Anda di halaman 1dari 10

DIREITO

Política criminal
com derramamento
de sangue
N I L O BATISTA

I - Introdução

Para evitar distorções idealistas, n o pre-


sente estudo a expressão politica criminal
não se referirá apenas, c o m o no c o n c e i t o
de Z i p l , à obtenção e realização de crité-
rios direiívos n o âmbito da justiça c r i m i -
n a l " ", nela se i n c l u i n d o o d e s e m p e n h o
c o n c r e t o das a g e m ias públicas, policiais o u
judiciárias, q u e se e n c a r r e g a m da i m p l e -
mentarão c o l i d i a n a não só d o s critérios
d i r e t i v o s e n u n c i a d o s ao nível n o r m a t i v o ,
mas lamoém daqueles outros critérios, s i -
lenciados o u negados pelo discurso jurídi-
c o , porém l e g i t i m a d o s s o c i a l m e n t e pela
recorrência e ac a l a m c n l o de sua aplicação.
Assim, por e x e m p l o , q u a n d o .1 polícia m e n -
salmente executa (valendo-sc de e x p e d i e n -
tes encobridores os mais diversos, da s i m u -
lação de c o n f r o n t o ao c h a m a m e n t o à a u -
A pena é u n i m e i o e x t r e m o ; i o r n o l a i c toria de gangues rivais) u m n u m e r o cons-
também a guerra. tante d e pesso.is, v e r i f i c a n d o - s c ademais
que essas pessoas têm a mesma exlração
Tobias Barreto social, faixa etária e etnia, n ã o s e pode dei-
xar d e reconhecer que a politica criminal morte de C l a u s e w l t z . Temos ali uma guerra ra contra as drogai. Teremos q u e Inverter o reira no d i r e i t o penal brasileiro. Também as
f o r m u l a d a para e p o r essa p o l i c i a c o n t e m - e m favor do comércio do ópio, em favor percurso, e ao invés de, c o m o Clausewltz, disposições s o b r e e m b r i a g u e z e venda
p l a o extermínio c o m o tática d e aterroriza- dos n e g o c i a n t e s ingleses (havia-os também p r o c u r a r na guerra a marca da política, tra- abusiva de bebidas d o CP 1890 (arts. 39S,
ção e controle d o grupo social v i t i m i z a d o - norte-americanos) que l e v a v a m o ópio da tar de v i s l u m b r a r nessa política c r i m i n a l as 397 e 398) eram expressamente revogadas, ,
m e s m o q u e a Constituição p r o c l a m e coisa índia para a C h i n a , c o m o etapa de u m c i r - marcas da guerra. p o r q u e o decreto 4.294/21 disc i p l i n a v a i n o -
d i f e r e n t e . Por o u t r o l a d o , c o m o p i o n e i r a - c u i t o c o m e r c i a l tríplice. O c o n f l i t o o p u n h a vadoramente a matéria, e devemos e x a m i -
m e n t e e n t r e nós o b s e r v a v a H e l e n o Fragoso, d e u m l a d o a decisão d o i m p e r a d o r chinês II - 1 9 1 4 - 1 9 6 4 : o m o d e l o sanitário nar uma dessas inovações. D i s t i n g u i n d o -
"a política c r i m i n a l é p a r t e d a política soci- d e i n t e r r o m p e r e p r o i b i r o comércio e o ao contrário d o CP 1 8 9 0 - entre a e m b r i a -
àr ,
m e essa conexão - m e l h o r diríamos c o n - uso d o ópio, e de o u t r o "os enormes inves- A legislação anterior a 1 9 1 4 , seja a q u e - guez escandalosa e a h a b i t u a l , o decreto
t i n u i d a d e - p o d e ser u m i m p o r t a n t e e x p e - t i m e n t o s ingleses na produção e d i s t r i b u i - la inscrita na tradição, q u e r e m o n t a às O r - estabeleceu q u e à segunda se responderia
d i e n t e metodológico para o e s c l a r e c i m e n - ção da d r o g a e o papel c r u c i a l representa- denações Filipinas (V, LXXXIX), das "subs- c o m "internação por 3 meses a 1 ano e m
t o d e seus p r o g r a m a s e o b j e t i v o s . R e t o m a n - d o pelos r e n d i m e n t o s d o ópio na estratégia tâncias venenosas" (expressão e m p r e g a d a estabelecimento correcional adequado",
do o e x e m p l o anterior, a complacência, da balança de pagamentos i n t e r n a c i o n a l da no CP 1890, art. 159), c o m sabor de d e l i t o solução q u e viria a i n f l u e m iar a ainda v i -
indiferença o u m e s m o o a p l a u s o para c o m I n g l a t e r r a " ' ' . Sem n e n h u m a dúvida, a guerra
4
profissional dos boticários, p r e v e n t i v o d o gente Lei de Contravenções Penais (art. 62
r o t i n a s p o l i c i a i s d e aterrorização ^ e x t e r m í - d o ópio traz "a m a r c a da política" q u e a venefício, seja aquela esparsa e m posturas e par. ú n ) . Em c o r r e s p o n d e m ia a tal s o l u -
nio s i n a l i z a para a incorporação desses, i n s - m u n i c i p a i s , c o m o a proibição d o "pito-de- ção, os i n t o x i c a d o s " p o r substância vene-
v i a b i l i z o u : o f i c i a l m e n t e , a rainha Vitória
t r u m e n t o s p o r parte d a política social d e - p a n g o " pela Câmara d o Rio de Janeiro, e m nosa q u e tiver q u a l i d a d e e n t o t p e c e n l e " se
nada sabe da d r o g a , mas se p r e o c u p a s i m
s e n v o l v i d a - p o r m a i s q u e indignações o p o r - 1 8 3 0 ' " , a legislação a n t e r i o r a 1914 não sujeitavam a uma internação compulsória
c o m as violências e "injustiças" (leia-sc o
t u n i s t a s o u o sacrifício periódico d e bodes dispõe de massa n o r m a t i v a q u e p e r m i t a ex- "para evitar a prática de atos c r i m i n o s o s o u
c o n f i s c o d o ópio) c o n t r a seus súditos, e o
expiatórios p r o c u r e m sugerir coisa diversa. trair-lhe uma coerência programática espe- a c o m p l e t a perdição m o r a l " (art. 6 " , § 2"',
P a r l a m e n t o a u t o r i z a o e n v i o da frota para
cífica. a l . a). A regulamentação desse d e c r e t o
o b t e r "reparações" (leia-se indenização pela
E nosso o b j e t i v o c o m p r e e n d e r a política p e r d a d o s estoques de ópio c o n f i s c a d o s , legislativo, efetuada dois meses depois atra-
c r i m i n a l para drogas n o Brasil e seus refle- a f i n a l a v a l i a d o s e m seis milhões de dóla- Tendo o Brasil subscrito, no próprio a n o vés do decreto n" 1 4 . 9 6 9 , de l . s e t . 2 1 , pre-
xos n o d i r e i t o e n o processo p e n a l ; c o m o res, c o n f o r m e o a r t i g o 4 " d o t r a t a d o d e cie 1 9 1 2 , o p r o t o c o l o s u p l e m e n t a r d e assi- via a criação do Sanatório para toxicóma-
se s a b e , e n c o n t r a m o s h o j e u m a política c r i - N a n q u i m , c u j o a r t i g o 3" entregava a i l h a naturas da Conferência I n t e r n a c i o n a l d o nos" no Distrito Federal, mas e n q u a n t o isso
m i n a l (sem t r o c a d i l h o ) dependente d e cer- d e H o n g K o n g à soberania i n g l e s a ) " . A c o n - Ópio, realizada c m Haia, o d e c r e t o n" não oroiresse as internações dos i n t o x i c a -
tas articulações i n t e r n a c i o n a i s , q u e gosta d e dução das operações m i l i t a r e s também re- 2 . 8 6 1 , de 8 . j u l . 1 4 , s a n c i o n o u a Resolução dos - que estavam sujeitos à interdição - se
apresentar-se c o m o u m a g u e r r a . D e f a t o , vela "a m a r c a da política", o b j e t i v a n d o u m a d o Congresso N a c i o n a l q u e aprovara a ade- d a r i a m na Colónia d e Alienados (art. 9", §
se o l h a r m o s o atual cenário a m e r i c a n o , q u e asfixia e m s u p r i m e n t o s externos e u m gra- são. Através d o d e c r e t o n" 11.481, de 5"). Este decreto 14.969/21 d i s p u n h a t a m -
política c r i m i n a l é essa q u e c o n t e m p l a o p e - d u a l avanço de posições ( f a v o r e c i d o p e l o Kl.íev. 15 - q u e m e n c i o n a v a "o abuso cres- bém sobre c o n t r o l e das substâncias e n t o r -
rações m i l i t a r e s e m territórios estrangeiros, fosso tecnológico) que conduza á rendi- cente do ópio, da m o r f i n a e seus d e r i v a - pecentes nos despachos alfandegários e n o
q u e distingue grupos aliados e beligeran- ção e a o a c o r d o para as "reparações"; não dos, b e m c o m o da cocaína" -, W e n c e s l a u varejo das farmácias, n u m esboço q u e se-
tes, p r o m o v e a c u m u l a ç ã o e intercâmbio d e era u m a c a m p a n h a para destituir o gover- Braz d e t e r m i n a v a a observância da C o n - ria r e n d i l h a d a m e n t e d e s e n v o l v i d o nos anos
informações e m p l a n o i n t e r n a c i o n a l e i n - n o n e m destruir a nação chinesa (o Parla- venção. É nesta ocasião q u e a política c r i - trinta - c o m o já veremos mais p o r m e n o r i -
tervenção p e r m a n e n t e da r e d e diplomáti- m e n t o não declarara guerra à C h i n a ) , e p o r m i n a l brasileira para drogas começa a a d - z a d a m e n t e -, r e g u l a m e n t a n d o também o
c a , a d m i n i s t r a orçamentos astronómicos, mais q u e os d o c u m e n t o s oficiais o d i s s i m u - q u i r i r uma configuração deíinida, na d i r e - p r o c e d i m e n t o judiciário (art 15 ss) e pre-
celebra crescentemente tratados q u e ver- l e m , a estratégia incluía a sobrevivência d o ção de u m m o d e l o q u e c h a m a r e m o s " s a n i - v e n d o ainda, e m seu artigo 8 , responsabi-
sam desde compromissos criminalizadores Eslado-devedor e dos c o n s u m i d o r e s de ópio tário", e que prevalecerá por m e i o século. lização c o m o autores d o d r o g u i s t a , d o far-
até erradicação d e c u l t u r a s e extradições, que h a v i a m criado aquele mercado apa- macêutico, do prático, de " q u a l q u e r o u t r o
p a s s a n d o p o r p a t r u l h a s marítimas e helicóp- rentemente infinito. Seis anos d e p o i s , o d e c r e t o legislativo c o m e r c i a n t e " e f i n a l m e n t e d<> " p a r t i c u l a r "
teros, e na q u a l se p r e t e n d e e n v o l v e r a cada n 4.294, de 6 . j u l . 2 1 , sancionado por que, c o n f o r m e o caso, vendesse, expuses-
d i a m a i s i n t e n s a m e n t e as forças armadas? Se é r e l a t i v a m e n t e fácil perceber "a mar- Epitácio Pessoa, revogaria o artigo 159 d o se à venda o u ministrasse tais substâncias,
ca da política" d i a n t e d e u m a guerra e m CP 1890 para i n t r o d u z i r a hipótese na q u a l e n q u a n t o o " p o r t a d o r c o e n t i e g a d o r " seri-

Clausewilz observou, c o m finura, que favor d o tráfico de drogas, as coisas se c o m - "a substância venenosa tiver q u a l i d a d e e n - am p u n i d o s c o m o autores, e m caso de a u -

