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CURSO DE FORMAÇÃO DE ATORES

Le Paixão

Henri Bergson desmentir a utilidade de seus esforços, no sentido de


A filosofia de Bergson é uma exaltação à vida, em seu sentido dominar a natureza, Bergson atribuía uma atitude errada,
mais amplo. Sua filosofia mostra um universo em contínua na interpretação geral das realidades. Desconfiava
mutação, criando novas formas e o absolutamente novo (o abertamente da validade de indagações científicas, às
devir). A evolução criadora tem como ponto de partida uma quais reconhecia alcance bem limitado. “A ciência
realidade cheia de possantes energias. O impulso vital (élan conhece o mundo como um mundo de coisas
vital) é a fonte inesgotável da qual emanam todas as coisas no
mensuráveis”, cujas relações são rigidamente
seu fluxo perene. Um impulso que não é substância, mas força.
determinadas por leis necessárias, de caráter quantitativo.
Força de vida.
“A consciência é o oposto dessa concepção. É
Na primeira metade do século XX, conta-se, entre os mais inteiramente qualitativa e caracteriza-se pela duração, com
influentes pensadores, o francês Henri Bergson (1859- cujo fluxo contínuo ela coincide. Não é susceptível de ser
1941), tornado famoso aos 30 anos por sua tese de medida e, portanto, de obedecer às determinações
doutoramento, a qual tratava dos “dados imediatos da postuladas pela matemática. Assim sendo, sempre
consciência”. O próprio assunto indica a adesão do jovem apresenta algo de imprevisível”. Nenhum estado de
doutorando aos que procuravam fundamentar sua posição consciência se repete de modo idêntico: as fases da
filosófica no esforço introspectivo ou, como ele diz, nos consciência são momentos essencialmente heterogêneos
“dados captados diretamente pela consciência”, sem que se compenetram reciprocamente e que não
qualquer mediação. E foi, sem dúvida, um dos mais constituem um alinhamento de elementos simples e
vigorosos defensores das modernas diretrizes reversíveis, mas uma sucessão sempre mais rica e
intuicionistas. diversificada.
As reflexões de onde se originaria o seu sistema vieram- Os cientistas – segundo assegura Bergson – medem o
lhe à mente durante um passeio a pé, em Clermont- tempo, relacionando-o com distâncias percorridas, isto é,
Ferrand, cidade em que exercia, aos 25 anos, as funções subordinando-o a dados puramente espaciais. Agindo
de professor secundário. Enquanto caminhava, envolto em dessa maneira, eles distorcem a realidade da duração,
meditações, pôs-se a pensar nas dificuldades que, desde que não consiste em um “tempo espacializado”, nem é
a antiguidade clássica, muitos filósofos experimentavam constituída de momentos isolados que se sucedem. É algo
para conciliar a noção do ser, permanente, com a do inteiramente isento de separações, uma corrente
tempo que se escoa. Com excepcional vivacidade de absolutamente ininterrupta e una, que só é possível captar
inteligência, arriscou-se a uma engenhosa solução. pela consciência. Apenas uma “intuição profunda”,
completamente despida de qualquer pressuposição de
Perguntou a si próprio: “Por que estranhar que o ser tenha
ordem científica ou simbólica, nos permitiria atingir, com
duração? Não será a essência dele a própria duração?
inteira certeza, a realidade do fundamental “fluxo do
Esta não é algo ilusório, mas uma realidade que não
tempo”. Se o conseguirmos, teremos conhecido, em sua
podemos negar a nós mesmos. Sentimo-nos durar, sem
essência, a duração pura.
dúvida alguma, tanto quanto Descartes sentia-se existir”.
Para Bergson, o “cogito, ergo sum” (penso, logo existo) Essa intuição, Bergson declara tê-la vivido. E considera-
podia ser substituído, ou melhor, complementado, por se, pois, autorizado a descrever “o que ela é”, ou melhor –
outra constatação livre de qualquer preconceito, imediata, tratando-se de uma atividade absolutamente contínua –
intuitiva: “Je suis une chose qui dure” (eu sou uma coisa “como se processa”. Nela, explica, “o passado e o
que dura). Tão indubitável quanto a minha existência é a presente formam um todo orgânico, penetrando-se
percepção direta, em minha consciência, de um “antes” e mutuamente, havendo sucessão sem distinção”.
de um “depois”. E tudo o que ocorre, ocorre
Na duração pura, em outras palavras, o que há de novo,
inapelavelmente no tempo.
em cada momento, conserva o que lhe veio do passado. É
o que parece significar esta declaração de Bergson: “O
A intuição e a duração pura
meu estado de alma, adiantando-se no caminho do tempo,
Quanto ao tempo, porém, Bergson discorda da maneira se avoluma com a duração que recolhe. Ele faz, por assim
pela qual a estavam encarando alguns físicos e dizer, uma bola de neve consigo próprio”. Quando isso
matemáticos. A esses estudiosos, na verdade, sem
acontece “nós nos possuímos, verdadeiramente, a nós recompor de novo. Suas características são a clareza e a
mesmos”. capacidade de distinguir.

