia pleural aberta, guiada pela toracotomia
ou pela video-toracoscopia (sensibilidade= 98%). A biópsia fechada (às cegas) e a toracocentese confirmam o diagnóstico em apenas 25% e 40%
dos casos, respectivamente. Por isso, você deve marcar, sem sombra de dúvida, a opção A.

6 COMENTÁRIO A silicose (pneumopatia decorrente à inalação da poeira de sílica cristalina ou quartzo) é a pneumoconiose mais frequente no
Brasil e no Mundo. As principais atividades laborativas que levam a este exposição no Brasil estão na tabela abaixo. A resposta é opção B.

Atividades de Risco para Silicose no Brasil

1- Indústria extrativa: mineração subterrânea e de superfície


2- Beneficiamento de minerais: corte de pedras, britagem .moagem e lapidação
3- Indústria de transformação: cerâmicas, fundições, vidros, abrasivos, marmorarias, cortes e polimento de
granito e cosméticos
4- Atividades mistas: proféticos, cavadores de poços, artistas plásticos, jateadores de areia e borracheiros.

7 COMENTÁRIO A TCAR (tomografia computadorizada de alta resolução) é um exame de grande valia na avaliação do nódulo pulmonar solitário.
Pode identificar, por exemplo, certos padrões de benignidade ou malignidade no nódulo. Um deles é a presença de áreas com densidade de gordura
dentro do nódulo. Este achado caracteriza um tumor benigno pulmonar chamado hamartoma. É o tumor benigno mais comum do pulmão e é formado
por vários tipos de tecido - gordura, epitélio, fibrose, cartilagem e calcificação. O padrão de calcificação característico é chamado 'em pipoca'.

8 COMENTÁRIO Analisemos as opções... Opção A - correta: a mediastinoscopia realmente é o melhor método para avaliar e biopsiar os
linfonodos mediastinais. A técnica é realizada utilizando-se um videoscópio que é introduzido via fúrcula esternal. Todos os sítios linfonodais
devem ser analisados e biopsiados, para o estadiamento N. Opção B - errada: a invasão da parede torácica não contraindica a cirurgia, pois é
um critério para T3. O estádio T3(N0-2)M0 é IMA e, portanto, ainda operavel. A cirurgia pode ser a ressecção em bloco do pulmão e arcos costais
acometidos. O tumor só é considerado inoperável se tiver critério para T4, N3 ou M1. Opção C - correta: a TC de crânio está indicada sempre que
há indícios de comprometimento neurológico (cefaléia, déficit neurológico focal etc). Se houver metástase cerebral (M1), o tumor à princípio não
deve ser operado. A exceção à regra é a metástase cerebral única em pacientes com tumor pulmonar operavel e em boas condições físicas
(situação de apenas 10-15% dos casos com metástase cerebral). Opção D - correta: o derrame pleural no CA de pulmão pode ser decorrente de
obstrução da drenagem linfática pelo tumor ou da invasão da pleura parietal. No primeiro caso, o tumor ainda é considerado operavel. A invasão da
pleura parietal cursa com um derrame pleural contendo células neoplásicas na citologia - por ser considerado um critério para T4, o tumor neste
caso é inoperável. Opção E - correta: a toracoscopia pode ajudar no estadiamento do CA de pulmão, especialmente em casos suspeitos de
invasão dos grandes vasos.

9 COMENTÁRIO A bissinose não é uma pneumoconiose... Trata-se de uma doença ocupacional pulmonar, mas que afeta basicamente as vias
aéreas, provocando um padrão obstrutivo, com broncoespasmo e hiperprodução de muco. O indivíduo que trabalha na indústria têxtil, com tecidos de
algodão, linho ou cânhamo pode inalar as fibras destes produtos que agem sobre as vias aéreas, provocando uma síndrome denominada bissinose.
Estes pacientes geralmente apresentam um aperto no peito, dispneia e sibilância após a jornada de trabalho da segunda-feira ("Aperto no Peito da
Segunda-Feira"), melhorando de seus sintomas no restante dos dias, porém cerca de 10-25% dos casos podem cronificar seus sintomas que
permanecem nos outros dias. O tratamento inclui anti-histamínicos e broncodilatadores, além do afastamento de suas atividades industriais neste
tipo de atividade.
10 COMENTÁRIO Questão conceituai. Quais são os tumores mais encontrados como causa de múltiplas metástases pulmonares por dissemi-
nação hematogênica? Tabela.
Múltiplas Metástases Pulmonares hematogênicas ||SjSJ|
Mama Tireóide ^ ^
Cólon, reto Coriocarcinoma
Rim Sarcomas ósseos
Colo uterino Testículo
Melanoma

Quando o aspecto é micronodular (miliar), as hipóteses mais prováveis são: tireóide, melanoma, rim e ovário. As metástases solitárias podem ser
causadas pelos tumores de mama, colo-retal, rim, colo uterino, melanoma. As metástases linfangiomatosas podem ser derivadas dos seguintes
tumores: carcinoma broncogênico, estômago, mama, pâncreas, próstata. i

11 COMENTÁRIO Veja, o paciente tem um carcinoma broncogênico não-pequenas células - vamos estagiá-lo pelo TNM. Lembre-se: o que torna
inoperável um carcinoma não-pequenas células? Se ele for T4 (estágio IIIB), N3 (estágio IIIB) ou M1 (estágio IV). Muito bem... Ele éT4? A princípio não
(T4 = invasão das estruturas do mediastino do tipo carina, traquéia, esôfago, coração, grandes vasos ou da pleura parietal, com derrame pleural de
citologia positiva). Ele é N3? Esta é a grande dúvida, pois N3 é a invasão de linfonodos contralaterais (hilares ou mediastinais) ou dos linfonodos
supraclaviculares ou escalenos (independente do lado). O paciente tem um linfonodo aumentado (> 1cm) no mediastino contralateral. A biópsia deste
linfonodo pela mediastinoscopia é mandatória - se ele for maligno, o tumor passa a ser inoperável, pois será um N3. A resposta é a opção E.

12 COMENTÁRIO Analisemos as opções... Opção A - correta: a embolia pulmonar quase sempre é proveniente de um trombo que se deslocou
I de uma veia profunda, geralmente no território dos membros inferiores ou na rede pélvica. Opção B - correta: a resistência à proteína C ativada (fator
j V de Leiden) é uma mutação hereditária do fator V, que passa a resistir parcialmente à inativação fisiológica pela proteína C ativada (um anticoagulante
{ endógeno). É responsável pela maioria dos casos de trombofilia hereditária em pacientes da raça branca. Opção C - errada: um estudo mostrou que
? cerca de 76% dos pacientes com embolia pulmonar manifesta na fase aguda pelo menos três achados eletrocardiográficos de sobrecarga de VD (ver
j tabela). A sobrecarga aguda desta câmara cardíaca é decorrente de um súbito aumento na pressão da artéria pulmonar pela embolia. Opção D -
totalmente errada: o D-dímero é um produto de degradação da fibrina, liberado sempre que existe formação de trombo recente no organismo. É um
exame bastante sensível para o diagnóstico da embolia pulmonar
(S= 98%), sendo utilizado como triagem, porém, é inespecífico: Alterações Eletrocardiográficas no TEP
pode estar elevado no IAM, na insuficiência cardíaca, no pós-ope- - BRD novo incompleto ou completo
ratório, na sepse etc. Opção E - correta: apesar de ser um exage- - Onda S em D1 e aVL > 1,5mm
ro utilizar a palavra "exclui", o conceito desta opção está correto - - Zona de transição (RS) até V5
a angio-TC é um exame de alta sensibilidade (95%) para o diag- - QS em D3, mas não em D2
- Desvio do eixo do QRS para direita
nóstico da embolia pulmonar localizada nas artérias pulmonares
- Inversão da onda T em D3 e aVF, ou de V1 a V4
ou em seus ramos lobares. Como você percebe, existem duas - Baixa voltagem nas derivações do plano frontal (D1 a aVF).
respostas (duas assertivas erradas) para esta questão...

13 COMENTÁRIO A heparina não-fracionada venosa ainda é a terapia de escolha na TEP, pois os grandes estudos, que mostraram benefício
clínico, foram realizados com esta forma de terapia. A dose começa com uma boius de 5.000-10.OOOUIV, seguido de infusão contínua com 1 .OOOU/
h, ajustada a posteriori pela relação do PTTa, que deve se manter entre 1,5 a 2,5. A heparina reduz significativamente a mortalidade da TEP, ao
estabilizar a fonte emboligênica, evitando novas embolias.

1 4 COMENTÁRIO A questão acima tenta nos confundir, pois todas as opções podem cursar com trombose venosa profunda e portanto, embolia
pulmonar. Contudo os compêndios médicos, bem como a prática clínica diária mostram que os pacientes em pós-operatório tem muito mais chance de
desenvolver esta patologia, muitas vezes após a alta hospitalar, especialmente em cirurgias de quadril e joelho. Portanto a opção correta é a C.

15 COMENTÁRIO Sem dúvida a opção correta é a letra E, pois a baixa de estrogênio não predispõe ao TEP, muito pelo contrário, pois a reposição
hormonal que normalmente é feita nesta época com estrógenos é um fator altamente trombogênico. A puérpera reúne as três condições básicas para fazer
trombose venosa profunda e embolia: estase por repouso no leito, estado de hipercoagulabilidade e lesões da parede do endotélio, sendo portanto uma
condição altamente emboligênica. A carcinomatose produz vários fatores de vasoconstrição e coagulação, precipitando a trombose e os obesos além de
apresentarem mais estase sanguínea, deambularem menos, ainda podem ser hipertensos e diabéticos, condições que podem alterar a parede endotelial.
t

16 COMENTÁRIO Não há palavras para descrever a falta de responsabilidade do indivíduo que formulou esta questão! Os candidatos precisam
realmente ter o poder de adivinhação para saber o que ele ou ela querem como resposta certa, já que existem várias opções viáveis e corretas... As
alterações pulmonares da embolia pulmonar são obviamente decorrentes da obstrução mecânica da árvore pulmonar pelo trombo, acarretando
diversas consequências fisiopatológicas, entre elas a liberação local de substâncias vaso-ativas, como a serotonina, que levam em última análise a
PNEUMOLOGIA-VOLUME 1/2004

l
um distúrbio ventilação/perfusão (V/Q), com áreas mal ventiladas e bem perfundidas e áreas mal perfundidas e mal ventiladas. Isto leva à hipoxemia
e aumento do drive respiratório (alcalose respiratória). Se a obstrução acometer mais de 40-50% da árvore brônquica, o cor pulmonale agudo, com
instabilidade hemodinâmica resultante, ocorrerá. Já que temos que escolher uma resposta, ficaremos com a opção B, pois em nosso julgamento é
a alteração mais mais representativa da embolia pulmonar.
j
17 COMENTÁRIO Questão simples... Um quadro de dispneia súbita em uma paciente com mais de 30 anos que usa contraceptivos orais
sempre deve aventar a hipótese de tromboembolismo pulmonar (TEP). O derrame pleural e a condensação em forma triangular são achados típicos
do TEP, tornando a hipótese ainda mais provável. A condensação triangular é a imagem clássica do infarto pulmonar, que apresenta a base do
triângulo voltada para a pleura e o ápice voltado para o hilo (figura). Esta imagem é também chamada de "corcova de Hampton". O infarto pulmonar
complica cerca de 5-10% dos casos de TEP.

18 COMENTÁRIO Questão conceituai. O câncer de pulmão pode estar associado a diversas síndromes paraneoplásicas, entre elas uma que se
manifesta com hiponatremia. Trata-se da SIADH: síndrome da secreção inapropriada do ADH, associada ao carcinoma do tipo pequenas células ou
oat cell. Este hormônio é produzido pelas células tumorais e age provocando a retenção de água livre, por exercer a sua ação no túbulo coletor dos
néf rons, reabsorvendo água sem acompanhamento de solutos. A hiponatremia é progressiva e pode ter gravidade suficiente para levar a um quadro
neurológico potencialmente fatal.

19 COMENTÁRIO Cuidado para não marcar a opção errada numa questão simples como esta! Este paciente tem um tumor maligno no lobo
superior do pulmão. Por contiguidade, pode invadir estruturas que podem determinar algumas síndromes clínicas sugestivas. Asíndrome de Pancoast
é caracterizada pela compressão do plexo braquial. O paciente refere dor no membro superior, paresia e posteriormente atrofia muscular distal. A
síndrome de Horner (ou de Claude-Bernard-Horner) deve-se à compressão do plexo simpático cervical. Manifesta-se com a tétrade: (1) ptose
palpebral, (2) miose, (3) enoftalmia, (4) anidrose -todos esses sinais ipsilaterais ao plexo acometido (mesmo lado do tumor). Essas duas síndromes
que acabamos de descrever não são paraneoplásicas. Síndrome paraneoplásica tem um conceito diferente: é uma manifestação à distância de um
câncer, não por invasão metastática, mas sim pela produção de substâncias humorais pelas células do tumor. Essas substâncias podem ser
hormônios (ex.: ACTH, ADH, peptídeo PTH-símile) ou auto-anticorpos. A síndrome de Eaton-Lambert é um exemplo de paraneoplasia. O tumor
produz auto-anticorpos que reagem com os canais de cálcio pré-sinápticos placas motoras, determinando uma síndrome miastênica.