" a guerra é u m i n s t r u m e n t o d a política: ela p l i c a m q u a n d o p r e t e n d e m o s p e r c e b e r as torpecente, c o m o o ópio e seus derivados, xílio necessário, o u c o m o ( u m p l i c e s sob
traz necessariamente a m a r c a desta políti- características da política c r i m i n a l q u e e l e - a cocaína e seus d e r i v a d o s " (art. 1 ", par. q u a l q u e r outra m o d a l i d a d e p a r t i c i p a t i v a :
c a " " . Tomemos a p r i m e i r a guerra d o ópio,
1 geu a própria guerra c o m o método, da p o - ún.); foi então q u e a expressão " e n t o r p e - estas disposições sobre autoria e p a r t i c i p a -
q u e c o m e ç a e m 1 8 3 9 , o i t o anos após a lítica c r i m i n a l q u e se vê e se pretende guer- c e n t e " i n i c i o u sua longa e polissémica car- ção tiveram p o r v e n t u r a a função de e l i m i -
nar t o d a d ú v i d a sobre o caráter c o m u m , retenção das r e c e i t a s q u e prescrevessem da receita (art. 3", § 4 " ) . Todo o f l u x o i m - h o r i z o n t e c u l t u r a l b e m d e f i n i d o , sem s i g n i -
não e s p e c i a l ( p r o f i s s i o n a l ) d o crime. substâncias e n t o r p e c e n t e s , a serem conser- p o r t a d o r era c o n c e n t r a d o na alfândega d o ficação económica, q u e desatava a repre-
vadas " p e l o médico o u p e l o farmacêutico" Rio de Janeiro (arts. 11 e 14), e q u a l q u e r sentação social de u m " u n i v e r s o m i s t e r i o -
M a s o passo d e c i s i v o foi dado c o m o (art. V I , a l . c). A convenção d e c o r r e n t e da substância p r o i b i d a d e s t i n a d a a alguém so", c o m o disse Rosa dei O l m o ' " , e mórbi- 1

decreto n° 2 0 . 9 3 0 , d e 11 . j a n . 3 2 , c u j a s nor- Conferência d e 1 9 3 1 trataria de r e g u l a m e n - d e s p r o v i d o d o c e r t i f i c a d o de importação era d o . (A m a c o n h a , e m b o r a c o n t e m p l a d a na


mas c r i m i n a l i z a d o r a s s e r i a m consolidadas tar desde os stocks d e Estado (art. I, i t e m considerada c o n t r a b a n d o (art. 1 9 ) . Para listagem dos artigos p r i m e i r o s , estava fora
por V i c e n t e P i r a g i b e , n o espaço d o r e v o - 4 " ; art. IV, i t e m 2") até os rótulos de c o m e r - p o d e r i n t e r c a m b i a r informações, o Depar- desse c i r c u i t o , p o r q u e era c o n s u m i d a p e -
gado a r t i g o 1 5 9 d o CP 1 8 9 0 . O d e c r e t o n" cialização das drogas (art. XIX), b e m c o m o t a m e n t o N a c i o n a l da Saúde Pública c o o r - los pobres, o u , para usar as palavras aristo-
2 0 . 9 3 0 , d o q u a l a l g u n s d i s p o s i t i v o s seriam u m a troca de informações entre os países denaria dados estatísticos e o r g a n i z a r i a "a cráticas de H u n g r i a , por "gente de m a c u m -
alterados pelo decreto n" 2 4 . 5 0 5 , de " s o b r e t o d o caso d e tráfico ilícito d e s c o - lista dos indivíduos i m p l i c a d o s no tráfico" bas o u da boémia d o troisième dessous"" '; 1

2 9 . j u n . 3 4 , teve sua estrutura i n t e i r a m e n t e b e r t o " (art. XXIII). E a convenção d e c o r r e n - era a "erva d o n o r t e " q u e figura n u m s a m -
(arts. 54 e 5 5 ) . O d e c r e t o n" 2 4 . 5 0 5 , de
r e a p r o v e i t a d a p e l o d e c r e t o - l e i n° 8 9 1 , d e te da Conferência d e 1 9 3 6 se o c u p a v a p r i n - ba de W i l s o n Baptista dos anos trinta.) N ã o
2 9 . j u n . 3 4 , q u e alterou algumas disposições
2 5 . n o v . 3 8 , q u e o r e v o g a r i a . N o q u e tange c i p a l m e n t e dos p r o b l e m a s de extraterritori- é, c o n t u d o , apenas pela consideração d o
d o decreto n" 2 0 . 9 3 0 , de 1 1 . j u n . 3 2 , preo-
às n o r m a s c r i m i n a l i z a d o r a s , a estrutura p r o - a l i d a d e c o l o c a d o s pela repressão d o tráfi- v i c i a d o c o m o d o e n t e (ainda q u e t a [ c o n s i -
cupou-se c o m q u e as r e c e i t a s fossem
posta p e l o s três d e c r e t o s d o s anos t r i n t a , c o i n t e r n a c i o n a l v e r s a n d o , entre outros tó- deração reforce o a r g u m e n t o , c o m o vere-
grafadas " e m caracteres legíveis", c o m
s u b m e t i d a a u m a c i r u r g i a técnico-jurídica, p i c o s , extradição e reincidência i n t e r n a c i - mos) q u e este m o d e l o , no qual autoridades
"identificação e residência d o médico e d o
conduzirá à sóbria fórmula d o a r t i g o 2 8 1 o n a l (arts. V I , V I I , VIII e IX). sanitárias, policiais e judiciárias e x e r c e m -
e n f e r m o " (art. 3"), e lançada n u m " p a p e l
do CP 1 9 4 0 . às vezes, f u n g i v e l m e n t e - (unções contínu-
o f i c i a l " , " f o r n e c i d o g r a t u i t a m e n t e pela re-
Nossa legislação interna c o r r e s p o n d e n - as, merece a designação de sanitário: é q u e
partição sanitária l o c a l " (art. 3", §§ 4 " e 5").
É i m p o r t a n t e ressaltar q u e esta sucessão te não passa d e u m a ressonância, c e r t a - se p o d e perceber claramente o a p r o v e i t a -
O decreto-lei n" 8 9 1 , d e 2 5 . n o v . 3 8 , recicla
d e d e c r e t o s e x p r i m e a influência das s u - mente decorada com as volutas do mento de saberes e técnicas higienistas, para
e revoga o decreto n" 2 0 . 9 3 0 , de 11 . j u n . 3 2
c e s s i v a s c o n v e n ç õ e s i n t e r n a c i o n a i s . Após b a c h a r e l i s m o t r o p i c a l , porém u m a assumi- as quais as barreiras alfandegárias são i n s -
( m o d i f i c a d o p e l o d e c r e t o n" 2 4 . 5 0 5 , de
a Conferência d e H a i a , d e 1 9 1 2 , sucede- t r u m e n t o estratégico no c o n t r o l e de e p i d e -
da ressonância dessas convenções. O d e - 2 9 . j u n . 3 4 ) , f i e l à m e s m a orientação das
ram-se, s o b os auspícios d a Liga das N a - mias, na m o n t a g e m de tal política c r i m i n a l ;
creto n" 20.930, de 11.jan.32, mal enun- convenções (temos agora o "stock d o Esta-
ções, conferências " c o m p l e m e n t a r e s " e m não por acaso, o d e c r e t o n" 2 0 . 9 3 0 , d e
c i a d a a lista das "substâncias tóxicas entor- d o " - arts. 11 e 12), c a p i l a r i z a n d o o c o n -
Genebra, e m 1 9 2 5 , 1 9 3 1 e 1 9 3 6 , todas 11 j u n . 3 2 , converteu a drogadição e m d o -
pecentes e m g e r a l " , trata d e d e i x a r c l a r o trole alfandegário ("guardados d e b a i x o de
subscritas p e l o Brasil e p r o m u l g a d a s i n t e r - ença de notificação compulsória (art. 4 4 ) ,
sua revisão periódica " d e a c o r d o c o m a chave, sob i m e d i a t a r e s p o n s a b i l i d a d e d o
namente . A influência d e tais convenções não por acaso a retenção de partidas i t r e -
171
evolução da química-terapêutica" (art. I " , fiel d o armazém"- art. 10, $ 5"). acrescen-
sobre a legislação p e n a l brasileira - essa i n - gulares sabe a quarentena, e a m a n i p u l a -
par. ún.); a licença especial para o f a b r i c o t a n d o a exigência de " g u i a de trânsito de
ção dos extraditandos evoca as precauções
ternacionalização d o c o n t r o l e a r g u t a m e n t e o u comercialização (art. 2") b e m c o m o o e n t o r p e c e n t e s " para v e n d a s internas (art.
c o m os c o n t a m i n a d o s . C o n s t i t u i r i a u m ob-
p e r c e b i d a p o r Saio d e C a r v a l h o ' ' - chegara
8
c e r t i f i c a d o de importação (art. 8"), registra- 16), e de m a i o r a p u r o na escrituração d a -
jeto autónomo de estudo aprofundar as c o r -
p a r a ficar, e não só c a r a c t e r i z a r i a l o d o o d o e m l i v r o próprio (art. 1 0 , § 2", e art. queles livros ("sem rasuras o u emendas"- r e s p o n d e m ias entre medidas dessa política
período d o m o d e l o sanitário c o m o subsisti- 2 1 ) , c o m v a l i d a d e a n u a l (art. 15, par. ú n ) , art. 17, § 2"). c r i m i n a l e, no m o v i m e n t o coetâneo d e me-
r i a , c o m r e f e r e n c i a i s d i s t i n t o s , à própria r e - estão c o n t e m p l a d o s e r e g u l a m e n t a d o s . A
dicalização das instituições, medidas h i g i e -
f o r m a d o m o d e l o político-criminal, até p o r - v e n d a a o público d e p e n d e de receita, q u e O q u e se d e p r e e n d e c o m clareza de lais nistas sobre contágio e i n l e i ção n o Rio da
que, c o m o veremos oportunamente, o m o - não é restituída mas s i m registrada, c o m normas é u m a concepção sanitária de c o n - febre amarela c da varíola, b e m c o m o a
d e l o seria r e f o r m a d o d e fora para d e n t r o . número d e o r d e m , e m l i v r o " d e s t i n a d o es- trole d o tráfico, de u m tráfico q u e se a l i - elaboração teórica racista da Liga Brasileira
p e c i a l m e n t e a esse f i m " (art. 3", § 1 ) , l i v r o menta d o desvio da d r o g a de seu f l u x o de Higiene M e n t a l , f u n d a d a e m 1 9 2 3 , cujos'
I m p o r t a agora ressaltar a influência das este q u e d e v e ser a b e r t o , e n c e r r a d o e r u - a u t o r i z a d o . As drogas estavam nas prate- m e m b r o s , c o m o adverte Freire Costa, so-
c o n v e n ç õ e s i n t e r n a c i o n a i s sobre o d i r e i t o b r i c a d o pela a u t o r i d a d e sanitária o u , e m leiras das farmácias o u nos " s t o c k s " de uma n h a v a m c o m " u m sistema m e d i c o - p o l i c i a l "
interno. A convenção decorrente da C o n - sua falta, p e l o " j u i z t o g a d o de p r i m e i r a ins- indústria q u e apenas suspeitava de seu f u - para trabalhar u m de seu tópicos favoritos,
ferência d e 1 9 2 5 c o m p r o m e t i a os países tância mais a n t i g o na c o m a r c a o u t e r m o " turo sucesso c o m e r c i a l , e boticários, práti- o alcoolismo " .
subscritores c o m u m a revisão periódica d e (art. 3", § 2"); tais l i v r o s , além disso, estari- cos, f a c u l t a t i v o s ' " , fiéis de armazém e f u n -
suas leis e r e g u l a m e n t o s (art. II); c o m a fis- a m " p e r m a n e n t e m e n t e sujeitos à inspeção cionários da alfândega" ' são os persona-
0

c a l i z a ç ã o da exportação e importação, d e das autoridades sanitária, p o l i c i a l e judiciá- gens q u e abastecem d e opiáceos o u c o c a - O usuário d e d r o g a s , d e p e n d e n t e o u
sorte a q u e fossem e x p e d i d a s autorizações ria, i n c l u s i v e o Ministério P ú b l i c o " (art. 3", ína grupos r e d u z i d o s e exóticos, i n t e l e c t u - e x p e r i m e n t a d o r , não era c r i m i n a l i z a d o , e
específicas (art. IV, a l . b e arts. XII e XIII); § 3"), e é c l a r o q u e da etiqueta c o m e r c i a l ais, filhos d o b a r o n a t o a g r o e x p o r t a d o r e d u - H u n g r i a , q u e t r a n s p l a n t o u o princípio para
c o m o registro nos l i v r o s m e r c a n t i s e c o m a da d r o g a deve constar o número de o r d e m cados na Europa, artistas: u m hábito c o m o CP 1 9 4 0 , e x p l i c a v a por q u e : " o v i c i a d o

