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NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER – GRUPO TEMÁTICO 1

CICLOS DE REVISÃO MP/MG

SUMÁRIO

1. Direito Constitucional...................................................................................................02
2. Direito Eleitoral.............................................................................................................56
3. Direito Administrativo..................................................................................................98
4. Direito Financeiro........................................................................................................180
5. Direito Tributário........................................................................................................204
6. Teoria Geral do MP.......................................................................................................211

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DIREITO CONSTITUCIONAL1

NOÇÕES INICIAIS

#DEOLHONOEDITAL:

2
-I ~

- ~ ~
I ~
políticos citados acima.

- Sociedade ~

- ~ ~ ~
} ~

- Estado lementos indissociáveis e indispensáveis -


povo, território e governo soberano.

CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO

 SENTIDOS:

SOCIOLÓGICO: Ferdinand Lassale A Constituição é a soma dos fatores reais de poder.


Constituição é a decisão política fundamental. Diferencia a
POLÍTICO: Carl Schimit
Constituição das Leis Constitucionais.
- Plano lógico-jurídico: norma fundamental hipotética, plano do
suposto, fundamento lógico-transcendental da validade da
Constituição jurídico-positiva.
JURÍDICO: Hans Kelsen
- Plano jurídico-positivo: norma posta (positivada), norma posta
suprema.

1Por Liana Schuler


2Fonte: http://www.apostilasvirtual.com.br/apostilas_demo/PC-MS/AGENTE/AV_ND_Dir.Const.%20_2013_DEMO-P&B-
PC-MS%20(Agente).pdf

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Constituição Simbólica (Marcelo Neves):
- É aquela em que há predomínio ou hipertrofia da função simbólica (essencialmente político-ideológica) em
detrimento da função jurídico-instrumental (de caráter normativo-jurídico). Aprova-se uma lei apenas para
conformar a sociedade, confirmando os valores de um grupo, sabendo que essa lei, no entanto, não resolverá o
problema. Há uma sobreposição do sistema político sobre o jurídico.
- Tipologia tricotômica da legislação simbólica: a) confirmação de valores sociais; b) demonstração da
capacidade de ação do Estado (legislação-álibi, na qual se cria uma imagem favorável do Estado no que concerne
à resolução de problemas sociais); c) fórmula de compromisso dilatório (adiamento de solução dos conflitos).
- Amparo no modelo sistêmico proposto por Niklas Luhmann. Constituição seria, pois, um mecanismo que
“ ”
sistemas político e jurídico.
- O conceito de constitucionalização simbólica também é tratado em ter “ ”
reprodução do sistema jurídico, com base em critérios, programas e códigos provenientes de seu ambiente.

CONSTITUCIONALISMO

#DEOLHONOEDITAL:

 ACEPÇÕES do termo “Constitucionalismo”:


1) Movimento político-social de origens históricas que busca a limitação do poder arbitrário;
2) imposição de que haja cartas escritas;
3) evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.

 NEOCONSTITUCIONALISMO
Marcos:
- Histórico: documentos a partir da Segunda Guerra Mundial, como as Constituições da Itália (1947), da
Alemanha (1949), de Portugal (1976), da Espanha (1978) e Brasil (1988).
- Filosófico: pós-positivismo - filosofia que busca ir além da legalidade estrita, mas não despreza o direito
posto; procura empreender uma leitura moral do Direito, mas sem recorrer a categorias metafísicas.

Características:
- Força Normativa da Constituição (Konrad Hesse): a Constituição deixou de ser vista como mera carta política
ou carta de intenções e passou a ser concebida com norma jurídica dotada de imperatividade.
- Expansão da jurisdição constitucional: a supremacia do legislativo deu lugar à supremacia do Judiciário. A
criação dos Tribunais Constitucionais, encarregados de exercer o controle de constitucionalidade, acabou por
torná-los verdadeiros guardiões do extenso rol de direitos fundamentais.

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- Novos princípios de interpretação constitucional: a supremacia da Constituição, a presunção de
constitucionalidade das leis, interpretação conforme a Constituição, unidade da Constituição, máxima
efetividade, razoabilidade e proporcionalidade, entre outros.
- Protagonismo da Constituição no ordenamento jurídico, estabelecendo uma ordem objetiva de valores que
servem de parâmetro para os demais ramos do Direito.
- Constitucionalização do Direito: consagração de um expressivo numero de normas de outros ramos no
texto constitucional.
#olhaotermo: filtragem constitucional - Determina que todo o ordenamento jurídico deve ser lido a partir do
filtro axiológico das normas constitucionais, servido como instrumental para a orientação e decisão de casos
concretos. Através dela se dá a constitucionalização do direito infraconstitucional. É a ideia de interpretar as leis
conforme à CF. Foi o que aconteceu com a Lei que define os Crime de Responsabilidade (Lei 1079/50)
- Maior ativismo judicial: judicialização das relações políticas e sociais, pois, via de regra, cabe ao Judiciário a
palavra final quanto à interpretação das normas constitucionais.
- Reaproximação do Direto e da moral
- Máxima efetividade das normas constitucionais
- Novos métodos de interpretação constitucional: veremos nas próximas páginas.

INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

#DEOLHONOEDITAL: VAIR CAIR!!

 Princípios da Hermenêutica:
A interpretação deve evitar a contradição entre normas constitucionais, que devem ser
Unidade da vistas em sua totalidade e não como normas isoladas. Não há hierarquia formal entre
Constituição normas constitucionais, podendo haver hierarquia material. Impossibilidade de haver
norma constitucional originária declarada inconstitucional.
Deve-se optar pela interpretação que dê maior efetividade e concretude à norma,
Máxima
evitando a sua não aplicabilidade. Visa, portanto, a maximizar a norma, a fim de extrair
efetividade
dela todas as suas potencialidades.
A constituição, assim como as demais normas do ordenamento, possui eficácia e
Força normativa
aplicabilidade, devendo interpretada da forma que melhor assegure a sua aplicação
da Constituição
concreta. É uma autêntica norma jurídica e não uma mera proclamação política.

É corolário do princípio da separação de poderes. Traduz a ideia de que a interpretação


Correção
das normas constitucionais não pode subverter o esquema de organização funcional
funcional, justeza
estabelecido na Constituição. Deve-se verificar qual o espaço institucional próprio de
ou Conformidade
É “ | õ ”

Princípio do efeito Esse princípio busca que, na interpretação da Constituição, seja dada preferência às

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integrador determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade
política. É associado ao princípio da unidade da constituição.
Harmonização ou Deve-se evitar o sacrifício total de uma das normas diante de um conflito, buscando-se a
concordância coexistência delas, através de uma ponderação de interesses no caso concreto. É
prática consequência do princípio da unidade da constituição.
Trata-se de técnica interpretativa cujo objetivo é preservar a validade das normas,
evitando que sejam declaradas inconstitucionais. Ao invés de se declarar a norma
inconstitucional, o Tribunal busca dar-lhe uma interpretação que a conduza à
constitucionalidade. A interpretação conforme pode ser de dois tipos: com ou sem
Interpretação
redução do texto.
conforme a
a) Interpretação conforme com redução do texto: Nesse caso, a parte viciada é
Constituição
considerada inconstitucional, tendo sua eficácia suspensa.
b) Interpretação conforme sem redução do texto:
Nesse caso, exclui-se ou se atribui à norma um sentido, de modo a torná-la compatível
com a Constituição.

- Antinomias APARENTES são os conflitos de normas ocorridos durante o processo de interpretação que
podem ser solucionados através da aplicação dos critérios hierárquico, cronológico e da especialidade para
solucionar o conflito.
- Antinomias REAIS são conflitos entre normas que NÃO são resolvidos com a utilização dos referidos
critérios. A solução de uma antinomia real é feita pelo intérprete autêntico, com a utilização da analogia, dos
costumes, dos princípios gerais de Direito e da doutrina.

#OLHAOGANCHO: importante saber as diferenças entre regras e princípios constitucionais. O principal


embate se dá entre os doutrinadores alemão Robert Alexy e norte-americano Ronald Dworkin.
Ronald Dworkin: A distinção é de natureza lógico-argumentativa, pois somente pode ser percebida por meio
dos usos dos argumentos e razões no âmbito de cada caso concreto. a) Regras: Lógica do Tudo ou Nada b)
Princípios: são dimensões de peso. Utiliza-se da lógica da Ponderação.
Robert Alexy: a distinção é de natureza semântica. a) Regras: comandos definitivos; b) comandos prima facie
e não mandamentos definitivos. São, em verdade, mandados de otimização.

 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO:
- Método jurídico ou hermenêutico clássico: A Constituição deve ser encarada como lei, assim todos os
métodos tradicionais devem ser utilizados na tarefa interpretativa, por ex.: método gramatical, lógico,
teleológico, histórico.
- Método tópico-problemático: O intérprete parte de um problema concreto para chegar a norma.
- Método hermenêutico-concretizador: Prevalência do texto constitucional sobre o problema.
- Método científico-espiritual: Não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores
subjacentes do texto da Constituição.

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- Método normativo-estruturante: A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto.
Inexistência de identidade entre norma jurídica e texto normativo. O teor literal da norma, que será considerado
pelo intérprete, deve ser analisado conforme a concretizado da norma em sua realidade social. Em outras
ó z ( h “ ”)
alcançar todo o sentido da norma. Norma = texto + contexto.
- Método comparativo constitucional: O intérprete compara a Constituição de seu país com as Constituições
estrangeiras.

– Teoria da sociedade aberta dos intérpretes: para Peter Häberle, jurista alemão cujo pensamento doutrinário
tem influenciado o direito constitucional brasileiro, a constituição deve corresponder ao resultado, temporário e
historicamente condicionado, de um processo de interpretação levado adiante na esfera pública por parte dos
cidadãos e cidadãs.
- Constituição aberta: está apta a captar as mudanças da realidade social, o que permite com que ela
permaneça no tempo sem perder a sua força normativa.

 EFICÁCIA DA NORMA JURÍDICA:


- Pela eficácia direta se tem a possibilidade de se extrair uma regra do núcleo essencial do princípio,
permitindo a subsunção.
- Pela eficácia interpretativa entende-se que as normas jurídicas devem ter seu sentido e alcance
determinados de maneira que melhor realize a dignidade humana, que servirá como critério de ponderação na
hipótese de colisão de normas.
- A eficácia negativa, de caráter geral ou particular, paralisa ou neutraliza a incidência de regra jurídica que seja
incompatível com a dignidade humana.
- Não há um método de interpretação pré determinado para cada caso concreto.

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LIMITES AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

 CONCEPÇÕES DOUTRINÁRIAS

* Vanossi: limites extrajurídicos

- Ideológicos: crenças e valores que operam no âmbito supraestatal;


- Estruturais: conformam o âmbito social subjacente, a infraestrutura, como o sistema produtivo e as classes
sociais.

* Jorge Miranda:

- Limites transcendentes: se impõem à própria vontade dos Estados, como os imperativos do Direito Natural e
os valores éticos superiores presentes em uma consciência coletiva.
- Limites imanentes: decorrem da noção e do sentido de poder constituinte formal enquanto poder situado,
que se identifica com certa origem e finalidade e se manifesta em certas circunstâncias.
- Limites heterônomos: provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos – Direito
Internacional.

LIMITES AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE

* Princípios constitucionais sensíveis (enumerados): forma republicana, sistema representativo e regime


democrático; direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas; aplicação do mínimo
exigido da receita resultante de impostos estaduais em saúde e educação.

* Princípios constitucionais estabelecidos: conjunto de normas que limitam a autonomia estadual, como:
repartição de competências, capacidade tributária, organização dos poderes etc.

* Princípios constitucionais extensíveis: decorrem do princípio da simetria.

Princípios Princípios extensíveis Princípios


sensíveis/apontados/enumerados estabelecidos/organizatórios
A ~ “ ” Consubstanciam regras de Aqueles que limitam, vedam, ou
àquilo que é facilmente percebido organização da União, cuja proíbem a ação indiscriminada do
pelos sentidos, claro, manifesto, aplicação se estende aos Poder Constituinte Decorrente. São
sendo, portanto, princípios sensíveis Estados, por força de regra determinados diretamente aos

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aqueles indubitavelmente apontados expressa ou do princípio da Estados, ainda que não de forma
na Constituição, expressos em seu simetria. expressa. Podem gerar limitações
texto. expressas, implícitas ou decorrentes.
Encontram-se enumerados no art. Ex.: normas relativas à Ex.: os Estados não podem dispor
34, VII, da CF, podendo sua organização do Tribunal de sobre as matérias que constituem
infringência acarretar a intervenção Contas da União; regras competência privativa da União.
federal no Estado. São eles: a) forma básicas atinentes ao processo
republicana, sistema representativo legislativo federal.
e regime democrático; b) direitos da
pessoa humana; c) autonomia
municipal; d) prestação de contas da
administração pública, direta e
indireta; e) aplicação do mínimo
exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde.

PODER CONSTITUINTE DIFUSO

#DEOLHONOEDITAL:
O Poder constituinte difuso se encontra em estado de latência. Embora não previsto ou organizado pela
Constituição, realiza papel na criação e no desenvolvimento da eficácia das normas constitucionais, sem
alteração formal de seu texto.

Manifesta-se diante das imperfeições, obscuridades, omissões deixadas na CF. A correção é feita por
convenções constitucionais, costumes constitucionais e mutações constitucionais.

Suas normas criadas se sujeitam ao controle de constitucionalidade, pois não se sobrepõem formal ou
materialmente ao poder constituinte derivado.

PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL

É o poder que cria uma constituição, no qual cada Estado cede uma parcela de sua soberania para que uma
constituição comunitária seja criada. O titular desse poder não é o povo, mas o cidadão universal.

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#DEOLHONOEDITAL:

Transconstitucionalismo (constitucionalismo de níveis múltiplos ou constitucionalismo multiplex) - É o


entrelaçamento entre ordens jurídicas diversas para enfrentar as mesmas questões de ordem constitucionais.
Ex: lei da anistia (STF x CIDH). Qual ordem devera prevalecer? Nenhuma, deve haver um dialogo constitucional.
Não toma por objeto uma única norma e rejeita a outra, mas busca construir um dialogo que vise o
aperfeiçoamento do debate e a tomada da decisão mais adequada. São as conversações constitucionais. É
difícil de implementar, mas está em processo de desenvolvimento. A ideia central é a reconstrução da
identidade a partir da alteridade.
Constituição Transversal: em uma sociedade multicêntrica, surge uma racionalidade transversal que permite
uma comunicação entre os diversos sistemas sociais, através de acoplamentos estruturais, na linha do
pensamento de Luhmann, estabelecendo mecanismos de interpenetrações concentradas e duradouras. É
dentro dessa racionalidade que se pode falar em Constituição transversal, cuja função de unir a diversidade
dentro de um mesmo sistema social.

DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL

As normas da constituição anterior podem sofrer 3 consequências jurídicas diversas com a instauração de
uma nova ordem constitucional:
1) Desconstitucionalização: as normas constitucionais são recepcionadas com status de lei infraconstitucional
pela nova constituição, desde de que compatível materialmente com a nova ordem e que haja previsão expressa.
Não é adotado no Brasil, embora a constituição paulista já teve essa experiência.
2) Recepção: as normas são recepcionadas com status de normas constitucionais, o que difere do instituto
acima. Requisitos: compatibilidade material em relação à nova ordem, disposição expressa e por prazo
determinado. Ex: art. 34, ADCT.
3) Não recepção ou revogação: é a regra. É tácita e dispensa disposição nesse sentido. Lei nova revoga lei
anterior no que lhe for contrário.

Em relação às normas infraconstitucionais, pode ocorrer:


1) Recepção: deve haver compatibilidade formal e material com a antiga constituição e compatibilidade
apenas material com a nova.
2) Não recepção ou revogação: o conteúdo da norma contraria a nova constituição (incompatibilidade
material).
Obs1: tal fenômeno é diverso da inconstitucionalidade superveniente, o qual não é adotado no Brasil, pois a
análise de constitucionalidade ou não da norma deve ter como parâmetro a constituição vigente no momento
de tal analise (teoria da contemporaneidade). Tais normas não podem, portanto, ser objeto de ADIN para
declarar a inconstitucionalidade superveniente, devendo ser revogadas/não recepcionadas.
Obs2: se uma lei nasceu inconstitucional no ordenamento anterior e nunca foi objeto de questionamento até
então, não pode haver a sua constitucionalidade superveniente com base no novo ordenamento (princípio da

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contemporaneidade). Há correntes em sentido contrário, que só exige a compatibilidade material com a nova
norma, presumindo-se a sua constitucionalidade com a anterior se até então não fora declarada inconstitucional.
Obs3: Se de uma Constituição para outra Constituição que a sucede ocorre a alteração de distribuição de
competência legislativa, no momento da recepção das normas infraconstitucionais se proíbe a federalização de
normas estaduais ou a estadualização de normas municipais.

EFICÁCIA DAS NORMAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

Teorias sobre retroatividade (direito intertemporal):


* Subjetivista (Savigny, Lassale, Gabba): nem toda retroatividade legal é censurável, mas somente aquela que
interfere em direitos subjetivos surgidos anteriormente.
* Objetivista (De Page e Roubier): ênfase em situações jurídicas criadas pela lei nova.

#OBS: adota-se a teoria subjetivista: proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada.

- Espécies de retroatividade normativa (Matos Peixoto, Moreira Alves e Maria Helena Diniz):
* Retroatividade máxima: a nova norma atinge a coisa julgada e os fatos já consumados.
* Retroatividade média: a nova norma atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela
(interfere em direitos já exigíveis, mas ainda não implementados).
* Retroatividade mínima: a nova norma atinge apenas os efeitos dos fatos anteriores, mas produzidos após a
data de vigência dela. Para Roubier, não é caso de retroatividade mínima, e sim de eficácia imediata da norma
(eficácia ou efeito imediato forte). STF discorda (seria a tese da retroatividade mínima).

#OBS.1: As normas constitucionais originárias podem desenvolver qualquer dos 3 tipos de retroatividade, haja
vista o caráter incondicionado do poder constituinte originário. Logo, descabe invocar direito adquirido para
obstar a incidência da nova Constituição.
#OBS.2: Só a retroatividade mínima é automática. As demais (média e máxima) devem ser expressas.
#OBS.3: Em relação às emendas constitucionais, a doutrina majoritária entende que elas se sujeitam ao
princípio da não retroatividade (tese negativa). O assunto não é pacífico na jurisprudência do STF (MS 24.875 –
tese da não retroatividade atenuada).

- As normas constitucionais estaduais estão sujeitas ao art. 5º. XXXVI, da CF (princípio da proibição da
retroatividade).

- A rejeição da medida provisória tem eficácia ex tunc (retroativa). Logo, o decreto legislativo, ao regular os
efeitos da rejeição da MP, poderá desconstituir retroativamente quaisquer atos, públicos ou privados, que
tenham aplicado a MP rejeitada.

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REPRISTINAÇÃO: pressupõe a validade do dispositivo revogador. Em regra, não se admite, salvo se o
ordenamento expressamente autorizar. Norma revogada não reestabelece a norma anterior.

Não confundir com a teoria da nulidade e efeitos repristinatórios: uma norma declarada nula reestabelece a
norma anterior. No controle concentrado de constitucionalidade, este efeito é automático, mas pode ser
afastado por decisão expressa do STF (modulação de efeitos da decisão).

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

#DEOLHONOEDITAL: VAI CAIR!!

- Fundamentos: Supremacia da Constituição (Supralegalidade) e Rigidez Constitucional (Imutabilidade


Relativa).

CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE


- Marco histórico: o voto do Juiz da Suprema Corte Norte-americana, John Marshall, no célebre julgamento do
caso Marbury vs Madison, em 1803, no qual se afirmou que uma lei contrária à Constituição é nula e os tribunais,
assim como os demais poderes, são vinculados pela Constituição.

- Tal modelo foi introduzido no Brasil a partir da Constituição de 1891, a qual sofreu grande influência norte-
americana. Tratando-se de órgão colegiado, a competência para declarar a inconstitucionalidade é da maioria
absoluta do órgão especial ou do pleno do tribunal (art. 97, da CF/88), salvo se já houver prévia manifestação do
STF ou da própria corte (art. 481, do CPC/73).

- Efeitos da decisão: por ser um processo subjetivo, em que a constitucionalidade é questão prejudicial, os
efeitos da decisão são ex tunc e inter partes, salvo se o Senado Federal, através de resolução, decidir suspender a
execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional, por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal (art. 52, X, da CF/88).

CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE


- Origem: Em 1920, a Áustria adotou um modelo de controle diferente daquele que havia nos EUA. Idealizada
por Hans Kelsen, foi criada a Corte de Justiça Constitucional como o único órgão competente para exercer a
fiscalização da constitucionalidade (controle concentrado), realizado em caráter abstrato e principal, ou seja,
independentemente de sua aplicação em casos concretos.

O Brasil passou adotar essa espécie de controle concentrado a partir da Emenda Constitucional nº 16/1965. A
Constituição Federal de 1988 valorizou essa modalidade de controle mantendo a Ação Direta de
Inconstitucionalidade, porém, ampliando consideravelmente o rol de legitimados (art. 103, da CF/88), sendo que
3 (três) destes precisam demonstrar a pertinência temática (incisos IV, V e IX, art. 103, da CF/88). Prevê, também,

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a Ação de Inconstitucionalidade por Omissão. Além disso, após a Emenda Constitucional nº 03/1993, houve o
acréscimo da Ação Declaratória de Constitucionalidade e da Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental. Todas essas ações caracterizam-se por ser um processo objetivo, no qual a declaração
(in)constitucionalidade é o objeto principal.

Efeitos da decisão: erga omnes e ex tunc, salvo a possibilidade de modulação prevista no art. 27 da Lei Federal
nº 9.868/99, segundo a qual, em face de razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, por
maioria de dois terços dos membros do STF, a Corte poderá restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela
só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Por fim, é
importante destacar que o STF já aplicou essa possibilidade de modulação ao decidir em sede de controle difuso,
vide (REXT 197.917 – M “M ”) G z ~
confiança, ética jurídica e boa-fé.

#ATENÇÃO: O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de


inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

Espécies de inconstitucionalidade:
- Por ação: pode decorrer de vício formal, também denominado NOMODINÂMICA. O vício formal pode ser
ORGÂNICO (inobservância da competência legislativa), FORMAL PROPRIAMENTE DITO (vício formal subjetivo,
que diz respeito à iniciativa, ou vício formal objetivo, que diz respeito às demais fases legislativas) ou POR
VIOLAÇÃO A PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO.
Pode decorrer de vício material, o NOMOESTÁTICA. Por fim, pode decorrer de vício de decoro parlamentar.

#ATENÇÃO: uma outra espécie de inconstitucionalidade material é aquela que se acontece pelo
descumprimento do princípio da proporcionalidade. Segundo Gilmar Mendes, o excesso de poder legislativo se
manifesta quando há violação ao princípio da proporcionalidade, em suas duas facetas: proibição de excesso e
proibição de proteção insuficiente.

- Por omissão: não esqueçam das diferenças entre MI e ADO.

MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO


Natureza e finalidade Natureza e finalidade.
Trata-se de processo no qual é discutido um direito A finalidade é declarar que há uma omissão, já que não
subjetivo. A finalidade é viabilizar o exercício de um existe determinada medida necessária para tornar
direito. Há, portanto, controle concreto de efetiva uma norma constitucional. Temos, portanto,
constitucionalidade. processo objetivo, em que há controle abstrato de
constitucionalidade.
Cabimento Cabimento
Cabível quando faltar norma regulamentadora de Cabível quando faltar norma regulamentadora

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direitos e liberdades constitucionais e das relacionada com qualquer norma constitucional de
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania eficácia limitada.
e à cidadania.

Legitimados ativos Legitimados ativos


MI individual: pessoas naturais ou jurídicas que se Os legitimados da ADI por omissão estão descritos no
afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das art. 103 da CF/88.
prerrogativas.
MI coletivo: art. 12 da Lei nº 13.300/16.
Competência Competência
A competência para julgar a ação dependerá da Se relacionada com norma da CF/88: STF.
autoridade que figura no polo passivo e que possui Se relacionada com norma da CE: TJ.
atribuição para editar a norma.

Efeitos da decisão Efeitos da decisão


Reconhecido o estado de mora legislativa, será Declarada a inconstitucionalidade por omissão, o
deferida a injunção para: Judiciário dará ciência ao Poder competente para que
I - determinar prazo razoável para que o impetrado este adote as providências necessárias.
promova a edição da norma regulamentadora; Se for órgão administrativo, este terá um prazo de 30
II - estabelecer as condições em que se dará o dias para adotar a medida necessária.
exercício dos direitos, das liberdades ou das Se for o Poder Legislativo, não há prazo.
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o interessado promover
ação própria visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Obs.: será dispensada a determinação a que se
refere o inciso I quando comprovado que o
impetrado deixou de atender, em mandado de
injunção anterior, ao prazo estabelecido para a
edição da norma.

- Momento do controle:
* Prévio ou preventivo: legislativo (próprio parlamentar e CCJ), executivo (veto) e judiciário (mandado de
segurança impetrado por parlamentar).
* Posterior ou repressivo: político, jurisdicional (difuso e concentrado) e híbrido (tanto o político quanto o
jurisdicional).

- Cláusula de reserva de plenário (Full Bench):

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A Cláusula do Full-Bench ou Cláusula de Reserva de Plenário diz respeito ao controle de constitucionalidade
difuso realizado pelos Tribunais de Justiça/ Tribunal Regional Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça. Prevê a
~ F 1988 “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
P Pú ”

#SELIGANASÚMULA: A Súmula Vinculante 10 trata sobre o tema: viola a cláusula de reserva de plenário (CF,
artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

- Exceções à cláusula de reserva de plenário:


* Declaração de constitucionalidade: a reserva do plenário é necessária somente para a declaração de
inconstitucionalidade das normas. Considerando a presunção de constitucionalidade, a decisão do órgão
fracionário que mantém a lei em questão constitucional dispensa o quórum qualificado.

* Declaração de não recepção (normas anteriores à constituição): trata-se da não recepção, que não se
confunde com a inconstitucionalidade. Por isso, nesses casos, o órgão fracionário menor declarará que a lei ou
ato normativo foram revogados ou não recepcionados pela nova ordem constitucional.

* Interpretação conforme a constituição: nesses casos não se trata de forma de interpretação, mas técnica de
controle de constitucionalidade. Além disso, há o reconhecimento de que a lei é constitucional, direcionando sua
interpretação para que se torne compatível com a carta magna. Portanto, dispensa-se a cláusula de reserva de
plenário.

* Existência de pronunciamento do plenário ou da corte especial do tribunal, bem como do plenário do


Supremo Tribunal Federal sobre a questão (art. 481, parágrafo único, do CPC antigo / art. 949, parágrafo único do
novo CPC). No novo CPC, isso ocorre através do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade.

* Juizados Especiais: o entendimento no sentido da ausência de Repercussão Geral no Recurso Extraordinário


nº 868.457/SC, ocasião em que o STF decidiu pela não aplicação da reserva de plenário aos Juizados Especiais por
entender que não se trata de órgãos que funcionem no regime de Plenário ou de Órgão Especial (STF, RE
868457, Rel. Min. Teori Zavascki – RIP- , DJ 27/04/2015, pp. 7-8).

* Atos normativos de efeitos concretos: Não viola o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a decisão de órgão
fracionário do Tribunal que declara inconstitucional decreto legislativo que se refira a uma situação individual e
concreta. Isso porque o que se sujeita ao princípio da reserva de plenário é a lei ou o ato normativo. Se o decreto
legislativo tinha um destinatário específico e referia-se a uma dada situação individual e concreta, exaurindo-se
no momento de sua promulgação, ele não pode ser considerado como ato normativo, mas sim como ato de
efeitos concretos. STF. 2ª Turma. Rcl 18165 AgR/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844).

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* Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracionário do Tribunal
que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a
incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à
Constituição. Além disso, a reclamação constitucional fundada em afronta à SV 10 não pode ser usada como
sucedâneo (substituto) de recurso ou de ação própria que analise a constitucionalidade de normas que foram
objeto de interpretação idônea e legítima pelas autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP,
rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/11/2016 (Info 848).

* Nulidade de ato administrativo: não exige a cláusula do full bench - não é ato normativo. Ainda que, entre
outros fundamentos, sustente (mencione) a inconstitucionalidade de lei estadual. (Info 546, STJ).

- Controle de constitucionalidade e ação civil pública:


A ACP não pode ser ajuizada como sucedâneo da ação direta de inconstitucionalidade, pois, em caso de
produção de efeitos erga omnes, estaria provocando verdadeiro controle concentrado de constitucionalidade,
usurpando competência do STF.

SIMULTANEIDADE ENTRE ADI FEDERAL E ADI ESTADUAL: Suspensão da ADIN estadual

- Nos casos de norma estadual de reprodução obrigatória (mesmos parâmetros), a declaração de


constitucionalidade ou inconstitucionalidade da Lei estadual pelo STF vincula a decisão do TJ.

- Nos casos de norma autônoma (parâmetros diversos), pode acontecer 2 situações:


a) Lei estadual declarada inconstitucional pelo STF: TJ não pode contestar, pois fica vinculado.
b) Lei federal declarada constitucional pelo STF: TJ não fica vinculado, podendo declarar a norma estadual
inconstitucional em face da Constituição Estadual.

Obs1: se o TJ declarar uma lei inconstitucional, não precisa haver impugnação perante o STF, pois já há eficácia
erga omnes no controle concentrado estadual.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

#DEOLHONOEDITAL:
Art. 118 – São partes ~ ~ ó
constitucionalidade:
I – o Governador do Estado;
II – a Mesa da Assembleia;
III – P -G J
I – P M } M
V–o h A ~ M G
I– ~ A

15
VII – entidade sindical ou de classe com base territorial no Estado;
III – Pú .
1 – A - { ~
~ ú ( ~ “ ~ ú ”
inconstitucional em 12/2/2003 – A I 8 A ó ~ | J )
– P -G J | õ
– ~ | {A { }
Municipal.
– h ~
~ ~ | P ~ | {
| ó ~ z -lo em trinta
dias, sob pena de responsabilidade.
– J
| A -G P -G A
~
P P } M ipal, para a mesma finalidade.
– ó ~ | J

~
~ ó
– A õ J õ
õ ó z ~ |
ó ~ P J | { ~ ú
esferas estadual e municipal.
8 – } ó
õ | õ
~ ~ ú

9 – h ó } ~ ~
ó h J |
| { ~ -se todos os envolvidos nesses processos
afim de assegurar ó

TRATADOS, SEU PROCESSO DE INCORPORAÇÃO E INTERPETAÇÃO E CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE

Processo de incorporação dos tratados: (i) Celebração do tratado: Competência privativa do Presidente da
República; (ii) Referendo (resolução definitiva sobre tratados que acarretem encargos): Anuência parlamentar
(decreto legislativo); (iii) Ratificação: É competência do Presidente (ato discricionário), após anuência do
Congresso.

16
Teoria da junção de vontades ou teoria dos atos complexos: A Constituição exigiu um procedimento
complexo para a formação da vontade do Brasil no plano internacional, que une a vontade concordante dos
Poderes Executivo (art. 84, VIII, CF) e do Legislativo (art. 49, I, CF) no que tange aos tratados internacionais.

#OBS1: Peculiaridade da incorporação dos tratados dos DH: rito especial do art. 5º, § 3º, CF: Este rito é
facultativo, deve ser requerido pelo Presidente da República, cabendo a escolha da sua adoção ao Congresso
Nacional.

#OBS2: As sentenças das Cortes Internacionais dispensam a homologação do STJ para serem cumpridas no
Brasil, sendo consideradas títulos executivos.

#RESUMO da natureza jurídica dos tratados de direitos humanos incorporados no ordenamento jurídico
brasileiro:

Até 1977 Todos os tratados revestiam-se de caráter SUPRALEGAL. Esse era o posicionamento
majoritário, muito embora houvesse precedentes no caminho da tese da lei ordinária
e do status constitucional.
Entre 1997 e 1988 Nessa época, os tratados eram equiparados a LEI ORDINÁRIA. Tal visão era calcada
1 III “ ” F 88 F
tenha como objeto decisão que declarar a inconstitucionalidade de tratado.
Atualmente (CF/88) Doutrina: Constitucionalidade material dos tratados de DH, independentemente do
procedimento de aprovação.
Jurisprudência:
Até 2007: lei ordinária: A jurisprudência majoritária atual (#POSIÇÃODEPROVA):
supralegalidade (gilmar mendes), salvo se aprovado com o procedimento das
emendas constitucionais – quórum qualificado de 3/5 e votação em 2 turnos em
ambas as casas, caso em que o status passa a ser constitucional (art. 5º, 2º);
Entendimento minoritário: constitucionalidade material (celso de mello – hc
87.585/to).

- Bloco de constitucionalidade: Em sentido amplo, abrange não apenas as normas constitucionais, mas
também normas infraconstitucionais vocacionadas a desenvolver a eficácia de preceitos da Constituição. Há
também o sentido estrito, que é mais utilizada pelo STF, mais precisamente pelo Min. Celso de Mello, onde bloco
de constitucionalidade é utilizado como parâmetro, restringindo-se à CF, os princípios implícitos e os Tratados
de DH aprovados a forma do art. 5 §3º. Qual a consequência? As normas paramétricas de confronto no controle
de constitucionalidade devem levar em consideração não só a Constituição, mas também os tratados celebrados
pelo rito especial. Portanto, cabe acionar o controle abstrato e difuso de constitucionalidade, em todas as suas
modalidades, para fazer valer as normas previstas nesses tratados.

17
#DEOLHONOEDITAL: Controle de convencionalidade: Trata-se do controle atribuído aos órgãos internacionais
(ex: CIDH), tendo como parâmetro a norma internacional e objeto a norma interna. NÃO CONFUNDIR com o
controle de constitucionalidade (difuso e concentrado) no âmbito interno. Diante da possibilidade dos dois
controles acima não serem coincidentes, André de Carvalho Ramos defende que os controles nacionais e o
controle de convencionalidade internacional interajam, permitindo o diálogo entre o Direito Interno e o Direito
Internacional. É a teoria do duplo crivo ou duplo controle de Direitos Humanos teorizada por André de Carvalho
Ramos.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA | “ ” da interpretação nacionalista dos


h “Caso da Guerrilha do Araguaia” P z ( ~ – ou não
– da anistia a agentes da ditadura militar brasileira) foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal e pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos, havendo divergência entre ambas.

#ATENÇÃO! Aplicação do entendimento da CIDH pelo STJ:


O crime de desacato não mais subsiste em nosso ordenamento jurídico por ser incompatível com o artigo 13
do Pacto de San José da Costa Rica.
A criminalização do desacato está na contramão do humanismo, porque ressalta a preponderância do Estado -
personificado em seus agentes - sobre o indivíduo.
A existência deste crime em nosso ordenamento jurídico é anacrônica, pois traduz desigualdade entre
funcionários e particulares, o que é inaceitável no Estado Democrático de Direito preconizado pela CF/88 e pela
Convenção Americana de Direitos Humanos. STJ. 5ª Turma. REsp 1640084/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 15/12/2016.

 JURISPRUDÊNCIA3

- Em regra, não é possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de
constitucionalidade, determinando o arquivamento. Exceções: proposta de emenda constitucional que viole
cláusula pétrea; proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja ocorrendo com
violação às regras constitucionais sobre processo legislativo (Info 711, STF).
- Associação que abranja apenas uma fração da categoria profissional não possui legitimidade para ADI/ADPF
de norma que envolva outros representados (Info 826, STF).
- É cabível a impugnação, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, de leis orçamentárias (Info
817).
- A Resolução do TSE pode ser impugnada no STF por meio de ADI se, a pretexto de regulamentar dispositivos
legais, assumir caráter autônomo e inovador (Info 747).
- Decisão administrativa de Tribunal de Justiça pode ser objeto de ADI se ela teve conteúdo normativo, com
generalidade e abstração (Info 734, STF).

3 Fonte: Vade Mecum de Jurisprudência do Dizer o Direito

18
- É possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle concentrado
(Info 786, STF).
- É possível propor uma nova ADI por inconstitucionalidade material contra ato reconhecido formalmente
constitucional (Info 787).
- O Estado-membro não dispõe de legitimidade para interpor recurso em sede de controle normativo abstrato,
ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo governador (Info 703).
- Não cabe ADPF contra decisão judicial transitada em julgado (Info 810).
- A ADPF e a ADI são fungíveis entre si (Info 771).
- A ADPF é subsidiária. Está submetida, simultaneamente, ao requisito da relevância constitucional da
controvérsia suscitada e ao regime da subsidiariedade.
- É possível que o STF modifique entendimento firmado em controle concentrado, inclusive em sede de
julgamento de reclamação constitucional (Info 702).
- As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC ou ADPF possuem eficácia
contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (§ 2º do art. 102 da CF/88). O Poder Legislativo, em sua função
típica de legislar, não fica vinculado. Assim, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas
constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos
normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de
uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial. No caso de
reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação
somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em
suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para
determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea
ou o processo legislativo para edição de emendas. No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei
ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de
inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a
correção do precedente se afigura legítima. Assim, para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá
comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais
subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa.
(Info 801).
- ADI. CONVERSÃO DE MP EM LEI. Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser
julgada, a MP é convertida em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI não perde o objeto e poderá ser
conhecida e julgada. Como o texto da MP foi mantido, não cabe falar em prejudicialidade do pedido. Isso
porque não há a convalidação ("correção") de eventuais vícios existentes na norma, razão pela qual permanece a
possibilidade de o STF realizar o juízo de constitucionalidade. Neste caso, ocorre a continuidade normativa entre
o ato legislativo provisório (MP) e a lei que resulta de sua conversão. Ex: foi proposta uma ADI contra a MP
449/1994 e, antes de a ação ser julgada, houve a conversão na Lei nº 8.866/94. Vale ressaltar, no entanto, que o
autor da ADI deverá peticionar informando esta situação ao STF e pedindo o aditamento da ação. STF. Plenário.
ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016 (Info 851). #IMPORTANTE
- Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando
como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos

19
estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852). Resumindo:  Em regra, quando os Tribunais de Justiça exercem
controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais deverão examinar a validade dessas leis à luz da
Constituição Estadual.  Exceção: os Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade
de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de
reprodução obrigatória pelos Estados. Obs: a tese acima fala em "leis municipais", mas ela também pode ser
aplicada para representações de inconstitucionalidade propostas no TJ contra "leis estaduais". A tese falou
apenas de leis municipais porque foi o caso analisado no recurso extraordinário. #IMPORTANTE

EFICÁCIA NORMATIVA X EFICÁCIA EXECUTIVA DAS DECISÕES DO STF

O exercício do controle de constitucionalidade repercute na esfera normativa, ratificando a presunção de


constitucionalidade ou excluindo a norma considerada inconstitucional do ordenamento jurídico. Além disso,
existe uma repercussão vinculante (eficácia executiva) que incidirá nos casos em curso e nos casos futuros.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Recentemente, o STF enfrentou essa distinção no julgamento do Recurso


Extraordinário nº 730.462, sob a relatoria do Ministro Teori Zavaski. Esse julgamento fixou pontos importantes
para a compreensão do tema:

Primeiro, a decisão do STF que afirma a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo


gera, no plano do ordenamento jurídico, a consequência de manter ou excluir a referida norma do sistema de
direito. Isso seria a chamada eficácia normativa.

