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1) Assinale a alternativa que não apresenta Obras (Romances) de Machado de Assis.

a) Ressurreição, A mão e a luva,


b) Helena, Iaiá Garcia,
c) Memórias Póstumas de Brás Cubas, Casa Velha,
xd) Navios Negreiros e Canção do Exílio

2) Não é uma obra de Machado de Assis


a) Quincas Borba, (1891)
b) Dom Casmurro, (1899)
c) Esaú e Jacó, (1904)
xd) O Cortiço

Exercícios sobre Machado de Assis


Questões objetivas sobre Machado de Assis
1. São obras de Machado de Assis, EXCETO:

a) Ressurreição , A Mão e a Luva , Helena ,


xb) Gabriela, Lusíadas, Quincas Berro D'agua
c) Memórias Póstumas de Brás Cubas , Quincas Borba ,
d) Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires

2. São contos de Machado de Assis, EXCETO:


a) Contos Fluminenses e Histórias da Meia Noite e Falenas (1870)
b) Ocidentais , Papéis Avulsos , Crisálidas
c) Histórias sem Data, Relíquias da Casa Velha ,
xd) Contos do vigário, Cortiço, A Moreninha

3. Memórias Póstumas de Brás Cubas representa Machado de Assis na fase:


xa) realista
b) romancista
c) quinhentista
d) cubista

4. Em Quincas Borba e alguns contos Machado de Assis:

a) apresenta todos os elementos centrais trazidos de forma contundente pelo Arcadismo na literatura
mundial.
b) apresenta elementos de crítica social, sobretudo uma crítica dirigida à burguesia,
xc) apresenta todos os elementos centrais trazidos de forma contundente pelo Realismos na literatura
mundial.
d) apresenta uma exaltação social, sobretudo dirigida à burguesia,

5. Após Memórias Póstumas de Brás Cubas, sucedem-se diversas escritas de contos cujos temas são mais
ousados como:
I. A Causa Secreta,
II. Histórias da Meia Noite e Falenas
III. A Igreja do Diabo,
IV. Pai Contra Mãe"

Os itens corretos em relação ao que se afirma são:


a) I, II e IV
b) II, III, IV
xc) I, III e IV
d) I, II, III, IV

6. Qual das alternativas não é considerada como Poesia de Machado de Assis?

a) Crisálidas, (1864)
b) Falenas, (1870)
c) Americanas, (1875)
xd) Pedra no Caminho, (1880)

7. Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.


Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero
daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu,
amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era
geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não
admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...

As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que
estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também.
Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras
desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da
manhã. Olhos de ressaca

MACHADO DE ASSIS. Olhos de ressaca. In: Dom Casmurro.8 ed. São Paulo. Ática. 1978. p. 133-4

8) Assinale a alternativa que não apresenta Obras (Romances) de Machado de Assis.


a) Ressurreição, A mão e a luva,
b) Helena, Iaiá Garcia,
c) Memórias Póstumas de Brás Cubas, Casa Velha,
xd) Navios Negreiros e Canção do Exílio

9) Não é uma obra de Machado de Assis


a) Quincas Borba, (1891)
b) Dom Casmurro, (1899)
c) Esaú e Jacó, (1904)
xd) O Cortiço

10) Assinale a alternativa ERRADA sobre Machado de Assis


a) os romances machadianos considerados da primeira fase seriam Ressurreição (1872), A Mão e a Luva
(1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878),
xb)Em Os Sertões, testemunhamos eferverscência política, fim do império e proclamação da República
c)Em sua produção final, publicou o "diplomático romance" Memorial de Aires e a peça teatral Lição de
Botânica.
d) os romances da segunda seriam todos os outros restantes de sua carreira, Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908),

Questões discursivas sobre Machado de Assis


1 - Do ponto de vista do narrador, que personagem reage de modo aparentemente diferente dos demais?
Capitu
2 - Em uma das passagens abaixo, o narrador - Bentinho - insinua que Capitu dissimulava seus
sentimentos.Aponte-a.
"Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala."

3 - O título do capítulo , do livro Dom Casmurro, se refere à seguinte afirmação:

Os olhos de Capitu pareciam querer reter a imagem do defunto.

ARMAZÉM DE TEXTO
"Multipliquei-me, para me sentir, Para me sentir, precisei sentir tudo. Transbordei-me, não fiz senão
extravasar-me."Fernando Pessoa- Álvaro de Campos

sexta-feira, 28 de abril de 2017


MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS - MACHADO DE ASSIS - (FRAGMENTO) COM
GABARITO

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS

Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma
dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas
porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na
intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi
uma dama espanhola, Marcela, a “linda Marcela”, como lhe chamavam os rapazes do tempo. E
tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de
sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madrid, vítima da invasão
francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Cosas de Espanã.
Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a
inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem
escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os
seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano,
morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, --- uma pérola.
Vi-a, pela primeira vez, no Rossio Grande, na noite das luminárias, logo que constou a
declaração da independência, uma festa de primavera, um amanhecer da alma pública. Éramos dois
rapazes, o povo e eu; vínhamos da infância, com todos os arrebatamentos da juventude. Vi-a sair de
uma cadeirinha, airosa e vistosa, um corpo esbelto, ondulante, um desgarre, alguma coisa que nunca
achara nas mulheres puras. --- Segue-me, disse ela ao pajem. E eu segui-a, tão pajem como o outro,
como se a ordem me fosse dada, deixei-me ir namorado, vibrante, cheio das primeiras auroras. A
meio caminho, chamaram-lhe “linda Marcela”; lembrou-me que ouvira tal nome a meu tio João, e
fiquei, confesso que fiquei tonto.
Três dias depois perguntou-me meu tio, em segredo, se queria ir a uma ceia de moças, nos
cajueiros. Fomos; era em casa de Marcela. O Xavier, com todos os seus tubérculos, presidia ao
banquete noturno, em que eu pouco ou nada comi, porque só tinha olhos para a dona da casa. Que
gentil que estava a espanhola! Havia mais uma meia dúzia de mulheres, --- todas de partido, --- e
bonitas, cheias de graça, mas a espanhola... O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso,
estouvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única; à saída, à porta da rua, disse a meu tio que
esperasse um instante, e tornei a subir as escadas.
--- Esqueceu alguma coisa? perguntou Marcela de pé no patamar.
--- O lenço.
Ela ia abrir-me caminho para tornar à sala; eu segurei-lhe nas mãos, puxei-a para mim, e dei-lhe
um beijo. Não sei se ela disse alguma coisa, se gritou, se chamou alguém; não sei nada; sei que
desci outra vez as escadas, veloz como um tufão, e incerto como um ébrio.

MACHADO DE ASSIS. Memórias de Brás Cubas. In: obra completa.


1. v. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985. p. 532-4. 3v.

1 – Transcreva do primeiro parágrafo as frases e expressões que caracterizam Marcela e que opõem
às personagens femininas tipicamente românticas.
Não possuía a inocência rústica; mal chegara a entender a moral do código; sem escrúpulos;
luxuosa; impaciente, amiga do dinheiro e dos rapazes.

2 – Releia o segundo parágrafo. Na caracterização de Marcela o narrador enfatiza a descrição física


ou psicológica?
Descrição física.

3 – A expressão “morrer de amor” (linha 25) é ocorrência muito comum no Romantismo. Nesse texto,
ela aparece utilizada em sentido irônico. Copie da linha 24 a expressão responsável por esse efeito
irônico.
“Naquele ano...”

4 – No fim do terceiro parágrafo, o narrador personagem justifica sua atitude (voltar e beijar Marcela),
atribuindo-a a três fatores. Quais?
O entusiasmo, alguns goles de vinho e o gênio imperioso e estouvado.

(FUVEST-SP) As questões 5, 6, 7 e 8 referem-se ao trecho seguinte:


"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda
é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não
a pôs no intróito, mas no cabo: a diferença radical entre este livro e o Pentateuco."
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas).

5. (FUVEST-SP) o autor afirma que:


a)vai começar suas memórias pela narração de seu nascimento.
b)vai adotar uma seqüência narrativa invulgar.
c)que o levou a escrever suas memórias foram duas considerações sobre a vida e a morte.
d)vai começar suas memórias pela narração de sua morte. x
e)vai adotar a mesma seqüência narrativa utilizada por Moisés.

6. (FUVEST-SP) Definindo-se como um "defunto autor", o narrador:


a)pôde descrever sua própria morte.
b)escreveu suas memórias antes de morrer.
c)ressuscitou na sua obra após a morte.
d)obteve em vida o reconhecimento de sua obra.
e)descreveu a morte após o nascimento.

7. (FUVEST-SP) Segundo o narrador, Moisés contou sua morte no:


a)promontório.
b)meio do livro.
c)fim do livro. x
d)intróito.
e)começo da missa.
8. (FUVEST-SP) O tom predominante no texto é de:
a)luto e tristeza.
b)humor e ironia. x
c)pessimismo e resignação.
d)mágoa e hesitação
e)surpresa e nostalgia.

9. (E.E. Mauá-SP) Sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, não é correto afirmar que:
a)é uma obra inovadora do processo narrativo, que introduz o Realismo no Brasil.
b)Brás Cubas atua como defunto-narrador, capaz de alterar a seqüência do tempo cronológico.
c)memorialismo exacerbado acaba por conferir à obra um caráter de crônica.
d)constitui um romance de crítica ao Romantismo, deixando entrever muita ironia em vários
momentos da narrativa. x
e)revela crítica intensa aos valores da sociedade e ao próprio público leitor da época.
10. (UFRGS)
"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria"
O texto acima é:
a)final do testamento de Quincas Borba, que faz de Rubião seu herdeiro, sob a condição de que cuide
de seu cachorro.
b)um comentário de Bentinho, o protagonista de Dom Casmurro, cujo temperamento azedo e
melancólico lhe valeu o apelido.
c)a conclusão pessimista do Dr. Bacamarte, ao final do conto O Alienista, após dedicar sua vida ao
estudo da "patologia cerebral".
d)desabafo do "defunto-autor" das Memórias Póstumas de Brás Cubas, ao final da narrativa. x
e)a reflexão do Conselheiro Aires ao encerrar a narrativa do drama de Flora, em Esaú e Jacó.

QUESTÕES LIVRO A MORENINHA


SEGUE AS QUESTÕES SOBRE O LIVRO A MORENINHA, PARA A RECUPERAÇÃO.

Análise de "A Moreninha" de Joaquim Manoel de Macedo

“A Moreninha”, de Joaquim Manoel de Macedo, foi considerado o primeiro romance do


Romantismo brasileiro, garantindo a Macedo o pioneirismo de fato nesse gênero literário. O título
do livro foi dado pelo próprio protagonista da história, o personagem Augusto, em homenagem a
D. Carolina. Durante toda a história, evidenciam-se os traços da protagonista, principalmente a
cor do rosto: pele morena. Por isso, as pessoas mais íntimas chamavam-na de Moreninha. O
sucesso de “A Moreninha” está vinculado à capacidade do autor de amarrar o leitor na atmosfera
de romance, aguçando a curiosidade do leitor com pequenos enigmas, simples conflitos e uma
leitura fácil e agradável. Tais características se organizam numa narrativa fixada entre a lenda e o
romance para formar uma obra de gosto popular.

Esta análise irá abordar os elementos estruturais da narrativa: enredo, personagens, narrador,
tempo e linguagem

1- ENREDO A história de “A Moreninha” gira em torno de uma aposta feita por quatro estudantes
de Medicina da cidade do Rio de Janeiro do fim da primeira metade do século XIX. Um deles,
Augusto, é tido pelos amigos como namorador inconstante. Ele próprio garante aos colegas ser
incapaz de amar uma mulher por mais de três dias. Um de seus amigos, Filipe, o convida
juntamente com mais dois companheiros, Fabrício e Leopoldo, a passarem o fim de semana em
uma ilha, na casa de sua avó, D. Ana. Ali também estarão duas primas e a irmã de Filipe,
Carolina, mais conhecida como "Moreninha". Por causa da fama de namorador do colega, Filipe
propõe-lhe um desafio: se a partir daquele final de semana Augusto se envolver
sentimentalmente com alguma (e só uma!) mulher por no mínimo 15 dias, deverá escrever um
romance no qual contará a história de seu primeiro amor duradouro. Apesar de Augusto garantir
que não correrá esse risco, no final do livro ele está de casamento marcado com Carolina e o
romance que deveria escrever já está pronto. Nas linhas finais da obra, o próprio Augusto nos
informa seu título: "A Moreninha". Clímax O clímax do romance ocorre quando D.Carolina revela a
Augusto, ao deixar cair um breve contendo um camafeu, que é a mulher a quem ele tinha
prometido se casar na sua infância, no final do Capítulo XXXIII: Desfecho Como todo bom
romance romântico, o desfecho dá-se no final da história quando Augusto e Carolina já estão de
casamento marcado e Augusto perde a aposto que havia feito com Filipe. 2-

PERSONAGENS A Moreninha apresenta dois personagens principais planos, simples, construídos


superficialmente, embora essa caracterização funcione de modo a destacá-los do grupo a que
pertencem. Eles são sempre compostos de modo a tornar viável o que mais interessa nesse tipo
de romance: a ação. São eles: Augusto e D. Carolina, a Moreninha. A figura de Augusto resume
um certo tipo de estudante alegre, jovial, inteligente e namorador. Dotado de sólidos princípios
morais, fez no início da adolescência um juramento amoroso que retardará a concretização de seu
amor por Carolina. Esse impedimento de ordem moral permitirá o desenvolvimento de várias
ações até que, ao final da história, Carolina revelará ser ela mesma a menina a quem o jovem
Augusto jurara amor eterno. É muito jovem e "moreninha" e também travessa, inteligente, astuta
e persistente na obtenção de seus intentos. Carolina encarna a jovem índia Ahy, que espera
incansavelmente por seu amado Aoitin – uma antiga história da ilha que D. Ana conta a Augusto.
No final ela revela para Augusto que era a menina para quem lhe prometera casamento. Os
personagens secundários compõem o quadro social necessário para colocar a história em
movimento ou propiciar informações de certos dados essenciais à trama e representam, por
meio de alguns tipos característicos, a sociedade burguesa da capital do Império. Rafael: Escravo,
criado de Augusto, espécie de pajem ou moleque de recados. É quem lhe prepara os chás e quem
lhe atura o mau humor, levando castigos corporais (bolos) por quase nada. Tobias: Escravo,
criado de D. Joana, prima de Filipe. O negro tem dezesseis anos, é bem-apessoado, falante, muito
vivo quanto à questão de dinheiro. Paula: Ama-de-leite de Carolina; incentivada por Keblerc,
bebeu vinho e ficou bêbada. D. Ana: Avó de Filipe, é uma senhora de espírito e alguma instrução.
Tem sessenta anos, cheia de bondade. Seu coração é o templo da amizade cujo mais nobre altar
é exclusivamente consagrado à querida neta, Carolina, irmã de Filipe. Filipe: I Irmão de Carolina,
neto de D. Ana. Amigo de Augusto, Fabrício e Leopoldo. Também estudante de Medicina. D.
Violante: "D. Violante era horrivelmente horrenda, e com sessenta anos de idade apresentava um
carão capaz de desmamar a mais emperrada criança." Meio estabanada, ela quebra a harmonia
reinante no ambiente burguês, sem causar transtornos graves. Keblerc: Alemão que, diante das
garrafas de vinho, prefere ficar com elas a tomar parte na festa que se desenrola na ilha.
Embriaga-se, mas não perturba o clima de harmonia em que se desenvolve a história. Fabrício:
Amigo de Augusto, também estudante de Medicina. Está apaixonado por Joaninha, mas dela quer
livrar-se por causa das exigências extravagantes da moça. Chega a pedir a ajuda de Augusto para
livrar-se da namorada exigente. Leopoldo: Amigo de Augusto, Filipe e Fabrício; também
estudante de Medicina. D. Joaninha: Prima de Filipe, namorada de Fabrício. Exigia que o
estudante lhe escrevesse cartas de amor quatro vezes por semana; que passasse por defronte da
casa dela quatro vezes por dia; que fosse a miúdo ao teatro e aos bailes que frequentava; que
não fumasse charutos de Havana
nem de Manilha, por ser falta de patriotismo. D. Quinquina: Moça volúvel, namoradeira.
Namorava um tenente Gusmão da Guarda Nacional. Na festa da ilha, recebeu um cravo de um
velho militar e ia passá-lo adiante, a um jovem de nome Lúcio. O cravo terminou, por acaso, nas
mãos de Augusto. D. Clementina: Moça que cortou uma madeixa dos cabelos fez um embrulho e
deixou-o sob uma roseira para ser apanhado por Filipe. Augusto antecipou-se ao colega e guardou
o pacotinho. D. Gabriela: Moça que, por cartas, se correspondia com cinco mancebos. Certo dia, a
senhora encarregada de distribuir as correspondências enganou-se na entrega de duas; trocou-as
e deu a de lacre azul ao Sr.Juca e a de lacre verde ao Sr. Joãozinho. O romance é narrado na
terceira pessoa, por um narrador onisciente. O narrador está presente em todos lugares da
história, característica essa que pode ser facilmente observada no romance: no banco de relva
perto da gruta, enquanto Augusto conta para Sra. D. Ana à história de seus amores (Cap. VII); no
gabinete das moças, relatando a situação de Augusto debaixo de uma cama que se achava no
fundo do gabinete (Cap. XII); No gabinete dos rapazes, enquanto os quatros estudantes dormem
(Cap. XV); Fora da Ilha, gabinete de Augusto e na Ilha relatando as modificações do
comportamento de D. Carolina (Cap. XIX), dentre outros. Em toda a narrativa, podemos observar
que o narrador se dirige a uma outra pessoa, que o Cap. XV nos faz acreditar ser o próprio autor
do romance, convidando-o para participar na narrativa como observador dos acontecimentos, não
chegando, porém, a ser caracterizado como um narrador onisciente-intruso. Vejamos alguns
trechos da narrativa que poderão nos dar uma melhor visão da onipresença do narrador: “Quanto
aos homens ... Não vale a pena!... vamos adiante. (Cap. III) “Um autor pode entrar em toda
parte e, pois ... não. Não, alto lá! No gabinete das moças ... não senhor; no dos rapazes, ainda
bem.” (Cap. XV) “Sobre ela estão conversando agora mesmo Fabrício e Leopoldo. Vamos ouvi-
los.” (Cap. XVI) “Devemos fazer-lhe uma visita; ele está em seu gabinete ...” (Cap. XIX) 4-
TEMPO No romance “A Moreninha”, o tempo é linear, ou seja, os acontecimentos vão sendo
incorporados à história em ordem cronológica, sem recuos nem avanços. Os eventos narrados
desenrolam-se durante os trinta dias pelos quais a aposta entre os estudantes Filipe e Augusto
era válida. A aposta foi feita em 20 de julho de 18...: Quando a história se inicia, Augusto já
estava no quinto ano de Medicina e conquistara, entre os
amigos, a fama de inconstante. Nos capítulos VII e VIII, o autor conta-nos a origem da
instabilidade amorosa do herói. Tudo começara há oito anos, quando Augusto contava 13, e
Carolina 7 anos de idade, utilizando a técnica chamada de flashback, que consiste em voltar no
tempo.

5- LINGUAGEM O romance de Joaquim Manuel de Macedo é escrito numa linguagem ágil e viva,
introduzindo o leitordiretamente no centro da ação. Ao longo do texto, o narrador limita-se a
conduzir o leitor pelos ambientes e pelo interior dos personagens, como no caso do Capítulo XIX –
"Entremos nos Corações". Desse modo, faz o leitor acompanhar todas as ações. Algumas vezes
comenta irônica emetalingüisticamente essa atitude, como o exemplo abaixo, retirado do Capítulo
XV – "Um Dia em Quatro Palavras": "São seis horas da manhã e todos dormem ainda a sono
solto. Um autor pode entrar em toda parte e, pois... não. Não, alto lá! No gabinete das moças...
não senhor; no dos rapazes ainda bem. A porta está aberta." Fiel à época romântica, Macedo
exagera no uso dos adjetivos, tornando a linguagem derramada. Os rodeios excessivos fazem par
com descrições exaustivas, principalmente quando se refere A Moreninha.

CONCLUSÃO A obra nos mostra porque continua sendo um dos romances mais lidos, com uma
leitura interessante e agradável, vem provar mais uma vez a importância da redescoberta dos
valores mais puros, honestos e genuínos presentes na alma do ser humana. Sua importância
dentro do Romantismo foi ter sido a primeira obra expressiva deste movimento literário no Brasil.
O tema é a fidelidade a um amor de infância. Tem valor para o nosso tempo pois resgata
sentimentos como honra, fidelidade e amor , valores esses que vêm sendo esquecidos na
atualidade.

A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo - trecho - questões objetivas


A Moreninha Joaquim Manuel de Macedo

D. Carolina passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e
despeitada; a boa avó livrou-a desses tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e
destreza cair a conversação sobre o estudante amado, dizendo: - Aquele interessante moço,
Carolina, parece pagar-nos bem a amizade que lhe temos, não entendes assim?... - Minha
avó...eu não sei. - Dize sempre, pensarás acaso de maneira diversa?... A menina hesitou um
instante e depois respondeu: - Se ele pagasse bem, teria vindo domingo. - Eis uma injustiça,
Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma enfermidade cruel.
- Doente?! Exclamou a linda Moreninha, extremamente comovida. Doente?...em perigo?... -
Graças a Deus, há dois dias ficou livre dele; hoje já pôde chegar à janela, assim me mandou dizer
Filipe. - Oh! Pobre moço!... se não fosse isso, teria vindo ver-nos!... E, pois, todos os antigos
sentimentos de ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por ansiosas inquietações a
respeito de sua moléstia. No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa menina despertou, e
buscando o toucador, há uma semana esquecido, dividiu seus cabelos nas duas costumadas belas
tranças, que tanto gostava de fazer ondear pelas espáduas, vestiu o estimado vestido branco e
correu para o rochedo. - Eu me alinhei, pensava ela, porque enfim... hoje é domingo e talvez...
como ontem já pôde chegar à janela, talvez consiga com algum esforço vir ver-me. E quando o
sol começou a refletir seus raios sobre o liso espelho do mar, ela principiou também a cantar sua
balada: “Eu tenho quinze anos E sou morena e linda”. Mas, como por encantamento, no instante
mesmo em que ela dizia no seu canto: “Lá vem sua piroga Cortando leve os mares” Um lindo
batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a ilha. Com força e comoção
desusadas bateu o coração de d. Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha atentas
vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado. Quando o ligeiro barquinho se
aproximou suficientemente, a bela Moreninha distinguiu dentro dele Augusto; sentado junto a um
respeitável ancião, a quem não pôde conhecer (...). (...) Augusto, com efeito, saltava nesse
momento fora do batel, e depois deu a mão a seu pai para ajudá-lo a desembarcar; d. Carolina,
que ainda não mostrava dar fé deles, prosseguiu seu canto até que quando dizia: “Quando há de
ele correr Somente para me ver...” Sentiu que Augusto corria para ela. Prazer imenso inundava a
alma da menina, para que possa ser descrito; como todos preveem, a balada foi nessa estrofe
interrompida e d. Carolina, aceitando o braço do estudante, desceu do rochedo e foi
cumprimentar o pai dele. Ambos os amantes compreenderam o que queria dizer a palidez de seus
semblantes e os vestígios de um padecer de oito dias, guardaram silêncio e não tiveram uma
palavra para pronunciar; tiveram só olhares para trocar e suspiros a verter. E para que mais?