2 0 COMENTÁRIO Mesmo não sabendo a taxa de duplicação celular em cada um dos tipos histológicos do carcinoma broncogênico, você deve
saber qual o mais agressivo... Sem dúvida é o carcinoma de pequenas células (oat cell). Este tumor é extremamente invasivo e cresce com extrema
rapidez. A sobrevida média sem tratamento é de apenas alguns meses. Com o tratamento (radio-quimioterapia) não chega a 2 anos, com uma
baixíssima taxa de cura (5-10%). Então ficamos com a opção B. Só para se ter uma idéia, o período de duplicação do volume nodular oscila entre 20-
400 dias nas lesões malignas. O carcinoma de pequenas células (oat cell) se duplica em apenas 30 dias, enquanto que o adenocarcinoma se duplica
em 180 dias, ou seja, o primeiro tem um crescimento 6 vezes superior ao segundo.

21 COMENTÁRIO As pneumoconioses são pneumopatias intersticiais difusas causadas pela inalação de poeiras inorgânicas, como a sílica
(silicose), o asbesto (asbestose) etc. O diagnóstico deve sempre se basear em um quadro clínico-radiológico compatível associado a uma história de
exposição característica. Por exemplo: se um paciente apresenta-se com tosse seca e dispneia aos esforços, radiografia de tórax com infiltrado
nodular difuso predominando nos 2/3 superiores e tem uma história ocupacional de jateador de areia por muitos anos, o diagnóstico está praticamen-
te confirmado. Os outros exames (lavado bronco-alveolar, biópsia) somente são necessários em alguns poucos casos de dúvida diagnostica.

22 COMENTÁRIO O câncer mais comum no sexo masculino é o câncer de próstata (40% dos casos)! O câncer de pulmão é o segundo mais
comum (13% dos casos), deixando o terceiro lugar para o CA de cólon (9% dos casos) e quarto lugar para o CA de bexiga. Entretanto, o CA de
pulmão é líder quanto à mortalidade, sendo a causa mais comum de morte oncológica, o que corresponde a 30% de todos os óbitos por câncer em
homens. Isto vem da sua natureza extremamente maligna - mesmo com todos os avanços da oncologia e da cirurgia torácica, apenas 13% dos
casos são curáveis (os demais 87% morrem dentro dos próximos 5 anos),
23 COMENTÁRIO O carcinoma broncogênico epidermóide ou de células escamosas (raramente chamado de espinocelular) é o mais incriminado
na síndrome paraneoplásica da hipercalcemia, causada pela secreção tumoral de um peptídeo PTH-símile. O paciente evolui com um quadro clínico-
laboratorial semelhante ao hiperparatireoidismo primário, com aumento dos níveis de cálcio e queda dos níveis de fosfato. O AMP cíclico urinário está
elevado, pela ação PTH-símile, mas os níveis séricos do hormônio PTH estão baixos, já que o peptídeo PTH-símile não é reconhecido pelos testes
imunológicos como PTH. A maioria das outras síndromes paraneoplásicas do CA de pulmão (SIADH, Cushing, Eaton-Lambert, degeneração cerebelar
subaguda) estão associadas ao carcinoma broncogênico de pequenas células (oat cell). A osteartropatia hipertrófica está mais relacionada ao
adenocarcinoma e ao carcinoma epidermóide.

24 COMENTÁRIO Um paciente de 55 anos e fumante com um nódulo pulmonar solitário possui uma chance alta de malignidade. Só para
complementar, existe uma escala de risco, na qual uma idade entre 50-59 anos, confere um risco relativo de 1,5 vezes, enquanto que o tabagismo
confere um risco relativo de até 4 vezes. Veja a tabela simplificada.

Fatores de Risco para Malignidade no Nódulo j


Pulmonar Solitário
; Fator de risco Risco relativo
1- Idade
< 35 anos 0,1
36-44 anos 0,3
45-49 anos 0,7
50-59 anos 1,5
60-69 anos 2,1
70-83 anos 5,7
2- Tabagismo nos últimos 9 anos
1 -9 cigarros/dia 0,3
10-20 cigarros/dia 1,0
21-40 cigarros/dia 2,0
> 41 cigarros/dia 3,9
3- Diâmetro do nódulo
< 1,5cm 0,1
1,5-2,2cm 0,5
2,3-3,2cm 1,7
3,3-4,2cm 4,3
4,3-5,2cm 6,6
5,3-6,0cm 29,4

Suponhamos que o nódulo deste paciente tenha um diâmetro entre 2-3cm (risco = 1,7) e ele seja tabagista de 1,5 maços/dia (risco = 2,0). Com a sua idade
de 55 anos (risco = 1,5), teremos um risco calculado (RR) de malignidade de 1,7 x 2,0 x 1,5 = 5 vezes. Em termos percentuais, utilizamos a fórmula:
% de risco = RR x 100, no caso acima, a conta será: 5 x 100 = 83%
1 + RR 1+5

Segundo os consensos internacionais, quando a probabilidade de malignidade está acima de 70%, recomenda-se a abordagem cirúrgica, atualmente
realizada através da toracoscopia (VATS: video assisted thoracic surgery), um procedimento com bem menos morbidade do que uma toracotomia
exploradora convencional. Com uma probabilidade intermediária, entre 3-69%, recomenda-se a biópsia transtorácica por agulha fina, se o nódulo for
periférico. Este exame, na verdade, analisa o citopatológico do aspirado do nódulo. O exame é feito guiado pela TC de tórax. Se a probabilidade for
baixa (< 3%), deve-se optar apenas pela observação clínica e radiológica. Pode-se acrescentar outros dados ao cálculo da probabilidade de malignidade,
tais como o crescimento do tumor (dado importantíssimo, mas que só pode ser determinado com a presença de uma radiografia prévia), o aspecto
na TCAR (tipo de calcificação, borda do nódulo) etc. Existe uma outra tabela de risco contemplando estes outros parâmetros. Só para se ter uma
idéia, se o nódulo continua do mesmo tamanho nos últimos 2 anos, o risco relativo é de 0,01 (100 vezes menor) e se ele tiver crescido entre 7 dias
e 2 anos, o risco é de 3,4 vezes. Em relação à borda do nódulo na TC ou RX, a presença de uma borda irregular ou espiculada traz um risco relativo
de 5,4 vezes. Um nódulo difusamente calcificado na TC possui um risco próximo a zero de ser maligno...
Este cálculo e esta tabela são apenas para ilustrar... Você não precisa memorizá-la e nem fazer este cálculo (ainda mais numa prova de residência!). Mas
isto comprova o conceito de que um nódulo pulmonar solitário em um paciente grande fumante, com mais de 50 anos, deve ser considerado maligno até se
prove o contrário. Aconduta então deve ser a ressecção do nódulo, com análise histopatológica, após avaliar a capacidade funcional pulmonar do paciente.
Com a VATS (no lugar da toracotomia convencional), mesmo pacientes com DPOC moderado podem tolerar muito bem o procedimento.

25 Comentário Questão conceituai.


Questão A fonte
conceituai. de êmbolo
A fonte maismais
de êmbolo comum na TEP
comum na TEPé oé sistema venoso
o sistema venosoprofundo
profundoíleo-femoral,
íleo-femoral, seguido
seguido pelas
pelas veias
pélvicas. O exame mais apropriado para analisar a presença de trombo neste território é o eco-doppler íleo-femoral.

26Comentário A melhor A melhor


forma forma de resolver
de resolver esta esta questão
questão é tentar
é tentar eliminar
eliminar primeiramente
primeiramente as as opçõesque
opções quecertamente
certamenteestão
estão erradas.
erradas. Por
exemplo: a opção B esta incorreta, pois sabidamente os principais focos emboligênicos são provenientes das veias pélvicas e dos membros
inferiores e não das cavidades cardíacas. A opção E é facilmente eliminada, uma vez que o mecanismo da heparina consiste em organizar o trombo
PNEUMOLOGIA - VOLUME 1/2004

e evitar o seu aumento progressivo, não sendo capaz de lisá-lo. As drogas capazes de lisar os trombos são conhecidas como trombolíticos e as mais
utilizadas para o tratamento do TEP são o rTpa (alteplase) e a estreptoquinase. Assim restam as opções A, C e D. A análise da opção A é bastante
fácil, pois sem dúvida a lesão do endotélio é um fator emboligênico, fazendo parte da descrição da tríade de Virchow (estase, lesão endotelial e
hipercoagulabilidade), mas sabemos pela prática clínica, que a simples imobilização do paciente em diversas situações é o fator mais frequente de
desencadeamento de TEP, observando-se uma grande incidência desta patologia nos pós-operatórios. Eliminamos assim, portanto esta questão.
Ficamos entre duas opções: C e D. Analisemos a C. Apesar da alteração eletrocardiográfica mais típica de embolia pulmonar ser S1, D3, Q3, não é
a mais comum, além de não ser mais específica, podendo ocorrer no cor pulmonale por outras causas. Por eliminação ficamos com a opção D, pois
o método cintilográfico é bastante sensível, embora tenha muitas limitações.

2 7 COMENTÁRIO Classicamente a expressão eletrocardiográfica da embolia pulmonar é o padrão S1, Q3 e T3, ou seja, aparecimento de uma
onda S em DI, onda Q em DIU e inversão da ondaT em DIU. Graus incompletos de bloqueio de ramo direito também podem surgir. Contudo, em virtude
da própria fisiopatogenia da embolia e sua resultante sobrecarga cardíaca e estímulo adrenérgico, com certeza o achado mais comum é o aparecimento
de taquicardia sinusal, sendo a opção correta a letra A. As opções B e D estão erradas e apesar de poder haver o aparecimento de fibrilação atrial,
este não é o achado mais comum.

2 8 COMENTÁRIO Muito boa questão... Analisemos as assertivas... Opção A correta: a arteriografia pulmonar (realizada por cateterismo cardíaco
direito) é o exame padrão-ouro. Os demais exames são para triagem do paciente suspeito e a sua acurácia é medida sempre em relação ao padrão-
ouro. Opção B correta: todo pacientes com taquidispnéia de início agudo, sem anormalidade radiológica (ou com discretas anormalidades radiológicas),
deve ser suspeitado de ter um TEP. Apesar de ser frequente o encontro de alterações no RX de tórax, estas alterações geralmente são discretas e
desproporcionais ao quadro clínico respiratório do paciente. Opção C errada: o
padrão eletrocardiográf ico dito "clássico" para TEP (S1Q3T3) não é exatamente
um achado clássico - muitos pacientes com TEP não apresentam este padrão
e muitos indivíduos podem ter este padrão na ausência de TEP. O padrão S1Q3T3
(onda S em D1, onda Q em D3 e onda T negativa em D3) passa a ser mais
sugestivo quando aparece agudamente em um paciente com taquidispnéia súbita.
Veja o ECG na figura. Opção D correta: a cintilografia pulmonar na TEP se
divide no componente de perfusão e no componente de ventilação. O critério de
alta probabilidade é um defeito de perfusão segmentar, na ausência de um
defeito de ventilação ou imagem radiológica. Opção E correta: pelo método
ELISA, uma dosagem acima de 500mcg/L do D-dímero plasmático está quase
sempre presente (sensibilidade^ 98%) em pacientes com o diagnóstico de
TEP. O problema do D-dímero é a sua baixa especificidade, pois pode estar
presente em outras patologias.

2 9 COMENTÁRIO Todo o paciente que se apresenta agudamente com taquidispnéia sem uma explicação aparente e ainda com uma radiografia
de tórax normal ou mostrando alterações leves (não compatíveis com a gravidade do quadro) deve ter como uma das hipóteses diagnosticas prováveis
o tromboembolismo pulmonar. Para as outras opções, faltam dados importantes: o feocromocitoma vem sempre associado à hipertensão arterial e
taquicardia; o pneumotórax hipertensivo é revelado na radiografia; o tamponamento cardíaco leva à turgência jugular e ao pulso paradoxal; o mixoma
atrial esquerdo causa surtos repetidos de dispneia e cianose desencadeados pela posição ortostática.

30 COMENTÁRIO Veja a tabela das drogas pneumotóxicas, ou seja, que podem provocar fibrose intersticial pulmonar.

Drogas relacionadas à Fibrose Intersticial Pulmonar


Aciclovir Melfalan
Amiodarona Metotrexate
Azatioprina Metissergida
Bleomicina Mitomicina C
Bussulfan Nitrofurantoína
Clorambucil Procarbazina
Ciclofosfamida Sulfonamidas
Sais de ouro

Observe que a maioria destas 15 drogas (cerca de 9 delas) são agentes citotóxicos utilizados em quimioterapia oncológica. A amiodarona, a
bleomicina, a ciclofosfamida e a nitrofurantoína (antibiótico para tratar ITU em gestantes) são os agentes mais clássicos!

31 COMENTÁRIO A caquexia, a tromboflebite migratória (síndrome de Trosseau), a polimiosite e o baqueteamento digital são consideradas
síndromes paraneoplásicas do tumor de pulmão, não sendo decorrentes, portanto, de extensão regional do tumor. A síndrome de Horner (ptose,
miose, enoftalmia e perda ipsilateral da sudorese) deve-se ao comprometimento do simpático por crescimento regional de um tumor no ápice do
pulmão, geralmente carcinoma epidermóide. ,,......
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO-COMENTÁRIOS

32 COMENTÁRIO O RX de tórax clássico da silicose é um infiltrado pulmonar bilateral nodular ou micronodular com predomínio nos 2/3s
superiores. A proteinose alveloar, como o nome sugere, manifesta-se com infiltrado alveolar (tipo algodonoso). Afibrose pulmonar idiopática, com um
infiltrado reticular ou retículo-nodular difuso, predominando nos 1/3s inferiores. A asbestose manifesta-se com a radiografia semelhante à da fibrose
pulmonar idiopática, muitas vezes associada a áreas de calcificação pleural. O RX de tórax do acometimento pulmonar da esclerodermia é idêntico
ao da fibrose pulmonar idiopática.
i

33 COMENTÁRIO É importante sabermos, diante de um paciente com infiltrado pulmonar difuso e adenopatia mediastinal, quais são as patologias
mais prováveis - tabela.