Segundo, o efeito vinculante consiste em atribuir ao julgado uma qualificada força impositiva e obrigatória em
relação a supervenientes atos administrativos ou judiciais. Trata-se da eficácia executiva ou instrumental, que
tem como termo inicial a data da publicação do acórdão do STF no Diário Oficial e atinge atos administrativos e
decisões judiciais supervenientes a essa publicação, não os pretéritos, ainda que formados com suporte em
norma posteriormente declarada.

~ “ ~ do Supremo Tribunal Federal declarando a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das sentenças
anteriores que tenham adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a interposição
do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC,
observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalva-se desse entendimento, quanto à
indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença proferida
õ ”

SÚMULA VINCULANTE

20
Origem: inserida no ordenamento jurídico brasileiro através da Emenda Constitucional nº 45/2004, conhecida
“ | ” A 1 -A na Constituição Federal, a referida emenda ampliou a
competência do STF, criando a atribuição de, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar
súmulas que terão como objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

Desde a sua implantação, a súmula vinculante tem sido apontada como uma aproximação do stare decisis
característico da common law. Contudo, é preciso ter em mente que as súmulas não são precedentes judiciais.
A “ h ó | ~ ú ” H|
“ z } ú
z ”

Legitimidade: a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem
propor a ação direta de inconstitucionalidade. Com o advento da Lei Federal nº 11.417/2006, o rol de legitimados
para incluir também o Defensor Público-Geral da União, os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de
Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho,
os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares. Além disso, o Município poderá propor, incidentalmente
ao curso de processo em que seja parte, o que não autoriza a suspensão do processo. Cabe lembrar que o STF
também poderá editar súmula vinculante de ofício, ou seja, independentemente de provocação por partes dos
referidos legitimados.

Edição, a revisão e o cancelamento: decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo Tribunal
Federal, em sessão plenária. Sob o aspecto material, exige-se que a mesma verse sobre controvérsia atual que
acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.

Desrespeito: Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante,
negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos
recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

Efeitos da súmula vinculantes: em regra, surgem a partir de sua publicação na imprensa oficial, em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal. No entanto, existe a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos
seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro
momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público. Percebe-se, assim,
que semelhante ao que ocorre com as decisões proferidas em sede de ADI, existe a possibilidade de modulação
dos efeitos prospectivamente. Ademais, a vinculação não atinge o Poder Legislativo, nem o próprio STF.

21
O artigo 5º, da Lei nº 11.417/2006, dispõe que, revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição de
enunciado de súmula vinculante, o Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, procederá à sua
revisão ou cancelamento, conforme o caso. Recentemente, o STF rejeitou a proposta de cancelamento do
enunciado 11 da Súmula vinculante, bem como rejeitou proposta de revisão do teor do enunciado 25 da Súmula
Vinculante. Em ambos os casos, asseverou que, para admitir-se a revisão ou o cancelamento de súmula
vinculante, seria necessário demonstrar: a) a evidente superação da jurisprudência do STF no trato da matéria; b)
a alteração legislativa quanto ao tema; ou, ainda, c) a modificação substantiva de contexto político, econômico
ou social. Esclareceu, ainda que o mero descontentamento ou eventual divergência quanto ao conteúdo de
verbete vinculante não autorizariam a rediscussão da matéria.

DIREITOS FUNDAMENTAIS

#DEOLHONOEDITAL:

- Direitos fundamentais: É possível definir direitos fundamentais como todas as posições jurídicas
concernentes às pessoas (naturais ou jurídicas, consideradas na perspectiva individual ou transindividual) que, do
ponto de vista do direito constitucional positivo, foram, expressa ou implicitamente integradas a Constituição e
retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes constituídos, bem como todas as posições jurídicas que, por
seu conteúdo e significado, possam lhes ser equiparadas, tendo, ou não, assento na Constituição formal.

De acordo com a teoria absoluta, o conteúdo essencial é uma parte do conteúdo total do direito
fundamental. Seria um núcleo duro do conteúdo total que seria intransponível pelo legislador. Esse conteúdo
essencial é absoluto! Não pode ser relativizado.

#RESUMINDO: O conteúdo essencial de um direito fundamental é uma parte do seu conteúdo total. Consiste
h “núcleo duro” absoluto e intransponível. Apenas a outra parte (periférica do
Direito: tudo aquilo que sobra após a retirada do núcleo duro) estaria disponível para a regulamentação
legislativa.

A segunda teoria é a relativa (é incompatível com a classificação de JAS de eficácia limitada, contida e plena).
Essa teoria defende a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais mediante o recurso ao
princípio da proporcionalidade. Não existiria um limite intransponível, a priori. É preciso antes analisar a medida
à luz do princípio da proporcionalidade. Se a medida estatal for proporcional, não atingiu o conteúdo essencial.
Por outro lado, se concluiu-se que foi desproporcional, é porque atingiu o conteúdo essencial naquele caso.

Pela teoria relativa, o conteúdo essencial não pode ser definido abstratamente, devendo ser analisado no
caso concreto por meio do princípio da proporcionalidade.

#LEMBRAR: Como se analisa a proporcionalidade? Vide tópico acima. Há três premissas: adequação (o meio
foi apto para se atingir o fim almejado?), necessidade (o meio foi o menos oneroso possível?) e proporcionalidade

22
em sentido estrito através da técnica da ponderação (a promoção de um direito fundamental justifica a restrição
do outro direito fundamental? Em caso positivo, a lei é constitucional, pois o conteúdo essencial foi preservado.
Em caso negativo, a lei é inconstitucional, pois viola o conteúdo essencial).

#OLHAOGANCHO:
 Proibição de Proteção Deficiente (Insuficiente, ou por Defeito):
No caso de ação estatal, é utilizado o princípio de proibição de excesso, que tem como escopo evitar que o
Estado se utilize de uma medida excessivamente gravosa.
Nos casos de omissão estatal (total ou parcial), é utilizado o princípio da proibição de proteção deficiente
que tem por finalidade exigir dos órgãos estatais o dever de tutelar de forma adequada e suficiente os direitos
fundamentais.

Existem duas teorias de fixação dos limites (ou restrições):

Teorias para definição do conteúdo essencial:

a) Teoria Absoluta: o direito fundamental possui um núcleo duro, absoluto, intransponível, com contornos
bem definidos através da interpretação. A outra parte, chamada de periferia do direito, está disponível à
regulamentação legal.
b) Teoria Relativa: impõe a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais por meio de um
recurso ao princípio da proporcionalidade.
Restrições aos Direitos Fundamentais
Teoria Interna – parte do pressuposto de que existe apenas um objeto: o direito com os seus limites, os quais
são fixados por um processo interno ao próprio direito através da interpretação responsável por definir, a
priori, quais são os limites.
Teoria Externa – de acordo com esta teoria existem dois objetos: o direito e suas restrições que são
estabelecidas externamente pelos outros direitos. Só se sabe qual o direito definitivo após fazer a ponderação
entre os direitos.
Limites dos Limites: ao mesmo tempo em que os direitos fundamentais impõem restrições à atividade estatal,
os poderes públicos também podem estabelecer restrições aos direitos fundamentais, porém, a CF estabelece
limites para os limites que o Estado pode impor.
Dignidade da Pessoa Humana: núcleo do qual decorrem todos os direitos fundamentais criados com a
finalidade de proteger e promover a dignidade. É um protoprincípio, princípio do qual derivam os demais
princípios. Da dignidade da pessoa humana podem ser extraídos três deveres do Estado:
Dever de respeito.
Dever de proteção.
Dever de promoção.
Possíveis usos da dignidade humana –
1 – CRIAÇÃO: fundamentação da criação jurisprudencial de novos direitos.
2 – INTERPRETAÇÃO.

23
3 – LIMITAÇÃO: eficácia negativa. Ex.: uso de algemas, uso de tortura.
4 – FUNDAMENTADOR – como mecanismo para solucionar colisão entre direitos fundamentais, já que a
dignidade é metano má.

Quais são esses requisitos que esses limites dos limites devem obedecer?

Primeiro: princípio da reserva legal (art. 5º, II). A limitação só pode ser feita por lei (lei ordinária, delegada, lei
complementar, medida provisória. Art. 62).
Segundo: princípio da não retroatividade (art. 5º, XXXVI). Serve também como limite às leis que restringem
direitos fundamentais. A eficácia é ex nunc.
Terceiro: princípio da proporcionalidade: adequação (razoabilidade) + necessidade + proporcionalidade em
sentido estrito.
Quarto: princípio da generalidade e abstração. Não pode ser uma restrição individual e concreta, em razão do
princípio da isonomia. Isso significa que a restrição deve atingir todos.
Quinto: princípio da salvaguarda do conteúdo essencial: Tal critério se aplica à teoria absoluta, pois para a
relativa o princípio da proporcionalidade já protegeria o conteúdo essencial.
#ATENÇÃO: As limitações devem ser claras e precisas!

Em algum momento haverá suspensão de direitos fundamentais? SIM, nos casos de estado de sítio e estado de
defesa, desde que não se atinja o mínimo existencial.

O entendimento que predomina é o de que a dignidade não é um direito, pois não é algo concedido pelo
ordenamento. Ela é considerada uma “qualidade intrínseca do ser humano”. Todo o ser humano já tem
dignidade, não cabendo concessão dela.

A “ ” ~ “
absoluto” A M z “a pessoa não tem mais ou menos dignidade em
relação a outra pessoa. Não se trata, destarte, de uma questão de valor, de hierarquia, de uma dignidade maior
É h ”

#CUIDADO: A dignidade não é um direito absoluto. Isso porque, além de partir da premissa de que nenhum
direito possui essa característica (e, de fato, não existe direito absoluto!), a dignidade não é sequer um direito,
mas sim de uma qualidade de todo e qualquer ser humano.

Na Constituição Federal, os direitos e garantias fundamentais estão insertas no Título II, e são divididos em
direitos e garantias individuais e coletivos (capítulo I), direitos sociais (capítulo II), direitos nacionais (capítulo III),
direitos políticos (capítulo IV) e partidos políticos (capítulo V). Ressalve-se que a maior parte dos direitos
coletivos está inserida no capítulo dos direitos sociais.

24
Jellinek – Teoria dos status. Multifuncionalidade dos DF:
a) Status passivo: é aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o Estado. É um
estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo é meramente detentor de deveres.
b) Status ativo: o indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade estatal. Ex. Direitos
políticos por meio do voto.
c) Status negativo: é aquele em que o um espaço de liberdade diante das possíveis ingerências. Ocorre a
abstenção estatal.
d) Status positivo: É aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas prestações
positivas. Neste status, sente-se a necessidade do Estado suprir desigualdades fáticas, mediante a sua
intervenção nas relações jurídicas.

- Características dos Direitos Fundamentais: historicidade, universalidade, indisponibilidade,


imprescritibilidade, relatividade.

- Eficácia dos Direitos Fundamentais:

a) Eficácia vertical: Quando os direitos fundamentais surgiram eles tinham apenas a eficácia vertical, pois o
indivíduo está subordinado ao Estado e por esses direitos protegerem os indivíduos contra os arbítrios do
Estado, fala-se dessa eficácia vertical. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre
particulares e o Estado. É a eficácia clássica.

b) Horizontal/eficácia externa/eficácia privada/eficácia em relação a terceiros: Com o desenvolvimento dos


direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência contra o indivíduo vem também de entidades
privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares.

c) Eficácia diagonal: Trata-se de classificação bastante recente. Consiste na aplicação dos direitos
fundamentais à relação entre particulares, nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação
trabalhista e consumerista.

DIREITOS INDIVIDUAIS

Destinatários:
→ brasileiros: pessoas físicas e jurídicas (de direito público e privado)
→ estrangeiros residentes no Brasil.

Obs.1: numa interpretação literal, os estrangeiros não residentes não poderiam invocar os direitos individuais,
MAS sendo a dignidade uma qualidade intrínseca a todo ser humano, independentemente de sua nacionalidade,
não se pode negar o exercício de um direito fundamental a um indivíduo pelo simples fato dele não residir no
país.

25
Obs.2: são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Obs.3: contraditório, ampla defesa e devido processo legal podem ser invocados por pessoas jurídicas de
direito público.
→ São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a
certidão de óbito, c) habilitação, registro e primeira certidão de casamento civil.

→ São gratuitas para qualquer pessoa as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania. Também é gratuita para qualquer pessoa a celebração do casamento
civil.

→ Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 05 (cinco) anos de idade em creches
e pré-escolas.

 Direito à vida:
 Bem jurídico protegido: vida humana em seu sentido biológico. Dupla acepção:
(i) negativa: consiste no direito a permanecer vivo.
(ii) positiva: consiste no direito de exigir do Estado prestações para proteção do direito à vida, assim como
para uma existência digna.
Inviolabilidade: protege o direito contra a violação por parte de terceiros.
Irrenunciabilidade: protege o direito contra o seu próprio titular

RESTRIÇÕES À INVIOLABILIDADE DO DIREITO À VIDA: Pena de morte no caso de guerra declarada (art. 5º,
XLVII, CF), aborto necessário/terapêutico, Aborto sentimental (art. 128, CP), aborto de anencéfalos (ADPF 54).

 Direito à igualdade:
Igualdade perante a lei: é a igualdade na aplicação da lei.
Igualdade na lei: elaboração das leis.

Obs.: ações afirmativas consistem em políticas públicas ou programas privados, em geral de caráter
temporário, desenvolvidos para reduzir desigualdades decorrentes de discriminações ou de hipossuficiência, por
meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória dessas condições.

Súmula nº 683 – STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º,
XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.

 Direitos de liberdade:

26
Liberdade de consciência, de crença e de culto (art. 5ª, VI).

Assegura a plena liberdade de culto e as suas liturgias, bem como o direito de não acreditar ou professar
nenhuma fé, devendo o Estado respeito ao ateísmo. A liberdade de consciência é a mais ampla. Consiste na
adesão de certos valores espirituais independentemente de qualquer conotação religiosa.

Serviço militar obrigatório: uma pessoa pode alegar motivos religiosos para se eximir desta obrigação legal,
mas deverá cumprir uma prestação alternativa. A objeção de consciência deve ser baseada em convicções
seriamente arraigadas e que causem um grave tormento moral.
Dever de neutralidade do Estado (art. 19, CF)4. Com o advento da República, o Estado brasileiro passou a ser
laico.

 Direitos à Privacidade (Gênero):


Vida privada, intimidade, honra e imagem (espécies).

SITUAÇÕES ESPECIAIS:
a) interceptação ambiental - em regra, só haverá ilicitude quando:
(i) houver violação de expectativa de privacidade;
(ii) houver violação de confiança decorrente de relações interpessoais ou profissionais.

b) gravação clandestina – em regra, não é ilícita. Haverá ilicitude, quando:


(i) Não houver justa causa. Ex: divulga cena sexual com o parceiro.
(ii) Houver violação de causa legal específica de sigilo ou de reserva de conversação.

c) quebra de sigilo: bancário, fiscal, telefônico e de dados informáticos. Dentre as autoridades com
legitimidade para determinar a quebra destes sigilos estão: (i) Juiz; (ii) CPI.

#DEOLHONOEDITAL:
QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO
Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?
POLÍCIA NÃO (depende de autorização judicial).
NÃO (depende de autorização judicial) (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).
MP Excepcionalmente, poderá determinar a quebra para fins de proteção do
patrimônio público (MS 21.729).
RECEITA SIM. Nova posição do STF.

4
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

27
FEDERAL
TCU Ã ( z ~ )( F M 9 F J 9⁄ ⁄ 1 )
CPI SIM (seja ela federal ou estadual/distrital). Prevalece que CPI municipal não pode.

d) interceptação das comunicações (art. 5º, XII):


XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal.

Na jurisprudência do STF há precedentes de aceitação da quebra do sigilo de correspondências com


fundamento no princípio da segurança pública (HC 700.814). Ex.: intercepção de correspondência de preso
quando há suspeita de que este a utiliza como meio para práticas ilícitas.

Requisitos para interceptação das comunicações telefônicas:


(i) ordem judicial;
(ii) na forma que a lei estabelecer (Lei nº 9296/96)5;
(iii) para fins de investigação criminal ou instrução processual.

Nem CPI pode determinar quebra de interceptação das comunicações telefônicas.


Obs.: além da interceptação telefônica, a violação de domicílio (art. 5º, XI) a prisão por mandado e o sigilo
imposto a processo judicial (MS 27.483) envolve matérias de reserva de jurisdição.
Obs.: é possível utilização da interceptação telefônica para PAD.
Obs.: a 3ª Turma do STJ, no HC 203.405, admitiu, excepcionalmente, a possibilidade de se determinar
interceptação telefônica para fins civis, quando não haja outra medida que resguarde os direitos ameaçados e
quando o caso envolver indícios de conduta criminosa.

Inviolabilidade de Domicílio

Flagrante delito, desastre ou para prestar socorro: dia ou noite, sem necessidade de autorização judicial.

5
Art. 2°, Lei nº 9296/96. Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução
processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.

28
O conceito de casa deve ser interpretado de uma forma bastante ampla, de modo a compreender espaços
privados, não abertos ao público, onde alguém exerce atividade profissional.
Obs.: a tutela da inviolabilidade do domicílio inclui quartos de hotel.
STF: admitiu invasão durante a noite de escritório de advocacia para que fosse feito interceptação ambiental
(INQ 2424), em conformidade com o princípio da proporcionalidade.

 Direito de Propriedade:
Restrições ao direito de propriedade:

→ Desapropriação (art. 5º, XIV, CF).


→ Requisição (art. 5º, XXV, CF)
→ Confisco (art. 243, CF): glebas e bens.
→ Usucapião (art. 183 – urbanos e 191 – rurais).
→ Função social da propriedade

Obs.: em RE, o STF entendeu que o confisco é das glebas como um todo e não apenas da parte em que é feita
a plantação dos psicotrópicos.

Desapropriação-sanção: urbana - títulos da dívida pública (art. 182, §4º, III, CF) e rural – títulos da dívida agrária
(art. 184, CF).
Obs.: 18 º F “ ~ isentas de impostos federais, estaduais e municipais as ações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária”
Obs.: 18 F “ ~ ~ para fins de reforma agrária: i) a pequena e média
propriedade rural, assim definida em lei; desde que seu proprietário não possua outra; ii) a propriedade

 JURISPRUDÊNCIA DE DESTAQUE:

#OBS.: Informamos que os as decisões abaixo foram extraídas do Dizer o Direito.

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO: A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em
zõ “ ”
que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral) (Info 806).

QUEBRA DE SIGILO: As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre as movimentações
bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º da LC 105/2001, que foi considerada

29
constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se caracteriza como "quebra" de sigilo bancário,
“ ” F

MANDADO DE INJUNÇÃO. O mandado de injunção até junho de 2016 não possuía regulamentação, e aplicava-
se, por analogia, a lei do mandado de segurança. Entretanto, em 23 de junho de 2016, a lei que disciplina o
processo e o julgamento do mandado de injunção foi sancionada, sem vetos, pelo presidente interino Michel
Temer em 23 de junho de 2016. O texto surgiu do projeto de lei (PL 6128/09), do ex-deputado Flavio Dino,
aprovado pela Câmara, em março de 2015, e pelo Senado, no início do mês de junho de 2016.
#NOVIDADELEGISLATIVA

NACIONALIDADE: Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o Green Card decidir adquirir a
nacionalidade norte-americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira. Não se pode afirmar que a presente
~ ~ “ ” º 1 F 88

LIBERDADE DE EXPRESSÃO. É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no


art. 254 do ECA. "Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado
ou sem aviso de sua classificação: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de
reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois
dias." O Estado não pode determinar que os programas somente possam ser exibidos em determinados horários.
Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo texto constitucional por configurar censura. O Poder Público
pode apenas recomendar os horários adequados. A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória).
STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 837). #IMPORTANTE

RACISMO. A prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as religiões (dizendo que
uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. Só haverá racismo se o discurso dessa
religião supostamente superior for de dominação, opressão, restrição de direitos ou violação da dignidade
humana das pessoas integrantes dos demais grupos. Por outro lado, se essa religião supostamente superior
pregar que tem o dever de ajudar os "inferiores" para que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de
salvação espiritual e, neste caso não haverá conduta criminosa. Na situação concreta, o STF entendeu que o réu
apenas fez comparações entre as religiões, procurando demonstrar que a sua deveria prevalecer e que não
houve tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo. Pregar um discurso de que as religiões são desiguais e de
que uma é inferior à outra não configura, por si, o elemento típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o
crime, seria indispensável que tivesse ficado demonstrado o especial fim de supressão ou redução da dignidade
do diferente, elemento que confere sentido à discriminação que atua como verbo núcleo do tipo. STF. 1ª Turma.
RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).

COTAS. O sistema de cotas em universidades públicas, com base em critério ético-racial, é constitucional (Info
663).

30
EXTRADIÇÃO. É possível conceder extradição para brasileiro naturalizado envolvido em tráfico de droga (art.
5º, LI, da CF/88). STF. 1ª Turma. Ext 1244/República Francesa, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 9/8/2016 (Info 834)
#DPU

BIOGRAFIAS. Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo
biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de
censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. Caso o biografado ou
qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, terá
direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por
outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF.
Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

DIREITOS POLÍTICOS

#DEOLHONOEDITAL:

- Positivos: permitem a participação do indivíduo na vida política do Estado. Ex.: voto, plebiscito, etc.
- Negativos: impedimentos ou restrições de participação do indivíduo na vida política do país, o que inclui a
perda e suspensão desses direitos e as inelegibilidades políticas.
Direito de sufrágio: contém, em seu bojo, a capacidade eleitoral ativa e a passiva.
Voto: é o exercício do direito de sufrágio. O sufrágio pode ser universal ou restrito. O restrito pode ser
censitário (condição econômica), capacitário (capacidade especial, geralmente, intelectual) ou em razão do sexo.
Escrutínio: é o modo como o direito de voto é exercido (secreto ou aberto).
A CF da RFB adota o sufrágio universal e escrutínio secreto.
Voto: direto, exceto no caso de eleição indireta pelo Congresso Nacional, quando da vacância dos cargos de
Presidente e Vice nos últimos 2 anos do mandato, livre, personalíssimo, com valor igual para todos e periódico.

Art. 14 (...) § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:


I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

No Brasil, o alistamento eleitoral depende da iniciativa do nacional, não havendo inscrição de ofício por parte
da autoridade judicial eleitoral.

31
ALISTABILIDADE: é a capacidade eleitoral ativa, capacidade de votar.

São inalistáveis (art. 14, §2º, CF)6


→ Menores de 16 anos.
→ Estrangeiros.
Obs.: a “quase nacionalidade” é a única exceção à condição de inalistável dos estrangeiros.

→ Conscritos durante o serviço militar obrigatório.


Obs.: o conceito de conscritos estende-se aos médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que estejam
prestando serviço militar obrigatório.

ELEGIBILIDADE: capacidade eleitoral passiva, direito de ser votado.


A“ ” P
Vice e Senador.

#IMPORTANTE: a idade mínima deve ser exigida apenas na data da posse (CUIDADO: a mini reforma eleitoral
promoveu uma mudança em relação ao vereador: deve comprovar na data limite do pedido de registro).

Art. 14 (...) § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno
exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação
partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para
Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para
Vereador.

INELEGIBILIDADE: em regra, as hipóteses de inelegibilidade não podem ser interpretadas extensivamente por
serem consideradas de legalidade estrita (TSE e STF).
→ Absolutas: somente podem ser estabelecidas pela CF. Em geral estão relacionadas com condições
pessoais. São inelegíveis os inalistáveis (conscritos, estrangeiros e menores de 16 anos) e os analfabetos (art. 14,
§ 4º, CF).
→ Relativas: podem ser estabelecidas por LC e, em geral, estão relacionadas a determinados cargos quando
previstas pela CF.

Quando relacionadas a cargos eletivos, mais precisamente ao de Chefe do Poder Executivo, se vinculam a
ideia da reeleição:

6
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos.

32
Art. 14, § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.

Obs.: “a vedação prevista no parágrafo 5º do art. 14 não se aplica às hipóteses de substituição temporária”.
Somente quando há sucessão definitiva.

§ 6º: Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Obs.: prefeito itinerante é incompatível com o regime republicano.


Obs.: inelegibilidades dos cargos não eletivos (art. 14, 8º) J z (9 III) MP ( 1 8 º II “ ”)

Art. 14. § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

→ Inelegibilidade reflexa:
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição.
CUIDADO: a restrição do cônjuge se estende às hipóteses de união estável.

SÚMULA VINCULANTE 18: “ ~ vinculo conjugal no curso do mandato não afasta a


inelegibilidade prevista no º 1 F”
Não atrai a aplicação do entendimento constante da referida súmula a extinção do vínculo conjugal pela
morte de um dos cônjuges. STF, RE 758.461, j. 22.05.2014

Art. 14. § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

33
⬄O STF decidiu ser inelegível para o cargo de Prefeito de município resultante de desmembramento
~ h P “ - ~ ”

- Perda e suspensão do mandato:


A perda é definitiva e a suspensão é temporária.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado
II - incapacidade civil absoluta.
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII.
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º
Súmula 09 do TSE: “ suspensão dos direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de
reparação dos danos”.

SISTEMAS ELEITORAIS

Sistema eleitoral é o conjunto de regras e técnicas previstas pela CF e pela lei para disciplinar a forma como os
candidatos ao mandato eletivo serão escolhidos e eleitos.

a) MAJORITÁRIO b) PROPORCIONAL
O mandato eletivo fica com o candidato Terminada a votação, divide-se o total de votos válidos pelo
ou partido político que obteve a maioria número de cargos em disputa, obtendo-se assim o quociente
dos votos. Ganha o candidato mais eleitoral. Em seguida, pega-se os votos de cada partido ou
votado, independentemente dos votos de coligação e divide-se pelo quociente eleitoral, obtendo-se assim o
seu partido. número de eleitos de cada partido (quociente partidário). Os
candidatos mais bem votados desse partido irão ocupar tais
vagas.
No Brasil, é o sistema adotado para a No Brasil, é o sistema adotado para a escolha de Vereador,
eleição de Prefeito, Governador, Senador Deputado Estadual e Deputado Federal.
e Presidente.

 QUAIS SÃO AS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA DO POVO NA VIDA POLITICA DO ESTADO


BRASILEIRO? Plebiscito, referendo, iniciativa popular de lei e ação popular.
- Democracia direta: o povo exerce, por si mesmo, os poderes governamentais, elaborando diretamente as
leis, administrando e julgando as questões do Estado.

34
- Democracia indireta ou representativa: o povo, em face da extensão territorial, da densidade demográfica e
da complexidade dos problemas sociais, outorga as funções de governo aos seus representantes, que elege
periodicamente.
- Democracia semidireta ou participativa: combina a democracia representativa com alguns institutos de
participação direta do povo nas funções do governo, tais como o referendo e o plebiscito. Essa é a forma
adotada pela CF de 1988 (art. 1°, parágrafo único; art. 14).

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

1. Distinções Preliminares

1.1 Formas de Governo


a) Monarquia
1. Irresponsabilidade política do governante. 2. Hereditariedade. 3. Vitaliciedade.
b) República
1. Há responsabilização política do governante. 2. Eletividade: voto. 3. Temporariedade.

1.2 Sistemas de Governo

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO SEMIPRESIDENCIALISMO


1. Reunião do Chefe de Estado e 1. Há divisão do Poder 1. Há dualidade do Poder
Chefe de Governo em uma mesma Executivo. O Chefe de Estado é Executivo. O Chefe de Estado é
pessoa. o Monarca ou Presidente da sempre o Presidente da
2. Prazo fixo de mandato. República. O Chefe de Governo República. Exerce importantes
3. Independência em relação ao é o Primeiro Ministro. funções políticas, bem como
Parlamento. 2. Não existe prazo fixo para escolhe o Primeiro Ministro,
*“ ” exercício do poder pelo sendo este apenas aprovado
Primeiro Ministro, escolhido pelo Parlamento.
pelo Parlamento.
3.Responsabilização do Primeiro
Ministro perante o Parlamento.
“Moção de desconfiança”.

1.3 Principais Formas de Estado:

Confederação Federação
É uma pessoa jurídica de direito público. É um Estado para a sociedade internacional.
Os membros de uma confederação, em A união é estabelecida por uma constituição.
regra, são unidos por tratados
internacionais.

35
Existe o direito de secessão. “I ” ( 1° ) +
intervenção federal (art. 34, I).
Direito de nulificação: os estados não são As decisões dos órgãos centrais, quando tomadas dentro
obrigados a se submeterem a dos limites de sua competência, são obrigatórias para todos
determinadas medidas adotados pelo os entes.
parlamento comum.
Geralmente trata de assuntos externos. Trata de assuntos externos e internos.
Os cidadãos permanecem com a Os cidadãos têm a nacionalidade do Estado Federal.
nacionalidade dos estados aos quais
pertencem.
O único órgão em comum é o Congresso Os órgãos legislativo, executivo e judiciário compõem o
Confederal. Cada país permanece com poder central, admitindo-se a possibilidade de os entes
poder executivo e judiciário próprios. regionais também terem seus próprios órgãos.

FEDERAÇÃO:

Características essenciais do estado federal


(i) A descentralização político-administrativa é fixada pela Constituição.
(ii) Participação das vontades regionais na formação da vontade nacional.
(iii) Auto-organização dos entes federativos.

Requisitos para Manutenção da Federação


a) adoção de uma constituição rígida ou da forma federativa de estado como cláusula pétrea.
b) órgãos incumbidos de exercer o controle de constitucionalidade.

2. Soberania e Autonomia

Soberania é o poder político supremo e independente. Autonomia é a capacidade de elaboração de normas


próprias. Os entes federativos possuem as seguintes autonomias: auto-organização, autogoverno,
autolegislação e autoadministração.

3. Repartição de Competências

3.1 Campos específicos de competências legislativas e administrativas


a) Horizontais
A repartição de competência é horizontal quando não existe hierarquia entre as competências.
b) Poderes Enumerados
A União tem poderes enumerados (arts. 22 e 21).
Os Municípios têm poderes enumerados no art. 30.

36
c) Poderes Remanescentes
Os poderes remanescentes são atribuídos aos Estados Membros (art. 25, §1°, CF).
Obs.: o Distrito Federal titulariza competências estaduais e municipais.

3.2 Possibilidade de Delegação: União (art. 22, parágrafo único, CF): o requisito formal é a exigência de LC.
#CUIDADO: a delegação pode ser feita para os estados e Distrito Federal, embora só exista previsão expressa
de delegação em relação aos estados, e não ao DF.

3.3 Competências Comuns


Competência administrativa (art. 23, CF). É atribuída a todos os entes da Federação. Leitura obrigatória de
TODOS os incisos.

3.4 Competências Concorrentes7


Trata da competência legislativa atribuída à União, Estados e DF (art. 24, CF). Leitura obrigatória de todos os
incisos.

Obs.: quando se trata das competências comuns e concorrentes, a repartição de competências é vertical, não
cumulativa. Os entes não tratam do mesmo aspecto. “Condomínio legislativo”.

Art. 24. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais.

De acordo com o §1° do art. 24, cabe a União elaborar normas gerais. Segundo o §2°, cabe aos estados
suplementarem as normas gerais da União. Se houver inércia da União, e ela não estabelecer normas gerais, os
estados exercerão competência legislativa plena (art. 24, §3°).

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos
Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades.

Prescreve o art. 24, §4° que a superveniência de lei federal sobre normas gerais apenas SUSPENDE A
EFICÁCIA da lei estadual no que lhe for contrário.

4. Organização Político-Administrativa do Estado Brasileiro

7
Art. 24. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

37
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

#SELIGANASÚMULA: Súmula 637 do STF: não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de
justiça que defere pedido de intervenção estadual em município.

PODER LEGISLATIVO

#DEOLHONOEDITAL:
1. CPI Federal (art. 58, §3°, CF)
A CPI pode investigar o Chefe do Executivo, pessoas físicas ou jurídicas, órgão ou instituições ligadas à gestão
da coisa pública ou que, de alguma forma, tenham que prestar conta sobre dinheiro, bens ou valores públicos. É
uma comissão TEMPORÁRIA do Congresso Nacional. Logo, não pode investigar o que extravase as competências
do Congresso.

REQUISITOS PARA CRIAÇÃO DE CPI


→ 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou Senado Federal
→ Investigar fato determinado.
→ Prazo certo de duração.

Normas de observância obrigatória para criação de CPI’S Estaduais e Municipais.

#CUIDADO: pode ser que um fato guarde relação com interesse nacional e estadual. Não há problema nesse
caso de instauração de CPI federal e CPI estadual. O que não pode acontecer é CPI federal ser criada para
investigar fatos de exclusivo interesse do Estado.

Inquérito 2245 – SFT – “fatos conexos inicialmente desconhecidos e revelados durante a investigação também
podem ser investigados, desde que haja um aditamento do requerimento de criação da CPI”

PODERES DA CPI
Poderes de investigação próprios de autoridade judicial, além dos previstos nos regimentos internos.
1. Quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de dados (STF, MS 25668).
2. Busca e apreensão de documentos e equipamentos, respeitados a inviolabilidade do domicílio.
3. Determinar a condução coercitiva de testemunhas ou indiciados.
4. Determinar a realização de exames periciais.

LIMITES AOS PODERES DA CPI


1. Cláusula da reserva de jurisdição. Ex.: interceptação telefônica.

38
2. Direito de Não-Incriminação (art. 5°, LXIII, da CF)
3. Sigilo Profissional (art. 5°, LIV, da CF)
4. Não pode formular acusações, punir delitos e nem adotar medidas acautelatórias, tais como
indisponibilidade de bens (MS 23480), proibição de ausentar-se do país, arresto, sequestro e hipoteca judiciária.

PODERES LIMITES
QUEBRA DO SIGILO TELEFONICO, BANCÁRIO, RESERVA DE JURISDIÇÃO8 E DIREITOS E
FISCAL E DE DADOS GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CONDUÇÃO COERCITIVA DE TESTEMUNHAS E DIREITO DE NÃO AUTO INCRIMINAÇÃO
INDICIADOS
BUSCA E APREENSÃO, RESPEITADA A SIGILO PROFISSIONAL
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR
DETERMINAR REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS MEDIDAS ACAUTELATÓRIAS

Autonomia Federativa: A CPI federal PODE investigar autoridade estadual caso haja investigação de
interesse nacional e não exclusivamente estadual.

2. CPI Estadual
Obs.: a CPI estadual tem poderes simétricos à CPI federal.
Obs.: o STJ decidiu no AgR na Pet 1611: “CPIs estaduais não tem competência para investigar autoridades com
prerrogativa de foro em órgãos do judiciário federal”.

3. CPI municipal
Deve haver previsão expressa na Constituição Estadual, Lei Orgânica do Município, etc. Além disso: fato
determinado, prazo certo e quórum. Prevalece no âmbito doutrinário “por não haver órgão judicial no
município, a CPI municipal não pode ter poderes de investigação próprios de autoridade judicial”

4. Garantias do Poder Legislativo


Visam assegurar aos parlamentares a liberdade necessária para que desempenhem suas funções.
Atualmente o STF tem o entendimento de que o afastamento do parlamentar suspende as imunidades material e
formal, mas não afasta a prerrogativa de foro.

Art. 53, § 8º. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser
suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

Suplentes: não possuem as garantias (imunidades e prerrogativa de foro) conferidas aos parlamentares.

8
Matérias reservadas exclusivamente ao Poder Judiciário: (i) interceptação telefônica (art. 5°, XII da CF); (ii)
inviolabilidade domiciliar (art. 5°, XI da CF); (iii) prisão por mandado (art. 5°, LXI, da CF); (iv) quebra do sigilo imposto a
processo judicial (art. 93, IX , art. 5° X e LX, CF).

39
- Senadores e Deputados Federais
Foro por Prerrogativa de Função (art. 53, §1° e art. 102, I, “b”, da CF).

Art. 53, § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I -
processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.

* PET 4089-AGR: em improbidade administrativa não há foro por prerrogativa de função.