01. D. Carolina estava atormentada pelo ciúme e despeito devido


a) as conversas que ela tinha com a avó.
b) ao não comparecimento de Augusto a sua casa.
c) as informações que Filipe deu sobre Augusto.
d) ao bom conceito que a avó tinha de Augusto.

02.A conversa entre D. Carolina e sua avó sobre o estudante amado pela jovem foi
a) esclarecedora
b) desmotivante
c) entediante
d) animadora

03. O ciúme e o despeito de D..Carolina foi substituído


a) pela esperança e serenidade diante das informações dadas pela avó.
b) pelo alívio e tranqüilidade por causa do recado de Filipe.
c) pelas ansiosas inquietações a respeito da doença de Augusto.
d) pela culpa de ter julgado mal seu amado.

04. A menina voltou a arrumar-se pois


a) queria ir visitar o amado.
b) tinha esperança de ser visitada pelo amado.
c) recuperou-se do ciúme e do despeito.
d) foi aconselhada pela avó a cuidar-se.

05. “Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina...”, o termo em destaque
significa
a) enormes
b) constantes
c) incomuns
d) reais

06. O reencontro de d. Carolina e Augusto foi


a) cheio de declarações de amor.
b) cheio de questionamentos.
c) marcado pela indiferença e dúvidas.
d) marcado pela troca de olhares e suspiros.

07) No fragmento: “o amor é um menino doidinho e malcriado que , quando alguém intenta
refreá-lo , chora, esperneia, escabuja”, e no outro “... amor é um anzol que ,quando se engole,
agadanha-se logo no coração da gente...” temos uma figura de linguagem chamada :
a) metonímia
b) personificação
c) metáfora
d) antítese
08) No primeiro capítulo do livro, Augusto fez com Felipe uma aposta. Quem perdesse deveria
escrever a história dos acontecimentos em casa de D. Ana. Perdida a aposta, Augusto cumpriu a
promessa e escreveu A Moreninha.

Vamos escrever como isso aconteceu, numerando os fatos relacionados abaixo de acordo com a
ordem em que eles se sucederam no romance.
( ) Carolina percebe que ama Augusto.
( ) Augusto se dá conta que começa a amar Carolina.
( ) Augusto declara seu amor a Carolina.
( ) Augusto acha Carolina estouvada, caprichosa e feia.
( ) Carolina revela-se a menina a quem Augusto fizera o juramento de amor. Os dois ficam
noivos.
( ) Perdida a aposta, Augusto escreve o livro.
( ) Augusto adoece de amor pela Moreninha, em função do juramento que fizera na infância.

9) Se você reparou bem há um mistério que envolve as vidas de Augusto e de Carolina. Os dois
vivem presos a um fato que foi muito importante para eles. Qual foi esse acontecimento?
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10) Leia e responda: “[...] porém não posso mais esconder estes sentimentos que eu penso que
são segredos e que todo mundo mos lê nos olhos!” Com qual dos provérbios seguintes essa fala
de Augusto se relaciona:
a) Longe dos olhos, longe do coração.
b) O que os olhos não veem o coração não sente.
c) Os olhos são a janela da alma.
d) Em terra de cego quem tem um olho é rei.

11 . Com base na leitura e análise do livro A Moreninha, classifique as afirmações seguintes de


verdadeiras ou falsas:
1. ( ) O sucesso de A Moreninha está vinculado à capacidade do autor de imergir o leitor na
atmosfera de lenda e de sonho, onde o tempo, o sofrimento e o trabalho parecem não existir.
2. ( ) A divisão tradicional do livro, composto de heróis e vilões, é um dos aspectos que o
vinculam ao Romantismo.
3. ( ) Dois personagens do livro quebram a harmonia social da história: o alemão Keblerc, que se
embriaga e leva à embriaguez a ama-de-leite de Carolina, e a senhora D. Violante.
4. ( ) O romance é narrado em primeira pessoa, pelo próprio Augusto.

12. Relacione corretamente:


a. D. Violante
b. Joaninha
c. Quinquina
d. Tobias
e. Rafael
f. Keblerc
1. ( ) Escravo, criado de Augusto, espécie de pajem ou moleque de recados.
2. ( ) Alemão que, diante das garrafas de vinho, prefere ficar com elas a tomar parte na festa que
se desenrola na ilha.
3. ( ) Exigia que o namorado lhe escrevesse cartas de amor quatro vezes por semana; que
passasse por defronte da casa dela quatro vezes por dia.
4. ( ) Escravo, criado de D. Joana, prima de Filipe. O negro tem dezesseis anos, é bem-
apessoado, falante e muito vivo.
5. ( ) Moça volúvel, namoradeira. Namorava um tenente Gusmão da Guarda Nacional.
6. ( ) Com sessenta anos de idade, apresentava um carão capaz de desmamar a mais emperrada
criança.
GABARITO:
1-B

2-A

3-C

4-B

5-C

6-D

7-C

8 - 4, 2, 3, 1, 6, 7, 5.

9 - A promessa que fizeram de se casarem, quando ainda eram crianças.

10 - C

11 - V; F; V; F.

12 - 1 (E)
2 (F)
3 (B)
4 (D)
5 (C)
6 (A)

Exercícios sobre A Moreninha

Texto 01 a 05:

Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhados abaixo. Em um sarau todo
o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champanha na mão, os mais
intrincados negócios; todos murmuram e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-
se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as
moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave
cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um
bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida
no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um
sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e
marchando em seu passeio (…) Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca,
porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.

E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da Corte para a
ilha de… senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e
escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer
e o bom gosto. A Moreninha – Joaquim Manuel de Macedo – pp. 66, 67. – Ed. Ftd…

1.Pesquise o significado de sarau e associe-o a um evento contemporâneo:

R: o sarau se aproxima das festas familiares em que ocorrem dança, jogos, conversa, não é uma
balada, pois o sarau tinha caráter privado, não era aberto a quem quisesse.
2.No fragmento, o autor destaca os aspectos positivos do ambiente ou o deprecia? Justifique:

R: o autor destaca os aspectos positivos do ambiente, trata-se de um sarau, apresentado no


trecho como uma festa agradável, frequentada por pessoas de bom gosto, de caráter e
qualidades, alegre, escolhida sociedade.

3.O sarau associa-se ao modo de vida burguês. Que elementos justificam a afirmação?

o elemento que associa o sarau ao modo de vida burguês é o fato de ser uma festa urbana,
noturna.

4.A burguesia se firmou como classe dominante a partir da Revolução Francesa. Que mudanças
ela implantou no cotidiano?

introduziu a valorização da família, do trabalho, e novas formas de lazer, mais democráticas,


como os bailes, os saraus.

5. A linguagem do texto romântico marca-se pela metáfora/comparação e pela hipérbole.


Destaque do texto exemplos das duas figuras:

R: metáfora/comparação: as moças são no sarau como as estrelas no céu; hipérbole: no sarau


não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés
e falar pelos olhos.

6. Texto 1:
Já era tarde. Augusto amava deveras, e pela primeira vez em sua vida; e o amor, mais forte que
seu espírito, exercia nele um poder absoluto e invencível. Ora, não há ideias mais livres que as
do preso; e, pois, o nosso encarcerado estudante soltou as velas da barquinha de sua alma, que
voou, atrevida, por esse mar imenso da imaginação; então começou a criar mil sublimes quadros
e em todos eles lá aparecia a encantadora Moreninha, toda cheia de encantos e graças. Viu-a,
com seu vestido branco, esperando-o em cima do rochedo, viu-a chorar, por ver que ele não
chegava, e suas lágrimas queimavam-lhe o coração.(Joaquim Manuel de Macedo. “A Moreninha”.
São Paulo: Ática, 1997, p.125.)

Texto 2:
Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria
ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na
história.
(Carlos Drummond de Andrade. “Reunião”. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, p.19.)

a) Em ambos os textos, percebe-se a utilização de uma mesma temática mas com tratamentos
distintos. Explique, com suas próprias palavras, a concepção de amor presente nos textos de
Joaquim Manuel de Macedo e de Carlos Drummond de Andrade.

b) Nota-se que a estrutura do poema “Quadrilha” é construída a partir de dois movimentos.


Identifique-os indicando, para cada movimento, o verso inicial e o final.
RESPOSTA:

a)A concepção de amor no texto 1 indica idealização do sentimento amoroso e da mulher amada;
valorização da fantasia e da imaginação; caracterização do poder absoluto do amor sobre as
personagens. O tema é tratado no texto 2 a partir de um tom crítico e irônico, apontando o
desencanto e o desencontro entre as personagens. b)Lili, a “que não amava ninguém”, é a única
do grupo que ironicamente encontrou um par. Diferente dos outros que cumpriam um destino
solitário ou trágico, ela se casou com J. Pinto Fernandes, uma personagem fora da quadrilha.

Texto para as questões 7, 8, 9 e 10

“Malditos românticos, que têm crismado tudo e trocado em seu crismar os nomes que melhor
exprimem as ideias!… O que outrora as chamava em bom português, moça feia, os reformadores
dizem menina simpática!… O que numa moça era antigamente, desenxabimento, hoje é ao
contrário: sublime languidez!… Já não há mais meninas importunas e vaidosas… As que o foram
chamam-se agora espirituosas!… A escola dos românticos reformou tudo isso, em consideração
ao belo sexo.” (MACEDO, Joaquim Manuel de. “A Moreninha”. São Paulo: FTD, 1991. p.31.)

7.De acordo com o texto e considerando o período em que a obra foi escrita, é correto afirmar:

a) A figura de linguagem utilizada no texto para se referir ao modo como as mulheres passam a
ser tratadas pelos artistas românticos é a hipérbole, que consiste no exagero com o intuito de
realçar uma ideia.

b) O termo “românticos”, utilizado no texto, diz respeito a estado de espírito, desviando-se do


movimento artístico dominante na primeira metade do século XIX brasileiro.

c) O movimento romântico teve caráter contestador, trazendo mudanças não somente para a arte
como também para o comportamento. x

d) Percebe-se, no texto, forte influência do Positivismo, pois o personagem preocupa-se com a


maneira através da qual os escritores românticos referem-se às mulheres.

e) A referência ao modo de tratar a figura feminina exprime uma tentativa de aproximar dois polos
considerados inconciliáveis e opostos, denotando profundo gosto pelo paradoxal e antitético.

8.Considere as afirmativas a seguir.

I.Há no texto uma nítida oposição entre “outrora” e “hoje”, podendo o primeiro ser lido como
“época em que dominavam os valores clássicos”, e o segundo, como “época em que dominam os
valores românticos”.

II.No período clássico, a designação da realidade era feita através de palavras precisas, deixando
claro que aquele que a focalizava possuía grande conhecimento da língua portuguesa padrão.

III. No período romântico, a realidade não é mais vista por uma única perspectiva, por
conseguinte, pode ser apreendida de maneira subjetiva.

IV.Olhar a realidade de forma romântica ou de forma clássica vem a ser a mesma coisa, pois o
olhar é, antes de mais nada, humano.

Estão corretas apenas as afirmativas:


a) I e II. x b) I e III. c) II e IV. d) I, III e IV. e) II, III e IV.

9.Dado o fato de haver no texto o emprego do substantivo “reformadores” aplicado aos


românticos, é correto afirmar que Fabrício:

a) Mostra-se conservador devido à peculiaridade de sua história familiar.

b) Discorda da visão de mundo dos românticos, seus contemporâneos. x

c) Está efetuando leitura da oposição visão de mundo romântica e visão de mundo clássica em
período posterior à ocorrência das mesmas.

d) Possui visão de mundo católica, opondo-se aos adeptos da Reforma de Lutero.

e) Apresenta-se neutro frente à oposição visão de mundo clássica e visão de mundo romântica.

10.Sobre a expressão “em bom português”, presente no texto, considere as afirmativas a seguir.
Estão corretas apenas as afirmativas:

I.Conforme aparece no texto, indica o desejo de estar de acordo com a norma culta da língua
portuguesa.

II.Corresponde à expectativa de preservar, no uso corrente da língua portuguesa, a clareza e a


objetividade.

III. Conforme aparece no texto, aponta a valorização da fidelidade aos sentidos originais dos
vocábulos.

IV.É utilizada para ressaltar a admiração pela língua portuguesa conforme é falada em Portugal.

a) I e III. x b) II e III. c) II e IV. d) I, II e IV. e) I, III e IV.

“Ora, o tal bichinho chamado amor é capaz de amoldar seus escolhidos a todas as circunstâncias
e de obrigá-los a fazer quanta parvoíce há neste mundo. o amor faz o velho criança, o sábio
doido, o rei humilde, cativo; faz mesmo. Ás vezes, com que o feio pareça bonito e o grão de areia
um gigante. O amor seria capaz de obrigar um coxo a brincar o tempo-será, a um surdo o
companheiro e a um cego o procura quem te deu. O amor foi inventor das cabeleiras, dos dentes
postiços e de outros certos postiços que… mas, alto lá! Que isto é bulir com muita gente; enfim, o
amor está fazendo um estudante do quinto ano de medicina passar um dia inteiro brincando com
bonecas.”(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha.)

11.A passagem extraída do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, refere-se ao


seu protagonista masculino, o estudante de medicina Augusto.

O tema abordado neste texto corresponde:

a) ao caráter inconstante da paixão amorosa

b)à relação problemática entre o amor e juventude.

c) à exaltação romântica do amor juvenil.

d) às alterações de comportamento provocadas pelo amor. x


e) aos paradoxos afetivos que caracterizam os enamorados.

12.Assim se pode definir o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo:

a)Relato da vida nas repúblicas estudantis do tempo do Império.

b) Estudo da psicologia de um tipo de mulher brasileira, no ambiente rural.

c) História de fidelidade ao amor de infância, na sociedade do Rio x

d) Crônica de um caso de mistério, na sociedade carioca de fins do século.

e)Narrativa sobre o problema da escravidão, na sociedade brasileira do século passado

13.Analise as afirmações abaixo sobre o romance “A Moreninha” e seu autor Joaquim

Manuel de Macedo.

I- A Moreninha é um livro centrado no romance entre Augusto e Carolina e é um dos pilares de


nossa literatura romântica.

II- Numa época onde a cultura era totalmente voltada para a Europa, A Moreninha é uma das
primeiras e magníficas tentativas de fazer literatura brasileira, observando usos e costumes do
Brasil do Segundo Império, retratando o cotidiano da vida brasileira em meados do século XIX.

III- O romance apresenta a temática do casamento por interesse tão comum no século XIX e
criticado pelo autor que já era considerado realista-naturalista.

Quais são corretas?

A) Apenas I. x B) Apenas I e II. C) Apenas II e III. D) Apenas I e III. E) I, II e III.

14.Analise as afirmações abaixo sobre o romance “A Moreninha” e seu autor Joaquim Manuel de
Macedo.

I- Mestre na arte do folhetim, Macedo sabia como entrelaçar vários fios narrativos, criando para o
leitor momentos de emoção imprevistos e cenas cômicas que ajudam a desfazer a tensão,
enquanto o narrador prepara o final feliz reservado para os protagonistas.

II- O Romantismo presente na trama desenvolvida por Macedo se manifesta em diversos


aspectos da estrutura: há a pureza do amor infantil, que se concretiza na idade adulta; há a
manutenção do mistério da identidade dos amantes; há até o traço nacionalista com a
apresentação de uma lenda indígena.

III- Foi o primeiro romance romântico urbano com qualidade literária que alcançou grande
sucesso de público e abriu caminho para uma vasta produção de folhetins escritos por autores
brasileiros.

Quais são corretas?

Apenas I. x B) I, II e III. C) Apenas I e II. D) Apenas II e III. E) Apenas I e III.

15.Sobre o romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, leia o trecho reproduzido e


responda à questão seguinte.
“Entre os rapazes, porém, há um que não está absolutamente satisfeito: é Augusto. Será porque
no tal jogo da palhinha tem por vezes ficado viúvo?… não! ele esperava isso como castigo da sua
inconstância. A causa é outra: a alma da ilha de … não está na sala! Augusto vê o jogo ir
seguindo o seu caminho muito em ordem; não se rasgou ainda nenhum lenço, Filipe ainda não
gritou com a dor de nenhum beliscão, tudo se faz em regra e muito direito; a travessa, a inquieta,
a buliçosa, a tentaçãozinha não está aí: D. Carolina está ausente!…

Com efeito, Augusto, sem amar D. Carolina, (ele assim o pensa) já faz dela ideia absolutamente
diversa da que fazia ainda há poucas horas. Agora, segundo ele, a interessante Moreninha é, na
verdade, travessa, mas a cada travessura ajunta tanta graça, que tudo se lhe perdoa. D. Carolina
é o prazer em ebulição; se é inquieta e buliçosa, está em sê-lo a sua maior graça; aquele rosto
moreno, vivo e delicado, aquele corpinho, ligeiro como abelha, perderia metade do que vale, se
não estivesse em contínua agitação. O beija-flor nunca se mostra tão belo como quando se
pendura na mais tênue flor e voeja nos ares; D. Carolina é um beija-flor completo.”MACEDO,
Joaquim Manuel de. A Moreninha. L&PM: Porto Alegre, 2001.p. 123-124.

A única alternativa incorreta sobre a obra e o trecho lidos é:

A) O cotidiano burguês do século XIX é apresentado em diversos capítulos, detalhando os


hábitos e costumes da época.

B) A comparação de D. Carolina a um beija-flor é um recurso estilístico próprio do Romantismo, e


serve para enfatizar o caráter idealizador sobre a figura feminina.

C) A inquietação de Augusto é causada pela ausência de D. Carolina, e não pelo fato de o jogo
estar monótono.

xD) Augusto começa a enxergar a jovem D. Carolina como uma mulher sedutora e extravagante,
após alguns dias devidamente instalado na ilha de…

E) A obra sugere, em seu final, que o romance é resultado da derrota de Augusto na aposta
realizada com seu amigo Filipe.

16.Sobre o contexto histórico-literário da obra “A Moreninha” e seu autor, analise as afirmações a


seguir.

I.Joaquim Manuel de Macedo foi o primeiro romancista a alcançar sucesso junto ao novo público
romântico formado por jovens senhoras e estudantes.

II.O contexto da publicação da obra revela um Rio de Janeiro imperial e seus costumes urbanos.

III. A burguesia mantém-se como personagem e consumidor dos romances românticos, fato esse
herdado da estética literária anterior.

Quais são corretas?

A) Apenas I xB Apenas I e II. C) Apenas II e III. D) Apenas I e III. E ) I, II e III.

17.(UFP)Em linhas gerais, o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, é:

a) o relato de uma história de fidelidade ao amor de infância, na sociedade brasileira do século


passado. x
b) a crônica de um caso amoroso ocorrido em fins do século XVII nas imediações do Rio de
Janeiro.

c) uma história baseada no problema da escravidão, na sociedade brasileira do Segundo Império.

d) a história dramática de uma heroína às voltas com um amor impossível.

e) uma história que mostra a oposição Roça/Corte no século passado, através de um episódio
amoroso.

19.(ARL) Analise as afirmações abaixo sobre o escritor Joaquim Manuel de Macedo.

I- Joaquim Manuel de Macedo foi médico, político, professor, romancista, teatrólogo e poeta,
numa época de euforia da burguesia, classe social dominante, em pleno Brasil pós
independente.

II- Foi aceito de imediato pelo público porque explorou com muita felicidade a “psicologia
feminina e a sociedade da época” bem como por usar a linguagem do leitor.

III- Retratou a elite brasileira da corte com alguns tipos inconfundíveis: os estudantes, a moça
namoradeira, a criada intrometida, a avó carinhosa, a senhora fofoqueira, todos eles envolvidos
em cenas que se desenrolam em espaços claramente brasileiros (a Ilha

de Paquetá, as matas da Tijuca, os espaços urbanos do Rio de Janeiro.

Quais são corretas?

A) Apenas I. B) Apenas I e II. C) Apenas II e III. D) Apenas I e III. E) I, II e III. X

A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo - trecho/questões


objetivas/ gabarito
A Moreninha
Joaquim Manuel de Macedo

D. Carolina passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e despeitada; a boa avó
livrou-a desses tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair a conversação sobre o estudante
amado, dizendo:
- Aquele interessante moço, Carolina, parece pagar-nos bem a amizade que lhe temos, não entendes assim?...
- Minha avó...eu não sei.
- Dize sempre, pensarás acaso de maneira diversa?...
A menina hesitou um instante e depois respondeu:
- Se ele pagasse bem, teria vindo domingo.
- Eis uma injustiça, Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma enfermidade
cruel.
- Doente?! Exclamou a linda Moreninha, extremamente comovida. Doente?...em perigo?...
- Graças a Deus, há dois dias ficou livre dele; hoje já pôde chegar à janela, assim me mandou dizer Filipe.
- Oh! Pobre moço!... se não fosse isso, teria vindo ver-nos!...
E, pois, todos os antigos sentimentos de ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por ansiosas
inquietações a respeito de sua moléstia.
No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa menina despertou, e buscando o toucador, há uma semana
esquecido, dividiu seus cabelos nas duas costumadas belas tranças, que tanto gostava de fazer ondear pelas
espáduas, vestiu o estimado vestido branco e correu para o rochedo.
- Eu me alinhei, pensava ela, porque enfim... hoje é domingo e talvez... como ontem já pôde chegar à janela,
talvez consiga com algum esforço vir ver-me.
E quando o sol começou a refletir seus raios sobre o liso espelho do mar, ela principiou também a cantar sua
balada:
“Eu tenho quinze anos
E sou morena e linda”.
Mas, como por encantamento, no instante mesmo em que ela dizia no seu canto:
“Lá vem sua piroga
Cortando leve os mares”
Um lindo batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a ilha.
Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha
atentas vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado.
Quando o ligeiro barquinho se aproximou suficientemente, a bela Moreninha distinguiu dentro dele Augusto;
sentado junto a um respeitável ancião, a quem não pôde conhecer (...).
(...)
Augusto, com efeito, saltava nesse momento fora do batel, e depois deu a mão a seu pai para ajudá-lo a
desembarcar; d. Carolina, que ainda não mostrava dar fé deles, prosseguiu seu canto até que quando dizia:
“Quando há de ele correr
Somente para me ver...”
Sentiu que Augusto corria para ela. Prazer imenso inundava a alma da menina, para que possa ser descrito; como
todos prevêem, a balada foi nessa estrofe interrompida e d. Carolina, aceitando o braço do estudante, desceu do
rochedo e foi cumprimentar o pai dele.
Ambos os amantes compreenderam o que queria dizer a palidez de seus semblantes e os vestígios de um
padecer de oito dias, guardaram silêncio e não tiveram uma palavra para pronunciar; tiveram só olhares para trocar e
suspiros a verter. E para que mais?

01. D. Carolina estava atormentada pelo ciúme e despeito devido


a) as conversas que ela tinha com a avó.
b) ao não comparecimento de Augusto a sua casa.
c) as informações que Filipe deu sobre Augusto.
d) ao bom conceito que a avó tinha de Augusto.

02.A conversa entre d. Carolina e sua avó sobre o estudante amado pela jovem foi
a) esclarecedora b) desmotivante c) entediante d) animadora

03. O ciúme e o despeito de d.Carolina foi substituído


a) pela esperança e serenidade diante das informações dadas pela avó.
b) pelo alívio e tranqüilidade por causa do recado de Filipe.
c) pelas ansiosas inquietações a respeito da doença de Augusto.
d) pela culpa de ter julgado mal seu amado.

04. A menina voltou a arrumar-se pois


a) queria ir visitar o amado.
b) tinha esperança de ser visitada pelo amado.
c) recuperou-se do ciúme e do despeito.
d) foi aconselhada pela avó a cuidar-se.