Pneumopatias Intersticiais com Adenopatia Hilar/Mediastinal ' J f f l H l


Causas infecciosas: Causas neoplásicas: I
- Tuberculose - Linfangite carcinomatosa
- Histoplasmose - Linfoma
- Criprococose - Sarcoma de Kaposi
- Paracococidioidomicose Causas não-infecciosas não-neoplásicas
- Sarcoidose - uma das causas mais comuns
- Silicose (raro)

A pneumonia por Pneumocystis carinii (pneumocistose) não está na lista, pois não cursa com adenopatia hilar/mediastinal. Marquemos a opção D.

34 COMENTÁRIO O que não poderemos deixar de solicitar para este paciente? O exame de escarro, destacando-se a citologia (pesquisa de
neoplasia) e BAAR (pesquisa de tuberculose) e a radiografia simples de tórax (PA e perfil) são métodos extremamente baratos e devem iniciar a
avaliação do paciente acima. Carcinoma broncogênico e tuberculose são, de longe, as hipóteses mais prováveis (na verdade, a hipótese provável é
CA de pulmão, pela presença do baqueteamento digital). Se o diagnóstico não for esclarecido até então, o próximo passo é a solicitação de uma TC
de tórax, para identificar algum suposto nódulo pulmonar ou mediastinal que não apareceu no RX, seguida de uma broncofibroscopia, para avaliar a
presença de alguma lesão endobrônquica sugestiva de neoplasia e para colher o lavado bronco-alveolar (novamente para a citologia e BAAR). A
opções que melhor se encaixa é a opção B. Vale lembrar: a citologia do escarro tem uma boa sensibilidade (60-70%) para as lesões centrais, mas
não para as periféricas (ex.: nódulo pulmonar solitário).

35 COMENTÁRIO Analisemos as opções... A presença de calcificação com padrões do tipo difuso, laminado concêntrico, em 'pipoca' falam
| muito a favor de nódulo benigno. Mas a calcificação excêntrica pode ocorrer em alguns poucos nódulos malignos - opção A duvidosa. A presença de
' espículas nos bordos do nódulo, um aspecto visualizado na TCAR (alta resolução), indica malignidade - opção B correta. A citologia negativa da
aspiração percutânea de um nódulo pulmonar realmente sugere benignidade, já que em mãos experientes o procedimento tem uma sensibilidade que
pode chegar a 95% - opção C correta. O tamanho do nódulo sempre deve ser levado em consideração na avaliação do seu diagnóstico, se benigno
ou maligno. Quanto maior o nódulo, maior a chance de ser maligno. Quando acima de 3-4cm, a chance é maior que 60% e então passa a ser
chamado de 'massa pulmonar' - opção D errada. Acitologia do escarro realmente é um exame de baixa sensibilidade para a investigação do nódulo
solitário. Se for negativa, de forma nenhuma afasta malignidade. Este fato é explicado pela localização periférica da maioria destes nódulos.

36 COMENTÁRIO O carcinoma de pequenas células {oatcell) possui três características importantes a saber: (1) comportamento extremamente
agressivo, (2) boa resposta à radioquimioterapia, (3) grande propensão a síndromes paraneoplásicas. É o tipo histológico mais relacionado a
síndromes paraneoplásicas. As principais estão na tabela abaixo.

Principais Síndromes Paraneoplásicas do Carcinoma de Pequenas Células


1- SIADH - síndrome da secreção inapropriada do ADH - levando à hiponatremia
2- Síndrome de Cushing - secreção de ACTH ectópico
3- Síndrome de Eaton-Lambert - liberação de auto-anticorpos que bloqueiam os «canais de cálcio pré-sinápticos
da placa motora, dando uma síndrome clínica semelhante à miastenia gravis
4- Degeneração cerebelar aguda
j ^ B ^ P r i n c i p a i s Síndromes Paraneoplásicas dos Carcinomas Não-Pequenas Células
1- Osteoartropatia hipertrofies - adenocarcinoma, seguido pelo epidermóide
2- Hipercalcemia (peptídeo PTH-símile) - epidermóide

3 7 COMENTÁRIO Muitos marcaram a opção A- psitacose. Erraram!! Vamos primeiramente definir a doença psitacose. E a infecção pela Chlamydia
psittaci, adquirida pelo contato com pássaros infectados com esse germe. Teoricamente qualquer pássaro pode transmitir a doença, apesar dela ter sido
descrita inicialmente após a exposição a papagaios e periquitos. A doença manifesta-se como uma pneumonia aguda ou subaguda, com sintomas de
febre, com ou sem calafrios, tosse seca ou pouco produtiva, mialgia e fraqueza. O exame físico pode demonstrar esplenomegalia, faringite, adenomegalia
e rash cutâneo semelhante ao da febre tifóide. A presença de bradicardia com febre (sinal de Faget) pode estar presente, sugerindo febre tifóide. A
radiografia de tórax geralmente mostra um infiltrado broncopneumônico ou intersticial unilateral. O curso da doença não tratada pode evoluir com melhora
espontânea ou, eventualmente, com piora e até mesmo o óbito. A droga de escolha é a tetraciclina ou a doxiciclina. Por que então afirmamos que este
paciente não tem psitacose?? Por um motivo simples: o período de incubação desta doença é de 5-15 dias e o enunciado dá a entender que os sintomas
começaram logo após a limpeza da gaiola de pássaros. Então qual o provável diagnóstico? Um quadro de dispneia, febre, hipoxemia (cianose) e infiltrado
pulmonar difuso que ocorre algumas horas após a exposição a pássaros (especialmente pombos) é a pneumonite por hipersensibilidade (ou
alveolite alérgica extrínseca). Trata-se de uma resposta imunológica mediada por imunocomplexos, desencadeada por antígenos presentes no excremento
ou nas penas do pássaro. Este é apenas um exemplo... Existe uma infinidade de antígenos orgânicos e inorgânicos capazes de causar este tipo de
afecção, presentes em fungos ambientais (mofos, micróbios termofílicos), animais e alguns produtos químicos industriais. Alguns exemplos clássicos
são: 'pulmão do aficionado em pássaros'; 'doença do criador de pombos'; 'doença do pulmão do fazendeiro' ou 'febre do feno'. Existem dois tipos
clínicos de pneumonite por hipersensibilidade: forma aguda e forma crónica. O paciente do enunciado tem a forma aguda: quadro abrupto que se inicia
2-9h após a exposição e resolve espontaneamente após 1-3 dias. O RX de tórax mostra caracteristicamente infiltrados nodulares bilaterais (paciente
acima), com predomínio nas bases. Aforma crónica inicia-se lentamente, semelhante à tuberculose, sarcoidose ou uma fibrose pulmonar idiopática. O
infiltrado pulmonar é difuso, mas predomina nos 2/3s superiores. A biópsia geralmente revela granulomas não-caseosos, pneumonite intersticial e,
eventualmente, bronquiolite obliterante com pneumonia em organização (BOOP-símile). O tratamento nas duas formas baseia-se no afastamento da
fonte entigênica e, em casos mais graves, o uso de corticóide sistémico.

38 COMENTÁRIO Esta questão é para 'pegar' aqueles que estudam por livros Frequência Relativa dos Tipos Histológicos do CA de Pulmão
antigos! A resposta desta questão mudou recentemente, de acordo com as novas
Adenocarcinoma 32%
estatísticas. O adenocarcinoma, por razões desconhecidas tem substituído o
carcinoma epidermóide como tipo histológico mais frequente para a população total Carcinoma epidermóide 29%
de pacientes com CA de pulmão (independente do sexo, idade e raça), tal como tem Carcinoma de pequenas células (oat cell) 18%
ocorrido no CA de esôfago! Isto foi observado no estudo do Instituto Nacional do Carcinoma anaplásico de grandes células 9%
Câncer nos EUA, que obteve dados de 60.515 pacientes com câncer de pulmão no
Outros ou não-especificados 12%
período de 1983-1987. Veja as estatísticas - tabela.

Vale ressaltar mais uma coisa: o adenocarcinoma é de longe o tipo histológico mais comum dos pacientes não fumantes, das mulheres e dos
pacientes mais jovens com CA de pulmão.

39 COMENTÁRIO Esta questão é difícil por exigir um conhecimento mais detalhado sobre os fatores de risco do carcinoma broncogênico. E além
disso, está errada, pois não há resposta correta... Vamos analisar cada uma das assertivas. Opção A- errada: quando a folha do tabaco é queimada, a
fumaça resultante contém mais de 4.000 substâncias. O termo 'alcatrão' refere-se à matéria particulada da fumaça do tabaco e é justamente aonde
encontram-se as mais de 40 substâncias com potencial carcinogênico, como as N-nitrosaminas e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. A nicotina é
classicamente implicada na dependência química ao cigarro e possui alguns efeitos cardiovasculares conhecidos. Segundo dados da literatura (incluindo
o Harrinson), certos derivados diretos da nicotina são altamente carcinogênicos. contribuindo certamente para a patogênese do câncer de pulmão. Um
efeito conhecido, por exemplo, é a inibição da apoptose das células cancerígenas... Opção B - errada: o risco de câncer de pulmão é elevado em fumantes
de charuto ou cachimbo (cerca de 3 vezes), não tanto como nos fumantes de cigarro (cerca de 10-20 vezes). Opção C - errada: o fumo passivo aumenta
o risco de câncer de pulmão, como revelam os estudos com filhos ou esposas de fumantes. Porém, o aumento não é tão pronunciado como na assertiva
acima. O aumento é de apenas 1.5 vezes. Opção D -também errada: estudos iniciais mostraram que o consumo de vegetais ricos em beta-caroteno (ex.:
frutas amarelas) tinha um efeito protetor contra o câncer de pulmão em grandes fumantes. Porém, o responsável pelo efeito protetor provavelmente não foi
o beta-caroteno: dois recentes estudos randomizados revelaram que a administração desta substância NÃO reduziu o risco deste câncer nos fumantes (e
ainda mostrou uma tendência a aumentar este risco). Opção E - errada: os mesmos estudos com o beta-caroteno também utilizaram os retinóides
(derivados da vitamina A), não revelando nenhuma queda no risco de câncer de pulmão. QUESTÃO SEM RESPOSTA.

4 0 COMENTÁRIO O carcinoma de pequenas células é também chamado de oat cell (aveno-calular): células em forma de grãos de aveia. E o tipo
histológico mais agressivo, com um tempo de duplicação celular de apenas 30 dias (comparado a 250 dias para o adenocarcinoma) e geralmente se
apresenta como um tumor central (opção B errada), já com invasão dos linfonodos torácicos mediastinais (opção C errada) e com metástase à distância.
O tratamento cirúrgico não aumenta a sobrevida deste câncer, portanto, não está via de regra indicado (opção D errada), a não ser nos raros casos de nódulo
pulmonar solitário, sem metástase mediastinal ou sistémica. A terapia é baseada na quimioterapia e na radioterapia, pois o tumor revela-se bastante
quimiossensível e radiossensível, porém, não o suficiente para garantir uma chance razoável de cura (esta oscila apenas entre 5-10%).

41 COMENTÁRIO Sem dúvida o sintoma mais frequente na embolia pulmonar é a dispneia, pois a primeira alteração após a oclusão de um vaso
pulmonar é redução dos alvéolos perfundidos com aumento do espaço morto, dificuldade de troca respiratória e hipoxemia. Asíncope ocorre apenas
em casos de embolia maciça, que certamente são mais raros. A hemoptise decorre da hipertensão arterial pulmonar, sendo um pouco mais tardio na
fisiopatologia e a dor pleurítica costuma ser a mais tardia pois necessita do processo inflamatório, o qual demanda tempo para instalar-se. A opção
correta é a C.

4 2 COMENTÁRIO A silicose é a pneumoconiose mais comum no nosso meio. É uma pneumopatia decorrente da inalação continuada a poeira
de sílica cristalina, comum em algumas atividades laborativas como a dos trabalhadores da mineração, jateadores de areia, britadores ou cortadores
de pedra, vidreiros e ceramistas. A silicose manifesta-se como uma pneumopatia intersticial difusa progressiva, de caráter fibrogênico. A radiografia
de tórax apresenta infiltrado nodular predominando nos 2/3s superiores (silicose simples) ou a presença de massas aglomeradas de fibrose (silicose
complicada). O paciente pode estar completamente assintomático, apesar da alteração radiográf ica, ou desenvolver um quadro de sintomas respiratórios
progressivos, que podem evoluir de forma grave. A única opção que se encaixa é a opção A.

4 3 COMENTÁRIO Trata-se de uma paciente com um carcinoma broncogênico não-pequenas células (neste caso, um adenocarcinoma) com um
provável estadiamento N2 ou N3, já que o mediastino está alargado (veja neste momento a revisão do estadiamento TNM do carcinoma broncogênico
não-pequenas células nas tabelas abaixo). O alargamento do mediastino geralmente significa invasão tumoral para os linfonodos mediastinais -
portanto o N deste paciente pode ser N2 (mediastinais ipsilaterais) ou N3 (mediastinais contralaterais). O estadiamento deste paciente tem que ser
complementado por uma TC de tórax e, se ainda houver dúvidas, por uma mediastinoscopia com biópsia de linfonodos suspeitos ou representativos
dos principais sítios mediastinais. É fundamental sabermos se o paciente é N2 ou N3.0 estádio T1N2 é IMA. Neste caso, ainda há benefício com a
cirurgia e uma pequena chance de cura, aumentada pela radio-quimioterapia neoadjuvante (pré-operatória), visando a redução da massa tumoral. O
estádio T1N3 é IIIB. Neste caso, não há benefício com a cirurgia - dizemos então que o tumor é 'inoperável'. Para facilitar a memorização do
estadiamento, grave a seguinte regra: se o paciente for T4 ou N3 ele está no estágio IIIB, ou seja, o tumor é inoperável. Se o paciente for T3N1 ou N2,
ele ainda pode ser operável, pois estará no estádio MIA. Vale ressaltar que se for M1 (metástase à distância), o tumor também é considerado
inoperável. No paciente da questão, o próximo exame a ser solicitado é a TC de tórax, para se completar o estadiamento clínico, pois a radiografia
convencional não suficiente (ainda mais para avaliar o mediastino...).