#IMPORTANTE: 1 I “ ” F ú ° XXX III

Obs.: os membros do Congresso Nacional não respondem por crimes de responsabilidade. A única exceção na
CF/88 é a do Presidente da Câmara Municipal (art. 29-A, §3°, da CF):

Art. 29 (...) § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de
pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. § 3 o Constitui crime de responsabilidade do
Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.

Petição 3825-QO STF: “a iniciativa do procedimento investigatório de autoridades com prerrogativa de foro no
STF deve ser confiada ao MPF com a supervisão do ministro relator do STF. A Polícia Federal não está autorizada
a abrir de ofício IPL para investigar condutas dessas autoridades”.
A competência do STF tem início com a diplomação e se encerra com o fim do mandato. Se o processo ainda
não foi submetido a julgamento na ocasião do término do mandato, deve o STF remeter os autos ao juiz de
origem. Contudo, os atos praticados são válidos. Existem dois casos em que o STF permanece competente para
julgamento do processo mesmo com o término do mandato: (i) quando o julgamento já tiver sido iniciado, (ii)
renúncia com abuso de direito (Ação Penal 396) – INFORMATIVO 741 DO STF.

Imunidades Materiais (Freedom of Speech)


Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos.
Quando proferidas fora do Congresso, o STF exige que a manifestação tenha conexão com o exercício do
mandato.
A imunidade material tem natureza jurídica de excludente de tipicidade (STF, INQ 2273 e PET 4934).

- Imunidade Formal

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Incoercibilidade pessoal relativa. A imunidade formal se refere à prisão e processo.

Art. 53, § 2º, CF. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à
Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

A imunidade formal obsta a prisão cautelar do parlamentar, salvo em flagrante de crime inafiançável. A
proibição de prisão não alcança a prisão no caso de condenação definitiva transitada em julgado.

Obs.: não é mais necessária a autorização da Câmara ou Senado para que o parlamentar seja processado e
julgado. Atualmente, o PGR oferece denúncia perante o STF, que dará ciência à Casa do respectivo parlamentar,
que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros poderá
até a decisão final sustar o andamento da ação.

#CUIDADO: os crimes praticados ANTES da diplomação NÃO são abrangidos pela IMUNIDADE PROCESSUAL,
embora APLIQUE-SE A PRERROGATIVA DO FORO.

IMUNIDADE MATERIAL IMUNIDADE FORMAL FORO POR PRERROGATIVA DE


Exclui a tipicidade. Incoercibilidade FUNÇÃO
pessoal, salvo flagrante
crime inafiançável.
Regra da
processabilidade.

REGRA: Deputados Federais e Senadores não poderão ser presos.


Exceção 1: poderão ser presos em Exceção 2: sentença judicial transitada pode ser preso para
flagrante de crime inafiançável. cumprir pena.
Trata-se de exceção prevista Trata-se de exceção construída pela jurisprudência do STF.
expressamente na CF/88.

Obs.: os autos do flagrante serão Obs.: o parlamentar condenado por sentença transitada em
remetidos, em até 24h, à Câmara ou julgado será preso mesmo que não perca o mandato. Ex.: um
ao Senado, para que se decida, pelo Deputado condenado ao regime semiaberto que, durante o dia
voto aberto da maioria de seus vai até o Congresso Nacional trabalhar e, durante a noite, fica
membros, pela manutenção ou não da recolhido no presídio.
prisão do parlamentar.

CONTRABANDO LEGISLATIVO

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A clássica tripartição prevista pelo Montesquieu prevê que cabe ao Legislativo editar as leis, ao Executivo
administrar com base na lei e ao Judiciário fazer cumprir a lei. No entanto, atualmente se admite que cada poder
tem a sua função típica, porém, eventualmente pode também exercer funções atípicas. Isso ocorre, por exemplo,
quando: o Legislativo e o Judiciário exercem funções administrativas em relação aos seus servidores; o Judiciário
edita regimentos internos; o Legislativo julga crimes de responsabilidade; e o Executivo edita medidas
provisórias.

As medidas provisórias podem ser editadas pelo chefe do Poder Executivo, desde que atenda aos requisitos
de relevância e urgência, previstos no caput do art. 62, além de outros requisitos previstos nos parágrafos
seguintes. Elas são editadas com força de lei e devem ser submetidas imediatamente para que o Congresso
Nacional aprecie no prazo de sessenta dias, uma única vez por igual período, sob pena de perder sua eficácia
desde a sua edição.

Não raras vezes, durante a apreciação das medidas provisórias, o Congresso Nacional insere matérias
distintas daquela tratada originariamente. Tal prática denomina-se “contrabando legislativo” e foi enfrentada
pelo STF no julgamento da ADI 5127, realizado no dia 15/10/2015 (informativo 803). Na oportunidade, a corte
fixou a tese de que é incompatível com a Constituição a apresentação de emendas sem relação de pertinência
temática com medida provisória submetida a sua apreciação.

O fundamento utilizado pelo STF foi no sentido que a medida provisória se trata de espécie normativa de
competência exclusiva do Presidente da República e excepcional, não seria possível tratar de temas diversos
daqueles fixados como relevantes e urgentes. Uma vez estabelecido o tema relevante e urgente, toda e qualquer
emenda parlamentar em projeto de conversão de medida provisória em lei se limitaria e circunscreveria ao tema
definido como urgente e relevante.

É importante destacar, por fim, que apesar de reconhecer que o contrabando legislativo é uma prática
contrária aos ditames constitucionais, a ação foi julgada improcedente. Em que pese a aparente contradição
entre o fundamento e o dispositivo da decisão, o STF ponderou que esta seria a primeira oportunidade de
enfrentar o tema, e compreensão diversa subtrairia a possibilidade de diálogo entre os diversos ramos do Estado
sobre a matéria. Além disso, essa prática alusiva à conversão de medidas provisórias estaria arraigada, a resultar
em diversas normas produzidas de acordo com o procedimento. Assim, a decisão da Corte não poderia provocar
insegurança jurídica, de modo que estariam preservadas as leis fruto de conversão de medida provisória, no que
diz respeito à inconstitucionalidade formal.

ASSUNTOS “DECOREBA”
#NÃOVAIESQUECER

- Crimes imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
o regime democrático.

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- Crimes inafiançáveis: tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura (que são os crimes equiparados
aos hediondos), crimes hediondos, racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o regime democrático.

- Brasileiros natos:
* nascidos no Brasil, ainda que filhos de estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
* nascidos no estrangeiro, filhos de pai OU mãe brasileiros, que estejam a serviço do Brasil;
* nascidos no estrangeiro, filhos de pai OU mãe brasileiros, desde que: 1) sejam registrados em repartição
brasileira competente ou 2) optem, EM QUALQUER TEMPO, DEPOIS DE ATINGIDA A MAIORIDADE, pela
nacionalidade brasileira.

- Brasileiros naturalizados:
* os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas, aos originários de países que falam a
língua portuguesa, apenas: residência por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral;
* aos estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos, sem
condenação penal e desde que requeiram.

- Para concorrer a OUTROS CARGOS, o Presidente, governadores e prefeitos devem RENUNCIAR ao mandato
até 6 meses antes do pleito.

- São INELEGÍVEIS, no território de jurisdição do titular, o CÔNJUGE e os PARENTES consanguíneos ou afins,


até o 2º grau ou por adoção, do presidente, governadores, prefeitos ou de quem os haja substituído nos 6 meses
anteriores ao pleito, SALVO SE JÁ TITULAR DE MANDATO ELETIVO E CANDIDATO À REELEIÇÃO.

- O mandato eletivo pode ser impugnado perante a justiça eleitoral no prazo de 15 dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

- Não há obrigatoriedade de vinculação das candidaturas em âmbito nacional, estadual e municipal.

- Criação de novos Estados:


* aprovação da população diretamente interessada – plebiscito
+
* Congresso Nacional – Lei Complementar

- Criação de Municípios:
* lei estadual;
* período determinado por lei complementar federal;
* consulta – plebiscito – população dos municípios envolvidos; e
* divulgação e publicação de estudos de viabilidade municipal.

43
- Faixa de fronteira: 150 Km.

- Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões: são criadas por lei complementar estadual.

- Fixação do número total de deputados federais e representação por Estado: necessidade de Lei
Complementar, devendo existir no mínimo 8 e no máximo 70 deputados federais por Estado.

- Subsídio do Governador, Vice-Governador e Secretários Estaduais: lei de iniciativa da Assembleia Legislativa.

- Número de Deputados nas Assembleias Legislativas: triplo da representação do Estado na Câmara dos
Deputados. Contudo, atingido o número de 36, acrescem-se tantos quantos forem os deputados federais acima
de 12.

- Subsídios dos Deputados Estaduais: (i) lei de iniciativa da Assembleia Legislativa; (ii) até 75% do subsídio dos
deputados federais

- O Congresso Nacional fixa o subsídio dos membros do STF, do Presidente da República e do Vice-Presidente,
bem como dos ministros de Estado.

- Lei Orgânica dos Municípios:


* dois turnos
* interstício mínimo de 10 dias entre os turnos
* 2/3 dos membros da Câmara Municipal
* promulgação pela Câmara Municipal.

- Há segundo turno de votação para o chefe do Executivo municipal apenas em municípios com mais de
200.000 eleitores. OBS.: não é população, e sim eleitores!

- Subsídio do Prefeito, vice-prefeito e secretários municipais: lei de iniciativa da Câmara Municipal.

- Subsídio dos Vereadores:


* lei de iniciativa da Câmara Municipal
* Fixado de uma legislatura para a subsequente;
* limites fixados na Constituição e na lei orgânica.

- Municípios com mais de 500.000 habitantes: subsídio máximo dos vereadores = 75% do subsídio dos
deputados estaduais.

- Total de despesa com remuneração de vereador: até 5% da receita do município.

44
- Iniciativa popular de leis municipais: manifestação de pelo menos 5% do eleitorado.

- A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com folha de pagamento, incluídos os subsídios
dos vereadores.

- O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o prefeito deve anualmente prestar,
só deixará de prevalecer por decisão de 2/3 dos membros da Câmara Municipal.

- Princípios constitucionais sensíveis:


* forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
* direitos da pessoa humana;
* autonomia municipal;
* prestação de contas;
* aplicação do mínimo exigido da receita resultantes de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na educação e saúde.

- Decreto de intervenção federal: submissão ao Poder Legislativo em 24h. Possibilidade de convocação


extraordinária do Congresso Nacional em 24h.

- Deverão ser remunerados por subsídio:


* Membros de Poder;
* Detentor de mandato eletivo;
* Ministros de Estado;
* Secretários estaduais e municipais;

- Poderão ser remunerados por subsídio: servidores que se organizem em carreira.

- Aposentadoria do servidor público:


1) Invalidez permanente:
* proventos proporcionais ao tempo de contribuição
* exceção: acidente de serviço, moléstia profissional ou doença contagiosa, grave e incurável, na forma da
lei.
2) Compulsória:
* proventos proporcionais ao tempo de contribuição
* Aos 75 anos, na forma de Lei Complementar (EC 88/2015)
ATENÇÃO! A LC 152/2015 regulamentou o art. 40, §1º, II da CF:

45
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 88, de 2015).9

O que a LC 152/2015 fez? Ela estendeu a aposentadoria compulsória de 75 para todos os servidores
públicos efetivos da União, Estados, Municípios e DF, incluindo Autarquias e Fundações, membros do
Poder Judiciário, MP, DP, Tribunais e Conselhos de Contas!

Ela também revogou a antiga norma (art. 1º, I, LC 51/85) que tratava da aposentadoria dos membros da
Polícia!

Idade da aposentadoria compulsória dos integrantes da Polícia Civil,


da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal
Antes da LC 152/2015 ATUALMENTE
65 anos 75 anos

Ela também previu regra especial para os servidores do serviço exterior brasileiro:
Art. 2º (...) Parágrafo único. Aos servidores do Serviço Exterior Brasileiro, regidos pela Lei nº 11.440, de 29
de dezembro de 2006, o disposto neste artigo será aplicado progressivamente à razão de 1 (um) ano
adicional de limite para aposentadoria compulsória ao fim de cada 2 (dois) anos, a partir da vigência
desta Lei Complementar, até o limite de 75 (setenta e cinco) anos previsto no caput.

Por último, atenção ao recente entendimento do STF:


Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da
aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo
de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em
comissão.
Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o servidor
efetivo, aposentado compulsoriamente, permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a
que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade
ou criação de vínculo efetivo com a Administração. STF. Plenário. RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 15/12/2016 (repercussão geral) (Info 851).

3) Voluntária:
* 60 anos de idade + 35 de contribuição: homem; 55 anos de idade + 30 de contribuição: mulher.
* 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição.
OBS.: mínimo de 10 anos de efetivo serviço público, sendo 5 no cargo em que efetivamente ocorrerá a
aposentadoria.

9
Antes da EC 88/2015 a aposentadoria compulsória era de 70 anos para todo mundo. A referida EC trouxe duas novidades,
a primeira, aumentou imediatamente para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para os cargos de Ministros do
STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU. A segunda, a EC 88/2015 autorizou que fosse editada Lei
Complementar aumentando para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para os demais servidores públicos, que
foi o que a LC 152/2015 fez.

46
4) Requisitos diferenciados
* pessoa com deficiência
* atividade de risco
* condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física
5) Professor: reduz 5 anos.

- No regime próprio de previdência, os inativos contribuem com o que exceder o teto do RGPS (Regime Geral
da Previdência Social). OBS.: se o beneficiário for portador de doença incapacitante, esse valor do teto será
dobrado.

- Estabilidade no serviço público: 03 anos.

#DEOLHONOEDITAL: Julgamento dos crimes de responsabilidade:


Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição
Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e
julgamento.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados,
será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não
estará sujeito a prisão.
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos
ao exercício de suas funções.

- Prerrogativas dos congressistas:

47
* desde a diplomação, serão julgados pelo STF.
* desde a diplomação, não serão presos, salvo flagrante de crime inafiançável. Os autos serão remetidos à
Casa respectiva em 24h, para que resolva sobre a prisão, pelo voto da maioria dos seus membros.
* denúncia por crime ocorrido após a diplomação: STF cientifica a Casa. Por iniciativa de partido político +
voto da maioria, é possível sustar o andamento da ação. Se o crime foi praticado antes da diplomação, não
haverá essa prerrogativa. O pedido de sustação será apreciado no prazo improrrogável de 45 dias, contados do
seu recebimento pela mesa.

- É vedado o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação extraordinária do membro do


Congresso Nacional.

- Requerimento de 1/3: instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

- Projetos de lei são, em regra, votados pelas comissões. Mediante requerimento de 1/10 dos membros da
Casa, a votação poderá ser levada ao pleno.

- Lei de iniciativa popular (#DICA: para facilitar a memorização: 1503):


* 1% do eleitorado, distribuídos em
* 5 estados, manifestando-se em cada um deles
* 0,3% do eleitorado.
OBS.: Projetos de lei de iniciativa popular são apresentados à Câmara dos Deputados.

- Veto do Presidente da República a projeto de lei:


* 15 dias úteis. Silêncio = aprovação.
* 48h: comunicação dos motivos do veto ao presidente do Senado Federal.
* Derrubada do veto: 30 dias, sessão conjunta, votação da maioria absoluta.
* Promulgação em 48h pelo Presidente da República. Se este não o fizer, a promulgação ocorrerá em até
48h, pelo Presidente do Senado. Se este se omitir, a promulgação ocorrerá em até 48h, pelo vice-presidente do
Senado Federal.

- TCU: 09 ministros, de 35 a 65 anos, com notórios conhecimentos, reputação ilibada e 10 anos de trabalho na
área. Desse total, 1/3 é escolhido pelo Presidente da República, entre auditores e membros do MP de Contas,
indicados em lista tríplice pelo tribunal, mediante critérios de antiguidade e merecimento. 2/3 são indiciados pelo
Congresso Nacional.

- TCE: 07 conselheiros.
#NOVIDADE: Emenda Constitucional 86/2015: a União deve aplicar em saúde não menos que 15% da receita
corrente líquida do respectivo exercício financeiro. O valor de contribuição dos Estados e Municípios será
definido em lei complementar, a qual será reavaliada pelo menos a cada 5 anos.

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- Saneamento básico compreende: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; drenagem e
manejo de águas pluviais urbanos.

- Educação básica obrigatória e gratuita: dos 04 aos 17 anos.

- Educação infantil: até os 05 anos.

- A União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os estados, DF e municípios, nunca menos de 25% da
receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
OBS.: Informamos que os as decisões abaixo foram extraídas do Dizer o Direito.

IMPEACHMENT – ADPF 378: Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou parcialmente
procedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 378, que discute a validade de
dispositivos da Lei 1.079/1950 que regulamentam o processo de impeachment de presidente da República. Com o
julgamento, firmou-se o entendimento de que a Câmara dos Deputados apenas dá a autorização para a abertura
do processo de impeachment, cabendo ao Senado fazer juízo inicial de instalação ou não do procedimento,
quando a votação se dará por maioria simples; a votação para escolha da comissão especial na Câmara deve ser
aberta, sendo ilegítimas as candidaturas avulsas de deputados para sua composição; e o afastamento de
presidente da República ocorre apenas se o Senado abrir o processo.

PROCESSO LEGISLATIVO: Emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa dos Tribunais de Contas: A
iniciativa de projetos de lei que tratem sobre a organização e o funcionamento dos Tribunais de Contas é
ó ( 9 II “ ” F 88) É h
parlamentares em projetos de lei de iniciativa do Tribunal de Contas, desde que respeitados dois requisitos: a)
guardem pertinência temática com a proposta original (tratem sobre o mesmo assunto); b) não acarretem em
aumento de despesas. STF. Plenário. ADI 5442 MC/DF e ADI 5453 MC/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
17/3/2016 (Info 818).

PROCESSO LEGISLATIVO: É possível emenda constitucional de iniciativa parlamentar tratando sobre os


assuntos que, em caso de propositura de projeto de lei, seriam de iniciativa reservada ao chefe do Poder
Executivo (art. 61, § 1º, da CF/88)? Emenda à Constituição Federal proposta por parlamentares federais: SIM.
Emenda à Constituição Estadual proposta por parlamentares estaduais: NÃO STF. Plenário. ADI 5296 MC/DF, Rel.
Min. Rosa Weber, julgado em 18/5/2016 (Info 826).

PROCESSO LEGISLATIVO. CONTROLE EXTERNO. TRIBUNAL DE CONTAS: Em auditoria realizada pelo TCU para
apurar a gestão administrativa do Poder Legislativo, os servidores indiretamente afetados pelas determinações

49
do Tribunal não possuem direito de serem ouvidos no processo fiscalizatório. Não existe, no caso, desrespeito ao
devido processo legal. A atuação do TCU ficaria inviabilizada se, nas auditorias realizadas, fosse necessário
intimar, para integrar o processo administrativo de controle, qualquer um que pudesse ser alcançado, embora de
forma indireta, pela decisão da Corte. STF. 1ª Turma. MS 32540/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016
(Info 819).

PROCESSO LEGISLATIVO. CONTROLE EXTERNO. TRIBUNAL DE CONTAS: É de cinco anos o prazo para o TCU,
por meio de tomada de contas especial (Lei nº 8.443/92), exigir do ex-gestor público municipal a comprovação da
regular aplicação de verbas federais repassadas ao respectivo Município. STJ. 1ª Turma. REsp 1.480.350-RS, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/4/2016 (Info 581)

TRIBUNAL DE CONTAS. O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias de


recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário. O acesso a tais dados é imprescindível à atuação do TCU na
fiscalização das atividades do BNDES.O STF possui precedentes no sentido de que o TCU não detém legitimidade
para requisitar diretamente informações que importem quebra de sigilo bancário. No entanto, a Corte reputou
que a situação acima relatada seria diferente dos demais precedentes do Tribunal, já que se trata de informações
do próprio BNDES em um procedimento de controle legislativo financeiro de entidades federais por iniciativa do
Parlamento. STF. 1ª Turma. MS 33340/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/5/2015 (Info 787).

IMUNIDADE PARLAMENTAR: A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os Deputados


Federais e Senadores, qualquer que seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a liberdade de opinião. No
entanto, para isso é necessário que as suas declarações tenham conexão (relação) com o desempenho da função
legislativa ou tenham sido proferidas em razão dela. Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser
consideradas como "relacionadas ao exercício do mandato", elas devem ter, ainda de forma mínima, um teor
político. Exemplos de afirmações relacionadas com o mandato: declarações sobre fatos que estejam sendo
debatidos pela sociedade; discursos sobre fatos que estão sendo investigados por CPI ou pelos órgãos de
persecução penal (Polícia, MP); opiniões sobre temas que sejam de interesse de setores da sociedade, do
eleitorado, de organizações ou grupos representados no parlamento etc. Palavras e opiniões meramente
pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias não possuem vínculo com o exercício das
funções de um parlamentar e, portanto, não estão protegidos pela imunidade material. No caso concreto, as
palavras do Deputado Federal dizendo que a parlamentar não merecia ser estuprada porque seria muito feia não
são declarações que possuem relação com o exercício do mandato e, por essa razão, não estão amparadas pela
imunidade material. STF. 1ª Turma. Inq 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016 (Info 831).

PROCESSO LEGISLATIVO: É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que: - determina o destino
que o Poder Executivo deverá dar aos bens de empresa estatal que está sendo extinta; - disciplina as
consequências jurídicas das relações mantidas pelo Poder Executivo com particulares; - cria conselho de
acompanhamento dentro da estrutura do Poder Executivo. Tal norma foi declarada inconstitucional, uma vez
que é de iniciativa privativa Chefe do Poder Executivo as leis que disponham sobre criação e extinção de

50
Minitérios e órgãos da administração pública. STF. Plenário. ADI 2295/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
15/6/2016 (Info 830).

PROCESSO LEGISLATIVO: Não viola a Constituição Federal lei municipal, de iniciativa parlamentar, que veda a
realização, em imóveis do Município, de eventos patrocinados por empresas produtoras, distribuidoras,
importadoras ou representantes de bebidas alcoólicas ou de cigarros, com a utilização da respectiva propaganda.
STF. 2ª Turma. RE 305470/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016
(Info 844).

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA: É inconstitucional lei estadual que estabelece regras para a cobrança em
estacionamento de veículos.
STF. Plenário. ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/8/2016 (Info
835).

PODER LEGISLATIVO: O ex-Deputado Federal Eduardo Cunha impetrou mandado de segurança no STF
pedindo a suspensão do processo de cassação que tramitava contra ele na Câmara dos Deputados por quebra de
decoro parlamentar. O pedido do impetrante foi negado. O STF só pode interferir em procedimentos
legislativos (ex: processo de cassação) em uma das seguintes hipóteses: a) para assegurar o cumprimento da
Constituição Federal; b) para proteger direitos fundamentais; ou c) para resguardar os pressupostos de
funcionamento da democracia e das instituições republicanas. Exemplo típico na jurisprudência é a preservação
dos direitos das minorias, onde o Supremo poderá intervir. No caso concreto, o STF entendeu que nenhuma
dessas situações estava presente. Em se tratando de processos de cunho acentuadamente político, como é o
caso da cassação de mandato parlamentar, o STF deve se pautar pela deferência (respeito) às decisões do
Legislativo e pela autocontenção, somente intervindo em casos excepcionalíssimos. Dessa forma, neste caso, o
STF optou pela técnica da autocontenção (judicial self-restraint), que é o oposto do chamado ativismo judicial.
Na autocontenção, o Poder Judiciário deixa de atuar (interferir) em questões consideradas estritamente
políticas. STF. Plenário. MS 34.327/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/9/2016 (Info 838). #IMPORTANTE

LEI 13.367/2016: Foi promulgada e publicada em 05/12/2016, com o objetivo de alterar a Lei 1.579/52, que dispõe
sobre Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI). #NOVIDADELEGISLATIVA

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA. É inconstitucional lei estadual que estabeleça normas sobre a comercialização
de títulos de capitalização, proibindo a venda casada e prevendo regras para a publicidade desses produtos. STF.
Plenário. ADI 2905/MG, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 16/11/2016 (Info 847).

ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

OBS.: Informamos que os a decisão abaixo foi extraída do Dizer o Direito.


O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a existência de um quadro de violação
generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente
das autoridades públicas em modificar a conjuntura, de modo que apenas transformações estruturais da atuação

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do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. O
STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma
violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas nos
presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve
ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e
do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma
verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da
situação. Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver
o problema e monitorar os resultados alcançados. Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida
cautelar determinando que: juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a
audiência de custódia; a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário
Nacional para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos.
Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida cautelar. STF.
Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798).

EXTRA: OUTROS INFORMATIVOS IMPORTANTES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que: determina o destino que o Poder Executivo
deverá dar aos bens de empresa estatal que está sendo extinta; disciplina as consequências jurídicas das relações
mantidas pelo Poder Executivo com particulares; cria conselho de acompanhamento dentro da estrutura do
Poder Executivo. STF. Plenário. ADI 2295/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/6/2016 (Info 830).

- São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as escolas privadas
ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que possam cobrar
valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa
obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

- O Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos de idade. STF.
Decisão monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 12/05/2016 (Info 826).

- É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética ("pílula do câncer)
por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna mesmo sem que existam estudos conclusivos sobre os
efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem que haja registro sanitário da substância perante a ANVISA.
Obs: trata-se de decisão cautelar, não tendo o julgamento sido ainda concluído. STF. Plenário. ADI 5501 MC/DF,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/5/2016 (Info 826).

- É possível que emenda à Constituição Federal proposta por iniciativa parlamentar trate sobre as matérias
previstas no art. 61, § 1º da CF/88. As regras de reserva de iniciativa fixadas no art. 61, § 1º da CF/88 não são
aplicáveis ao processo de emenda à Constituição Federal, que é disciplinado em seu art. 60. Assim, a EC 74/2013,
que conferiu autonomia às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal, não viola o art. 61, § 1º, II, alínea

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"c", da CF/88 nem o princípio da separação dos poderes, mesmo tendo sido proposta por iniciativa parlamentar.
STF. Plenário. ADI 5296 MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/5/2016 (Info 826).

- A competência para legislar sobre serviços de telecomunicações é privativa da União art. 21, XI e art. 22, IV, da
CF/88). Logo, é inconstitucional lei estadual que determinou às empresas telefônicas que criem e mantenham um
cadastro de assinantes interessados em receber ofertas de produtos e serviços, que deve ser disponibilizado
para as empresas de telemarketing. STF. Plenário. ADI 3959/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2016
(Info 822)

- É inconstitucional norma resultante de emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa exclusiva do Chefe
P h ó ( 1 1º II “ ”
e art. 63, I, da CF/88). STF. Plenário. ADI 2810/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2016 (Info 822).

- A iniciativa de projetos de lei que tratem sobre a organização e o funcionamento dos Tribunais de Contas é
ó ( 9 II “ ” F 88) É h
parlamentares em projetos de lei de iniciativa do Tribunal de Contas, desde que respeitados dois requisitos: a)
guardem pertinência temática com a proposta original (tratem sobre o mesmo assunto); b) não acarretem em
aumento de despesas. STF. Plenário. ADI 5442 MC/DF e ADI 5453 MC/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
17/3/2016 (Info 818).

- Súmula vinculante 54: A medida provisória não apreciada pelo congresso nacional podia, até a Emenda
Constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei
desde a primeira edição. STF. Plenário. Aprovada em 17/03/2016, DJe 28/03/2016

- É inconstitucional lei estadual que veda ao Poder Público estadual exigir a revalidação de títulos obtidos em
instituições de ensino superior dos países membros do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL. A lei estadual que
trata sobre revalidação de títulos obtidos em instituições de ensino superior dos países membros do MERCOSUL
afronta o pacto federativo (art. 60, §4º, I, da CF/88) na medida em que usurpa a competência da União para
dispor sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV). STF. Plenário. ADI 5341 MC- Referendo/AC,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 10/3/2016 (Info 817).

- Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Presidente da Câmara dos Deputados, considerando que
a garantia prevista neste dispositivo é destinada expressamente ao chefe do Poder Executivo da União
(Presidente da República). Desse modo, por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é possível
qualquer interpretação que amplie a sua incidência a outras autoridades, notadamente do Poder Legislativo. STF.
Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816)

- Em regra, a decisão proferida pelo STF em processos individuais (ex: recurso extraordinário, reclamação)
possui eficácia inter partes. No entanto, no caso do RE 567.985/MT, do RE 580963/PR e do Rcl 4374/PE é
diferente. Isso porque o Plenário da Corte Suprema, no julgamento desses processos não apenas resolveu o

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conflito individual deduzido naquela causa, mas realizou, expressamente, a reinterpretação da decisão proferida
pelo STF na ADI 1.232/DF. Em outras palavras, a decisão proferida no processo individual ganhou eficácia erga
omnes e efeito vinculante porque reinterpretou e modificou uma decisão proferida em ADI, que possui tais
atributos. Logo, por ter "substituído" um entendimento do STF que tinha eficácia erga omnes e efeito vinculante,
a nova decisão proferida em sede de controle concreto ganhou contornos de controle abstrato. Dessa forma, se
uma decisão proferida por outro órgão jurisdicional violar o que foi decidido pelo STF no RE 567.985/MT, no RE
580963/PR e no Rcl 4374/PE caberá reclamação para o Supremo. Obs: apenas para esclarecer, em 1998, na ADI
1.232/DF, o STF havia decidido que o § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93 era constitucional. Em 2013, ao apreciar
novamente o tema no RE 567.985/MT, no RE 580963/PR e no Rcl 4374/PE, processos individuais julgados em
conjunto, o STF mudou de entendimento e afirmou que o referido § 3º é parcialmente inconstitucional. STF.
Decisão monocrática. Rcl 18636, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 10/11/2015 (Info 813).

#DEOLHONASÚMULA: SÚMULAS RELEVANTES

 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

SÚMULA VINCULANTE 46
A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento são da competência legislativa privativa da União.
SÚMULA VINCULANTE 39
Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
SÚMULA VINCULANTE 2
É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e
sorteios, inclusive bingos e loterias.

 DIREITOS FUNDAMENTAIS

SÚMULA VINCULANTE 28
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
SÚMULA VINCULANTE 25
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
SÚMULA VINCULANTE 21

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É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de
recurso administrativo.
SÚMULA VINCULANTE 14
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.
SÚMULA VINCULANTE 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

 DIREITOS POLÍTICOS

SÚMULA VINCULANTE 18
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista
no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

 IMUNIDADE PARLAMENTAR

SÚMULA 245 (STF)


A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.

 PRECATÓRIOS

SÚMULA VINCULANTE 17
Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os
precatórios que nele sejam pagos.
SÚMULA 655 (STF)
A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não
dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos
precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.

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 TRIBUNAL DE CONTAS

SÚMULA VINCULANTE 3
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando
da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
SÚMULA 653 (STF)
No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela
Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um dentre
auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro a sua livre escolha.
SÚMULA 347 (STF)
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos
do poder público.
SÚMULA 6 (STF)
A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo
Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele Tribunal, ressalvada a competência revisora
do Judiciário.

DIREITO ELEITORAL10

Princípios:
- Princípio da anualidade (art. 16, CF): a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
- Princípio dispositivo (Súmula 18): Conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimidade o juiz
eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor multa pela veiculação de propaganda
eleitoral em desacordo com a Lei n. 9.504/97.
- Pelo princípio da publicidade, as ações eleitorais devem ser públicas. Até mesmo a AIME (Ação de
Impugnação de Mandato Eletivo), que tem previsão constitucional, art. 14, § 11, e deve correr em segredo de
justiça, terá seu julgamento aberto ao público.

- Consequência da perda ou suspensão dos direitos políticos na inscrição eleitoral (Privação dos direitos
políticos).

10Por Liana Schuler e Bruna DaRonch.


Bibliografia: Por dentro das eleições 2016 : calendário, regras e atuação do MPF – 2. ed. – Brasília: MPF, 2016. Gomes, José
Jairo Direito eleitoral / José Jairo Gomes – 12. ed. – São Paulo: Atlas, 2016.

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Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I -
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III -
condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a
todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do
art. 37, § 4º.

 Prevalece na doutrina que são casos de suspensão: cancelamento da naturalização, condenação criminal
transitada em julgado, improbidade administrativa. O cancelamento da naturalização é hipótese de perda. Em
relação à recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, há discussão, embora prevalece
se tratar de um caso de suspensão dos direitos políticos.
 Também será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro nato que adquirir outra nacionalidade, salvo
nos casos: (a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (b) de imposição de
naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
 A perda da nacionalidade brasileira acarreta ipso facto a perda dos direitos políticos.

- Incapacidade civil absoluta:

 O juiz cível que decretar a interdição deverá comunicar esse fato ao juiz eleitoral ou ao TRE, de maneira
que seja cancelado o alistamento do interditado, com a consequente exclusão do rol de eleitores (CE, art. 71, II e
§ 2o).

- Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos

 Reza o artigo 15, inciso III, da Constituição Federal que a condenação criminal transitada em julgado
determina a suspensão de direitos políticos enquanto perdurarem seus efeitos. Trata-se de norma autoaplicável,
conforme pacífico entendimento jurisprudencial.
 Efeito secundário da sentença criminal condenatória. Não é necessário que venha gravada na parte
dispositiva do decisum
 No julgamento da Ação Penal no 470, o plenário do Supremo Tribunal Federal, pela estreita maioria de 5 a
4, na sessão realizada em 17-12-2012, firmou a interpretação de que, havendo condenação criminal emanada do
Pretório Excelso (mormente na hipótese de crime contra a administração pública), a perda do mandato
parlamentar do acusado exsurge direta e automaticamente do trânsito em julgado do decisum. à Mesa da Casa
Legislativa cabe apenas declarar a perda do mandato e não decidi-la. Todavia, esse último entendimento foi
revogado pelo próprio STF no julgamento da Ação Penal no 565/RO, ocorrido na sessão plenária dos dias 7 e 8-8-
2013. Dessa feita, também por maioria de votos, afirmou o Pretório Excelso competir à respectiva Casa
Legislativa decidir sobre a eventual perda de mandato parlamentar (no caso, de senador), por força do disposto
no artigo 55, VI, § 2o, da CF. De maneira que o específico efeito atinente à perda de mandato político não decorre
direta e automaticamente do ato jurisdicional. É essa a interpretação tendencial daquela Corte Suprema.
EXCEÇÃO: quando se tratar de deputado cujo prazo de prisão em regime fechado exceda o período que falta

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para a conclusão de seu mandato, a perda se dá como resultado direto e inexorável da condenação, sendo a
decisão da Câmara dos Deputados vinculada e declaratória (Caso DONADON)
 No que concerne a vereadores e detentores de mandato executivo (prefeito, governador, presidente da
República e seus respectivos vices) o trânsito em julgado da condenação criminal implica privação de direitos
políticos e perda de mandato.
 Não importa a natureza da pena aplicada, pois, em qualquer caso, ficarão suspensos os direitos políticos
 Sentença absolutória imprópria: também nessa hipótese haverá suspensão de direitos políticos.
 Transação penal e suspensão condicional do processo: não há a suspensão de direitos políticos. De outro
modo, ocorrendo suspensão da pena (sursis da pena), os direitos políticos serão suspensos, pois haverá
condenação criminal, que produzirá efeitos, não havendo tão somente a execução da pena.
 ú 9 “A ~ ~
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou prova de reparação
d ” ~ ( PP 1) ó ~ z
condenação, de maneira a restaurar os direitos políticos.
 O legislador foi mais severo em relação a alguns delitos, pois, conforme dispõe o artigo 1o, I, e, da LC no
64/90, são inelegíveis para qualquer cargo “ ~
proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena, pelos crimes: 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o
patrimônio público; 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na
lei que regula a falência; 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena
privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à
inabilitação para o exercício de função pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de
tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição
análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados por organização criminosa, quadrilha
” A õ | z 8 ó
cumprimento ou a extinção da pena.

- Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII:

 Entre as obrigações legais a todos impostas destacam-se o exercício da função de jurado e a prestação de
serviço militar.
 A suspensão dos direitos políticos só cessará com o cumprimento, a qualquer tempo, das obrigações
devidas (Lei no 8.239/91, art. 4o, § 2o). Todavia, se aquele que se recusa a prestar serviço militar ou alternativo
ainda não estiver alistado como eleitor, não será esse um caso de suspensão nem de perda de direitos políticos,
mas, sim, de impedimento. Conforme acentuado, o impedimento consiste em obstáculo à aquisição de direitos.
Estará, pois, impedido de se tornar cidadão, até que realize a obrigação alternativa.

- Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º:

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 Como consequência da ação ímproba, o artigo 12 da Lei 8429/92 estipula várias sanções, entre as quais
destaca-se a suspensão de direitos políticos por até dez anos. Transitando em julgado sentença judicial que
condene alguém pela prática de ato dessa natureza, cópia dela deve ser encaminhada ao juiz eleitoral para os
registros devidos. Ultrapassado aquele lapso, volta-se a usufruir dos direitos políticos.

 A condenação por improbidade apresenta natureza civil-administrativa. Diferentemente do que ocorre


com a condenação criminal, a suspensão dos direitos políticos deve vir expressa na sentença que julgar
procedente o pedido inicial. Reza o artigo 20 da Lei no 8.429/92 que a perda de função pública e a suspensão de
direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parte da doutrina tem considerado os incisos I (cancelamento de naturalização) e IV (escusa de consciência)


do citado artigo 15 da Constituição como hipóteses de perda de direitos políticos. As demais são de suspensão A
perda ou a suspensão de direitos políticos podem acarretar várias consequências jurídicas, como o cancelamento
do alistamento e a exclusão do corpo de eleitores (CE, art. 71, II), o cancelamento da filiação partidária (LOPP, art.
22, II), a perda de mandato eletivo (CF, art. 55, IV, § 3o), a perda de cargo ou função pública (CF, art. 37, I, c.c. Lei
no 8.112/90, art. 5o, II e III), a impossibilidade de se ajuizar ação popular (CF, art. 5o, LXXIII), o impedimento para
votar ou ser votado (CF, art. 14, § 3o, II) e para exercer a iniciativa popular (CF, art. 61, § 2o).

Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado:

 O artigo 12, § 4o, I, da Constituição determina a perda da nacionalidade do brasileiro naturalizado que tiver
cancelada sua naturalização em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
 Somente por decisão judicial se pode cancelar naturalização.
 É da Justiça Federal a competência para as causas referentes à nacionalidade e à naturalização (CF, art.
109, X).
 M Pú F “ ver ação visando ao cancelamento de
z ~ ”( 9 IX)

Justiça Eleitoral e competência


- A Justiça Eleitoral apresenta natureza federal, sendo mantida pela União. Seus servidores são federais. Seu
orçamento é aprovado pelo Congresso Nacional. Em matéria criminal, é a Polícia Judiciária Federal que detém
atribuições para instaurar e conduzir inquéritos policiais com vistas à apuração de crimes eleitorais, o que é feito
corriqueiramente.

#SELIGANASÚMULA:
Súmula 374 STJ: Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito decorrente de multa
eleitoral.
Súmula 368 STJ: Compete à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de retificação de dados
cadastrais da Justiça Eleitoral.

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Ao contrário dos demais órgãos que compõem o Poder Judiciário, a Justiça Eleitoral não apresenta corpo
próprio e independente de juízes. Nela atuam magistrados oriundos de diversos tribunais, a saber: Supremo
Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Justiça Comum Estadual, Justiça Comum Federal e da Ordem dos
Advogados do Brasil. Vislumbra-se nisso importante manifestação do princípio cooperativo no federalismo
brasileiro, haja vista que outros órgãos disponibilizam seus integrantes para assegurar o regular funcionamento
da Justiça Eleitoral. Por outro lado, a investidura de seus membros é sempre temporária, vigendo pelo prazo
mínimo de 2 anos, que pode ser renovado no período subsequente (CF, art. 121, § 2o). São esses importantes
fatores que contribuem para a desejada imparcialidade dessa instituição.

A Justiça Eleitoral desempenha várias funções, notadamente as seguintes: administrativa, jurisdicional,


normativa e consultiva.

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE)

 Composição: no mínimo, de sete membros h “I – mediante eleição, pelo voto secreto: a)


três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior
Tribunal de Justiça; II – por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável
F ”

O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal são escolhidos entre os Ministros do Supremo Tribunal


Federal.
O Corregedor Eleitoral é escolhido entre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

 Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si parentesco, ainda que
por afinidade, até o 4o grau, excluindo-se nesse caso o que tiver sido escolhido por último (CE, art. 16, § 1o).
 #MP: não há assento para membros o MP no TSE, nem no TRE.
 Uma característica importante na aplicação do Direito Eleitoral é a expedição das chamadas resoluções
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essas resoluções são atos que disciplinam determinados aspectos das leis e
têm aplicabilidade obrigatória, ou seja, têm força de lei. As resoluções do TSE disciplinam, por exemplo, a
propaganda eleitoral (estabelecendo o que é permitido e o que é proibido), as datas do calendário eleitoral e as
regras para o alistamento eleitoral.
 Os membros do TSE, no exercício de suas funções, gozam de plenas garantias e são inamovíveis. Todavia –
diferentemente dos demais integrantes da magistratura –, não são vitalícios (CF, art. 95, I). Salvo motivo
justificado, servem por apenas dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
 Suas decisões, assim na interpretação de lei eleitoral em face da Constituição e cassação de registro de
partidos políticos, como sobre quaisquer recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de
diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum
juiz, será convocado o substituto. Não sendo possível a convocação, tem-se entendido que o julgamento poderá
ser efetuado com o quorum incompleto

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 A competência do Tribunal Superior encontra-se fixada no artigo 121, § 4o, da Constituição Federal. à vista
disso, já se entendeu não caber àquela Corte apreciar recurso especial contra decisão de natureza estritamente
administrativo-eleitoral dos Tribunais Regionais, já que essa matéria não estaria contemplada no referido
dispositivo constitucional.
 Releva salientar serem irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem a
Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Assim, têm caráter final e definitivo
os julgamentos do TSE acerca de matéria infraconstitucional
 Os Tribunais e juízes inferiores devem dar imediato cumprimento às decisões, aos mandados, instruções e
outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral (CE, art. 21). O não cumprimento pode ensejar a
apresentação de reclamação perante aquela Corte Superior a fim de que seja garantida a autoridade de suas
õ ( F 1 I 1 I ) õ 988 II P “ ~
interessada ou do Ministério Público […] õ ”

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE)

 Nos termos do artigo 120, § 1o, da Constituição, ele é composto de sete membros assim escolhidos: I –
mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de
dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II – de um juiz do Tribunal Regional
Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em
qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III – por nomeação, pelo Presidente da República, de
dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de
Jus ”
 No que toca aos juízes oriundos da classe dos advogados, a lista sêxtupla é formada pelo Tribunal de
Justiça e encaminhada ao TSE, o qual a repassa à presidência da República para que seja feita a escolha
 O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral são escolhidos entre os desembargadores
estaduais.
 Gozam eles de plenas garantias no exercício de suas funções, são inamovíveis, mas não usufruem de
vitaliciedade. Assim, servem por apenas dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
Permitida, pois, a recondução.
 Não podem fazer parte do mesmo Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentesco, ainda que
por afinidade, até o 4o grau, excluindo-se nesse caso a que tiver sido escolhida por último. (CE, art. 25, § 6o).
 O Tribunal Regional, em regra, delibera por maioria de votos, em sessão pública (CE, art. 28, caput).
Todavia, em certas hipóteses, a deliberação deve ser feita pelo voto da maioria absoluta de seus membros, tal
como ocorre na declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato do Poder Público – nos termos do art. 97 da
Constituição Federal
 Havendo ausência, impedimento ou suspeição e não existindo quorum para votação, o juiz ausente será
substituído por outro da mesma categoria, designado na forma legal (CE, art. 28, § 1o). Inexiste a figura de
membro ad hoc de Tribunal Eleitoral. Assim, não sendo possível convocar substituto ou inexistindo este (ex.: por
falta de designação da autoridade competente), poderá o julgamento, excepcionalmente, ser levado a efeito
com o quorum incompleto. Esse entendimento já foi sufragado na jurisprudência.

61
 Perante o Tribunal Regional, e com recurso voluntário para o Tribunal Superior, qualquer interessado
poderá arguir a suspeição de seus membros, do Procurador Regional, de funcionários de sua Secretaria, assim
como de juízes, nos casos previstos na lei processual civil e por motivo de parcialidade partidária, mediante o
processo previsto em regimento (CE, art. 28, § 2o).
 O § 4o do artigo 121 da Constituição dispõe que, das decisões dos Tribunais Regionais, somente caberá
recurso para o TSE quando: I – forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II –
ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III – versarem sobre
inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV – anularem diplomas ou
decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V – denegarem habeas corpus, mandado de
segurança, habeas data ou mandad ~ ”

JUÍZES ELEITORAIS

 Atualmente, tem havido polêmica acerca do sentido e da extensão do termo juiz de direito. Controverte-se
a respeito de quem deve ser designado para o exercício das funções de juiz eleitoral: juízes estaduais ou juízes
federais. No entanto, ainda não há definição acerca dessa questão, de maneira que a primeira instância da Justiça
Eleitoral segue sendo exercida exclusivamente por magistrados da Justiça Comum estadual.
 Os juízes de direito que exercem funções eleitorais são designados pelo Tribunal Regional Eleitoral. Se na
comarca houver só um juiz, ele acumulará as funções eleitorais. Havendo mais de um, o Tribunal deverá designar
aquele que exercerá a jurisdição naquela zona eleitoral.

JUNTAS ELEITORAIS

 Além de um juiz eleitoral, são compostas de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade, nomeados
pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral, após aprovação pela Corte Regional. Portanto, poderão as Juntas
ser formadas por três ou quatro membros.
 Sua existência é provisória, já que constituída apenas nas eleições, sendo extinta após o término dos
trabalhos de apuração de votos, exceto nas eleições municipais, em que permanece até a diplomação dos eleitos
 A competência desse órgão liga-se à apuração das eleições realizadas nas zonas eleitorais sob sua
jurisdição. Nos termos do artigo 40 do Código Eleitoral, compete-lhe ainda: resolver as impugnações e demais
incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração dos votos; expedir boletins de apuração;
expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.

DIVISÃO GEOGRÁFICA DA JUSTIÇA ELEITORAL

 No prisma territorial, a Justiça Estadual Comum é dividida em comarcas. Entende-se por comarca o espaço
em que o juiz de direito exerce jurisdição; pode abranger mais de um município. Assim, a comarca delimita
territorialmente o exercício do poder jurisdicional. Nesse aspecto, a Justiça Eleitoral segue peculiar divisão
interna. Distinguem-se a seção, a zona e a circunscrição eleitoral.

62
 A Zona Eleitoral (ZE) encerra a mesma ideia de comarca. Trata-se do espaço territorial sob jurisdição de juiz
eleitoral. A área da zona eleitoral pode coincidir com a da comarca, e geralmente é isso o que ocorre. No entanto,
uma comarca pode abrigar mais de uma zona.
 Ademais, a área da zona não coincide necessariamente com a do município. Logo, uma zona pode
abranger mais de um município, assim como um município pode conter mais de uma zona eleitoral.
 A seção eleitoral é já uma subdivisão da zona. Trata-se do local onde os eleitores são inscritos e
comparecem para votar no dia das eleições. É a menor unidade na divisão judiciária eleitoral.
 A circunscrição é também uma divisão territorial, mas tem em vista a realização do pleito. Nas eleições
municipais, cada município constitui uma circunscrição. Nas eleições gerais (Governador,Senador e Deputado), a
circunscrição é o Estado da Federação e o Distrito Federal. Já para as eleições presidenciais, a circunscrição é o
território nacional.

#DEOLHONOEDITAL:
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Matéria de competência
Órgãos do MPE Grau de jurisdição
originária

■ Procurador-Geral Eleitoral (PGR)


■ Vice-Procurador-Geral Eleitoral (integram TSE ■ Eleição presidencial
o MPF)

■ Procuradores Regionais Eleitorais (integram TREs ■ Eleições federais, estaduais


o MPF) ■ Juízes auxiliares e distritais

■ Promotores Eleitorais (integram o MP ■ Juízes eleitorais


■ Eleições municipais
Estadual) ■ Juntas eleitorais

A função eleitoral, desempenhada pelo Ministério Público, tem natureza federal e é o que se depreende do
art. 78 da LC n. 75/93 ao dispor que as funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e Juntas
Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral, que é integrante do MP Estadual.

#CONCLUSÃO G “ ó ~ os
Promotores de Justiça o fazem como Ministério Público Federal, estando sujeitos à legislação que rege o
parquet federal”

Muita atenção: tecnicamente, não existe Ministério Público Eleitoral. Veja:

63
Promotor Eleitoral: Oficia perante o juiz/junta eleitoral. Cuida-se de promotor de justiça com
atribuições eleitorais (em razão do princípio da delegação). Em cada zona eleitoral existe um juiz
eleitoral e um promotor eleitoral. Matéria de competência originária: eleições municipais.

Procurador Regional Eleitoral: Oficia junto ao TRE e juízes auxiliares. Cuida-se de membro do MPF
(princípio da federalização) com atribuições eleitorais. Matéria de competência originária: eleições
federais, estaduais e distritais.

Procurador-Geral Eleitoral: Oficia no TSE. Cuida-se do próprio PGR. O Vice Procurador Geral
Eleitoral, por sim, é um Subprocurador-Geral Federal investido com atribuições eleitorais. Matéria de
competência originária: eleição presidencial.

Obs: Se um promotor de justiça eleitoral pede o arquivamento de inquérito por crime eleitoral, o
responsável pela revisão do pedido de arquivamento (art. 28 do CPP) é um Procurador Regional Eleitoral (MPF
com atribuições eleitorais).

Art. 128. O Ministério Público abrange:


I – o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do
Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II – os Ministérios
Pú ”

A jurisprudência do TSE vem se firmando no sentido de que membro do Ministério Público que ingressou na
instituição depois da constituição federal de 1988, porém antes da emenda constitucional n. 45/2004 (que
estendeu ao parquet as mesmas regras de inelegibilidade destinadas aos magistrados), possui direito adquirido à
candidatura.

O Ministério Público Eleitoral atua ininterruptamente, e não só durante as eleições. Além de acompanhar o
andamento das ações que tramitam na Justiça Eleitoral, o MP Eleitoral pode, por exemplo, propor ações por
inelegibilidades supervenientes às eleições ou fiscalizar, a qualquer tempo, a regularidade das inscrições
eleitorais

Procuradores e promotores eleitorais não podem responder consulta sobre fatos e questões eleitorais. Isso
significa que partidos políticos, candidatos, veículos de imprensa ou cidadãos não podem dirigir-se ao Ministério
Público Eleitoral para tirarem dúvidas sobre como proceder. O MP Eleitoral pode até orientar informalmente, de
maneira a evitar abusos, mas essas orientações não vinculam sua atuação. Ou seja, o promotor ou o procurador
regional eleitoral pode vir a ter um entendimento diverso daquela orientação quando tiver de agir diante do caso
concreto.

64
As funções do Ministério Público encontram-se elencadas no artigo 129 da Constituição Federal. No tocante às
funções eleitorais, foram elas atribuídas ao Ministério Público Federal. Reza, com efeito, a Lei Complementar no
75/93:

“A M Pú F {J õ
do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias do processo eleitoral. Parágrafo único. O Ministério
Público Federal tem legitimação para propor, perante o juízo competente, as ações para declarar ou decretar a
nulidade de negócios jurídicos ou atos da administração pública, infringentes de vedações legais destinadas a
proteger a normalidade e a legitimidade das eleições, contra a influência do poder econômico ou o abuso do
poder político ou administrativo.

Se, nos Tribunais Eleitorais, o Ministério Público Federal atua com exclusividade, tal já não ocorre na primeira
instância. Nesta, o Parquet estadual presta contribuição fundamental.

#LIGADONOPARQUET: No campo eleitoral, não existe prazo distinto para o MP eleitoral, tendo o mesmo
prazo das partes para ajuizamentos de ações eleitorais (AIRC, AIME, AIJE, RCD, Representações etc.) e
manifestações. Apenas a ciência dos atos judiciais mediante vista dos autos e não publicação pela imprensa é que
se mantém ao Ministério Público Eleitoral.

PROCURADOR-GERAL ELEITORAL

O Procurador-Geral Eleitoral (PGE) é o Procurador-Geral da República (PGR). Como o mandato deste é de dois
anos (CF, art. 128, § 1o), resulta que o daquele conta com prazo idêntico, o que se harmoniza com o mandato dos
juízes dos Tribunais Superior e Regionais Eleitorais. A diferença é que o PGR – e, portanto, também o PGE – pode
ser reconduzido várias vezes ao cargo, ao passo que os juízes desses Tribunais só podem cumprir, no máximo,
dois mandatos consecutivos de dois anos cada, o que totaliza quatro anos.

Compete ao PGE exercer as funções do Ministério Público nas causas de competência do Tribunal Superior
Eleitoral. Nos termos do artigo 75 da LC no 75/93, incumbe- h “I – designar o Procurador Regional
Eleitoral em cada Estado e no Distrito Federal; II – acompanhar os procedimentos do Corregedor-Geral Eleitoral;
III – dirimir conflitos de atribuições; IV – requisitar servidores da União e de suas autarquias, quando o exigir a
necessidade do serviço, sem prejuízo dos direitos e vantagens inerentes ao exercício de seus cargos ou

Havendo necessidade de serviço, o Procurador-Geral Eleitoral poderá designar membros do Ministério Público
Federal para oficiar, com sua aprovação, perante o Tribunal Superior Eleitoral. Todavia, diante da vedação
constante do artigo 18, parágrafo único, do Código Eleitoral, os designados não poderão ter assento naquela
Corte Eleitoral.

65
PROCURADOR-REGIONAL ELEITORAL

 Ele é, juntamente com seu substituto, designado pelo Procurador-Geral Eleitoral entre os Procuradores
Regionais da República lotados e em exercício no Estado e no Distrito Federal, ou, onde não houver, entre os
Procuradores da República vitalícios (LC no 75/93, art. 76).
 O Procurador Regional Eleitoral tem mandato de dois anos, podendo ser reconduzido uma vez.
 Sua destituição antes do término desse prazo, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, deve contar com
a anuência da maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal (LC no 75/93, art. 76, §§ 1o e
2o).
 Ao PRE incumbe exercer as funções do Ministério Público nas causas de competência do Tribunal Regional
Eleitoral. Outrossim, dirige, no Estado, as atividades do Ministério Público Eleitoral (LC no 75/93, art. 77). Assim,
nesse particular, os Promotores Eleitorais encontram-se funcionalmente (não administrativamente!)
subordinados a ele, e não ao Procurador-Geral de Justiça.

#DEOLHONOEDITAL: Conflitos Positivos e Negativos De Atribuição entre membros do MP Eleitoral

QUEM DECIDE O CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES


ENTRE MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO?
MPE do Estado 1 x MPE do Estado 1 Procurador-Geral de Justiça do Estado1
MPF x MPF CCR, com recurso ao PGR
MPU (ramo 1) x MPU (ramo 2) Procurador-Geral da República
MPE x MPF Procurador-Geral da República
MPE do Estado 1 x MPE do Estado 2 Procurador-Geral da República

Alistamento eleitoral

A decisão que defere ou indefere requerimento de alistamento eleitoral sujeita-se a recurso perante o Tribunal
Regional Eleitoral. Nesse sentido, estabelece o artigo 7o, § 1o, da Lei no 6.996/82 (que derrogou o artigo 45, § 7o,
ó ) “ h ~ |
prazo de 5 (cinco) dias e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer delegado de Partido Político no prazo de 10
( z) ”

1 1 ~ 1 8 õ “
despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando no prazo de cinco
dias e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias, contados da
colocação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1o e 15 de cada mês, ou
no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes dessas datas e mesmo que os
~ ( 99 8 )”

66
Observe-se que o membro do Ministério Público que oficiar perante o juízo eleitoral terá igualmente
legitimidade para recorrer. Seu prazo deve ser o mesmo deferido ao delegado de partido

A 91 “ h ~ |
150 (cento e cinquenta) dias anteriores à data da eleição.
Art. 14, CF:
- § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de 18 anos; II - facultativos para: a)
os analfabetos; b) os maiores de 70 anos; c) os maiores de 16 e menores de 18 anos.

- OBS: Dispõe o art. 6º do Código Eleitoral que o alistamento também não é obrigatório em relação aos
inválidos e aos que se encontrem fora do País; e que o voto não é, outrossim, obrigatório em relação aos
enfermos, aos que se encontrem fora do seu domicílio e aos funcionários civis e militares que estejam em
serviço que os impossibilite de votar.

- § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
os conscritos.

- OBS: o Código Eleitoral dispõe que não podem se alistar como eleitores os que não saibam exprimir-se na
língua nacional e os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos (art. 5º do
CE).

- § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

- § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito


Federal e os Prefeitos devem RENUNCIAR (não apenas se afastar ou se licenciar) aos respectivos mandatos até 6
MESES antes do pleito. OBS: O dever de renúncia (dever de desincompatibilização), não atinge o Vice, recaindo
apenas sobre o Chefe do Poder Executivo.

- § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição (inelegibilidade reflexa).

- § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

- § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação.

67
- § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de 15 DIAS contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

- § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da


lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

- Art. 81, CF: vagando os cargos de Presidente e Vice nesse período, cabe ao Congresso Nacional escolher o
Presidente da República (art. 81 da CF), sendo válido acrescentar que o STF entende que esse modelo não é
obrigatório para os Estados e Municípios, que possuem autonomia para copiar ou criar de maneira diferente.

ELEGIBILIDADE. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos
direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI -
a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos
para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal,
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador.

Nacionalidade brasileira: Resolução TSE no 21.538/2003: a outorga a brasileiros do gozo dos direitos políticos
em Portugal, devidamente comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral, importará suspensão desses mesmos
direitos no Brasil.

Domicílio eleitoral na circunscrição: O cancelamento de transferência eleitoral é matéria regulada pela


legislação infraconstitucional, tendo natureza de decisão constitutiva negativa com eficácia ex nunc, conforme
decidido por esta Corte no Acórdão no 12.039. 8. Se o candidato solicitou e teve deferida transferência de sua
inscrição eleitoral, não tendo sofrido, naquela ocasião, nenhuma impugnação, conforme prevê o art. 57 do
Código Eleitoral, ele possuía domicílio eleitoral no momento da eleição, não havendo como reconhecer a
ausência de condição de elegibilidade por falta deste. 9. O cancelamento de transferência supostamente
fraudulenta somente pode ocorrer em processo específico, nos termos do art. 71 e seguintes do Código Eleitoral,
em que sejam obedecidos o contraditório e a ampla defesa. Recurso contra expedição de diploma a que se nega
” ( SE – RCED no 653/ SP – DJ 25-6-2004)

No caso do domicílio eleitoral, a interpretação jurisprudencial é a mais elástica possível. O Código Eleitoral
“ o mais
de uma, considerar-se-| ”( | ú ) P
qualquer espécie de vínculo para caracterizar o domicílio eleitoral, seja ele familiar, econômico, social ou político.

#NOVIDADES SOBRE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA: Para se candidatar, o interessado deverá estar filiado a partido
político há pelo menos 06 meses antes das eleições. Isso significa que, se quiser mudar de partido, essa mudança
também deverá acontecer no mesmo prazo. Além disso, a mudança deverá ser obrigatoriamente comunicada ao
partido do qual sai e ao juiz da respectiva zona eleitoral no dia imediatamente posterior ao da nova filiação, para

68
que a filiação anterior seja cancelada. Se não o fizer, estará configurada dupla filiação partidária. Nesse caso,
õ 1 891 1 “havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais
recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais ”

A regularidade da filiação partidária será aferida por ocasião do pedido de registro de candidatura.

É constitucional o art. 4º da Lei 9.504/97, que exige que o partido político tenha no mínimo um ano de
existência para que possa concorrer nas eleições. “ h ~ ó gão de direção
~ ”( )

Acaso haja duplicidade ou pluralidade de filiações (casos em que o mesmo cidadão figura filiado a dois ou mais
) “ | J ”
(LOPP, art. 22, parágrafo único – com a redação da Lei no 12.891/2013).

O prazo de filiação partidária para aqueles que, por força de disposição constitucional, são proibidos de
exercer atividades político-partidárias, deve corresponder, no mínimo, ao prazo legal de desincompatibilização
9 […]” ( – Res. no 23.180, Consulta no 1.731 – DJe 11-12-2009, p. 10)

Idade mínima: Constituição adotou o critério cronológico, de modo que somente ao atingir a idade
especificada estará preenchida a condição de elegibilidade em apreço. O menor emancipado, por exemplo, não a
preenche. Prescreve a primeira parte do § 2o, art. 11, da Lei das Eleições que o requisito da idade mínima deve ser
atendido na data da posse. Entretanto, isso não poderá ocorrer quando a idade mínima é fixada em dezoito anos,
pois nesse caso a parte final do § 2o, art. 11 da LE (introduzida pela Lei no 13.165/2015) determina que a idade seja
“ ta-limite para o pedido de registro

INELEGIBILIDADE

#DEOLHONOEDITAL:
As inelegibilidades estão previstas na Constituição e na LC nº 64/90, alterada pela LC nº 135/2010 (Lei da Ficha
Limpa), que cria novas hipóteses de inelegibilidade, para proteger a probidade administrativa e a moralidade no
exercício do mandato.

As inelegibilidades podem acarretar a negação ou cassação do registro de candidatura, a negação ou


cancelamento do diploma ou a perda do mandato eletivo.

As inelegibilidades constitucionais não precluem, ou seja, se elas não forem arguídas por ocasião do pedido de
registro, ainda poderão ser questionadas em outra oportunidade, após as eleições, por meio do Recurso contra
Diplomação. Já as inelegibilidades legais, se não forem discutidas no registro de candidatura, não poderão mais
ser questionadas (a não ser que sejam supervenientes ao pedido de registro). Com a nova regulamentação do

69
recurso contra expedição de diploma, a falta de condição de elegibilidade também poderá por ele ser combatida
(art. 262 do CE com a redação dada pela Lei nº 12.891/2013)

P ~ ~ • • | ( ) •
~ z z • ó ~ titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, dos titulares do Poder Executivo ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.

P º 9 õ º1 1 ( F h ) ~ •
| • A }
Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto
nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
• h tejam
sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 meses anteriores à
respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem
exonerados de qualquer responsabilidade; •
que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do
Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período
h •
tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político,
para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos oito anos
• ~ ada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena, pelos
crimes: 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2. contra o
patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3.
contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5.
de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o
exercício de função pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de
entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição análoga à de
9 1 z ~ h •
z • iverem
suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que
configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se
esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos oito anos
~ • ~ ú
indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que

70
forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na
h z •
que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de
campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do
z ~ • ú
de Estado e do Distrito Federal, o prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da
Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de
representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da
Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do
Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram
eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatur • { ~
direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de
improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a
~ } z ó •
que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, pelo
prazo de oito anos, salvo se o a h P J | •
condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem
desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade,
z ó ~ h • ú
decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de oito anos, contado da decisão, salvo se o ato
h P J | •
responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado da Justiça Eleitoral, z ó ~ •
Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o
cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo
administrativo disciplinar, pelo prazo de oito anos

REGISTRO DE CANDIDATURAS. IMPUGNAÇÕES AO REGISTRO DE CANDIDATURAS

A […] 1 A õ
da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas,
supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (Lei no 9.504/1997, art. 11, § 10). § 13. As ressalvas
previstas no § 12 também se aplicam às hipóteses em que seja afastada a ausência de condições de elegibilidade.
” “ ~ ”
candidatura deve ser desconsiderada se, após aquele momento, não subsistir, devendo, ao final, haver o
deferimento do pedido de registro de candidatura

#SELIGANASÚMULA:

71
ú “ ~ z z
de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver motivado o indeferimento, ser juntado
| ” - “1 A
apresentação de documento faltante até a oposição de embargos de declaração na instância ordinária, desde
que não tenha sido aberto o prazo de 72 horas previsto no art. 32 da Res. – 11 […] ” ( – AgR-
REspe no 27609/RJ – PSS 27-9-2012).
Súmula 11-TSE: No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não tem legitimidade
para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional

O militar, para candidatar-se, não precisa estar filiado a partido político. Exige-se, no entanto, que seja
escolhido em convenção partidária.

O Plenário do STF reconheceu que o Ministério Público Eleitoral possui legitimidade para recorrer de
decisão que deferiu registro de candidatura, mesmo que não tenha apresentado impugnação ao pedido inicial
desse registro.
O STF, com essa decisão, modifica a posição até então dominante no TSE.
Vale ressaltar, no entanto, que esse novo entendimento manifestado pelo STF foi modulado e só valerá a
partir das eleições de 2014.
Assim, nos recursos que tratam sobre o tema, referentes ao pleito de 2012, deverá continuar sendo aplicado
o entendimento do TSE que estendia ao MP a regra da Súmula 11-TSE.
STF. Plenário. ARE 728188/RJ. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/12/2013 (Info 733).

O Ministério Público Eleitoral, qualquer candidato, partido político ou coligação podem impugnar (contestar)
os registros. O prazo para essa impugnação é de cinco dias após a publicação do edital com o nome dos
candidatos ofertados por partidos e coligações feita na Justiça Eleitoral.

Embora o Código Eleitoral tenha previsto que qualquer eleitor poderia impugnar candidaturas, a LC nº 64/90
não previu essa possibilidade, derrogando aquela norma. O que o cidadão deve fazer, então, é dar conhecimento
ao Ministério Público quando souber de alguma causa impeditiva a uma candidatura. Por exemplo: agente
político que se afasta nominalmente do cargo, mas continua exercendo de fato as funções. Qualquer cidadão no
gozo de seus direitos políticos poderá, no prazo de cinco dias contados da publicação do edital relativo ao pedido
de registro, dar notícia de inelegibilidade ao Juízo Eleitoral competente, mediante petição fundamentada,
apresentada em duas vias (art. 2º da LC nº 64/90 e art. 41 da Resolução nº 23.405/2014).

Por ser matéria de ordem pública, no processo de registro é dado ao órgão judicial afirmar de ofício a ausência
de condição de elegibilidade. Também a pessoa legitimada pode impugnar o pedido de registro, valendo-se, para
tanto, da ação de impugnação de registro de candidatura – AIRC.

A ausência de condição de elegibilidade pode acarretar negação do registro de candidatura ou sua cassação
na superior instância da Justiça Eleitoral, se já tiver sido deferido (LC no 64/90, art. 15).

72
Devido à sua natureza constitucional, a matéria em apreço não se submete à preclusão temporal.

De tal maneira, caso a falta de condição de elegibilidade não seja arguida na ocasião do registro e o candidato
venha a ser eleito, poderá ter seu diploma impugnado via recurso contra expedição de diploma (RCED),
conforme prevê o artigo 262 do CE, com a redação dada pela Lei no 12.891/ 2013.

É facultado ao partido político ou à coligação substituir candidato que tiver seu registro indeferido, inclusive
por inelegibilidade, cancelado ou cassado, ou, ainda, que renunciar ou falecer após o termo final do prazo do
registro (Lei n° 9.504/97, art. 13, caput; LC n° 64/90, art. 17; Código Eleitoral, art. 101, § 10). O pedido de registro do
substituto deve ser feito até 10 dias contados do fato ou da notificação do partido da decisão judicial que deu
origem à substituição (Lei n° 9.504/97, art. 13, § 1°). A substituição poderá ser requerida até 20 dias antes do
pleito, exceto no caso de falecimento, quando poderá ser solicitada mesmo após esse prazo (art.61, § 2º, da
Resolução nº 23.405/14)

Perda superveniente de condição de elegibilidade: em razão do relevante interesse público que se encontra
em jogo, impõe-se que a Justiça Eleitoral possa cancelar o registro de candidatura ou, pelo menos, que se admita
a legitimidade ativa do Parquet eleitoral para pleitear tal cancelamento sempre que houver perda superveniente
de condição de elegibilidade. De todo modo, no caso de cancelamento, é preciso lembrar que, por força do
artigo 5o, LIV, da Lei Maior, o ato respectivo deve ser precedido de processo próprio, no qual seja o interessado
cientificado para, querendo, se defender. Sendo ferido direito líquido e certo, pode-se cogitar a impetração de
mandado de segurança.
No que concerne à negação de diploma, vale registrar que a impugnação à diplomação é feita pelo recurso
contra expedição de diploma (RCED), previsto no art. 262 do CE. A Lei no 12.891/2013 conferiu nova redação a
“ ~
” { z a não se submete à preclusão temporal. Logo,
poderá ser arguida tanto a falta de condição de elegibilidade já existente na fase de registro de candidatura,
quanto a surgida posteriormente

CONTROLE DE ARRECADAÇÃO, GASTOS DE RECURSOS E PRESTAÇÃO DE CONTAS

Um dia após a data que inicia o prazo para a realização das convenções partidárias, cada partido já deverá ter
previsto o limite de gastos de campanha para os cargos em disputa, comunicando tais dados à Justiça Eleitoral,
que dará ampla divulgação (Lei nº 9.504/97, art. 17-A).
Durante a campanha eleitoral, os partidos políticos e os candidatos são obrigados a divulgar, em sítio criado
pela Justiça Eleitoral na internet, os recursos em dinheiro recebidos para financiamento de sua campanha
eleitoral, em até 72 (setenta e duas) horas de seu recebimento. No dia 15 de setembro, deverão enviar relatório
discriminando as transferências do Fundo Partidário, os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro
recebidos, bem como os gastos realizados. As informações sobre os recursos recebidos deverão ser divulgadas
com a indicação dos nomes, CPF ou CNPJ dos doadores e os respectivos valores doados.

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O descumprimento da obrigação de prestar contas: 1) impede o candidato de obter a certidão de quitação
eleitoral, sem a qual não poderá disputar eleições; 2) o candidato beneficiado pode responder por abuso do
poder econômico; 3) o partido perde o direito ao recebimento da quota do fundo partidário do ano seguinte ao
da decisão; e 4) o candidato ainda pode responder por crim (A ó “
alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à
~ ”)
Na prestação de contas, além de indicar os valores recebidos e as fontes de onde esses valores se originaram,
os candidatos e os partidos políticos têm de relacionar também todas as despesas efetuadas durante a
h A ~ J • A
estiverem regulares • A h ~ h
• h | h
julgadas. Por isso, todas as prestações de contas dos candidatos eleitos têm de ser julgadas até 3 (três) dias antes
da diplomação (art. 30, § 1°, da Lei n° 9.504/97
A rejeição das contas não impede a diplomação. Nesse caso, a Justiça Eleitoral remete cópia de todo o
processo ao Ministério Público Eleitoral, que poderá oferecer ação de investigação judicial eleitoral (art. 22, § 4°,
da Lei nº 9.504/97). Se forem comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos para fins eleitorais, será
negado diploma ao candidato; se o diploma já tiver sido outorgado, ele será cassado, podendo, ocorrer, ainda,
perda do mandato.
É obrigatória a abertura de conta bancária específica, em nome do candidato, para registro de toda a
movimentação financeira da campanha, inclusive dos recursos próprios dos candidatos e dos oriundos da
comercialização de produtos e realização de eventos, sendo proibido o uso de conta bancá- ria preexistente. O
uso de recursos financeiros para pagamentos de gastos eleitorais que não provenham dessa conta específica
implicará a desaprovação da prestação de contas do partido ou candidato.

~ •
• •
de origem não identif • h (
arrecadado, seja ele próprio ou originado de terceiros, deve ser acompanhado da emissão de recibo. Os talões de
~ ) • Realização de despesas proibidas por lei, como o
pagamento de propaganda eleitoral irregular.
Doações: Os recursos utilizados pelos candidatos nas campanhas eleitorais provêm de: 1) recursos próprios; 2)
doações de pessoas físicas; 3) doações de outros candidatos e partidos políticos; 4) repasse de recursos
provenientes do Fundo Partidário; e 5) receita decorrente da comercialização de bens ou realização de eventos.
Existe, no entanto, um limite máximo de gastos que podem ser realizados. Esse valor é fixado por lei todo dia 20
de julho do ano das eleições (art. 8º da Lei nº 13.165/2015). Para impedir o abuso do poder econômico e a
corrupção no financiamento das campanhas eleitorais, a legislação estabelece limites para o recebimento desses
recursos. No caso das pessoas físicas, as doações devem limitar-se a 10% dos rendimentos brutos auferidos pelo
doador no ano anterior ao da eleição, excetuando-se as doações estimáveis em dinheiro relativas à utilização de
bens móveis ou imóveis de propriedade do doador, desde que o valor da doação não ultrapasse R$ 80.000,00
(oitenta mil reais) (art. 23, § 7°, da Lei nº 9.504/97)

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Qualquer eleitor pode realizar gastos totais em benefício de candidato, respeitando o limite de 1.000 Ufir (art.
27 da Lei nº 9.504/97). Até esse valor, a despesa não é considerada doação e não precisa constar da prestação de
contas.
Após a reforma eleitoral promovida pela Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015, não é mais admitida doação
realizada por pessoas jurídicas. A partir de agora, o recebimento de recursos provenientes de pessoas jurídicas é
“ ”
A õ • h h
devem ser fielmente registrados, com a identificação completa d • h h
z • | ô |
depósitos em conta ou por cartão de débito e/ou crédito devem ser identificadas pelo nome do doador, seu CPF
ou CNPJ.
õ • õ ô • õ • õ h
por meio de publicidade de qualquer espécie, que provenham de: 1. entidade ou governo estrangeiro; 2. órgão da
Administração Pública Direta e Indireta ou fundação mantida com recursos públicos; 3. concessionário ou
permissionário de serviço público; 4. entidade de direito privado que receba contribuição compulsória em virtude
de disposição legal (exemplos: Sesi e Senai); 5. entidade de utilidade pública; 6. entidade de classe ou sindical; 7.
pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; 8. entidades beneficentes e religiosas; 9.
entidades esportivas; 10. organizações não governamentais que recebam recursos públicos; 11. organizações da
sociedade civil de interesse público; 12. sociedades cooperativas de qualquer grau ou natureza, cujos cooperados
sejam concessionários ou permissionários de serviços públicos e estejam sendo beneficiadas com recursos
públicos; 13. cartórios de serviços notariais e de registro.

PROPAGANDA ELEITORAL

#DEOLHONOEDITAL:
A reforma eleitoral promovida pela Lei nº 13.165/2015 mudou outras regras sobre propaganda eleitoral. Veja,
no quadro a seguir, como será disciplinada a realização de propaganda eleitoral nas eleições municipais de 2016:

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Fiscalização da propaganda eleitoral: os juízes eleitorais detêm o que se chama poder de polícia, que é o
poder de emanar ordens administrativas para retirada da propaganda irregular. Exemplo: mandar retirar da
internet sites de propaganda eleitoral que não obedecem à legislação. As promoções do poder de polícia podem
ser dirigidas a qualquer juiz eleitoral do local do dano, independentemente do tipo de eleição que está
acontecendo. A única diferença é que, no caso das eleições municipais, também é o juiz eleitoral quem julgará as
representações por propaganda irregular, decidindo sobre a aplicação da multa. No caso das eleições gerais,
após a retirada da propaganda irregular, os procedimentos serão instruídos e posteriormente remetidos ao
Tribunal Regional Eleitoral, que, por sua vez, os encaminhará à Procuradoria Regional Eleitoral para a
propositura, se for o caso, da representação

RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA - RCD

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Objetivo: Desconstituir o diploma que foi conferido a candidato eleito.
Hipóteses em que pode ser proposto: O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade.
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; partido político, candidato eleito e diplomado; e suplente. O TSE
também admite que as coligações têm legitimidade para ajuizar essa ação.
Prazos: Devem ser propostos no prazo de 3 (três) dias contados da sessão de diplomação dos eleitos (arts.
258 e 276, CE). Após o recebimento da inicial, é concedido prazo de 3 (três) dias para o recorrido oferecer
contrarrazões. Se forem juntados novos documentos, abre-se vista de 48 horas para o recorrente. Após, os autos
são encaminhados para a instância superior.

