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INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E RACISMO:

O QUE NÓS EDUCADORES TEMOS COM


ISSO?
Profª CLAUDIA CONTE DOS ANJOS LACERDA
Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública
pelo CAEd/UFJF
Especialização em Educação Inclusiva e Religiosidades
Afro-Brasileiras: Política de Igualdade Racial em
Ambiente Escolar (UFJF)
Leopoldina, 24/11/2017

claudia.conte@educação.mg.gov.br
claudiacontesupervisora@gmail.com
www.claudiaconte.blogspot.com
PRESSUPOSTOS
 Considerando que o desenvolvimento da
aprendizagem extrapola os processos de
cognição dentro da sala de aula, há
uma necessidade urgente de
aprofundamento sobre as questões que
envolvem o contexto escolar – fatores
intra e extra-escolares, possibilitando
assim, relacionar o que ocorre, permeia e
ultrapassa os processos escolares para a
aprendizagem, na rotina escolar.
PRESSUPOSTOS
 Muitas das interrogações que suscitam o
trabalho dos professores, da
coordenação pedagógica e, por
conseguinte, da gestão escolar, podem
encontrar respostas ou minorar os
anseios, na medida em que se observa e
busca compreender os diversos
movimentos, acontecimentos e
comportamentos que caracterizam o
ambiente escolar;
PRESSUPOSTOS
 (FREIRE, 1996, p.45) e propõe um
exercício consciente e crítico na prática
educacional, como uma vivência de
reconhecimento de si para o
reconhecimento do outro; é a proposta
do “assumir-se”, em todas as suas
dimensões e instâncias;
 O respeito à identidade cultural, segundo
o autor, é de fundamental importância
para o desenvolvimento do que ele
intitula de “prática educativa
progressista”, integrando esta identidade
cultural, à dimensão individual e coletiva
dos educandos.
PRESSUPOSTOS
 As questões referentes à identidade
cultural vão se relacionar com a própria
cultura escolar;
 Cultura escolar: “conjunto das culturas
que lhe são contemporâneas: cultura
religiosa, cultura política ou cultura
popular”; ou seja, a cultura escolar
estaria baseada em práticas e na difusão
de conhecimentos pré-definidos pelo
próprio contexto social, também
determinado pela conjuntura política,
econômica e cultural daquele povo
(Júlia 2001, p.10).
PRESSUPOSTOS
 A Religiosidade como uma das temáticas
a serem possivelmente consideradas na
análise do contexto escolar, pressupondo
que a religiosidade é algo tão presente e
necessário na vida das pessoas, sendo
um fator pertinente de observação e
análise do contexto escolar, por estar
principalmente vinculada ao próprio
processo histórico e cultural da
humanidade;
 Na sua análise sobre “o que é religião”
Alves (1999) relaciona a religiosidade nos
contextos culturais, sociais,
antropológicos, psicológicos e políticos,
no transcurso da história humana;
PRESSUPOSTOS
 O homem se vê como um ser inacabado,
que precisa “se fazer” a cada instante,
diferente do animal, que nasce com sua
programação biológica completa (ALVES,
1999, p.18), o autor ressalta que na ânsia
de transcender seu estado animal, os
homens tornam-se “inventores de
mundos” (ALVES, 1999, p.19) e assim
produzem cultura e a religião surge nessa
relação, como “[...] teia de símbolos, rede
de desejos, confissão de espera,
horizontes, a mais fantástica e pretensiosa
tentativa de transubstanciar a natureza”
(ALVES, 1999, p.24)
PRESSUPOSTOS
 As igrejas reforçam as relações de suporte e
controle familiar, assim como também normas
baseadas no seu poder como uma instituição
formal. A religião pode ser vista como uma
segunda influência social nos adolescentes
(sendo a família a primeira), assim como também
a escola e os amigos, e é vista como capaz de
afetar as crenças, atitudes e comportamento
através de mecanismos como controle social,
suporte social e valores (CUNHA 2012, p.02);
 Smith (2003, apud CUNHA 2012, p.96) sugere que