05. “Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina...”, o termo em destaque significa
a) enormes b) constantes c) incomuns d) reais

06. O reencontro de d. Carolina e Augusto foi


a) cheio de declarações de amor.
b) cheio de questionamentos.
c) marcado pela indiferença e dúvidas.
d) marcado pela troca de olhares e suspiros.

Gabarito: 01. b 02. a 03. c 04. b 05. c 06. D


Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães - Trecho/ Questões
Objetivas/ Gabarito
TEXTO: CAPÍTULO XIV

Havia terminado a quadrilha. Álvaro ufano, e cheio de júbilo, conduzia o seu famoso par através da
multidão, através de uma viva fuzilaria de olhares de inveja e de admiração, que se cruzavam em sua
passagem; a pretexto de oferecer-lhe algum refresco, a foi levando para uma sala dos fundos, que se
achava quase deserta. Até ali ainda ele não havia feito a Elvira uma declaração de amor em termos
positivos, se bem que esse amor se estivesse revelando a cada instante, e cada vez mais ardente e
apaixonado, em seus olhos, em suas palavras, em todos os seus movimentos e ações. Álvaro julgava já
ter adquirido completo conhecimento do coração de sua amada, e nos dois meses durante os quais a
havia estudado, não havia descoberto nela senão novos encantos e perfeições. Estava plenamente
convencido que de todas as formosuras que até ali tinha conhecido, Elvira era em tudo a mais digna de
seu amor, e já nem por sombras duvidava da pureza de sua alma, da sinceridade do seu afeto. Pensava,
portanto, que sem receio algum de comprometer o seu futuro, podia abandonar o coração ao império
daquela paixão, que já não podia dominar. Quanto à origem procedência de Elvira, era coisa de que nem
de leve se preocupava, e nunca se lembrou de indagar. A distinção de classes repugnava a seus
princípios e sentimentos filantrópicos. Fosse ela uma princesa que o destino obrigava a andar foragida, ou
tivesse o berço na palhoça de algum pobre pescador, isso lhe era indiferente. Conhecia-a em si mesma,
sabia que era uma das criaturas mais perfeitas e adoráveis que se pode encontrar sobre a Terra, e era
quanto lhe bastava.
Observava Álvaro em seus costumes, como já sabemos, a severidade de um quaker, e seria
incapaz de abusar do amor que havia inspirado à formosa desconhecida, aninhando em seu espírito um
pensamento de sedução.
Naquela noite, pois o apaixonado mancebo, rendido e deslumbrado mais que nunca pelos novos
encantos e atrativos, que Elvira alardeava entre os esplendores do baile, não pôde e nem quis dilatar por
mais tempo a declaração , que a cada instante lhe ardia nos olhos, e esvoaçava pelos lábios, e apenas
achou-se em lugar onde pudesse não ser ouvido senão de Elvira:
- D. Elvira, - lhe disse com voz grave e comovida, - se a senhora é um anjo em sua casa, nos salões
do baile é uma deusa. O meu coração há muito já lhe pertence; sinto que o um destino de hoje em diante
depende só da senhora. Funesta ou propícia, a senhora será sempre a minha estrela nos caminhos da
vida. Creio que me conhece bastante para acreditar na sinceridade de minhas palavras. Sou senhor de
uma fortuna considerável; tenho posição honrosa e respeitável na sociedade; mas não poderia jamais ser
feliz, se a senhora não consentir em partilhar comigo esses bens, que a fortuna prodigalizou-me.
Estas palavras de Álvaro, tão meigas, tão repassadas do mais sincero e profundo amor, que em
outras condições teriam caído como bálsamo celeste sobre o coração de Isaura e banhá-lo em inefáveis
eflúvios de ventura, eram agora para ela como um atroz e pungente sarcasmo do destino, um hino do céu
ouvido entre as torturas do inferno. Via de um lado um anjo, que, tomando-a pela mão com um suave
sorriso, mostrava-lhe um éden de delícias, ao qual se esforçava por conduzi-la, enquanto de outro lado a
hedionda figura de um demônio atava-lhe ao pé um pesado grilhão, e como todo o seu peso a arrastava
para um gólfão de eternos sofrimentos.
(Guimarães, Bernardo – Escrava Isaura. Ed. Verdes Mares Ltda, Fortaleza-Ce, 1998 –p. 90-91)

01. De acordo com o texto, Álvaro conduz Elvira a uma sala sob penumbra para:
a) seduzi-la b) escondê-la c) declarar seu amor d) protegê-la da multidão

02. Sobre o personagem Álvaro é falsa a informação:


a) Considera Elvira um enfeite e por isso exibe-a por entre a multidão.
b) Desconhece o passado de Elvira.
c) A cada dia apaixonava-se mais por Elvira.
d) Não temia comprometer seu futuro por causa dos sentimentos que nutria por Elvira.

03. Sobre Elvira, é correta a informação:


a) Era uma princesa. c) Na verdade chamava-se Isaura.
b) Tinha desprezo por Álvaro. d) Mostrou-se interessada na fortuna de Álvaro.

04. A procedência misteriosa de Elvira em nada afeta os sentimentos que Álvaro nutre por ela, uma vez que ele a
idealiza. Podemos observar isso no trecho:
a) “Álvaro ufano,e cheio de júbilo, conduzia o seu famoso par através da multidão...”
b) “ Fosse ela uma princesa [...] ou tivesse o berço na palhoça de um pobre pescador, isso lhe era indiferente.
c) “Álvaro em seus costumes [...] seria incapaz de abusar que havia inspirado à formosa desconhecida...
d) “Creio que me conhece bastante para acreditar na sinceridade de minhas palavras.”

05. Podemos observar o exagero na caracterização dos personagens românticos em todos os trechos, exceto em:
a) “...era uma das criaturas mais perfeitas e adoráveis sobre a Terra...”
b)”...é um anjo em sua casa, nos salões do baile é uma deusa.”
c) “...não havia descoberto nela senão novos encantos e perfeições.”
d) “... seria incapaz de abusar do amor que havia inspirado à formosa desconhecida.”

06. Qual dos adjetivos a seguir não pode ser atribuído a Álvaro de acordo com esse trecho do livro?
a) apaixonado b) rico c) sincero d) indeciso

07. Qual das informações está de acordo com o que nos apresenta o texto?
a) Contido, Álvaro esconde, por gestos e palavras, seu amor por Elvira.
b) Elvira não acreditou na declaração de amor de Álvaro.
c) Álvaro coloca seus sentimentos acima das convenções de natureza social.
d) Álvaro tenta subornar Elvira oferecendo-lhe dinheiro.

Gabarito: 1.c 2. a 3.c 4.b 5.d 6.d 7. c

Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis -


Trecho/ Questões/ Gabarito
O trecho a seguir pertence ao romance Memórias Póstumas de Brás Cubas. Próximo dos cinquenta anos,
sentindo-se derrotado por não ter sido indicado como ministro, Brás Cubas conversa com Quincas borba, seu amigo
filósofo.

Os cães
Machado de Assis

- Mas, enfim, que pretendes fazer agora? perguntou-me Quincas Borba, indo pôr a xícara vazia no parapeito
de uma das janelas.
- Não sei; vou meter-me na Tijuca; fugir aos homens. Estou envergonhado, aborrecido. Tantos sonhos, meu
caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada.
- Nada! interrompeu-me Quincas Borba com um gesto de indignação.
Para distrair-me, convidou-me a sair; saímos para os lados do Engenho Velho. Íamos a pé, filosofando as
coisas. Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio. A palavra daquele grande homem era o cordial da
sabedoria. Disse-me ele que eu não podia fugir ao combate; se me fechavam a tribuna, cumpria-me abrir um jornal.
Chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica podia, uma ou outra vez,
retemperar-se no calão do povo. Funda um jornal, disse-me ele, e "desmancha toda esta igrejinha".
- Magnífica idéia! Vou fundar um jornal, vou escanchá-los, vou...
- Lutar. Podes escanchá-los ou não; o essencial é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no
centro do organismo universal.
Daí a pouco demos com uma briga de cães; fato que aos olhos de um homem vulgar não teria valor. Quincas
Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles estava um osso, motivo da guerra, e não
deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os
cães mordiam-se, rosnavam, com o furor nos olhos...Quincas Borba meteu a bengala debaixo do braço, e parecia em
êxtase.
- Que belo que isto é1 dizia ele de quando em quando.
Quis arrancar-me dali, mas não pude; ele estava arraigado ao chão, e só continuou a andar, quando a briga
cessou inteiramente, e um dos cães, mordido e vencido, foi levar a sua fome a outra parte.
notei que ficara sinceramente alegre, posto contivesse a alegria, segundo convinha a um grande filósofo. Fez-me
observar a beleza do espetáculo, relembrou o objeto da luta, concluiu que os cães tinham fome; mas a privação do
alimento era nada para os efeitos gerais da filosofia. Nem deixou de recordar que em algumas partes do globo o
espetáculo é mais grandioso: as criaturas humanas é que disputam aos cães os ossos e outros manjares menos
apetecíveis; luta que se complica muito, porque entra em ação a inteligência do homem, com todo o acúmulo de
sagacidade que lhe deram os séculos, etc.

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 18. ed. São Paulo, Ática, 1993.cap.CXLI,P.161-2.

1. Após o fracasso de sua pretensão de ser ministro, qual a primeira reação de Brás Cubas?
a) desistir de vez da carreira política
b) persistir com seu propósito
c) querer retirar-se da roda social que frequentava
d) vingar-se de seus adversários políticos

2. O passeio com Quincas Borba para Brás Cubas foi:


a) entediante b) intrigante c) maléfico d) benéfico

3. Por que Brás Cubas deveria abrir um jornal, na opinião de Quincas?


a) Porque ninguém vive sem trabalho.
b) Porque era uma forma de continuar lutando.
c) Porque era uma forma dele esquecer a decepção na política.
d) Porque ele precisava arranjar uma fonte de renda já que não conseguiu ser ministro.

4. De acordo com o narrador do texto, que fato aos olhos de um homem vulgar não teria valor?
a) abrir um jornal.
b) assistir animais disputando alimento
c) homens lutando através da inteligência
d) ser derrotado nas suas aspirações políticas

5. Para Quincas Borba, lutar é:


a) Importante, pois nos torna digno dos nossos sonhos.
b) Importante, apesar de ser uma complicação para a inteligência humana.
c) Importante em si, mesmo que o objeto da luta não signifique nada, pois o osso nem sequer tinha carne.
d) Importante somente quando temos um objeto a ser conquistado nesta luta; no caso o osso, que pode ser alimento.

6. "...ele estava arraigado ao chão..." o termo em destaque significa:


a) próximo b) caído c) ajoelhado d) preso

gabarito: 1.c 2. d 3. b 4.b 5. c 6.d


O CORTIÇO, de Aluísio Azevedo - Trecho/ questões/ gabarito
O CORTIÇO
Aluísio Azevedo

(...)
Algumas lavadeiras enchiam já as suas tinas; outras estendiam nos coradouros a roupa que
ficara de molho. Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as
modinhas brasileiras. Um carroção de lixo entrou com grande barulho de rodas na pedra, seguido
de uma algazarra medonha algaraviada pelo carroceiro contra o burro.
E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mercadores. Apareceram os tabuleiros de carne
fresca e outros de tripas e fatos de boi; só não vinham hortaliças, porque havia muitas hortas no
cortiço. Vieram os ruidosos mascates, com as suas latas de quinquilharia, com as suas caixas de
candeeiros e objetos de vidro e com seu fornecimento de caçarolas e chocolateiras, de folhas-de-
flandres. Cada vendedor tinha o seu modo especial de apregoar, destacando-se o homem das
sardinhas, com as cestas do peixe dependuras, à moda de balança, de um pau que ele trazia ao
ombro. Nada mais foi preciso do que o seu primeiro guincho estridente e gutural para surgirem
logo, como por encanto, uma enorme variedade de gatos, que vieram correndo acercar-se dele
com grande familiaridade, roçando-se-lhe nas pernas arregaçadas e miando suplicantemente. O
sardinheiro os afastava com o pé, enquanto vendia o seu peixe à porta das casinhas, mas os
bichanos não desistiam e continuavam a implorar, arranhando os cestos que o homem
cuidadosamente tapava mal servia ao freguês. Para ver-se livre por um instante dos importunos
era necessário atirar para bem longe um punhado de sardinhas, sobre o qual se precipitava logo,
aos pulos, o grupo de pedinchões.
A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz,
berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. Tinha duas filhas, uma casada
e separada do marido, Ana das Dores, a quem só chamavam a “das Dores”, e a outra donzela
ainda, a Nenen, e mais um filho, o Agostinho, menino levado dos diabos, que gritava tanto ou
melhor que a mãe. A das Dores morava em sua casinha à parte, mas toda a família habitava no
cortiço.
Ninguém ali sabia ao certo se a Machona era viúva ou desquitada; os filhos não se pareciam
uns com os outros. A das Dores, sim, afirmavam que fora casada e que largara o marido para
meter-se com um homem do comércio; e que este, retirando-se para a terra e não querendo
soltá-la ao desamparo, deixara o sócio em seu lugar. Teria vinte e cinco anos.
Nenen dezessete. Espigada, franzina e forte, com uma proazinha de orgulho da sua
virgindade, escapando como enguia por entre os dedos dos rapazes que a queriam sem ser para
casar. Engomava bem e sabia fazer roupa branca de homem com muita perfeição.
Ao lado da Leandra foi colocar-se à sua tina a Augusta Carne-Mole, brasileira, branca, mulher
de Alexandre, um mulato de quarenta anos, soldado da polícia, pernóstico, de grande bigode
preto, queixo sempre escanhoado e um luxo de calças brancas engomadas e botões limpos na
farda, quando estava de serviço. Também tinham filhos, mas ainda pequenos, um dos quais, a
Juju, vivia na cidade com a madrinha que se encarregava dela. Esta madrinha era uma cocote de
trinta mil-réis para cima, a Léonie, com sobrado na cidade. Procedência francesa.
Alexandre, em casa, à hora do descanso, nos seus chinelos, e na sua camisa desabotoada,
era muito chão com os companheiros de estalagem, conversava, ria e brincava, mas envergando
o uniforme, encerando o bigode e empunhando a sua chibata, com que tinha o costume de
fustigar as calças de brim, ninguém mais lhe via os dentes e então a todos falava teso e por cima
do ombro. A mulher, a quem ele só dava tu quando não estava fardado, era de uma honestidade
proverbial no cortiço, honestidade sem mérito, porque vinha da indolência do seu temperamento e
não do arbítrio do seu caráter.

01. A descrição do amanhecer no cortiço revela que


a) os animais não tinham acesso ao local.
b) o lugar era bastante tranqüilo nas primeiras horas do dia.
c) vendedores de hortaliças eram os primeiros a chegar ao local.
d) o barulho dos mercadores e o movimento eram grandes desde cedo.

02. Qual dos personagens citados no trecho era morador do cortiço?


a) das Dores b) Léonie c) Nenen d) Juju

03. As sensações privilegiadas na descrição do amanhecer no cortiço são


a) tácteis e visuais
b) visuais e auditivas
c) auditivas e olfativas
d) olfativas e tácteis

04. “A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a ‘Machona’...”, o termo em
destaque tem o sentido de
a) referência b) vontade c) implicância d) apelido

05. O trecho informa que Alexandre


a) era casado com Leandra, uma portuguesa.
b) vivia com uma cocote num sobrado na cidade.
c) Era um sujeito muito pedante e elegante quando estava de serviço.
d) Estava sempre sorridente e cheio de camaradagem com as pessoas do cortiço.

06. “Para ver-se livre por um instante dos importunos era necessário atirar bem longe um
punhado de sardinhas”, o termo em destaque se refere
a) aos gatos b) aos mercadores c) aos fregueses d) aos mascates

07. “...arranhando os cestos que o homem cuidadosamente tapava mal servia ao freguês”, a
palavra em destaque no trecho foi utilizado para expressar
a) modo b) causa c) lugar d) tempo

Gabarito: 01. d 02. c 03. b 04. d 05. c 06. a 07. d


Lista de questões de vestibulares sobre o livro Iracema, de José de Alencar.
Ler artigo Iracema.

Exercício 1: (FUVEST 2009)


Em um poema escrito em louvor de Iracema, Manuel Bandeira afirma que, ao compor
esse livro, Alencar:

“[...] escreveu o que é mais poema Que romance, e poema menos Que um mito,
melhor que Vênus.”

Segundo Bandeira, em Iracema:

Alencar parte da ficção literária em direção à narrativa mítica, dispensando referências a


A)
coordenadas e personagens históricas.

o caráter poemático dado ao texto predomina sobre a narrativa em prosa, sendo, por sua vez,
B)
superado pela constituição de um mito literário.

a mitologia tupi está para a mitologia clássica, predominante no texto, assim como a prosa está
C)
para a poesia.

ao fundir romance e poema, Alencar, involuntariamente, produziu uma lenda do Ceará, superior à
D)
mitologia clássica.

estabelece-se uma hierarquia de gêneros literários, na qual o termo superior, ou dominante, é a


E)
prosa romanesca, e o termo inferior, o mito.

Resolução:

A alternativa que melhor interpreta as palavras de Manuel Bandeira sobre o romance


Iracema, de José de Alencar, é a letra B: “o caráter poemático dado ao texto
predomina sobre a narrativa em prosa, sendo, por sua vez, superado pela
constituição de um mito literário”.

A letra A está incorreta, pois o autor não dispensa as referências a coordenadas e


personagens históricas, pelo contrário, o romance é dotado de itens históricos que
fazem do mesmo uma lenda do nascimento do povo cearense e da união entre o
português e o índio.

A letra C está incorreta por fazer uma relação entre a mitologia tupi e a mitologia
clássica, relacionando-as com prosa e poesia. Esta relação é inexistente no romance.

A letra D está incorreta pois Manuel Bandeira não afirma que o autor fundiu romance
e poema e nem que involuntariamente produziu esta lenda, pelo contrário, elogia sua
capacidade de, em um romance, deixar transbordar a poesia, e de construir tal lenda,
comparando-a à mitologia clássica.
A letra E está incorreta, pois a hierarquia que Manuel Bandeira estabelece coloca
como termo superior a mitologia clássica, e como construção inferior o romance.

Exercício 2: (UFSC 2011)


A partir da leitura do romance Iracema, e considerando o contexto do Romantismo
brasileiro, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).

Ao seduzir e possuir Iracema, Martim está consciente dos seus atos, e isso constitui traição tanto
1)
aos seus valores cristãos quanto à hospitalidade de Araquém. Quebra-se aqui, portanto, uma
importante característica do Romantismo, a idealização do herói, que jamais comete ações vis.

Em Iracema, os elementos humanos e naturais não se mesclam. Nas descrições que faz de
2)
Iracema, por exemplo, Alencar evita compará-la a seres da natureza, pois isso seria contrário ao
princípio romântico de valorização de uma natureza pura, não contaminada pela presença
humana.

A adjetivação abundante (“ardente chama”; “intenso fogo”; “tépidoninho”; “vivos rubores”) é


4)
uma importante característica da prosa romântica, que será mais tarde evitada por escritores
realistas.

Ao entregar-se a Martim, Iracema deixa de ser virgem e, portanto, não poderia mais ser a guardiã
8)
do segredo da jurema; ainda assim continua a sê-lo, só deixando de preparar e servir a bebida
quando Caubi descobre sua gravidez e a expulsa da tribo.

Entre as várias manifestações do nacionalismo romântico presentes em Iracema, está o desejo de


16)
mostrar o povo brasileiro como híbrido, constituído pela fusão das raças negra, indígena e
branca.

Além de indianista, Iracema é também um romance histórico; serve assim duplamente ao projeto
32)
nacionalista da literatura romântica brasileira.

Resolução:

Nesta questão, há duas proposições corretas quanto ao


romance Iracema, pertencente ao Romantismo brasileiro. São elas, a proposição
4: “A adjetivação abundante (‘ardente chama’; ‘intenso fogo’; ‘tépido ninho’; ‘vivos
rubores’) é uma importante característica da prosa romântica, que será mais tarde
evitada por escritores realistas” e a proposição 32: “Além de indianista, Iracema é
também um romance histórico; serve assim duplamente ao projeto nacionalista da
literatura romântica brasileira”.

Sendo assim, deduz-se que as demais proposições estão incorretas. Vejamos as


justificativas:

A proposição 1 está incorreta pois Martim não seduziu Iracema, ao contrário,


apesar de resistir muito aos seus “encantos”, acabou se deixando levar pelo amor
impetuoso que sentiu pela índia, e ao vê-la em seus braços, a desposou. A ação dele,
portanto, não foi vil, e não se perdeu a característica do herói romântico.

A proposição 2 está incorreta pois os elementos humanos e naturais são mesclados


o tempo todo, já que Iracema faz parte daquela natureza, sendo indígena; e nas
descrições o autor faz diversas comparações entre as características de Iracema e os
seres da natureza. Estas comparações não ferem o princípio romântico de valorizar
uma natureza pura, pelo contrário, fazem com que Iracema seja descrita como parte
desta natureza pura, embora sendo humana.

A proposição 8 está incorreta pois após Iracema entregar-se a Martim, este vai
embora, fazendo com que ela vá embora à sua procura. Deixa, pois, de ser guardiã
do segredo da Jurema. Somente após ir embora de sua tribo Iracema descobre a
gravidez.

A proposição 16 está incorreta pois o romance mostra a miscigenação do povo


brasileiro somente através da junção do branco com o índio. O romance não
apresenta a miscigenação com o negro.

MAY
9
Iracema - Lista de exercícios

Segundos e terceiros, em ritmo de Fuvest: aqui está a lista de exercícios (com gabarito) sobre
Iracema, de José de Alencar. São 12 testes, beleza?

Beijos,
Cris

Iracema – José de Alencar

1. (Upf 2015) Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, é incorreto afirmar que:
a) apresenta um narrador onisciente, em terceira pessoa.
b) incorpora inúmeros termos indígenas, com o intuito de forjar uma língua literária nacional.
c) simboliza o consórcio do português e do indígena na formação da nação brasileira.
d) possui, como argumento histórico, fatos relacionados ao estado de Pernambuco, terra natal do
autor.
e) vale-se da prosa poética na representação do espaço e das personagens.

Nome:_______________________________________________________________ n.º____
2ªsérie
2. (Uespi 2012) Romance escrito em 1865, Iracema, de José de Alencar, aborda fatos e feitos da
colonização portuguesa no Brasil. Sobre esta obra, é correto afirmar que:
a) a estória se passa no século XVI, durante a exploração portuguesa no Amazonas.
b) a principal característica deste romance é que parte dele é escrito em prosa, outra parte em
versos.
c) apesar de ser um romance indigenista, Iracema também aborda com ênfase a questão da
escravidão negra no Brasil.
d) Iracema é descrita por Alencar como virgem dos lábios de mel, com cabelos mais negros que a
asa da graúna.
e) a principal característica de Iracema é a objetividade da narrativa, que exclui qualquer traço
lírico ou subjetivo.

3. (Fuvest 2011) Leia o trecho de Machado de Assis sobre Iracema, de José de Alencar, e
responda ao que se pede.

“....... é o ciúme e o valor marcial; ....... a austera sabedoria dos anos; Iracema o amor.
No meio destes caracteres distintos e animados, a amizade é simbolizada em ....... . Entre os
indígenas a amizade não era este sentimento, que à força de civilizar-se, tornou-se raro; nascia
da simpatia das almas, avivava-se com o perigo, repousava na abnegação recíproca; ....... e .......
são os dois amigos da lenda, votados à mútua estima e ao mútuo sacrifício”.