Estadiamento TNM do Carcinoma Broncogênico Não-Pequenas Células


T=TUMOR
TO = Não Evidenciado - Ausente na imagem e citologia negativa
T1= Pequeno e Periférico -< 3cm, periférico, envolto por parênquima
T2 = Grande ou Proximal ou Pleura Visceral - > 3cm ou com atelectasia/penumonia pós-obstrutiva, ou no
brônquio fonte com distância > 2cm da carlna, ou invadindo pleura visceral
T3 = Minimamente Invasivo (Ressecável) - no brônquio fonte com distância < 2cm da carina, ou com atelectasia
pulmonar total, ouinvadindo parede torácica, oudiafragma, ou pleura mediastinal, ou pericárdio parietal
T4 = Invasivo e Irressecável - invadindo traquéia ou carina ou grandes vasos ou coração ou esôfago ou corpo
vertebral, ou D. pleural neoplásico, ou D. pericárdico neoplásico.

N = LJNFONODO
NO = Sem Acometimento - Não invade linfonodos
N1 = Hilares Ipsilaterais- Invade os linfonodos peribrônquicos ou hilares do mesmo lado
N2 = Mediastinais Ipsilaterais - Invade os linfonodos mediastinais do mesmo lado ou subcarinais
Paciente Acima:
N3 = Contralaterais ou Supraclavlculares/Escalenos - Invade os linfonodos contralaterais (hilares ou medi-
: À princípio
astinais), ou linfonodos supraclaviculares ou escalenos (qualquer lado)
N2 ou N3

M = METÁSTASE À DISTÂNCIA
| Paciente Acima:
MO = Sem Metástase à Distância - Nenhum sinal ou indício de mestástase à distância.
À principio
N1 = Hilares Ipsilaterais - Invadindo osso ou cérebro ou fígado ou suprarrenal etc. MO

Tumor Operável Tumor Inoperável

Estágio l-(T1ouT2) NOMO Estágio IIIB-T4(N0-3)M0


(T1-4)N3M0

Estágio II - (T1 ouT2)N1 MO Estágio IV - (T1-4)(N0-3)M1


T3N0M0
Estágio MIA-T3(N0-2)M0
(T1-3)N2M0

44 COMENTÁRIO A resposta correta deve ser a letra (d), pois o exame considerado padrão ouro para o diagnóstico de embolia pulmonar é a
arteriografia onde há a possibilidade da visualização direta da obstrução do vaso. Existe no entanto o inconveniente de ser um exame invasivo, caro
e não isento de riscos. O raio x de tórax pode não evidenciar qualquer tipo de alteração, só apresentando o sinal clássico de rampton no caso de
embolia periférica e infarto pulmonar. O ECG pode evidenciar achados típicos, porém não específicos de embolia aguda, achados estes que podem
ser vistos no cor pulmonale crónico. A cintigrafia pulmonar é bastante sensível, mas tem especificidade menor do que a arteriografia.

4 5 COMENTÁRIO Esta questão é capciosa e pode ter duas respostas possíveis, a opção A e a opção B... Sabemos que atualmente, um dos
exames mais utilizados para a diferenciação entre malignidade e benignidade de um nódulo pulmonar solitário é a TC dinâmica, avaliando-se o grau
de realce no 1 °, 2o, 3o e 4o minuto após injeção de contraste venoso. Se houver realce significativo, definido pelo aumento da densidade do nódulo em
mais de 18-20 unidades Haunsfield, a chance de ser maligno é alta; se não houver, a chance de ser maligno é extremamente baixa. Embora a
sensibilidade deste exame seja bastante alta para malignidade, ou seja, um número muito pequeno de falsos-negativos (nódulo maligno sem realce),
isto pode não ser verdadeiro para os nódulos maiores de 2cm, pois podem conter centros necróticos, o que pode impedir que ocorra o realce...
Analisando o enunciado como um todo, observamos que a probabilidade deste nódulo ser maligno é muito grande, muito superior a 60%, pois há
vários dados altamente sugestivos de malignidade: idade > 50 anos, tabagismo, diâmetro > 2cm e principalmente o fato de ter bordos espiculados,
um padrão característico de um nódulo maligno. Neste caso, ficaremos com a opção B: este nódulo deve ser ressecado por toracotomia. Uma
biópsia de congelação deve ser realizada: se for positiva para malignidade (carcinoma broncogênico), o estadiamento cirúrgico deve ser meticulosamente
realizado e providenciada a cirurgia curativa.

4 6 COMENTÁRIO Este paciente possui a famosa síndrome de Claude-Bernard-Horner, ou simplesmente síndrome de Horner, constituída por ptose
palpebral, enofatalmia (o oposto de exoftalmia), miose e anidrose hemifacial. Asíndrome não precisa ser completa, manifestando-se eventualmente apenas
com alguns de seus componentes. A compressão da cadeia ganglionar simpática cervical ipsilateral por um tumor é a causa mais comum da síndrome de
Horner periférica. Este tumor quase sempre é um carcinoma broncogênico do sulco superior pulmonar, chamado tumor de Pancoast. Este tumor também
comprime o plexo braquial, provocando dor acentuada no membro superior ipsilateral, acompanhada de fraqueza muscular e atrofia no mesmo membro.

4 7 COMENTÁRIO A dosagem do D-dímero pelo método ELISA quantitativo é considerado um importante exame de triagem no diagnóstico do
tromboembolismo pulmonar (TEP). O D-dímero nada mais é do que um produto da degradação da fibrina, elevando-se no plasma em qualquer
síndrome trombótica, como o TEP e o IAM. O exame tem uma boa sensibilidade, ou seja, quando negativo, praticamente afasta TEP (alto valor
preditivo negativo). Em compensação, a sua especificidade é baixa: quando positivo deve indicar a realização de exames para confirmar o TEP, como
a cintilografia de ventilação-perfusão ou a angiografia pulmonar (este último, o padrão-ouro). A opção correta é a opção C.

4 8 COMENTÁRIO Estamos diante de um paciente fumante de meia idade, que apresenta piora da tosse, perda ponderai e rouquidão há 3
meses. Somente por este histórico, a hipótese mais provável já é o carcinoma broncogênico (CAde pulmão). A rouquidão NÃO é um achado comum
na tuberculose e nem na blastomicose sul-americana (paracoccidioidomicose). Além disso, a radiografia de tórax na tuberculose desta faixa etária
costuma mostrar um infiltrado ou uma lesão cavitária no lobo superior ou segmento 6 (segmento superior do lobo inferior), enquanto que a
paracoccidioidomicose revela em geral um infiltrado alveolar peri-hilar bilateral. No CA de pulmão, a rouquidão é observada inicialmente em 15% dos
casos, indicando um mau prognóstico, pela invasão do nervo laríngeo recorrente. A conduta é realizar uma broncofibroscopia para pesquisa da
neoplasia e identificar o tipo histológico. Os tumores que atingem o nervo laríngeo recorrente geralmente acometem os brônquios centrais, sendo
facilmente visualizados na broncoscopia (pensar no carcinoma epidermóide ou no carcinoma de pequenas células, pois são os dois tumores
tipicamente centrais). Ficaremos então com a opção C.

4 9 COMENTÁRIO Analisando o caso clínico, não há dúvidas quanto à ALTÍSSIMA probabilidade deste nódulo ser maligno: grande fumante, borda
espiculada na TC, calcificação excêntrica, realce pós-contraste. Pela TC, não há indícios de metástase mediastinal. Trata-se aparentemente de um
carcinoma broncogênico de localização periférica (provável não-oat cell) e estágio clínico T1 NOMO (estágio IA). A sobrevida média em 5 anos (provável
cura) é bastante alta (em torno de 70%). A cirurgia curativa, portanto, está indicada. Mas será que a reserva pulmonar do paciente permite uma
pneumonectomia?? Ele tem um VEF1,0 de 50% do previsto. O valor previsto para um homem adulto, de 75Kg e 1,75m de altura, é de aproximadamente
3,8L. Ou seja, 50% do previsto deve ser algo em torno de 2L. Pelo consenso, a pneumonectomia é contraindicada quando o VEF1,0 está menor que 1L.
A contraindicação seria um VEF1,0 < 30% do previsto... Conclusão: a conduta para este caso, sem dúvida, é a ressecção cirúrgica do nódulo que, se
confirmar a malignidade pela biópsia de congelação, deve-se converter a cirurgia para uma cirurgia curativa (pneumonectomia).

5 0 COMENTÁRIO Grande Harrinson!! Esta questão certamente foi retirada da tabela da pág. 563 da última edição deste livro, no capítulo sobre
câncer de pulmão. Veja a tabela.

Tipos Histológicos do CA de pulmão - frequência e sobrevida em 5 anos


wmmmmÊmmmÊmimmiimmmÊ
Tipo histológico Frequência Sobrevida em 5 anos (provável cura)
1) Adenocarcinoma (e subtipos) 32% 17%
- Carcinoma bronquioloalveolar 3% 42%
2) Carcinoma epidermóide 29% 15%
3) Carcinoma de pequenas células (oat cell) 18% 5%
4) Carcinoma de grandes células 9% 11%
5) Carcinóide 1% 83%

6) Carcinoma mucoepidermóide 0,1% 39%


7) Carcinoma adenóide cístico <0,1% 48%
8) Sarcoma e outros tumores conectivos 0,1% 30%
9) Outros e carcinomas não-especificados 11% NA

Você já percebeu que a correta é a opção D. Saiba que o carcinoma epidermóide tem uma frequência muito próxima ao adenocarcinoma e, em
algumas estatísticas, chega a "ganhar" do adenocarcinoma... Grande Harrinson!!

51 COMENTÁRIO Analisemos a afirmação contida em cada opção. Na opção A, a primeira frase está correta, pois realmente a sensibilidade da ,
cintigrafia pulmonar é alta, o que a torna um excelente método diagnóstico, mas a sua especificidade gira em torno de 80%, o que não pode ser ]
considerada muito baixa. Aopção B tem o intuito de confundir, pois apesar de febre não ser um sinal típico de embolia, poderia acontecer em casos
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de infarto pulmonar, ou ser decorrente de outra causa que curse com a embolia e até a predisponha, como carcinomatose, portanto, não afasta o
diagnóstico. A opção C é a correta, pois sabe-se que mais de 50% dos casos de embolia pulmonar cursam com algum tipo de alteração radiológica,
embora muitas não sejam específicas e um raio x normal não exclua o diagnóstico. A opção D obviamente está errada, pois embolias leves ou iniciais
podem cursar com gasometria normal.

5 2 COMENTÁRIO Temos um caso bastante sugestivo de TEP! Uma paciente de 55 anos, que usa anticoncepcionais hormonais e sofreu uma
fratura no quadril há 4 dias. A evolução também é típica: dispneia e dor torácica pleurítica de início súbito, 1 dia após um quadro agudo de edema no
membro inferior esquerdo (suspeito de TVP). Vamos analisar os exames das opções acima... A ultrassonografia vascular (eco-doppler íleo-femoral),
a venografia e a pletismografia de impedância são exames de excelente acurácia para o diagnóstico de trombose venosa profunda. A cintilografia
pulmonar de ventiiação-perfusão pode praticamente confirmar o diagnóstico de embolia pulmonar, se revelar um padrão de alta probabilidade nesta
paciente (defeito de perfusão segmentar na ausência de defeito de ventilação). Sobrou o D-dímero. Este teste serve como triagem, dada a sua alta
sensibilidade (se for negativo, praticamente afasta TEP), contudo teme especificidade baixa, não sendo nunca usado para a confirmação diagnostica.

5 3 COMENTÁRIO Questão conceituai. A exposição ao asbesto (fibra de amianto) é praticamente o único fator de risco para o mesotelioma
pleural, um tumor de alta malignidade e baixíssima chance de cura. As fibras de asbesto ou amianto são utilizadas na indústria de materiais
isolantes. A construção de prédios ou a demolição dos mesmos, a fabricação de telhas, tubulações, a construção naval e a profissão de bombeiros
encanadores podem trazer uma exposição suficiente para causar a doença. Uma exposição por mais de 15 anos geralmente é necessária. Os
familiares de indivíduos expostos ao asbesto em seu trabalho podem inalar as fibras presentes suas roupas.

54 COMENTÁRIO Atosse é o sintoma inicial mais frequente do câncer de pulmão, ocorrendo em 75% dos casos. As frequências de apresentação
estão colocadas entre parênteses logo após cada manifestação: hemoptise (35%), dor torácica (30%), perda ponderai (20-30%). Hemoptóido é um
tipo de hemoptise.