a religião pode influenciar socialmente através
de três dimensões: “1) ordem moral, 2)
competência de aprendizado e 3) laços sociais e
organizacionais”.
O FAZER PEDAGÓGICO
 Refletir sobre um currículo que atende ao que
preconiza a Lei 10.639/2003 é também trazer à
pauta os conteúdos que consideram as religiões
de matriz afro-brasileira no seu aspecto cultural,
histórico, social e também, na vivência religiosa
de cada um ou nos grupos e segmentos
representativos;
 Na abordagem sobre as religiões que trazem
consigo raízes afro-brasileiras, cabe atentar para
o fato de que, parte da invisibilidade ou negação
a estas manifestações, se dê pelo racismo aos
grupos étnicos afro-brasileiros, levando a crer
que, muito da chamada intolerância religiosa a
essas práticas, seria manifestação de racismo
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
 PRÉ-RELATÓRIO SOBRE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
NO BRASIL (CCIR, 2015), constata-se que, no caso
das religiões afro-brasileiras, o percentual de
registros de denúncias de discriminação e
intolerância, é consideravelmente maior que as
demais;
 No Rio de Janeiro, de 2012 a 2014 consta no
relatório o percentual de 71,15% de casos contra
as religiões afro-brasileiras;
 Chegam a 70% nas notificações, os casos de
agressão verbal, sendo mais comum nas ofensas,
o uso de expressões como: “macumbeiros” e
“filho do demônio”.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
 “as pesquisas revelaram ser uma estratégia de
proteção declarar-se católico e/ou espírita, tanto
nos empregos, quanto nas comunidades em que
vivem” as pessoas, “considerando que há
subenumeração no total de registros das religiões
afro-brasileiras” (CCIR, 2015, p.8);
 A Relatoria Nacional para o Direito Humano à
Educação, entre 2010 e 2011, constatou graves
situações de violação aos direitos humanos
decorrentes da intolerância religiosa nas escolas
públicas brasileiras, que tem como principais
vítimas adeptos e adeptas de religiosidades de
matriz afro-brasileira;
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
 A Relatoria constatou que a intolerância religiosa
se manifesta em casos de violência física (socos e
até apedrejamento), em humilhações recorrentes
e no isolamento social de estudantes, em
negação da identidade religiosa por medo de
represálias, na demissão ou afastamento de
profissionais de educação adeptos de religiões
de matriz africana ou profissionais que
abordaram conteúdos dessas religiões em classe
e na proibição de uso de livros e do
ensino/prática da capoeira e de danças afro-
brasileiras em espaço escolar.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
 Por outro lado, percebe-se um crescimento da
presença das religiões hegemônicas nas creches
e escolas públicas brasileiras, impulsionado –
sobretudo – por profissionais de educação
adeptos de determinados grupos católicos e
neopentecostais conservadores que uso o
espaço escolar para proselitismo religioso;
 Dados como estes ajudam a enfatizar a
necessidade de buscar cada vez mais a
especificidade, as particularidades, valorizando e
respeitando as condições de cada pessoa, na
sua crença, origem, etnia e posição social. Trazer
para o cotidiano escolar essas questões é
fundamental, para que as pessoas assumam suas
pertenças religiosas sem o medo de serem
intituladas como os “filhos do demônio”.
POSSIBILIDADES...
 Localizar o lugar das práticas e/ou vivências das
religiões de matriz afro-brasileira, no contexto
educacional;
 Refletir sobre a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, no
que tange a questão das manifestações da cultura
afro-brasileira através da religiosidade, considerando os
processos de construção de nossas identidades, seja
pelo percurso histórico ou pelos aspectos étnicos;
 Entender melhor as relações e sócio-interações que