RH
i

ítual (ji toxicómano ou ilmplts Intoxicado potfcla podia tomar a Iniciativa da efetuar meação do curador para c a i o s de slmplei poderia ter por exemplo o "receituário ofi-
habitual) é um doente que precita d e trata- "a prévia e Imediata Internaçlo f u n d a d a no i n t e r n a ç l o , ató a Interdição p l e n a , c o m cial") e e m outras como infração I n d e t e r m i -
mento, e n ã o d e p u n i ç ã o (...) o a i n d a não l a u d o de exame, e m b o r a sumário, eíetua- equiparação aos a b s o l u t a m e n t e incapazes nada a n o r m a técnica ( " e m dose e v i d e n t e -
v i c i a d o n ã o d e i x a d e s e r u m a vítima d o d o p o r d o i s médicos idóneos" (art. 2 9 , § (art. 3 0 , § 5"), estava o i n t e r d i t o sujeito a m e n t e mais e l e v a d a q u e a necessária o u
p e r i g o d e ser e m p o l g a d o p e l o v í c i o , e n ã o 4 ° ) , d e v e n d o instaurar-se o p r o c e d i m e n t o l i c e n c i a m e n t o temporário d o cargo públi- fora dos casos i n d i c a d o s pela terapêutica"):
u m c r i m i n o s o " " . C o m o e r a m tratados esse
4 1
j u d i c i a l e m c i n c o dias após a internação, c o q u e ocupasse (art. 3 1 ) . Esta síntese das n e m o p o l i m e n t o gramatical a p l i c a d o p o r
d o e n t e e essa vítima? E s t a b e l e c i d o q u e a levada a e f e i t o " e m h o s p i t a l o f i c i a l para p s i - regras q u e d i s c i p l i n a v a m as respostas jurí- H u n g r i a resgataria os vícios desse t i p o , i n -
t o x i c o m a n i a era doença d e notificação c o p a t a s " o u p a r t i c u l a r f i s c a l i z a d o (art. 2 9 , dicas à drogadição d i s p e n s a m qualquer d i c a d o r da importância d o e i x o médico-
compulsória, e s t a v a m o s usuários d e d r o - § 6 " ) . A s i m p l e s necessidade d e " o b s e r v a - o u t r o a r g u m e n t o q u a n t o à adequação da farmacêutico n o acesso às drogas ilícitas.
gas s u j e i t o s a internação, q u e p o d e r i a ser ç ã o médico-legal" a u t o r i z a v a o j u i z a o r - d e s i g n a ç ã o " m o d e l o s a n i t á r i o " . E m sua Aliás, o profissional q u e prescrevesse
obrigatória o u f a c u l t a t i v a , p o r t e m p o d e t e r - denar, a internação (§ 5"). Todo d i r e t o r d e m o n o g r a f i a sobre o a l c o o l i s m o , o p r i m e i r o " c o n t i n u a d a m e n t e " substâncias e n t o r p e c e n -
m i n a d o o u não (dec. 20.930/32, art. 4 5 ) : h o s p i t a l q u e recebesse toxicómanos para Evaristo d e Moraes designava tal sistema por tes poderia v e r s e " d e c l a r a d o suspeito" pelai
o decreto-lei n" 8 9 1 , d e 17.ago.38, p r o i b i - t r a t a m e n t o estava o b r i g a d o a c o m u n i c a r o "assistência c o a c t i v a " , s e m e l h a n t e - d i z i a autoridade sanitária, sendo seu receituário
ria " o t r a t a m e n t o d e toxicómanos e m d o - fato à a u t o r i d a d e sanitária, q u e p o r seu tur- ele - "à q u e se a p l i c a hoje aos pestosos, e s u b m e t i d o a "fiscalização especial e r i g o -
m i c í l i o " (art. 2 8 ) . A improvável internação n o o t r a n s m i t i r i a à polícia e a o Ministério q u e se aplicará, n o f u t u r o , aos siíilíticos e m rosa (...) f i c a n d o as farmácias p r o i b i d a s d e
facultativa "a r e q u e r i m e n t o d o interessado" P ú b l i c o ; o d i r e t o r , na l i n h a d o c o n t r o l e b u - período d e contágio" "' . 1 1
aviar-lhe as receitas sem o visto da a u t o r i -
a b r i a espaço p a r a q u e parentes "até o q u a r - rocrático e suspeição g e n e r a l i z a d a , deve- dade sanitária l o c a l " (art 29). A i m p o r t a -
to grau colateral i n c l u s i v e " (dec. 2 0 . 9 3 0 / ria c o m u n i c a r " a q u a n t i d a d e d e d r o g a i n i - ção de entorpecentes por via aérea, o u pos-
E x a m i n e m o s , p o r f i m , as n o r m a s penais.
3 2 , art. 4 5 , § 3 ) dispusessem de u m preci- cialmente ministrada" e quinzenalmente "a t a l , o u q u a l q u e r o u t r a inobservância das
O decreto 4 . 2 9 4 / 2 1 , abstraídos os casos d e
o

oso instrumento d e c o n t r o l e intrafamiliar, diminuição feita na toxi-privação progressi- regras próprias era p u n i d a c o m u m a pena
e m b r i a g u e z previstos, se restringia a p u n i r
através d e u m a d e l a ç ã o c o m repercussão va"(§§ 7" e 8 ° ) . Se o ingresso e m tais noso- fixa d e q u a t r o anos d e prisão celular (art.
as c o n d u t a s d e "vender, e x p o r à v e n d a o u
patrimonial, uma vez que a simples cômios parecia bastante f a c i l i t a d o , a saída 3 0 ) . Toda violação aos r e g u l a m e n t o s d e
m i n i s t r a r " as "substâncias venenosas q u e
internação, d e c r e t a d a p e l o j u i z , levava-o a era c o m p l i c a d a , d e p e n d e n d o sempre ( a i n - c o n t r o l e era punível c o m m u l t a , e na r e i n -
tivessem q u a l i d a d e e n t o r p e c e n t e " : a posse
n o m e a r "pessoa idónea para a c a u t e l a r os d a q u e não apenas) d e u m a atestação m é - cidência prisão d e seis meses a d o i s anos
ilícita não era p u n i d a " . Já o d e c r e t o n"
interesses d o i n t e r n a d o " , c o m " p o d e r e s d e
7 1

d i c a d e c u r a ; a pretensão d e retirar-se v o - (art. 32). O tráfico e a importação irregular


20.930, de 11.jan.32, promoveu uma i n -
administração", p o d e n d o o m a g i s t r a d o , f u n - luntariamente o paciente d e v e r i a ser eram inaíiançáveis (art. 3 1). O c o n d e n a d o ,
tervenção p e n a l m u i t o mais a m p l a e drásti-
d a d o e m laudo médico, autorizar a outor- c o m u n i c a d a a o j u i z p e l o d i r e t o r d o estabe- por q u a l q u e r d e l i t o , q u e fosse funcionário i
ca. O tipo básico d o tráfico começa a a c u -
ga d e " p o d e r e s expressos n o s casos e n a l e c i m e n t o particular, seguindo-se sua trans- público perderia o cargo; se fosse a l u n o d e
m u l a r núcleos ("vender, ministrar, dar, t r o -
f o r m a d o a r t i g o 1 . 2 9 5 d o Código C i v i l " , ferência forçada (§ 9 ° ) ; a d i s c i p l i n a d o d e - e s t a b e l e c i m e n t o de e n s i n o " d e q u a l q u e r
car, ceder o u , d e q u a l q u e r m o d o , p r o p o r -
isto é , a l i e n a r e h i p o t e c a r bens, e n t r e o u - creto n" 2 0 . 9 3 0 , d e 11.jan.32, outorgava grau, público o u p a r t i c u l a r " , seria excluído
c i o n a r " - art. 2 5 ) , a n t e c i p a n d o o fenómeno
tros ( d e c . l e i 8 9 1 / 3 8 , a r t . 3 0 ) . A internação ao d i r e t o r d o h o s p i t a l p a r t i c u l a r n o q u a l o e teria a matrícula trancada p e l o t e m p o d a
q u e Z a f f a r o n i designará p o r "multiplicação
obrigatória, c o n t u d o , e r a m u i t o m a i s drásti- toxicómano se h o u v e r a i n t e r n a d o f a c u l t a t i - pena (arts. 34 e 37). A tentativa se e q u i p a -
c a : v e j a m o s c o m o a t r a t o u o decreto-lei n " dos v e r b o s " " " , além d e c o n t e m p l a r t o d o e
rava ao c r i m e c o n s u m a d o (art. 18), c não
1

v a m e n t e o p o d e r d e , d i s c o r d a n d o da alta,
8 9 1 , de 25.nov.38. q u a l q u e r i n d u z i m e n t o o u instigação ao uso.
o f i c i a r a o Ministério P ú b l i c o " m a n t i d a a cabia sursis n e m l i v r a m e n t o c o n d i c i o n a l (art.
Os iníratores médicos, cirurgiões-dentistas,
internação p e l o p r a z o d e c i n c o d i a s " (art. 35). A reincidência agravava ao dobro a
farmacêuticos o u q u e m i l i t a s s e m e m q u a l -
4 6 , § 7 " ) ! Q u a n d o a alta era c o n c e d i d a , a pena (art. 39), e o estrangeiro r e i n c i d e n t e
Prevista também p a r a a hipótese d e a l - q u e r profissão o u arte q u e favorecesse a
a u t o r i d a d e sanitária n o t i f i c a v a a polícia seria expulso d o território nac i o n a l (art. 4 0 ) .
c o o l i s m o , a internação obrigatória d e p e n - prática d o c r i m e sujeitavam-se ainda à sus-
" p a r a e f e i t o d e vigilância" ( d e c . l e i 8 9 1 / 3 8 , O sistema d e t r a t a m e n t o i n s t i t u c i o n a l i z a d o
d i a d e representação d a a u t o r i d a d e p o l i c i - pensão temporária d o exercício p r o f i s s i o -
art. 2 9 , § 10). C a b i a , é c l a r o , a o i n t e r n a d o e interdição d e i n t o x i c a d o s faz surgir a
a l o u d o Ministério P ú b l i c o , e c a b i a " q u a n - nal (no caso dos médicos, por 4 a 11 anos).
q u e se entendesse c u r a d o u m a reclamação m o d a l i d a d e de cárcere p r i v a d o consistente
d o provada a necessidade de tratamento A posse ilícita f o i c r i m i n a l i z a d a (art 2 6 ) ,
para p o s t u l a r d o j u i z o e x a m e p e r i c i a l q u e na internação e x t r a j u d i c i a l " s o b o falso pre-
adequado ao enfermo o u quando for c o n - b e m c o m o a prestação d e l o c a l (art. 27) e a
l h e a b r i r i a as portas d o e s t a b e l e c i m e n t o (§ texto d e t r a t a m e n t o " (art. 4 3 ) , q u e será r e -
v e n i e n t e à o r d e m p ú b l i c a " (art. 2 9 , §§ 1° e receita fictícia (art. 2 8 ) : aí está o f i g u r i n o d o
13) I n c o n t e s t a v e l m e n t e , a alta d o paciente c o l h i d o p e l o CP 1940 c o m o f o r m a q u a l i f i -
2 ° ) , s e n d o aplicável i g u a l m e n t e às situações artigo 281 CP 1 9 4 0 . A receita íictícia c o n -
não e r a u m a decisão médica e s i m u m a cada (art. 1 4 8 , § 1 " , inc II). O c o n t e x t o
de i n i m p u t a b i l i d a d e vinculadas a o abuso sistia n u m c r i m e d e p e r i g o p r e s u m i d o , c o n s -
decisão j u d i c i a l , assimilável a u m alvará d e moralista dessa legislação não p o d e ser mais
d e d r o g a s , na ocasião s u b m e t i d a s à fórmu- truído n u m a m o d a l i d a d e c o m o n o r m a p e -
s o l t u r a , i n f o r m a d a p o r u m parecer médico v i s i v e l m e n t e d e m o n s t r a d o q u e pela trans-
la d a " c o m p l e t a perturbação d e sentidos e n a l e m b r a n c o ("prescrever o uso d e q u a l -
(art. 3 ° , § 4 " ) . A l é m d o deficit imposto a crição da agravante prevista n o artigo 3 6 :
d e inteligência" d a Consolidação d a s Leis quer substância entorpecente com
sua c a p a c i d a d e jurídica, v a r i a n d o d a n o - "a procura da satisfação d e prazeres sexu-
Penais"*'. D i a n t e d e " c a s o s urgentes"(?) a
preterição d e f o r m a l i d a d e necessária", q u e

