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1 INTRODUÇÃO

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe-se a nortear os currículos e


as propostas pedagógicas da educação básica brasileira. Ela elenca os
conhecimentos, as competências e as habilidades a serem desenvolvidas
pelos alunos ao longo da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do
Ensino Médio, buscando estabelecer uma sociedade justa, democrática e
inclusiva através de uma formação humana integral.

A BNCC traz a Matemática como “uma ciência hipotético-dedutiva, porque suas


demonstrações se apoiam sobre um sistema de axiomas e postulados”
(BRASIL, 2018, p. 265). Apesar disso, aponta que “[…] é de fundamental
importância também considerar o papel heurístico das experimentações na
aprendizagem da Matemática” (Ibidem, p. 265). Desse modo, afirma que a o
ensino de Matemática perpassa o registro de observações empíricas do mundo
real, representados, entre outros, em tabelas e esquemas, para que o aluno
seja estimulado a fazer induções e conjecturas.

O documento elenca sete idéias fundamentais: equivalência, ordem,


proporcionalidade, interdependência, representação, variação e aproximação.
Notadamente todas essas ideias estão presentes no estudo de funções. Além
disso, a BNCC propõe cinco unidades temáticas: 1-Números; 2-Álgebra; 3-
Geometria; 4-Grandezas e medidas e 5-Probabilidade e estatística. O conteúdo
de função pode ser associado de uma maneira ou de outra a todas essas
unidades temáticas, ou seja, de algum modo é possível ao menos tangenciar a
idéia de função, ainda que não seja o mote principal da unidade temática.
Contudo, certamente as funções ganham destaque importante na unidade
temática “Álgebra. Ora, sendo o desenvolvimento do pensamento algébrico um
dos objetivos dessa unidade, é imprescindível que “[…] os alunos identifiquem
regularidades e padrões de sequências numéricas e não numéricas,
estabeleçam leis matemáticas que expressem a relação de interdependência
entre grandezas em diferentes contextos” (Ibidem, p. 270). Para mais, o aluno
deve ser capaz de “[…] criar, interpretar e transitar entre as diversas
representações gráficas e simbólicas, para resolver problemas por meio de
equações e inequações, com compreensão dos procedimentos utilizados”
(Ibidem, p. 270). Assim, temos que os conteúdos necessários para
compreensão do conceito de função, por exemplo, são trabalhados ao longo de
toda a educação básica, pois “em todas as unidades temáticas, a delimitação
dos objetos de conhecimento e das habilidades considera que as noções
matemáticas são retomadas, ampliadas e aprofundadas ano a ano” (Ibidem, p.
276), buscando ensinar ao aluno não apenas a definição de forma mecânica,
mas dentro de um contexto que seja significativo para o aluno, além de
desenvolver a capacidade de abstrair o contexto, e aplicar o conhecimento
apreendido em outros contextos (Ibidem, p. 299), de maneira que ele
desenvolva competências e habilidades para, a partir do que aprender, intervir
na sociedade, tanto no sentido estrito como no sentido amplo, de modo crítico
e consciente.

2 O TEMA “FUNÇÃO” NO ENSINO FUNDAMENTAL

Como dito anteriormente, os conteúdos são desenvolvidos de forma gradativa.


Dessa maneira podem-se estabelecer alguns conteúdos que convergem para a
apropriação do conceito de função pelo aluno e possibilita a formalização de
sua definição.

Para o Primeiro Ano, tem-se como objeto de conhecimento na unidade


temática de Números o “reconhecimento de números no contexto diário:
indicação de quantidades, indicação de ordem ou indicação de código para a
organização de informações” (BRASIL, 2018, p. 278). Observa-se que realizar
uma contagem ou compreender um código estabelece uma relação entre duas
entidades: o número (ou código) e o objeto contado (ou codificado). Muitas
vezes (se não em todas) a relação é biunívoca. Ainda que não se pretenda
ensinar tal conceito nesse momento, a atividade permite ao aluno ir
apreendendo intuitivamente o conceito, que posteriormente será formalizado e
aprofundado. Nesse mesmo ano, na unidade de Álgebra temos “Organizar e
ordenar objetos familiares ou representações por figuras, por meio de atributos,
tais como cor, forma e medida” (Ibidem, p. 278) e “Descrever, após o
reconhecimento e a explicitação de um padrão (ou regularidade), os elementos
ausentes em sequências recursivas de números naturais, objetos ou figuras”
(Ibidem, p. 278), onde se observa o estabelecimento de uma lei de associação
e sua representação em língua vernácula, ou seja, uma relação binária. A
busca por padrões e regularidades, explorando a noção de lei de formação
continua explícita até o Quarto Ano. Ainda no Primeiro Ano, nota-se o uso de
tabelas e gráficos de barras na unidade temática Probabilidade e estatística,
que são possíveis e usuais representações para função. Esse objeto de
conhecimento também aparece nos demais anos do Ensino Fundamental.