permeiam o ambiente educacional e que vão refletir
diretamente no rendimento escolar dos alunos e
consequentemente, nos processos que incidem no
percurso acadêmico e na vivência social destes;
 romper com o racismo e preconceito individual e
institucional, estimulando o protagonismo dos grupos
representativos.
E falando de IDENTIDADE
 Identidades locais são recriadas a partir de
características como raça, religião, etnia, para se
refugiar da globalização homogeneizadora (Ianni,
1996);
 A modernidade determina que a busca da identidade
é a busca da representação e construção do eu como
sujeito único o que uma referencia de liberdade,
felicidade e cidadania em todas as relações;
 A formação de identidade está associada a
consubstancia do individual com o plural, o que sugere
pensar no coletivo que habita cada pessoa (identidade
social).
 Destaque para a ideologia básica da nossa sociedade
– o individualismo – alimenta o descompromisso social –
“cultura do narcisismo”, ou do “mínimo eu” (Lash, 1987);
E falando de IDENTIDADE
Vivemos hoje numa sociedade
altamente globalizada em que tudo é
muito dinâmico, instável e flexível, quer
a nível profissional, econômico ou
político, como tal as identidades
tornam-se também instáveis e
suscetíveis às escolhas que cada
indivíduo efetua;
E falando de IDENTIDADE
 Falar de identidade é falar também da
diferença, dado que uma instância se
constitui necessariamente mediante a outra,
da mesma forma que a exclusão social só
pode existir em relação à inclusão. Estes dois
processos – de identidade/diferença e de
inclusão/exclusão – estão intrinsecamente
ligados, pois assumir uma identidade
enquanto diferença acarreta uma série de
consequências que podem ser manifestadas,
entre outras, com a própria exclusão. No
entanto, não raro, “a sociedade inclui para
excluir”.
VAMOS PENSAR JUNTOS??
 Como eu vejo a religiosidade no contexto escolar?
 Quais são as minhas referências?
 Qual a história de Brasil que eu conheço?
 Qual a história dos negros no Brasil que eu conheço?
 Quais são as minhas identidades?
 Como foi o meu próprio percurso histórico, minhas
influências, minha geração, minha formação?
 Tenho preconceitos?
 Sou Racista?
 Qual a minha religião?
 O que eu conheço das religiões de matriz Afro-
Brasielira?
REFERÊNCIAS
 CAMPOS, Roberta Bivar Carneiro. Pesquisando o invisível:
percursos metodológicos de uma pesquisa sobre
sociabilidade infantil e diversidade religiosa. Teoria e
Sociedade (Revista), n.17.1. janeiro-junho. 2009. P.148-175.
 CANDAU, Vera Maira. Direitos humanos, educação e
interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença.
Revista Brasileira de Educação v.13 n.37.
PUC/RJ/Departamento de Educação. jan./abr. 2008.
 CCIR/CEAP/UFRJ. PRÉ-RELATÓRIO SOBRE INTOLERÂNCIA
RELIGIOSA NO BRASIL: Informações, estudos de casos,
números na tentativa de entender e intervir nos processos de
preconceitos. SANTOS, Ivanir dos; et al. Orgs. Rio de Janeiro,
2015. Disponível em:
<http://www.ceubrio.com.br/downloads/relatorio-
Intolerancia-religiosa-18-08-2015.pdf> Acesso em: 28 dez.
2016
 CECCHETTI, Elcio. Diversidade religiosa e currículo escolar:
pertenças, ausências e desafios. UFSC. IX ANPED Sul. 2012.
 SAWAIA, Bader Birihan. A Temporalidade do “agora”
“cotidiano” na Análise da Identidade Territorial. In Margem –
Revista da Faculdade de Ciências Sociais da PUCSP, EDUC,
nº 5. 1996
“Cada ser humano é tecido pela cultura que o
envolve; melhor, que o penetra e o tece, de
tal maneira que não há como pensar o ser
humano como simples produto da natureza”

“(...) Na medida em que o homem produz


cultura, também é produzido por ela, nesse
emaranhado de fios que tecem os nossos
ambientes de interação”

Tiago Adão Lara (1998, p.30, 34)

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