82
ais, n o s c r i m e s d e q u e trata este d e c r e t o , 1 9 4 6 , e o decreto-lei n " 2 0 . 3 9 7 , d e 14 d e nuassem a operar r e s i d u a l m e n t e . efetividade d e seus porões, ultrapassam os
constituirá circunstância a g r a v a n t e " . j a n e i r o d e 1 9 4 6 . O p r i m e i r o fixava as " n o r - objetivos desse estudo, porém é preciso r e -
mas gerais para o c u l t i v o d e plantas e n t o r - Não foi o acaso q u e r e u n i u , nos m o v i - colher u m de seus conceitos - o d e " i n i m i -
O decreto n° 24 . 5 05 , d e 29.jun.34, que pecentes e para a extração, transformação mentos c o n t r a c u l t u r a i s j o v e n s dos anos ses- go i n t e r n o " - q u e , intensamente v i v e n c i a d o
i n t r o d u z i u a l g u m a s modificações, e o d e - e p u r i f i c a ç ã o d e seus p r i n c í p i o s a t i v o - senta, a generalização d o c o n t a c t o c o m a pelos operadores p o l i c i a i s , militares e j u d i -
creto n ° 8 9 1 , d e 2 5 . n o v . 3 8 , q u e r e v o g o u o d r o g a e a denúncia pública d o s horrores ciários no âmbito dos delitos políticos, trans-
terapêuticos"; o segundo alterava o d e c r e -
d e c r e t o n " 2 0 . 9 3 0 , d e 1 1 . j a n . 3 2 , não a l t e - bordará para o sistema penal e m geral, e
to-lei n " 8 9 1 , d e 25 d e n o v e m b r o d e 1 9 3 8 , da guerra, e a derrota d e tais m o v i m e n t o s
r a r a m s u b s t a n c i a l m e n t e essa p r o p o s t a , s a l - sobreviverá à própria guerra fria. N o d i s -
c e n t r a l i z a n d o e m d e t e r m i n a d a repartição não pode ser m e l h o r representada que pela
v o n a criminalização d o c o n s u m o , u m ver- curso de uma alta patente militar da época,
pública o p o d e r d e a u t o r i z a r importação e política c r i m i n a l q u e resolveu opor-se à d r o -
b o a m a i s na n o v a m u l t i p l i c a ç ã o q u e se o " u s o de tóxicos" - ao l a d o , claro está, d o
exportação d e entorpecentes para " d r o g a - ga c o m os métodos d a guerra. Refugindo
o p e r o u " ' " , q u e não p r o d u z i r i a efeitos práti- " a m o r l i v r e " - c o n s t i t u i lática da guerra r e -
rias, laboratórios, farmácias e e s t a b e l e c i - por c o m p l e t o aos limites desse trabalho u m a
c o s f a c e à próxima vigência d o C P 1 9 4 0 . volucionária contra a "civilização cristã"" ' .
mentos fabris", e o terceiro regulamentava análise d o s c o n f l i t o s e contradições q u e
1 1

Registre-se, p o r o u t r o l a d o , a eliminação
a indústria farmacêutica n o país, detendo- e x p l o d i r a m naqueles m o v i m e n t o s , é i n d i s -
d a expulsão automática para réus estudan- Em 19í>8, treze dias depois d o A t o Insti-
se, nos artigos 19 a 2 6 , sobre os laboratóri- pensável u m a referência ao c a p i t a l i s m o i n -
tes. O s processos c r i m i n a i s , n o D i s t r i t o Fede- t u c i o n a l n" 5, o e d i t o m i l i t a r que m i n i s t r o u
os q u e fabricassem especialidades c o n t e n - dustrial d e guerra. C o m o se sabe, a c h a -
r a l , e r a m d a atribuição d a P r o c u r a d o r i a dos o coi/p-cfe-grâce na d e m o c r a c i a represen-
do entorpecentes. N o peculiar quadro da m a d a " g u e r r a f r i a " p r o d u z i u nos Estados
Feitos d a Saúde Pública (art. 5 8 , d e c . 2 0 . 9 3 0 / tativa e garroteou a u m só t e m p o as g a r a n -
industrialização restringida brasileira, a c o n - U n i d o s - e fixamo-nos nos Estados U n i d o s
3 2 ) , e u m d i s p o s i t i v o d o d e c . 891/38 sela o tias i n d i v i d u a i s , a liberdade de expressão e
versão da d r o g a e m m e r c a d o r i a d e u m l a d o p o r q u e o chanceler brasileiro d i z i a e m 1966
c o m p r o m i s s o médico-criminal desse m o d e - o Poder Indiciário, o decreto lei n" 3 8 5 , d e
s i n a l i z a v a os b o n s negócios futuros n o â m - q u e " o q u e é b o m para os Estados U n i d o s
l o : "as autoridades sanitárias e p o l i c i a i s pres- 2b de d e z e m b r o , alterava o artigo 2 8 1 CP.
b i t o s i l e n c i o s o e lícito das íármaco-depen- é b o m para o Brasil" - u m a aliança de seto-
tarão auxílio recíproco nas diligências q u e Além da introdução d e mais alguns verbos
dências, e d e o u t r o l a d o contribuía para res m i l i t a r e s e i n d u s t r i a i s para a q u a l a
se t o m a r e m necessárias a o b o m c u m p r i m e n t o no l i p o de injusto d o tráfico ("preparar, p r o -
dissipar o p r o t a g o n i s m o dos próprios o p e - iminência d a guerra era condição de d e -
d o s d i s p o s i t i v o s desta l e i " (art. 6 3 ) . d u z i r " ) , e de sua ampliação para as maléri-
radores sanitários n o comércio das c h a m a - s e n v o l v i m e n t o , a o p o n t o d o fracasso das
conferências sobre d e s a r m a m e n t o n o f i n a l as-primas, a n o v i d a d e eslava na e q u i p a r a -
das substâncias e n t o r p e c e n t e s , s e g u n d o a
Sobrevêm o CP 1 9 4 0 , q u e confere à dos anos c i n q u e n t a repercutir f a v o r a v e l m e n - ção quoad p o e n a m d o usuário - d a q u e l e
lógica - basta recordar Freud e a cocaína -
matéria u m a d i s c i p l i n a e q u i l i b r a d a , não só te e m Wall Street"' ; s e g u n d o Leonlief, o q u e "Iraz consigo, para uso próprio, subs-
de q u e a d r o g a é a cura d a d r o g a " . 01 1

optando por descriminalizar o consumo de gasto m i l i t a r m u n d i a l d u p l i c o u entre 1951 tância entorpecente"- ao traiic ante. Cerca
d r o g a s , mas também c o m u m sóbrio recor- e 1 9 7 0 . passando d e c e m bilhões a d u z e n - de seis meses d e p o i s , o decreto-lei n" 7 5 3 ,
I l l - O m o d e l o bélico
te d o s t i p o s legais, observando-sc i n c l u s i v e tos bilhões de dólares'-'". Estas c ifras fantás- de I 1 de agosto d e 1 9 6 9 , estabelecia fisca-
u m a redução d o número d e v e r b o s c m c o m - ticas, nesse período f o r t e m e n t e c o n c e n t r a - lização p o l i c i a l sobre os laboratórios cujos
A e s c o l h a d e 1964 c o m o m a r c o divisó-
p a r a ç ã o c o m o a n t e c e d e n t e i m e d i a t o (dec. das nos d o i s b l o c o s d e c u j o a n t a g o n i s m o produtos contivessem substâncias e n t o r p e -
r i o e n t r e o m o d e l o sanitário e o m o d e l o
8 9 1 / 3 8 , a r t . 3 3 ) , redução t a n t o mais a d m i - d e p e n d i a m (Estado U n i d o s e O t a n de u m centes; neste d i p l o m a , a preocupação c o m
bélico d e política c r i m i n a l para drogas cer-
rável q u a n t o se o b s e r v a a fusão, n o a r t i g o lado e U n i ã o Soviética e Pacto d e Varsóvia as amostras grátis o c u p a v a a lunção q u e
t a m e n t e não se p r e n d e à edição d a l e i n "
2 8 1 CP, d o tráfico e d a posse ilícita n o m e s - de o u t r o ) , a g l u t i n a v a m interesses para os n o i m a g i n á r i o c a r i o c a d e h o j e t ê m os
4 . 4 5 1 , de 4 de novembro de 1964, que
m o dispositivo. N o contexto liberalizante quais era f u n d a m e n t a l não apenas a balciros das podas d e escolas.
acrescentou o verbo "plantar" ao artigo 281
d a redemocratização, após 1 9 4 6 , o t e m a CP. ( A i n d a q u e t e c n i c a m e n t e o c i o s a , c o m o militarização das relações i n t e r n a c i o n a i s , n o
I das d r o g a s c a i para u m s e g u n d o p l a n o . O l o g o registrou H e l e n o Fragoso, toda altera- campo d o q u e então se c h a m o u d e A equiparação quoad p o e n a m d o usuá-
e i x o mítico repressivo c e n t r a l a i n d a r e p o u - ção n o s e n t i d o d a "multiplicação dos ver- geopolítica, mas também ao nível i n t e r n o r i o a o traficante d e drogas p r o v o c o u a l g u -
sa - e assim permanecerá até os anos ses- b o s " é sintomática para o p a n p e n a l i s m o d a dos países i n c o r p o r a d o s . O i n s t r u m e n t o t e - ma reação n o escasso g r u p o de juristas e
senta - na " c o m p l e t a perdição m o r a l " o u p r o p o s t a , para o delírio d e u m a i l i c i t u d e órico desse p r o j e t o foi a d o u t r i n a da segu- magistrados q u e o u s a v a m insurgir-se c o n -
na predisposição para " a p r a c t i c a d e actos contínua e inescapável.) A escolha d e 1964 rança n a c i o n a l , e l a b o r a d a n o Brasil pela tra o regime autoritário. U m a das estratégi-
c r i m i n o s o s " d o d e c r e t o d e 1 9 2 1 , porém a se p r e n d e o b v i a m e n t e a o g o l p e d e estado Escola Superior d e Guerra, fundada e m 1949 as por eles utilizadas foi questionar a v a l i -
irrelevância estatístico-criminal d o tráfico e q u e c r i o u as condições para a implantação sob a inspiração d o National U'ar Colleue dade d o d e p o i m e n t o dos p o l i c i a i s q u e h a -
d o a b u s o d e d r o g a s n ã o a t r a i a atenção e c o m a ajuda d e u m a missão m i l i t a r a m e - v i a m p a r t i c i p a d o d a prisão e m llagranle d o
d o m o d e l o bélico, o q u e não significa q u e
d o s j u r i s t a s , dos criminólogos e m e s m o dos ricana'' . O autoritarismo da doutrina d a usuário, l e n d o se n o t a b i l i z a d o por suas sen-
m o t i v o s d o m o d e l o sanitário - m u i t o espe- 41

legisladores. Convém mencionar o decre- segurança n a c i o n a l , expressamente adota- tenças c seus trabalhos teóricos a respeito
c i a l m e n t e na c o n s i d e r a ç ã o d o "estereóti-
to-lei n" 4 . 7 2 0 , d e 21 d e s e t e m b r o d e 1 9 4 2 , da na legislação d e defesa d o Estado d u - o juiz Hélio S o d r é " " . O absurdo dessa e q u i -
po da dependência", m a g i s t r a l m e n t e des-
o d e c r e t o - l e i n " 8 . 6 4 6 , d e 11 d e j a n e i r o d e rante a d i t a d u r a m i l i t a r ", b e m c o m o a paração, m e s m o (ou p r i n c i p a l m e n t e ) dian-
c r i t o p o r Rosa d e i O l m o " " - n ã o c o n t i - 121
te d a visão " o f i c i a i " d o problema, não s e n - Q u a n t o às n o r m a s c r i m i n a l i z a d o r a s , s e m c i o n a l , p o r q u e é c r i m e d e lesa-pátria"'"'. A ria apelar sem recolher-se à prisão (art. 35).
s i b i l i z o u os legisladores da ditadura, c o m o perder a o p o r t u n i d a d e de acrescer u m relação entre a t o x i c o m a n i a e a "segurança As penas s u b i r a m estratosfericamente, i n d o
demonstraria sua m a n u t e n ç ã o pela lei n° v e r b i n h o a mais (dessa f e i t a , " o f e r e c e r " ) , as e o d e s e n v o l v i m e n t o " - a divisa política da a escala penal d o t i p o básico d o tráfico (art.
5 .726, d e 2 9 de outubro d e 1 9 7 1 . penas e r a m e l e v a d a s (a escala da receita 12) - ao q u a l se acresceram novos verbos,
d i t a d u r a - era assinalada p o r Sérgio d e O l i -
fictícia subia d e 6 meses a 2 anos para 1 a veira M e d i c i 1141 , e n q u a n t o C a r v a l h o Rangel " r e m e t e r " , " a d q u i r i r " e " p r e s c r e v e r " , este
D e s e j a m o s s e l e c i o n a r alguns aspectos 5 anos), criava-se a " q u a d r i l h a d e d o i s " q u e t o m a v a e m consideração "as medidas último porque a receita fictícia se
dessa lei n" 5 . 7 2 6 , d e 2 9 . o u t . 7 1 . Seu fa- até h o j e c o n s t i t u i u m p r o b l e m a técnico-ju- adotadas p e l o g o v e r n o a m e r i c a n o " para as- transmudaria e m c r i m e c u l p o s o (art. 15) -
m o s o artigo 1°, inspirado n o artigo 1" d a rídico, e mantinha-se a equiparação p e n a l sinalar a necessidade d e u m a " a ç ã o c o n - para a faixa d e 3 a 15 anos de reclusão e
" l e i " d e segurança n a c i o n a l vigente, c o m o e n t r e usuários e t r a f i c a n t e s , agora c o m o j u n t a " entre o judiciário e outras agências m u l t a . U m a m o d a l i d a d e de apologia, o r i u n -
observou Celso Del manto' ", que declara 2
teto d e 6 anos de reclusão. governamentais para c o i b i r o tráfico, " p o i s da da legislação dos anos trinta, construída
constituir " d e v e r de toda pessoa física ou só assim o m a l será e l i m i n a d o " ' ' . Essa 3 5
como tipo aberto de conteúdo
jurídica colaborar no combate ao tráfico e A c u l t u r a p o l i c i a l dos anos setenta c o m - a m o s t r a g e m é suficiente para constatar q u e i n d e t e r m i n a d o ( c o n t r i b u i r de q u a l q u e r for-
u s o d e substâncias e n t o r p e c e n t e s " , para p r e e n d e u p e r f e i t a m e n t e as expectativas d o a produção jurídico-penal d a q u e l a c o n j u n - m a p a r a i n c e n t i v a r o u d i f u n d i r o uso
a l é m d o c o m p r o m i s s o b é l i c o q u e a vox r e g i m e m i l i t a r acerca d e seu d e s e m p e n h o , tura absorveu a ideia de q u e a generaliza- i n d e v i d o o u o tráfico" - ait 12, § 2", i n c .
" c o m b a t e " c o n t é m , utiliza-se d a estrutura e r e s p o n d e u a elas c o m dedicação. A o p i - ção d o c o n t a c t o d e j o v e n s c o m drogas d e - Ill), capaz d e , nas mãos d e u m delegado de
normativa d a imposição do dever jurídico, nião d e u m i n s p e t o r d e polícia mineiro, via ser c o m p r e e n d i d a , n o q u a d r o da guerra polícia d e v o t a d o , levar à instauração de i n -
fundamento dos ilícitos omissivos, para c o n - transcrita n o l i v r o d e u m general q u e exer- fria, c o m o u m a estragégia d o b l o c o c o m u - quérito contra Charles Baudelaire, A l d o u s
verter q u a l q u e r opinião dissidente da polí- nista para solapar as bases morais da c i v i l i - H u x l e y , Jean C o c t e a u e W a l t e r B e n j a m i n
c i a i m p o r t a n t e s funções na Secretaria d e
tica repressiva n u m a espécie de c u m p l i c i - z a ç ã o cristã o c i d e n t a l , e q u e o e n f r e n - n u m a única estante de livraria, estava agora
Segurança Pública d o Rio d e Janeiro, é b e m
d a d e moral c o m as drogas. Decorre daí que t a m e n t o da questão d e v i a valer-se de méto- sujeita à pena d e 3 a 15 anos de reclusão. A
r e p r e s e n t a t i v a : "só há u m r u m o para pôr
" s o b p e n a de perda do cargo, ficam os di- dos e dispositivos militares. A reunião d o posse para uso próprio, entretanto, recebeu
f i m a o p r o b l e m a , o e n q u a d r a m e n t o dos tra-
retores obrigados a c o m u n i c a r às autorida- e l e m e n t o bélico e d o e l e m e n t o religioso- d i s c i p l i n a à parte, cominando-se-lhe u m a
ficantes na l e i d e segurança n a c i o n a l (...),
d e s sanitárias os c a s o s de uso e tráfico (...) m o r a l resulta na metáfora d a guerra santa, pena privativa da liberdade (detenção d e 6
a interferência das a u t o r i d a d e s m i l i t a r e s " " .01