Machado de Assis, Crítica.

No trecho, os espaços pontilhados serão corretamente preenchidos, respectivamente, pelos


nomes das seguintes personagens de Iracema:
a) Caubi, Jacaúna, Araquém, Araquém, Martim.
b) Martim, Irapuã, Poti, Caubi, Martim.
c) Poti, Araquém, Japi, Martim, Japi
d) Araquém, Caubi, Irapuã, Irapuã, Poti.
e) Irapuã, Araquém, Poti, Poti, Martim.

4. (Ita 2011) Acerca da protagonista do romance Iracema, de José Alencar, pode-se dizer que
I. é uma heroína romântica, tanto por sua proximidade com a natureza, quanto por agir em nome
do amor, a ponto de romper com a sua própria tribo e se entregar a Martim.
II. é uma personagem integrada à natureza, mas que se corrompe moralmente depois que se
apaixona por um homem branco civilizado e se entrega a ele.
III. possui grande beleza física, descrita com elementos da natureza, o que faz da personagem
uma representação do Brasil pré-colonizado.

Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) todas.

5. (Ufrgs 2007) No capítulo XXVI do romance "Iracema", de José de Alencar, Martim decide
acompanhar Poti, que volta à nação pitiguara, onde nascera, para defendê-la do ataque de povos
inimigos. Antes da partida, os dois "irmãos" confabulam para decidir se Iracema deve
acompanhá-los, ou não, à taba dos pitiguaras.

Com relação à sequência dos episódios relatados acima, considere as alternativas que seguem e
assinale a que está de acordo com o romance de Alencar.
a) Martim e Poti decidem partir sem falar com Iracema, pois as lágrimas dela poderiam 'amolecer'
seus corações e fazê-los desistir da viagem.
b) Poti convence Martim a acompanhá-loà taba dos pitiguaras para ajudar os irmãos de Iracema
atacados por povos inimigos.
c) Martim e Poti deixam fincada, no tronco de uma árvore, uma mensagem cifrada para Iracema.
d) Iracema, contrariando o pedido de Martim, abandona a cabana e vai atrás dele, embrenhando-
se na floresta.
e) Ao ver a seta emplumada trespassando o 'goiamun', Iracema conclui que Martim e Poti haviam
partido para a caça.

6. (Pucsp 2007) Considere os dois fragmentos extraídos de "IRACEMA", de José de Alencar.

I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande
vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três
entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro
cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço
das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.
II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no
frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e
senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a
predestinação de uma raça?

Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do romance, já que
constituem o começo e o fim da narrativa de Alencar. Desse modo, é possível presumir que o
enredo apresenta
a) o relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja união nasceu
Moacir, e que alegoriza o processo de conquista e colonização do Brasil.
b) as guerras entre as tribos tabajara e pitiguara pela conquista e preservação do território
brasileiro contra o invasor estrangeiro.
c) o rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de enfraquecer os adversários e
levar a um pacto entre o branco colonizador e o selvagem dono da terra.
d) a vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido flechado pela índia dos
lábios de mel em plena floresta e ter-se tornado prisioneiro de sua tribo.
e) a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento junto a uma carnaúba,
na fronde da qual canta ainda a jandaia.

TEXTO PARA AS DUAS PRÓXIMAS QUESTÕES


Quanto mais seu passo o aproxima da cabana, mais lento se torna e pesado. Tem medo de
chegar; e sente que sua alma vai sofrer, quando os olhos tristes e magoados da esposa entrarem
nela.
Há muito que a palavra desertou seu lábio seco; o amigo respeita este silêncio, que ele
bem entende. É o silêncio do rio quando passa nos lugares profundos e sombrios.
Tanto que os dois guerreiros tocaram as margens do rio, ouviram o latir do cão a
chamá-los e o grito da ará, que se lamentava. Estavam mui próximos à cabana, apenas oculta
por uma língua de mato. O cristão parou calcando a mão no peito para sofrear o coração, que
saltava como o poraquê.
- O latido de Japi é de alegria, disse o chefe.
- Porque chegou; mas a voz da jandaia é de tristeza. Achará o guerreiro ausente a paz
no seio da esposa solitária, ou terá a saudade matado em suas entranhas o fruto do amor?
O cristão moveu o passo vacilante. De repente, entre os ramos das árvores, seus olhos
viram sentada, à porta da cabana, Iracema com o filho no regaço, e o cão a brincar. Seu coração
o arrojou de um ímpeto, e a alma lhe estalou nos lábios:
- Iracema!...

ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: FTD, 1991, p. 86.


7. (Fgv 2007) A respeito do romance "Iracema", pode-se dizer que:
a) É classificado como um dos romances regionalistas do autor.
b) É lídimo representante do Arcadismo, ainda que regionalmente deslocado.
c) Sua personagem Iracema é abandonada pelo amado, que jamais retorna.
d) Não introduz o Romantismo no Brasil, mas é um de seus representantes de maior vulto.
e) Iracema falece depois de seu amado.

8. (Fgv 2007) Assinale a alternativa correta em relação ao romance.


a) Seu autor escreveu também "A Moreninha".
b) Nele, não se ressaltam valores culturais, apenas políticos.
c) O irmão de Iracema é o legendário índio Peri.
d) A natureza não passa de pano de fundo da narrativa.
e) É narrado, em terceira pessoa, por um narrador onisciente.

9. (Ufrgs 2006) No capítulo XV do romance "Iracema", de José de Alencar, Iracema e Martim


tornam-se, efetivamente, marido e mulher.
Em relação a esse episódio, é correto afirmar que
a) a união se dá enquanto o velho pajé dorme profundamente na cabana.
b) Martim possui Iracema sob os efeitos do vinho de Tupã.
c) Martim não resiste à paixão por Iracema e decide possuí-la, enquanto Araquém se ausenta da
cabana.
d) Iracema se arrepende pela perda de sua virgindade e corre para banhar-se no rio a fim de
purificar-se do pecado.
e) os dois amantes são flagrados pelo pajé, que os expulsa imediatamente da taba.

10. (Ufrn 2003) O trecho seguinte pertence ao romance "Iracema" (1865), de José de Alencar:

Refresca o vento.
O rulo das vagas precipita. O barco salta sobre as ondas e desaparece no horizonte. Abre-se a
imensidade dos mares; e a borrasca enverga, como o condor, as foscas asas sobre o abismo.
Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas, e te poje nalguma
enseada amiga. Soprem para ti as brandas auras; e para ti jaspeie a bonança mares de leite!
ALENCAR, J.M. de. "Iracema". Porto Alegre: L&PM, 1999. p. 22-23. (Coleção L&PM
Pocket)

O barco mencionado no fragmento


a) transporta o corpo de Iracema em ritual fúnebre indígena.
b) conduz Moacir, o primeiro cearense ainda criança, para o exílio.
c) dirige-se, para novas conquistas de territórios, ao sul do país.
d) parte da Europa, levando o colonizador português ao Ceará.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as
alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso
resvale à flor das águas.

11. (Pucsp 2003) Esse trecho é o início do romance "Iracema", de José de Alencar. Dele, como
um todo, é possível afirmar que
a) Iracema e uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças
indígenas da América.
b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os
Pitiguaras.
c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais
perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.
d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como
um romance histórico.
e) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa
"lábios de fel".

12. (Ufu 2001) Sobre "Iracema", de José de Alencar, podemos dizer que

1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as
percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita.
2) em "Iracema" temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e
Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara.
3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o
homem brasileiro, fruto do índio e do branco.
4) a linguagem do romance "Iracema" é altamente poética, embora o texto esteja em prosa.
Alencar consegue belos efeitos linguísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações
sobre comparações.

Assinale:
a) se apenas 2 e 4 estiverem corretas.
b) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
c) se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
d) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.

Gabarito

1D
2D
3E
4E
5A
6A
7D
8E
9B
10B
11C
12C

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Exercicíos sobre o livro O Cortiço – Aluísio


Azevedo
QUESTÕES — ESCRITO POR ANA RIBEIRO
O romance “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, é figurinha fácil nas provas de vários vestibulares. Essa obra está com frequência
entre os livros obrigatórios de concursos de todo o País.

Resolva a seguir os exercícios que preparamos sobre O Cortiço e confira o gabarito ao final!

Bons estudos!

Descubra a faculdade certa pra você em 1 minuto!

1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.

I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os


preceitos da literatura naturalista.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo,
da prostituição etc.
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando
o livre-arbítrio.
IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para
retratar agrupamentos humanos.

Está(ão) correta(s)

a) todas.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.

2. (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.
[…].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só
ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas;
ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de
plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante
satisfação de respirar sobre a terra.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:

a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda
como uma colméia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser
humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando
criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em
apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.
3. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam
de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões
espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela
dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com
um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se
despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno
trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das
éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as
queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma
extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a
louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)

Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente,
preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito
próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:

a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo.
b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…
d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…

4. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam
de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões
espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela
dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com
um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se
despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno
trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das
éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as
queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma
extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a
louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)
O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo oferece, de maneira figurada, um retrato de nosso país, no final do século
XIX. Põe em evidência a competição dos mais fortes, entre si, e estes, esmagando as camadas de baixo, compostas de brancos
pobres, mestiços e escravos africanos. No ambiente de degradação de um cortiço, o autor expõe um quadro tenso de misérias
materiais e humanas. No fragmento, há várias outras características do Naturalismo. Aponte a alternativa em que as duas
características apresentadas são corretas:

a) Exploração do comportamento anormal e dos instintos baixos; enfoque da vida e dos fatos sociais contemporâneos ao escritor.
b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o meio ambiente.
c) Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos fatos; crítica aos valores burgueses e predileção pelos
mais pobres.
d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde com a idéia de Deus; utilização de preciosismos
vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a enunciação e os fatos enunciados.
e) Exploração de um tema em que o ser humano é aviltado pelo mais forte; predominância de elementos anticientíficos, para
ajustar a narração ao ambiente degradante dos personagens.

5. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam
de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões
espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela
dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com
um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se
despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno
trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das
éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as
queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma
extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a
louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)

Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção aos dois trechos a seguir:

Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo
desespero.
(…)
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as
chamas.

No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias que configuram imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio
Azevedo apresenta características psicológicas de comportamento comunitário. Aponte a alternativa que explicita o que os dois
trechos têm em comum:

a) Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e preocupação de poucos em relação à tragédia
comum, no segundo trecho.
b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no segundo trecho.
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem se é ajudado, no
segundo trecho.
d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa por apatia, no segundo trecho.
e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos por todos”, no
segundo trecho.

6. (ESPM) Dos segmentos abaixo, extraídos de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, marque o que não traduza exemplo de
zoomorfismo:

a) Zulmira tinha então doze para treze anos e era o tipo acabado de fluminense; pálida, magrinha, com pequeninas manchas
roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e dos lábios, faces levemente pintalgadas de sardas.
b) Leandra…a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo.
c) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
d) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa começou a minhocar,… e multiplicar-se como
larvas no esterco.
e) Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito…

7. (UEL) A questão refere-se aos trechos a seguir.

“Justamente por essa ocasião vendeu-se também um sobrado que ficava à direita da venda, separado desta apenas por aquelas
vinte braças; e de sorte que todo o flanco esquerdo do prédio, coisa de uns vinte e tantos metros, despejava para o terreno do
vendeiro as suas nove janelas de peitoril. Comprou-o um tal Miranda, negociante português, estabelecido na rua do Hospício com
uma loja de fazendas por atacado.”
“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-
se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por
debaixo das janelas, e cujas raízes piores e mais grossas do que serpentes miravam por toda parte, ameaçando rebentar o chão
em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”

(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 23; 33.)

Com base nos fragmentos citados e nos conhecimentos sobre o romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, considere as afirmações
a seguir:

I. A descrição do cortiço, feita através de uma linguagem metafórica, indica que, no romance, esse espaço coletivo adquire vida
orgânica, revelando-se um “ser” cuja força de crescimento assemelha-se ao poderio de raízes em desenvolvimento constante que
ameaçam tudo abalar.
II. A inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao fato de que sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma
construção imponente, não possuía uma estrutura capaz de suportar o crescimento desenfreado do vizinho, que ameaçava
derrubar sua habitação.
III. Não obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de aparência física dos ambientes, os moradores de um e
outro espaço não se distinguem totalmente, haja vista que seus comportamentos se assemelham em vários aspectos, como, por
exemplo, os de João Romão e Miranda.
IV. Os dois ambientes descritos marcam uma oposição entre o coletivo (o cortiço) e o individual (o sobrado) e, por extensão,
remetem também à estratificação presente no contexto do Rio de Janeiro do final do século XIX.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
8. (UFLA) Relacione os trechos da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, às características realistas/naturalistas seguintes que
predominam nesses trechos e, a seguir, marque a alternativa CORRETA:

1. Detalhismo.
2. Crítica ao capitalismo selvagem.
3. Força do sexo.

( ) “(…) possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da
própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estepe cheio de palha.”

( ) “(…) era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das
baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras.”

( ) “E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer (…) Era um pobre diabo caminhando para os
setenta anos, antipático, muito macilento.”

a) 2, 1, 3
b) 1, 3, 2
c) 3, 2, 1
d) 2, 3, 1
e) 1, 2, 3

9. (UNIFESP / SP) Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente
e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico- analística dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha
pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:

a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo.
b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…
d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…

10. (UEL) Texto 1

De cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a
todos, numa solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a polícia entrasse ali pela primeira vez. Enquanto
se tratava de uma simples luta entre dois rivais, estava direito! ‘Jogassem lá as cristas, que o mais homem ficaria com a mulher!’
mas agora tratava-se de defender a estalagem, a comuna, onde cada um tinha a zelar por alguém ou alguma coisa querida.

(AZEVEDO, Aluísio, O cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 139.)

Texto 2

O cortiço é um romance de muitas personagens. A intenção evidente é a de mostrar que todas, com suas particularidades, fazem
parte de uma grande coletividade, de um grande corpo social que se corrói e se constrói simultaneamente.

(FERREIRA, Luiz Antônio. Roteiro de leitura: O cortiço de Aluísio Azevedo. São Paulo: Ática, 1997. p. 42.)

Sobre os textos, assinale a alternativa correta.

a) No Texto 1, por ser ele uma construção literária realista, há o predomínio da linguagem referencial, direta e objetiva; no Texto 2,
por ser ele um estudo analítico do romance, há o predomínio da linguagem estética, permeada de subentendidos.
b) A afirmação contida no Texto 2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo que também se observa no Texto 1, o que
justifica o prevalecimento de um termo coletivo como título do romance.
c) Tanto no Texto 1 quanto no Texto 2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço, sendo este considerado um lugar de
harmonia e justiça.
d) No Texto 1 prevalece a desagregação e corrosão da grande coletividade a que se refere o Texto 2.
e) O que se afirma no Texto 2 vai contra a idéia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre os seus
moradores.

Gabarito

1)A
2)D
3)E
4)A
5)E
6)A
7)D
8)D
9)E
10)B

A obra Dom Casmurro

I- Introdução

Dom Casmurro foi escrito em 1889 e publicado em 1900, é um dos romances mais conhecidos do nosso ilustre Machado

de Assis. Narra em primeira pessoa a história de Bentinho, que se deixou levar pelo seu ciúme, acreditando apenas em suas

próprias suposições. E por várias circunstâncias, vai se fechando em si mesmo e passa a ser conhecido como Dom

Casmurro. Todo o romance gira em torno de uma pergunta: Capitu traiu ou não o Bentinho?
A genialidade dessa obra está na dúvida. Quem começa a ler o livro com suas certezas formadas, já começa errado.

Ainda mais interessante é que a interpretação da leitura de Dom Casmurro é a própria interpretação da cultura brasileira à

época em que foi feita.

II - Resumo
A obra é narrada em primeira pessoa, e começa com Bento Santiago (Bentinho) o seu narrador-personagem explicando

o porquê de ter sido apelidado de Dom Casmurro. O Casmurro é porque o povo o achava um homem calado, recluso e

metido consigo. E Dom veio por ironia para atribuir-lhe o brilho da nobreza.

Bentinho é órfão de pai, mas foi criado com muito amor por sua mãe D. Glória, seu tio Cosme, sua tia Justina, e José

Dias que era um agregado, mas era tratado como se fosse da família. Todos residem em Matacavalos. Bentinho fora

destinado ao seminário devido uma antiga promessa que sua mãe havia feito por ter perdido o seu primeiro filho, D. Glória

prometeu para Deus que se lhe abençoasse com um filho vivo, esse iria para o seminário quando fosse o tempo e se
tornaria padre. Ao completar seus quinze anos foi lembrada a sua mãe a promessa que fizera e que já era tempo de

cumpri-la.

Bento sabendo da sua partida próxima para o seminário foi ter com sua amiga, Capitu. Os dois eram amigos de infância e

dessa amizade nasceu um amor. Ele lhe contou sobre a promessa e os dois desde já começaram a lutar buscando formas

de evitar a separação que viria. Decidiram então pedir que José Dias os ajudasse.

Certo dia ao visitar Capitu, Bentinho lhe penteou os cabelos, ao terminar acabaram se beijando. O romance deles ia

crescendo e tomando forças, e a ida ao seminário trazia o medo da separação, em uma tarde então juraram um ao outro

que se casariam.
Um novo ano chegou e Bentinho foi para o seminário, mesmo a sua própria mãe não querendo essa separação. Lá ele fez

um amigo, Escobar, foi o único com quem cogitou contar a jura feita à Capitu, mas essa não lhe permitiu. Sempre aos

sábados ele retornava a sua casa onde revia seus familiares e Capitu.

D. Glória e Capitu se aproximavam e isso alegrava Bentinho que via a aprovação de sua mãe. E Escobar logo passou a

frequentar a casa dele e toda a família o aprovou. Era agora amigo de Capitu também. Sendo assim, estando os dois no

seminário trocaram segredos, Bento lhe contou sobre o seu juramento, e Escobar lhe contou que também não seria padre,

pois amava o comércio.

Em uma das visitas, Bentinho teve por Capitu um acesso de ciúme acreditando que ela lhe traia apenas por olhar com

um rapaz que passava na rua. Capitu lhe disse que por mais uma dessas lhe rompia o juramento.
A essa altura D. Glória queria que Bento voltasse. Muitos planos para o abandono da promessa vieram, por fim ela

tomou um órfão e esse foi encaminhado ao seminário, Bentinho aos vinte e dois anos era bacharel em Direito. Como tinha a

aprovação da mãe casou-se com Capitu e foram pra Tijuca.


Escobar havia casado com Sancha, uma grande amiga de Capitu, sendo assim se alternavam entre jantares na Tijuca e

no Flamengo. Escobar logo foi pai de uma menina, mas a Bento não vinha essa benção.

A Até que esse foi pai de um filho único, Ezequiel. O tempo passava o menino crescia e tinha mania de imitar os outros,

mania que tentavam lhe tirar, mas sem sucesso.


Escobar morreu afogado, e durante seu velório Bentinho notou em Capitu um sentimento diferente embora ela

não tenha chorado.

No dia seguinte ao da morte do amigo, Bentinho, ao olhar para uma fotografia do falecido, notou certa semelhança

entre ele e seu filho. Desde então surgem fatos, situações e lembranças que o conduzem ao adultério da esposa. Teria,

Capitu, enganado Dom Casmurro? Será que a esposa o havia traído com o seu melhor amigo?
Ezequiel ia crescendo e nele se via Escobar rapaz. Bento via no filho o jeito de andar, rir, conversar, comer do amigo

morto.

O ciúme e a dúvida acerca de uma traição que se comprovava na igualdade de Ezequiel com Escobar pôs fim na família

Santiago, Pois Bento se mantinha longe e recluso, Ezequiel acabou indo para um colégio de onde só voltava aos sábados. E

era nos dias de sua volta que Bento fugia de casa, ver o filho era comprovar a traição que sofrera.

Bentinho não conseguiu expor claramente suas idéias para Capitu, não houve uma conversa muito clara entre o casal e

Capitu por sua vez disse que a semelhança do menino com Escobar era casualidade do destino, mas mesmo assim

decidiram partir para uma separação amigável, mantendo as aparências.


Bento já atordoado resolve suicidar-se, tentou, mas abandonou o plano. Por fim foram para Europa de onde apenas ele

regressou, vivia então só, e às vezes viajava até a Europa apenas como disfarce ao povo que lhe perguntava sobre a mulher

e o filho, quando ia lá não os procurava. As correspondências que trocava com Capitu eram breves e secas, já as dela não.

Sua mãe, tio Cosme, José Dias todos se foram. Este último antes de ver o regresso de Ezequiel. Ele voltou, Capitu

havia morrido e estava enterrada nas terras da Suíça. Ver Ezequiel era ver Escobar, no jeito de rir, comer, falar, andar, em

tudo.

Mesmo assim Bento fez o” papel de pai”, financiou lhe uma viagem à Grécia, Egito e Palestina, pois Ezequiel amava a

arqueologia. Ao fim, Ezequiel morreu de febre tifóide, foi enterrado em Jerusalém com as palavras “tu eras perfeito nos teus

caminhos”.
O narrador-personagem apresenta uma série de provas, e também contraprovas como o fato de Capitu ser tão

parecida com a mãe de Sancha sem haver parentesco algum entre elas. Nenhuma das provas do adultério de Capitu

encontradas por D. Casmurro foram comprovadas.

Mortos todos os familiares e velhos conhecidos, D. Casmurro, em sua vida fechada, ainda podia se consolar com algumas

amigas, mas jamais se esqueceu do grande amor que o havia traído com seu maior amigo. Será que o havia traído mesmo?

A narrativa de seu livro se mostra eficaz ao tentar atar duas pontas de sua vida: a adolescência com a velhice. E Dom

Casmurro apenas conclui que sua maior amiga e seu melhor amigo foram unidos pelo destino e enganaram-no.

DOM CASMURRO
Livro O Cortiço, de Aluísio Azevedo
Análise da obra

Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

O Cortiço é um romance naturalista escrito por Aluísio Azevedo em 1890. É uma obra focada
numa habitação coletiva, o cortiço São Romão, retratando o cotidiano de seus moradores, suas
lutas diárias pela sobrevivência. Centra-se também na ascensão social de João Romão, o
proprietário, imigrante português disposto a tudo para enriquecer e subir na vida.

Resumo da obra
João Romão, homem do povo, imigrou para o Brasil em busca de uma vida melhor. Dono de uma
pedreira e de uma venda, consegue comprar algumas casas - inicialmente três, passando depois
a noventa - com a ajuda de sua companheira Bertoleza, uma escrava fugida. Através de
pequenos furtos de materiais de construção, o cortiço vai aumentando.

Miranda, também português, vive num sobrado do lado do cortiço. Pelo seu estatuto social
burguês, desperta a inveja de Romão e entram numa disputa por um pedaço de terra. Quando
Miranda se torna barão, Romão decide se aliar a ele, pedindo sua filha Zulmira em casamento.
Para se livrar de Bertoleza, obstáculo à união, resolve denunciar a companheira como escrava
fugida. Bertoleza comete o suicídio para não ter que voltar à vida de escravatura.

Análise da obra
Contexto histórico

O período em que a ação acontece não está definido, sabemos apenas que ocorre no Rio de
Janeiro do século XIX. Este dado é fundamental, já que durante essa época, o Rio de Janeiro era
sede do império, se tornando a primeira cidade modernizada. Assim, o romance reflete o
crescimento urbano do seu tempo, o nascimento de uma nova burguesia que convivia, lado a
lado, com a pobreza absoluta.