No Segundo Ano, na unidade temática de Álgebra, a construção de sequências


repetitivas e recursivas reforça a compreensão de uma lei de formação, que
será usado para a compreensão de função. Já para o Terceiro Ano, além da
busca por regularidades e de leitura e produção de gráficos e tabelas citados
anteriormente, destaca-se a correspondência unívoca dos números naturais
com pontos equidistantes numa reta.

Para o Quarto Ano, destaca-se o uso de variáveis numéricas em tabelas,


importante passo na abstração e compreensão do conceito de variável.
Também se ressalta que a orientação para se trabalhar com malhas
quadriculadas auxilia na posterior compreensão do plano cartesiano.

O conceito de variável é ampliado no Quinto Ano, além de sugerir a utilização


de gráfico de linha. Inserem-se as grandezas diretamente proporcionais, que
está intimamente ligada à função linear. Para mais, espera-se que o aluno
desenvolva a habilidade de “Interpretar, descrever e representar a localização
ou movimentação de objetos no plano cartesiano (1º quadrante), utilizando
coordenadas cartesianas [...]” (BRASIL, 2018, p. 297), importante ferramenta
na representação de funções que continua sendo explorada no Sexto Ano.

Ainda no Sexto Ano explora-se a idéia de função linear relacionando a medida


do perímetro e do lado de um quadrado. Notadamente, isso traz consigo as
ideias de variabilidade e dependência.

A BNCC sugere que no Sétimo Ano formalizem-se os conceitos de incógnita e


variável, reforcem-se os trabalhos de busca de padrões e regularidades,
representando-os em linguagem algébrica e indica a exploração das grandezas
direta e inversamente proporcionais, o que reforçaria o conceito iminente de
função, especialmente a linear. Para mais, reforça as atividades com pares
ordenados.
Para o Oitavo Ano a BNCC preconiza a inserção do valor numérico de
expressões algébricas e a associação de equação linear à reta no plano
cartesiano. Notadamente a busca por regularidades, o uso de plano cartesiano,
a inserção na noção de variáveis, as relações proporcionais entre grandezas, a
relação de dependência, o gráfico de linhas e a organização de dados em
tabelas convergem neste tópico, apontando para a potência e complexidade do
que estar por vir: a função.

Certamente os pontos levantados anteriormente não tratam diretamente de


função, mas são contribuições importantes para que a compreensão do
conceito ocorra de maneira adequada e gradativa. Com isso, pode-se tratar
efetivamente de função nos Oitavo e Nono Anos.

No último ano do Ensino Fundamental, a BNCC trata efetivamente do conceito


de função, sugerindo as representações numérica, algébrica e gráfica. O
documento estabelece que o aluno deva desenvolver nesse ano a habilidade
de

compreender as funções como relações de dependência unívoca


entre duas variáveis e suas representações numérica, algébrica e
gráfica e utilizar esse conceito para analisar situações que envolvam
relações funcionais entre duas variáveis (BRASIL, 2018, p. 317).

Portanto, acreditando numa abordagem espiral dos conteúdos, a BNCC sugere


desenvolver os conceitos de forma gradual, explorando algum aspecto em
todos os anos para que o aluno desenvolva e consolide ao longo do Ensino
Fundamental as habilidades preconizadas no documento. Fica claro, assim,
que a divisão dos conteúdos pelos anos dessa etapa foi elaborada de modo a
dar tempo ao aluno de compreender conceitos mais simples, possibilitando-o a
retomada e ampliação dos mesmos, ano após ano.
3 O TEMA “FUNÇÃO” NO ENSINO MÉDIO

A BNCC afirma que o foco do Ensino Médio é “[…] a construção de uma visão
integrada da Matemática, aplicada à realidade […]” (BRASIL, 2018, p. 518),
buscando integrar ainda mais as unidades temáticas trabalhadas no Ensino
Fundamental, definindo, para tanto, pares de ideias fundamentais: variação e
constância; certeza e incerteza; movimento e posição; relações e inter-relações
(Ibidem, 2018).

O documento lista cinco competências específicas, a saber:

1. Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para


interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades
cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, ou
ainda questões econômicas ou tecnológicas, divulgados por
diferentes meios, de modo a consolidar uma formação científica geral.

2. Articular conhecimentos matemáticos ao propor e/ou participar de


ações para investigar desafios do mundo contemporâneo e tomar
decisões éticas e socialmente responsáveis, com base na análise de
problemas de urgência social, como os voltados a situações de
saúde, sustentabilidade, das implicações da tecnologia no mundo do
trabalho, entre outros, recorrendo a conceitos, procedimentos e
linguagens próprios da Matemática.

3. Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos, em


seus campos – Aritmética, Álgebra, Grandezas e Medidas,
Geometria, Probabilidade e Estatística –, para interpretar, construir
modelos e resolver problemas em diversos contextos, analisando a
plausibilidade dos resultados e a adequação das soluções propostas,
de modo a construir argumentação consistente.