n o âmbito e s c o l a r " (art. 7", par. ún.) Q u e i - da c r u z a d a , q u e t e m a v a n t a g e m - e x t r e m a - meses a 2 anos e m u l t a - art 16) só e x c e p -
Vera M a l a g u t i S. W. Batista e x a m i n o u as
m a n d o etapas burocráticas, a diretora de m e n t e f u n c i o n a l para as agências policiais c i o n a l m e n t e executada O tratamento dos
fichas d o DOPS-Rio referentes ao verbete
u m colégio estadual do Rio de Janeiro e n - - d e e x p r i m i r u m a guerra sem restrições, sem drogaditos f o i a p r i m o r a d o , prevista a alter-
tóxicos nesse período, demonstrativas des-
caminhou em 1973 à Polícia Federal padrões regulativos, na q u a l os fins justifi- nativa da assistência a m b u l a t o n a l ( " e m re-
sa o r i e n t a ç ã o ; u m d o s d o c u m e n t o s , de
c i n q u e n t a e quatro nomes de alunos " s u s - c a m todos os m e i o s . N o p l a n o i n t e r n a c i o - g i m e e x t r a - h o s p i t a l a r " - art 1 0 , § 1 ° ) ,
1973, i n t i t u l a d o "Tóxicos e Subversão",
peitos d e estarem envolvidos e m tóxico"'" , n a l , o n o v o front das drogas reforçava as m a n t i d a a cláusula d e i n i m p u t a b i l i d a d e
1
a p r e s e n t a a d r o g a c o m o a r m a da guerra
fantásticas verbas orçamentárias d o c a p i t a - segundo o m o d e l o anterior (art. 19 e par.
fato q u e poderia ter levado ao trancamento f r i a : " c i t a n d o Lênin, M a o e H o C h i M i n ,
lismo industrial d e guerra ún.) A regulamentação dessa l e i , efetuada
da matrícula de todos, tal c o m o previsto atribui-se a disseminação d o uso d e drogas
pelo decreto n" 78 9 9 2 , de 21 de d e z e m b r o
no artigo 8" da lei. Para a lei, essa e d u c a - a u m a estratégia c o m u n i s t a para a d e s t r u i -
de 1976, além cia vedação das amostras grá-
dora estava prestando "serviço relevante", ção d o m u n d o o c i d e n t a l " " " . A vigente lei n 6 . 3 6 8 , de 21 de o u t u b r o
tis (art. 13), p r o i b i a q u a l q u e r " t e x t o , car-
ao c o l a b o r a r " n o c o m b a t e ao tráfico e u s o " d e 1 9 7 6 , a p r i m o r o u , para o b e m e para o
taz, representação, curso, seminário o u c o n -
de entorpecentes (art. 24). Aos usuários de m a l , a lei n" 5 . 7 2 6 / 7 1 . A q u e l e dever jurídi-
M a s a c u l t u r a jurídico-penal também i n - ferência" sobre o tema sem prévia a u t o r i z a -
drogas c u j o v í c i o pudesse fundamentar uma c o genérico d o artigo 1 p e r m a n e c e u , p o -
c o r p o r o u a visão s e g u n d o a q u a l a questão ção (art. 8 '), b e m c o m o r e c o m e n d a v a a fis-
situação de i n i m p u t a b i l i d a d e , construída rém a palavra " c o m b a t e " f o i substituída pela
das d r o g a s não passava d e u m a face da calização rigorosa pelas a u t o r i d a d e s de
segundo o m o d e l o biopsicológico, aplica- guerra. V i c e n t e G r e c o F i l h o , q u e na i n t r o - expressão "prevenção e repressão". Os a l u -
censura", sobre espetáculos públicos, para
va-se u m a " m e d i d a de recuperação", c o n - dução d e seu l i v r o r e c o r d a v a a utilização nos surpreendidos c o m u m cigarro de m a -
"evitar representações, cenas o u situações
sistente e m internação " p a r a tratamento psi- histórica d e tóxicos " c o m o a r m a bélica", c o n h a já n ã o e s t a v a m s u j e i t o s a o
q u e possam, ainda q u e v e l a d a m e n t e , susci-
quiátrico pelo t e m p o necessário à sua re- interpretava o artigo 1" c o m o exortação às t r a n c a m e n t o d a matrícula n e m os diretores
tar interesse" p e l o tema (art 9"). " A liber-
cup eração" (arts. 9° e 10). A lei 5.726/71 "forças d a Nação para essa verdadeira guerra à delação, mas se os últimos não adotas-
d a d e artística - d i z i a u m dos e l a b o r a d o -
c r i a v a u m p r o c e d i m e n t o j u d i c i a l sumário s a n t a q u e é o c o m b a t e aos t ó x i c o s " " . sem medidas preventivas colocar-se-iam na
21
res dessa legislação - precisa de ser c o n t r o -
(art. 14 ss) e alterava as regras para e x p u l - " N i n g u é m contestará q u e a disseminação l i n h a de u m a responsabilização " p e n a l e
lada" i b .
são d e estrangeiros, c o l o c a n d o o uso e trá- d e tóxicos entre a j u v e n t u d e (...) c o n s t i t u i a d m i n i s t r a t i v a " f e l i z m e n t e não e x p l i c i t a d a
fico d e drogas ao lado dos crimes contra a tática s u b v e r s i v a " , p o n t i f i c a v a Seixas San- (art. 4" e par. ú n ) . O p r o c e d i m e n t o j u d i c i -
segurança nacional n u m a investigação s u - tos, a c r e s c e n t a n d o : " o d e l i t o d o traficante ário f o i r e g u l a m e n t a d o mais m i n u c i o s a m e n - A Constituição da República d e 1 9 8 8
mária c o m o p r a z o de c i n c o dias (art. 22). d e v e r i a ser i n s e r i d o na lei d e segurança n a - te, e o réu c o n d e n a d o p o r tráfico não pode- de u m lado revogou esses últimos dispositi-
O l m o mostra c o m o , após as grandes o p e - c a d o sistema p e n a l o r e v e l a m .
v o s , a o b a n i r a censura (art. 5 ° , i n c . IX) e d e dades d e d e s l o c a m e n t o de recursos e inves-
rações na Jamaica e n o M é x i c o , e m m e a -
o u t r o d e t e r m i n o u q u e o tráfico d e d r o g a s t i m e n t o s d e tal envergadura, a nível p l a n e -
dos dos setenta, a produção da m a c o n h a , U m a política c r i m i n a l de guerra t e m e f e i -
constituísse c r i m e inafiançável e insuscetível tário, só p o d i a m ser e m seus sonhos e m p a -
" s e g u i n d o a lógica d o c a p i t a l " , vai estabe- tos benéficos para a indústria d o c o n t r o l e
d e graça o u anistia (art. 5", i n c . XLIII)^ n o relhadas, guardadas todas as p e c u l i a r i d a d e s
lecer-se na e m p o b r e c i d a C o l ô m b i a " ' . Nos d o c r i m e , seja no a q u e c i m e n t o dos gastos
c o n t e x t o d e u m a d i s p u t a c o n s t i t u i n t e entre
9

dos respectivos processos históricos, aos h o - públicos c o m e q u i p a m e n t o s adequados,


anos o i t e n t a , o a p o i o n o r t e - a m e r i c a n o à
representantes da c o r r e n t e q u e à época d e - rizontes abertos, m e i o milénio atrás, c o m a
contra-revolução nicaraguense é e m p r e e n - c o m a reengenharia das divisões encarre-
s i g n a m o s p o r " d i r e i t a p e n a l " e representan- descoberta d a A m é r i c a . O s artífices e
d i d o " e m n o m e da luta c o n t r a as d r o g a s " 1401 . gadas da inteligência e d o c o n f r o n t o , e c o m
tes d a tendência q u e M a r i a Lúcia Karam c h a - ideólogos da guerra fria v i a m sua história
Dessa f o r m a , a i n d a nos estertores de u m a ampliação d o sistema penitenciário, seja
maria d e "esquerda punitiva"' 171 . A chama- t e r m i n a r , e nada mais compreensível q u e mundo antagonicamente bipolarizado, a no âmbito desse n o v o setor que é a segu-
d a l e i d o s c r i m e s h e d i o n d o s (n° 8 . 0 7 2 , d e p r o c l a m a s s e m o f i m da História A econo- droga vai se c o n v e r t e n d o no grande e i x o - rança privada, o q u a l , segundo u m relató-
2 5 . j u l . 9 0 ) p r o i b i r i a também o i n d u l t o e a m i a d e m e r c a d o vencera, as leis de m e r c a - o mais i m p e r t u r b a v e l m e n t e plástico, capaz rio americano de 1 ) )1 c i t a d o por Nils
l i b e r d a d e provisória para o tráfico d e d r o -
l l

d o a s s u m i a m a função de estatuto f u n d a - de associar m o t i v o s religiosos, morais, p o - Christie, ultrapassa as verbas das agências
gas (art. 2 " , i n c s . I e II) e, p r e t e n d e n d o e l e - m e n t a l das relações e c o n ó m i c a s , e a líticos e étnicos - sobre o q u a l se pode re- públicas de segurança e m mais de 7 0 %
v a r as penas da q u a d r i l h a v o t a d a à prática c o m p e t i t i v i d a d e se c o n v e r t i a n o liame c o n s t r u i r a face d o i n i m i g o (interno) t a m - (US$ 52 bilhões anuais), e ocupa duas v e -
d e t o d o s os d e l i t o s p o r ela c o n t e m p l a d o s sinalagmático da convivência h u m a n a . N ã o bém n u m c o m p a t r i o t a ; n o Rio de Janeiro, zes e meia mais pessoas d o q u e elas, o q u e
(art. 8 ° ) , s e m aperceber-se q u e a q u a d r i l h a c o m p e t e mais ao Estado imiscuir-se na e c o - na f i g u r a d e u m a d o l e s c e n t e negro e significa u m milhão e m e i o de empregos '.
d e dois d o artigo 14 da lei 6.368/76 já dispu-
145

n o m i a para fomentar e garantir condições f a v e l a d o q u e vende m a c o n h a o u cocaína