Romances naturalistas ou romances de tese


O Cortiço é uma obra de grande importância já que representa um marco do Naturalismo no
Brasil. Idealizado por Émile Zola, este movimento literário procurava mostrar os instintos
humanos, suas fraquezas, vícios e defeitos.

Assim, os romances naturalistas são classificados como romances de tese, pretendendo provar
uma teoria: que o indivíduo é produto da sua hereditariedade, do meio e do momento histórico em
que vive, sendo determinado por esses fatores e se esgotando neles. Um olhar atual classificaria
esses determinismos como formas de tentar justificar, cientificamente, preconceitos raciais e de
classe.

Influências e técnicas naturalistas na obra


Como é comum na escola naturalista, o narrador surge na terceira pessoa, é onisciente. Tendo
acesso às ações e pensamentos de todos os personagens, pode julgar e analisar os mesmos
para comprovar a sua tese.

A nível da linguagem, Aluísio Azevedo segue os ensinamentos de Zola, com descrições muitas
vezes escatológicas, comparando, por exemplo, os moradores do cortiço a vermes se mexendo
no meio de dejetos. O cortiço surge também comparado a uma floresta, transbordando de
movimento e cor, quase como um ser vivo que respira e existe em si mesmo.

Muitos estudiosos referem que o personagem principal é precisamente o cortiço, uma entidade
coletiva, o que faz sentido à luz do Naturalismo, que valoriza mais o coletivo que o individual.

Espaços onde a ação tem lugar e suas simbologias


A ação decorre em dois locais próximos mas fundamentalmente opostos.

O cortiço São Romão, habitado pelas classes mais baixas e marginais: operários, imigrantes
recém chegados no Brasil, lavadeiras, prostitutas, entre outras. Representa os comportamentos
tidos como promíscuos, preguiçosos e viciosos, atribuídos na época aos pobres, aos negros e
mestiços. Aí, o autor descreve casos de violência, homossexualidade, prostituição e traição
conjugal.

Já o sobrado do Miranda, típico da burguesia em ascensão, onde a vida é sossegada e


superficial, o tempo é dedicado à cultura e ao lazer, representa o estilo de vida das classes mais
altas e suas preocupações.

Personagens principais
Os personagens desta obra não têm grande profundidade emocional, funcionam como
personagens tipo que pretendem representar figuras características da sociedade brasileira.

João Romão
Ilustra a ambição e a ganância desenfreadas e os indivíduos capazes de tudo para enriquecer.
Foi dos treze aos vinte e cinco anos empregado de um vendeiro e, aos poucos, conseguiu reunir
economias a troco de duras provações com o objetivo de enriquecer. Conheceu Bertoleza, uma
vizinha, negra, de trinta anos, quitandeira, e logo passaram a trocar confidências e ficaram
amigados. Bertoleza confessa que conseguiu reunir algumas economias, o suficiente para
comprar a sua alforria, e pediu que João Romão guardasse o montante com medo de roubos. Por
fim, é o próprio Romão que se apropria do suado dinheiro da vendeira e usa o valor em seus
negócios.

Miranda
Um negociante português, com trinta e cinco anos, estabelecido na Rua do Hospício com uma
loja de fazendas por atacado. Era casado com Estela, que já havia o traído uma série de vezes.
Miranda recusava o divórcio apenas por uma questão de posição social e porque com a mulher
também vinha o dote. Separar-se significava voltar a estar pobre, sem recursos e sem coragem
para recomeçar a vida. Juntos tiveram uma menina chamada Zulmira, que Miranda desconfiava
se era, de fato, sua filha biológica.

Estela
Mulher de Miranda há treze anos, Dona Estela era uma mulherzinha levada da breca e já dera ao
marido toda sorte de desgostos, sendo, inclusive pega em adultério flagrante já no segundo ano
de casamento. Deu à luz a Zulmira, supostamente fruto do seu matrimônio com Miranda.

Bertoleza
Era uma negra, com cerca de trinta anos, quitandeira, vizinha de João Romão, ex escrava de um
velho cego residente em Juiz de Fora e antigamente amigada com um português que tinha uma
carroça de mão e fazia fretes na cidade. Tornou-se amante de Romão, e, embora deixasse de ser
escrava, continuava sendo explorada, trabalhando nos seus negócios de sol a sol. É importante
lembrar que Romão comprou o cortiço com o dinheiro que ela tinha poupado para a sua carta de
alforria, roubando e mentindo para a sua companheira. No final, Bertoleza acaba sendo
"descartada" por Romão e comete o suicídio.

Firmo
É um capoeira, de trinta e tantos anos (embora aparentasse ter dez a menos), mulato, delgado de
corpo e ágil como um cabrito, representante da malandragem carioca, apaixonado por Rita
Baiana, com quem chegou a ter um caso. De profissão era oficial torneiro. Usava sempre um
chapéu de palha, que punha de banda, um paletó de lustrina preta, sem gravata nem colete, já
bastante usado, calças apertadas nos joelhos, mas tão largas na bainha que lhe engoliam os
pezinhos secos e ligeiros.

Rita Baiana
Lavadeira de profissão, de bom coração (apesar da vadiagem), é o típico símbolo da mulher
brasileira, uma mulata alegre e sensual que desperta amores e invejas no cortiço.

Piedade e Jerônimo
Um casal de imigrantes portugueses que ainda se regem pelos valores europeus, mas acabam
contagiados pelos costumes do local e caem em desgraça. Jerônimo se envolve com Rita e
acaba destruindo o seu casamento. Piedade, depois de ser abandonada, sucumbe ao alcoolismo.
Quando sabe do caso entre os dois, Firmo desafia o rival para uma luta e acaba sendo
assassinado.
Algumas linhas de interpretação
O Cortiço tem como base as duras condições de vida a que os personagens estão sujeitos. Até
mesmo João Romão, que vive poupando tudo o que tem para poder juntar uma fortuna. Se trata
de um livro icônico e que continua tendo relevância nos dias de hoje, pois mostra os
desequilíbrios e contrastes entre ricos e pobres que dividem o mesmo espaço urbano.

Espelhando o espírito da época, é um retrato fiel do capitalismo emergente no século XIX e da


consequente exploração das camadas mais frágeis da população. É evidente a exploração do
pobre pelo rico, do negro pelo branco.

Com uma forte inclinação sociológica, e envolto nos determinismos provocados pela
disseminação das práticas científicas do seu tempo, o autor pretende demonstrar que o ambiente
onde o indivíduo vive influencia diretamente o seu comportamento e prescreve o seu futuro.

O maior exemplo disso é a transformação que Jerônimo sofre durante a sua estadia no cortiço.
Sendo primeiro descrito como um trabalhador esforçado e homem cumpridor dos seus deveres,
vai começando a ficar preguiçoso com o calor, a comida e a bebida do Rio de Janeiro.

Também se corrompe moralmente quando não resiste aos encantos de Rita Baiana. Seu destino
é traçado quando mata Firmino, estando já contagiado pela malandragem e a violência do local.

Durante a confusão, o cortiço arde, sendo posteriormente transformado no edifício Avenida São
Romão, que passa a ser habitado por uma população de melhor condição financeira. Não deixa
de ser curioso notar que quando João Romão consegue escalar a pirâmide social, o próprio
cortiço parece subir de classe.

No entanto, os moradores mais pobres se mudam para uma outra moradia coletiva, o Cabeça de
Gato. Desta forma, Aluísio Azevedo encerra o romance demonstrando que sempre existirão
lugares tóxicos e corruptores e que as desigualdades sociais e econômicas serão sempre
perpetuadas por esse ciclo vicioso.

Aluísio de Azevedo - sobre o autor


Aluísio Azevedo (1857-1913) foi um escritor, jornalista, caricaturista e diplomata brasileiro.
Nasceu no dia 14 de abril de 1857 em São Luís, Maranhão. .

Em 1879 publicou Uma lágrima de mulher, que mostrava ainda todas as influências do estilo
romântico que vigorava na época. Três anos depois, no entanto, entrou para a história da
literatura nacional, com a publicação de O Mulato, livro que marcou o início do movimento
naturalista no Brasil.

Em O Mulato (1881) eram evidentes as questões raciais e a postura abolicionista de Aluísio


Azevedo. O seu trabalho de influências naturalistas conquistou a atenção de seus leitores e
pares. Foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Contudo, a partir de 1895 se focou na carreira de diplomata, tendo sido cônsul do Brasil em
diversos países: Japão, Espanha, Itália, Uruguai e Argentina. No dia 21 de janeiro de 1913, com
cinquenta e cinco anos, Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo morreu em Buenos Aires,
Argentina.

O CORTIÇO Questões: Senhora, de José de Alencar


1. (PUC-SP) A questão central, proposta no romance Senhora, de José de Alencar, é a do casamento.
Considerando a obra como um todo, indique a alternativa que não condiz com o enredo do romance:

a) O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura-se em quatro
partes: preço, quitação, posse, resgate.
b) Aurélia Camargo, preferida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote, sujeita-se ao
constrangimento de uma união por interesse.
c) O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual as
aparências sociais devem ser mantidas.
d) A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da experiência degradante
governado pelo dinheiro.
e) O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final feliz, porque,
nele, o amor tudo vence.

2. (FATEC) “Seixas aproximou-se do toucador, levado por indefinível impulso; e entrou a contemplar
minuciosamente os objetos colocados em cima da mesa de mármore; lavores de marfim, vasos e grupos de
porcelana fosca, taças de cristal lapidado, jóias do mais apurado gosto.
À proporção que se absorvia nesse exame, ia como ressurgindo à sua existência anterior, a que vivera até o
momento do cataclismo que o submergira. Sentia-se renascer para esse fino e delicado materialismo, que tinha
para seu espírito aristocrático tão poderosa sedução e tão meiga voluptuosidade.
Todos esses mimos da arte pareciam-lhe estranhos e despertavam nele ignotas emoções; tal era o abismo que
o separava do recente passado. Era com uma sofreguidão pueril que os examinava um por um, não sabendo
em qual se fixar. Fazia cintilar os brilhantes aos raios de luz; e aspirava a fragrância que se exalava dos frascos
de perfume com um inefável prazer.
Nessa fútil ocupação demorou-se tempo esquecido. Porventura sua memória atraída pelas reminiscências que
suscitavam objetos idênticos a esses, remontava o curso de sua existência, e descendo-o, depois o trazia
àquela noite fatal em que se achava e à pungente realidade desse momento.
Recuou com um gesto de repulsão.” (José de Alencar, Senhora)

Considerando este trecho no contexto da obra a que pertence, é correto afirmar que, nele, a personagem
Fernando Seixas:

a) rejeita os objetos que o cercam, porque deseja conquistar posição elevada em ambientes
b) dá-se conta de que aqueles objetos, que tanto valorizara, nesse momento eram a comprovação dos
erros que praticara.
c) experimenta o fascínio por objetos luxuosos que não são seus e decide lutar para conseguir possuí-los.
d) sente renascer nele a revolta por não dispor de meios econômicos para possuir objetos
luxuosos.
e) relembra infantilmente sua existência anterior, quando podia usufruir do luxo que agora perdia, e lamenta sua
situação atual.

3. (ITA) O romance Senhora (1875) é uma das obras mais representativas da ficção de José de Alencar. Nesse
livro, encontramos a formulação do ideal do amor romântico: o amor verdadeiro e absoluto, quando pode se
realizar, leva ao casamento feliz e indissolúvel. Isso se confirma, nessa obra, pelo fato de:

a) o par romântico central — Aurélia e Seixas — se casar no início do romance, pois se apaixonam assim que
se conhecem.
b) o amor de Aurélia e Seixas surgir imediatamente no primeiro encontro e permanecer intenso até o fim do
livro, quando o casal se une efetivamente.
c) o casal Aurélia e Seixas precisar vencer os preconceitos sócio-econômicos para se casar, pois ela é pobre e
ele é rico.
d) a união efetiva só se realizar no final da obra, após a recuperação moral de Seixas, que o torna digno
do amor de Aurélia.
e) o enriquecimento repentino de Aurélia possibilitar que ela se case com Seixas, fatos que são expostos logo
no início do livro.

4. (UNIFESP) Leia o trecho a seguir, de José de Alencar.

Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela
riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo estalão.
Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de cada um dos pretendentes, dando-lhes certo valor
monetário. Em linguagem financeira, Aurélia contava os seus adoradores pelo preço que razoavelmente
poderiam obter no mercado matrimonial.

O romance Senhora, ilustrado pelo trecho:

a) representa o romance urbano de Alencar. A reação de ironia e desprezo com que Aurélia trata seus
pretendentes, vistos sob a ótica do mercado matrimonial, tematiza o casamento como forma de
ascensão social.
b) mescla o regionalismo e o indianismo, temas recorrentes na obra de Alencar. Nele, o escritor tematiza, com
escárnio, as relações sentimentais entre pessoas de classes sociais distintas, em que o pretendente é
considerado pelo seu valor monetário.
c) é obra ilustrativa do regionalismo romântico brasileiro. A história de Aurélia e de seus pretendentes mostra a
concepção do amor, em linguagem financeira, como forma de privilégio monetário, além de explorar as relações
extraconjugais.
d) denuncia as relações humanas, em especial as conjugais, como responsáveis por levar as pessoas à tristeza
e à solidão dada a superficialidade e ao interesse com que elas se estabelecem. Trata-se de um romance
urbano de Alencar.
e) tematiza o adultério e a prostituição feminina, representados pelo interesse financeiro como forma de se
ascender socialmente. Essa obra explora tanto aspectos do regionalismo nacional como os valores da vida
urbana.

5. (PUC-SP) A questão central, proposta no romance Senhora, de José de Alencar, é a do casamento.


Considerando a obra como um todo, indique a alternativa que não condiz com o enredo do romance:

a) O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura-se em quatro
partes: preço, quitação, posse, resgate.
b) Aurélia Camargo, preterida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote, sujeita-se ao
constrangimento de uma união por interesse.
c) O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual as
aparências sociais devem ser mantidas.
d) A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da experiência degradante
governado pelo dinheiro.
e) O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final feliz, porque,
nele, o amor tudo vence.

Questões: Senhora, de José de Alencar - 2


6. (UEL) Sobre o romance Senhora, de José de Alencar, é correto afirmar:

a) Representando a chamada primeira geração romântica indianista, a obra tem como características mais
relevantes a volta ao passado histórico, o medievalismo, a criação do herói nacional e a religiosidade.
b) Alguns ingredientes do Romantismo que podem ser apontados no romance Senhora são: personagens
dominadas por instintos, preocupação com classes sociais marginalizadas e apresentação de uma condição
biológica do mundo.
c) É evidente o paralelo temático entre Senhora e Inocência, romances de José de Alencar e Visconde de
Taunay, respectivamente. Em ambos, o recurso à paisagem, à fauna e à flora destina-se a compor as
personagens e serve para circunscrever a essência da prosa realista brasileira.
d) O livro Senhora origina-se das propostas nacionalistas do movimento romântico porque apresenta uma
tendência à representação da cultura popular e propõe a volta às origens da nação brasileira.
e) Nesse romance os protagonistas mantêm um conflito ao longo da narrativa, revelando uma oposição
entre o mundo do amor e o do dinheiro. Com isso, a obra traz marcas da sociedade burguesa brasileira
em formação.

7. (UNEAL 2007) A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe
sublevava o seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios c omo aço.
— Aurélia! Que significa isto?
— Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada.
Podemos ter esse orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel
mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entretemos na realidade por mais triste
que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.
— Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro d'alma.
— Vendido sim; não tem outro nome. Sou rica, muito rica, sou milionária; precisava de um marido, traste
indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem mil cruzeiros, foi
barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento.
Aurélia proferiu estas palavras desdobrando um papel no qual Seixas reconheceu a obrigação por ele passada
ao Lemos. José de Alencar, Senhora

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O texto acima está contido na primeira parte do romance Senhora, de José de Alencar. Sobre o trecho e sobre
esse romance, analise os enunciados abaixo.

1) O livro se divide em quatro partes, sendo a primeira delas intitulada "O Preço", de onde foi retirado o texto;
nela, Aurélia revela a Fernando Seixas que o comprara pelo valor de um dote.

2) As partes intituladas "O Preço", "Quitação", "Posse' e ""Resgate" remetem o leitor ao universo capitalista de
mercado e compreendem, ao mesmo tempo, a história do romance, ao sugerir que as relações sociais são
mediadas pelo valor de troca.

3) No texto, ao dizer a Seixas que os dois estão representando uma comédia, Aurélia demonstra sua lucidez
por meio do sarcasmo: como todos no meio social, ela e o esposo representarão felicidade para os demais,
apesar de não se sentirem felizes.

4) Embora analise as relações sociais sob uma perspectiva mais realista, o romance Senhoratrai sua condição
romântica, na medida em que, no desfecho, a protagonista esquece o passado em nome do verdadeiro amor.

Estão corretas:

a) 1 e 3 apenas
b) 2, 3 e 4 apenas
c) 3 e 4 apenas
d) 1, 2, 3 e 4
e) 1, 2 e 4 apenas

8. (UFMG) "O vestido de Aurélia encheu a carruagem e submergiu o marido; o que lhe aparecia do semblante e
do busto ficava inteiramente ofuscado [...]. Ninguém o via..." ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: DCL,
2005. p. 96. (Grandes Nomes da Literatura)

Considerando-se o personagem referido – Fernando, o marido de Aurélia –, é CORRETO afirmar que a


passagem transcrita contém a imagem

a) da anulação de sua individualidade, transformado que fora, como marido, em objeto ou mercadoria.
b) da sua tomada de consciência da futilidade da sociedade, que preza sobretudo a beleza física e a riqueza.
c) do ciúme exacerbado, ainda que secreto, que sente da esposa, por duvidar de que ela realmente o ame.
d) do orgulho que sente da beleza deslumbrante da esposa, ressaltada nessa ocasião por seus trajes luxuosos.

9. (UFMG) No romance Senhora, ocorrem choques entre "duas almas, que uma fatalidade prendera, para
arrojá-las uma contra outra..." (ALENCAR, Senhora, p.131.)
Assinale a alternativa em que o par de idéias conflitantes NÃO se entrelaça, na narrativa, aos choques entre
Aurélia e Seixas.
a) Amor idealizado X casamento por interesse
b) Condição modesta de vida X ostentação de riqueza
c) Contemplação religiosa X divertimento mundano
d) Qualidades morais elevadas X comportamentos aviltantes

10. (UFBA) Daí o terror que sentia ao ver-se próxima desse abismo de abjeções, e o afastamento a que
se desejava condenar. Bem vezes revoltavam-lhe a alma as indignidades de que era vítima, e até mesmo
as vilanias cujo eco chegava a seu obscuro retiro. Mas que podia ela, frágil menina, em véspera de
orfandade e abandono, contra a formidável besta de mil cabeças?
Quando a riqueza veio surpreendê-la, a ela que não tinha mais com quem a partilhar, seu primeiro
pensamento foi que era uma arma. Deus lha enviava para dar combate a essa sociedade corrompida, e
vingar os sentimentos nobres escarnecidos pela turba dos agiotas.
Preparou-se pois para a luta, à qual talvez a impelisse principalmente a idéia do casamento que veio a
realizar mais tarde. Quem sabe, se não era o aviltamento de Fernando Seixas que ela punia com o
escárnio e a humilhação de todos os seus adoradores?

ALENCAR, José de. Senhora. In: COUTINHO, Afrânio et al. (Org.). José de Alencar: ficção completa e outros
escritos. 3. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965. v. I, p. 742. (Biblioteca Luso-Brasileira. Série Brasileira).

A partir da leitura do romance e de acordo com o fragmento transcrito, pode-se concluir:

(01) Aurélia se sente aterrorizada diante da possibilidade de viver na miséria.


(02) O dinheiro, para Aurélia, funciona como instrumento de combate à torpeza de um meio social sem valores
éticos.
(04) O texto prenuncia a mudança de atitude da personagem, que se submete ao poder da fortuna.
(08) Aurélia, ao rejeitar o assédio de seus pretendentes, está desdenhando o homem a quem ama.
(16) Existe um contraste entre a visão que Aurélia tem da sociedade carioca e os princípios morais que ela
defende.
(32) O narrador, falando de Aurélia, antecipa fatos que se concretizarão no futuro.
(64) Aurélia, desiludida com a crueldade do mundo, decide afastar-se do convívio social.

RESOLUÇÃO

02 + 08 + 16 + 32 = 58

POLÍTICA DE PRIVACIDADETERMOS E CONDIÇÕESMAPA DO SITE

Fonte: https://www.passeiweb.com/preparacao/banco_de_questoes/portugues/senhora-2

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“O Cortiço” – Análise da obra de
Aluísio Azevedo
Veja os principais aspectos da obra máxima do Naturalismo na literatura brasileira
Por Redação
access_time11 abr 2018, 18h15 - Publicado em 3 set 2012, 21h11

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Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que
explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do
momento histórico.

– Leia o resumo de O Cortiço


Uma alegoria do Brasil do século XIX
Ao ser lançado, em 1890, “O Cortiço” teve boa recepção da crítica, chegando a obscurecer
escritores do nível de Machado de Assis. Isso se deve ao fato de Aluísio Azevedo estar mais em
sintonia com a doutrina naturalista, que gozava de grande prestígio na Europa. O livro é
composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres
(cortiço) na cidade do Rio de Janeiro.
O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX.
Evidentemente, como obra literária, ele não pode ser entendido como um documento histórico
da época. Mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de modo
fictício em “O Cortiço” estavam muito presentes no país.

Essa obra de Aluísio Azevedo tem como influência maior o romance “L’Assommoir” do
escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A
intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade
corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação
causada pela mistura de raças. Por isso, os romances naturalistas são constituídos de espaços nos
quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.

É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem.
Em um trecho do romance o narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um
organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o
caráter moral de quem habita seu interior.

Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil
do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao
explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado,
o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com
ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que “O Cortiço” não é
somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil.

O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua história. A intenção era provar, por meio da
obra literária, como o meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à degradação. A
obra está a serviço de um argumento. Aluísio se propõe a mostrar que a mistura de raças em um
mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana.
Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões pertinentes para pensar o Brasil, que
ainda são atuais, como a imensa desigualdade social.

Narrador
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo),
como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance:
entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um
cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.
O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador
se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório,
porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição
ideologicamente tendenciosa.

Tempo
Em “O Cortiço”, o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da
narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no
entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o
enriquecimento de João Romão.
Espaço
São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-
arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade
das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a
taverna do português João Romão.
O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante
Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses
espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante
natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano
funciona como elemento corruptor do homem local.

Comentário do professor
O cortiço é considerado o melhor representante do movimento naturalista brasileiro, afirma o
professor Marcílio Mendes do Colégio Anglo. As principais características do Naturalismo
seriam a animalização das personagens e, consequentemente, a ação baseada em instintos
naturais, tais como os instintos sexuais e os de sobrevivência. Assim, seria importante o aluno
saber reconhecer como estas características estão presentes dentro da obra, afirma o professor.
Em “O cortiço” aparecem basicamente duas linhas de conduta: uma que trata das questões
sociais e outra das questões individuais e sentimentais. No caso das questões sociais, temos
como maior representante a personagem João Romão, que torna-se um grande comerciante
passando por cima de tudo e todos. Assim, através de uma representação crua das relações
sociais, que aqui são puramente movidas pelo interesse individual, têm-se uma crítica social. Já
nas questões individuais/sentimentais, temos a personagem de Jerônimo, que casa com a Rita
Baiana, mas não por amor. Ele se envolve com ela porque se sente atraído sexualmente por ela.