4. Compreender e utilizar, com flexibilidade e fluidez, diferentes


registros de representação matemáticos (algébrico, geométrico,
estatístico, computacional etc.), na busca de solução e comunicação
de resultados de problemas, de modo a favorecer a construção e o
desenvolvimento do raciocínio matemático.

5. Investigar e estabelecer conjecturas a respeito de diferentes


conceitos e propriedades matemáticas, empregando recursos e
estratégias como observação de padrões, experimentações e
tecnologias digitais, identificando a necessidade, ou não, de uma
demonstração cada vez mais formal na validação das referidas
conjecturas (BRASIL, 2018, p. 523).

A competência específica 1 é muito ampla, mobilizando todo conhecimento


apreendido, entretanto, no que tange às funções, pode-se destacar a primeira
habilidade desta competência que trata de “interpretar situações econômicas,
sociais e das Ciências da Natureza que envolvem a variação de duas
grandezas, pela análise dos gráficos das funções representadas […]” (Ibidem,
2018, p. 525).

Igualmente, as funções também estão presentes de modo capilar na segunda


competência específica, em que se tem como habilidade esperada, por
exemplo, a criação de planilhas de controle orçamentário, que implica no uso
de funções para cálculo de fluxo financeiro.

Para a competência específica 3, as funções sobressaltam de forma mais


clara na BNCC, uma vez que entre suas habilidades encontram-se a resolução
e elaboração de problemas envolvendo funções polinomial, logarítmica e
trigonométrica, mencionando também representações gráficas de função para
solução de sistemas de equações lineares.

Assim como a competência específica anterior, a competência especifica 4 traz


em suas habilidades o emprego de funções de modo objetivo, preconizando
que o aluno seja capaz de

Converter representações algébricas de funções polinomiais de 1º [e


de 2º] grau para representações geométricas no plano cartesiano […]
comparar e analisar as representações, em plano cartesiano, das
funções exponencial e logarítmica para identificar as características
fundamentais (domínio, imagem, crescimento) de cada uma, […]
Identificar as características fundamentais das funções seno e
cosseno (periodicidade, domínio, imagem), por meio da comparação
das representações em ciclos trigonométricos e em planos
cartesianos, […] reconhecer funções definidas por uma ou mais
sentenças (como a tabela do Imposto de Renda, contas de luz, água,
gás etc.), em suas representações algébrica e gráfica, convertendo
essas representações de uma para outra e identificando domínios de
validade, imagem, crescimento e decrescimento (BRASIL, 2018, p.
531).

Por fim, a competência específica 5 retoma o reconhecimento de padrões,


apontando para as funções em suas habilidades, ao prescrever que o aluno
possa
Investigar relações entre números expressos em tabelas para
representá-los no plano cartesiano, identificando padrões e criando
conjecturas para generalizar e expressar algebricamente essa
generalização, reconhecendo quando essa representação é de
função polinomial de 1º grau […] [e] de 2º grau do tipo y = ax² […]
investigar pontos de máximo ou de mínimo de funções quadráticas
em contextos da Matemática Financeira ou da Cinemática, entre
outros […] representar graficamente a variação da área e do
perímetro de um polígono regular quando os comprimentos de seus
lados variam, analisando e classificando as funções envolvidas, […]
identificar e associar sequências numéricas (PA) a funções afins de
domínios discretos, […] identificar e associar sequências numéricas
(PG) a funções exponenciais de domínios discretos para análise de
propriedades, […] investigar conjuntos de dados relativos ao
comportamento de duas variáveis numéricas, usando tecnologias da
informação, e, se apropriado, levar em conta a variação e utilizar uma
reta para descrever a relação observada (BRASIL, 2018, p. 533).

4 CONCLUSÃO

Como observado, o tema função, embora pareça restrito a anos e séries


específicas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, respectivamente, está,
antes, diluído por praticamente toda a educação básica – fazendo reserva à
Educação Infantil. Essa boa estratégia concede ao aluno tempo para assimilar
e aprofundar em variados contextos as ideias e conceitos necessários ao
entendimento desse poderoso conceito matemático: função.

No que diz respeito à exequibilidade das propostas de conteúdos relacionados


à função, entende-se que não serão – e nem deveriam ser – trabalhados de
modo isolado. Outrossim, a compreensão do conceito de função está
relacionada à capacidade de articular os vários conceitos “pré-requisitos”, de
modo que o trabalho de forma contextualizada e articulada favorece o objetivo
de ensino de função para a aplicação em contextos relacionados à realidade do
aluno. Ainda que a BNCC explique que seu bojo não esgote as possibilidades e
unidades temáticas, orienta à necessidade de se preservar as ideias básicas
que se referem à articulação dos variados campos da Matemática.
5 REFERÊNCIA

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. 2018.


Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF
_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 29 ago. 2019.

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