55 COMENTÁRIO Como em toda pneumoconiose, os elementos fundamentais ao diagnóstico da silicose são a história ocupacional, o quadro
clínico e a radiografia de tórax - resposta: opção B. Vale lembrar que esta é a principal pneumoconiose no Brasil e no Mundo. É uma pneumopatia
causada pela inalação contínua da poeira da sílica (quartzo). Os achados clássicos no RX de tórax da silicose são: infiltrado pulmonar bilateral
nodular, predominando nos 2/3s superiores (silicose simples) ou infiltrado com presença de grandes massas aglomeradas (silicose complicada). A
história ocupacional inclui as seguintes atividades laborativas - tabela.

Atividades de Risco para Silicose no Brasil

1- Indústria extrativa: mineração subterrânea e de superfície


2- Beneficiamento de minerais: corte de pedras, britagem ,moagem e lapidação
3- Indústria de transformação: cerâmicas, fundições, vidros, abrasivos, marmorarias, cortes e polimento de
granito e cosméticos
4- Atividades mistas: proféticos, cavadores de poços, artistas plásticos, jateadores de areia e borracheiros.

5 6 COMENTÁRIO A importância de avaliar a atividade inflamatória da doença pulmonar intersticial não está totalmente estabelecida, porém,
sabemos que a cintilografia com 99mTc-DTPA (dietileno-triamene penta-acetato) - o mesmo radioisótopo utilizado na cintilografia de perfusão renal -
é o exame melhor para realizar tal avaliação. O clearance deste radioisótopo dos pulmões mede a permeabilidade do epitélio pulmonar, que está
caracteristicamente elevada durante a atividade inflamatória da doença, normalizando-se durante a fase estável. Contudo, não sabemos como usar
os dados da cintilografia para indicar ou não a terapia com corticosteróides.

5 7 COMENTÁRIO Analisemos as opções... Opção A - correta: os tumores pulmonares neuro-endócrinos são aqueles derivados das células
argentafins de Kulchitsky presentes no epitélio brônquico. Os principais são o carcinoma de pequenas células (oat cell) e os tumores carcinóides -
típico e atípico. O tumor carcinóide atípico, na verdade, é um carcinóide de aspecto e comportamento maligno. Opção B - errada: a caquexia ocorre
em menos de 30% dos casos de carcinoma broncogênico, geralmente associada a tumores maiores que produzem grande quantidade de citoquinas
do tipo fator de necrose tumoral alfa. Portanto, não é uma manifestação inicial frequente do câncer de pulmão. Os sintomas iniciais mais comuns
desta neoplasia são: tosse, hemoptise, dor torácica. Opção C e D - corretas: a síndrome da vaia cava superior é realmente provocada por uma
obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo por esta veia, devido a uma obstrução extrínseca ou intrínseca. Na maioria das vezes (90% dos casos),
a causa é a compressão extrínseca por um tumor maligno. O mais frequente é o carcinoma broncogênico (responsável por mais de 70% dos casos),
seguido de longe pelo linfoma Hodgkin ou Não-Hodgkin. Uma minoria (10% dos casos) de síndrome da veia cava superior tem causa benigna, como
por exemplo a trombose relacionada a catéter venoso profundo e a mediastínite fibrosante relacionada a infecções fúngicas ou micobacterianas.
Opção E - correta: a osteoartropatia hipertrófica é definida como uma periostite e uma sinovite que acomete a extremidade distal dos ossos longos,
manifestando-se como dor e tumefação simétrica dos punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos. O paciente refere dor à palpação da extremidade
distal do osso e pode ou não ter sinais de artrite. Esta síndrome, frequentemente associada ao baqueteamento digital, é muito sugestiva de neoplasia
pulmonar maligna e está mais comumente relacionada aos carcinomas broncogênicos não-pequenas células.
58 COMENTÁRIO A descrição de um quadro de dispneia lentamente progressiva, com estertores crepitantes ("em velcro") nas bases pulmonares
e uma radiografia com infiltrado reticular bibasal e faveolamento se encaixa perfeitamente na síndrome da pneumopatia intersticial difusa (PID), cuja
causa mais comum e característica é a fibrose pulmonar idiopática. Esta doença manifesta-se geralmente entre 50-60 anos de idade e tem o
tabagismo como um fator de risco comprovado. O diagnóstico exige a biópsia pulmonar a céu aberto de uma área representativa, determinada pela
TCAR (TC de alta resolução). O padrão histológico é chamado de UIP (pneumonite intersticial usual), contendo áreas de alveolite, fibrose e faveolamento
(formação de pequenas cavidades fibróticas, semelhantes a um favo de mel). O prognóstico não é bom e a maioria dos pacientes evolui futuramente
com insuficiência respiratória e hipertensão arterial pulmonar, necessitando do transplante pulmonar.

59 COMENTÁRIO O paciente que será submetido a uma provável toracotomia com pneumonectomia ou lobectomia precisa ter uma função
respiratória razoável, caso contrário, não irá tolerar a cirurgia, pois a chance de insuficiência respiratória nos pós-operatório é grande. Por isso, a
espirometria (para calcular o VEF1,0, ou volume expirado no primeiro segundo) e a gasometria arterial em ar ambiente são exames fundamentais
no pré-operatório desses pacientes. Em caso de DPOCF avançado, a gasometria pode mostrar hipoxemia grave e hipercapnia (retentor crónico de
CO2), o que provavelmente contra-indicará o procedimento curativo.

6 0 COMENTÁRIO Não compliquemos o que é simples... O exame citopatológico pleural é o padrão-ouro para o diagnóstico do acometimento
pleural pelo adenocarcinoma, geralmente pulmonar. O exame tem uma sensibilidade razoável, principalmente quando pelo menos duas amostras de
líquido pleural são colhidas. O exame irá revelara presença de células epiteliais com atipia e um arranjo glandular, características de um adenocarcinoma.
Só para lembrar: um adenocarcinoma pulmonar com invasão pleural é considerado inoperável, pois não há chance de cura no momento.

61 COMENTÁRIO Questão difícil e detalhista. As opções A, B e C são pneumopatias que possuem o tabagismo como fator de risco inegável. A
pneumonia instersticial descamativa (DIP) é uma entidade idiopática, definida pela presença de macrófagos nos espaços alveolares, sem fibrose intersticial.
É mais comum na faixa etária entre 30-50 anos, ocorrendo APENAS em fumantes. O prognóstico é bom com o uso de corticosteróides e, principalmente,
com o cancelamento do tabagismo. A bronquiolite respiratória é um subtipo de DIP (também sempre relacionada ao tabagismo), caracterizando-se pelo
acometimento dos alvéolos da parede dos bronquíolos respiratórios. Em relação à síndrome de Goodpasture (opção D), não há menção sobre o efeito do
tabagismo como fator de risco. Sobrou a opção E... Aliteratura é bastante clara ao afirmar que o tabagismo reduz o risco de pneumonite por hipersensibilidade,
ao diminuir a resposta imunológica dos alvéolos aos antígenos implicados. Esta entidade (também chamada de "alveolite alérgica") é descrita como uma
reação imunológica dos alvéolos a determinadas substâncias orgânicas ou inorgânicas do meio ambiente. Afonte de antígenos geralmente é um fungo ou
uma bactéria termofílica. Os tipos mais frequentes são o "pulmão do fazendeiro", o "pulmão do criador de pássaros", o "pulmão do ar condicionado" etc.

6 2 COMENTÁRIO Um nódulo pulmonar solitário é definido pela presença de uma lesão pulmonar única visível no exame de imagem (geralmente
radiografia de tórax), cercada por parênquima, que apresenta um diâmetro menor ou igual a 3cm, para alguns autores, ou menor ou igual a 4cm, para
outros. Uma lesão superior a 3-4cm é chamada de 'massa pulmonar', sendo mais provavelmente maligna. O nódulo pulmonar solitário pode ser
benigno ou maligno, sendo um dos grandes desafios para o clínico descobrir a natureza deste nódulo. A princípio, 4 parâmetros devem ser inicialmente
analisados: (1) idade do paciente, (2) história de tabagismo, (3) tamanho do nódulo, e (4) velocidade de crescimento do nódulo. Veja a Tabela.
| Nódulo Pulmonar Solitário - Fatores pré-TCAR
Sugestivos de Malignidade Sugestivos de Benignidade
- Idade > 50 anos - Idade < 35 anos
- História de tabagismo - História negativa para tabagismo
- Diâmetro > 2cm - Diâmetro < 2cm
- Crescimento ou surgimento nos últimos 2 anos - Mesmo diâmetro há 2 anos

A análise dos exames de imagem, radiografia de tórax e principalmente a TCAR (TC de alta resolução) podem trazer uma ajuda preciosa na
probabilidade de malignidade ou benignidade. Veja a Tabela.

Nódulo Pulmonar Solitário - Fatores da TCAR


Sugestivos de malignidade:
- Padrões de calcificação 'maligna':
Calcificação excêntrica, ou amorfa, ou salpicada
- Padrões de contorno do nódulo:
Borda irregular, borda espiculada, coroa radiada
- Coeficiente de atenuação na TC < 185 unidades Hounsfield
• Reforço do contraste na TC
Sugestivos de Benignidade:
Padrões de calcificação 'benigna':
Calcificação difusa, ou laminar, ou central, ou 'em pipoca' (hamartoma)
Coeficiente de atenuação na TC > 185 unidades Hounsfield
• Áreas com densidade de gordura (hamartoma)
- Sem reforço do contraste na TC

Como você pode perceber, o padrão difuso de calcificação do nódulo é bastante sugestivo de benignidade.
63 COMENTÁRIO A exposição prolongada ao asbesto pode ter como consequências as seguintes patologias: (1) asbestose - uma pneumoconiose
manifestando-se como fibrose pulmonar difusa com ou sem derrame pleural, (2) carcinoma broncogênico ou (3) mesotelioma pleural ou peritoneal -
tumor maligno originário da pleura ou do peritônio. O câncer mais comumente associado ao asbesto é o carcinoma broncogênico, já que o mesotelioma
é um tumor bastante raro, mesmo nesses pacientes. Dois subtipos histológicos são relatados: carcinoma de células escamosas e adenocarcinoma. O
tabagismo tem um efeito sinérgico. O pico de incidência após a exposição à fibra é de 15-20 anos (menor que o do mesotelioma pleural - 30-35 anos).

6 4 COMENTÁRIO Não há o que 'pestanejar' nesta questão... O mesotelioma - um tumor derivado das serosas, geralmente a pleura - está
quase sempre relacionado à exposição prévia prolongada ao asbesto, tipo de fibra utilizada na indústria de materiais isolantes (ex.: telhas), na
construção de prédios e navios.

6 5 COMENTÁRIO O tumor do sulco superior do pulmão manifesta-se com uma síndrome famosa - a síndrome de Pancoast-Tobias (ou
simplesmente síndrome de Pancoast). Esta síndrome deve-se à compressão ou invasão de três estruturas: (1) plexo braquial, (2) gânglios simpáticos
cervicais, (3) arcos costais superiores. O acometimento do plexo braquial leva inicialmente à dor contínua ipsilateral no ombro, escápula e membro
superior nos dermátomos referentes ao nervo ulnar (raízes C8 e T1). O quadro acaba evoluindo com paresia e atrofia muscular distal. O acometimento
dos gânglios simpáticos cervicais é responsável pela síndrome de Claude-Bernard-Horner ipsilateral, descrita pela tétrade: ptose palpebral, miose,
enoftalmia, anidrose hemifacial. A invasão dos arcos costais superiores leva à destruição óssea. Como você está percebendo a opção que melhor se
encaixa na definição é a opção D. O tipo histológico do tumor de Pancoast geralmente é o carcinoma epidermóide. Em termos de estadiamento, por
definição é um T3 (invasão da parede torácica), portanto pode ser um tumor operável.

66 COMENTÁRIO Vamos fazer um apanhado geral sobre as síndromes paraneoplásicas do carcinoma broncogênico e os tipos histológicos
mais comumente relacionados. Veja a Tabela.

Síndromes Paraneoplásicas do CA de Pulmão


Hipercalcemia pelo peptídeo PTH-símile Carcinoma epidermóide
Osteoartropatia hipertrófica e baqueteamento digital Adenocarcinoma (1 o lugar)
Carcinoma epidermóide (2o lugar)
Ginecomastia e lactorréia (gonadotrofina coriônica) Carcinoma de grandes células
SIADH (hiponatremia) Carcinoma de pequenas células (oat cell)
Síndrome de Cushing (hipercortisolismo)
Síndromes neurológicas: Carcinoma de pequenas células (oat cell)
- Síndrome de Eaton-Lambert (miastenia-símile)
- Degeneração cerebelar subaguda

Como você pode perceber, ficamos com a opção A.

6 7 COMENTÁRIO O exame considerado padrão ouro para o diagnóstico de embolia pulmonar é a arteriografia pulmonar, por evidenciar a árvore
brônquica. Esta é uma questão conceituai, mas certamente poderíamos eliminar logo inicialmente o raio X simples, opção A e a ressonância
magnética, opção D. Apesar da tomografia e da cintilografia serem excelentes para o diagnóstico, não são capazes de evidenciar a anatomia arterial
pulmonar como a angiografia.