Essa máquina gigantesca, capaz de
nha d e u m a escala penal elevadíssima (3 a 10 decentes d e sobrevivência para a p o p u l a - para outros adolescentes bem-nascidos. A
anos d e reclusão), acabou por i n v o l u n t a r i a m e n - redirecior.ar frustrações orçamentárias o r i u n -
ção, d e v e n d o s i m privatizar todos os seto- severidade de nossa legislação, a c i m a exa-
te r e d u z i - l a " . Essa m e s m a lei d o b r o u os das d o f i m da guerra fria, deve uma bela
81
res d e sua intervenção, desregulamentar os m i n a d a , e x p r i m e não somente a síndrome
p r a z o s d o p r o c e d i m e n t o j u d i c i a l (art. 10), fatia de suas engrenagens a ilegalidade da
mercados e promover a mais ampla dos governos l a t i n o - a m e r i c a n o s de serem
p a r a g a r a n t i r u m a prisão provisória mais droga, e trata de realimentar todos os mitos
liberalização f i n a n c e i r a e c o m e r c i a l ; para " m a i s drásticos q u e o próprio governo nor-
extensa d o s acusados p o r tráfico. q u e , a partir da d r o g a , desatam pânicos
lavorecer estes o b j e t i v o s , a mídia - agora o t e - a m e r i c a n o " ' " , mas também a f u n c i o n a -
4

sociais e instam por repressão p e n a l . E fácil


braço a r m a d o d o império t r a n s n a c i o n a l da l i d a d e mítica da droga para o exercício d a -
perceber q u e os l u c r o s da industria d o c o n -
Essas derradeiras alterações na d i s c i p l i - produção de tecnologias, e q u i p a m e n t o s e q u e l e c o n t r o l e social penal máximo sobre
trole d o c r i m e são tributários da política c r i -
na jurídico-penal d o abuso e tráfico d e d r o - dos serviços de telecomunicações - golpeia as classes m a r g i n a l i z a d a s , c u j o s filhos são
recrutados para trabalhar nos arriscados es- m i n a l adotada, para c o m p r e e n d e r as ver-
gas ilícitas, todas n o s e n t i d o de u m a severi- e n f a t i c a m e n t e c p r o c u r a d e s m o r a l i z a r coti-
d i a n a m e n t e toda e q u a l q u e r i r r e g u l a r i d a d e tágios da produção e comercialização de dadeiras razões pelas quais as orientações
d a d e e u m rigor só comparáveis ao m o d e l o
q u e se passe n o âmbito da administração u m p r o d u t o c u j o m e r c a d o está c o n d i c i o - político-criminais passam, neste período, a
r e p r e s s i v o d o s c r i m e s c o n t r a a segurança
pública, e n a l t e c e n d o p a r a l e l a m e n t e a " e f i - n a d o por sua criminalização e cujos pre- assumir u m a posição de destaque no d e -
n a c i o n a l d u r a n t e a d i t a d u r a m i l i t a r , já se
ciência" das gestões privatizadas, r e d u z i n - ços o s c i l a m na razão direta da m a i o r o u bate político em geral, b e m c o m o os ver-
d ã o n u m q u a d r o político i n t e r n a c i o n a l d i s -
d o o noticiário o u m e s m o s i l e n c i a n d o so- m e n o r eficiência das agências de repressão dadeiros compromissos dos representantes
t i n t o . N o s anos o i t e n t a , u m a sequência ver-
bre suas negociatas. C o m o o resultado real penal -' . C o n s o a n t e l u c i d a m e n t e observa das correntes chamadas de " l e i e o r d e m " .
t i g i n o s a d e e n t e n d i m e n t o s e articulações 14 1 1

dessa espécie de " v a l e - t u d o " económico é Nils Christie, " c o m o f i m da guerra Iria, n u m A mudança de i d e n t i d a d e do i n i m i g o , da
c o n d u z a o f i m da guerra fria, c u j o símbolo
o a u m e n t o da marginalização social e d o q u a d r o de p r o f u n d a recessão económica, guerra fria para a guerra contra as drogas e
c o n s i s t i u na r e u n i f i c a ç ã o d a c i d a d e de
d e s e m p r e g o , c o m todos os c o n f l i t o s e ten- no q u a l as nações i n d u s t r i a l i z a d a s mais o " c r i m e o r g a n i z a d o " i n t e r n a c i o n a l , se re-
B e r l i m . O c a p i t a l i s m o m o n o p o l i s t a d e base
sões q u e , e x p r i m i n d o - s e também nas i n c i - importantes não têm i n i m i g o s externos c o n - ílete também na indústria c u l t u r a l d o c r i -
i n d u s t r i a l - aí c o m p r e e n d i d a a indústria b é -
dências c r i m i n a i s , a l a v a n c a m crescente d e - tra os quais se m o b i l i z a r , não parece i m - m e : sai de cena o agente soviético r u i v o
lica - se r e o r g a n i z a v a , ao i m p a c t o d o surto
m a n d a de repressão p o l i c i a l , estabelece-se provável q u e a guerra c o n t r a i n i m i g o s i n - que Sean C o n n e r y matava, entre u m a na- |
dos serviços e da c o r r i d a tecnológica, c o m
u m c u r i o s o p a r a d o x o , t o c a n d o ao "Estado ternos seja p r i o r i z a d a " " : as drogas ilícitas, morada e outra, e entra u m h o m e m l a t i n o ,
a emergência de novas potências e c o n ó m i -
14

mínimo" exercer u m c o n t r o l e social penal convenientemente d e m o n i z a d a s , e suas m u i t o p a r e c i d o c o m todos nos, perverso


cas a t u a n d o t r a n s n a c i o n a l m e n t e e o a d v e n -
máximo. i l e g a l i d a d e s satélites v i e r a m a c o n s t i t u i r traficante q u e teve a desventura de c o n h e -
t o d e u m a s o c i a b i l i d a d e u r b a n a na q u a l o
o c a m p o de batalha dos e x p e r i m e n t o s e cer a filha de Charles Bronson
c o n s u m o e as comunicações d e massa pas-
(áticas dessa g u e r r a . " A g u e r r a c o n t r a as
s a v a m a exercer funções estratégicas. Para
Paralelamente a essas transformações, a d r o g a s - e s c r e v e G i l b e r t o M e d i n a - ado-
as classes hegemónicas d o m u n d o o c i d e n -
ampliação inimaginável dos m e r c a d o s i n - t o u as mesmas p a u t a s e s t a b e l e c i d a s para
tal e suas corporações, as perspectivas d e IV - As m a r c a s da g u e r r a
ternacionais de drogas ilícitas alterara o ce- enfrentar a "ameaça c o m u n i s t a " ' 4 4 1 , e tan-
expansão sobre os destroços d o b l o c o s o c i -
nário geográfico da guerra q u e N i x o n e n u n - to o d i s c u r s o penalístico q u a n t o a práti-
alista e r a m d e s l u m b r a n t e s , e as p o s s i b i l i - Seria r e l a t i v a m e n t e simples r e d u z i r as
ciara e Reagan v e i o a declarar. Rosa d e i
também t o m o u a Vegécio e transcreveu e m
políticas sociais brasileiras a u m aforismo m o d e l o bélico d i s t i n g u e c o m p l e t a m e n t e : o p e s q u i s a d o r perceberá q u e as vítimas d a
sua Arte d a G u e r r a : " m a n t e m o s os s o l d a -
e l a b o r a d o para a guerra, e não hesitaría- demónio não p o d e ser u m a d j e t i v o . guerra c o n t r a a d r o g a , a l é m d a extração
dos nos quartéis c o m o m e d o e c o m p e n a -
m o s e m eleger a q u e l e q u e M a q u i a v e l re- social c o m u m , são j o v e n s - tal c o m o na
lidades; na guerra, nós os c o n d u z i m o s c o m
c o l h e u e m Vegécio: " é melhor v e n c e r o Liga-se a tal empostação a característica guerra c o n v e n c i o n a l - e será t e n t a d o a t o -
a esperança e prémios"" '.
mar u m a vereda psicanalítica para c o n c l u i r
7

inimigo c o m a fome d o q u e c o m o ferro"' '. 46 d e c r i m e s d e p e r i g o abstrato d o s tipos d e


A s c o i s a s se c o m p l i c a m u m p o u c o a o pre- i n j u s t o . C o m o anota Saio d e C a r v a l h o , "nas q u e ao sistema p e n a l a nova o r d e m inter-
O m o d e l o bélico d a p o l i t i c a criminal
tendermos surpreender alguns princípios da leis d e e n t o r p e c e n t e s não há o f e n s i v i d a d e n a c i o n a l r e s e r v o u as tarefas d o filicídio,
i m p r i m e suas marcas também n o p r o c e d i -
arte militar a p l i c a d o s a u m sistema penal c a u s a l , apenas jurídica, eis q u e o resultado antes c u m p r i d a s pela g u e r r a ' " ' . A questão
mento judiciário, a começar pela c o n t r a d i -
c u j o funcionamento é concebido como uma das c o n d u t a s não p r o d u z d a n o empírico, da i n i m p u t a b i l i d a d e p o r m e n o r i d a d e , e d e n -
ção de julgar alguém q u e , por constituir-se
guerra, m a s essa angulação poderá recom- apenas n o r m a t i v o " ' " . T o d o o desprestígio
4
tro dela p a r t i c u l a r m e n t e a tendência para
n u m i n i m i g o , d e v e ser i m p l a c a v e l m e n t e
pensar-nos c o m a revelação de certas cor- teórico d o s c r i m e s d e p e r i g o abstrato, às rebaixar o m a r c o etário, guarda impressio-
abatido (= c o n d e n a d o ) Tal i ontradição f i -
respondências inquietantes. vezes p r o c l a m a d o pelos t r i b u n a i s - versan- nante correspondência c o m a questão d a
idade de r e c r u t a m e n t o m i l i t a r tios j o v e n s , cará exposta nas múltiplas toleiáncias para
d o matéria distina - não a b a l o u , c o n t u d o ,
que historicamente também sofria alterações c o m violações a o d e v i d o processo p e n a l ,
Principiemos por a q u i l o q u e o mais a n - a aplicação massiva e i n d i s c r i m i n a d a da l e i .
ao sabor das necessidades de estorço béli- n o p r e c o n c e i t o g e n e r a l i z a d o contra as ga-
tigo teórico d a guerra c o n h e c i d o , Sun T z u , Dir-se-ia, c o m o C l a u s e w i t z , q u e na guerra
c o da ocasião '". O s a m p l o s setores d a i m - rantias constituc ionais dos acusados por trá-
c h a m a v a d e " l e i m o r a l " , q u e segundo e l e " a violência arma-se c o m as invenções das 15

prensa c o m p r o m e t i d o s c o m o projeto e c o - f i c o d e drogas, q u e alcançam também os


" f a z c o m q u e o p o v o fique d e c o m p l e t o artes e das ciências" 1S0 ', e n o caso toca à
nómico n e o l i b e r a l f a z e m o q u e p o d e m para democratas q u e não transigem c o m os d i -
acordo c o m seu governante"' 4 7 1 , e ciência jurídico-penal f o r n e c e r a invenção
o m i t i r o u recalcar o noticiário nosso d e cada reitos h u m a n o s . "As almas filantrópicas -
Clausewitz' 441 chamou de "informação", o b - d e u m resultado p r e s u m i d o .
d i a ; u m dos recursos consiste e m subtrair dizia Clausewitz - p o d e r i a m f a c i l m e n t e j u l -
s e r v a n d o q u e as notícias q u e c i r c u l a m e m
às execuções p o l i c i a i s sua autoria real (pela gar que existe u m a maneira artificial d e d e -
t e m p o d e guerra são n a maior parte falsas; Para não p e r d e r t e m p o c o m as óbvias
aceitação acrítica d a versão d e 'disputa d e sarmar e derrotar o adversai 10 sem verter
as guerras d o século XX demonstrariam a i m p r o p r i e d a d e s d a criminalização d o u s o ,
q u a d r i l h a s " ) o u sua significação d e abuso demasiado sangue. Por mais desejável q u e
importância estratégica d a propaganda. N o f i x e m o - n o s na indistinção d a escala penal
de poder (pela tantas vezes i n d e v i d a a t r i - isso pareça, é u m e r r o q u e c preciso e l i m i -
c a s o d a s drogas, entre tantas mistificações d o tráfico d e drogas ilícitas. C o m o c o m p r e -
buição da q u a l i d a d e d e " t r a f i c a n t e s " às ví- nar. N u m assunto tão perigoso c o m o é a
ideológicas produzidas não apenas pela e n d e r q u e as m u l h e r e s pobres latino-ame-
timas). O j o r n a l carioca O D i a , edição d e guerra, os erros d e v i d o s à b o n d a d e d a alma
mídia, mas também pela elaboração ricanas q u e o p e r a m c o m o transportadoras
2 9 . m a r . 9 7 , estampava e m sua p r i m e i r a pá- são precisamente a p i o r das coisas"' "'. D i - 5

c o n c e i t u a i teórica, s e l e c i o n a m o s o dogma d e p e q u e n a s partidas, as " m u l i t a s " " , o u o