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA - AIRC

Objetivo: Indeferir o Registro de Candidatura.


Hipóteses em que pode ser proposta: 1) Falta de condição de elegibilidade; 2) Inelegibilidade; 3)
Descumprimento de formalidade legal (como apresentação de cópia da ata da convenção partidária que
escolheu os candidatos).
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato, partido político ou coligação.
Prazos: A impugnação deve ser apresentada em até 5 (cinco) dias após a publicação do edital contendo os
pedidos de registro ou da abertura de vista para o Ministério Público. Contestação: 7 (sete) dias após a
notificação. Nos 4 (quatro) dias seguintes, inquirição de testemunhas. Nos 5 (cinco) dias subsequentes, novas
diligências determinadas pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes. Após, prazo de 5 (cinco) dias para
partes se manifestarem. Julgamento: 3 (três) dias após a conclusão dos autos. Prazo para recurso: 3 (três) dias
após a publicação da decisão.

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL - AIJE

Objetivo: Inelegibilidade e Cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado.


Hipóteses em que pode ser proposta: Uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de
autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de
partido político (art. 22, LC nº 64/90).
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato ou pré-candidato, partido político ou coligação.
Prazos: Podem ser ajuizados desde a realização das convenções até a data da diplomação dos eleitos.
Contestação: 5 (cinco) dias da notificação. Instrução (fase probatória e diligências): até 8 (oito) dias. Alegações
finais: 2 (dois) dias (prazo comum para as partes). Parecer do MP: 48 horas. Julgamento: 3 (três) dias (eleições
municipais) e inclusão em pauta, se forem eleições gerais. Prazo para recurso: 3 (três) dias.

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO - AIME

Objetivo: Cassação do mandato eletivo.


Hipóteses em que pode ser proposta: 1) Abuso do poder econômico. 2) Corrupção. 3) Fraude eleitoral.

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Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato, partido político ou coligação
Prazos: Devem ser ajuizados em até 15 (quinze) dias contados da data da diplomação. Contestação: 7 (sete)
dias da notificação. Fase probatória: 4 (quatro) dias após a defesa. Alegações finais e manifestação do MP: 5
(cinco) dias depois das diligências (se houver). Decisão: 3 (três) dias depois das diligências. Recurso: 3 (três) dias
após publicação da decisão. Atenção: segundo o TSE, a Aime deve tramitar em segredo de Justiça. Só o seu
julgamento é público.

REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO (Lei nº 9.504/1997, art. 41-A)

Objetivo: Cassação do registro ou diploma e multa.


Hipóteses em que pode ser proposta: Oferecimento, promessa ou entrega ao eleitor, com o fim de obter-lhe
o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro
de candidatura até o dia da eleição.
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato, partido político ou coligação
Prazos: Podem ser ajuizados a partir do pedido de registro da candidatura até a data da diplomação. A
representação segue o rito processual da Ação de Investigação Judicial Eleitoral.

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o
candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem
pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da
eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado
o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. § 1o Para a
caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo,
consistente no especial fim de agir. § 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de
violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. § 3o A representação contra as condutas
vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação. § 4o O prazo de recurso contra decisões
proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário
Oficial.

“1. O entendimento desta Corte firmou-se no sentido de que a prática de distribuição de combustível a eleitores,
visando à participação em carreata, somente configurará captação ilícita de sufrágio se houver, conjuntamente,
pedido explícito ou implícito de votos. Precedentes. […]” (TSE – AgR-AI no 11.434/RJ – DJe, t. 29, 11-2-2014, p. 36-37).

Claro está no texto do artigo 41-A da LE que a conduta só se torna juridicamente relevante se ocorrer no curso do
processo eleitoral, isto é, entre a data designada para a formulação do pedido de registro de candidaturas e as
eleições. Com efeito, a captação é de “sufrágio”, sendo realizada por “candidato” em relação a “eleitor”.

REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO OU GASTO ILÍCITO DE RECURSOS (Lei nº 9.504/1997, art. 30-A)

Objetivo: Cassação do mandato ou diploma do candidato.

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Hipóteses em que pode ser proposta: Utilização de recursos oriundos de fonte ilícita ou obtidos de modo
ilícito, ainda que de fonte lícita, desde a campanha eleitoral.
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; partido político ou coligação
Prazos: Podem ser ajuizados até 15 (quinze) dias após a diplomação. A representação segue o rito processual
da Ação de Investigação Judicial Eleitoral.

Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15
(quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para
apurar condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos. § 1o Na
apuração de que trata este artigo, aplicar-se-á o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de
18 de maio de 1990, no que couber. § 2o Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais,
será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado. § 3o O prazo de recurso contra
decisões proferidas em representações propostas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da
publicação do julgamento no Diário Oficial.

AÇÃO RESCISÓRIA ELEITORAL

#DEOLHONOEDITAL:
Previsão legal: art. 22, I, j, do Código Eleitoral (incluído pela LC no 86/96), que trata da competência do
Tribunal Superior h ~ “) ~ ó
casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-
se o exercício do mandato eletivo até o seu trâ ” A ~
Inconstitucionalidade – ADI no 1.459-5 – DJ 7-5-1999 –, o Supremo Tribunal Federal declarou a
~ “ -se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em
” A ó -se em vigor.

Prazo: 120 dias contado do trânsito em julgado da decisão que se pretende desfazer. Não se aplica aqui o
lapso de dois anos previsto no art. 975 do CPC.

Competência: tão somente do TSE (alínea j, I, art. 22 do CE). Os Tribunais Regionais Eleitorais não detêm
competência para processar e julgar a ação em tela, nem mesmo em face de seus próprios julgados.

Objeto: rescisão de decisão do próprio Tribunal Superior Eleitoral, proferida no âmbito de sua competência
originária ou recursal. Não detém competência para rescindir julgado de Tribunal Regional, tampouco de juiz
eleitoral de 1O grau. Face à omissão legal, aceita-se a aplicação por analogia – e com as adaptações necessárias –
das hipóteses arroladas no artigo 966 do CPC.

Cabimento: somente contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral e que verse sobre inelegibilidade. Note-se
que o termo inelegibilidade é aí compreendido em sentido estrito, de maneira que é incabível a ação em apreço
“ ~ ”

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LEGITIMIDADE DO MP NA AÇÕES ELEITORAIS

#DEOLHONOEDITAL: o Ministério Público possui legitimidade para ajuizar quaisquer ações eleitorais, com
exceção ao direito de resposta no âmbito eleitoral, or se tratar de uma ação personalíssima.

CRIMES ELEITORAIS ESPECÍFICOS E ACIDENTAIS

- Crimes eleitorais puros (ou específicos) são aqueles que só podem ser cometidos na esfera eleitoral.
- Crimes acidentais são aqueles que estão previstos, além da legislação eleitoral, também na legislação
comum.
A apuração dos crimes eleitorais realizada pela polícia judiciária responsável está disciplinada na Resolução
TSE nº 22.376/06.

CAPÍTULO I – DA POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL

Art. 1º. O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição da Justiça Eleitoral, sempre que houver eleições,
gerais ou parciais, em qualquer parte do Território Nacional (Art. 2º do Decreto-Lei nº 1.064, de 24 de outubro de
1968, e Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).
Art. 2º. A Polícia Federal exercerá, com prioridade sobre suas atribuições regulares, a função de polícia judiciária
em matéria eleitoral, limitada às instruções e requisições do Tribunal Superior Eleitoral, dos Tribunais Regionais ou
dos Juízes Eleitorais (Res.-TSE nº 8.906, de 5 de novembro de 1970 e art. 94, § 3º, da Lei nº 9.504/97).
Parágrafo único. Quando no local da infração não existir órgãos da Polícia Federal, a Polícia Estadual terá
atuação supletiva (Res.-TSE nº 11.494, de 8 de outubro de 1982 e Acórdãos nos 16.048, de 16 de março de 2000 e
439, de 15 de maio de 2003).

CAPÍTULO II – DA NOTÍCIA-CRIME ELEITORAL

Art. 3º. Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal eleitoral em que
caiba ação pública deverá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la ao juiz eleitoral local (Art. 356 do Código
Eleitoral e art. 5º, § 3º, do Código de Processo Penal).
Art. 4º. Recebida a notícia-crime, o juiz eleitoral a remeterá ao Ministério Público ou, quando necessário, à
polícia judiciária eleitoral, com requisição para instauração de inquérito policial (Art. 356, § 1º, do Código de
Processo Penal).
Art. 5º. Verificada a incompetência do juízo, a autoridade judicial a declarará nos autos e os remeterá ao juízo
competente (Art. 78, IV, do Código de Processo Penal).
Art. 6º. Quando tiver conhecimento da prática da infração penal eleitoral, a autoridade policial deverá
informar imediatamente o juiz eleitoral competente (Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).
Parágrafo único. Se necessário, a autoridade policial adotará as medidas acautelatórias previstas no artigo 6º
do Código de Processo Penal (Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).

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Art. 7º. As autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante
delito pela prática de infração eleitoral, comunicando o fato ao juiz eleitoral competente em até 24 horas (Res.-
TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).
Parágrafo único. Quando a infração for de menor potencial ofensivo, a autoridade policial elaborará termo
circunstanciado de ocorrência e o encaminhamento ao juiz eleitoral competente (Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril
de 1982).

#DEOLHONOEDITAL: CAPÍTULO III – DO INQUÉRITO POLICIAL ELEITORAL

Art. 8º. O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante requisição do Ministério Público ou da
Justiça Eleitoral, salvo a hipótese de prisão em flagrante quando o inquérito será instaurado independentemente
de requisição. (Res.-TSE nos 8.906, de 5 de novembro de 1970 e 11.494, de 8 de outubro de 1982 e Acórdão nº 439,
de 15 de maio de 2003).
Art. 9º. O inquérito policial eleitoral será concluído em até 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante ou previamente, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou em até 30
(trinta) dias, quando estiver solto (Acórdão nº 330, de 10 de agosto de 1999 e art. 10, do Código de Processo
Penal).
§ 1º. A autoridade policial fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juiz eleitoral
competente (Art. 10, § 1º, do Código de Processo Penal).
§ 2º. No relatório poderá a autoridade policial indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas (Art. 10, § 2º, do Código de Processo Penal).
§ 3º. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz (Art. 10, § 3º, do
Código de Processo Penal).
Art. 10. O Ministério Público poderá requerer novas diligências, desde que necessárias ao oferecimento da
denúncia. (Acórdão nº 330, de 10 de agosto de 1999).
Art. 11. Quando o inquérito for arquivado por falta de base para o oferecimento da denúncia, a autoridade
policial poderá proceder a nova investigação se de outras provas tiver notícia, desde que haja nova requisição,
nos termos dos artigos 4º e 6º desta Resolução.
Art. 12. Aplica-se subsidiariamente ao inquérito policial eleitoral o disposto no Código de Processo Penal (Res.-
TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

 A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às disposições contidas na Lei
n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das sanções previstas na Lei nº 8.429/1992
(Lei de Improbidade Administrativa), inclusive da multa civil, pelo ato de improbidade decorrente da mesma
conduta. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 606.352-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 15/12/2015 (Info
576).

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 Candidato que recebe ordem para não entrar na repartição pública para pedir votos não comete
desobediência se ingressa no local para fiscalizar o adversário. STF. 2ª Turma. Inq 3909/SE, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 17/5/2016 (Info 826).
 O parágrafo único do art. 1' da LC 76/93 e a Resolução TSE 23.389/2013 (que alteraram o número de vagas
para Deputados para as eleições de 2014) são inconstitucionais por violarem o § ,1° do art. 45 da CF/88 e a
independência do Poder Legislativo; o Decreto Legislativo 424/201·3 (que sustou os efeitos da Resolução acima),
editado pelo Congresso Nacional, é inconstitucional por viciar o art. 49, v, da CF/88 e a independência do Poder
judiciário. E, nas eleições de outubro de 2014 deverão ser adotados os mesmos critérios aplicados nas eleições de
2010, ou seja, o número de vagas de Deputados Federais não foi alterado. " AO/ 4947. 2014. (lnfo 751)
 O Enunciado 18 cia Súmula Vinculante do STF ("A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no
curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7° do artigo 14 da Constituição Federal") não se
~ ô • RE 758461. 2014. (lnfo 747)
 STF Lei da "Ficha Limpa" é compatível com a Constituição e pode ser aplicada a atos e fatos ocorridos
{ ~ 1 1 • ADC 29. 2012. (/nfo 655)
 STF Assentou, sob o regime da repercussão geral, que: a) o art. 14, §5º. da CF, interpretar-se-ia no sentido
de que a proibição da segunda reeleição seria absoluta e tornaria inelegível para determinado cargo de Chefe do
Poder Executivo o cidadão que já cumprira 2 mandatos consecutivos (reeleito uma única vez) em cargo da
mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso; e b) as decisões do TSE que acarretassem mudança de
jurisprudência no curso do pleito eleitoral ou logo após o seu encerramento não se aplicariam imediatamente ao
caso concreto e somente teriam eficácia sobre outras situações em pleito eleitoral posterior ... RE 637485. 2012.
(Info 673)
 STF A Lei Complementar 135/2010- que altera a Lei Complementar 64/90, que estabelece. De acordo com §
9o do art. 14 da CF, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir
hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do
mandato- não se aplica às eleições gerais de 2010. 'RE 633703. 20JJ. (INFO 620)
 STF: As alterações introduzidas pela LC 135/2010 possuem aplicabilidade imediata. RE 631102. 2010. (lnfo
606)
 STF o reconhecimento de justa causa para a desfiliação partidária permite que o parlamentar desfiliado
continue no exercício do mandato, mas não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga na hipótese
} • MS 27938. 2010. (INFO 578)
 STF O afastamento temporário de deputados federais deve ser suprido pela convocação dos suplentes
mais votados da coligação, e não daqueles que pertençam aos partidos, aos quais filiados os parlamentares
licenciados, que compõem a coligação, de acordo com a ordem de suplência indicada pela Justiça Eleitoral. ' MS
30260. 2011. (INFO 624)
 STF MP tem legitimidade para representar contra propagandas partidárias irregulares. AD/4617. 2013.
(INFO 711)
 STF O art. 5º Lei 12.034/09, que dispõe sobre o voto impresso, é inconstitucional. 4543. 2014. (INFO 727)
 STF O militar, com menos de 10 anos de serviço, deve afastar-se definitivamente da atividade quando
concorrer a cargo eletivo, à luz do que dispõe o art. 14, § 8°, l, da CF. (INFO 619)

89
 STF A deserção por falta de pagamento do valer devido pelas fotocópias para formação do traslado,
quando se trate de ação penal pública, traduz rigor formal excessivo, por impossibilitar o exercício da ampla
defesa. 2013. (lnfo 724)

#INFORMATIVOS 2016:

 DEBATES ELEITORAIS:
A Lei nº 13.165/2015 alterou a redação do art. 46 da Lei nº 9.504/97, que trata sobre os debates eleitorais no
rádio e TV. Antes da Lei, as emissoras eram obrigadas a convidar todos os candidatos dos partidos que tivessem
representação na Câmara dos Deputados. Assim, se o candidato fizesse parte de um partido político que tivesse,
no mínimo, 1 Deputado Federal, ele deveria ser obrigatoriamente convidado para o debate. Agora, as emissoras
são obrigadas a convidar todos os candidatos dos partidos que tenham representação na Câmara superior a 9
Deputados. Desse modo, para que a emissora seja obrigada a convidar o candidato, ele deve fazer parte de um
partido político que tenha, no mínimo, 10 Deputados Federais. Foram propostas diversas ADIs contra esta
alteração e o STF chegou a três importantes conclusões, que podem ser assim resumidas: I - É constitucional o
art. 46 da Lei nº 9.504/97, com redação dada pela Lei nº 13.165/2015, que prevê que as emissoras de rádio e TV
somente são obrigadas a convidar para participar dos debates eleitorais os candidatos dos partidos que tenham
representação na Câmara superior a 9 Deputados Federais. Esta regra não viola os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. II - Os candidatos aptos não podem deliberar pela exclusão dos debates de
candidatos cuja participação seja facultativa, quando a emissora tenha optado por convidá-los. III - As emissoras
de rádio e TV possuem a faculdade de convidar outros candidatos não enquadrados no critério do caput do art.
46, independentemente de concordância dos candidatos aptos, mas esse convite deverá ser feito conforme
critérios objetivos, que atendam os princípios da imparcialidade e da isonomia e o direito à informação, a ser
regulamentado pelo Tribunal Superior Eleitoral. STF. Plenário. ADI 5423/DF e ADI 5491/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgados em 24 e 25/8/2016; ADI 5577 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24 e 25/8/2016; ADI 5487/DF,
rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 24 e 25/8/2016 (Info 836).
#FUNDAMENTAÇÃO: O STF conferiu interpretação conforme a Constituição ao § 5º do art. 46 e disse que essa
•A
que sejam filiados a partidos políticos com menos de 10 Deputados Federais. Caso ela convide, os candidatos
aptos (filiados a partidos com 10 ou mais Deputados) não poderão se opor a esse convite. O § 5º do art. 46 não

partidos com mais de 9 Deputados Federais, estes candidatos aptos poderão decidir, desde que exista
concordância de no mínimo 2/3 deles, que o debate deverá contar também com a participação dos demais
candidatos. Neste caso, a emissora, que anteriormente havia convidado apenas os candidatos aptos, terá que
• e modo, esta previsão de que os candidatos aptos (mínimo de 2/3) poderão definir "o número de
participantes" só vale caso eles queiram incluir os candidatos inaptos e não convidados. Esta previsão não vale
para impedir (vetar) que a emissora convide os demais candidatos com menos de 10 Deputados Federais.

 PROPAGANDA ELEITORAL:

90
O tempo de propaganda eleitoral gratuita, nas emissoras de rádio e TV, é regulado pelo art. 47 da Lei nº
9.504/97. A Lei nº 13.165/2015 alterou o § 2º do art. 47, mudando os percentuais dessa distribuição, aumentando
ainda mais o tempo dos partidos que tenham representação na Câmara dos Deputados. Essa mudança foi
atacada por meio de ADI e o STF decidiu que: É constitucional o § 2º do art. 47 da Lei nº 9.504/97, com redação
dada pela Lei nº 13.165/2015, que prevê que os horários reservados à propaganda de cada eleição serão
distribuídos entre os partidos e coligações proporcionalmente com base no número de representantes na
Câmara dos Deputados. STF. Plenário. ADI 5423/DF e ADI 5491/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24 e
25/8/2016; ADI 5577 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24 e 25/8/2016 (Info 836).
#FUNDAMENTAÇÃO: O STF entendeu que os incisos I e II do § 2º do art. 47 da Lei nº 9.504/97 são compatíveis
com a cláusula democrática e com o sistema proporcional. Esses incisos estabelecem uma regra de equidade e
asseguram um tratamento mais benéfico aos partidos maiores, mas essa distinção não pode ser considerada
odiosa (arbitrária), considerando que o critério para conferir maior tempo é baseado nos partidos que possuem
maior legitimidade popular (maior número de Deputados Federais, ou seja, de "representantes do povo"). Além
disso, se, por um lado, a Lei prevê maior tempo para quem tem mais representantes na Câmara dos Deputados,
por outro, nenhum partido fica sem participação e todos eles terão tempo de rádio e TV.

 ELEIÇÃO SUPLEMENTAR:
O candidato ao cargo de prefeito que obtém o deferimento do registro de sua candidatura no juízo eleitoral
de primeiro grau, mas, depois de eleito, tem o registro indeferido pelo TSE, não deve indenização à União por
gastos decorrentes de eleição suplementar. Entende-se que, neste caso, o candidato, ao tentar concorrer mesmo
tendo sido impugnado, age no exercício regular de um direito, conduta que não configura ato ilícito indenizável
(art. 188, I, do CC). STJ. 1ª Turma. REsp 1.596.589-AL, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/6/2016 (Info 586). A
União sustenta que o réu teria violado dever jurídico ao registrar sua candidatura mesmo sabendo possuir
prestação de contas rejeitada pelo TCU.
#FUNDAMENTAÇÃO: Contudo, o art. 188 do Código Civil afirma que não se constitui ato ilícito quando o ato
do agente foi praticado "no exercício regular de um direito reconhecido" (inciso I). O candidato conseguiu
concorrer por força de decisão liminar. Somente após as eleições é que esta decisão foi revertida. Percebe-se que
a realização da eleição suplementar foi ocasionada pela morosidade na prestação jurisdicional. As novas eleições
poderiam ter sido evitadas caso tivesse sido cumprido pelo TSE o prazo que o próprio tribunal estabeleceu na
~ º 1 ⁄ 8 ditou para regulamentar a escolha e registro dos candidatos municipais na eleição
de 2008.

 JULGAMENTO DE CONTAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO:

Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das contas de prefeito,
tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de
Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
vereadores. STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).

91
Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo
exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe do Poder Executivo local,
sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo. STF. Plenário. RE 729744/MG, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).

MINIRREFORMA ELEITORAL

#DEOLHONOEDITAL: VAI CAIR!!


Legislações que sofreram as alterações com a Minirreforma Eleitoral: Lei 9504/97; Lei 9096/95 e Lei 4737/65.

LEI DAS ELEIÇÕES: 9.504/97

PRINCIPAIS DATAS DO NOVO CALEND RIO ELEITORAL

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 - õ 1
 ~ h
 Propaganda eleitoral: inicia 1 ~
 | h
 P | { õ

1) Data da escolha dos candidatos pelos partidos políticos (convenções partidárias): nada mais é do que a
escolha dos candidatos que irão representar o partido nas eleições, decidindo se haverá ou não coligação.
ANTES DA MINIRREFORMA: 12 a 30 julho;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: 20 de julho a 5 de agosto.

OBS: normas de escolha e substituição e das coligações são estabelecidas no estatuto do partido político.

2) Registro da candidatura:
ANTES DA MINIRREFORMA: até 5 de julho;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: até 15 de agosto.

3) Filiação partidária:
ANTES DA MINIRREFORMA: no mínimo 1 ano antes do dia das eleições;
DEPOIS DA MINIRREFORMA no mínimo 6 meses antes do dia das eleições.

OBS: domicílio eleitoral continua com o prazo mínimo de 1 ano contado da data do pleito eleitoral.

4) Idade mínima para o cargo de vereador:


ANTES DA MINIRREFORMA: comprovação na data da posse.
DEPOIS DA MINIRREFORMA: comprovação na data limite do pedido de registro.
92
5) Prazo para que o TRE envie ao TSE a relação de candidatos:
ANTES DA MINIRREFORMA: até 45 dias antes das eleições;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: até 20 dias antes das eleições. Nessa data, todos os pedidos de registros de
candidatos devem estar julgados nas instâncias ordinárias.

6) Contabilização dos gastos de campanha:


DEPOIS DA MINIRREFORMA: Foram inseridos novos artigos (art. 18-A e art. 18-B), incluindo as despesas
efetuadas pelos candidatos e pelos partidos que puderem ser individualizadas. Se houver o descumprimento do
limite indicado, incidirá uma multa de 100% da diferença, sem prejuízo de apuração do abuso de poder
econômico, por meio de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE). Além disso, houve algumas
modificações no art. 20, da Lei 9.504/97, não admitindo mais doações de pessoas jurídicas).

7) Prestação de contas:
ANTES DA MINIRREFORMA: pelo comitê;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: pelo candidato (majoritárias e proporcionais).

8) Início da propaganda eleitoral:


ANTES DA MINIRREFORMA: a partir de 5 de julho;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: a partir de 15 de agosto (inicia-se no dia 16).

9) Período de propaganda na internet:


ANTES DA MINIRREFORMA: a partir de 5 de julho;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: a partir de 15 de agosto.

10) Propaganda majoritária:


ANTES DA MINIRREFORMA: nome dos
h ~ 1
DEPOIS DA MINIRREFORMA: nome do vice ou suplente, no mínimo, 30% maior.

11) Pré-candidatura: novas regras


Não é propaganda eleitoral antecipada a menção à pretensa candidatura ou exaltação das qualidades
pessoais em meios de comunicação, desde que não haja pedido explícito de voto.
Pode: debates, divulgar ideias, objetivos e propostas por meio de comunicação, posicionamento pessoal
sobre questões políticas em redes sociais, prévias partidárias e material informativo, divulgação de nomes dos
filiados. É permitido o pedido de apoio político e divulgação da pré-candidatura, o que não se aplica aos
profissionais de comunicação social.
Vedado: transmissão ao vivo por radio/TV das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura por outros meios
de comunicação.

93
12) Propaganda com faixas, placas e pinturas em bens particulares:
ANTES DA MINIRREFORMA: era possível até 4m²;
DEPOIS DA MINIRREFORMA apenas adesivo ou papel não superior a 0,5m².

13) Carros de som:


ANTES DA MINIRREFORMA: burlavam a definição de carro de som prevista na lei, por meio de carroças
puxadas por cavalos.
DEPOIS DA MINIRREFORMA: definição de carro de som, incluindo veículos não motorizados. Limite de 80
decibéis a 7m de distancia, longe de escolas/hospitais/igrejas. Até às 22h do dia que antecede o pleito. Ler art. 39,
da Lei das Eleições.

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14) Candidatos apresentadores de rádio e TV:


ANTES DA MINIRREFORMA: afastamento dos programas a partir do resultado da convenção;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: deve se afastar a partir de 30 de junho, ou seja, antes das convenções
partidárias.

15) Debates:
ANTES DA MINIRREFORMA: as emissoras eram obrigadas a chamar todos os candidatos dos partidos que
tivessem representação na Câmara dos Deputados.
DEPOIS DA MINIRREFORMA: a obrigatoriedade do convite para participar dos debates ocorrerá quando o
~ 9 } (“ ”
candidato de um partido que possui 10 representantes na Câmara dos Deputados).

OBS: ADIN 5487 – STF entendeu que tal restrição não viola a proporcionalidade e razoabilidade. Contudo,
poderá a emissora chamar os demais candidatos, sem que os outros sem oponham (liberdade de imprensa e
informação), devendo o convite se pautar por critérios objetivos e imparciais, que deverão ser objeto de
regulamentação.

16) Horário político reduzido TV/radio:


ANTES DA MINIRREFORMA: 45 dias;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: 35 dias. O tempo diário também foi reduzido.

17) Tempo propaganda eleitoral gratuita: é proporcional ao nº de representantes do partido ou coligação na


CD.
ANTES DA MINIRREFORMA: ( ) ú
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rep 1 ( )

94
( ) ú
} ~ ú
de todos os partidos que a integram.
DEPOIS DA MINIRREFORMA: a campanha terá dois blocos no rádio e dois na televisão com 10 minutos cada.
Além dos blocos, os partidos terão direito a 70 minutos diários em inserções, que serão distribuídos entre os
candidatos a prefeito (60%) e vereadores (40%). Em 2016, essas inserções somente poderão ser de 30 ou 60
segundos cada uma. Do total do tempo de propaganda, 90% serão distribuídos proporcionalmente ao número de
representantes que os partidos tenham na Câmara Federal. Os 10% restantes serão distribuídos igualitariamente.
No caso de haver aliança entre legendas nas eleições majoritárias será considerada a soma dos deputados
federais filiados aos seis maiores partidos da coligação. Em se tratando de coligações para as eleições
proporcionais, o tempo de propaganda será o resultado da soma do número de representantes de todos os
partidos.

18) Conteúdo da propaganda radio/TV: restrições


Pode: ú h
Não pode: montagens, efeitos especiais, computação gráfica, pessoas que não sejam o candidato pedindo
voto.

19) Direito de resposta:


24h (horário eleitoral gratuito);
48h (programa normal de radio/TV);
72h (imprensa escrita e internet) – NOVIDADE!

20) Condutas vedadas:


Art. 73, VII, da Lei 9.504/97: despesa com publicidade no 1º semestre do ano de eleição superior à média dos
gastos no 1º semestre dos últimos 3 anos.

21) Intimação de advogado nos Tribunais Eleitorais:


Art. 94, §5 da Lei 9.504/97: por meio de edital eletrônico, desde que não verse sobre cassação do registro ou
diploma.

22) Sanções pelo descumprimento da Lei das Eleições aplicadas ao candidato não se estendem aos partidos,
mesmo que tenham se beneficiado, salvo se comprovada sua participação.

23) Conexão:
Art. 96-B, da Lei 9.504/97: conexão de processos que possuem partes diversas e que versem sobre o mesmo
fato. A competência será determinada por prevenção.

OBS: o MP pode ajuizar ação no mesmo sentido, ainda que o candidato ou o partido político já tenham
ajuizado. Será apensada, caso não tenha ocorrido o trânsito em julgado, na instância que a ação anterior se

95
encontrar, figurando a parte como litisconsorte. Se já tiver transitada em julgado, não será conhecida a ação pelo
juiz, salvo se houver novas provas.

24) Contratação de terceiros para campanhas:


Não geram vínculos empregatícios, porém tem que pagar o INSS (segurado obrigatório do tipo contribuinte
individual). Os partidos políticos, quando contratam pessoas para trabalhar em campanhas, não são
considerados com empresas para fins previdenciários.

25) Na prestação de contas, não precisa mais discriminar nominalmente, com o nome e o CPF dos
contratados.

LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS: Lei 9.096/95

1) Apoiamento mínimo ~ {
~ h ó |
ó
ANTES DA MINIRREFORMA: não havia prazo.
DEPOIS DA MINIRREFORMA: o apoiamento deve ser coletado durante um período de 2 anos.

2) Filiação partidária:
ANTES DA MINIRREFORMA: não havia previsão na CF ou lei sobre a perda do cargo por infidelidade partidário.
Era entendimento do STF e TSE (Resolução 22.610/2007).
DEPOIS DA MINIRREFORMA: as causas de infidelidade partidária passaram a ser previstas expressamente na
Lei dos Partidos Políticos. Somente se aplica para cargos de eleições proporcionais, pois nas majoritárias, os
eleitores votam no candidato e não no seu partido, de modo que a perda do mandato seria contrária à soberania
popular.

3) Justa causa para a perda do mandato:


ANTES DA MINIRREFORMA: 1) ~ ~ ) ~ )
| ) ~
DEPOIS DA MINIRREFORMA: 1) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; 2) grave
discriminação pessoal; 3) mudança de partido no período de 30 dias que antecede o prazo de filiação exigido
para concorrer a eleição, ao termino do mandado vigente (janela: entre 6 e 7 meses da eleição).

OBS: não há mais a hipótese de criação, incorporação ou fusão de PP. A criação de novos partidos dava ensejo
a mudança sem que houvesse infidelidade.

4) Desaprovação de contas do PP:


ANTES DA MINIRREFORMA: suspensão de novas cotas do Fundo e sujeitava os responsáveis às penas da lei;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: acarreta apenas a devolução do valor irregular, com multa de 20%.

96
OBS: a FALTA de prestação de contas continua implicando a suspensão de novas cotas do Fundo enquanto
durar a inadimplência e sujeita às penas da lei.

CÓDIGO ELEITORAL: Lei 4.737/65

1) Falta de quitação eleitoral x passaporte: inseriu o parágrafo 4o no artigo 7o do Código Eleitoral, para afirmar
que não se aplica a proibição de obter novo passaporte ao eleitor no exterior sem quitação eleitoral, que
requeira novo passaporte para identificação e retorno ao Brasil.

2) Impedimento de juízes eleitorais e juízes do TRE: da convenção partidária até a diplomação, não podem
atuar em feitos eleitorais o seu cônjuge ou parentes de até 2º grau de candidato registrado na circunscrição.

4) Decisões de cassação de registro/anulação geral de eleições/perda de diplomas: Exige a presença de


TODOS os membros. Se houver impedimento, o suplente atuará.
Discussão: aplicação ou imediata (norma processual) ou 1 ano da publicação?

5) Decisão de indeferimento de registro/cassação do diploma/perda do mandato de pleito majoritário:


Novas eleições, independentemente do nº de votos anulados, após o trânsito em julgado. Haverá eleição
INDIRETA (menos de 6 meses para o fim do mandato) ou DIRETA.

OBS: a nulidade de mais da metade dos votos do país prejudica as eleições, devendo ocorrer novas eleições no
prazo de 20 a 40 dias.

6) Voto em trânsito:
ANTES DA MINIRREFORMA: somente nas eleições para Presidente da República;
DEPOIS DA MINIRREFORMA: aplica-se para todas as eleições, exceto as municipais.

7) Efeito suspensivo:
Será concedido nos Recursos ordinários contra decisão de cassação de registro/afastamento do titular/perda
do mandato eletivo.
A regra é apenas o efeito devolutivo, mas nesses casos haverá o suspensivo.

8) Prova testemunhal: quando singular/exclusiva, não serve para fundamentar a perda do mandato.

OUTRAS MUDANÇAS

1) Limites de gastos para as próximas campanhas: deve ser feito com base em gastos declarados da última
eleição.
I. Limites para o 1o turno nas eleições para Presidente/Governador/Prefeito:

97
a) 70% do maior gasto declarado para o cargo, na circunscrição que houve apenas um turno.
b) 50% do maior gasto declarado para o cargo, na circunscrição que houve dois turnos.
II. Limites para o 2o turno nas eleições para Presidente/Governador/Prefeito:
a) | “ ”
III õ Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador
~ ~ {
~

2) Suspensão da imunidade tributária dos partidos: não existe mais! Ocorria a suspensão da imunidade
quando as contas eram julgadas irregulares pelo TSE ou não eram prestadas.

VETOS DA PRESIDENTE DA REPÚBLICA À MINIRREFORMA ELEITORAL

 Doações por PJ: seguindo o entendimento do STF (ADIN 4650/DF), de que a prática de doações por
pessoas jurídicas é inconstitucional por afetar a igualdade política e os princípios republicano e democrático, a
Presidente da República vetou a possibilidade de doações por pessoas jurídicas. A alteração já se aplica em 2016.

 Impressão em papel do voto eletrônico: o veto da Presidente da República foi derrubado pelo Congresso
Nacional. Contudo, a impressão do registro de votação individual somente se aplicará em 2018.

DIREITO ADMINISTRATIVO11

DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, OBJETO E FONTES

- O direito administrativo se apresenta como o ramo do Direito Público que envolve normas jurídicas
disciplinadoras da função administrativa do Estado, seja como atividade administrativa propriamente dita, seja
como disciplina da estrutura e ordenação das pessoas e órgãos que compõem o aparato estatal destinado à
aplicação das normas jurídicas e atendimento dos interesses da coletividade.

- O conceito de Direito Administrativo mais difundido na doutrina moderna utiliza o critério funcional e foi
elaborado por Hely Lopes Meirelles, segundo o qual o Direito Administrativo consiste no "conjunto harmônico de
princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado".

- Contudo, outras teorias foram elaboradas para conceituar o Direito Administrativo, são elas:

11
Por Daniel Dutra e Liana Schuler

98
• Escola exegética/corrente legalista: o Direito Administrativo se resume no conjunto da legislação
administrativa existente no país. Crítica: é um critério muito reducionista, pois desconsidera a importância da
doutrina e da jurisprudência na formação do Direito Administrativo.

• Escola do critério do Poder Executivo: Direito Administrativo é o complexo de leis disciplinadoras da


atuação do poder executivo - resume o direito administrativo à atuação do Executivo. Crítica: ignora o fato de
que os demais poderes e, inclusive, os particulares por delegação estatal (ex: concessionárias e permissionárias
de serviços públicos) também exercem função administrativa, ainda que de forma atípica. E, por outro lado, o
Executivo exerce também atividades que não se enquadram no Direito Administrativo.

• Escola do critério das relações jurídicas: Direito Administrativo é a disciplina das relações jurídicas entre a
administração pública e o particular. Crítica: outros ramos do direito também ficariam abrangidos por tal
definição, como é o caso do Direito Tributário e do Direito Penal.

• Escola do Critério do serviço público: surgiu na França, com a Escola do Serviço Público (Leon Duguit) e
dizia que o Direito Administrativo tem por objeto a disciplina jurídica dos serviços públicos, isto é, o serviço
prestado pelo Estado a toda a coletividade. Crítica: além dos serviços públicos também fazerem parte do objeto
de outros ramos do direito (ex: Direito Tributário usa tal conceito para cobrar taxas), o Direito Administrativo não
se ocupa somente deles, uma vez que engloba poder de polícia, execução de obras públicas, exploração de
atividade econômica pelo Estado e fomento de atividade privada.

• Escola do Critério teleológico ou finalístico: Direito Administrativo é um sistema de princípios jurídicos que
regula as atividades do Estado para cumprimento de seus fins. Foi defendida no Brasil por Oswaldo Aranha
Bandeira de Mello. Crítica: é correta, mas não completa.

• Escola do critério negativista: deve ser conceituado por exclusão, ou seja, o objeto do Direito
Administrativo são todas as funções que não sejam legislativas ou jurisdicionais. Crítica: além do fato de querer
conceituar um ramo do Direito por exclusão, tem o mesmo problema de não verificar que as funções
administrativas são também exercidas pelos demais poderes atipicamente e que o Executivo desempenha
funções que não são abrangidas pelo Direito Administrativo.

- CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

#DEOLHONOEDITAL:

a) Sentido objetivo (administração pública): consiste na própria atividade administrativa exercida pelos órgãos
e entes estatais.

b) Sentido subjetivo (Administração Pública): consiste no conjunto de órgãos, entidades e agentes que
tenham a atribuição de executar a função administrativa. Nesse caso, a expressão se inicia com letras
maiúsculas.

99
- Sistema de Jurisdição Única / Sistema Inglês: os atos praticados pela administração podem ser revistos e
controlados pelo Poder Judiciário. A administração pode até decidir, pode até julgar, entretanto esse julgamento
é revisível pelo Poder Judiciário. O Poder Judiciário pode controlar esse ato. Coisa julgada administrativa – não é
uma verdadeira coisa julgada (somente dentro da Administração). Pode ser revista pelo Judiciário.

- O Estado é pessoa jurídica de direito público, necessariamente, podendo ele estar atuando no direito público
ou privado (a sua personalidade não muda). Estado de Direito é o Estado juridicamente organizado e obediente
às suas próprias leis.

- Elementos que estruturam o Estado: I) o Povo; II) o Território; III) o Governo; IV) suas Finalidades Específicas.

- Governo é o comando, a direção da pessoa jurídica do Estado.

- Consolidou-se a clássica divisão das funções estatais em legislativa, jurisdicional e executiva, que seriam
exercidas, de forma típica ou atípica, pelos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. No que concerne à função
executiva, entretanto, é possível a distinção entre função de governo, consistindo esta última em atividade de
natureza política e consistente na definição dos rumos da política estatal, e a função administrativa, que por sua
vez consiste na execução das normas jurídicas com o fito de atender aos interesses da coletividade. Dentre as
funções estatais acima apontadas, constitui-se de objeto do direito administrativo a função administrativa, que é
exercida hodiernamente pelo poder executivo, como função típica, e excepcionalmente pelos poderes judiciário
e legislativo, como função atípica.

- Além do critério orgânico ou subjetivo acima apontado, a doutrina costuma apontar o critério objetivo ou
material para identificação da atividade administrativa, como sendo objeto do direito administrativo.

- Neste particular, somente interessam ao direito administrativo os atos da administração pública que forem
praticado sob regras de direito público, isto é, sob o regime jurídico administrativo, caracterizado pela existência
de prerrogativas conferidas pela lei à administração pública para a tutela dos interesses da coletividade, bem
como pela sujeição aos limites impostos pelo princípios e regras que orientam a disciplina em exame (ex.
desapropriação de um terreno, que deve atender ao princípio da legalidade, impessoalidade, etc.).

Vale dizer, os chamados atos de gestão, praticados pela administração pública sob o manto de normas de
direito privado e em situação de igualdade para com os particulares (ex. locação de um imóvel pertencente a um
particular, que deverá atender às regras do direito civil, aplicáveis as relações jurídicas comuns), não são objetos
do direito administrativo, devendo ser regulado por outros ramos do direito.

- Entende-se por fonte do direito administrativo a sua forma de exteriorização, isto é, a maneira pela qual se
revelam as normas jurídicas que perfazem esse ramo do direito. Conforme ensina Diógenes Gasparini, apesar de
não existir unanimidade na doutrina, as fontes do direito administrativo podem ser classificadas em fontes
escritas e não escritas.

100
- As fontes escritas seriam decorrentes da observância do princípio da legalidade, sendo fonte imediata da
matéria a lei em seu sentido amplo e formal. Assim, consideram-se fontes escritas do direito administrativo a
Constituição federal, as emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias e atos infralegais, de
natureza normativa, praticados pela administração pública.

- Por sua vez, as fontes não escritas do direito administrativo, que socorrem o exegeta no silêncio das fontes
escritas, seriam a doutrina, jurisprudência e os princípios gerais de direito.

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

#DEOLHONOEDITAL:

- Princípios mínimos – expressos na CF: LIMPE (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade,


Eficiência).

- Pedras de toque do direito administrativo (CABM): supremacia do interesse público e indisponibilidade do


interesse público.

- Estando presente o interesse público, o Administrador não pode dele dispor – a indisponibilidade do
interesse público é um limite ao Princípio da Supremacia. É um Princípio Geral do Direito. Ex. de aplicabilidade
desse princípio: Lei de Responsabilidade Fiscal.

- Devido processo legal. É necessária a observância da garantia do devido processo legal, em especial, do
contraditório e da ampla defesa, relativamente à inscrição de entes públicos em cadastros federais de
inadimplência. STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STF. Plenário.
ACO 1995/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/3/2015 (Info 779).

- Interesse público primário: voltado ao interesse coletivo.

- Interesse público secundário: interesse da pessoa jurídica estatal.

- O princípio da legalidade é certamente a diretriz básica da conduta dos agentes da Administração. Significa
que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei. Não o sendo, a atividade é ilícita. O
princípio implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os agentes públicos, desde o que lhe
ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades
normativas. Na clássica e feliz comparação de HELY LOPES MEIRELLES, enquanto os indivíduos no campo
privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza.

A legalidade comporta dois importantes desdobramentos:

a) supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre os atos da Administração; e

101
b) reserva de lei: o tratamento de certas matérias deve ser formalizado necessariamente pela legislação,
excluindo a utilização de outros atos com caráter normativo.

- Acepções do princípio da impessoalidade:

a) igualdade (ou isonomia): a Administração Pública deve dispensar tratamento impessoal e isonômico aos
particulares, com o objetivo de atender a finalidade pública, sendo vedada a discriminação odiosa ou
desproporcional (ex.: concurso público, licitação, precatório), salvo o tratamento diferenciado entre pessoas que
estão em posição fática de desigualdade, com o objetivo de efetivar a igualdade material (ex: reserva de vagas
em cargos e empregos públicos para portadores de deficiência, gratuidade no transporte público para idosos).

b) proibição de promoção pessoal: as realizações públicas não são feitos pessoais dos seus respectivos
agentes, mas, sim, da respectiva entidade administrativa, razão pela qual a publicidade dos atos do Poder Público
| ~ “ la não podendo constar nomes, símbolos ou
z ~ ú ”( 1º F )

- Ações afirmativas (cotas): exceção à impessoalidade.

- Razoabilidade e proporcionalidade (necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito) não


tem previsão expressa na CF, mas sim na lei 9.784/99.

- O princípio da segurança jurídica também está previsto na lei 9.784/99.

- O princípio da moralidade exige que a atuação administrativa, além de respeitar a lei, seja ética, leal e séria.
9 8 1999 õ “ ~
segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa- ” ~ ú
Vinculante 13 do STF. Ressalte-se, no entanto, que o STF afasta a aplicação da referida súmula para os cargos
políticos. O ordenamento jurídico prevê diversos instrumentos de controle da moralidade administrativa, tais
como: a ação de improbidade, a ação popular, a ação civil pública; as hipóteses de inelegibilidade previstas no art.
1º 199 1 1 (“ F h ”) õ
na Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção).

- A visibilidade (transparência) dos atos administrativos guarda estreita relação com o princípio democrático,
possibilitando o exercício do social sobre os atos públicos. No Estado Democrático de Direito, a regra é a
publicidade dos atos estatais; o sigilo é exceção. O ordenamento jurídico consagrou diversos instrumentos
jurídicos aptos a exigir a publicidade dos atos do Poder Público, tais como: o direito de petição ao Poder Público
em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; o direito de obter certidões em repartições
públicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; o mandado de segurança
individual e coletivo; o habeas data para conhecimento de informações relativas ao impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, bem como para retificação de
dados.

102
- O princípio da publicidade exige que a administração pública dê ampla divulgação dos seus atos, inclusive
fornecendo, gratuitamente, certidões para a defesa de direitos e o esclarecimento de situações de interesse
pessoal quando solicitadas.

- A publicidade é condição de eficácia do ato. É quando o ato começa a produzir seus efeitos. É o marco inicial
para a contagem dos prazos.

- A não publicação acarreta em improbidade administrativa.

- A transparência pública depende da implementação do direito fundamental à informação, segundo o qual


“ ó ~ ú õ
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
{ ”

No âmbito infraconstitucional, o direito à informação foi regulamentado pela Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à
Informação – LAI). Qualquer interessado, devidamente identificado, independentemente de motivação, pode
solicitar as informações de interesse público perante as entidades públicas ou privadas. A regra do acesso à
informação é excepcionada em duas hipóteses:

a) informações classificadas como sigilosas, consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do


Estado (art. 23 da LAI); e

b) informações pessoais relacionadas à intimidade, vida privada, honra e imagem.

- O princípio da eficiência foi inserido no art. 37 da CRFB, por meio da EC 19/1998, com o objetivo de substituir a
Administração Pública burocrática pela Administração Pública gerencial. A ideia de eficiência está intimamente
relacionada com a necessidade de efetivação célere das finalidades públicas elencadas no ordenamento jurídico.
O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de
reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza,
perfeição e rendimento funcional. Há vários aspectos a serem considerados dentro do princípio, como a
produtividade e economicidade, qualidade, celeridade e presteza e desburocratização e flexibilização.

- O princípio da continuidade está umbilicalmente ligado à prestação de serviços públicos, cuja prestação gera
comodidades materiais para as pessoas e não pode ser interrompida, tendo em vista a necessidade permanente
de satisfação dos direitos fundamentais. Como consequência da necessidade de continuidade do serviço público,
exige-se a regularidade na sua prestação. O prestador do serviço, seja o Estado, seja o delegatário, deve prestar o
serviço adequadamente, em conformidade com as normas vigentes e, no caso dos concessionários, com respeito
às condições do contrato de concessão. Exceções ao princípio da continuidade:

§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após
prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

103
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

Quando se tratar de situação de emergência, não precisa nem comunicar do corte, ou seja, pode cortar sem
aviso prévio quando for uma situação emergencial.

Corte com aviso prévio:

a) diz respeito ao descumprimento de normas técnicas que coloquem em risco a segurança das instalações
(não ter comprometimento e risco maior);

b) caso do inadimplemento do usuário do serviço (mesmo que o serviço seja essencial, o poder público pode
cortar). Pode-se cortar, mesmo que seja serviço essencial, desde que haja aviso prévio (pela supremacia do
interesse público – erga omnes).

- Direito de Greve – norma constitucional de eficácia limitada – art. 37, VII, CF – o STJ admitiu a aplicação, no
que couber, da lei de greve do trabalhador comum enquanto não for aprovada a lei do servidor público (em MI
com efeitos concretos) – SV 33. Há greve legal de servidor. Consequências: descontar dias não trabalhados ou
regime de compensação de horas.

- Autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades e de garantir o interesse público dos atos editados
pela própria Administração (ex.: anulação de ato ilegal e revogação de ato inconveniente ou inoportuno);

- Autoexecutoriedade compreende a prerrogativa de imposição da vontade administrativa,


independentemente de recurso ao Poder Judiciário (ex.: a demolição de construções irregulares, no exercício do
poder de polícia administrativa, não depende, em regra, de consentimento de outros Poderes).

- Princípio da Autotutela: A possibilidade que tem a administração de rever, corrigir os seus próprios atos.
Pode rever seus atos ILEGAIS – através da ANULAÇÃO. Pode rever seus atos INCONVENIENTES – através da
REVOGAÇÃO.

STF, Súmula 346: a administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Art. 53, Lei 9.784/99: A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

- Os atos administrativos gozam de presunção (iuris tantum – relativa) de legitimidade, legalidade e


veracidade – por isso, têm aplicação imediata.

- Decorrem do princípio da indisponibilidade do interesse público a necessidade de realizar concurso público


para admissão de pessoal permanente e as restrições impostas à alienação de bens públicos.

- Princípio da Motivação: dever de indicar os pressupostos de fato e de direito que determinam a prática dos
atos administrativos; torna possível a análise da legitimação e adequação do ato praticado. Difere de motivos do

104
ato, uma vez que estes são elementos formadores da atuação. Em regra, não exige forma específica, podendo
ser ou não concomitante ao ato, além de ser feita, muitas vezes, por órgão diverso daquele que proferiu a
decisão.

- O que é motivação aliunde? É aquela que ocorre toda vez que a motivação de um determinado ato remete à
de ato anterior que embasa sua edição, ou seja, é uma concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas e que, nesse caso, serão parte integrante do ato.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

- É um regime de direito público aplicado aos órgãos, entidades e agentes que compõem a administração
pública e que a colocam em situação privilegiada, em muitos casos, em relação ao particular.

- O regime jurídico administrativo se baseia no Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular
e no Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público.

- Pela Supremacia do Interesse Público, a Administração tem prerrogativas que fazem da relação com o
particular uma relação de verticalidade - o particular não está no mesmo plano que a Administração, existindo
obrigações impostas unilateralmente pelo administrador, que se utiliza de sua imperatividade.

- Já a Indisponibilidade do Interesse Público é um contrapeso ao poder estatal, impondo restrições à sua


atuação, o que não existe na relação entre particulares e decorre do fato de que o verdadeiro titular do
patrimônio público é o povo, e não o Estado, que não pode dispor irrestritamente de seus bens jurídicos, mas
deve obedecer princípios específicos, implícitos e explícitos, como o Princípio da Legalidade.

- Exemplos da existência do regime jurídico administrativo no Brasil: As cláusulas exorbitantes nos contratos
administrativos, que permitem a Administração alterar unilateralmente o acordado; a intervenção do Estado na
propriedade, mesmo sendo o particular contrário; poder de polícia; presunção de legitimidade dos atos
administrativos. Por outro lado, a Administração Pública está sujeita ao Princípio da Legalidade, não podendo
fazer se não o que está na lei; e ainda temos a necessidade de concurso público para admitir pessoal.

- O Estado pode prestar a função administrativa por si mesmo, ou seja, por seus próprios meios ou através de
outros sujeitos. Se o Estado presta a função administrativa por seus próprios órgãos, tem-se a Administração
Pública direta ou centralizada. Assim, a União, os Estados membros, o Distrito Federal, os Municípios, por meio
de seus órgãos (ministérios (que só tem na União), secretarias, conforme o caso) prestam a função
administrativa.

- Entes da Federação são chamados de pessoas políticas porque têm autonomia, que é o poder de criar as
próprias leis, conforme a competência definida diretamente na própria Constituição Federal. Evidentemente,
todas as pessoas são dotadas de personalidade jurídica de Direito Público.

105
- No âmbito federal, o tema é disciplinado pelo Decreto-Lei n. 200/67 “ õ z ~
A ~ Pú F z A ” P
competências constitucionais, a Administração dispõe de duas técnicas diferentes: a desconcentração e a
descentralização. A compreensão desses dois institutos é fundamental para analisar a organização interna da
Administração Pública.

#DEOLHONOEDITAL:

Centralização Descentralização

É o desempenho de competências administrativas A descentralização pode se dar mediante a criação pelo


por uma única pessoa jurídica governamental. É o Estado de uma pessoa jurídica para prestar a atividade
que ocorre, por exemplo, com as atribuições e, nesse caso, podem ser criadas autarquias, fundações
exercidas diretamente pela União, Estados, Distrito instituídas e mantidas pelo poder público
Federal e Municípios. (nomenclatura da Maria Sylvia Zanella di Pietro),
empresas públicas e sociedades de economia mista. Só
as pessoas criadas pelo Estado é que fazem parte da
Administração Pública Indireta (esta é formada só por
aquelas quatro pessoas). Mesmo os consórcios
públicos, quando de direito público, são autarquias;
quando de direito privado, estará também na
Administração Indireta.

Descentralização Desconcentração

- Na descentralização existem pelo menos duas - Desconcentração é distribuição interna de


pessoas entre as quais se repartem competências; competências no âmbito de uma mesma pessoa, por
exemplo: a União e uma autarquia da União. exemplo, a União, seus ministérios, secretarias, etc.

- Na descentralização ocorre o controle ou tutela, - A hierarquia só ocorre na desconcentração.


que se dá de acordo com o dispõe a lei, sendo que o
ente criador não pode interferir como quiser; não há
subordinação, mas sim vinculação. O recurso de
decisão do entre criado ao ente criador é chamado
de recurso hierárquico impróprio (não há hierarquia
na verdade)

- É por isso que não é correto dizer que entidade da

106
Administração Indireta está subordinada à
Administração Direita, mas sim que ela está
vinculada.

- Na outorga, transfere-se a titularidade e a execução do serviço à pessoa jurídica diversa do Estado. Para a
maioria da doutrina, só pode ser conferida para pessoas jurídicas de direito público, como as autarquias e
fundações de direito público. É também chamada de descentralização por serviço ou descentralização funcional,
e ocorre mediante edição de lei específica. E mesmo transferindo o serviço, o Estado se mantém responsável
pelos danos oriundos da atividade, de forma subsidiária.

- Já na delegação, transfere-se apenas a execução, permanecendo com o Estado a titularidade do serviço. É


feita para particulares (por contrato de concessão ou permissão) ou para entes da administração indireta regidos
pelo direito privado (por lei), que passam a ser executoras de serviço, mas não recebem a titularidade. Também
chamada de descentralização por colaboração.

- Administração Direta é o conjunto de órgãos que integram a pessoa federativa com competência para
determinado exercício. As entidades da Adm. Direta possuem capacidade administrativa, política e legislativa e
personalidade jurídica de direito público, gozando das prerrogativas e limitações da Administração.

- Órgãos públicos são centros de competência especializada dispostos na intimidade de uma pessoa jurídica,
não sendo sujeito de direitos e obrigações. Pode-se conceituar o órgão público como o compartimento na
estrutura estatal a que são cometidas funções determinadas, sendo integrado por agentes que, quando as
executam, manifestam a própria vontade do Estado.

- O órgão em si é despersonalizado, apenas integra a pessoa jurídica. Sendo assim, o órgão não pode, como
regra geral, ter capacidade processual, ou seja, idoneidade para figurar em qualquer dos polos de uma relação
processual. Faltaria a presença do pressuposto processual atinente à capacidade de estar em juízo. De algum
tempo para cá, todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para certos tipos de litígio.
Um desses casos é o da impetração de mandado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional,
quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de outro órgão. Porém, essa excepcional
personalidade judiciária só é aceita em relação aos órgãos mais elevados do Poder Público, de envergadura
constitucional, quando defendem suas prerrogativas e competências.

- Teorias da manifestação de vontade do órgão:

• Teoria do Mandato: entendia o vínculo entre os agentes públicos e o ente da Administração como um
mandato, um vínculo contratual, sendo o agente mandatário do órgão.

Crítica: a relação não se reveste de natureza contratual, mas sim legal e o Estado não tem vontade própria
para a celebração de contrato de mandato com o agente.

107
• Teoria da Representação: o agente público, por força de lei, atuaria como representante do poder público,
como os curadores ou tutores de incapazes.

Crítica: também considera duas vontades independentes, ou seja, a do Estado e a do agente público que teria
a capacidade de representar a vontade estatal, sendo que, na verdade, a vontade do agente se confunde com a
do ente estatal. Ademais, trata o Estado como incapaz, desconsiderando que o ente público tem plena
capacidade jurídica, responsabilizando-se pelos atos que pratica.

• Teoria do órgão ou da imputação volitiva: considerando que as pessoas jurídicas são ficção do direito e que,
assim, não possuem existência fática, diz que elas se manifestam pela intenção de pessoas físicas. A
manifestação da pessoa jurídica se dá através de uma atuação da pessoa física e essas vontades se confundem.
Segundo Di Pietro, "enquanto a teoria da representação considera a existência da pessoa jurídica e do
representante como dois entes autônomos, a teoria do órgão funde os dois elementos, para concluir que o
órgão é parte integrante do Estado".

- A Administração Indireta do Estado é o conjunto de pessoas administrativas (ou seja, pessoas


jurídicas/entidades) que, vinculadas (e não subordinadas) à respectiva Administração Direta, tem o objetivo de
desempenhar as atividades administrativas de forma descentralizada. Note-se que, por meio da descentralização,
o Estado executa suas tarefas indiretamente, delegando suas atividades a outras entidades. O Poder Público,
então, pode transferir a titularidade e a execução (descentralização por outorga) ou apenas a mera execução
(descentralização por delegação) de determinadas atividades que lhe são próprias a outras entidades. Quando é
a lei que cria as entidades que serão titulares e/ou executoras de tais atividades surge a Administração Indireta.

- Características comuns a todas as entidades da Administração Indireta: Todas as entidades da


Administração Indireta possuem cinco características comuns:

1ª) Personalidade jurídica própria. As pessoas da administração indireta gozam de personalidade jurídica
própria, o que significa que elas podem ser sujeitas de direito e de obrigações. Por tal motivo, estas entidades
respondem pelos seus atos. Além disso, possuem receita e patrimônio próprio, bem como autonomia técnica,
administrativa e financeira. Observe-se, entretanto, que tais entidades não gozam de autonomia política, de
capacidade política, que consistiria no poder de legislar (nem mesmo a agência reguladora, que vai definir
normas técnicas complementares à lei, atuando sempre de forma complementar à previsão legal).

2ª) A criação e a extinção das pessoas jurídicas da Administração Indireta requer a existência de lei. Nos
termos do art. 37, XIX da CRFB, para a criação de pessoas da Administração Indireta é necessário que haja lei. Ora
a própria lei cria a entidade, ora a lei autoriza sua criação. Segundo o referido dispositivo constitucional, somente
por lei específica se cria autarquia (lei ordinária específica) e por lei específica (lei ordinária específica) se autoriza
a criação de empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações. Neste último caso – das fundações -
lei complementar definirá os limites de atuação das mesmas, definindo um rol de finalidades possíveis. A
autarquia já existe para o mundo jurídico com a criação da lei, estando pronta para funcionar. Entretanto, quando
F z ~ ú “X” |
exista efetivamente. O registro depende da natureza da pessoa jurídica. Se esta tiver natureza civil, será

108
registrada em cartório, se tiver natureza empresarial, será registrada na Junta Comercial. Por paralelismo de
formas, do mesmo jeito que crio, também vou extinguir a pessoa jurídica. O que a lei faz o administrador não
modifica. Se a lei criou, a lei vai extinguir. Se a lei autorizou a criação, ela vai autorizar a extinção.

3ª) As pessoas jurídicas da Administração Indireta não têm fins lucrativos. As entidades da Administração
Indireta são criadas para prestarem serviços públicos ou para explorar a atividade econômica e não com a
finalidade de obtenção de lucro. A CRFB diz, no seu art. 173, que o Estado somente intervirá na atividade
econômica quando isso for imprescindível ao interesse coletivo ou for fundamental à segurança nacional. O fim
aqui é o interesse coletivo, a segurança nacional, e não o lucro.

4ª) As pessoas jurídicas da Administração Indireta têm finalidade específica. Tal finalidade é definida na lei de
criação de cada entidade, sendo certo que as pessoas jurídicas estão vinculadas a essa finalidade.

5ª) Entre a Administração Direta e a Administração indireta existe controle. Não há entre a Administração
Direta e a Administração Indireta uma relação de subordinação e hierarquia, mas apenas de controle, de
vinculação.

- A Entidade da Administração Indireta Autarquia A ô M “Autarquia


é a pessoa jurídica de direito público de capacidade exclusivamente administrativa” z~
de direito público, a autarquia submete-se a regime jurídico de direito público; assim, seus bens são públicos,
seus atos são administrativos, seus contratos são administrativos, sua responsabilidade é objetiva (em regra),
etc. Enquanto a personalidade jurídica das autarquias as assemelha aos entes da federação, a capacidade
exclusivamente administrativa as diferencia dos entes da federação porque eles têm capacidade política ou
autonomia, que é o poder de editar as próprias leis conforme a competência definida na Constituição Federal.
Exemplos de autarquias: as agências reguladoras como a ANEEL, a ANATEL, o INSS, o IMESC (autarquia estadual
de SP) etc.

- As autarquias, que têm personalidade jurídica de direito público, estão enquadradas na norma, respondendo
objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, sendo-lhes resguardado o
direito de regresso contra o servidor que diretamente causou o dano, comprovando-se que este agiu com dolo
ou culpa.

- Prerrogativas de direito público mais importantes atribuídas às autarquias:

 Imunidade tributária, nos termos do art. 150, §2º da CRFB, que veda a instituição de impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados a suas finalidades essenciais ou às que
dela decorram;
 Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas, não podendo ser usado o instrumento coercitivo da
penhora como garantia do credor, sendo que a garantia se estabelece, como regra, pelo sistema de precatórios
judiciais e a execução obedece às regras próprias da legislação processual;
 Imprescritibilidade de seus bens, uma vez que, tratando-se de bens públicos, os bens autárquicos não
podem ser adquiridos por terceiros por meio da usucapião;

109
 Prescrição quinquenal, sendo certo que dívidas e direitos em favor de terceiros contra autarquias
prescrevem em 05 anos;
 Créditos sujeitos à execução fiscal, sendo que os créditos autárquicos são inscritos como dívida ativa e
podem ser cobrados pelo processo especial das execuções fiscais;
 A autarquia se considera como fazenda pública, razão pela qual nos processos em que é parte tem prazo
em dobro para contestar e para recorrer;
 A defesa da autarquia na execução de quantia certa fundada em título judicial se formaliza em autos
apensos ao processo principal e por meio de embargos do devedor.

#DEOLHONOEDITAL:

- Autarquias de regime especial: O termo autarquia de regime especial foi utilizado inicialmente para falar de
Universidades Públicas. Para estas a especialidade vinha de duas características: a escolha do dirigente (reitor)
realizada por meio de eleição, onde docentes, discentes e funcionários votam; maior liberdade, autonomia, no
que diz respeito à definição pedagógica, à grade curricular. Portanto, o regime especial das Universidades
Públicas vem da escolha dos dirigentes e da maior autonomia que possuem com relação às outras pessoas
F ~ “ ”
voltou à tona. Leis que tratam de diversas agências reguladoras passaram a apresentá-las como autarquias de
regime especial.

- No processo de modernização do Estado, uma das medidas preconizadas pelo Governo foi a criação de um
grupo especial de autarquias a que se convencionou chamar de agências, cujo objetivo institucional consiste na
função de controle de pessoas privadas incumbidas da prestação de serviços públicos, em regra sob a forma de
concessão ou permissão, quando são chamadas de agências reguladoras, e também na de intervenção estatal no
domínio econômico, quando necessário para evitar abusos nesse campo, perpetrados por pessoas da iniciativa
privada, quando são chamadas de agências executivas, destinadas a execução efetiva de certas atividades típicas
de Estado.

Teoria da Captura (Capture Theory): Trata-se da teoria pela qual se busca impedir uma vinculação promíscua
entre a agência reguladora, de um lado, e o governo instituidor ou os entes regulados, de outro, com flagrante
comprometimento da independência da pessoa controladora.

Há uma necessidade de afastamento de indevidas influências das entidades privadas sob o controle das
agências reguladoras sobre a atuação destas, de modo a beneficiarem-se as empresas em desfavor dos usuários
do serviço.

Em controvérsia apreciada pelo Judiciário, já se decidiu no sentido de obstar a nomeação, para vagas do
Conselho Consultivo de agência reguladora, destinadas à representação de entidades voltadas para os usuários,
de determinadas pessoas que haviam ocupados cargos em empresas concessionárias, tendo-se inspirado a
decisão em evidente suspeição que o desempenho de tais agentes poderia ocasionar (tratava-se do Conselho
Consultivo da ANATEL – TRF 5ª região, Ap. Cível n.º 342.739).

110
- Diferentemente das agências reguladoras, as agências executivas não possuem a função precípua de exercer
controle, embora possam fazê-lo também, mas sim se destinam a exercer atividade estatal que, para melhor
desenvoltura, deve ser descentralizada e, por conseguinte, afastada da burocracia administrativa central.
Segundo o disposto no art. 51 da Lei n.º 9.646/98, ato do Presidente da República poderá qualificar como agência
executiva autarquias e fundações desde que tenham plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento
institucional em andamento; e tenham celebrado contrato de gestão com o Ministério supervisor. A tais agências
a lei assegura autonomia de gestão e a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros para que possam
cumprir suas metas e objetivos institucionais. Exemplos de agências executivas: INMETRO; Agência de
Inteligência; SUDAM e SUDENE.

- Fundação é um patrimônio, destacado por um fundador para uma finalidade específica. Trata-se de um
patrimônio personalizado, chamado pelos mais clássicos de universitas bonorum. Atribui-se personalidade jurídica
a um patrimônio preordenado a certo fim social. Ela não tem fins lucrativos.

- Existe divergência doutrinária quanto à natureza jurídica da fundação instituída pelo poder público. Existem
três correntes a esse respeito: a primeira entende que a fundação é pessoa jurídica de direito privado; a segunda
considera que ela é pessoa jurídica de direito público (entendimento do Celso Antônio porque se assemelha às
autarquias); e a terceira, que é prevalente, entende que o Estado pode instituir uma fundação e escolher a
personalidade, de direito público ou de direito privado, conforme queira submetê-la a um ou outro regime
jurídico. A fundação caracteriza-se por ser um patrimônio vinculado ao cumprimento de um fim e isso ocorre
tanto com a fundação instituída pelo particular nos termos da lei civil, quanto com a fundação instituída pelo
poder público. Assim como a associação se caracteriza pela reunião de pessoas.

- Existe grande dificuldade na prática em saber se a fundação instituída pelo poder público tem personalidade
jurídica de direito público ou de direito privado porque a respectiva lei omite muitas vezes qual a personalidade a
ela atribuída. De todo modo, se a conclusão for na hipótese de que a fundação é de direito público, teremos a
fundação autárquica ou autarquia fundacional, eis que pessoa jurídica de direito público que não seja ente da
federação é autarquia. Exemplo de fundação autárquica: a maioria das universidades públicas.

- Os fins a que se destinam as fundações públicas são sempre de caráter social e suas atividades se
caracterizam como serviços públicos. O comum é que as fundações públicas se destinem às seguintes atividades:
assistência social; assistência médica e hospitalar; educação e ensino; pesquisa; e atividades culturais. Se a
fundação pública é instituída com a adoção, basicamente, do regime de direito privado, deverá sujeitar-se ao
modelo previsto no Código Civil, inclusive quanto ao objeto, constituído das finalidades a que alude o art. 62 e
seus incisos do CC (fins religiosos; educacionais; de saúde; morais; assistenciais; cultura, defesa e conservação do
patrimônio histórico e artístico, segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
alternativas; modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos
e científicos; promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos). Não obstante, em se
tratando de fundação de direito público, poderá o legislador indicar objeto diverso dos que constam no diploma

111
civil. Isso porque tais fundações possuem natureza autárquica, o que permite ao legislador fixar sua finalidade
institucional, considerando o interesse público perseguido, naquele caso específico, pela Administração.

- Controle institucional: assim como as demais pessoas da Administração Indireta, as fundações públicas estão
sujeitas a controle pela respectiva Administração Direta, que pode se dar sob o prisma do controle político, que
decorre da relação de confiança entre os órgãos de controle e os dirigentes da entidade controlada (estes são
indicados e nomeados por aqueles); sob o prisma do controle administrativo, pelo qual a Administração Direta
fiscaliza se a fundação está desenvolvendo atividade consonante com os fins para os quais foi instituída; e sob o
prisma do controle financeiro, exercido pelo Tribunal de Contas, tendo a entidade o encargo de oferecer sua
prestação de contas para apreciação por aquele Colegiado.

- Controle do Ministério Público: Este somente se aplica a fundações privadas, não incidindo sobre fundações
públicas.

- Controle Judicial: As fundações públicas de direito público podem dar origem a atos de direito privado e a
atos administrativos.

- Empresa pública e sociedade de economia mista: São pessoas jurídicas de direito privado da administração
pública indireta, criadas mediante autorização em lei específica para prestação de serviços públicos ou para a
exploração da ordem econômica; submetem-se ao regime jurídico de direito privado, mas que sofre derrogações
por normas de direito público, sendo que as prestadoras de serviços públicos são as que sofrem maior
interferência das regras de direito público.

- A empresa pública e a sociedade de economia mista diferenciam-se por que: 1º) o capital da empresa pública
é totalmente público enquanto que a sociedade de economia mista conjuga capital público e privado; 2ª) a
sociedade de economia mista deve assumir a forma societária de sociedade anônima enquanto que a empresa
pública pode assumir qualquer forma societária admitida em direito, podendo ser até mesmo sociedade
unipessoal.

- Existe ainda uma diferença atinente às empresas públicas e sociedades de economia mista federais e que diz
respeito ao juízo competente para apreciar as causas em que forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou opoentes. Nos termos do art. 109, I, da CF se a causa envolver empresa pública federal o juízo
competente é o da Justiça Federal, exceto as causas de falência, as de acidente do trabalho e as sujeitas à justiça
eleitoral e a justiça do trabalho. Em se tratando de sociedade de economia mista, ainda que federal, o juízo
competente é o estadual.

- Trata-se de bens privados; O pessoal das empresas públicas e sociedades de economia mista se submetem
ao regime trabalhista comum, regido pela CLT; O ingresso desses empregados deve ser precedido de aprovação
em concurso público; para esses empregados não incidem as regras protetivas especiais dos servidores públicos,
como, por exemplo, a estabilidade estatutária, incidindo a CLT acerca da formação e da rescisão do contrato de
trabalho.

112
- Os empregados de Empresas Públicas e de Sociedades de Economia Mista não podem acumular seus
empregos com cargos ou funções públicas; são equiparados a funcionários públicos para fins penais (posição
majoritária); bem como são considerados agentes públicos para os fins de incidência das diversas sanções na
hipótese de improbidade administrativa.

- As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público se submetem à
responsabilidade civil de direito público prevista no art. 37, §6º da CRFB (responsabilidade objetiva). Portanto,
aqui é preciso examinar a atividade exercida pelas entidades, embora todas, em sentido lato, exerçam atividade
econômica. Se o objeto da atividade for a exploração de atividade econômica em sentido estrito (tipicamente
mercantil e empresarial), a norma constitucional não incidirá; em consequência a responsabilidade será subjetiva,
regulada pela lei civil. Lembre-se que o Estado possui responsabilidade subsidiária, independente da natureza da
entidade.

PODERES ADMINISTRATIVOS

- Poderes administrativos são poderes-deveres, irrenunciáveis e instrumentais, pois não são poderes em si
mesmos, mas instrumentos por meio dos quais os órgãos e entidades administrativas executam suas tarefas e
cumprem suas funções. Decorrem da busca do interesse coletivo, sendo prerrogativas concedidas à
Administração Pública para persegui-lo.

- Poder Normativo (ou regulamentar): poder dado à Administração de expedir atos administrativos gerais e
abstratos com efeitos erga omnes. Alguns doutrinadores chamam de poder regulamentar, uma vez que a maioria
dos atos praticados com base nesse poder tratam-se de regulamentos. Contudo, boa parte da doutrina prefere
tratar como poder normativo, afirmando que a expedição de regulamentos é apenas uma das formas pela qual o
poder normativo se exterioriza (também em deliberações, instruções, resoluções, etc.).

- Entre os regulamentos que podem ser expedidos com base nesse poder, existem o regulamento executivo e
o regulamento autônomo. Aquele é editado em complementação à lei, para sua fiel execução; não pode inovar o
ordenamento jurídico, sob pena de violação à legalidade. É a regra.

- Já o regulamento autônomo, atua substituindo a lei e inova o ordenamento jurídico. Embora haja discussão
doutrinária, prevalece que é previsto excepcionalmente no Brasil, pelo artigo 84, VI, da CF, o qual estabelece a
competência do Presidente da República para, por meio de Decretos (forma pela qual se manifestam os
regulamentos), determinar a extinção de cargo público vago e dispor sobre a organização administrativa, desde
que não implique em aumento de despesas e não crie órgãos públicos. Parte minoritária da doutrina nega a
existência de tais regulamentos autônomos, afirmando que são decretos executivos que regulamentam
diretamente o texto constitucional, não inovando o ordenamento. Cabe ao Congresso Nacional sustar os atos
administrativos que extrapolem ou exorbitem o poder regulamentar.

•P H | ~ ú
mesma pessoa jurídica, definindo competência entre órgãos e agentes públicos integrantes dessa entidade. Não
existe manifestação de hierarquia externa, entre pessoas jurídicas diferentes.

113
Dele decorrem atribuições, como o dever de fiscalizar, de obediência às ordens dos superiores, de controle da
atividade dos órgãos inferiores (podendo anular e revogar), bem como avocação e delegação de competência.

•P õ õ
que são submetidos à disciplina da administração em decorrência do poder hierárquico ou de contratos
celebrados pela Administração Pública. Não se deve confundir o poder disciplinar da administração pública com o
poder punitivo do Estado (jus puniendi), que é exercido pelo Poder judiciário e diz respeito à repressão de crimes
e contravenções penais.

- Prevalece na doutrina que o poder disciplinar é discricionário em regra, mas não sempre. A instauração de
processo disciplinar para investigar infração é ato vinculado. Isso está expressamente previsto no estatuto de
servidores. Contudo, uma vez instaurado o processo, a qualificação dos fatos como infração administrativa é ato
discricionário, que decorrerá da valoração dos fatos.

A aplicação da pena é ato vinculado, pois uma vez definida/caracterizada a infração a pena é expressa na lei,
devendo o administrador seguir os mandamentos legais. Para a aplicação de penalidades deve haver anterior e
regular processo administrativo.

#DEOLHONOEDITAL:

• Poder de Polícia: segundo conceito de Fernanda Marinela, é "uma atividade da administração pública que se
expressa por meio de seus atos normativos ou concretos, com fundamento na supremacia geral e, na forma da lei, de
condicionar a liberdade e a propriedade dos indivíduos mediante ações fiscalizadoras, preventivas e repressivas".

- É restrição do exercício de garantias privadas em função da busca do interesse coletivo.