6 8 COMENTÁRIO Essa questão, a princípio, parece difícil mas se analisarmos com calma chegaremos facilmente à resposta. No caso devemos
procurar a opção incorreta. Na opção A podemos dizer que o ecocardiograma com certeza é um exame fundamental para indicação do uso do
trombolítico, pois a hipotensão associada a disfunção aguda de VD é indicativo de embolia maciça. A questão B está incorreta, pois os "Trials" mais
recentes recomendam o uso do trombolítico num período máximo de 21 dias, após o diagnóstico do TEP. A opção C está correta com relação aos casos
de embolia maciça ou moderada, onde em mais de 76% das dos casos ocorrem sinais de sobrecarga ventricular direita e desvio do eixo elétrico para a
direita . A opção D está certa, pois quando há obstrução de mais de 50 % da árvore pulmonar, ocorre um aumento súbito da pós-carga do ventrículo
direito (hipertensão arterial pulmonar), fazendo com que o ventrículo se distenda e desvie o septo interventricular para o interior do ventrículo esquerdo,
levando a uma redução do enchimento desta câmara e consequente diminuição do débito cardíaco, gerando hipotensão. Além disso a distensão do VD
leva a uma diminuição do fluxo coronariano e déficit de relaxamento do VE e diminuição de sua força contrátil. Finalmente a opção E está correta pois
sem dúvida faz parte do algoritmo de diagnóstico do TEP a realização da cintilografia pulmonar por sua elevada sensibilidade e (>80%) e especificidade.

6 9 COMENTÁRIO Mais clássico que isso, impossível!! Este paciente teve o quadro clássico da embolia gordurosa, caracterizado pela tríade
taquidispnéia + confusão mental + petéquias no tronco, que aparece entre 12-48h após uma fratura de osso longo (geralmente o fêmur). É
diferenciada do tromboembolismo pulmonar por ocorrer precocemente, enquanto que este último é mais tardio (geralmente após 5o dia do trauma
ou da cirurgia ortopédica). A embolia gordurosa é decorrente da liberação de partículas de gordura que se deslocam da medula óssea logo após
o trauma. As petéquias disseminadas são explicadas por uma vasculite de pequenos vasos, resultado da liberação de ácidos graxos no sangue.
O tratamento é apenas o de suporte.
70 COMENTÁRIO Uma questão que não fornece dificuldade alguma. A opção (e) reúne os subtipos histológicos principais do carcinoma j
broncogênico. Nos últimos 25 anos o adenocarcinoma suplantou o carcinoma epidermóide, sendo considerada a variedade de tumor de pulmão mais |
comumente encontrada em ambos os sexos e em todas as raças. |

71 COMENTÁRIO É incrível, mas existem questões como esta. NÃO presente no enunciado e NENHUMA na resposta correta, um tanto
estranho e mal elaborado, não acham? Bem vamos tentar resolver este enigma. As opções (a) a (d) descrevem condições que contra-indicam a
ressecção curativa do câncer de pulmão. Deu para entender por que a (e) é a correta?

72 COMENTÁRIO Esta questão é de oncologia e não de pneumologia. Mas só de olhar a opção A, já percebemos que está completamente
errada. Qual é o tumor maligno visceral mais comum no sexo masculino? É o adenocarcinoma de próstata (40% dos casos). O carcinoma broncogênico
é o segundo mais comum (13%).

7 3 COMENTÁRIO A sarcoidose é uma doença granulomatosa sistémica idiopáti-


Quando Tratar a Sarcoidose
ca, de fundo provavelmente auto-imune. Pode afetar diversos órgãos e sistemas, mas
tem uma predileção para os linfonodos mediastinais e pelo parênquima pulmonar. O - Envolvimento do SNC
achado mais frequente é a adenopatia hilar bilateral simétrica com ou sem um infiltrado - Envolvimento ocular
pulmonar intersticial difuso. Os pacientes, em sua maioria, estão assintomáticos ou - Envolvimento cardíaco
oligossintomáticos (como o caso em questão) e o prognóstico é benigno, não necessi- - Sintomas respiratórios
tando nenhum tratamento. Atendência é para remissão espontânea. Contudo, alguns - Prova de função pulmonar com alteração significativa
casos devem ser tratados com corticóide sistémico (prednisona), nos casos de sinto-
- Hipercalcemia ou hipercalciúria
mas significativos ou quando há ameaça a algum órgão nobre. Na tabela ao lado, estão
as indicações de se tratar a sarcoidose.
O último item está presente neste paciente, portanto, a resposta da questão deve ser a opção B - iniciar corticosteróides por via oral, como a
prednisona 40mg/dia. A hipercalcemia na sarcoidose é decorrente da síntese e liberação autónoma de 1,25 (OH)2 vitamina D (calcitriol) pelos
macrófagos do granuloma sarcóide. O calcitriol aumenta a absorção intestinal de cálcio e fosfato, promovendo hipercalcemia e hiperfosfatemia. A
hiperfiltração renal de cálcio e fosfato resultante pode levar ao depósito parenquimatoso de fosfato de cálcio, produzindo nefrocalcinose e insuficiência
renal progressiva. Os corticóides inibem a produção de calcitriol pelas células do granuloma permitindo o controle da hipercalcemia, assim evitando
a progressão da lesão renal.

7 4 COMENTÁRIO As fibras de asbesto ou amianto são utilizadas na indústria de materiais isolantes. A construção de prédios ou a demolição
dos mesmos, a fabricação de telhas, tubulações, freios, a construção naval e a profissão de bombeiros encanadores podem trazer uma exposição
suficiente para causar a doença. Uma exposição por mais de 15 anos geralmente é necessária. Os familiares de indivíduos expostos ao asbesto em
seu trabalho podem inalar as fibras presentes suas roupas. A doença evolui de forma insidiosa, com sinais e sintomas muito semelhantes aos da
Fibrose Pulmonar Idiopática (protótipo das pneumopatias intersticiais difusas). A radiografia de tórax mostra um infiltrado reticular ou retícuio-nodular
predominando nos lobos inferiores. Um achado característico é a presença de placas de calcificação pleural ou espessamento pleural. O mesotelioma
pleural é um tumor maligno altamente ligado à exposição ao asbesto. O risco de carcinoma broncogênico também está aumentado. O diagnóstico
é feito pelo quadro clínico-radiológico compatível, associado à história de exposição. Na dúvida, a biópsia pulmonar revela os corpúsculos de
asbesto, quando examinada pela microscopia de luz polarizada. O tratamento é apenas a parada da exposição e o suporte. A evolução é variável
desde um quadro estável até a rápida progressão para insuficiência respiratória, necessitando do transplante pulmonar.

75 COMENTÁRIO Apesar do carcinoma de células escamosas (epidermóide) ser o tipo histológico mais comum do câncer de pulmão em
homens fumantes, este tumor costuma ser central (brônquios principais ou lobares) e não periférico. O adenocarcinoma é o tumor periférico mais
comum e, portanto, é o provável diagnóstico deste paciente. O carcinoma de pequenas células (oat cell) geralmente é central; o carcinoma de
grandes células é periférico, porém é o carcinoma broncogênico mais raro.

7 6 COMENTÁRIO Esta paciente possui uma massa que está comprimindo a árvore respiratória central ou os pulmões, provocando dispneia
progressiva. O aspecto radiológico refere calcificações de permeio. Este é o aspecto clássico do teratoma na radiografia e na TC. Trata-se de um
tumor derivado de remanescentes de células germinativas no mediastino anterior que originam uma mistura de tecidos: gorduroso, ósseo, cartilaginoso
etc. A mistura de densidades define o teratoma na TC de tórax. Calcificações esféricas ou irregulares são típicas, sugerindo muito o diagnóstico. Na
maioria das vezes, o teratoma é benigno; quando maligno, é mais bem denominado teratocarcinoma. O cisto dermóide é uma variante do teratoma,
sendo constituído de tecidos derivados apenas da camada ectodérmica, enquanto que o teratoma apresenta tecidos de todas as três camadas
(ectoderma, endoderma e mesoderma). O tratamento do teratoma é a ressecção cirúrgica.

7 7 COMENTÁRIO O timoma e o timocarcinoma são os tumores originários da glândula tímica, componente do mediastino anterior. Mesmo
quando a histopatologia mostra características celulares benignas, devemos considerar o timoma um tumor de comportamento maligno, pelo seu
potencial localmente invasivo. O tratamento é cirúrgico e deve sempre incluir a retirada do tumor em conjunto com o pericárdio e o parênquima
pulmonar adjacente. A invasão do nervo frênico NÃO é critério de inoperabilidade, indicando a ressecção completa do tumor, se possível poupando o
nervo (se o tumor estiver apenas aderido e não invadindo). Se os dois frênicos estiverem invadidos, a recomendação é para ressecar o nervo mais
acometido e poupar o outro, apenas dissecando-o do nervo. Isto quase sempre é factível. É fundamental uma prova de função respiratória (espirometria)
pré-operatória, para avaliar se o paciente tem condições de tolerar a ressecção unilateral do nervo frênico. •!

78 COMENTÁRIO

Fatores de Risco para o CA de Pulmão


1-Tabagismo ativo (10-20x) 6- Radiação ionizante
2- Tabagismo passivo (1,5x) 7- Exposições industriais: arsénico, halo-éter, cromo, nf?
3- Tabagismo de charuto ou cachimbo (3x) quel, gás mostarda hidrocarboneto aromático policíclico,
4- Exposição ao asbesto* (5x) cloreto de vinila, metal duro etc.
5- Exposição ambiental ao radônio (poluente do ar e 8- Doença pulmonar prévia (PID, DPOC, cicatrizes)
do solo, derivado das minas de urânio) 9- História familiar positiva
"Ação sinérgica com o tabaco: o risco aumenta em 10-20X com o tabaco, em 5X só com a exposição ao asbesto, mas em 50-90X
quando a exposição é dupla (o risco se multiplicou!).

A dieta rica em betacarotenos (frutas amarelas), segundo diversos estudos, parece reduzir a incidência de CA de pulmão. Contudo, dois estudos
| realizados com a administração de retinóides e beta-caroteno em fumantes não mostraram redução do risco (pelo contrário, houve uma tendência de
! aumento do risco...). Conclusão: não há nada ainda comprovado sobre o efeito dos nutrientes no risco de CA de pulmão.

7 9 COMENTÁRIO A síndrome de Lóeffler é uma pneumonia eosinof ílica migratória e transitória causada pelo ciclo larvário pulmonar de determinados
vermes, como o Áscaris lumbricóides, Necatur americanus, Ancylostoma duodenalis e Strongyloides stercoralis. A opção correta é a opção D.
J
8 0 COMENTÁRIO Este paciente preenche critérios para o diagnóstico de uma importante vasculite sistémica que frequentemente acomete o
pulmão - a síndrome de Churg-Strauss. Trata-se de uma vasculite que geralmente se manifesta com mononeurite periférica múltipla (70% dos
casos), infiltrados pulmonares alveolares não-cavitários (70% dos casos), lesões cutâneas purpúricas ou nodulares, sintomas constitucionais e um
laboratório contendo eosinofilia > 10% em quase todos os casos, aumento da IgE em 75% dos casos e positividade do p-ANCA em 70% dos casos.
Um ponto importante da síndrome é o componente asmático que normalmente precede o componente vasculítico por vários anos.

81 COMENTÁRIO Esta questão é BASTANTE específica na área de patologia. Mas vamos comentá-la, através dos conceitos do "Grande Robins"...
Existe um tumor que se origina no epitélio bronquiolar ou alveolar, originando-se das células caliciformes (tipo mucinoso) ou dos pneumócitos tipo II (tipo não-
mucinoso de células claras). Estamos falando do carcinoma bronquíolo-alveolar, um subtipo de adenocarcinoma broncogênico. Este tumor tem a
característica de crescer no interior dos espaços alveolares, sem invadir o os septos alveolares (padrão de crescimento 'lepídico'), funcionando como uma
doença de ocupação alveolar (pneumonia-símile). Este tumor pode se manifestar como um nódulo ou massa periférica, ou ainda como um infiltrado pulmonar
pneumônico progressivo, neste último caso fazendo diagnóstico diferencial com diversas formas de infiltrado pulmonar (infecciosas e não-infecciosas).

8 2 COMENTÁRIO O tumor de Pancoast (tumor do sulco superior do pulmão) manifesta-se com uma síndrome decorrente da invasão ou compressão
das seguintes estruturas: (1) plexo braquial, (2) gânglios simpáticos cervicais, (3) arcos costais superiores. O acometimento do plexo braquial leva ao
quadro ipsilateral de dor na escápula, ombro e membro superior no território do nervo ulnar (raízes C8 e T1), enquanto que o acometimento do simpático
cervical leva à síndrome de Claude-Bernard-Horner também ipsilateral (ptose palpebral, miose, enoftalmia e anidrose hemifacial). Resposta: opção D.

^8 3 COMENTÁRIO
U H O que mais chama atenção nesta questão é a presença d e eosinofilia ( > 400 eosinófilos/mm3) e m u m paciente com quadro
respiratório e infiltrado pulmonar bilateral. Existe uma gama de doenças que justificam esta associação - tabela abaixo.

Pneumopatias Eosinofílicas
1- Síndrome de Lõeffler (infestação por vermes com ciclo pulmonar) 5- Pneumonia eosinofílica tropical (infestação pela W. bancroftií)
2- Pneumonia eosinofilia por drogas 6- Aspergilose broncopulmonar alérgica
3- Pneumonia eosinofílica aguda idiopática 7- Angeíte de Churg-Strauss
4- Pneumonia eosinofílica crónica 8- Síndrome hipereosinofílica idiopática

Qual dessas acima que mais se encaixa no caso clínico em questão? Bem... analisando-se o caso como um todo, vemos que é uma criança
desnutrida, com sintomas gastrointestinais (vómitos e dor abdominal) e anemia microcítica. Este quadro é muito sugestivo da infestação duodenal
por ancilostomídeos (Necatur americanus ou Ancylostoma duodenale). Estes são vermes nematodos que se alimentam do sangue capilar da
mucosa duodenal e por isso causam anemia ferropriva no paciente. Os ancilostomídeos compõem a lista de vermes com ciclo pulmonar que podem
estar implicados na síndrome de Loeffler. Esta síndrome ocorre durante a passagem das larvas do verme pelo pulmão, promovendo uma reação de
hipersensibilidade alveolar e bronquiolar. Surgem infiltrados pulmonares migratórios, tosse seca, roncos e sibilos, um quadro que lembra muito a
asma brônquica. A dispneia quando ocorre costuma ser leve e a doença é auto-limitada. Como a infestação se mantém, a criança sempre deve ser
tratada para a verminose - neste caso, há uma boa resposta ao mebendazol 10Omg 12/12h por 3 dias.

