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ABSTRACT: The oral anticoagulant warfarin is the most used worldwide, both to prevent
and to treat various diseases related to thromboembolic disorders. It acts by slowing blood
clotting through inhibiting the reduction of vitamin K, a reaction which is essential to activate
various coagulation cascade factors. However, despite being the most used therapy for more
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Farmacêutica, Formada na Universidade Federal do Mato Grosso, Brasil.
estefania_castro18@hotmail.com
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Doutora em Farmacologia, pela Universidade de São Paulo. Docente do curso de Farmácia, Instituto
de Ciências Biológicas e da Saúde, Campus do Araguaia, Universidade Federal do Mato Grosso,
Brasil. E-mail: fernandagiachini@hotmail.com
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Doutora em Química Analítica, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Docente do curso de
Farmácia, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Campus do Araguaia, Universidade Federal do
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than 50 years, warfarin is a drug with low therapeutic index and uncontroled bleeding
represents most important adverse effect. Warfarin has enormous dose-response variability
and a high complexity of dosing regimen. As an aggravating factor, this drug interects with
other drugs, generating inumerous drug-drug interactions. Taking the importance of warfarin
and seeking more quality to the pharmacoltherapy to the patients, in this review, we attempted
to make a survey of the literature on possible drug-drug interactions.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento progressivo da população, que constitui fator de risco para
doenças tromboembólicas, aliado aos estudos que demonstram os benefícios da terapia
anticoagulante oral, em pacientes com doenças cardiovasculares, enfatiza o uso de fármacos,
em especial a varfarina, como terapia de escolha para o tratamento de várias doenças,
incluindo a profilaxia e tratamento de embolia pulmonar, trombose venosa, e fibrilação atrial
com embolização (LEITE e MARTINS, 2005; STROM et al., 2010; PATEL et al., 2011;
CUNHA, 2012; SIMONETTI, FARO e BIANCHI, 2014).
A varfarina é um derivado sintético da cumarina, a qual é uma substância
anticoagulante formada na forragem de trevo doce, Melilotus officinalis (KATZUNG, 2003;
GOODMAN e GILMAN, 2010). Os preparados comerciais de varfarina são compostos por
uma mistura racêmica desses dois enantiômeros: a varfarina dextrógira R e a varfarina
levógira S, sendo o último quatro vezes mais potente que o primeiro (RANG, DALE e
RITTER, 2001; KATZUNG, 2003; ANSELL et al., 2004). É um fármaco de administração
oral, tem início de ação lento, absorção rápida e completa, 98% se ligando às proteínas
plasmáticas; somente o fármaco livre possui atividade farmacológica. Seu efeito é dependente
da meia-vida de eliminação de diferentes fatores de coagulação, uma vez que ele só é capaz
de interferir na síntese dos fatores de coagulação e não na ação dos já sintetizados; por essa
razão, são necessários cincos dias de tratamento para o aparecimento dos efeitos
antitrombóticos (RANG, DALE e RITTER, 2001; GAGLIARDI, 2014).
Vários estudos demonstram que a varfarina é o medicamento da classe dos
anticoagulantes mais utilizado na atualidade (GRINBERG, 2004; CAMPANILI e AYOUB,
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2008; ÁVILA, 2011; CORBI et al., 2011; BOLELA, 2013). Ela tem sido o pilar da
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MATERIAL E MÉTODOS
dentre os que não provocam interação com os anticoagulantes, destacam-se os compostos com
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progesterona, que incluem as formas injetáveis trimestrais, por via oral e as implantáveis no
tecido subcutâneo (ÁVILA, 2010).
Vários antibióticos interagem com a varfarina; os beta-lactâmicos, ao inibirem a flora
intestinal, reduzem a síntese de vitamina K, levando à elevação do INR; o metronidazol
aumenta a vida média e a concentração plasmática do isômero S da varfarina, elevando o
INR; as tetraciclinas aumentam as concentrações de varfarina, podendo causar toxicidade
(CEIA, 2007). Estudos de caso realizados por Jones e Fugate (2002) demonstraram elevações
significativas nos valores de INR, durante a terapia com levofloxacino, em pacientes
submetidos a terapia com varfarina e que se encontravam estáveis. Na Tabela 01 estão
apresentadas outras interações medicamentosas citadas na literatura.
Tabela 01
Quanto à faixa etária, pacientes jovens tendem a necessitar de doses mais altas de
varfarina do que pacientes idosos, fato que deve ser avaliado para reduzir o risco de uma
terapia inadequada em pacientes jovens e uma anticoagulação excessiva em idosos, buscando,
assim, sucesso no tratamento. Estudo realizado por Khoury e Sheikh-Taha, no ano de 2014,
buscou avaliar a interferência da idade e do sexo no tratamento com varfarina, mostrando
forte associação entre o aumento da idade e a redução da dose necessária para o tratamento.
Pacientes com idade entre 80 e 89 anos utilizavam, em média, 24,82 mg de varfarina por
semana, enquanto o grupo de pacientes com idade entre 20-59 anos utilizava quase o dobro,
média de 49,18 mg do medicamento. O estudo não encontrou diferença estatisticamente
significativa que mostrasse interferência, quanto ao sexo, no tratamento.
É necessário mencionar que, na última década, novos anticoagulantes orais, com
pouco potencial interativo com drogas e alimentos, têm surgido, como exemplo, a dabigatrana
e rivaroxabana, já liberadas pela ANVISA. Porém, esses fármacos não apresentam antídoto
disponível e têm custo oneroso. Além disso, não existe um método laboratorial eficaz para
monitorar a atividade desses novos anticoagulantes e, por isso, eles apresentam limitação
posológica na insuficiência renal, impossibilidade de uso em gestantes e lactantes. Portanto, a
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pouca experiência clínica relativa ao uso desses novos fármacos dificultam o seu uso e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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