Segundo a concepção do senso comum, admitida Mas ao mesmo tempo, a inteligência caracteriza-se
igualmente pela ciência, as propriedades do mundo são a igualmente pelo fato de, por natureza, lhe ser impossível
extensão, a multiplicidade numérica e o determinismo compreender a duração real, a vida. Constituída de acordo
causal. O mundo compõe-se de corpos sólidos extensos, com a matéria, a inteligência transfere as formas
cujas partes se encontram espacialmente justapostas. É materiais, extensivas, calculáveis, claras e determinadas,
caracterizado por um espaço totalmente homogêneo e por ao mundo da duração; interrompendo a corrente vital
separações precisas, e todos os acontecimentos são de única e introduzindo nela a descontinuidade, o espaço e a
antemão determinados por leis invariáveis. A ciência da necessidade. Não pode sequer compreender o simples
natureza nunca considera o movimento, mas só as movimento local, como o provam os paradoxos de Zenão.
posições sucessivas dos corpos. Nunca as forças, mas só
Só podemos conhecer a duração graças à intuição. Com a
os seus efeitos. A imagem do mundo traçada pela ciência
intuição, podemos acessar a duração diretamente e como
natural carece de dinamismo e de vida. O tempo, tal como
algo íntimo. A intuição distingue-se por características que
o encara a ciência, não é, em última instância, senão
se contrapõem às características da inteligência. Órgão do
espaço, e quando a ciência natural pretende medir o
homo sapiens, a intuição não está a serviço da prática;
tempo, na realidade não mede senão o espaço.
seu objeto é o fluente, o orgânico, o que está em marcha;
Todavia, podemos descobrir em nós mesmos, embora só ela pode captar a duração. Enquanto a inteligência
com esforço, uma realidade inteiramente diferente. Esta analisa, decompõe, para preparar a ação, a intuição é uma
realidade possui uma intensidade puramente qualitativa, simples visão, que não decompõe nem compõe, mas vive
compõem-se de elementos absolutamente heterogêneos, a realidade da duração. Não se adquire facilmente a
que, entretanto, se interpenetram, de sorte que não é intuição; tão habituados estamos ao uso da inteligência
possível discriminá-los claramente uns dos outros. E, por que se torna necessária uma transformação íntima
último, esta realidade interior é livre. Não é espacial, nem violenta, contrária a nossas inclinações naturais, para
calculável. De fato, não somente ela dura senão que é podermos exercitar a intuição. E, mesmo assim, só em
duração pura, e, como tal, completamente diferente do momentos favoráveis e fugazes, somos capazes de o
espaço e do tempo das ciências da natureza. É um agir fazer.
único e indivisível, um alor (ou elã, do francês élan:
impulso, arremesso, ímpeto, entusiasmo) e um devir que Em resumo, existem dois domínios: de um lado, o domínio
não pode ser medido. Esta realidade encontra-se, em da matéria espacial e rígida, subordinado à inteligência
princípio, em constante fluir, nunca é, mas perpetuamente prática. De outro lado, o domínio da vida e da consciência
devém. que dura, a que corresponde a intuição. Sendo a atitude
da inteligência exclusivamente prática, a filosofia não pode
A faculdade humana que corresponde à matéria espacial é utilizar senão a intuição. Os conhecimentos, obtidos por
a inteligência, e esta caracteriza-se por sua exclusiva este meio, não podem ser expressos em ideias claras e
orientação para a ação. É a ação que comanda, sem mais, precisas, nem tampouco são possíveis as demonstrações.
a forma da inteligência. Como para a ação necessitamos A única coisa que o filósofo pode fazer é ajudar os outros
de coisas exatamente definidas, o objeto principal da a experimentarem uma intuição semelhante à dele. Assim
inteligência é o fixo corpóreo, inorganizado, fragmentário. se explica a riqueza de imagens sugestivas que as obras
A inteligência não concebe claramente senão o imóvel. de Bergson oferecem.
Seu domínio é a matéria. Ela a capta para transformar os
corpos em instrumentos. É o órgão do homo faber e Em resumo, estas, que seguem, são as principais
subordinada, essencialmente, à construção de conclusões a que chega Bergson. Os processos próprios
instrumentos. Dentro do domínio da matéria e graças à das ciências físicas e matemáticas tem apenas algum
sua afinidade essencial com a matéria, a inteligência não valor nas atividades práticas, e são absolutamente
só capta os fenômenos, como também a essência das inadequadas ao conhecimento da realidade. Podemos
coisas (“corte privilegiado no devir contínuo da realidade chegar a esse conhecimento através da intuição, despida
movente”). Contra Kant e os positivistas, Bergson confere de qualquer interferência de noções científicas. Essa
à inteligência, no domínio do corpóreo, a capacidade de intuição profunda nos leva ao conhecimento da duração
captar a essência das coisas (mas uma essência imutável, pura, diferente do tempo como o concebem os cientistas.
estável). Segundo ele, a inteligência é também analítica, Na duração pura reside a essência da realidade, que é
ou seja, capaz de decompor qualquer lei ou sistema e de vida e ininterrupto devir. Os seres vivos obedecem a um
processo de evolução diferente do que indicam os
cientistas. A evolução criadora é impulsionada pelo élan
vital (ímpeto de vida), que se manifesta através de toda a
natureza e culmina na consciência intuitiva humana.