1 5

g i n a : "PM mata u m a cada quatro horas - ante de tal e n f o q u e , as limitações c o n s t i t u -


d a ilicitude ontológica c o m o aquele c o m " t r a f i c a n t e famélico"' 521 , o u a q u e l e q u e se
Nos últimos seis dias, a Polícia M i l i t a r m a - cionais ao exercíc i o d o poder penal se c o n -
m a i o r aptidão para c o n c e n t r a r o p i n i õ e s , e n v o l v e e m decorrência d o c o n s u m o " , o u 1 5

tou 52 pessoas suspeitas d e c r i m e . Só o n - vertem num absurdo, v letomemos


para c o l o c a r o povo de acordo c o m o a i n d a o usuário q u e a d q u i r e também para
t e m , n o R i o e na Baixada, f o r a m o i t o . E o C l a u s e w i t z : " n ã o seria possível i n t r o d u z i r
g o v e r n a n t e , c o m o d i z i a S u n T z u . Tráfico seu c o l e g a , c o m o c o m p r e e n d e r q u e tais
resultado da o r d e m d o general C e r q u e i r a : u m p r i n c i p i o m o d e r a d o i na própria f i l o s o -
ilícito d e drogas é sinónimo perfeito d e trá- pessoas se s u j e i t e m à m e s m a escala p e n a l
'atirar p r i m e i r o e perguntar d e p o i s ' " . Caso fia d a guerra sem cometer u m a b s u r d o " ' " . 5

fico d e drogas ilícitas, porém n e m m e s m o d e u m atacadista f a c i n o r o s o , a não ser p o r


este d e s e m p e n h o fosse m a n t i d o p e r m a n e n - Basta olhar a tolerância dos tribunais - c o m
a c o n h e c i d a experiência d a malograda " l e i u m a lógica d e g u e r r a , s e g u n d o a q u a l -
temente, a projeção para o i t o anos e m e i o honrosas exceções - para c o m as n u l i d a -
s e c a " norte-americana c o n s e g u e despertar valha-nos n o v a m e n t e C l a u s e w i t z - " e n q u a n -
- o t e m p o q u e d u r o u a escalada norte-ame- des, c o m o excesso d o p r a z o d a prisão
essa desconfiança na generalidade dos j u - t o e u não tiver a b a t i d o o m e u adversário
ricana - nos c o n v e n c e r i a d e q u e a Polícia preventiva e m processos concernentes a trá-
ristas; muitos p r o c u r a m refugiar-se n u m a posso temer q u e e l e consiga d e s t r u i r - m e " ' ' ,
M i l i t a r carioca t e m c a p a c i d a d e bélica c a -
54

f i c o de drogas, para constatar a influência


a r g u m e n t a ç ã o q u í m i c a p a r a preservar a lógica q u e abstrai toda a f r a g i l i d a d e d a q u e -
paz d e executar mais d e u m terço d o total velada d o pensamento d e Clausewitz. A
c o n v i c ç ã o d e q u e a m a c o n h a é proibida les personagens, t r a n s f o r m a d o s m a g i c a m e n - d e m o r t o s norte-amerícanos e m c o m b a t e questão d a prova ilícita, q u e está para a
pelo q u e é, e n ã o porque é proibida - c o m o te e m i n i m i g o s temíveis? na guerra d o Vietnã. E n q u a n t o alguns j u - investigação p o l i c i a l c o m o a e s p i o n a g e m
se o á l c o o l também n ã o dispusesse d e u m a ristas desatentos não se dão c o n t a d e q u a n t o para a guerra, também revelará u m a t o l e -
q u í m i c a , c o m o se só o tabaco pudesse in- I m a g i n e m o s a surpresa d o p e s q u i s a d o r é ridículo p r o p o r a pena d e m o r t e n u m país rância especial para casob de tóxicos. C u r i -
d e n i z a r o s d a n o s a o s pulmões, c o m o no q u e u m d i a c o m p a r a r o número d e pesso- e m q u e a polícia a executa tão intensamente, osamente, a operação de c onlra-espiona-
recente acordo bilionário nos Estados U n i - as m o r t a s pelas drogas, p o r overdose, de- no Rio d e Janeiro a b o a p o n t a r i a é p r e m i a - g e m , mediante a q u a l u m a falsa i n f o r m a -
dos. Por essa razão, enquanto, sob o m o - bilitação progressiva o u q u a l q u e r o u t r o m o - da c o m a q u i l o q u e o h o m e m c a r i o c a c h a - ção é passada ao i n i m i g o , é designada p o r
d e l o sanitário, procuravam-se , c o m o v i - t i v o , c o m o número d e pessoas mortas pela ma d e "gratificação faroeste". M a s ai e n - "intoxicação""'"... N o l i m i t e , as "tensões i n -
m o s , soluções s e m e l h a n t e s para usuários guerra c o n t r a as drogas. N o Brasil e m g e - c o n t r a m o s o u t r o princípio, q u e M a q u i a v e l
ternas" associadas aos " a p r i s i o n a m e n t o s em
de drogas ilícitas e para o a l c o o l i s m o , o r a l , e n o Rio d e Janeiro e m particular, aquele
(24) C ( . C o m b l i n , | o s e p h , A I d e o l o g i a d.i Segurança
m a s s a " , a o s " m a u s tratos o u condições temente q u e " a contraposição entre politica d e (13) l u r a n d i r F r e i r e C o i t a , H i s t ó r i a rfa Psiquiatria no
N a c i o n a l , trad. A V F i a l h o , Rio 1 9 7 8 , e d . Civ.
Brasil. R i o . 1 9 8 9 . e d . X e n o n , p. 9 1 Sobre medi-
i n u m a n a s de detenção" e ao menosprezo segurança e política s o c i a l n ã o é lógica m a s s i m Bras., p 151 ss; Martins. Rc4>etlo K Segurança Na
l a l i z a ç ã o d a s i n s t i t u i ç õ e s . R o b e r t o M a c h a d o et
ideológica" (Defesa dos direitos h u m a n o s e po-
habitual pelas garantias fundamentais que cion.il. S.Paulo, 1 9 8 6 , ed B r a s i l i e n s e , p . l 1 ss
a h i , Danação da Norma. Rio, 1 9 7 8 , e d . G r a a l ,
l í t i c a c r i m i n a l , i n Discursos Sediciosos - Crime,
e q u i v a l h a a sua suspensão - estamos trans- pp. 2 7 8 ss; sobre as opressões higienistas no Rio (25) Cf. H e l e n o Fragoso, l e i de Segurança Nacional
Direito e Sociedade, R i o , 1 9 9 7 , n " 3, p 58).
c r e v e n d o S w i n a r s k i ' " - poderão criar c o n -
6
d e ( a n e i r o , S i d n e y C h a l h o u b , Cidade Febril, S. Uma Experiência Antidemocrática, P. Alegre,

dições diante das quais a invocação do d i - (3) C l a u s e w i t z , C a r l v o n . D a G u e r r a , trad. T B P. B a r - Paulo, 1 9 9 6 , e d . C i a . das Leiras. 1 9 8 0 , e d . Fabris; António Evaristo de M o r a e s Fi-
l h o , Lei d e S e g u r a n ç a N a c ion.il ('m Atentado a
reito internacional humanitário, as regras das roso, Brasília, 1 9 7 9 , ed U n B , p. 7 4 3
(14) O p . c i t , p. 1 19. Liberdade, Rio, l')82. ed Zah.n
Convenções d e G e n e b r a q u e limitam os (4) S p e n c e , J o n a l l i . i n D . , E m Busca d a China Mo
métodos da guerra, deixaria de constituir derna. trad. T R Bueno e P M Soares, São Paulo,
(15) E m b o r a a n o r m a e s p e c i a l (ait 4 5 . ^ 2 , al hdec (26) Apud Comblin. op.cil., p 4ri
2 0 . 9 3 0 / 3 2 e , d e p o i s , art. 2 9 § 2 , al. b dec.lei
u m a trágica metáfora. 1 9 9 5 . e d . C i a . d a s L e i r a s , p. 151
891/38) p r e s c r e v e s s e internação obrigatória para (27) No mie I O d e 1971, Hélio S o l e publicou um

(5) S p e n c e , op. cit., pp. 165 e 1 6 9 . c a s o s d e " i m p r o n ú n c i a o u a b s o l v i ç ã o " dec o r r e n - ailigo, "Prova penal releienle á posse de entor-
Podemos ficar por aqui. A substituição tes d e t a i s s i t u a ç õ e s , e n l e n d i a - s e , já n o r e g i m e p e c e n t e s " (Revista d e Direito /'eu.d. Rio, 1 9 7 1 ,
(6) Cf. Nilo Batista, A cura, o êxtase e a
d e u m m o d e l o sanitário por um m o d e l o d o C P 1 9 4 0 , q u e " n ã o e x c l u i a resi>onsal>ilidade ed B o r s ó i , p. 9 1 s s ) , e n o a n o s e g u i n t e u m l i v i o ,
t r a n s c e n d ê n c i a , in O . D G o n c a l v e s e F.l. B a s t o s
bélico de política c r i m i n a l , no Brasil, não a e m b r i a g u e i : p r o v o c a d a p e l o u s o d e entorpec e n - •Tóxicos - A N o v a t e i " , Rio. 1 9 7 2 , e d . R i o
( o r g s ) , Só Socialmente, Rio, 1 9 9 2 , ed. Relume-
representa uma metáfora académica, e sim tes" (RF LXXXV/478).
D u m a r á , p. 6 0 . (28) Tóxicos. S P a u l o . 19H2 ed S . u a i s a , p. 1
a i n t e r v e n ç ã o dura e frequentemente i n - (16) Ensaios de Palholngia Social, Rio 1924, ed. L
c o n s t i t u c i o n a l de princípios de guerra no (7) R e s p e c t i v a m e n t e através dos decretos n 22.950,
Ribeiro, p 1 14.
i29) VeraMalaguti S. W. B a t i s t a , D r o g a s e C r i m i n a l i -
d e 1 8 . j u l . 3 3 , n" 1 1 3 , d e 1 3 . o u t . 3 4 e n " 2 . 9 9 4 , z a ç ã o d.i j u v e n t u d e P o b r e n o R i o d e l a n e i r o ,
f u n c i o n a m e n t o do sistema penal. M a o Tsé-
de 17.ago.38. (17) N ã o inc i d e n a s p e n a l i d a d e s c o m i n a d a s p e l o d e - Niterói, 1 9 9 7 , m i m e o , p Hl
Tung retomou certa feita a famosa c o m p a -
c r e t o n' 4 2 9 1 . d e 6 . j u l . 2 1 . o i n d i v i d u o e m c u j a
ração d e C l a u s e w i t z , formulando-a nos se- (8) A Politica Criminal de Drogas no Brasil, Rio, (30) | a i m e R i b e i r o <la G r a ç a . I Ó M I • .Rio. 1971, ed.
casa é encontrado frasco de cocaína, escondido
guintes termos: " a política é guerra sem der- 1 9 9 6 , e d . L u a m , p. 2 0 .
sob u m c o l c h ã o O q u e a lei d e f i n e c o r n o c o n -
Renes, p 24

ramamento de sangue, enquanto que a I r a v e n ç ã o é v e n d e r , e x p o r à v e n d a ou ministrai (31) Drogas eCriminalização da I m e n l u d e Pobre no