Principais Vermes Implicados na Síndrome de Lõeffler


Áscaris lumbricóides Strongyloides stercoralis
Necatur americanus Toxocara canis
Ancytostoma duodenale Schistossoma mansoni

84 COMENTÁRIO Este caso clínico traz poucas informações e devemos nos ater aos dados descritos para não errarmos. Vamos portanto por
eliminação. A opção Aapesar de ser bastante frequente em jovens desta idade não deve ser a correta, pois a adolescente era previamente sadia e não
tinha história de asma. Portanto, dificilmente abriria um quadro de asma de forma tão aguda. Além disso o quadro de clínico de mal asmática não
começa com dispneia súbita, e é um quadro de piora progressiva da dispneia. Pulemos propositalmente a opção B. A opção C está descartada pois
os níveis tensionais embora estejam ligeiramente elevados, ainda se encontram dentro da faixa de normalidade e o exame físico não sugere edema
agudo de pulmão. A opção D poderia ser justificada do mesmo jeito, pois embora o edema agudo de pulmão possa cursar com sibilos decorrentes
de broncoespasmo, o mecanismo deste é por transudação de plasma dos capilares pulmonares para o interior dos alvéolos, o que apareceria ao raio
X de tórax como um infiltrado algodoado. No caso em questão o raio X de tórax está normal, falando contra ao EAP, seja por qualquer causa. Não
foi descrita a pulsação da doente, além do que arritmia cardíaca cursa com hipotensão e síncope e não com dispneia intensa e cianose. Por
eliminação chegamos a conclusão de que a opção B deve ser a correta, pois a embolia pulmonar maciça cursa com severo broncoespasmo, por
hipoxemia, liberação de fatores neuro-hormonais locais e mecanismos barorreceptores pulmonares

85 COMENTÁRIO Tendo-se como base que a trombose venosa profunda, principal causa de embolia pulmonar, decorre da tríade clássica de
Virchow (estase, hipercoagulabilidade e lesão do endotélio), podemos facilmente inferir que a profilaxia é resultante da eliminação destes fatores.
Analisemos cada opção. Na opção A certamente a colocação de um filtro de veia cava evita que trombos localizados na pelve e veias femorais
(principais fontes de trombos) migrem para a circulação pulmonar. Na opção B as meias de compressão elástica, bem como os dispositivos
pneumáticos, têm sido cada vez mais utilizados na prática clínica atual, por serem baratos e fáceis de manipularem. Além disso a deambulação
precoce elimina a estase do sangue nas veias das pernas e esta é a opção correta. A opção C é incorreta pois a posição de Tremdelemburg, que
consiste na inclinação de todo o tronco cerca de 45 graus com a cabeça pendendo, só deve ser utilizada para casos de síncope ou hipotensão. A
opção D está errada pois apesar do uso de aspirina poder ser utilizado como farmaco preventivo, o enfaixamento dos membros além de não prevenir
a trombose pode ainda precipitá-la.

86 COMENTÁRIO Dentre as manifestações paraneoplásicas do carcinoma de pulmão, a elevação do potássio sérico não encontra-se incluída.
O clearance de água livre diminuído refere-se a secreção de hormônio antidiurético (ADH) pelo carcinoma de pequenas células. As síndromes
neurológicas-miopáticas são paraneoplasias descritas com o tumor de pulmão. A síndrome miastênica de Eaton-Lambert e a cegueira cortical são
relacionadas ao tumor de pequenas células, enquanto a degeneração cerebelar subaguda, a polineuropatia periférica e a polimiosite podem ser
encontradas em qualquer tipo histológico. A produção de PTH ectópica pelo carcinoma epidermóide justifica a hipercalcemia e a hipofosfatemia
encontradas em alguns pacientes com neoplasia maligna de pulmão. As manifestações trombóticas incluem a tromboflebite migratória (síndrome de
Trosseau) e a endocardite trombótica não-bacteriana.

8 7 COMENTÁRIO Atenção!! O que lhe sugere esta apresentação clínica? Sarcoidose é claro. Esta é uma doença multissistêmica de etiologia
desconhecida que caracteriza-se pela formação de granulomas não-caseosos em vários tecidos como o pulmão, linfonodos, pele, olhos e fígado.
Dentre as apresentações clínicas da doença, o enunciado refere-se a síndrome de Lõfgren, descrita como eritema nodoso acompanhado de linfadenopatia
hilar bilateral (faltou artrite...). A anergia ao PPD está presente em todas as formas de sarcoidose.

88 COMENTÁRIO Como já vimos em outras questões, o carcinoma broncogênico de pequenas células (oatcelt) é um tumor de provável origem
neuro-endócrina, sendo, sem sombra de dúvida, o tipo histológico de comportamento mais agressivo - opção D correta. Sem tratamento, o
paciente geralmente morre semanas a poucos meses após o diagnóstico. Todas as outras opções estão erradas. O tipo mais frequente é o
adenocarcinoma, mas não o subtipo bronquiolo-alveolar. O segundo tipo mais comum (bem próximo) é o carcinoma epidermóide. Todos os tipos
histológicos estão associados ao tabagismo, especialmente o epidermóide e o carcinoma de pequenas células (oatcelt). Os carcinomas epidermóides
geralmente originam-se do epitélio brônquico, e não alveolar. O tumor que se origina do epitélio alveolar é o carcinoma bronquiolo-alveolar (um subtipo
raro de adenocarcinoma). Os sarcomas pulmonares são tumores muito raros, compondo apenas < 1% dos casos.

8 9 COMENTÁRIO Assim como os tumores carcinóides típicos e atípicos dos brônquios, o carcinoma broncogênico de pequenas células (oat
cell) também parece ser derivado do tecido neuro-endócrino - células argentafins de Kulchitsky. A prova disto é a presença comum dos grânulos
secretórios típicos dessas células.
90 COMENTÁRIO Um nódulo pulmonar solitário é definido pela presença de uma lesão pulmonar única visível no exame de imagem (geralmente
radiografia de tórax), cercada por parênquima, que apresenta um diâmetro menor ou igual a 3cm, para alguns autores, ou menor ou igual a 4cm, para
outros. Uma lesão superior a 3-4cm é chamada de 'massa pulmonar', sendo mais provavelmente maligna. O nódulo pulmonar solitário pode ser
benigno ou maligno, sendo um dos grandes desafios para o clínico descobrira natureza deste nódulo. À princípio, 4 parâmetros devem ser inicialmente
analisados: (1) idade do paciente, (2) história de tabagismo, (3) tamanho do nódulo, e (4) velocidade de crescimento do nódulo. Veja a Tabela.

Nódulo Pulmonar Solitário - Fatores pré-TCAR


Sugestivos de Malignidade Sugestivos de Benignidade
- Idade > 50 anos - Idade < 35 anos
- História de tabagismo - História negativa para tabagismo
- Diâmetro > 2cm - Diâmetro < 2cm
- Crescimento ou surgimento nos últimos 2 anos - Mesmo diâmetro há 2 anos

A análise dos exames de imagem, radiografia de tórax e principalmente a TCAR (TC de alta resolução) podem trazer uma ajuda preciosa na
probabilidade de malignidade ou benignidade. Veja a Tabela.

Nódulo Pulmonar Solitário - Fatores da TCAR


Sugestivos de malignidade:
- Padrões de calcificação 'maligna':
Calcificação excêntrica, ou amorfa, ou salpicada
• Padrões de contorno do nódulo:
Borda irregular, borda espiculada, coroa radiada
• Coeficiente de atenuação na TC < 185 unidades Hounsfield
Reforço do contraste na TC
Sugestivos de Benignidade:
• Padrões de calcificação 'benigna':
Calcificação difusa, ou laminar, ou central, ou 'em pipoca' (hamartoma)
- Coeficiente de atenuação na TC > 185 unidades Hounsfield
- Áreas com densidade de gordura (hamartoma)
- Sem reforço do contraste na TC

Como você pode observar, a TCAR contribui sobremaneira na determinação da probabilidade de malignidade ou benignidade do nódulo, sendo o
exame mais indicado... Recentemente, uma técnica chamada TC dinâmica com reforço de contraste tem sido de grande valia na avaliação do nódulo
pulmonar solitário. Os estudos demonstraram que o aumento da densidade após a infusão seriada de contraste iodado indica malignidade, com
sensibilidade= 98% e especificidade= 58%. O não aumento da densidade é fortemente preditivo de benignidade - opção E correta. As outras
opções da questão estão erradas... Opção A: o PPD e a sorologia para fungos são exames de pouca ajuda neste caso, pois em nosso meio mais
de 30% da população adulta tem PPD positivo e muitos já tiveram contato com fungos. Nada impede um paciente PPD positivo desenvolver um CA
de pulmão... Opção B: a citologia de escarro não faz parte do algoritmo de pesquisa dos nódulos solitários, talvez pela sua baixa sensibilidade.
Opção C: não tem cabimento iniciarmos a investigação solicitando exames para tumores não pulmonares, muito menos com TC de crânio. Opção
D: não podemos dizer que a probabilidade de malignidade é baixa neste caso, pois o paciente é fumante e o nódulo surgiu nos últimos três anos.

91 COMENTÁRIO Temos um indivíduo jovem (25 anos), tabagista leve (2 cigarros/dia por 2 meses), que apresenta um nódulo pulmonar solitário de
8mm que cresceu até 16mm em apenas 30 dias. Sabemos que o tempo de duplicação do volume do nódulo é importante para sugerir benignidade ou
malignidade. De uma forma geral, um tempo entre 20-400 dias sugere malignidade, enquanto que um tempo < 20 dias e maior que 400 dias é mais
compatível com benignidade (muito rápido: lesão inflamatória aguda; muito lento: tumor benigno, granuloma). Muito cuidado neste momento!!!! Eu falei
tempo de duplicação do VOLUME do nódulo, e não do seu diâmetro. Sabemos que o volume do nódulo é proporcional ao cubo do seu diâmetro (na
verdade, o raio; veja a fórmula: V = 4/37tR3). Sem fazer nenhuma conta, nós já sabemos que se o diâmetro dobrar (como aconteceu com o paciente
acima), é porque o volume está aumentado em cerca de 8 vezes. Vamos checar pela fórmula? Um nódulo de 8mm de diâmetro (4mm de raio) tem um
volume de calculado de 268mm3 (0,268cm3), enquanto que um nódulo de 16mm (8mm de raio), possui um volume calculado de 2.144mm3 (2,144cm3).
Perceba que houve um aumento de exatamente 8 vezes. Bem... você já está concluindo que o tempo de duplicação deste nódulo não é de 30 dias. Na
verdade, em 30 dias, este nódulo octuplicou de volume. Conclusão imediata: se em 30 dias, ele octuplicou, é porque em 15 dias ele quadruplicou, e em
7,5 dias ele duplicou... O tempo de duplicação do volume deste nódulo então é de 7,5 dias - totalmente compatível com um nódulo inflamatório
benigno. Por isso, ficaremos com a opção D. Dá para acertar a questão sem fazer estes cálculos? Sim, pelo bom senso... Um nódulo que cresceu
significativamente em 1 -2 meses muito provavelmente é inflamatório, pois o crescimento é rápido de mais para um carcinoma broncogênico!

9 2 COMENTÁRIO Cuidado com esta questão... Muitos marcaram a opção A (sílica) ou a opção D (fibra de algodão). A poeira de sílica (dióxido de
silício), proveniente da trituração de rochas ou do jateamento de areia, é a causa mais comum de pneumoconiose colágena em nosso meio. Como o
próprio nome infere, a silicose é caracterizada pela fibrose pulmonar (presente nos nódulos silicóticos), mas não uma inflamação do parênquima
pulmonar (não há pneumonite). A inalação de fibras de algodão (como nos trabalhadores da indústria têxtil com produtos em algodão) causa uma
entidade chamada bissinose. Esta doença não é caracterizada pelo acometimento do parênquima pulmonar (não há pneumoconiose colágena e nem
pneumonite intersticial). O paciente apresenta apenas brococonstriação e aumento da secreção de muco, numa espécie de 'bronquite ocupacional'. A
inalação de partículas de ferro pode causar a siderose, marcada por um acúmulo dessas partículas no parênquima pulmonar, uma espécie de pneumoconiose
de leve intensidade, mas com infiltrado aparecendo na radiografia. Finalmente, das opções acima, o único que pode causar pneumonite intersticial, tal
como o berílio, é o dióxido de titânio. Veja o trecho do Harrinson no item "Beriliose", logo após descrever a lesão pulmonar pelo berílio: "Otherhard
metais, including aluminum powders, chromium, cobalt, titanium dioxide. and tungsten, mayproduce an intersticial pneumonitis, but this is rare. "Agora
convenhamos... Este é o cúmulo do rodapé de livro. Uma questão de residência de péssima categoria!!

9 3 COMENTÁRIO Questão clássica de prova... A presença de múltiplos nódulos reumatóides na radiografia de tórax, associados à pneumoconiose
dos mineiros de carvão, nos leva ao diagnóstico da síndrome de Caplan. Inicialmente descrita neste tipo de pneumoconiose, a síndrome de Caplan
também pode definir a associação dos nódulos reumatóides pulmonares com a silicose.