A moral fechada e a moral aberta

Segundo Bergson, há duas espécies de moral. A moral


fechada e a moral aberta. A moral fechada deriva dos
fenômenos mais gerais da vida. Consiste em uma pressão
exercida pela sociedade, e as ações que lhe
correspondem são levadas a cabo de modo automático,
instintivamente. Só em casos excepcionais se trava luta
entre o eu individual e o social. A moral fechada é
impessoal e triplamente fechada: visa a conservação dos
costumes, faz coincidir quase inteiramente o individual
com o social, de sorte que a alma se move
constantemente dentro do mesmo círculo e, por último, é
sempre função de um grupo limitado e nunca pode ser
válida para a humanidade inteira, porque a coesão social,
da qual é função, repousa em grande parte na
necessidade de autodefesa.

A par desta moral fechada, que obriga absolutamente,


existe a moral aberta. Esta aparece encarnada em
personalidades eminentes, em santos e heróis, e não é
moral social, mas humana e pessoal. Não consiste em
uma pressão, mas em um apelo. Não é fixa, mas
essencialmente expansiva e criadora. É aberta no sentido
em que abarca a vida inteira. O amor é o material dessa
liga. Proporciona o sentimento da liberdade e coincide
com o próprio princípio da vida. Procede de uma emoção
profunda que, do mesmo modo que o sentimento
provocado pela música, carece de objeto.

Todavia, na realidade, nem a moral fechada nem a moral


aberta se apresentam em forma pura. Toda aspiração
procura consolidar-se numa obrigação e esta, por sua vez,
procura captar a aspiração. Estas duas formas, das quais
uma é infra-intelectual e a outra é supra-intelectual,
operam no campo da inteligência, e, por isso, a moral é
racional. De qualquer forma, a moral fechada e a aberta
constituem duas manifestações complementares do
mesmo valor vital.

Este texto é um misto composto a partir destas fontes:

BOCHENSKI, J. M. A filosofia contemporânea ocidental.


HADDOCK LOBO, R. A filosofia e sua evolução.
OLIVEIRA, Cristina G. Machado de. Bergson.
BERSON, Henri. A evolução criadora.

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