(9) U m a d e c i s ã o d o T)SP, d o s a n o s q u a r e n t a , a b s o l -
guerra é política c o m derramamento de san- ( . ) entorpecente, s e m legítima autorização e s e m R i o d e l a n e i r o , in D i s c u r s o s S e d i c i o s o s - Crime.
via " o facultativo q u e , por c a r i d a d e , s e m interes-
g u e " . Neste sentido, p o d e m o s concluir que, se pecuniário, procurou alenuar o sofrimento d e
a s f o r m a l i d a d e s p r e s c r i t a s n o s r e g u l a m e n t o s s.i D i r e i t o e S o c i e d a d e , R i o . 1 9 ' X i v 2. p 2)8

e m nosso país, temos para as drogas uma u m c liente, p r e s c r e v e n d o - l h e e m largo período


nitários" (RF X L V / 5 6 8 ) .
(32) t ó x i c o s , S. P a u l o . 1 9 7 7 e d Saiaiva.pp.le4i.
política criminal c o m derramamento de san- entorpecentes", e s c l a r e c e n d o que se o médico (18) La legislación antidrogas l a l i n o a m e i i c a n a : sus U m a c ó r d ã o r e c e n t e d o I|R| r e i o m a o m o t i v o d a
gue. " d e i x o u d e u s a r p a p e l o f i c i a l , n ã o foi i n t e n c i o - c o m p o n e n t e s d e d e r e c h o p e n a l autoritário, in Fas- guerra santa, a o lembrar q u e "a i r u z a d a contra o
nalmente, mas porque geralmente não era e m - cículos de Ciências Pen.m. v l,ii 2. P \legre.
t o x i c o n ã o se i n n f i n a n o s l i n d e * d e u m d e t e r m i -
pregado no lugar e m e s m o n ã o existia à disposi- 1 9 9 0 . e d . F a b r i s , p. 1 8
A o participar do C o n g r e s s o Internacio- nado pais", consistindo n u m d e s a l i o i n t e r n a i i-
ç ã o dos médicos, na é p o c a dos fatos" (RT 168/
nal d e Direito Penal e m comemoração ao (19) A r t . 3 3 - F a c i h l a r , i n s t i g a r p o r a i o s o u por p a l a - onal". A e m e n t a define o caso Toxico Planta-
114-117).
7 5 " aniversário do C ó d i g o Penal Argenti- vras, a aquisição, uso, e m p r e g o o u a p l i c a ç ã o d e ç ã o d a m a c o n h a n o q u i n t a l (!<• m o r a d i a d o a c u -

sado' C \ Cnm 1 4 1 5 'K, I i l i T|R| D()-R|


no, tomei ciência do iminente fechamento (10) N u m p r o c e s s o j u d i c i a l d e 1 9 2 1 , indic a d o pela q u a l q u e r s u b s t â n c i a e n t o r p e c e n l e , i>u, s e m as for-
m a l i d a d e s prescritas n c s l a lei, v e n d e i ministrar, I 7 . a b r . 9 7 , P. Ill p 160)
do v o l u m e e m honra do Proí. Jorge Frias Revista Forense c o m o primeira aplicação da nova
lei s o b r e t o x i c o m a n i a , o interdito é u m oficial dar, d e t e r , g u a r d a r , t r a n s p o r t a r , env i.u, troi ar, so-
C a b a l l e r o . C o m o presente estudo, elabo- (33) -\a lei Antitóxicos ("oiiienl.ula S Paulo,
a d u a n e i r o (RF XXXVIII/88). U m d o s m é d i c o s q u e negar, c o n s u m i r substâncias c o m p r e e n d i d a s no
rado para o Seminário Internacional do Ins- 1977, ed. PIO-IIVIO, p. 21.
subscreveram o laudo, segundo o qual a artigo 1 o u p l a n t a r , c u l t i v a r , c o l h e r as p l a n t a s
tituto Brasileiro de Ciências C r i m i n a i s deste i n t e r n a ç ã o d o p a c i e n t e se r e c o m e n d a v a urgente- m e n c i o n a d a s n o a r t i g o 2 " , ou d e q u a l q u e r m o d o ()4) Tóxicos. B a u r u . 1 9 7 7 , e d |al u. p 29
a n o , integro-me às m e r e c i d a s homenagens m e n t e para evitar a " c o m p l e t a perdição m o r a l " , p r o p o r c i o n a r a aquisição, u s o o u a p l i c a ç ã o dos
(35) l e i d e Tóxicos Rio 1978 ed F o r e n s e , p. XI.
que ora são prestadas ao notável penalista; era Heitor Carrilho. A sentença d o juiz Abelardo sas substâncias - P e n a : u m a c i m o anos d e pri-

dedico-o ao prof. Jorge Frias Caballero c o m Bueno da Carvalho cila contudo uma decisão são c e l u l a r e multa d e 1 : 0 0 0 $ ( ) 0 0 a 5 : 0 0 0 $ 0 0 0 136) M e n n a B a r r e i o . Estudo Geral d.i Nova l e i d e Tó-
anterior, de 3 0 d e s e t e m b r o d e 1 9 2 1 , d o juiz xicos. Rio, 19H2. ed. F Bastos p 160.
afetuosa admiração. (20) Cí P a s s e l i , f d s o n . D a s Fumeriei ao Narcotráfi-
A l f r e d o R u s s e l , q u e t a m b é m foi p u b l i c a d a (RF
c o . S. P a u l o . 1 9 9 1 . e d . E d u c . p. l > r (37) N i l o B a t i s t a , Pti/iidos <• M a l I . i g o s , R i o , 1 9 9 0 ,
XXXVII/426), na qual, pelo m e s m o fundamen-
ed. Revan, p I H . M a n a Lú( ia K.ir.irn, A e s q u e r -
to, foi o intoxicado internado no Sanatório i21i A F a c e O c u l t a da D r o g a . cu., p S4epassim
Notas: da punitiva, in D i s c u r s o s Sedn I O S O Í - C o m e . D i -
Botafogo.
(22) C f . F r e d |. C o o k , O E s t a d o M i l i t a r i s t a , trad F C reito e . S o c i e d a d e , R i o , 1 9 9 6 n 2, p. 7 9 S S .
(1) Z i p f , H e i n z , Intfoducción a la Política Crimi-
(11) A Face Oculta da Droga, Irad. T Ottoni, Rio, Ferro, Rio, 1 9 6 4 . e d . C i v Bras , p 1 5 4 ss
nal, trad. M l . Macías-Picavea, C a r a c a s , 1 9 7 9 . (38) A Corte Suprema recentemente deslindou o
e d . E D R , p. 4 . 1 9 9 0 , e d . R e v a n , p. 2 9 . i m b r ó g l i o , n o j u l g a m e n t o d o I I C n" 6 8 . 7 9 3 - 8 ,
121) Leonlieí. Wassily, e D u c h i n , Faye Ef g a s t o m i l i -
tar. I r a d . A Hibbert. M a d n . 19H<> e d . A l i a n z a , 1' T., rei Min M o r e i r a A l v e s , D l 27 j u n . 9 7 , p.
(2) Lições de Direito Penal, P C , Rio, 1987, ed. Fo- (12) Comentários ao Código Penal, Rio, 1959, ed.
p. 2 2 50 2H7
r e n s e , p. 1 7 . A l e s s a n d r o B a r a t t a o b s e r v a v a r e c e n - F o r e n s e , v. IX, p 1 38.
DIREITO
(39) Prohibir o Domesticarf Políticas d e drogas e n (52) S a i o d e C a r v a l h o , o p . c i t . , p. 1 2 8 .
América latina, Caracas, 1992, ed. Nuev.i
S o c i e d a d , p. 1 B . (53) R o s a d e i O l m o , Prohibir o Domesticar? c i t . , p.
68.
(40) Sauloy, M y l è n e , e Le Bonniec, Yves, À quiproíite
(54) O p . c i t . , p. 7 6 .
la cocaine?. P a r i s , 1 9 9 2 , e d . C a l m a n n - L é v y , p.
297.
(55) "Entre as diversas c a u s a s q u e d e s e n c a d e i a m as

Sobre o alcance
guerras, destaca-se a n e c e s s i d a d e d e perpetuar o
(41) R o s a d e i O l m o , Prohibir o Domesticar' c i t . , p.
67. sacrifício h u m a n o n a forma d e holocausto d o s
filhos, c o m s e u s p r i m i t i v o s s i g n i f i c a d o s sócio-

da imunidade
(42) Sobre a atividade policial pressionando o preço culturais implícitos. (...) A g u e r r a m a n t é m a
d a s d r o g a s , cf. Charles-Henri d e C h o i s e u l Praslin, ameaça d e morte sobre a juventude, q u e deve se
ia Drogue, une économie dynamisée par la submeter totalmente a o exército e deslocar seus
répression, Paris, 1 9 9 1 ,e d . C N R S . p. 2 3 e laços e m o c i o n a i s d o lar p a r a a c o m u n i d a d e " •

parlamentar material
passim. A r n a l d o R a s c o v s k y , O Filicídio, Rio, 1974, ed.
Artenova, p. 164. Do mesmo Rascovsky,
(43) Crime Control as Industry, Londres, 1993, ed
F i l i c í d i o e G u e r r a , i n G l e y P. C o s t a ( o r g ) , G u e r -
R o u t l e d g e , p. 1 3 - 1 4 .
ra e M o r t e , R i o , 1 9 8 8 , e d . I m a g o , p 6 0 s s .

(44) La Narco-política de los EíUU, in Región,


(56) S a b i n a L o r i g a , A Experiência Militar, in Levi,
M e d e l l i n , n o v . 9 6 , n * 2 2 , p. 2 0 .
G i o v a n n i e S c h m i t t , J e a n - C l a u d e (orgs.) História A L E X A N D R E ARARIPE M A R I N H O E
(45) O p . c i t . , p. 1 0 4 . dos lovens, t r a d . P. N e v e s , N . M o u l i n e M . L. I
M a c h a d o , S P a u l o , 1 9 9 6 , e d C i a . d a s L e t r a s , v. M A R I A HELENA CORTES P I N H E I R O
(46) Maquiavel, A Arte da Guerra, trad. S. Bath, 2 . p. 2 3 .
B r a s í l i a , 1 9 8 0 , e d . U n B , p. 3 3 ; V e g é c i o , A Arte
Militar, t r a d . G . C . C , d e S o u z a , S. P a u l o , 1 9 9 5 . (57) M a q u i a v e l , o p . c i t . , p. 3 4 ; V e g é c i o , o p . c i t . , p

e d . P r u m a p e , p. 1 2 0 . 122.

( 4 7 ) A Arte da Guerra, trad.). Sanz, Rio, 1 3 ' e d . , ed. (58) O p . c i t . , p. 7 4 .


I - Introdução ra, formuladas e m face de parlamentares,
R e c o r d , p. 1 7 .
(59) Ibidem.
por diversas pessoas, na quase t o t a l i d a d e
(48) Da Guerra, c i t . , p. 1 2 7 .
(60) Jean-Pierre Alem, £/ Espionage y el Sem q u a l q u e r pretensão d e esgotar o dos casos, detentores de cargo público, p r i n -
(49) O p . c i t . , p. 8 8 . Contraespionage, trad. D . Huerta, M é x i c o , 1 9 8 3 , t e m a , o presente t r a b a l h o t e m p o r f i n a l i d a - c i p a l m e n t e n o Poder Executivo.
e d . F o n d o d e C u l t u r a E c o n ó m i c a , p p . 17 e 1 0 3 . de ser u m a b r e v e reflexão sobre alguns as-
(50) O p . c i t . , p. 7 3 .
pectos d o instituto da i m u n i d a d e p a r l a m e n - O número relativamente expressivo de
(61) C h r i s t o p h e S w i n a r s k i , A Norma e a Guerra, P.
(51) Z a f f a r o n i , o p . c i t . , p. 2 2 .
A l e g r e , 1 9 9 1 , e d . F a b r i s , p. 3 0 tar material. representações c r i m i n a i s cie detentores de
cargos públicos n o Executivo e n o Judiciá-
Os autores t o m a r a m c o m o base e p o n - r i o c o n t r a p a r l a m e n t a r e s ; destes c o n t r a
to d e partida para sua elaboração a prática aqueles o u , até m e s m o , e m casos raros, d e
\O j no e n f r e n t a m e n t o d e questões relativas à parlamentares contra parlamentares, c o n d u z
i n v i o l a b i l i d a d e dos parlamentares, obtida n o a pensarmos inicialmente n o quanto alguns
d e s e m p e n h o d e suas funções na Assesso- ocupantes de função pública não c o m p r e -
Tolerânssia Zero ria Especial de Investigações Penais da Pro- e n d e m q u e é u m dos, por assim se dizer,
c u r a d o r i a - G e r a l d e Justiça d o Estado d o "ossos d o ofício", a exposição à crítica, às
"A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou lei que pune os Rio d e l a n e i r o , órgão c o m atribuições de vezes ácida, sobre suas vidas públicas.
comerciantes que usarem em seus estabelecimentos letreiros, anúncios assessoramento e c o n s u l t o r i a d o Exmo. Sr.
ou qualquer outro tipo de mensagem pública com erros de português. Procurador-Ceral d e Justiça, n o q u e d i z res- A o discorrer sobre a exceção da v e r d a -
As multas vão de R$ 100 a R$ 300, e serão aplicadas tanto para erros p e i t o às atribuições originárias da Chefia de n o d e l i t o d e difamação c a p i t u l a d o na
ortográficos e de concordância como de acentuação. A nova lei d o Ministério P ú b l i c o , e m sede c r i m i n a l Lei de Imprensa, e m seus Comentários",
entrará em vigor em 30 dias." (ação p e n a l originária), aí e n g l o b a d o s o Darcy Arruda M i r a n d a salienta o t e m a ,
e x a m e e elaboração d e pareceres sobre u m q u a n d o afirma : 'Eis por q u e t o d o cidadão
O G l o b o , 13.dez.97, p. 5 expressivo número d e representações c r i - que aceita um cargo público ou se investe
m i n a i s por prática d e crimes contra a h o n - n u m a função pública, transitória que seja,

Anda mungkin juga menyukai