Segundo o professor Marcílio, outro ponto que pode ser destacado é o fato de que o próprio
cortiço acaba se tornando, de certa forma, uma personagem do livro devido a uma
personificação do espaço. Por exemplo, em certo momento o narrador diz que “os olhos do
cortiço se abrem”, ao invés de dizer “as janelas do cortiço se abrem”. Essa característica tem
bastante a ver com o fato de, para a corrente naturalista, o meio ter grande influência na ação das
personagens. Outro exemplo disso na obra O cortiço é o próprio sol. Em certo momento, a
esposa de Jerônimo culpa o sol por todas as desgraças que ocorreram em sua vida.

Assim, segundo o professor Marcílio, o aluno deve ficar atento à questões que giram em torno
de episódios do romance e que cobrem, além do próprio enredo, o entendimento acerca das
personagens e suas caracterizações, a influência do espaço na ação dessas personagens e
também em como as características do naturalismo aparecem na obra.

TUDO SOBRE

1.(UEL) Examine as proposições a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.

(A) A relevância da obra de José de Alencar no contexto romântico decorre, em grande parte, da idealização dos elementos
considerados como genuinamente brasileiros, notadamente a natureza e o índio. Essa atitude impulsionou o nacionalismo
nascente, por ser uma forma de reação política, social e literária contra Portugal.
(B) Ao lado de O guarani e Ubirajara, Iracema representa um mito de fundação do Brasil. Nessas obras, a descrição da
natureza brasileira possui inúmeras funções, com destaque para a "cor local", isto é, o elemento particular que o escritor
imprimia à literatura, acreditando contribuir para a sua nacionalização.
(C) Embora tendo sido escrito no período romântico, Iracema apresenta traços da ficção naturalista tanto na criação das
personagens quanto na tematização dos problemas do país.
(D) A leitura de Iracema revela a importância do índio na literatura romântica. Entretanto, sabe-se que a presença do índio
não se restringiu a esse contexto literário, tendo desembocado inclusive no Modernismo, por intermédio de escritores como
Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
(E) O contraponto poético da prosa indianista de Alencar é constituído pela lírica de Gonçalves Dias. Indiscutivelmente, em
"O canto do guerreiro" e em "O canto do piaga", dentre outros poemas, o índio é apresentado de maneira idealizada, numa
perpetuação da imagem heróica e sublime adequada aos ideais românticos.

Resposta: C

2. (UFU-MG) Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que:

1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe com vivacidade,
porque tudo é narrado de forma explícita.
2) em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as manifestações de
ódio das tribos tabajara e potiguara.
3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o homem brasileiro, fruto do
índio e do branco.
4) a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar consegue belos efeitos
lingüísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre comparações.

Assinale:

(A) se apenas 2 e 4 estiverem corretas.


(B) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
(C) se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
(D) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.

Resposta: C

3. (PUC-SP) A próxima questão refere-se ao texto abaixo.

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de
coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.

Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que:

(A) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.
(B) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.
(C) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na
ficção romântica brasileira.
(D) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance histórico.
(E) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa “lábios de fel”.

Resposta:C

4. (UNICAMP) O trecho abaixo foi extraído de Iracema. Ele reproduz a reação e as últimas palavras de Batuiretê antes de
morrer:

O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o peito arquejou e os lábios
murmuraram:
– Tupã quis que estes olhos vissem antes de se apagarem, o gavião branco junto da narceja.
O abaeté derrubou a fronte aos peitos, e não falou mais, nem mais se moveu.
(José de Alencar, Iracema: lenda do Ceará. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1965, p. 171-172.)

A) Quem é Batuiretê?

B) Identifique os personagens a quem ele se dirige e indique os papéis que desempenham no romance.

C) Explique o sentido da metáfora empregada por Batuiretê em sua fala.

RESPOSTAS:

A) Batuiretê é avô de Poti e Jacaúna. Foi guerreiro valente e chefe dos pitiguaras; depois de velho passou o
poder da tribo para seu filho Jatobá, pai de Poti. Viveu sua velhice retirado e solitário nas matas.

B) Batuiretê dirige-se ao neto Poti, nobre guerreiro pitiguara, companheiro e amigo de Martim, que mais
tarde foi batizado católico com o nome de Antônio Felipe Camarão. O primeiro nome se refere a Santo
Antônio, pois ganhou o nome cristão no dia do santo. O segundo nome significa o poder real (domínio
espanhol), e o último, a tradução de Poti para o português. Dirige-se também ao estrangeiro Martim Soares
Moreno, guerreiro e colonizador português aliado dos pitiguaras e objeto da paixão de Iracema, com quem
teve um filho, Moacir, símbolo da união das raças.

c) Batuiretê chama Martim de gavião branco e Poti de narceja (uma pequena ave), profetizando nesse
paralelo a destruição total ou parcial da raça nativa pelos brancos.

5. (PUC) Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, de José de Alencar.

I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como
branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai
singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um
rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.

II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão
fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava
da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça?

Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do romance, já que constituem o começo e o fim da
narrativa de Alencar. Desse modo, é possível presumir que o enredo apresenta

A) o relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja união nasceu Moacir, e que alegoriza o
processo de conquista e colonização do Brasil.
B) as guerras entre as tribos tabajara e pitiguara pela conquista e preservação do território brasileiro contra o invasor
estrangeiro.
C) o rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de enfraquecer os adversários e levar a um pacto entre o
branco colonizador e o selvagem dono da terra.
D) a vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido flechado pela índia dos lábios de mel em plena
floresta e ter-se tornado prisioneiro de sua tribo.
E) a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento junto a uma carnaúba, na fronde da qual canta
ainda a jandaia.

Resposta: A

COMENTÁRIOS: O enredo de Iracema relata alegoricamente a formação do povo brasileiro. Iracema, a índia, apaixona-se
por Martim, o colonizador português; e desse amor nasce Moacir, o primeiro cearense e, simbolicamente, nosso povo.

6- (USP) O índio, em alguns romances de José de Alencar, como Iracema e Ubirajara, é


a) retratado com objetividade, numa perspectiva rigorosa e científica.
b) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da qual é o herói épico.
c) pretexto episódico para descrição da natureza.
d) visto com o desprezo do branco preconceituoso, que o considera inferior.
e) representado como um primitivo feroz e de maus instintos.

Resposta: B

7- (Fuvest) “O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí uma predestinação de uma raça?”
Eis aí uma reflexão sob a forma de pergunta que o autor, ......, faz a si mesmo com toda propriedade, e por motivos que
podemos interpretar como pessoais, ao finalizar o romance ........ . Assinale a alternativa que completa os espaços.
a) José Lins do Rego - Menino do Engenho.
b) José de Alencar - Iracema.
c) Graciliano Ramos - São Bernardo.
d) Aluísio Azevedo - O Mulato.
e) Graciliano Ramos - Vidas Secas.

Resposta: B

8- (Mack-SP) Sobre Iracema, é incorreto afirmar que


a) o relacionamento entre Martim e Iracema seria uma alegoria das relações entre metrópole e colônia.
b) Iracema é descrita de uma forma idealizante, comparada com elementos da natureza, característica própria do
Romantismo.
c) o personagem Martim é lendário; nunca existiu, tratando-se, portanto, de uma figura fictícia.
d) Moacir, que em tupi quer dizer “filho da dor”, é levado por Martim para a Europa.
e) o romance é narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente.

Resposta: C

9- (UFMG) Todas as passagens de Iracema, de José de Alencar, estão corretamente explicadas, exceto:
A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura.
a) Ficou tímida e quieta como a ave que pressente a borrasca no horizonte.
= Iracema entrega-se a Martim.
b) Iracema preparou as tintas. O chefe, embebendo as ramas da pluma, traçou pelo corpo os riscos vermelhos e pretos,
que ornavam a grande nação pitiguara.
= O chefe pinta Martim, preparando-o para o combate com os tabajaras.
c) Iracema, sentindo que se lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro.
= Iracema prepara-se para dar à luz a Moacir.
d) O guerreiro branco é hóspede de Araquém. A paz o trouxe aos campos de Ipu, a paz o guarda.
Quem ofende o estrangeiro ofende o Pajé.
= Iracema protege Martim da fúria de Irapuã.
e) Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra, sua vista perturba-
se.
= Martim aparece pela primeira vez a Iracema, que saía do banho.
Resposta: B

Português
Exercícios de vestibulares (com gabarito) sobre o livro 'O Cortiço'.
1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.

I.

Descubra a faculdade certa pra você em 1 minuto!


Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a

animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da

literatura naturalista.

II. A visão patológica do comportamento

sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do

adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.

III. O meio

adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o

comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.

IV.

O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se

percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar

agrupamentos humanos.

Está(ão) correta(s)

a) todas.

b) apenas I.

c) apenas I e II.

d) apenas I, II e III.

e) apenas III e IV.

2. (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.

[…].

rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se;

já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que

enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda;

ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas;

já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea,

naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos

na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a

triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:

a)

No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é

apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia

humana.

b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e


auditivos.

c)

O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O

Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a

sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.

d)

Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os

elementos introspectivos dos personagens, procurando criar


correspondências entre o mundo físico e o metafísico.

e) Observa-se,

no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas

e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que

comprovem a sua tese determinista.

3. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de


Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se

um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas

pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao

ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de

camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de

gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas

pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos;

ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E

começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas

viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a badalar.

E tudo era um clamor.

Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de

cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,

desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens,

dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se,


ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa

no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em

segredo a sua alma extravagante de maluca.

Ia atirar-se cá para

fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que

abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio

Azevedo. O cortiço)

Em O cortiço, o caráter naturalista da obra

faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e

onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos

fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito

próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e

explícito em:

a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo


fogo.

b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos...

d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada...

4. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de


Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se

um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas

pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao

ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de

camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de


gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas

pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos;

ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E

começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas

viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a badalar.

E tudo era um clamor.

Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de

cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,

desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens,

dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se,

ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa

no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em

segredo a sua alma extravagante de maluca.

Ia atirar-se cá para

fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que

abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio

Azevedo. O cortiço)

O caráter naturalista nessa obra de Aluísio

Azevedo oferece, de maneira figurada, um retrato de nosso país, no

final do século XIX. Põe em evidência a competição dos mais fortes,

entre si, e estes, esmagando as camadas de baixo, compostas de brancos

pobres, mestiços e escravos africanos. No ambiente de degradação de um

cortiço, o autor expõe um quadro tenso de misérias materiais e humanas.


No fragmento, há várias outras características do Naturalismo. Aponte a

alternativa em que as duas características apresentadas são corretas:

a) Exploração do comportamento anormal e dos instintos baixos; enfoque da vida e dos fatos
sociais contemporâneos ao escritor.

b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o meio
ambiente.

c)

Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos

fatos; crítica aos valores burgueses e predileção pelos mais pobres.

d)

A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde

com a idéia de Deus; utilização de preciosismos vocabulares, para

enfatizar o distanciamento entre a enunciação e os fatos enunciados.

e)

Exploração de um tema em que o ser humano é aviltado pelo mais forte;

predominância de elementos anticientíficos, para ajustar a narração ao

ambiente degradante dos personagens.

5. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de


Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se

um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas

pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao

ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de

camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de

gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas

pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos;


ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E

começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas

viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a badalar.

E tudo era um clamor.

Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de

cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,

desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens,

dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se,

ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa

no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em

segredo a sua alma extravagante de maluca.

Ia atirar-se cá para

fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que

abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio

Azevedo. O cortiço)

Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção aos dois trechos a seguir:

Ninguém

se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças

esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero.

(...)

E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes
que se despejavam sobre as chamas.

No
fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias que

configuram imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio Azevedo

apresenta características psicológicas de comportamento comunitário.

Aponte a alternativa que explicita o que os dois trechos têm em comum:

a)

Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e

preocupação de poucos em relação à tragédia comum, no segundo trecho.

b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no
segundo trecho.

c)

Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia

de não se conhecer o outro, por quem se é ajudado, no segundo trecho.

d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa por
apatia, no segundo trecho.

e)

Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e

anonimato da cooperação e do “todos por todos”, no segundo trecho.

6. (ESPM) Dos segmentos abaixo, extraídos de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, marque o que não
traduza exemplo de zoomorfismo:

a)

Zulmira tinha então doze para treze anos e era o tipo acabado de

fluminense; pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas

do nariz, das pálpebras e dos lábios, faces levemente pintalgadas de

sardas.

b) Leandra...a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal
do campo.

c) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de
machos e fêmeas.
d)

E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa

começou a minhocar,... e multiplicar-se como larvas no esterco.

e) Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um
cabrito...

7. (UEL) A questão refere-se aos trechos a seguir.

“Justamente

por essa ocasião vendeu-se também um sobrado que ficava à direita da

venda, separado desta apenas por aquelas vinte braças; e de sorte que

todo o flanco esquerdo do prédio, coisa de uns vinte e tantos metros,

despejava para o terreno do vendeiro as suas nove janelas de peitoril.

Comprou-o um tal Miranda, negociante português, estabelecido na rua do

Hospício com uma loja de fazendas por atacado.”

“E durante dois anos

o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de

gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela

exuberância brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável

que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes

piores e mais grossas do que serpentes miravam por toda parte,

ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando

tudo.”

(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 23; 33.)

Com

base nos fragmentos citados e nos conhecimentos sobre o romance O

Cortiço, de Aluísio Azevedo, considere as afirmações a seguir:

I.
A descrição do cortiço, feita através de uma linguagem metafórica,

indica que, no romance, esse espaço coletivo adquire vida orgânica,

revelando-se um “ser” cuja força de crescimento assemelha-se ao poderio

de raízes em desenvolvimento constante que ameaçam tudo abalar.

II.

A inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao

fato de que sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma construção

imponente, não possuía uma estrutura capaz de suportar o crescimento

desenfreado do vizinho, que ameaçava derrubar sua habitação.

III.

Não obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de

aparência física dos ambientes, os moradores de um e outro espaço não

se distinguem totalmente, haja vista que seus comportamentos se

assemelham em vários aspectos, como, por exemplo, os de João Romão e

Miranda.

IV. Os dois ambientes descritos marcam uma oposição entre o

coletivo (o cortiço) e o individual (o sobrado) e, por extensão,

remetem também à estratificação presente no contexto do Rio de Janeiro

do final do século XIX.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II.

b) I e III.

c) II e IV.

d) I, III e IV.

e) II, III e IV.

8.
(UFLA) Relacione os trechos da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo,

às características realistas/naturalistas seguintes que predominam

nesses trechos e, a seguir, marque a alternativa CORRETA:

1. Detalhismo.

2. Crítica ao capitalismo selvagem.

3. Força do sexo.

) “(...) possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava

resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria

venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estepe

cheio de palha.”

( ) “(...) era a luz ardente do meio-dia; ela

era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos

trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras.”

) “E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre

por fazer (...) Era um pobre diabo caminhando para os setenta anos,

antipático, muito macilento.”

a) 2, 1, 3

b) 1, 3, 2

c) 3, 2, 1

d) 2, 3, 1

e) 1, 2, 3

9.

(UNIFESP / SP) Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que

o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente,


preocupado em oferecer uma visão crítico- analística dos fatos. A

sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos

acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:

a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo


fogo.

b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as chamas.

c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos...

d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada...

10. (UEL) Texto 1

De

cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais de

ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a todos, numa

solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a

polícia entrasse ali pela primeira vez. Enquanto se tratava de uma

simples luta entre dois rivais, estava direito! ‘Jogassem lá as

cristas, que o mais homem ficaria com a mulher!’ mas agora tratava-se

de defender a estalagem, a comuna, onde cada um tinha a zelar por

alguém ou alguma coisa querida.

(AZEVEDO, Aluísio, O cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 139.)

Texto 2

cortiço é um romance de muitas personagens. A intenção evidente é a de

mostrar que todas, com suas particularidades, fazem parte de uma grande

coletividade, de um grande corpo social que se corrói e se constrói

simultaneamente.
(FERREIRA, Luiz Antônio. Roteiro de leitura: O cortiço de Aluísio Azevedo. São Paulo: Ática, 1997. p.
42.)

Sobre os textos, assinale a alternativa correta.

a)

No Texto 1, por ser ele uma construção literária realista, há o

predomínio da linguagem referencial, direta e objetiva; no Texto 2, por

ser ele um estudo analítico do romance, há o predomínio da linguagem

estética, permeada de subentendidos.

b) A afirmação contida no Texto

2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo que também se

observa no Texto 1, o que justifica o prevalecimento de um termo

coletivo como título do romance.

c) Tanto no Texto 1 quanto no Texto

2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço, sendo este

considerado um lugar de harmonia e justiça.

d) No Texto 1 prevalece a desagregação e corrosão da grande coletividade a que se refere o Texto


2.

e)

O que se afirma no Texto 2 vai contra a idéia contida no Texto 1, visto

que no cortiço jamais existe união entre os seus moradores.

Gabarito

1)A

2)D

3)E

4)A

5)E

6)A
7)D

8)D

9)E

10)B

Questões de vestibular sobre Senhora de José


de Alencar
Será que somente com a leitura do resumo do livro Senhora de José de Alencar e com a análise você já
consegue fazer alguns exercícios?

Vamos tentar. Faça as questões abaixo e veja se acertou no final.Mas é pra tentar mesmo hein?
1. (PUC-SP) A questão central, proposta no romance Senhora, de José de Alencar, é a do casamento.
Considerando a obra como um todo, indique a alternativa que não condiz com o enredo do romance:
a) O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura-se em quatro
partes: preço, quitação, posse, resgate.

b) Aurélia Camargo, preferida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote, sujeita-se ao
constrangimento de uma união por interesse.

c) O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual as aparências
sociais devem ser mantidas.

d) A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da experiência
degradante governado pelo dinheiro.

e) O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final feliz, porque,
nele, o amor tudo vence.

2. (ITA) O romance Senhora (1875) é uma das obras mais representativas da ficção de José de Alencar.
Nesse livro, encontramos a formulação do ideal do amor romântico: o amor verdadeiro e absoluto, quando
pode se realizar, leva ao casamento feliz e indissolúvel. Isso se confirma, nessa obra, pelo fato de:
a) o par romântico central — Aurélia e Seixas — se casar no início do romance, pois se apaixonam assim
que se conhecem.

b) o amor de Aurélia e Seixas surgir imediatamente no primeiro encontro e permanecer intenso até o fim do
livro, quando o casal se une efetivamente.

c) o casal Aurélia e Seixas precisar vencer os preconceitos sócio-econômicos para se casar, pois ela é pobre
e ele é rico.

d) a união efetiva só se realizar no final da obra, após a recuperação moral de Seixas, que o torna digno do
amor de Aurélia.
e) o enriquecimento repentino de Aurélia possibilitar que ela se case com Seixas, fatos que são expostos
logo no início do livro.

3. (PUC-SP) A questão central, proposta no romance Senhora, de José de Alencar, é a do casamento.


Considerando a obra como um todo, indique a alternativa que não condiz com o enredo do romance:
a) O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura-se em quatro
partes: preço, quitação, posse, resgate.

b) Aurélia Camargo, preterida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote, sujeita-se ao
constrangimento de uma união por interesse.

c) O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual as aparências
sociais devem ser mantidas.

d) A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da experiência
degradante governado pelo dinheiro.

e) O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final feliz, porque,
nele, o amor tudo vence.

4. (UFMG) No romance Senhora, ocorrem choques entre “duas almas, que uma fatalidade prendera,
para arrojá-las uma contra outra…” (ALENCAR, Senhora, p.131.)
Assinale a alternativa em que o par de ideias conflitantes NÃO se entrelaça, na narrativa, aos choques entre
Aurélia e Seixas.

a) Amor idealizado X casamento por interesse.

b) Condição modesta de vida X ostentação de riqueza.

c) Contemplação religiosa X divertimento mundano.

d) Qualidades morais elevadas X comportamentos aviltantes.

1–C

2–D

3–C

4–C

Aprenda muito mais com o Beduka!


Faça simulados para o ENEM e leia muitas matérias com dicas para os vestibulares no nosso blog. Também
falamos sobre as profissões, sobre os cursos universitários e muito mais. Além do resumo do livro Senhora
de José de Alencar, temos também vários outros resumos.
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Gabarito das questões de vestibular sobre Senhora de
José de Alencar
1–C

2–D

3–C

 ENEM

O
O

 SISU

 PROUNI

O
O

 FIES

 MATÉRIAS

O
O

 EXERCÍCIOS

O
O

 DICAS

OLITERATURA

R ES U MO D O LI V R O SEN H OR A
D E J OSÉ D E ALEN C AR +
A N Á LIS E E EX ER CÍC I OS
Victor Lucio09/01/191 Comentário1638 Views
Resumo do livro
Senhora de José de Alencar
Senhora é um romance urbano do escritor brasileiro José de Alencar publicado em 1874. A
obra é uma das últimas desse escritor, publicado 3 anos antes de sua morte.
Veja o resumo do livro Senhora de José de Alencar completo, parte por parte e com uma análise
detalhada da obra neste artigo. Se você gosta de romances certamente gostará deste também.
E não é a única obra deste autor para a qual já fizemos resumos e análises. José de Alencar já escreveu o
famosíssimo romance indianista chamado Iracema. Então, além deste resumo do livro Senhora de José de
Alencar, leia o resumo e análise de Iracema.
Leia aqui também a lista completa dos livros de literatura mais presentes no ENEM e a lista de leituras
obrigatórias do vestibular Fuvest.
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Resumo do livro Senhora de José de Alencar


– Dividido em 4 partes

1 – O PREÇO
Na primeira parte do livro conhecemos a protagonista de nome Aurélia Camargo. Num primeiro
momento a conhecemos rica e frequentadora dos bailes da alta sociedade. Estava sempre acompanhada
de uma parenta chamada D. Firmina, afinal neste ponto da vida já era órfã.
A sociedade da época não aceitava mulheres independentes ainda. Por mais que Aurélia fosse responsável
por tudo, tinha a companhia de um tio e de D. Firmina, para ser bem vista socialmente.

Essa acompanhante a ensinava que as pessoas só se interessavam por ela por causa de sua beleza e de
sua riqueza.
Em um baile específico, porém, Aurélia questionou-se sobre seu futuro e sobre sua educação. Decidiu
escrever uma carta a um senhor chamado Lemos, seu tio, pedindo-lhe que preparasse para ela
um casamento arranjado com um homem chamado Fernando Seixas.
Iniciamos agora os principais detalhes deste resumo do livro Senhora de José de Alencar.

Os interesses
Este homem era noivo de Adelaide Amaral, mas seu interesse estava no dinheiro, queria ter luxo e
também queria ajudar sua mãe e suas irmãs, já que sua família tinha situação financeira ruim.
Quer conhecer outro interesseiro? Leia o resumo do livro A Relíquia que será cobrado na Fuvest 2019. Lá
temos um personagem muito interesseiro também.
O casamento
O sr.Lemos o procurou e fez a proposta do casamento de cem mil contos de réis adiantando-lhe vinte mil
contos de réis, o dote.

Na época do Segundo reinado, vigorava o regime de casamento dotal. Nesse caso o pai da noiva (ou ela
mesma) deveria dar um dote ao futuro marido.
Saiba mais sobre o Segundo Reinado neste artigo incrível sobre a queda da monarquia no Brasil.
Fernando aceitou sem nem mesmo saber com quem iria se casar. Porém, sentiu-se profundamente
humilhado quando viu que casara-se com Aurélia, pois quando ela era jovem e pobre, com seus 18 anos,
eles eram namorados e ele a havia abandonado. Era um interesseiro e a deixou para ficar com uma
menina rica com mais chances de propiciar um futuro promissor, a tal Adelaide Amaral que o daria um dote
de 30 mil contos de réis.
Na noite de núpcias Aurélia diante de seu marido o chama de homem vendido.
Passemos agora à segunda parte deste resumo do livro Senhora de José de Alencar.

