chamados Sephiroth, termo hebraico para safira, cuja lucidez é comparada à radiância de Deus. Esses Sephiroth, em número de dez, agem como veículos, ou antes vasos, que transmitem a contínua emanação do Ain Soph em estágios sucessivos, descendo até o próprio mundo da criação. Não devem ser vistos como separados de Deus, pois nada há que Deus não seja - pelo contrário, eles são os instrumentos inerentes com os quais o mundo é moldado, feito da substância da divindade e, no entanto, pelo menos em forma, cada um diferenciado para sua tarefa específica. Como eles podem ao mesmo tempo ser um com Deus e distinguíveis entre si é uma das visões mais difíceis de compreender na filosofia da cabala; e em diferentes períodos de sua história, eles têm sido considerados de modo diversificado como a própria essência de Deus e como seres separados, incapazes de conceber a divindade ou se aproximar d‘Ele senão pela prece. O processo de emanação em si foi comparado à concepção de uma criança que não diminui a substância do pai de modo algum, mas transmite suas qualidades. Outra metáfora considera os dez Sephiroth como espelhos de cores diferentes que sucessivamente captam e refletem a luz de uma única chama. A chama em si não diminui, embora algo pareça sair dela. Essa imagem surgiu para evitar qualquer sugestão de que no ato da criação algo saiu de Deus. Como Deus é perfeito, e deve permanecer sempre perfeito, ele não pode jamais ser menos do que tudo. Pois se dizia que a mesma emanação não procedia para fora, mas ocorria dentro, nas profundezas de uma espécie de vórtice no coração do Ain Soph. Assim, todo o Universo permanece dentro de Deus, e não pode se separar dele e diminuir sua majestade. Os Sephiroth são considerados várias expressões da divindade única, e cada um recebe um nome diferente de Deus para enfatizar essa unidade na diversidade, quase sugerindo que eles não são mais do que estados divinos da mente, ou divinos pontos de vista. Por que um Deus que engloba todo o Universo em potencial desejaria criar algo imperfeito é um ponto que nunca recebe a devida atenção. A resposta clássica é que ele fez tudo por amor, mas como Scholem ressalta: ―a afirmação encontrada em muitos livros de que Deus quis revelar a medida de Sua bondade é um mero expediente nunca desenvolvido de forma sistemática‖ (Kabbalah 1977, 1:3:91). Igualmente insatisfatória é a sugestão de que Deus, por algum motivo, teve a necessidade de criar o mundo, pois que necessidade pode existir para um ser onipotente, autossuficiente? Por fim, a pergunta por que o Universo foi feito é considerada na Cabala um dos mistérios incognoscíveis. Aceitando-se que o impulso de criar simplesmente surgiu, então se tornou necessário postular uma força criativa ou instrumento separado do impassível Ain Soph, mas intimamente ligado a ele. E é Kether, o primeiro Sephiroth, a ―vontade infinita‖ (ha-razon ad ein-sof) que a mente do homem jamais pode alcançar. Existe no equilíbrio dinâmico com o Ain