94 COMENTÁRIO O carcinóide brônquico é um tumor incomum, quando comparado ao carcinoma broncogênico. Entretanto, o seu diagnóstico
é de suma importância, pois costuma ser curável pela ressecção e apresenta um potencial de complicações e de comportamento maligno (metástases).
Manifesta-se geralmente com tosse persistente, hemoptise e/ou atelectasia. O tumor quase sempre é central, acometendo um brônquio principal ou
lobar, daí a sua tendência a causar tosse e hemoptise. A síndrome carcinóide, caracterizada pela secreção de serotonina pelo tumor (diarréia, rubor
facial, broncoespasmo, lesão da valva tricúspide) e a síndrome de Cushing (secreção ectópica de ACTH) são complicações raras deste tumor.

9 5 COMENTÁRIO Estamos diante de um quadro clássico de uma doença que está longe de ser rara, porém muito pouco reconhecida pelos clíni-
cos - a beriliose. A exposição ao berílio, um metal antes utilizado na fabricação de lâmpadas fluorescentes e atualmente usado na indústria eletrônica
de alta tecnologia e de armas nucleares, pode levar a uma reação de hiperssensibilidade do tipo granulomatosa. levando a um quadro muito semelhante
ao da sarcoidose ou da pneumonite por hiperssensibilidade. Surge um infiltrado pulmonar difuso retículo-nodular ou nodular e, frequentemente, adenome-
galia hilar bilateral (igual à sarcoidose!!). A sensibilidade aos sais de berílio deve ser confirmada para o diagnóstico, através do teste de transformação
linfocitária ao berílio. O tratamento, além da parada da exposição ao agente, inclui o uso de corticóides sistémicos nos casos muito sintomáticos.

6 COMENTÁRIO Questão simples. Vamos correlacionar... Qual doença que cursa classicamente com cavitação em lobo superior e leva à perda
ponderai? É a tuberculose pulmonar, patologia endémica no nosso meio. O infiltrado pulmonar difuso (instersticial, alveolar ou misto) é o padrão
encontrado na pneumocistose, infecção pulmonar predominante nos pacientes com SIDA. As lesões multinodulares e cavitadas nos pulmões em um
paciente que tem sinusopatia e sinais no EAS de glomerulonefrite (cilindros hemáticos), muito provavelmente tem a granulomatose de Wegener- uma
Vasculite sistémica necrosante granulomatosa. Adenopatia hilar bilateral assintomática é uma das formas mais comuns de apresentação da sarcoidose,
ujTna doença granulomatosa sistémica de etiologia desconhecida. Esta doença predomina no sexo feminino e na raça negra. Relacionando as colunas,
ficamos com a opção B.

9 7 COMENTÁRIO Analisemos as opções... A silicose é uma pneumopatia de caráter irreversível e pode progredir mesmo após a suspensão à
exposição à poeira de sílica - opção A correia. A silicose ocorre devido à fagocitose das partículas de sílica pelos macrófagos alveolares que então
são ativados e liberam substâncias oxidantes e pró-inflamatórias. Existem três formas clínicas da silicose - a forma aguda, a forma acelerada e a
forma crónica ('silicise clássica'). Esta última pode ser totalmente assintomática ou pode se manifestar com um quadro insidioso de tosse seca e
dispneia aos esforços, iniciado 20-30 anos após exposição. A radiografia de tórax é clássica, mostrando um infiltrado nodular difuso, predominando
nos 2/3s superiores (silicose simples) ou a presença de massas aglomeradas fibróticas (silicose complicada). Juntando-se o aspecto radiológico
com a história ocupacional positiva, pode-se confirmar o diagnóstico, sem utilizar outros exames - opção B correta. A prova de função pulmonar pode
ser solicitada quando há dúvidas sobre o comprometimento funcional do paciente. O padrão mais encontrado é o misto (obstrutivo + restritivo) -
opção E correta. Um aspecto interessante da silicose é o aumento significativo do risco de tuberculose - ao que chamamos de silicotubercubse -
opção C correta. Todo paciente com diagnóstico de silicose deve ser rastreado para tuberculose e quando o quadro respiratório está piorando, muitas
vezes indica-se uma terapia empírica para tuberculose. A prevenção da silicose é de extrema importância, já que a doença já instalada não tem
tratamento. O uso de máscaras contra poeiras no local de trabalho não é suficiente para a sua prevenção - opção D errada. Estes dispositivos
apenas reduzem mas não impedem a exposição. Outros recursos devem ser utilizados, como substituição dos abrasivos, ventilação do local,
períodos de afastamento do operário, técnicas de engenharia para reduzir a concentração de poeira de sílica no ambiente de trabalho etc.

9 8 COMENTÁRIO Analisemos as assertivas... Assertiva I - correta: a osteartropatia hipertrófica é


descrita como a presença de edema e dor nas extremidades dos ossos longos das extremidades distais
dos membros (rádio, ulna, metacarpos e tíbia, fíbula, metatarsos), baqueteamento digital, derrame articular
(grandes articulações) e sinais de periostose na radiografia convencional (figura). O adenocarcinoma é o
tipo histológico mais encontrado, seguido pelo carcinoma epidermóide. Assertiva II - correta: um paciente
que possui um tumor< 3cm, sem invasão de nenhuma estrutura, há mais de 2cm da carina, sem pneumonia
ou atelectasia satélite, é classificado como T1. O estágio final será IA (T1N0M0). Com a ressecção, a
sobrevida em 5 anos (provável cura) está em torno de 70% (prognóstico considerado muito bom para este
tumor tão agressivo). Assertiva III - errada: a radioterapia pode ser indicada no tratamento do carcinoma
broncogênico não-pequenas células como um entre dois objetivos: (1) terapia paliativa, (2) terapia
neoadjuvante. A radioterapia paliativa é indicada nos casos inoperáveis para alívio dos sintomas e melhora
da qualidade de vida. Aterapia neoadjuvante (pré-operatória) é feita de rotina no paciente com estágio IMA
(doença localmente avançada). A parte principal deste tratamento é a quimioterapia (cisplatina + etoposídeo),
mas a radioterapia pode ser adicionada (quimio-radioterapia). Alguns estudos demonstram um benefício
em relação à sobrevida. Portanto, a assertiva III está errada.
ÁREA DE TREINAMENTO MEDCURSO - COMENTÁRIOS

99 COMENTÁRIO Até que enfim uma questão fácil do Hospital dos Servidores de SP!! Não há nem o que pensar - marquemos a opção B. Os
vermes que têm ciclo pulmonar (principais em nosso meio: Áscaris lumbricóides, Necatur amerícanus, Ancylostoma duodenale e Strongyloides stercoralis)
podem provocar uma pneumonite eosinofílica devido á hipersensibilidade às formas larvárias desses vermes. É a síndrome de Lõeffler, caracterizada por
um quadro transitório e auto-limitado de tosse seca e sibilância e marcada pelo aparecimento no RX de tórax de infiltrados migratórios.

1 0 0 COMENTÁRIO O nervo laringeu recorrente esquerdo forma um arco, passando por baixo da crossa da aorta e subindo em direção à laringe.
Durante a formação deste arco, ele passa pela janela aorto-pulmonar, um dos sítios clássicos de invasão mediastinal esquerda do carcinoma broncogênico.
A rouquidão é um sinal de mau prognóstico, pois quase sempre significa a compressão deste nervo pelos linfonodos metastáticos desta região.

1 0 1 COMENTÁRIO O jateador de areia é a profissão com a maior exposição à poeira de sílica. A quantidade desta poeira inalada é tão grande,
se o trabalhador estiver desprotegido, que pode causar uma forma gravíssima e potencialmente fatal de silicose - a silicose aguda ou silicoproteinose
alveolar. O paciente evolui meses após a exposição com um infiltrado alveolar difuso, predominando em bases. O histopatológico é extremamente
semelhante ao da proteinose alveolar idiopática. Estes pacientes evoluem com insuficiência respiratória e óbito. Não há tratamento.

1 0 2 COMENTÁRIO Questão muito simples... A doença pulmonar intersticial possui uma infinidade de causas, tendo como protótipo a fibrose
intersticial pulmonar idiopática (histopatologicamente a UIP - pneumonite intersticial usual). Todas elas, ou pelo menos a maioria delas, apresenta
diversas características em comum. Vejamos quais... O padrão na espirometria é restritivo, ou seja, há redução de todos os volumes pulmonares,
especialmente a capacidade vital (opção D errada). A gasometria em repouso costuma ser normal nas fases iniciais, havendo hipoxemia induzida
pelo exercício, já que o distúrbio fisiológico clássico é a perda da capacidade de difusão da membrana alvéolo-capilar (opção B errada). Nos casos
graves, surge hipoxemia em repouso e hipóxia pulmonar, provocando vasoconstricção e, conseqúentemente, hipertensão arterial pulmonar (opção C
errada). A radiografia de tórax encontra-se alterada em 90% dos casos, demonstrando um infiltrado retículo-nodular bilateral difuso (em 10% dos
casos, a radiografia de tórax pode ser normal) - opção A correta. A TC de alta resolução (TCAR) é o exame de imagem de maior sensibilidade,
estando sempre indicado para confirmar o diagnóstico e para orientar a etiologia e o melhor local ou maneira de biópsia pulmonar.

1 0 3 COMENTÁRIO Assertiva I - correta: sem dúvida, o tabagismo é um fator de risco proporcional à quantidade de cigarros fumados. Em um estudo,
o risco de CA de pulmão foi de 9% para os que fumaram menos de 25 cigarros por dia contra 18% para aqueles que consumiram mais de 25 cigarros por dia.
Assertiva II - errada: as decisões terapêuticas no carcinoma broncogênico só dependem de três fatores: (1) carcinoma de pequenas células versus nãt>
pequenas células (termo que engloba todos os outros tipos histológicos: carcinoma epidermoide, adenocarcinoma e o de grandes células); (2) o estadiamento
TNM, e (3) a capacidade funcional do paciente. Portanto, a diferenciação entre adenocarcinoma e carcinoma epidermoide NÃO modifica a decisão terapêutica.
Assertiva III correta: as síndromes paraneoplásicas são descritas como sinais e sintomas à distância, mas que são causados pela liberação de substâncias
humorais pelo tumor primário, e não pela presença de metástases. São entidades comuns e podem simular metástases à distância. Por exemplo, uma
síndrome chamada degeneração cerebelar subaguda paraneoplásica pode ser facilmente confundida com uma metástase cerebelar.

1 0 4 COMENTÁRIO A maioria dos médicos só conhece a forma medicamentosa de profilaxia da trombose venosa profunda e embolia pulmonar,
baseada na administração de baixas doses de heparina não-f racionada ou de heparina de baixo peso molecular. Porém, não podemos esquecer de que
existem medidas mecânicas que também são eficazes para este objetivo. Dentre elas, a mais efetiva, sem dúvida, é a compressão pneumática da
panturrilha. Um aparelho de compressão intermitente pode ser acoplado à panturrilha, agindo através da melhora do retorno venosos, prevenindo a
estase sanguínea e ainda, por mecanismos desconhecidos, possui um mecanismo estimulador da fibrinólise, ao reduzir os níveis plasmáticos do PAI-
1 (inibidor do ativador do plasminogênio-1). Esta técnica tem a vantagem de ser praticamente isenta de efeitos adversos quando respeitadas suas duas
contraindicações: (1) isquemia arterial periférica, (2) pacientes que já se encontram acamados por mais de 72h, pois a compressão pneumática pode
deslocar trombos recém-formados. A maior vantagem é a sua utilização sem problemas em pacientes com alto risco de sangramento (como no pós-
operatório de neurocirurgia), que não podem receber a profilaxia com drogas anti-trombóticas. A sua eficácia está comprovada em pacientes de risco
moderado para tromboembolismo, porém, naqueles de alto risco (cirurgia de quadril ou joelho), previne apenas a trombose da panturrilha, mas não a íleo-
femoral. Atualmente, a compressão pneumática está indicada principalmente no pós-operatório de neurocirurgia. O aparelho deve permanecer em
atividade continuamente, até que o paciente volte a deambular.

^1^0_5_ _ COMENTÁRIO
_ _ _ Enunciado estranho: o que é um procedimento que "condiz com a realidade"? Era melhor perguntar logo qual é o tratamento de
escolha do tromboembolismo pulmonar: heparina venosa plena. Já foi provado que esta droga reduz a mortalidade do paciente de 20-30% para 8%, ao
estabilizar a fonte embólica (trombo venoso profundo). Por isso, ficamos com a opção E. Mas ainda criticando o enunciado: usar trombolíticos não é
condizente com a realidade??? E se o paciente com TEP tiver instabilidade hemodinâmica? O tratamento deve ser heparina + trombolítico!

1 0 6 COMENTÁRIO Os mesoteliomas pleurais e peritoneais estão relacionados a exposição ao asbesto, sendo fundamental uma detalhada história
ocupacional de pacientes suspeitos. Não existe nesses pacientes uma relação com tabagismo. Uma exposição por um período somente de um a dois anos
muitas vezes é o suficiente para o desenvolvimento da neoplasia. Esta geralmente ocorre cerca de 30 a 35 anos após a exposição. Devemos lembrar que,
ao contrário do que muitos pensam, o tumor maligno mais frequentemente encontrado em indivíduos que se expõem ao asbesto é o carcinoma broncogênico
(escamoso ou adenocarcinoma). O intervalo entre a primeira exposição e o aparecimento da neoplasia de pulmão costuma ser de 15 a 19 anos.

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