2 – QUITAÇÃO
Nesta parte do livro passamos a conhecer melhor a história de Aurélia, mulher que ascendeu socialmente.
Trata-se de um retorno ao passado.

Aurélia era filha de uma pobre e viúva camareira, D. Emília. Seu pai, Pedro Camargo, era filho de um
rico fazendeiro e casou-se com Emília sem dizer ao pai, que quase morreu sem conhecer a neta.
Emília ficou com dificuldades para criar a filha com a morte de Pedro. Neste período foi que Aurélia, com
seus 18 anos conheceu Fernando. Era apaixonada por ele, muito doce e meiga. Mas, por causa dos
interesses, ele a abandonou, como vimos.
Com o desenrolar dos fatos Aurélia ficou órfã da mãe também. Mas como nem tudo é tristeza a notícia boa
foi que herdou do avô uma enorme herança. Ele a procurou antes de falecer e deixou tudo pra ela, que
ascendeu socialmente por causa da fortuna adquirida e, por isso, começou a ser bem vista. Como
consequência ela também ficou mais fria e calculista.

Ressaltamos neste resumo do livro Senhora de José de Alencar, que a transformação da personagem foi
extrema. Aurélia andava pelos bailes olhando os homens e lhes atribuindo valor, calculando quantos contos
de réis valeria pagar de dote para cada tipo.

O dinheiro foi motivo para torná-la cobiçada por vários pretendentes interesseiros.

 Aprenda a fazer corretamente o uso da crase


3 – POSSE

Dando sequência, esta é a terceira parte do livro e do nosso resumo do livro Senhora de José de Alencar.
Lemos como era a rotina do casal Fernando e Aurélia. A vida era totalmente de aparências, pois andavam
com as mãos dadas, faziam-se carinhos, gentilezas e tudo o mais nos bailes ou frente aos amigos.
Contudo, quando ficavam sozinhos, dormiam em quartos separados, tratavam-se muito mal, usando
apenas palavras de acusação, cheias de raiva e rancor, ironia e sarcasmo. Fernando via-se como escravo de
sua esposa. Ela praticamente era sua dona e ele tinha de a obedecer em tudo, fazendo todos os seus desejos.
 Já sabe usar bem a vírgula? Certeza? Aqui te ensinamos pra você mandar muito bem e tirar 1000 na
redação do ENEM
4 – RESGATE
Finalmente chegamos à última parte do resumo do livro Senhora de José de Alencar. É nesta parte que se
dão os acontecimentos mais importantes da trama. O desejo entre Fernando e Aurélia vai aumentando
mas eles não se deixam envolver por orgulho.
Fernando suporta a humilhação da mulher até conseguir dinheiro suficiente para cobrir tudo que ela havia
gasto investindo no casamento. Ele já não estava mais interessado no luxo e conseguiu trabalhar com
dedicação em um negócio importante.
Quando juntou o equivalente ao dote, procurou Aurélia para pedir o divórcio. A verdade é que ele precisou
comprar sua liberdade de volta, deixar de ser tratado como o homem vendido. Fernando já não era mais o
mesmo homem que buscava um casamento arranjado, tornara-se um trabalhador.

Olharam-se como estranhos, despediram-se. Porém, Aurélia confessou todo o amor que tinha por
Fernando, declarou que com a mudança pela qual passaram e sendo estranhos um ao outro, o passado podia
ser esquecido e viveriam o amor que sentiam.
Fernando, ouvindo essa confissão, beijou sua esposa e assim se reconciliaram.
Aurélia, diante de tudo isso fez uma revelação. Mostrou-lhe um testamento que havia escrito no dia do
casamento. Nele estava declarado que ela o amava e que deixava toda sua fortuna para ele.

Eles fizeram as pazes e consumaram o casamento, dessa vez, com amor.


Se você gosta de histórias de amor, também precisa ler o resumo do livro A moreninha de Joaquim Manuel
de Macedo. Esse, particularmente, é bem misterioso e impactante.
Terminamos o nosso resumo do livro Senhora de José de Alencar, mas se você vai fazer alguma prova sobre
ele, precisa saber alguns detalhes sobre a obra. Confira abaixo:

Análise de Senhora de José de Alencar


Trata-se de romance urbano. José de Alencar (1829 – 1877) já havia escrito romances indianistas e
romances regionalistas.
Senhora teve sua primeira publicação em 1875 e foi seu último livro publicado em vida. É uma obra literária
do movimento romantista.
A obra pode ser tida também como uma crônica de costumes, retratando a corte da sociedade fluminense,
como você bem deve ter notado enquanto lia o resumo do livro Senhora de José de Alencar.
Por falar em crônica, você sabe escrever uma? Conheça o que é crônica e suas principais características.
A capital do Império é apresentada de forma idealizada. O espaço parece parisience, europeizado. A
maioria dos personagens não trabalha, seguem a moda francesa e também os mesmos tipos de
divertimento: teatro, bailes e saraus.
Estilos presentes
As obras do romantismo tem fortíssima tendência ao nacionalismo e José de Alencar tomou como fonte de
inspiração Ossian e Chateaubriand. Percebem-se também características realistas e naturalistas. Sua obra é
acompanhada de pinceladas de influência social.

Estamos falando do séc XIX, período em que o público letrado ainda não estava completamente formado, na
verdade se encontrando ainda em processo de consolidação.

O livro é dividido em quatro partes: O Preço (episódios atuais), Quitação (passado de


Aurélia), Posse e Resgate.
Por estes títulos nota-se termos não românticos, todos voltados para relações de dinheiro, mercantilistas.
Eles são uma hipérbole da compra que Aurélia fez, compra do próprio marido. Trata-se da metáfora do
casamento por interesse.
 Questões sobre a semana de arte moderna
 Principais autores da primeira fase do modernismo
 Principais autores da segunda fase do modernismo

Narrador
A narração se dá em terceira pessoa e o narrador é observador e onisciente. O estilo da escrita
envolve detalhes cenográficos, também a descrição psicológica das personagens e musicalidade na
escrita. O narrador parece adentrar a alma das personagens e nos dizer suas confidências mais íntimas.
Crítica
O tema central é o do casamento por interesse numa sociedade que vivia de aparências na mesma época do
autor. Isso ficou claro para você durante a leitura do resumo do livro Senhora de José de Alencar? Ótimo! O
autor criticava fortemente o casamento por interesse como costume social.
José de Alencar escreveu como forma de crítica à sociedade que dá excessivo valor ao dinheiro. Em
muitos casos é o fato financeiro que condiciona o destino das pessoas.
José de Alencar não foi o único a criticar essa sociedade. Confira o outro autor brasileiro que também fez
isso:

 Conheça as 10 principais obras de Machado de Assis


 Resumo de Memórias Póstumas de Brás Cubas
A tríade feminina do autor: Perfil de mulher

Aurélia, Lucíola e Diva compõe a tríade feminina do autor José de Alencar. Elas representam o “perfil de
mulher” brasileira com uma visão romântica. José de Alencar buscava, por meio delas, compreender os
motivos e os sentimentos que impulsionavam a sociedade relatando o pensamento e o comportamento da
mulher.
Com a presença do narrador observador as personagens são bem caracterizadas pelos elementos exteriores,
ou seja, há bastante descrição. Este é o início dos traços realistas.
A narrativa nos mostra também a redenção, a mudança de cada personagem. Aurélia foi de pobre a rica e
de meiga e doce a fria, calculista e temperamental. Ficou vaidosa e se exibia na sociedade como rica e
como senhora de Fernando.
Ele, por sua vez, foi de interesseiro e sedutor a trabalhador e realmente apaixonado.

Este embate entre personagens e essas mudanças revelam por sua vez, o caráter romântico e não pessimista
de José de Alencar. Afinal ele acreditava que o homem poderia reformar-se a si e a sociedade.Vemos
que os apelos do coração vencem o egoísmo, e o perdão vence o ódio.

Faciletrando
DICAS DE REDAÇÃO, LITERATURA E GRAMÁTICA
EXERCÍCIOS SOBRE OBRAS LITERÁRIAS/SEM CATEGORIA

O Guarani
23 DE AGOSTO DE 2016 FACILETRANDODEIXE UM COMENTÁRIO
O fragmento abaixo foi retirado do romance O Guarani. Leia-o com atenção e responda às
questões 01 a 05.

“Enquanto o sol alumiou a terra, caminhamos; quando a lua subiu ao céu, chegamos. Combatemos
como Goitacás. Toda a noite foi uma guerra. Houve sangue, houve fogo.

“Quando Peri abaixou o arco de Ararê, não havia na taba dos brancos uma cabana em pé, um homem
vivo; tudo era cinza.

“Veio o dia e alumiou o campo; veio o vento e levou a cinza.

“Peri tinha vencido; era o primeiro de sua tribo, e o mais forte de todos os guerreiros.

“Sua mãe chegou e disse: ‘Peri, chefe dos Goitacás, filho de Ararê, tu és grande, tu és forte como teu
pai; tua mãe te ama’.

“Os guerreiros chegaram e disseram: ‘Peri, chefe dos Goitacás, filho de Ararê, tu és o mais valente da
tribo e o mais temido do inimigo; os guerreiros te obedecem’.

“As mulheres chegaram e disseram: ‘Peri, primeiro de todos, tu és belo como o sol, e flexível como a
cana selvagem que te deu o nome; as mulheres são tuas escravas’. (…)

“Sua mãe veio e disse: ‘Peri, filho de Ararê, guerreiro branco salvou tua mãe; virgem branca também’.

“Peri tomou suas armas e partiu; ia ver o guerreiro branco para ser amigo; e a filha da senhora para ser
escravo. (…)
“Guerreiro branco, Peri, primeiro de sua tribo, filho de Ararê, da nação Goitacá, forte na guerra, te
oferece o seu arco; tu és amigo.”

O índio terminou aqui a sua narração.

Enquanto falava, um assomo de orgulho selvagem da força e da coragem lhe brilhava nos olhos
negros, e dava certa nobreza ao seu gesto. Embora ignorante, filho das florestas, era um rei; tinha a realeza
da força. O Guarani – José de Alencar
01- No fragmento de O Guarani, a voz enunciadora é de Peri, o protagonista do romance. Os primeiros
parágrafos remetem ao contato inicial com os colonizadores. A reação de Peri e sua tribo condiz com a
realidade histórica? Justifique:
Sim, a reação violenta de Peri e sua tribo condiz com a realidade histórica, pois os índios reagiram
com violência à colonização, por isso ou foram escravizados ou destruídos.
02- O momento que Peri narra no fragmento é o de sua afirmação na tribo como chefe guerreiro. Confirme
com o texto a sua aclamação:

A mãe: tu és grande, tu és forte como teu pai; tua mãe te ama’; os guerreiros: tu és o mais valente da
tribo e o mais temido do inimigo; os guerreiros te obedecem; as mulheres: tu és belo como o sol, e
flexível como a cana selvagem que te deu o nome; as mulheres são tuas escravas.
03- Há, no fragmento, o motivo para Peri estar na presença dos brancos e tornar-se amigo deles. Destaque
do texto o que motivou Peri a ser amigo dos portugueses:

O guerreiro branco salvou a mãe de Peri.


04- José de Alencar construiu o herói nacional, colocando-o à altura dos heróis europeus. Reconheça as
características de Peri que o tornam grandioso:

A nobreza de seu gesto, o orgulho selvagem e a força da coragem, era um rei, tinha a realeza da força.
05- Comente os motivos de José de Alencar escolher o índio como herói nacional:

O índio era o representante natural do Brasil, o autor procurou dar-lhe roupagem cristã, europeia,
associadas à força e beleza natural. Além do mais valoriza a sua língua, como a genuinamente
brasileira.
Com base no trecho final de O Guarani, , responda à questão 06.
“Tudo era água e céu.

A inundação tinha coberto as margens do rio até onde a vista podia alcançar; as grandes massas de água que
o temporal durante a noite inteira vertera sobre as cabeceiras dos confluentes do Paraíba desceram das
serranias, e, de torrente em torrente, haviam formado essa tromba gigantesca que se abatera sobre a várzea.

A tempestade continuava ainda ao longo de toda a cordilheira, que aparecia coberta por um nevoeiro escuro;
mas o céu, azul e límpido, sorria mirando-se no espelho das águas.

A inundação crescia sempre; o leito do rio elevava-se gradualmente; as árvores pequenas desapareciam; e a
folhagem dos soberbos jacarandás sobrenadava já como grandes moitas de arbustos.

A cúpula da palmeira em que se achavam Peri e Cecilia, parecia uma ilha de verdura banhando-se nas águas
da corrente; as palmas que se abriam formava no centro um berço mimoso, onde os dois amigos,
estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só morte, pois uma só era a sua vida. José de Alencar

A. Dar a diferença entre: confluente e afluente.


Ambos são rios, cursos d’ água, o confluente desemboca na mesma foz com outro rio e o afluente
desemboca em outro, que é considerado principal em relação a ele.
B.Em meio ao drama da inundação, como explicar a expressão “berço mimoso”?
A expressão refere-se ao espaço formado pela cúpula da palmeira que carregava o casal.
O texto abaixo é um fragmento do romance O Guarani, de José de Alencar:

Cenário
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com
os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.

É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar
na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito.

Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos,
curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas
como as de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: escravo
submisso sofre o látego do senhor.

Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda,
como o filho indômito desta pátria da liberdade.

Ai, o Paquequer lança-se rápido sobre seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando
o pelo esparso pelas pontas do rochedo, e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. De repente,
falta-lhe o espaço, foge-lhe a terra; o soberbo rio recua um momento para concentrar as suas forças, e
precipita-se de um só arremesso, como o tigre sobre a presa.

Depois, fatigado do esforço supremo, se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza
formou, e onde o recebe como em um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes.

A vegetação nestas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao
longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verduras e dos capitéis formados pelos leques
das palmeiras.

Aí, ainda a indústria do homem tinha aproveitado habilmente da natureza para criar meios de segurança e
defesa.

De um e outro lado da escada seguiam dois renques de árvores, que, alargando gradualmente, iam fechar
como dois braços o seio do rio; entre o tronco dessas árvores, uma alta cerca de espinheiros tornava aquele
vale impenetrável. (José de Alencar. O Guarani.)

7.Justifique as afirmações abaixo sobre o romance O Guarani, de José de Alencar:

a) A utilização de recursos estilísticos permite-nos dizer que o cenário criado pelo narrador manifesta
o tema da integração da natureza e da cultura.

b) O romance tem um componente das novelas medievais da cavalaria, já que, no Romantismo, havia um
culto à Idade Média.

a) A natureza é antropomorfizada, animizada e culturalizada. antropomorfismo: elementos da


natureza vistos como seres humanos ¾ livre, soberbo, altivo, sobranceiro, filho indômito desta pátria
de liberdade, escravo submisso etc.
dinamicidade: atribui-se vida à natureza através de verbos que indicam movimento ¾ enroscando-se
como uma serpente, se espreguiçar etc. culturalização: comparações da natureza com artefatos feitos
pelo homem ¾ a bacia onde o Paquequer adormece é visto como um leito de noiva, as trepadeiras e
flores agrestes, como cortinas, os galhos das árvores, como arcos etc.
b) No romance alencariano, as personagens pautam sua conduta por normas cavalheirescas. D.
Antônio é um senhor feudal: habita num castelo, que abriga vassalos em torno do suserano. O código
de honra desses homens fundamenta-se na lealdade ao senhor. Além disso, o espaço em que a relação
dos dois rios é apresentada sugere vassalagem.
(FGV-SP) “Então, no fundo da floresta, troou um estampido horrível, que veio reboando pelo espaço; dir-se-
ia o trovão, correndo pelas quebradas da serrania.

Era tarde.

Não havia tempo para fugir; a água tinha soltado o seu primeiro bramido, e, erguendo o colo, precipitava-se,
furiosa, invencível, devorando o espaço como um monstro do deserto.

Peri tomou a resolução pronta que exigia a iminência do perigo: em vez de ganhar a mata suspendeu-se a um
dos cipós, e, galgando o cimo da palmeira, aí abrigou-se com Cecília.

A menina, despertada violentamente e procurando conhecer o que se passava, interrogou seu amigo.

–– A água!… respondeu ele apontando para o horizonte.” José de Alencar. O guarani.


8.Sobre o fragmento acima, afirma-se que:

1.Enaltece a força da natureza brasileira.

2.Exalta a coragem do silvícola.

3.Refere um símbolo da fusão dos valores nativos e europeus.

4.“Pronta” (4º parágrafo), no texto, significa “preparada”.

5.“Monstro do deserto” (3º parágrafo) e “A água!” (6º parágrafo) são duas metáforas.

Assinale a alternativa que contém duas afirmações incorretas.


a) 1 e 2. b) 2 e 3. c) 3 e 4. d) 1 e 5. e) 4 e 5.
Loredano desejava; Álvaro amava; Peri adorava. O aventureiro daria a vida para gozar; o cavaleiro arrastaria
a more para merecer um olhar; o selvagem se mataria, se preciso fosse, só para fazer Cecília sorrir. ( Trecho
de O Guarani, de José de Alencar)

9.Sobre as características da obra de onde se extraiu o trecho acima, é correto afirmar:

a)exalta o índio como se fosse um cavaleiro medieval.


b) as personagens são vulgares e mesquinhas.

c) procura mostrar as relações entre o homem e a natureza de maneira objetiva.

d) reserva ao índio um papel subserviente, e ao branco o papel de herói.


e) não exalta a natureza para que esta não se sobreponha às personagens
10.(FUVEST) Assim, o amor se transformava tão completamente nessas organizações*, que apresentava
três sentimentos bem distintos: um era uma loucura, o outro uma paixão, o último uma religião.
………… desejava; …………. amava; ………….. adorava

(*organizações = personalidades)

Neste excerto de O Guarani, o narrador caracteriza os diferentes tipos de amor que três personagens
masculinas sentem por Ceci. Mantida a sequência, os trechos pontilhados serão preenchidos corretamente
com os nomes de:
a) Álvaro / Peri / D. Diogo d) Loredano / Álvaro / Peri
b) Loredano / Peri / D. Diogo e) Álvaro / D. Diogo / Peri
c) Loredano / D. Diogo / Peri
O fragmento abaixo foi retirado do romance O Guarani. Leia-o com atenção e responda às
questões 11 a 14.

“O índio, antes de partir, circulou a alguma distância o lugar onde se achava Cecília, de uma corda de
pequenas fogueiras feitas de louro, de canela, urataí e outras árvores aromáticas. Desta maneira tornava
aquele retiro impenetrável; o rio de um lado, e do outro as chamas que afugentariam os animais daninhos, e,
sobretudo os répteis; o fumo odorífero que se escapava das fogueiras afastaria até mesmo os insetos. Peri
não sofreria que uma vespa e uma mosca sequer ofendesse a cútis de sua senhora, e sugasse uma gota desse
sangue precioso; por isso tomaratodas essas precauções.”

11.FEI-SP O Guarani foi publicado em 1857 e na época gerou uma grande repercussão. O
autor desse romance é:

a) Machado de Assis. d) Álvares de Azevedo.

b) José Lins do Rego. e) José de Alencar.


c) Gonçalves Dias.

12.FEI-SP Sobre o romance, é possível afirmar que:


a) projeta um futuro trágico para o Brasil.

b) aponta para um tempo em que os indígenas recuperarão o território brasileiro e expulsarão os brancos e
negros.

c) defende a união entre negros e índios contra os colonizadores portugueses.

d) reconstitui acontecimentos históricos verídicos do período inicial da colonização do Brasil.

e) pretende narrar a fundação de uma nova nação a partir da miscigenação entre brancos e indígenas.
13.FEI-SP A propósito do trecho transcrito, é correto afirmar que:
I.A descrição do amor que Peri nutre por Ceci visa a criar uma imagem idealizada do

índio brasileiro.

II.O trecho descreve os conflitos entre o homem branco e o negro.

III. O autor pretende demonstrar a inferioridade do indígena brasileiro frente ao colonizador europeu.
a) somente I está correta. d) I e III estão corretas.
b) somente III está correta. e) II e III estão corretas.

c) I e II estão corretas.

14.FEI-SP Em O Guarani, o autor procura valorizar as origens do povo brasileiro e transformar certos
personagens em heróis, com traços do caráter do “bom selvagem”: pureza, valentia e brio. Essa tendência é
típica do:
a) romance urbano. d) romance regionalista.

b) romance indianista. e) poemas épicos.


c) poemas históricos.

15.O romance O Guarani, de José de Alencar, tendo como protagonista Peri e Cecília, encerra-se comum
belo e enigmático epílogo que evidencia a ação do homem face às forças da natureza. Tal ação é
caracterizada pelo autor como “um espetáculo grandioso, uma sublime loucura” indique a alternativa que
comprova essa afirmação.

a)Era um vasto deserto de água e céu e Peri, alucinado, lançou-se nas águas para salvar Cecília que era
arrastada pela correnteza.

b) A inundação crescia sempre e Peri, apesar do esforço, sucumbiu ao ímpeto da tormenta.

c) O rio, estorcendo-se em convulsões, saltou um gemido profundo e cavernoso; Peri e Cecília apenas
contemplava a fúria da natureza.
d) A inundação abria a fauce enorme para traga-los. Peri com esforço desesperado arranca a palmeira, cuja
cúpula, resvalando sobre as águas, levou os amigos para a linha do horizonte.

e) Tudo era água e céu e os dois amigos pediam ao céu para ambos uma só morte, pois uma só era a sua vida

16.UFRS Leia as afirmações abaixo sobre os romances O Guarani e Iracema, de José de Alencar.
I.Em O Guarani, tanto a casa de Mariz, representante dos valores lusitanos, quanto os Aimorés, que retratam
o lado negativo da terra americana, são destruídos.
II.Em Iracema, a guardiã do “segredo da jurema” abandona sua tribo para seguir Martim,o homem branco
por quem se apaixonara.
III. Em O Guarani e Iracema, as personagens indígenas – Peri e Iracema – morrem em circunstâncias
trágicas, na certeza de que serão vingadas.
Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. 17. e) I, II e III.


17.(FUVEST) Ao final da narrativa, Ceci decide permanecer na selva com Peri: “— Peri não pode viver
junto de sua irmã na cidade dos brancos, sua irmã fica com ele no deserto, no meio da floresta.” A decisão
de Ceci traduz:

a) a supremacia da cultura indígena sobre a branca europeia.


b) a capacidade de renúncia da mulher que, por amor, submete-se a intensos sacrifícios.
e) a impossibilidade de Peri habitar a cidade, entre os civilizados.
d) o entrelaçamento da civilização branca europeia e da cultura natural indígena.
e) o reconhecimento de que o ambiente natural é o espaço perfeito para a realização amorosa.
18.Os trechos selecionados abaixo, de “O Guarani”, de José de Alencar, relacionam-se a algumas das
personagens do romance, listadas na sequência. Identifique a relação, colocando nos parênteses o número
correspondente à personagem cujas características aparecem no respectivo trecho.

( ) “Homem de valor, experimentado na guerra, ativo, afeito a combater os índios, prestou grandes serviços
nas descobertas e explorações do interior de Minas e Espírito Santo. Em recompensa do seu merecimento, o
governador Mem de Sá lhe havia dado uma sesmaria de uma légua com fundo sobre o sertão, […]”

( ) “No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se embalançava indolentemente numa rede
de palha presa aos ramos de uma acácia silvestre, […] Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se
abriam languidamente como para se embeberem de luz, e abaixavam de novo as pálpebras rosadas. […] Os
longos cabelos louros, enrolados negligentemente em ricas tranças, descobriam a fronte alva, […]”

( ) “[…] a portinha interior do jardim abriu-se, e outra moça, roçando apenas a grama com o seu passo
ligeiro, aproximou-se […] era o tipo brasileiro em toda a sua graça e formosura, com o encantador contraste
de languidez e malícia, de indolência e vivacidade. Os olhos grandes e negros, o rosto moreno e rosado,
cabelos pretos, lábios desdenhosos, sorriso provocador, […]”

( ) “Nessa noite, […] ia dar um passo que, na sua habitual timidez, ele comparava quase com um pedido
formal de casamento; tinha resolvido fazer a moça aceitar, malgrado seu, o mimo que recusara, deitando-o
na sua janela; esperava que, encontrando-o no dia seguinte, Cecília lhe perdoaria o seu ardimento, e
conservaria a sua prenda.”

( ) “Nessa muda contemplação, […] esqueceu tudo. Que lhe importava o precipício que se abria a seus pés
para tragá-lo ao menor movimento, e sobre o qual planava num ramo fraco que vergava e se podia partir a
todo o instante! Era feliz: tinha visto sua senhora; ela estava alegre, contente e satisfeita; podia ir dormir e
repousar.”

1 – Aires Gomes 2 – Álvaro 3 – Antônio de Mariz 4 – Cecília 5 – Diogo de Mariz

6 – Isabel 7 – Lauriana 8 – Loredano 9 – Peri

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: Resposta a


a) 3 – 4 – 6 – 2 – 9. d) 1 – 6 – 7 – 5 – 8.
b) 3 – 6 – 7 – 5 – 9. e) 1 – 4 – 7 – 8 – 2.
c) 5 – 7 – 6 – 2 – 8.
19.Unioeste-PR Com respeito à leitura de O Guarani, assinale a(s) alternativa(s) procedente(s).
1. O tom confidencial da narrativa, focalizado em primeira pessoa, reforça a grandeza
do índio Peri.

2. A natureza age como mediadora: o óleo da cabuíba, como um bálsamo poderoso,


salva Peri da morte.

4. A descrição que o narrador faz de Álvaro (cap. III – “A Bandeira”) é representativa


da tese de Rousseau sobre a bondade natural do selvagem.

8. O brasão escondido de Loredano e sua devoção a Dom Antônio de Mariz são exemplos
da presença do medievalismo na literatura romântica.

16. A apresentação que o narrador faz do rio Paquequer registra um típico processo de
animização, incorporado a uma atmosfera metaforicamente medieval.
32. A ação do romance, em termos históricos, transcorre no século XVII, apesar do
autor ter escrito a obra na segunda metade do século XIX.

64. A elevação de sentimentos e nobreza de caracteres, em oposição à vilania e à maldade, é ilustrada


através da oposição entre Cecília e Isabel, no cap. V, intitulado “Loura e Morena”.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 50
Instrução: Para responder às questões 20 e 21, ler o texto que segue.
“(…) florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias

de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.

Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas
majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa. No ano da graça de 1604, o
lugar que acabamos de descrever estava deserto e inculto; a cidade do Rio de Janeiro tinha-se fundado havia
menos de meio século, e a civilização não tivera tempo de penetrar o interior.

Entretanto, via-se à margem direta do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e
protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique. (…) A habitação

(…) pertencia a D. Antônio de Mariz, fidalgo português cota d’armas e um dos fundadores da cidade do Rio
de Janeiro.”

20.PUC-RS O Brasil português revela-se no trecho da obra ……………, de José de Alencar,


através da fundação daquela que se tornaria a sua capital. A personagem referida, ……………

de Cecília, que é a protagonista da obra, …………… o poder e a audácia dos novos habitantes.

a) O Guarani – irmão – mitifica d) Iracema – tutor – critica


b) O Guarani – pai – representa e) Iracema – tio – retrata
c) Ubirajara – progenitor – rejeita
21.PUC-RS A obra em questão …………… o passado histórico por meio de uma visão
…………… da ideologia dominante, como se pode observar, por exemplo, em relação ao

processo de …………… à cultura europeizada por que passa Peri.

a) rejeita – pessimista – adaptação d) redimensiona – inovadora – rejeição


b) enaltece – ufanista – conformação e) idealiza – conservadora – rejeição

c) recupera – comprometida – adaptação

Para responder às questões 22 e 23, leia, atentamente, o texto abaixo.

Texto I

Amor
“AS CORTINAS DA JANELA cerraram-se; Cecília tinha-se deitado. Junto da inocente menina, adormecida
na isenção de sua alma pura e virgem, velavam três sentimentos profundos, palpitavam três corações bem
diferentes.
Em Loredano, o aventureiro de baixa extração, esse sentimento era um desejo ardente, uma sede de gozo,
uma febre que lhe requeimava o sangue; o instinto brutal dessa natureza vigorosa era ainda aumentado pela
impossibilidade moral que a sua condição criava, pela barreira que se elevava entre ele, pobre colono, e a
filha de D. Antônio de Mariz, rico fidalgo de solar e brasão.

Para destruir esta barreira e igualar as posições, seria necessário um acontecimento extraordinário, um fato
que alterasse completamente as leis da sociedade naquele tempo mais rigorosas do que hoje; era precisa uma
dessas situações à face das quais os indivíduos, qualquer que seja a sua hierarquia, nobres e párias, nivelam-
se; e descem ou sobem à condição de homens.

O aventureiro compreendia isto; talvez que o seu espírito italiano já tivesse sondado o alcance dessa ideia;
em todo o caso o que afirmamos é que ele esperava, e esperando vigiava o seu tesouro com um zelo e uma
constância a toda a prova; os vinte dias que passara no Rio de Janeiro tinham sido verdadeiro suplício.

Em Álvaro, cavalheiro delicado e cortês, o sentimento era uma afeição nobre e pura, cheia da graciosa
timidez que perfuma as primeiras flores do coração, e do entusiasmo cavalheiresco que tanta poesia dava aos
amores daquele tempo de crença e lealdade.

Sentir-se perto de Cecília, vê-la e trocar alguma palavra a custo balbuciada, corarem ambos sem saberem por
quê, e fugirem desejando encontrar-se, era toda a história desse afeto inocente, que se entregava
descuidosamente ao futuro, librando-se nas asas da esperança.

Nessa noite Álvaro ia dar um passo que na sua habitual timidez, ele comparava quase com um pedido formal
de casamento; tinha resolvido fazer a moça aceitar malgrado seu o mimo que recusara, deitando-o na sua
janela; esperava que encontrando-o no dia seguinte, Cecília lhe perdoaria o seu ardimento, e conservaria a
sua prenda.

Em Peri o sentimento era um culto, espécie de idolatria fanática, na qual não entrava um só pensamento de
egoísmo; amava Cecília não para sentir um prazer ou ter uma satisfação, mas para dedicar-se inteiramente a
ela, para cumprir o menor dos seus desejos, para evitar que a moça tivesse um pensamento que não fosse
imediatamente uma realidade.

Ao contrário dos outros ele não estava ali, nem por um ciúme inquieto, nem por uma esperança risonha;
arrostava a morte unicamente para ver se Cecília estava contente, feliz e alegre; se não desejava alguma
coisa que ele adivinharia no seu rosto, e iria buscar nessa mesma noite, nesse mesmo instante.

Assim o amor se transformava tão completamente nessas organizações, que apresentava três sentimentos
bem distintos: um era uma loucura, o outro uma paixão, o último uma religião.” ALENCAR, José de. O
Guarani. São Paulo: FTD, 1999, p. 78-79.
22.(UFPB) No texto “Amor”, extraído do romance O Guarani, o narrador, ao descrever o personagem
Loredano, chama a atenção para a necessidade de um “acontecimento extraordinário” que pudesse alterar as
“leis da sociedade” e permitir ao colono transpor determinadas barreiras sociais e morais. A partir da leitura
integral desse romance, é correto afirmar que esse acontecimento extraordinário se relaciona à (ao)
a) Morte de Álvaro, único que obedecia ao código de honra imposto por D. Antônio de Mariz.

b) Revelação sobre o passado religioso de Loredano.

c) Enriquecimento de Loredano que poderia passar da condição de pobre colono à de proprietário de terras.

d) Volta de Peri para a sua tribo, deixando desprotegida a família de D. Antônio de Mariz.

e) Cerco dos Aimorés à casa de D. Antônio de Mariz e à revolta dos colonos.


23.(UFPB) Em relação à caracterização de Álvaro, o narrador
a) Imita-se aos aspectos físicos, descrevendo-o como um nobre.

b) Realça traços patológicos e instintivos próprios do homem daquela época.

c) Traça um perfil do personagem evidenciando, de forma idealizada, seus sentimentos e atitudes.


d) Evidencia determinadas atitudes do personagem, associando-as a condicionamentos biológicos.

e) Penetra no inconsciente do personagem, revelando o caráter ambíguo de sua personalidade.

24.I.”… o recebia cordialmente e o tratava como amigo; seu caráter nobre simpatizava com aquela natureza
inculta.”

lI. “Em…, o índio fizera a mesma impressão que lhe causava sempre a presença de um homem daquela cor;
lembrara-se de sua mãe infeliz, da raça de que provinha.”

III. “Quanto a …, via em Peri um cão fiel que tinha um momento prestado um serviço à família, e a quem se
pagava com um naco de pão.” Nestes excertos, registram-se as reações de três personagens de “O Guarani”
à presença de Peri, quando este começa a frequentar a casa de D. Antônio de Mariz. Apenas seus nomes
foram omitidos. Mantida a ordem da sequência, essas três personagens são:

a) D. Antônio; Cecília; Isabel. d) Álvaro; Isabel; Cecília.

b) D. Antônio; Isabel; D. Lauriana. e) D. Diogo; Cecília; D. Lauriana.


c) D. Diogo; Isabel; Cecília.

25.O romance O Guarani, de José de Alencar, publicado em 1857, é um marco da ficção romântica
brasileira. Dentre as características mais evidentes do projeto romântico que sustentam a construção dessa
obra, destacam-se:
I.a figura do protagonista, o índio Peri, que é um típico herói romântico, tanto pela sua força física como
pelo seu caráter;

II.o amor do índio Peri por Cecília, uma moça branca, sendo que esse amor segue o modelo medieval do
amor cortês;

III.o fato de o livro ser ambientado na época da colonização do Brasil pelos portugueses, dada a predileção
dos românticos por narrativas históricas;

IV.o final do livro marca o retorno a um passado mítico, pois Peri e Cecília simbolicamente regressam à
época do dilúvio.

Então corretas:

a) I e II. b) I, II e III c) I, II e IV. d) I, III e IV. e) todas.


16.(FUVEST) A oposição Natureza / Cultura é o eixo mais importante de sustentação da narrativa e de
caracterização de personagens de O guarani, de José de Alencar. A partir dessa oposição, podem-se
determinar várias relações antitéticas, de acordo com o ponto de observação adotado.
Assinale a alternativa em que essa oposição não se expressa:
a) Peri e os demais índios aimorés representam o homem em seu estado natural, enquanto D. Antônio de
Mariz e os aventureiros representam a cultura própria da civilização europeia.
b) Peri em si mesmo simboliza a oposição Natureza / Cultura, pois é o indígena livre que transita com
adequação e elegância entre os brancos europeus.

c) Índios aimorés contrapõem-se pela violência antropofágica ao mundo organizado pelas leis cavalheirescas
que definem as relações entre D. Antônio de Mariz e os aventureiros.

d) A fortificação de muralhas de pedras que caracteriza a casa da família Mariz é símbolo de contraste entre
a exuberante paisagem natural e a arquitetura do homem branco colonizador.

e) Álvaro, espécie de cavaleiro medieval, lembra a honra e lealdade determinada pelas relações
culturais do branco europeu e Loredano, vilão da narrativa, simboliza a insubordinação, deslealdade
e ambição que se alastram num espaço primitivo, selvagem, do tempo da colonização brasileira.
TEXTO I

“O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as
plantas, o ar, a situação, tudo estánuma harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem
sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição emtudo quanto se vê e se sente, que
não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar
alium reinado de amor e benevolência. (…) Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com
a sua inocência e com a virgindadedo seu coração. À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha
que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. (…) Para mais
realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação
antiga, mas não dilapidada – (…) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também mais antiga que o
resto do edifício, que todavia mal se vê…” (Almeida Garrett, “Viagens na minha terra”.)
TEXTO II:

“Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a
natureza formou, e onde o recebecomo um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes.A
vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao
longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques
das palmeiras. Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para
os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa.(…)Entretanto, via-se
à margem direita do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos
os lados por umamuralha de rocha cortada a pique.” (José de Alencar, “O guarani”.)
26. Lendo-se atentamente os textos I (de Almeida Garrett) e II (de José de Alencar), percebe-se que ambos
os narradores se identificam quanto à atitude de admiração e louvor à natureza contemplada. Entretanto,
verifica-se também, entre os dois, uma diferença profunda e marcante no seu ato contemplativo, quanto aos
valores atribuídos a essa natureza. Essa diferença é marcada:
a) pela existência da vegetação.

b) pela avaliação da magnitude e da beleza do cenário.


c) pela inclusão, na paisagem natural, da habitação humana.

d) pelo predomínio das referências ao mundo vegetal

e) pela explicitação da perda do paraíso terrestre.

27.(FUVEST) Leia o trecho de O guarani, de José de Alencar para responder ao teste:

“Álvaro fitou no índio um olhar admirado. Onde é que este selvagem sem cultura aprendera a poesia
simples, mas graciosa; onde bebera a delicadeza de sensibilidade que dificilmente se encontra num coração
gasto pelo atrito da sociedade?
A cena que se desenrolava a seus olhos respondeu-lhe; a natureza brasileira, tão rica e brilhante, era a
imagem que produzia aquele espírito virgem, como o espelho das águas reflete o azul do céu.”
Em relação ao trecho, pode-se afirmar que:

a) nele se adota uma das principais teses naturalistas, pelo fato de se atribuir à terra a determinação
do caráter de seus habitantes primitivos.
b) representa o reconhecimento de características inatas dos indígenas, as quais não se verificavam em
habitantes das cidades civilizadas da Europa.
c) a inautenticidade com que se apresenta o índio brasileiro revela um ângulo de observação que combina
com o desejo de enaltecimento das raízes da pátria.
d) faz parte da primeira obra da literatura brasileira que manifesta interesse em traduzir e explicar a
realidade da vida indígena.
e) a idealização do selvagem está diretamente associada às fantasias egocêntricas românticas e, portanto, não
pode ser entendida como expressão de um caráter genérico, nacional.
28.Os epílogos dos romances “Iracema” e “O Guarani” de José de Alencar e o fragmento de “Maíra” de
Darcy Ribeiro (autores identificados com a temática de fundação do nacional – séculos XIX e XX) podem
ser considerados metáforas para a compreensão de nossa origem.

‘Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas, onde fora tão feliz e as verdes folhas a
cuja sombra dormia a formosa tabajara.
Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. A
jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema. Tudo passa
sobre a terra. José de Alencar. “Iracema”.
O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face. Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e
lânguidos sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de um beijo soltando o voo. A palmeira
arrastada pela torrente impetuosa fugia… E sumiu-se no horizonte…José de Alencar. “O Guarani”.
Afinal, tudo está claro. Na verdade apenas representei e ainda represento aqui um papel, segundo aprendi.
Não sou, nunca fui nem serei jamais Isaías. A única palavra de Deus que sairá de mim, queimando a minha
boca, é que eu sou Avá, o tuxauarã, e que só me devo a minha gente Jaguar da minha nação Mairum. Darcy
Ribeiro.
Pela leitura desses fragmentos constata-se que os textos de José de Alencar e Darcy Ribeiro traduzem, sob
pontos de vista diferentes:

a) a afirmação de uma etnia brasileira advinda da existência cordial entre as duas culturas;

b) a efetiva resistência da cultura indígena em se submeter à cultura europeia;

c) o surgimento do mito fundador da miscigenação das duas culturas, pela morte dos protagonistas;

d) a impossibilidade de enunciar a plena harmonização entre as culturas europeia e indígena;


e) a inauguração do mito fundador da nacionalidade brasileira através da miscigenação.

29.”Dom Antônio de Mariz, homem de valor, experimentado na guerra, ativo, afeito a combater os índios,
prestou grandes serviços nas descobertas e explorações do interior de Minas e Espírito Santo. Em
recompensa do seu merecimento, o governador Mem de Sá lhe havia dado uma sesmaria de uma légua com
fundo sobre o sertão.” Na passagem de “O guarani”, destacam-se aspectos encontrados na ficção de José de
Alencar. A respeito disso, leia as proposições.
I. Nos romances nativistas, o selo da nobreza é dado pela força do sangue, o que tanto vale para os índios
como para a estirpe do colonizador branco.
II. Para dar força ao herói, Alencar costuma aproximá-lo da vida da natureza, prática que dialoga com as
próprias raízes dos valores românticos.

III. Ao pintar portugueses como heróis e índios como vilões, Alencar tem em conta agradar o Marquês de
Pombal e sua política antiindianista.

Está(ão) correta(s)

a) apenas II. b) apenas I e II. c) apenas III. d) apenas I e III. e) I, II e III.


30.(FUVEST) Leia o fragmento da obra O Guarani, de José de Alencar para responder ao teste.
“De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado
com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.
É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se
espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em vasto leito. Dir-se-ia que vassalo
e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se
humildemente aos pés do suserano. Perde, então, a beleza selvática; suas ondas resvalam sobre elas:
escravo submisso, sofre o látego do senhor.”
Considere as afirmações abaixo e assinale alternativa correta:
I. O texto é predominantemente descritivo e carregado de recursos de linguagem poética. Um exemplo é a
prosopopeia “curva-se humildemente aos pés do suserano”.
II. O narrador mostra a relação entre os rios Paraíba e Paquequer a partir de uma analogia com o mundo
feudal, na qual o primeiro surge como “rei das águas” e o segundo, como “vassalo”.
III. No modo de qualificar a paisagem, há uma forte conotação de hierarquia.
a) Estão corretas todas as afirmações.
b) Estão corretas as afirmações I e II.
c) Estão corretas somente as afirmações I e III.
d) Estão corretas somente as afirmações I, II e III.
e) Está correta somente a afirmação II
31.O guarani apresenta-nos o herói Peri. Comparando-o a Iracema, heroína do romance homônimo,
podemos afirmar que:
a)ambas as obras foram escritas por José de Alencar e podem ser classificadas como regionalistas.

b)narram de maneira épica, numa prosa recheada de sonoridade, o heroico esforço dos indígenas em resistir
ao invasor português.

c)Peri e Iracema são heróis típicos da segunda geração romântica.

d)Constroem, de maneira alegórica, o mito de surgimento do povo brasileiro, pelo miscigenação entre
o invasor branco e o indígena nativo.
e)ambas as obras foram produzidas em um português puro, livre de expressões ou palavras tomadas
emprestadas de outros idiomas, mostrando o esforço de José de Alencar em manter a pureza do idioma
camoniano.

ARMAZÉM DE TEXTO

"Multipliquei-me, para me sentir, Para me sentir, precisei sentir tudo. Transbordei-me, não fiz
senão extravasar-me."Fernando Pessoa- Álvaro de Campos
sexta-feira, 12 de maio de 2017

O GUARANI - ROMANTISMO - COM GABARITO

01 – O GUARANI

Os gritos e bramidos dos selvagens, que continuavam com algumas interrupções, foram-se
aproximando da casa; conhecia-se que escalavam o rochedo nesse momento.

Alguns minutos se passaram numa ansiedade cruel. D. Antônio de Mariz depositou um


último beijo na fronte de sua filha; D. Lauriana apertou ao seio a cabeça adormecida da menina e
envolveu-se numa manta de seda.

Peri, com o ouvido atento, o olhar fito na porta, esperava. Ligeiramente apoiado sobre o
espaldar da cadeira às vezes estremecia de impaciência e batia com o pé sobre o pavimento da
sala.

De repente um grande clamor soou em torno da casa; as chamas lamberam com as suas
línguas de fogo as frestas das portas e janelas; o edifício tremeu desde os alicerces com o
embate da tromba de selvagens que lançava nomeio do incêndio.

Peri, apenas ouviu o primeiro grito, reclinou sobre a cadeira e tomou Cecília nos braços;
quando o estrondo soou na porta larga do salão, o índio já tinha desaparecido.

Apesar da escuridão profunda que reinava em todo o interior da casa, Peri não hesitou um
momento; caminhou direto ao quarto onde habitara sua senhora, e subiu à janela.

Uma das palmeiras da cabana estendia-se por cima do precipício e apoiava-se a trinta
palmos de distância sobre um dos galhos da árvore que os aimorés tinham abatido durante o dia
que tiraram aos habitantes da casa a menor esperança de fuga.

Peri, apertando Cecília nos braços, firmou o pé sobre essa ponte frágil, cuja face convexa
tinha quando muito algumas polegadas de largura.

Quem lançasse os olhos nesse momento para aquela banda da esplanada veria ao pálido
clarão do incêndio deslizar-se lentamente por cima do precipício um vulto hirto, como um desses
fantasmas que, segundo a crença popular, atravessam à meia-noite as velhas ameias de algum
castelo em ruínas.

A palmeira oscilava, e Peri, embalando-se sobre o abismo, adiantava-se vagarosamente


para a encosta oposta. Os gritos dos selvagens repercutiam nos ares de envolta com o estrépito
dos tacapes que abalavam as portas da sala e as paredes do edifício.

Sem se inquietar com a certa tumultuosa que deixava após si, o índio ganhou a margem
oposta, e segurando com uma mão nos galhos da árvore, conseguiu tocar a terra sem o menor
acidente.
Então, fazendo uma volta para não aproximar-se do campo dos aimorés, dirigiu-se à
margem do rio; aí estava escondida entre as folhas a pequena canoa que serviria outrora para os
habitantes da casa atravessarem o Paquequer.

Durante a ausência de uma hora que Peri tinha feito, quando deixava Cecília adormecida,
ele havia tudo preparado para essa empresa arriscada que devia salvar sua senhora.

Graças à sua atividade espantosa, armou com o auxílio da corda a ponte pênsil sobre o
precipício, correu ao rio, amarrou a canoa no lugar que lhe pareceu mais propício, e em duas
viagens levou esse barquinho que ia servir de morada a Cecília durante alguns dias, tudo quanto
a menina podia crescer.

JOSE DE ALENCAR.

1 - O texto, sem deixar dúvidas, é legítimo representante do tipo de romance do Romantismo.


Que afirmação NÃO comprovaria essa tese?

a) A tendência a desenvolver um discurso comovente e emocionante.

b) A configuração, pelos seus atos, da personagem como herói.

c) A narrativa marcada por situações que conduzem ao suspense, técnica essa que prendia o
leitor aos acontecimentos.

d) O emprego estilístico da hipérbole, denunciando a maneira sentimentalmente exagerada de


conduzir a narrativa.

e) O apego ao descritivismo da realidade imediata com a finalidade de dar verossimilhança aos


fatos narrados.

2 – De que modo podemos ver a presença da personagem Peri como personagem típica da
criação poética do Romantismo?

Através da sua bravura.

3 – Qual o ponto de vista da narrativa?

Narrativa em 3ª pessoa, narrador onisciente

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