- A polícia administrativa pode ser preventiva (ex.: portarias e regulamentos que disciplinam horário para
funcionamento de determinado estabelecimento), repressiva (ex.: dissolve passeata tumultuosa) e fiscalizadora
(ex.: vistoria de veículos).

- A diferença da polícia administrativa para a polícia judiciária é que essa visa a prevenção e repressão à prática
de ilícitos criminais, disciplinados pelo Direito Penal e Processual Penal.

- Atributos do poder de polícia:

a) discricionariedade: liberdade estabelecida em lei ao administrador para decidir perante o caso concreto;

b) autoexecutoriedade: a administração pode executar suas próprias decisões, sem interferência do


Judiciário. Ocorre quando a lei assim prevê ou em situações emergenciais, em que se autoriza o contraditório
diferido.

c) coercibilidade: torna o ato obrigatório, devendo ser obedecido independentemente da vontade do


administrado, caso em que a Administração pode usar meios indiretos de coerção.

114
- Embora a discricionariedade seja identificada como atributo do poder de polícia, não é possível dizer que o
poder de polícia é sempre discricionário (ex.: licenças para construção são atos vinculados).

- É pacífico que os atos que manifestam expressão do poder público - como a polícia administrativa - não
podem ser delegados, sob pena de se ofender o equilíbrio entre os particulares e colocar em risco a ordem social.
No entanto, vem sendo admitida por parte da doutrina a possibilidade de delegação aos particulares dos
aspectos materiais do poder de polícia. Assim, para a maioria da doutrina não há possibilidade de ser delegado o
poder de polícia propriamente dito sequer para a Administração Indireta, mas é possível transferir o poder de
fiscalizar e de emanar atos de consentimentos (ex.: carteiras de habilitação), não podendo legislar ou aplicar
sanções a particulares.

- Ciclos do poder de polícia:

a) ordem – norma legal estabelece, de forma primária, as restrições e as condições para o exercício das
atividades privadas;

b) consentimento – anuência do Estado para que o particular desenvolva determinada atividade ou utilize a
propriedade particular. Divide-se em

b.1) licença – ato vinculado e

b.2) autorização – ato discricionário.

c) fiscalização – verificação do cumprimento, pelo particular, da ordem e/ou do consentimento de polícia.


Pode ser iniciada de ofício ou por provocação.

d) sanção – medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem de polícia ou os limites impostos
no consentimento de polícia.

ATOS ADMINISTRATIVOS

- Fato jurídico é todo fato capaz de produzir efeitos na ordem jurídica.

- O fato administrativo, por seu turno, não guarda correlação com tal conceito, pois não leva em consideração
a produção de efeitos jurídicos – do contrário, tem o sentido de atividade material no exercício da função
administrativa. Indica, portanto, tudo aquilo que retrata alteração dinâmica na administração, um movimento na
ação administrativa.

- Podem ser voluntários ou naturais (ex.: fenômeno natural que reflete na administração pública, como um
raio que destrói bem público).

- Os fatos administrativos voluntários, por sua vez, se dividem em:

115
(i) atos administrativos, que formalizam a providência desejada pelo administrador por meio de manifestação de
vontade; e

(ii) condutas administrativas, que refletem comportamentos e ações administrativas, sejam elas precedidas
ou não de ato administrativo formal (ex: a simples mudança de local de determinado departamento
administrativo).

- Ato da administração: entre os atos da administração, estão atos que não se enquadram no conceito de ato
administrativo, como, por exemplo, atos privados (contratos da administração regidos pelo direito privado, v.g.
locação de imóvel), ou atos materiais que são fatos administrativos.

- Celso Antônio fala, ainda, em atos políticos ou de governo. Carvalho filho não concorda com essa ideia, na
“ ~ h A ~ ” ( A A H FI H 1 99)

- Ato jurídico é o ato de vontade com idoneidade de infundir determinados efeitos no mundo jurídico e tem
como elementos estruturais: sujeito, objeto, forma e vontade.

- O ato administrativo é espécie de ato jurídico, com algumas qualificações especiais: sujeito é sempre um
agente investido de prerrogativas públicas e o objeto há de estar preordenado a determinado fim de interesse
público.

A característica fundamental do ato jurídico, para Carvalho Filho, é: que a vontade emane de agente da
Administração Pública ou dotado de prerrogativas desta; conteúdo há de propiciar a produção de efeitos
jurídicos com fim público; e toda essa categoria de atos deve ser regida basicamente pelo direito público.

- Quem pode praticar atos administrativos são os agentes da administração pública e delegatários.

 Agente da administração é todo aquele que integra a estrutura funcional dos órgãos administrativos
(administração direta e indireta), o único pressuposto para sua caracterização é que exerçam função
administrativa.
 Os agentes delegatários, por seu turno, são aqueles que embora não integrem a estrutura funcional da
administração pública, recebem a incumbência de exercer por delegação, função administrativa. Exs: empresas
concessionárias e permissionárias de serviço público, serviços sociais autônomos, etc. Registre-se que, fora do
exercício da função delegada, esses agentes não praticam atos administrativos.

No âmbito privado, o silêncio pode importar em consentimento tácito. No direito público, todavia, o silencio
não revela a prática de ato administrativo, eis que inexiste manifestação formal de vontade. O que há é um fato
jurídico administrativo, e, como tal, pode produzir efeitos na ordem jurídica.

Há duas hipóteses: (i) a lei prever as consequências da omissão; e (ii) a lei não prever.

No primeiro caso, a lei pode indicar:

116
1. Que o silêncio importa manifestação positiva (anuência tácita); e

2. O silêncio implica em manifestação denegatória.

Nessa segunda hipótese, a omissão pode ocorrer com 1. Escoamento do prazo para administração se
manifestar; e 2. Demora excessiva na prática de ato quando a lei não estabelece prazo. Nesse caso, pode o
interessado provocar a administração, fazendo uso do direito de petição. Se não obtiver sucesso, deve buscar a
manifestação da administração pela via judicial.

Nesse caso, o provimento judicial apenas determinará que a administração pratique o ato, sem definir nem
substituir seu conteúdo.

Celso Antônio defende que, no caso de atos vinculados, o juiz pode suprir a manifestação da administração.
Carvalho Filho não concorda.

Há previsão, ainda, na Lei 11417/06, de reclamação caso a omissão contrarie enunciado de súmula vinculante. A
medida vale tanto para ação quanto para omissão, e conclama o esgotamento da via administrativa.

Lei, todavia, não menciona os efeitos da decisão no caso de acolhimento da reclamação no caso de omissão.
Para Carvalho Filho, o Judiciário não pode substituir o administrador, e tem que determinar ao administrador o
cumprimento de atuação comissiva.

- Elementos do ato administrativo: os elementos estão na Lei da ação popular (L. 4717): i. Competência
(sujeito competente); ii. Forma; iii. Motivo; iv. Objeto; v. Finalidade.

- Competência é o círculo definido por lei dentro do qual podem os agentes exercer legitimamente sua
atividade. Funda-se na necessidade de divisão do trabalho entre os vários agentes do Estado. Pode ser delegada
e avocada, excepcionalmente, se devidamente justificada, vide arts. 11-15, da Lei 9784/99. A delegação ou
avocação de competência é cumulativa, o órgão não perde sua competência – ambos continuam competentes. O
ato de delegação só pode ocorrer se houver expressa previsão em lei. Conforme a doutrina majoritária, a
delegação é um atributo da hierarquia, em que o superior manda o subordinado executar parte das
competências que a lei atribui ao superior. Já quando a autoridade superior atrai para sua esfera decisória a
prática de ato de competência natural de agente com menor hierarquia, dá-se o fenômeno da avocação.

- O objeto também chamado de conteúdo é o resultado prático do ato. É o efeito jurídico imediato, o ato
considerado em si mesmo (abstratamente, aquilo que se pretende atingir ou alcançar). Deve ser lícito, possível
(jurídico e materialmente) e determinado ou determinável (objeto deve ser certo).

- Forma é o meio pelo qual se exterioriza a vontade para haver ato, deve haver manifestação, exteriorização
da vontade. É necessário atender certas formalidades específicas previstas em lei para que o ato seja valido.
Assim, não basta que o ato tenha forma, deve ter forma válida.

117
- Motivo: situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o ato administrativo. É a
obrigatória exposição das circunstâncias legais e fáticas que autorizam o exercício daquele ato.

#DEOLHONOEDITAL: Teoria dos motivos determinantes: princípio de que o motivo do ato administrativo
deve sempre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou a manifestação da vontade. Isso porque,
“ z ~ sso mesmo, deve haver perfeita

Essa teoria incide mais sobre os atos discricionários. I.e., se existir motivação, esta vincula o agente nos
termos que foi mencionada. Se o interessado comprovar que inexiste a realidade fática mencionada no ato como
determinante da vontade, estará ele irremediavelmente inquinado de vício de legalidade.

Obs.: servidor pede férias para determinada data. Trata-se de ato discricionário do chefe da repartição e ele
pode indeferir sem declinar o motivo. Contudo o chefe rejeita alegando falta de pessoal na repartição. Se o
interessado provar o contrário, há vício no motivo, i.e., o motivo não corresponderá à realidade fática.

Obs.: Tredestinação: é a mudança de motivo legal. É uma exceção à teoria dos motivos determinantes.
Ocorre, por exemplo, no caso de desapropriação, só será legal se mantida a razão de interesse público. Também
deve ser observada a congruência entre o motivo e o resultado do ato. i.e., os motivos devem aparecer como
premissas donde se extraia logicamente a conclusão, que é a decisão.

Há discussão sobre as diferenças entre motivo e motivação. Há doutrina que entende como requisito de
FORMA a MOTIVAÇÃO (doutrina majoritária e STF). Segundo esse entendimento, não se confunde motivação
com motivo (fato e fundamento jurídico que levam à prática do ato), já a motivação é mais do que o motivo, é o
raciocínio lógico, a justificativa do ato, a correlação lógica entre os fatos ocorridos, o fundamento legal, o ato
praticado, demonstrando, assim, a compatibilidade da conduta com a lei.

- Finalidade é o elemento pelo qual todo ato administrativo deve estar dirigido ao interesse público. Quando a
autoridade pratica o ato por uma razão estranha ao interesse público, tem-se vício/defeito de desvio de
finalidade. É sempre a lei que determina. O desrespeito ao interesse público configura abuso de poder sob a
forma de desvio de finalidade. Conduta desse tipo, ainda, ofende a impessoalidade e moralidade.

- Diferença de finalidade e objeto:

O objeto diz respeito ao fim imediato, i.e., ao resultado prático a ser alcançado pelo ato. Já finalidade se
relaciona ao fim mediado, ou seja, ao interesse coletivo que o administrador tem que atender. Carvalho Filho,
com base nessa distinção, afirma que o objeto é sempre variável, mas a finalidade é sempre invariável, ou seja,
ela sempre será identificada no interesse público.

118
- Poder discricionário é a prerrogativa concedida aos agentes administrativos de elegerem, entre várias
condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público. Sempre com
objetivo maior de atendimento aos interesses da coletividade.

- Outras atividades, porém, têm sua forma de execução inteiramente definida em lei. Ao agente não é
concedida qualquer liberdade quanto à atividade a ser desempenhada. Tratam-se dos atos vinculados.

- Se o ato é vinculado, TODOS os seus elementos serão vinculados.

- Todavia, se o ato é discricionário, alguns elementos serão discricionários, porém, outros serão vinculados.
Serão discricionários o motivo e o objeto. Esta liberdade é o que a doutrina chama de mérito administrativo.

- Competência, finalidade e forma, portanto, são sempre definidos em lei.

- Já o motivo e objeto poderão ser preenchidos pelo administrador, de maneira motivada. Ao motivar, deve
demonstrar conveniência e oportunidade.

- Mérito é, portanto, a avaliação da conveniência e oportunidade relativas ao motivo e ao objeto,


inspiradoras da prática do ato discricionário.

- Os efeitos típicos dos atos administrativos são os esperados, desejados. E os atípicos, são os efeitos não
esperados. São dois:

1. Efeito atípico reflexo: efeito secundário que atinge terceiros estranhos à prática do ato. Ex.: desapropriar
imóvel de x, mas quem residia ali era y;

2. Efeito atípico preliminar ou efeito prodrômico: efeito que aparece nos atos administrativos que dependem
de duas manifestações de vontade (atos compostos e complexos). Trata-se de um efeito secundário que vem
antes do aperfeiçoamento do ato e se configura com o dever da 2ª autoridade em se manifestar quando a 1ª já o
fez. Ex.: nomeação de dirigente de agência reguladora.

- Características do ato administrativo:

 Imperatividade (coercibilidade): significa que os atos administrativos são cogentes, obrigando a todos
quantos se encontrem no seu círculo de incidência. Decorre da imperatividade o poder que a AP tem de exigir o
cumprimento do ato.
 Presunção de legitimidade: presunção de que nasceram em conformidade com as devidas normas legais.
Trata-se, contudo, de presunção relativa (iuris tantum) e não absoluta. Os efeitos da presunção de legitimidade
são a autoexecutoriedade (infra) e a inversão do ônus da prova (i.e., cabe a quem alegar provar que o ato não é
legítimo).
 Autoexecutoriedade: o ato, tão logo praticado, pode ser executado e seu objeto imediatamente
alcançado. Tem como fundamento a necessidade de salvaguardar com rapidez e eficiência o interesse público, o
que não ocorreria se a cada momento tivesse que submeter suas decisões ao crivo do judiciário. Essa

119
característica é muito presente no poder de polícia. Alguns atos administrativos, todavia, não tem
autoexecutoriedade: é o caso da cobrança de multa e desapropriação, nesses casos, a AP tem que se valer do
judiciário.

- Atos simples se o ato emana da vontade de um só órgão ou agente, é ato simples.

- Atos compostos não se compõem de vontades autônomas, embora múltiplas. Há uma só vontade
autônoma, ou seja, de conteúdo próprio. As demais são meramente instrumentais, porque se limitam à
verificação da legitimidade do ato de conteúdo próprio. Exs: um ato de autorização sujeito a outro ato
confirmatório, um visto.

- Atos complexos são aqueles cuja vontade final da AP exige a intervenção de agentes ou órgãos diversos,
havendo certa autonomia, ou conteúdo próprio em cada uma das manifestações. Ex: investidura do Ministro do
STF (presidente + Senado); lista tríplice para nomeação de reitor, etc.

- Formas de extinção dos atos administrativos: São cinco: extinção natural, subjetiva, objetiva, caducidade e
desfazimento volitivo.

 Extinção natural: decorre do cumprimento normal dos efeitos do ato.


 Extinção subjetiva: desaparecimento do sujeito que se beneficiou do ato.
 Extinção objetiva: o objeto do ato é um dos seus elementos essenciais. Se depois de praticado o ato
desaparece seu objeto, ocorre a extinção objetiva. Ex.: a interdição de um estabelecimento. Se o
estabelecimento vem a desaparecer ou é definitivamente desativado, o objeto do ato se extingue e, com ele, o
próprio ato.
 Caducidade: perda de efeitos jurídicos do ato em virtude de norma jurídica superveniente contrária àquela
que respaldava a prática do ato.
 Desfazimento volitivo: invalidação (anulação), revogação e cassação. São hipóteses que, ao contrário das
demais, dependem de manifestação de vontade.

- A Cassação: é forma extintiva do ato administrativo que se aplica quando o beneficiário de determinado ato
descumpre condições que permitem a manutenção do ato e de seus efeitos. É ato sancionatório e vinculado.

- Invalidação (anulação): Forma de extinção do ato administrativo em virtude da existência de vício de


legalidade. O pressuposto é a presença de vício de legalidade. A invalidade pode ser decretada pelo judiciário ou
pela administração. Caso seja decretada pela administração, no exercício da autotutela, e afetar direitos
individuais, entende-se necessário a instauração de processo administrativo para propiciar o contraditório. Via de
regra, constatada a ilegalidade, deve o administrador anular o ato. Mas há exceções em que a administração não
deve anular o ato, ainda que ilegal: (i) decurso do tempo; e (ii) consolidação dos efeitos produzidos. O decurso
do tempo estabiliza certas situações fáticas, transformando-as em situações jurídicas pela prescrição e
decadência. A outra hipótese é aquela em que as consequências jurídicas do ato geraram tal consolidação fática
que a manutenção do ato atenderá mais ao interesse público do que a invalidação (teoria do fato consumado).
Assim, o princípio do interesse público e da segurança jurídica prevalecem sobre o princípio da legalidade estrita.

120
A invalidação opera ex tunc, uma vez que os atos nulos não se convalidam nem pelo decurso do tempo. Mas,
entende-se que a prescrição incide em relação aos atos inválidos, na medida em que o interesse público que
decorre do princípio da estabilidade das relações jurídicas é tão relevante quanto a necessidade de
restabelecimento da legalidade dos atos administrativos de forma que deve o ato permanecer seja qual for o
vício de que esteja inquinado. Também, a decadência para a anulação de atos pela administração ocorre em 5
anos, na forma do art. 9784/99.

- Revogação: É instrumento jurídico por meio do qual a AP promove a retirada de um ato administrativo
válido por razões de conveniência e oportunidade. Trata-se de um poder inerente à AP. Ao mesmo tempo em
que lhe cabe sopesar os elementos de conveniência e oportunidade para a prática de certos atos, caber-lhe-á
também fazer a mesma avaliação para retirá-los do mundo jurídico. O pressuposto da revogação é o interesse
público, dimensionado pela Administração, no caso, por uma análise da conveniência e oportunidade. O
fundamento da revogação é o poder discricionário da Administração. Por isso, e ao contrário do que ocorre com
a invalidação, a revogação só pode ser processada pela administração, sendo vedada ao Poder Judiciário. Os
efeitos da revogação são ex nunc, na medida em que os atos revogados são atos válidos. O Poder de revogar
atos da AP, todavia, não é ilimitado. São insuscetíveis de revogação:

 Atos que exauriram seus efeitos;


 Atos vinculados, porque em relação a estes o administrador não tem liberdade de atuação;
 Atos que geram direitos adquiridos (art. 5º, XXXVI, CF);
 Os atos integrativos de um procedimento administrativo, pela simples razão de que se opera a preclusão
do ato anterior pela prática do ato sucessivo;
 Os denominados meros atos administrativos, como pareceres, certidões e atestados.

BENS PÚBLICOS

- Pelo Código Civil, bens públicos são "os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem". Classificam-se em:

a) quanto à titularidade: bens federais, bens estaduais, bens municipais e bens distritais.

b) quanto à destinação:

 Bem de uso comum do povo: a administração mantém para o uso normal da população, de uso livre,
gratuito ou mediante a cobrança de taxas (no caso de utilização anormal ou privativa). São os que assim
decorrem ou da lei ou da própria natureza do bem, como é o caso das praias marítimas, ruas, praças públicas, etc.
 Bem de uso especial: são bens usados para a prestação de serviços públicos pela Administração ou
conservados por ela com finalidade pública. Dividem-se em bens de uso especial direto, que são os que compõem
o aparelho estatal (ex: escolas públicas, automóvel oficial, etc.), e em bens de uso especial indireto, que o poder
público não utiliza os bens diretamente, mas conserva os mesmos com a intenção de garantir proteção a
determinado bem jurídico de interesse da coletividade (ex: terras tradicionalmente ocupadas pelos índios);

121
 Bens dominicais ou dominiais: são bens que não possuem destinação pública. Ex: terras devolutas. Podem
ser alienados, respeitadas as condições previstas em lei. Parte da doutrina diferencia dominicais de dominiais,
dizendo que são dominiais todos os bens do domínio público.

- São bens afetados aqueles que têm uma determinada destinação pública (seja de uso comum do povo ou
utilização especial), enquanto que os desafetados são os que não têm nenhuma utilização no interesse coletivo
(os dominicais).

- Os bens públicos desafetados podem passar a ter uma destinação específica, mediante afetação e, um bem
que tem destinação pública específica pode deixar de ostentar a qualidade de bem afetado, mediante
desafetação.

- A afetação é livre, não dependendo de lei ou ato administrativo, já que a simples utilização do bem com
finalidade pública, lhe confere a qualidade de bem afetado. A sua utilização para uso comum ou para uso especial
já afeta o bem. Por outro lado, a desafetação, uma vez que retira a finalidade pública do bem tornando-o
alienável (deixará de ser de uso comum ou especial e passará a ser dominical), depende de lei específica ou ato
administrativo expresso, não ocorrendo com o simples desuso. Ainda, a desafetação pode ocorrer por fatos da
natureza que impeçam a utilização do bem (ex: incêndio em escola pública).

- Os bens públicos têm as seguintes garantias:

 Impenhorabilidade: não podem ser penhorados sequer os bens dominicais, tendo em vista que as
execuções contra o Estado devem ser pagas segundo a ordem cronológica de precatórios;
 Não onerabilidade: os bens públicos não podem ser objeto de direito real de garantia, ou seja, não podem
ser objeto de penhor, anticrese ou hipoteca para garantir débitos do ente estatal;
 Imprescritibilidade: os bens públicos não podem ser objeto de usucapião, inclusive os bens não afetados, já
que a jurisprudência se manifesta no sentido de que a utilização de bens públicos não induz posse, tratando-se de
mera detenção; e
 Alienabilidade condicionada: os bens públicos podem ser alienados desde que atendidos os requisitos do
artigo 17 da lei 8.666/93, ou seja, deve haver declaração estatal de que há interesse público na alienação,
avaliação prévia do bem que servirá de parâmetro para definir o valor da venda e, por fim, deve ser realizada
licitação - salvo os casos de dispensa. Os bens públicos podem ser alienados mediante doação, permuta, dação
em pagamento, concessão de domínio, investidura, incorporação, retrocessão e legitimação da posse.

#DEOLHONOEDITAL: Formas em que pode se dar a utilização de bens públicos por particulares:

- Autorização de uso: ato discricionário e precário, independente de licitação, por meio do qual o Estado
permite a utilização anormal ou privativa de um bem pública, concedida no interesse do particular, desde que
não cause prejuízos à coletividade (ex: uso da praia para festa privada).

122
- Permissão de uso: ato discricionário e precário, mas dependente de licitação prévia e concedida
eminentemente no interesse público, permitindo a utilização anormal ou privativa do bem público pelo particular
(ex: bancas de revistas em calçadas - direito à informação)

- Concessão de uso: contrato administrativo que permite o uso anormal ou privativo do bem. Serve para
situações mais perenes, que dependem de maior investimento pelo particular, em regra, precisam de licitação e
possuem prazo determinado.

- Concessão de direito real de uso: é contrato administrativo por meio do qual o particular passa a ser titular
de um direito real de utilização de determinado bem público, dependendo de licitação por concorrência (ex:
concede-se o direito real de utilização de determinado terreno público por uma fábrica, no intuito de
industrializar determinada área).

- Concessão de uso especial para fins de moradia: "aquele que, até 30 de junho de 2011, possuiu como seu, por
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até 250m² de imóvel público situado em área urbana, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao
bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de ouro imóvel
urbano ou rural".

- Cessão de uso: feito entre órgãos ou entidades públicas, com a finalidade de permitir a utilização de
determinado bem público por outro ente estatal, no interesse da coletividade e, normalmente, firmado por
convênio ou termo de cooperação.

*A utilização de bens públicos por meio de instrumentos do direito privado, como a enfiteuse, a locação e o
comodato, somente é admitida para bens dominicais.

LICITAÇÃO

- Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta


mais vantajosa para a celebração de contrato, assegurada a igualdade entre os participantes do certame.

- As contratações efetuadas pela Administração Pública são, via de regra, precedidas de licitação. Como ensina
Hely Lopes Meirelles: “A ~ |
ó ~ ”

- Na redação original da Lei 8.666/93, a licitação destinava-se ao duplo objetivo de selecionar a proposta mais
vantajosa para a Administração Pública e de garantir o princípio constitucional da isonomia. A partir da Lei 12.349,
de 16 de dezembro de 2010, um terceiro objetivo foi acrescido à licitação, qual seja o de promover o
desenvolvimento nacional sustentável.

- Estão obrigadas a licitar as pessoas políticas (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), as
autarquias, as fundações públicas e as empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) e

123
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O
parágrafo único do artigo 1º da Lei 8.666/93 ainda acrescenta os fundos especiais entre os obrigados a licitar.
A ô M “ ~
superabundantemente, pois são órgãos da Administração direta. Se não o fossem, seriam fundações

- O artigo 3º da Lei 8.666/93 enumera, de modo exemplificativo, os seguintes princípios da licitação:


legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao
instrumento convocatório e julgamento objetivo. A doutrina acrescenta outros princípios, tais como: o
procedimento formal, o sigilo na apresentação das propostas, a adjudicação compulsória ao vencedor e o
princípio da ampla defesa.

- A Administração Pública deve obediência às leis que regem a licitação, a eventuais regulamentos existentes e
também ao instrumento convocatório, erigido à categoria de lei interna da licitação. A observância da legalidade
dar-se-| } º 8 9 “
participem de licitação promovida por órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à
fiel observância do pertinente proc ” A H y M
procedimento formal não deve ser confundido com formalismo, caracterizado por exigências inúteis e
| “ ~ õ irregularidades
formais na documentação ou nas propostas desde que, por sua irrelevância, não causem prejuízo à
A ~ ”

- A impessoalidade está intimamente relacionada com a igualdade e com o julgamento objetivo. Significa que
os licitantes devem ser tratados de maneira igualitária, sem favoritismos ou discriminações indevidas. Tanto é
assim que no julgamento das propostas não é possível levar em consideração vantagem oferecida pelo licitante e
não prevista expressamente na lei ou no instrumento convocatório.

- A moralidade impõe atuação honesta, ética, de boa-fé, tanto por parte da Administração Pública quanto dos
licitantes durante todo o procedimento licitatório. Para a Administração Pública, a observância da moralidade
ainda é reiterada na menção à probidade administrativa. É sabido que a probidade administrativa foi erigida à
º F “
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
| ~ z ~ ”

- Pelo princípio da igualdade, veda-se à Administração tratar os licitantes de maneira diferenciada,


favorecendo alguns em detrimento de outros. O artigo 37, XXI, da Constituição Federal assegura a igualdade
~ z º “ ” 1º 8 9
“ ” º Lei 8.666/93, garante a observância do princípio constitucional da isonomia e ainda se
refere a outros princípios, entre eles o da igualdade.

- A publicidade impõe à Administração Pública que divulgue o procedimento licitatório para conhecimento de
interessados, bem como assegura o conhecimento, a qualquer interessado, de todos os atos praticados no

124
decorrer do procedimento. O artigo 3º, § 3º, da Lei 8.666/93, assim dispõe a respeito da publicidade: a licitação
não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo
das propostas, até a respectiva abertura. O artigo 4º da mesma lei também assegura a publicidade ao permitir a
qualquer cidadão acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não interfira de modo a perturbar ou
impedir a realização dos trabalhos.

- Princípio da vinculação ao instrumento convocatório: Os instrumentos convocatórios são o edital e a carta-


convite, esta última refere-se ao convite, enquanto que a primeira diz respeito a todas as demais modalidades. O
ó “ ~ ” A ~ Pú
quanto pelos interessados em participar da licitação.

- Princípio do sigilo na apresentação das propostas: Consagrado implicitamente pelo artigo 3º, § 3º, da Lei
8.666/93, que ressalva a publicidade quanto às propostas, até sua abertura, visa impedir que um licitante fique
em situação de vantagem perante os demais por conhecer uma ou mais de uma proposta de seus concorrentes.
O sigilo também se impõe para a Administração Pública, a fim de que se impeça qualquer tentativa de
favorecimento a licitante. Caso o sigilo seja quebrado, a licitação deve ser anulada, sem prejuízo de eventuais
sanções de caráter penal, civil e administrativo.

- Princípio do julgamento objetivo: O princípio está consagrado nos artigos 44 e 45 da Lei 8.666/93. O artigo
“ ” dispõe: No julgamento das propostas, a comissão levará em consideração os critérios
objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos por
“ ” z julgamento das propostas será objetivo, devendo a
Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os
critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente referidos,
de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. O que se pretende é reduzir ao
máximo o julgamento da licitação por critério subjetivo, pautando-se a comissão de licitação pelos critérios
previamente fixados no edital ou na carta-convite. Visando ao julgamento objetivo, o instrumento convocatório
deverá dizer quais os critérios de julgamento e o tipo de licitação. São os seguintes os tipos de licitação para
todas as modalidades, exceto concurso e pregão: menor preço, melhor técnica, técnica e preço ou maior lance
ou oferta.

- Princípio da adjudicação compulsória: Concluído o julgamento da licitação, seu objeto deve ser atribuído ao
primeiro classificado. A isso se dá o nome de adjudicação compulsória. A adjudicação compulsória do objeto da
licitação ao primeiro classificado no procedimento licitatório impede que a Administração Pública contrate outro
que não o licitante vencedor.

- A licitação é obrigatória, segundo a Constituição Federal, para os contratos de obras, serviços, compras,
alienações, concessão e permissão de serviços públicos (artigos 37, XXI e 175). O artigo 2º da Lei nº 8.666/93
impõe a licitação para as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e
locações. A realização de licitação prévia à contratação é, portanto, a regra. Excepcionalmente, a licitação não
será realizada, por não ser obrigatória; isso ocorre nos casos de inexigibilidade e dispensa de licitação.

125
- Para diferenciar a dispensa da inexigibilidade de licitação, deve ser indagado se há ou não possibilidade de
competição.

#DEOLHONOEDITAL:

Inexigibilidade de licitação Dispensa de licitação

Tanto na hipótese de inexigibilidade de licitação, quanto na de dispensa, a contratação feita pela


Administração Pública será direta, ou seja, sem prévio procedimento licitatório.

Há inexigibilidade de licitação sempre que há Há dispensa de licitação nos casos em que, embora
impossibilidade de competição, seja em razão da possível a competição entre interessados em
singularidade do objeto pretendido pela contratar com a Administração Pública, a lei autoriza a
Administração Pública, seja em decorrência da não realização da licitação.
singularidade do sujeito a ser contratado.

A licitação é inexigível se houver inviabilidade de Licitação dispensada é aquela declarada como tal pela
competição. A inviabilidade de competição existe própria lei, está contida no artigo 17, I e II.
em duas hipóteses:
O inciso I trata da alienação de bens imóveis,
a. em razão da singularidade do objeto; enquanto que o inciso II cuida da alienação de bens
móveis. Ex.: é dispensada a licitação para dação de
b. em razão da singularidade do sujeito. bem imóvel em pagamento; é dispensada a licitação
para venda de bens produzidos ou comercializados
Na primeira hipótese, só existe um objeto
por órgãos ou entidades da Administração Pública em
pretendido pela Administração Púbica, daí porque
virtude de suas finalidades.
a competição é inviável.

Na segunda hipótese, embora possam existir Licitação dispensável é aquela que a Administração
vários objetos pretendidos pela Administração Pública pode deixar de fazer, segundo um juízo
Pública, só existe um ofertante. discricionário. Os casos estão enumerados no artigo
24, segundo quatro critérios:

a. em razão do pequeno valor;

b. em razão de situações excepcionais;

c. em razão do objeto;

126
d. em razão da pessoa.

Exemplo de licitação dispensável em razão do


pequeno valor é o que consta do inciso I, para obras e
serviços de engenharia de valor até 10% do limite
previsto na alínea a do inciso I do artigo 23, com
ressalvas constantes no mesmo inciso.

Exemplo de licitação dispensável em razão de


situações excepcionais é o que consta do inciso III, nos
casos de guerra ou grave perturbação da ordem.

Exemplo de licitação dispensável em razão do objeto é


o que está no inciso XII, para compra de
hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis,
no tempo necessário para a realização dos
procedimentos licitatórios correspondentes,
realizadas diretamente com base no preço do dia.

Exemplo de licitação dispensável em razão da pessoa


é o que está no inciso XXII, para contratação de
fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás
natural com concessionário, permissionário ou
autorizado, segundo as normas da legislação
específica.

- O artigo 25 da Lei 8.666/93 enumera casos em que a licitação é inexigível, embora tal rol não seja exaustivo
ou taxativo, mas simplesmente exemplificativo. Ademais, o próprio artigo assim dispõe ao prescrever que a
licitação é inexigível quando houver in ~ “ ”
Assim, segundo o artigo em estudo, a licitação é inexigível:

 Inciso I: para aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do
local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal,
ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
 Inciso II: para contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação;

127
 Inciso III: contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

- O artigo 13 da Lei enumera os serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: I –


estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou executivos; II – pareceres, perícias e avaliações em geral; III
– assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; IV – fiscalização, supervisão ou
gerenciamento de obras ou serviços; V – patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; VI –
treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; VII – restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

- A notória especialização vem disciplinada no artigo 25, § 1º da Lei, sendo entendido como de notória
especialização o profissional ou a empresa cujo conceito no campo de sua especialidade permita inferir que o seu
trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

- A licitação é o gênero de que são modalidades: a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso, o
leilão e o pregão.

- A definição das modalidades de licitação é matéria de norma geral, de tal sorte que a competência acerca de
sua definição é da União, vedando-se às pessoas políticas a criação de modalidade não prevista em legislação
nacional, como também a combinação das modalidades existentes para surgimento de nova (artigo 22, § 8º, da
Lei 8.666/93).

- Concorrência: Conforme o artigo 22, § 1º, da Lei de Licitação e Contratação, é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos
de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. Geralmente é utilizada para contratos de grande
} I “ ” II “ ” z -se, basicamente, pelos princípios da
universalidade e da publicidade. A universalidade é resguardada porque a concorrência propicia a participação de
quaisquer interessados que comprovem serem qualificados à execução de seu objeto.

A ampla publicidade está assegurada pela publicação do aviso do edital, com indicação do local para obtenção
do edital completo, tanto no Diário Oficial, quanto em jornal de grande circulação no Estado, na região ou no
Município em que se dará a contratação, conforme artigo 21 da Lei 8.666/93.

A concorrência também é cabível para a compra de bens imóveis; para a alienação de bens imóveis,
ressalvados os casos de leilão, conforme artigo 19 da Lei 8.666/93; para concessão de direito real de uso; nas
licitações internacionais, a menos que seja possível a tomada de preços ou o convite, conforme dispõe o art. 23, §
3º, da Lei 8.666/93; para o registro de preços, ressalvada a utilização do pregão, conforme os artigos 11 e 12 da Lei
10.520/02; para alienação de bens móveis avaliados em quantia superior ao limite previsto no artigo 23, II, alínea
“ ”

A concorrência é a modalidade cabível nas concessões de serviço público, de obra pública e nas contratações
de parceria público-privada.

128
A Administração Pública pode optar pela concorrência para substituir a tomada de preços e o convite,
segundo o artigo 23, § 4º, da Lei 8.666/93. O inverso, contudo, não é possível.

- A tomada de preços é a modalidade de licitação utilizada para contratações de vulto econômico médio,
} I “ ” II “ ” A ~ , o Decreto-lei 2.300/86, tratava da
tomada de preços como modalidade de licitação destinada apenas aos licitantes previamente cadastrados. A
legislação atual alterou a modalidade da licitação da tomada de preços, aproximando-a da concorrência ao
permitir a participação a todos que preencham as condições necessárias ao cadastramento, desde que
apresentem a documentação até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas.

Assim dispõe o artigo 22, § 2º, da Lei 8.666/93: Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

A tomada de preços pode ser utilizada para substituir o convite, nos termos do artigo 23, parágrafo 4º.

- Convite: É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados do ramo pertinente ao seu objeto,
cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa (art. 22, §
º) z I “ ” II “ ” A |-
se pela afixação do instrumento convocatório, chamado de carta-convite, em local apropriado, com o que
eventuais interessados não convidados, mas cadastrados, poderão manifestar seu interesse em participar da
licitação, desde que o façam com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. Dispensa-se, no
convite, a publicação do instrumento convocatório em Diário Oficial ou jornal local.

#DEOLHONOEDITAL: Diferenças entre concorrência, tomada de preços e convite:

Destacam-se as seguintes diferenças entre a concorrência, a tomada de preços e o convite:

1ª. Relativa ao vulto econômico da futura contratação: a concorrência é a modalidade destinada à contratação
de maior vulto econômico, a tomada de preços, para a contratação de vulto econômico médio e o convite para a
contratação de menor vulto econômico, segundo os parâmetros estabelecidos no artigo 23, I e II da Lei.

2ª. Relativa à complexidade do procedimento: a complexidade do procedimento é diretamente proporcional


ao vulto econômico da futura contratação, ou seja, a concorrência e a tomada de preços são procedimentos mais
complexos do que o convite, e a concorrência é procedimento mais complexo do que a tomada de preços.

3ª. Relativa à participação dos licitantes: da concorrência podem participar quaisquer interessados que
preencham os requisitos do edital; na tomada de preços só podem participar os cadastrados e os que obtenham
seu cadastramento com a antecedência prevista no artigo 22, § 2º, da Lei; no convite participam os escolhidos
pela Administração e demais cadastrados que manifestem seu interesse nos termos do disposto no artigo 22, § 3º
da Lei.

129
4ª. Relativa à publicidade do edital: na concorrência e na tomada de preços o edital deve ser publicado na
imprensa, enquanto que no convite ele é afixado em local próprio da repartição.

5ª. Relativa ao prazo entre a publicação do aviso de convocação e o recebimento das propostas: na
concorrência, o prazo mínimo é de 30 dias corridos, elevando-se para 45 dias, caso se trate de concorrência do
tipo melhor técnica ou técnica e preço ou, ainda, se o futuro contrato for de empreitada integral. Na tomada de
preços o prazo mínimo é de 15 dias corridos, aumentando-se para 30 dias na licitação do tipo melhor técnica ou
técnica e preço. No convite, o prazo mínimo é de cinco dias úteis, ao invés de corridos, como ocorre nas
modalidades da concorrência e da tomada de preços (art. 21).

- Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios
constantes do edital, segundo o que dispõe o artigo 22, § 4º, da Lei 8.666/93. O concurso exaure-se com a escolha
do melhor trabalho e com a instituição ao vencedor do prêmio ou com o pagamento da remuneração previstos
no edital. O regulamento deverá indicar: I – a qualificação exigida dos participantes; II – as diretrizes e a forma de
apresentação do trabalho; III – as condições de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos (art. 52,
§ 1º, da Lei 8.666/93). O julgamento do concurso é feito por comissão especial, integrada por pessoas de
reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não (art. 51, § 5º). A
publicidade do concurso dá-se pela publicação do edital com antecedência de pelo menos 45 dias da
apresentação dos trabalhos (art. 22, § 4º, da Lei 8.666/93).

- Leilão: É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis,
prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação (art. 22, § 5º). Tanto
pode ser realizado para a alienação de bens móveis, incluindo-se também os semoventes, como igualmente para
a alienação de bens imóveis, desde que nos casos do artigo 19. Os bens imóveis passíveis de alienação mediante
leilão são os provenientes de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento (art. 19). No leilão, os lances
costumam ser verbais e sucessivos, vencendo o licitante que oferecer o maior deles.

- Pregão: Trata-se de modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns qualquer que seja o
valor estimado da contratação, efetivando-se a disputa por meio de propostas e lances em sessão pública. O § 1º,
1º z “ -se bens e serviços comuns, para os fins deste artigo, aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações ”

Melhor seguir a conceituação proposta por Marçal Justen Filho, para quem o traço caracterizador de objeto
“ z ~ ~ z ial a ser
~ ”

O procedimento do pregão é marcado pela inversão das fases de habilitação e classificação em relação à
concorrência, à tomada de preços e ao convite, ou seja, por primeiro faz-se o julgamento e a classificação,
passando-se, em seguida, à fase de habilitação. O prazo para apresentação das propostas inicia-se a partir da

130
publicação do edital e não pode ser inferior a oito dias úteis. No dia, hora e local designados, as propostas serão
recebidas e abertas em sessão pública, devendo os interessados ou seus representantes se identificar e, se for o
caso, comprovar a existência de poderes para formulação das propostas e para a prática de todos os demais atos
do certame. Depois de aberta a sessão, as propostas são apresentadas por escrito, em envelope em que conste a
menção ao objeto e ao preço oferecido. Abertos os envelopes dos licitantes, faz-se uma verificação quanto à
conformidade com os requisitos estabelecidos pelo instrumento convocatório.

Com o conhecimento das propostas, abre-se a oportunidade para que o proponente da oferta mais baixa e os
que tenham apresentado ofertas até 10% superiores a ela, possam fazer sucessivos lances verbais, até a
proclamação do vencedor. Caso não existam pelo menos três proponentes cujas ofertas se enquadrem nestas
condições, os disputantes das melhores propostas, até o máximo de três, podem fazer lances verbais. Após o
julgamento e a classificação das propostas é que será aberto o envelope contendo os documentos de habilitação
do melhor proponente, verificando a regularidade perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social, o FGTS e as
Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, além das demais exigências de habilitação.

Na hipótese de inabilitação do melhor proponente, passa-se à análise da documentação relativa à habilitação


do segundo melhor classificado e, assim sucessivamente, na hipótese de novas inabilitações. Atendidas as
exigências constantes do edital, o licitante será declarado vencedor. Proclamado o vencedor e decididos
eventuais recursos contra esta decisão, segue-se a adjudicação ao vencedor e a homologação do julgamento pela
autoridade competente, à qual também compete convocar o adjudicatário para assinar o contrato. Segundo
Celso Antônio Bandeir M “ ~ ” ~ ~ “

- Requisitos necessários para participar da licitação. Esses requisitos relacionam-se apenas com:

 Habilitação jurídica;
 Qualificação técnica;
 Qualificação econômico-financeira;
 Regularidade fiscal e trabalhista;
 Cumprimento do disposto no art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal.

- Os tipos de licitação, que são critérios de julgamento, são os seguintes, aplicáveis para todas as modalidades
de licitação, com exceção do concurso e do pregão:

 De menor preço;
 De melhor técnica;
 De técnica e preço;
 De maior lance ou oferta.

- Excepcionalmente, a licitação será julgada pelos critérios da melhor técnica ou da técnica e preço. São três as
hipóteses possíveis:

131
1ª) para contratação de bens e serviços de informática, adotando obrigatoriamente o tipo de licitação técnica
e preço, com observância do art. 3º da Lei 8.248/91 e seu § 2º. Decreto do Poder Executivo poderá permitir o
emprego de outro tipo de licitação nos casos que indicar (art. 45, § 4º);

2ª) para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos,


cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a
elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos (art. 46).

3ª) para fornecimento de bens e execução de obras ou prestação de serviços de grande vulto
majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado por
autoridades técnicas de reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções
alternativas e variações de execução, com repercussões significativas sobre sua qualidade, produtividade,
rendimento e durabilidade, concretamente mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos
licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente fixados no ato convocatório, desde que haja autorização
expressa e mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade da Administração promotora constante do
ato convocatório (art. 46, § 3º).

- A adjudicação é o ato pelo qual a Administração atribui o objeto da licitação ao seu vencedor. A adjudicação é
ato vinculado, eis que a Administração somente pode deixar de adjudicar se anular ou revogar a licitação. Uma
vez adjudicado o objeto da licitação ao vencedor, a Administração não pode celebrar o contrato com pessoa
estranha ao procedimento ou com preterição na ordem de classificação das propostas, segundo o que
estabelece o artigo 50 da Lei 8.666/93. O licitante vencedor em prol de quem já se operou a adjudicação tem o
direito de não ser preterido na contratação. Destacam-se os principais efeitos da adjudicação:

• Direito do adjudicatário à contratação;


• Vinculação do vencedor nos termos do edital e de sua proposta;
• Liberação dos licitantes vencidos, inclusive quanto às garantias oferecidas.

- Anulação da licitação: É o desfazimento do procedimento licitatório em razão de existência de ilegalidade.


Pode se dar por ato da própria Administração, de ofício ou mediante provocação (princípio da autotutela), ou por
ato do Judiciário, desde que provocado. A decisão que anula o procedimento deve ser motivada e somente pode
ser exarada depois de assegurado, aos interessados, o contraditório e a ampla defesa (art. 49, § 3º).

- Revogação da licitação: Prevista no artigo 49, a revogação da licitação é o seu desfazimento por razões de
interesse público decorrente de fato superveniente, devidamente comprovado, pertinente e suficiente para
justificar tal conduta. Ressalte-se que somente a ocorrência de fato superveniente, comprovado, pertinente e
suficiente para justificar o desfazimento da licitação por interesse público é que pode autorizar a revogação do
procedimento. Antes da revogação, os interessados têm direito ao contraditório e à ampla defesa.

- Os artigos 89 a 98 da Lei 8.666/93 enumeram várias condutas tipificadas como crimes, todos de ação penal
pública incondicionada. São crimes, por exemplo, dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em
lei; frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do

132
procedimento licitatório, com o intuito de obter para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do
objeto da licitação; e, devassar o sigilo de proposta ou propiciar a terceiro o ensejo de fazê-lo.

#DEOLHONOEDITAL:

Licitação deserta Licitação fracassada

Ocorre a licitação deserta quando nenhum Ocorre a licitação fracassada quando apesar de
interessado acudir à licitação, hipótese em que se acudirem interessados, todos são inabilitados ou,
admite a contratação direta, com fundamento no mesmo existindo habilitados, todos têm suas
artigo 24, V, da Lei, desde que o procedimento não propostas desclassificadas. Nesta hipótese, a lei
possa ser repetido sem prejuízo para a faculta à Administração a concessão de novo prazo
Administração, mantidas todas as condições aos licitantes para apresentação de nova
preestabelecidas no ato convocatório. documentação relativa à habilitação ou de outras
propostas, conforme o caso, em oito dias úteis,
facultada, no caso de convite, a redução deste prazo
para três dias úteis (art. 48, § 3º).

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

- É todo ajuste de vontades entre a Administração Pública e pessoa física ou jurídica, para o atendimento de
interesse público, com aplicação do regime jurídico de direito público, marcado principalmente pela presença das
cláusulas exorbitantes e derrogatórias de direito comum.

- É um contrato vertical, pois a Administração Pública gozará de suas prerrogativas especiais que instituíram
cláusulas exorbitantes. São sempre:

a) Consensuais: Embora se trate de contratos de adesão, os interessados conhecem anteriormente a cláusula


que integrarão o contrato, antes de decidirem se vão participar da licitação. Mas uma vez aceita as cláusulas, não
será possível realizar a alteração. (Vide a OBS da questão 7, letra a)

E em regra, são:

b) Formais:

- Licitação prévia, nos casos de dispensa ou inexigibilidade deve haver processo de justificação.

- Escrito, é nulo contrato verbal, exceto o de pequenas compras de pronto pagamento.

- Instrumento de contrato, pode ser: obrigatório (valor do contrato correspondente a concorrência ou


tomada de preço, ainda que ocorra a dispensa ou inexigibilidade) ou facultativo (valor do contrato for
correspondente modalidade convite).

133
- Publicação, é condição de eficácia.

- Cláusulas necessárias, devem estar anexas ao edital; condições de habilitação devem ser mantidas durante
todo o contrato; e, garantia.

- Duração do contrato, todo contrato deve ter um prazo determinado, o prazo máximo é o limite do credito
orçamentário. Casos em que a lei permite um prazo maior: objeto estiver previsto no plano plurianual (duração
de até 04 anos), serviços de prestação continuada (podendo chegar a até 60 meses, podendo por excepcional
interesse público ser prorrogado por mais 12 meses), aluguel de programas e equipamentos de informática
(limite máximo de 48 meses); concessão ou permissão do serviço (prazo máximo definido em lei especifica) e
contrato sem desembolso pela Administração.

c) Onerosos.

d) Comutativos: A prestação e a contraprestação devem ser equivalentes e pré-determinadas.

e) Celebrados intuitu personae: Em regra a execução do contrato deve ser levada a termo pela mesma pessoa
que se obrigou perante a administração. Contudo, há possiblidade de subcontratação parcial, quando prevista no
edital, exceto serviços técnicos especializados. Além disso, os contratos administrativos devem ser precedidos de
licitação, somente inexigível, dispensada ou dispensável, nos casos previstos em lei.

f) Mutabilidade.

- O contrato administrativo pode ser objeto de modificação em razão das chamadas áleas extraordinárias.
Tem relação com a teoria da imprevisão do direito civil. Áleas extraordinárias:

a) Caso fortuito ou força maior

b) Equilíbrio econômico-financeiro

c) Fato do príncipe – ato estatal de caráter geral que repercute de maneira indireta no contrato
administrativo, dando ensejo à mutabilidade de algumas cláusulas. Ex.: mudança de política cambial.

d) Fato/ato da administração - É um ato do Poder Público que repercute de maneira direta no contrato
administrativo, dando ensejo à mutabilidade de algumas cláusulas contratuais. Ex: Administração entrega do
terreno para início das obras para a empresa, em virtude da demora de uma desapropriação.

e) Interferência imprevista- É um fato natural que não é superveniente a celebração do contrato que acarreta
a modificação de algumas cláusulas contratuais. Ex: Administração contrata uma empresa para perfurar um
túnel, e durante a perfuração descobre que tem uma rocha, o que dificulta a perfuração, acarretando na
mudança de prazo, técnica empregada, etc.

134
OBS: Interferência imprevista não é superveniente, uma vez que já existia ao tempo da celebração do
contrato.

- Cláusulas exorbitantes: São denominadas cláusulas exorbitantes, porque exorbitam, extrapolam as cláusulas
comuns do direito privado e não seriam neste admissível. As cláusulas exorbitantes decorrem de texto expresso
de lei, e, portanto, não precisam ser escritas para serem válidas e eficazes.

a) Alteração unilateral: De maneira primária e direta, impositiva e cogente. Representa uma prerrogativa que
está relacionada a sujeições. Limites:

- Só pode recair de maneira primária e direta sobre as cláusulas regulamentares ou de serviço, mas não sobre
as econômicas-financeiras;

- Ao poder de alteração unilateral do contrato corresponde o direito do contratado de ver mantido o equilíbrio
econômico financeiro, a relação de corresponde que deve haver entre os custos do contrato e a remuneração do
contratado;

- É uma garantia constitucional prevista no art. 37 inciso XXI.

OBS: Mediante acordo entre as partes, será possível readequar além desses limites, assim como alterar as
demais cláusulas contratuais.

b) Fiscalização da execução: A Administração pode nomear um agente público que terá o poder de penetrar
no parque de obras ou nas dependências do contratado para fiscalizar a execução com o poder de dar ordens
sobre o contratante.

c) Aplicação de penalidades: As infrações graves são descritas em lei e implicam na pena de rescisão punitiva
do contrato – já as infrações leves ou médias não constam bem da lei nem do contrato e são impostas
discricionariamente pela Administração. Sanções que podem ser aplicadas:

- Advertência

- Multa (retenção da garantia, compensação com eventuais créditos do contratado)

-Suspensão temporária (prazo de 02 anos sem participar de licitações e contratos)

-Declaração de inidoneidade (impede que participe de licitações e contratações futuras, prazo mínimo de 02
anos e o máximo é indeterminado até o momento da reabilitação – indenização dos prejuízos causados para a
Administração)

d) Encampação: Quando ocorrer um fato superveniente justificado para melhor atender o interesse público, a
Administração Pública pode decretar a rescisão unilateral do contrato sem culpa entre as partes. Como em regra
a Administração Pública voltará a ser o prestador daquele serviço ou atividade, ela poderá impor o uso

135
compulsório de instalações, máquinas, bens e até empregados do contratado mediante indenização para
garantir a manutenção dos serviços públicos, pelo prazo que for necessário, mediante indenização.

e) Mitigação da exceção do contrato não cumprido: Em uma relação contratual privada se outra parte não
cumpre com a sua, a parte não cumpre com a dele, valendo-se como uma defesa. Enquanto no direito
administrativo, caso o inadimplemento seja da Administração Pública o contratado não pode suspender a
execução do contrato, em virtude do princípio da continuidade do serviço público. Em algumas situações essa
prerrogativa não se aplica: Quando o contrato não envolve interesse público relevante, ex.: fornecimento de
clipes; e, quando o inadimplemento da Administração acarreta ao contratado um ônus insuportável e
extraordinário, por força do princípio da razoabilidade/proporcionalidade; ex.: falta de pagamento pela
Administração pelo prazo superior a 90 dias. Parte da jurisprudência permite conceder judicialmente suspensão
ou até interrupção do contrato mesmo antes dos 90 dias, quando provar que exclusivamente, em função da
mora administrativa, está sob o risco de insolvência ou até falência.

f) Exigência de garantia: Parte da doutrina entende que é um poder-dever da Administração Pública,


enquanto outra parcela entende ser um ato discricionário. É limitada a 5%, podendo em contratos de grande
vulto, alta complexidade, riscos financeiros chegar a 10%. Exigida genericamente pela Administração, mas
escolhida pelo contratado. Categorias de garantia: Caução em dinheiro ou título da dívida pública; seguro
garantia e fiança bancária.

g) Rescisão unilateral: A administração pode a qualquer tempo invocar a supremacia e a indisponibilidade do


interesse público para decretar a rescisão do contrato conferindo SEMPRE prévia oportunidade de defesa ao
contratado e decisão motivada. Recentemente o STJ estendeu o rol das indenizações ao contratado pelos
custos de sua desmobilização e pelas parcelas prestadas e ainda não pagas, acrescentando lucros cessantes,
danos morais e até a frustação das expectativas de ganhos. A rescisão ocorrerá principalmente:

- Nulidade, quando houver uma ilegalidade no próprio contrato ou na licitação antecedente.

- Caducidade, é a rescisão punitiva pelo cometimento de infração grave pelo contratado.

- Encampação, é a rescisão sem culpa das partes, motivada apenas por interesses públicos supervenientes.

- Fato do príncipe, é o ato geral decretado de forma unilateral e compulsória pela Administração sobre todos,
para defender relevantes interesses públicos em regra de segurança ou soberania.

- Inadimplemento do contratado, não é cabível indenização, pois ninguém pode se beneficiar da própria
torpeza.

- Interesse público, se o contratado não deu causa, é cabível indenização de todos os prejuízos causados.

- Caso fortuito ou força maior, no âmbito do direito administrativo cabe indenização, diferentemente do
regime privado.

136
h) Exigência de medidas de compensação: A ideia básica é de que as comprar governamentais têm um peso
tão grande na formação nacional, que devem ser utilizadas para, entre outros objetivos, fortalecer o mercado
interno, aumentando emprego e a renda, com o escopo de estimular o desenvolvimento do país. Podendo impor
medidas de compensação, que será feita a critério da Administração Pública (discricionário), desde que prevista
no edital, abrangendo o fornecimento de bens, prestação de serviços ou realização de obras.

i) Ocupação temporária: Quando o objeto do contrato for a prestação de um serviço essencial, a


administração pode ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços, como medida
acautelatória para apuração de irregularidade na execução do contrato e imediatamente após a rescisão
unilateral do contrato administrativo.

- Modalidades de contrato administrativo:

a) Contrato de obra pública, trata-se de um ajuste levado a efeito pela Administração Pública com um
particular que tem por objeto a construção, reforma ou ampliação de certa obra pública. Pela empreitada,
atribui-se ao particular a execução da cobra mediante remuneração previamente ajustada. E pela tarefa, outorga-
se ao particular contratante a execução de pequenas obras ou parte de obra maior, mediante remuneração por
peço certo, global ou unitário.

b) Contrato de prestação de serviços, são serviços de demolição, conserto, instalação, montagem, operação,
conservação, reparação, manutenção etc.

c) Contrato de fornecimento, acordo no qual a Administração Pública adquire, por compra, coisas móveis de
certo particular com quem celebra ajuste. Tais bens destinam-se á realização de obras e manutenção de serviços
públicos.

d) Contrato de locação, os contratos em que a Administração Pública figura como locadora seguem as regras
de direito público.

e) Contrato de gestão, é o ajuste celebrado pelo Poder Público com órgão ou entidade da Administração
Direta, e entidades da Administração Indireta ou entidades paraestatais.

f) Concessão ou permissão de serviço público, os contratos de concessão têm por objeto serviço público,
obra pública e uso de bens públicos por prazo determinado e são beneficiários apenas pessoas jurídicas ou
consórcio de empresas. Enquanto os contratos de permissão têm por objeto serviço público e uso de bens
públicos ou atos administrativos, por prazo indeterminado, e são beneficiários tanto pessoas físicas, quanto
pessoas jurídicas.

- Consórcios públicos são entidades da administração indireta, formadas exclusivamente por entes
federativos, cujo objeto é realizar serviços públicos em determinado área geográfica. Etapas: Firmamento de um
protocolo de intenções, ratificação desse protocolo por lei e firmamento efetivo do contrato do consórcio.

137
- Podem constituir consórcio público apenas quaisquer das entidades federativas da Administração direta (não
pode constituir consórcio, entidades da Administração Indireta). Uma de suas principais características é ser uma
pessoa jurídica própria. Se for pessoa jurídica de direito público, ocorre a criação de uma associação pública, caso
contrário, criação de uma pessoa jurídica de direito privado.

- Protocolo de intenções: Contrato preliminar que, ratificado pelos entes da Federação interessados,
converte-se em contrato de consórcio público;

- Contrato de rateio: Contrato por meio do qual os entes consorciados comprometem-se a fornecer recursos
financeiros para a realização das despesas do consórcio público;

- Contrato de programa: Instrumento pelo qual devem ser constituídas e reguladas as obrigações que um
ente da Federação, inclusive sua administração indireta, tenha para com outro ente da Federação, ou para com
consórcio público, no âmbito da prestação de serviço públicos por meio de cooperação federativa.

- Convênio: Quanto a natureza jurídica, o é tema polêmico no Brasil, tendo dois principais posicionamentos:

a) Tem a natureza jurídica de um contrato.

b) Não assume a natureza jurídica de um contrato administrativo.

O entendimento que vem prevalecendo na doutrina e jurisprudência é de que não é contrato, pois a Lei de
Licitações diz que as suas disposições se aplicam no que couber aos convênios.

- Principais distinções entre contratos e convênios:

Contratos Convênios

Interesses Opostos Recíprocos

Colaboração Não há colaboração Há colaboração

Integrantes Partes Partícipes

Rigidez do vínculo É rígido Não é rígido (denúncia)

Valor repassado Natureza de remuneração Natureza de dinheiro público

Licitação Obrigatoriedade Inexiste obrigatoriedade

PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA (LEI Nº 11.079/04)

138
- Trata-se de contrato administrativo de concessão de serviços públicos, regulado pela Lei 11.709/04. É
modalidade especial de concessão, que se diferencia da concessão comum da Lei 8.987/95, a qual deve ser
aplicada subsidiariamente. Pode ser conceituado como acordo firmado entre Administração Pública e pessoa do
setor privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de obras ou
fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e
compartilhamento dos riscos e ganhos entre os pactuantes. A PPP se diferencia da concessão comum da Lei
8.987/95 justamente pela previsão de contraprestação pecuniária da concedente ao concessionário.

- Tem-se 3 características básicas. A 1ª é o financiamento do setor privado, que indica que o Poder Público não
disponibilizará integralmente os recursos financeiros para os empreendimentos que contratar. Caberá ao
parceiro privado a incumbência de fazer investimentos no setor da concessão. A 2ª consiste no
compartilhamento de riscos12, pelo fato de que o Poder concedente deve solidarizar-se com o parceiro privado
no caso de eventual ocorrência de prejuízos ou outros défices, ainda que tenham tido como causas fatos
imprevisíveis (caso fortuito, força maior, fato do príncipe, álea econômica extraordinária). Por fim, a pluralidade
compensatória fixada como a obrigação do Estado em favor do concessionário pela execução da obra ou do
serviço, pela contraprestação pecuniária que pode assumir espécies diversas (pagamento direto em pecúnia,
cessão de créditos não tributários e outorga de direitos da Administração13, etc.).

- As PPPs podem ser de concessão patrocinada ou de concessão administrativa. A 1ª se caracteriza pelo fato
de o concessionário perceber recursos de 2 fontes, uma decorrente do pagamento das respectivas tarifas pelos
usuários, e outra, de caráter adicional, oriunda da contraprestação pecuniária devida pelo poder concedente ao
particular contratado. A 2ª é a prestação de serviço de que a Administração seja usuária direta ou indireta, ainda
que envolva a execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Diversamente da 1ª modalidade, não há
remuneração pelo sistema de tarifas a cargo dos usuários, eis que o pagamento da obra ou serviço é efetuado
diretamente pelo concedente. Há entendimento doutrinário de que os recursos podem ter origem em outras
fontes, ante a ausência de vedação constitucional (Carvalho Filho).

- É vedada a contratação direcionada apenas ao fornecimento de mão de obra, ao fornecimento e instalação


de equipamentos ou à execução de obra pública (art. 2º, §4º, III). Nesses casos, aplica-se a Lei 8.666, que regula
os chamados contratos de serviço, em que o particular contratado limita-se à prestação do serviço, cabendo à
Administração pagar o respectivo preço em dinheiro; na PPP, o concessionário presta o serviço, mas se lhe exige
que faça um investimento na atividade (contraprestação pecuniária).

- A vigência do contrato não pode ser inferior a 5 nem superior a 35 anos, já considerada eventual
prorrogação. Em observância à proporcionalidade, o prazo deve ser compatível com a amortização dos
investimentos realizados. É vedada a contratação quando o valor do contrato for inferior a 20 milhões de reais. A

12 É forma de estimular os parceiros privados a investirem, dado que sempre se tratam de projetos vultosos. Aliás, é
cláusula essencial adicional, que obrigatoriamente constar do contrato.
13 Face à redação vaga da lei, Carvalho Filho sugere alguns tipos de direitos: 1) outorga onerosa do direito de construir,
previsto no Estatuto da Cidade, pelo qual o interessado recebe consentimento para edificar além do coeficiente de
aproveitamento básico do local; 2) outorga de direitos sobre bens públicos dominicais.

139
envolver quantia inferior, deve ser celebrado contrato de obra ou de serviço (Lei 8.666) ou contrato de
concessão comum (Lei 8.987).

- Nas PPPs, o contrato pode conter cláusula segundo a qual a remuneração seja vinculada ao desempenho do
concessionário. É imperioso que, para tanto, o contrato preveja de forma clara e precisa as metas e os padrões
de qualidade e disponibilidade do objeto do ajuste.

- A Lei traz rol exemplificativo de garantias que podem ser empregadas nos contratos, mencionando a
instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei; contratação de seguro-garantia com as companhias
seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público; garantia prestada por organismos internacionais ou
instituições financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público; garantias prestadas por fundo garantidor
ou empresa estatal criada para essa finalidade. Interessante modalidade expressamente prevista, contudo, é a
vinculação de receitas provenientes da arrecadação de impostos: a CF veda, como regra, a vinculação da receita
de impostos a órgão, fundo ou despesa (art. 167, IV), mas o próprio dispositivo consigna algumas exceções,
dentre as quais a prestação de garantia.

- Sociedade de propósito específico: Trata-se de pessoa jurídica diversa das pessoas interessadas na parceria
incumbida de implantar e gerir o projeto de parceria. Pode assumir a forma de companhia aberta, sob o modelo
de sociedade anônima, ou ser fechada. A transferência do controle da sociedade pressupõe autorização da
Administração. Ainda, a Administração não pode ser titular da maioria do capital votante da sociedade.

- A modalidade licitatória que deve ser aplicada às PPPs é a Concorrência. A Lei prevê algumas condições
especiais para a instauração do processo licitatório, que são 1) a autorização da autoridade competente, fundada
em estudos técnicos, 2) a estimativa de impacto orçamentário-financeiro e sua compatibilidade com a PPA e
previsão na LOA, 3) a consulta pública da minuta do edital do contrato de concessão, 4) a licença ambiental e 5) a
autorização legislativa específica no caso de concessão patrocinada em que caiba à Administração o pagamento
de mais de 70% da remuneração a ser paga ao concessionário.

- É possível a utilização da arbitragem nos contratos de PPP. 11 III “


instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará expressamente a submissão da licitação às
normas desta Lei e observará, no que couber, os §§3º e 4o, art. 15, os arts. 18, 19 e 21, Lei 8.987/95, podendo ainda
prever: o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no
Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307/96, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao
” |
caráter não plenamente vertical deste tipo de contrato em relação aos demais que são celebrados com a
Administração Pública, mas pela predominância do caráter paritário desta relação.

SERVIÇOS PÚBLICOS

- Ensina Celso Antônio Bandeira de Mello que serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade
ou comodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça às

140
vezes, sob um regime de direito público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições
especiais – instituído pelo Estado em favor dos interesses que houver definido como próprios no sistema
normativo.

- A Constituição Federal apresenta três formas de delegação de serviços públicos: concessão e permissão,
apontadas no artigo 175, e, excepcionalmente, como se vê no artigo 21, incisos XI e XII, autorização.

- A delegação da prestação de um serviço público nunca transfere a sua titularidade, ou seja, o particular não
presta serviço público por direito próprio, como titular do serviço, mas sim na qualidade de mero delegatário. É
por esse motivo que se diz que há prestação indireta do serviço público pelo Estado quando a sua prestação é
delegada a um particular. Também por isso, a prestação do serviço público pelo particular delegatário está sujeita
a um rígido regime de direito público, no qual é possível até mesmo a retomada compulsória do serviço pelo
poder público.

- As atividades pertinentes aos direitos fundamentais sociais devem ser prestadas pelo Estado como serviços
públicos, porém, ao mesmo tempo, são abertas à livre iniciativa (sejam entidades filantrópicas ou com o intuito
de lucro). Dessa forma, tais atividades não são retiradas da esfera da livre iniciativa, vale dizer, podem elas ser
exercidas por particulares, sem estar submetidas a regime de delegação. Quando exercidas por particulares,
essas atividades classificam-se como serviço privado, sendo, portanto, desempenhadas sob o regime jurídico de
direito privado, e não sob o regime jurídico de direito público próprio da concessão e permissão.

- Serviço público em sentido subjetivo corresponde ao conjunto de órgãos e entidades que desenvolvem
atividades administrativas, isto é, todo o aparelhamento administrativo do Estado.

- Já em sentido objetivo, serviço público reporta a uma determinada atividade ou conjunto de atividades. Para
Celso Antônio Bandeira de Mello, serviço público é a prestação direta à população, pela administração pública ou
pelos delegatários de serviços públicos, de utilidades ou comodidades materiais voltadas à satisfação de suas
necessidades ou meros interesses.

- A doutrina aponta três critérios para identificação de uma atividade como serviço público: subjetivo ou
orgânico, material e formal.

 Pelo critério orgânico, é relevante o prestador do serviço público; só considera serviço público aquele
prestado diretamente pelos órgãos e entidades estatais, integrantes da administração pública.
 O critério material, a seu turno, confere relevância à atividade, em si mesma considerada; as atividades de
importância crucial para o grupo social, das quais depende a própria existência deste, devem ser tidas por serviço
público.
 Já de acordo com o critério formal, relevante é o regime jurídico sob o qual se desenvolve a atividade; os
serviços públicos devem ser prestados sob regime jurídico de direito público, portanto, orientados pelos
princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e da indisponibilidade do interesse público.

141
- Nossa doutrina majoritariamente entende ser o critério formal o mais relevante, em regra, para a definição
de serviço público, desde que observados certos pressupostos materiais concernentes à natureza da atividade
que possa ser assim considerada.

- Atividades jurídicas do Estado são todas as atuações estatais baseadas no poder de império, manifestação da
própria soberania. Elas têm por escopo assegurar a manutenção da integridade do ordenamento jurídico,
garantir a incolumidade pública e a paz social; em regra, consubstanciam manifestação do poder de coerção
próprio e privativo do Estado, a exemplo da polícia administrativa.

- Já as atividades sociais do Estado correspondem às demais atividades estatais: quaisquer atividades


materiais desempenhadas pelo Estado, sem envolver exercício do poder de império. São prestações
administrativas que visam a proporcionar à população utilidades e comodidades.

- Vale anotar que os serviços públicos não se enquadram no conceito de atividade jurídica estatal, mas sim de
atividade social do Estado. Contudo, nem todas as atividades estatais de natureza material que visem a aumentar
o conforto da população e não envolvam exercício do poder de império podem ser definidas como serviços
públicos. A atividade dos serviços notariais e de registro não se enquadra como serviço público em sentido
estrito (atividade material), mas sim como atividade jurídica estatal. Afinal, embora sua atuação não implique
coerção direta, as serventias extrajudiciais praticam atos indiscutivelmente fundados no poder de império do
Estado.

- Existem três classificações relevantes:

(a) serviços gerais e serviços individuais:

- serviços públicos gerais (uti universi) ou indivisíveis são aqueles prestados a toda coletividade,
indistintamente, ou seja, seus usuários são indeterminados e indetermináveis. Não é possível ao poder público
identificar, de forma individualizada, as pessoas beneficiadas por um serviço prestado uti universi. Não há,
tampouco, meio de mensurar a utilização por parte de cada usuário. Exemplos: serviços de iluminação pública,
conservação e limpeza de ruas e logradouros.

- serviços públicos individuais, específicos ou singulares (uti singuli) ou, ainda, divisíveis, são prestados a
beneficiários determinados. A administração pública sabe a quem presta o serviço e é capaz de mensurar a
utilização por parte de cada um dos usuários, separadamente. Tais serviços podem ser remunerados mediante a
cobrança de taxas ou tarifas. Exemplos: serviços de coleta de lixo, fornecimento domiciliar de água encanada,
gás canalizado, etc.

(b) serviços delegáveis e serviços indelegáveis:

- serviços delegáveis são aqueles que podem ser prestados pelo Estado – centralizadamente ou por meio de
entidades integrantes da administração indireta – ou, alternativamente, ter a sua prestação delegada a

142
particulares, mediante contratos de concessão ou permissão de serviço público (ou, se cabível, autorização).
Exemplos: serviços de telefonia e energia elétrica.

- serviços indelegáveis são aqueles que somente podem ser prestados pelo Estado, centralizadamente, ou
pelas pessoas jurídicas de direito público integrantes da administração indireta. São, portanto, serviços públicos
cuja prestação exige exercício de poder de império. Exemplos: garantia da segurança nacional, expedição de
passaportes e fiscalização de atividades.

(c) serviços administrativos, serviços sociais e serviços econômicos:

- serviços administrativos correspondem às atividades internas da administração pública, as suas atividades-


meio. São todas aquelas atividades que, embora não representem uma prestação diretamente fruível pela
população, beneficiam indiretamente a coletividade, porque são necessárias ao adequado funcionamento dos
órgãos públicos e entidades administrativas. São, ademais, atividades preparatórias que visam a assegurar a
efetiva e eficiente prestação dos serviços diretamente fruíveis pela população.

- serviços sociais são todos os que correspondem a atividades pertinentes ao artigo 6º e ao Título VIII da
Constituição de 1988. Esses serviços são de prestação obrigatória pelo Estado, que os presta como serviço
público, portanto, sob regime jurídico de direito público. Todavia, essas atividades não são de titularidade
exclusiva do Estado, vale dizer, particulares também podem prestar esses mesmos serviços, mediante regime
jurídico de direito privado, sem regime de delegação. Exemplos: serviços atinentes à educação, à saúde e à
assistência social.

- serviços econômicos, comerciais ou industriais são as atividades a que se refere o artigo 175 da Constituição
Federal, ou seja, serviços públicos que se enquadram como atividade econômica em sentido amplo, que têm
possibilidade de ser explorados com intuito de lucro, segundo os princípios norteadores da atividade
empresarial. Por opção do legislador constituinte, essas atividades são de titularidade exclusiva do Estado, que
pode exercê-las diretamente ou mediante delegação a particulares: Exemplos: serviços de telefonia e
fornecimento de energia elétrica.

- As formas de prestação dos serviços públicos são as seguintes:

 Prestação centralizada: o serviço é prestado pela administração direta;


 Prestação descentralizada: o serviço é prestado por pessoa diferente do ente federado a que a Constituição
atribui à titularidade do serviço. Subdivide-se em (i) descentralização por serviços, quando o serviço é prestado
por entidade da administração indireta, à qual a lei transfere a sua titularidade; e (ii) descentralização por
colaboração, quando o serviço é prestado por particulares, aos quais, mediante delegação do poder público, é
atribuída a sua mera execução;
 Prestação desconcentrada: o serviço é executado por um órgão, com competência específica para prestá-lo,
integrante da estrutura da pessoa jurídica que detém a titularidade do serviço. Subdivide-se em (i) prestração
desconcentrada centralizada, quando o órgão com competência específica para prestar o serviço integra a
administração direta do ente federado que detém a titularidade do serviço; e (ii) prestação desconcentrada

143
descentralizada: quando o órgão com competência específica para prestar o serviço integra a estrutura de uma
entidade integrante da administração indireta, essa entidade detém a titularidade do serviço;
 Prestação direta: o serviço é prestado pela administração pública, direta ou indireta;
 Prestação indireta: o serviço é prestado por particulares, aos quais, mediante delegação do poder público, é
atribuída a sua mera execução.

#DEOLHONOEDITAL:

- Concessão de serviço público é a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade
para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

- Permissão de serviço público é a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços
públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco. Sua formalização se dá através de contrato de adesão, precário e revogável
unilateralmente.

As principais diferenças entre os institutos são:

(a) só há concessão para pessoas jurídicas ou consórcios de empresas, ao passo que as permissões podem ser
celebradas com pessoas físicas ou jurídicas;

(b) as concessões obrigatoriamente devem ser precedidas de licitação na modalidade concorrência, enquanto
as permissões devem obrigatoriamente ser precedidas de licitação, mas a lei não especifica modalidade
determinada; e

(c) a lei õ z “ ~ ” “{
{ ” ~
“ ~ ” ~ “ ” “

- A Lei nº 8.987/1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos,
não estabeleceu os prazos máximo e mínimo para duração dos contratos. Desse modo, cabe às leis reguladoras
próprias dos diversos serviços públicos, editadas pelos entes federados constitucionalmente competentes, fazê-
lo, pois o regime jurídico-administrativo e os princípios norteadores da administração pública não se coadunam
com contratos administrativos por prazo indeterminado.

- A despeito da natureza personalíssima dos contratos de delegação de serviço público, é possível que as
delegatárias contratem com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias e complementares
ao serviço concedido, bem com a implementação de projetos associados. Tal faculdade, vale dizer, não configura
autorização para que a concessionária ou permissionária contrate terceiros para a prestação do serviço público a
ela concedido. Como essa contratação de terceiros diz respeito a contratos privados, firmados entre a

144
delegatária e uma pessoa privada, não há necessidade de consentimento do poder público ou mesmo de sua
participação na avença, tampouco modificação da responsabilidade da delegatária perante o poder concedente e
os usuários.

- O artigo 26 da Lei nº 8.987/1995 admite a subconcessão (e a subpermissão) do serviço público concedido, nos
termos previstos no contrato de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente e,
ainda, precedida de licitação (concorrência para concessão e qualquer modalidade para permissão). É o poder
concedente que celebra o contrato de subconcessão, e não a concessionária. Os requisitos são:

(a) a subconcessão e a subpermissão devem ter por objeto parcela do objeto da concessão e da permissão, ou
seja, a prestação do serviço público;

(b) somente é possível subconcessão e subpermissão parcial;

(c) a possibilidade de subconcessão e subpermissão tem que estar prevista no contrato de concessão e
permissão e ser expressamente autorizada pelo poder concedente;

(d) a possibilidade de subconcessão e subpermissão será sempre precedida de licitação;

(e) a subconcessionária (ou a subpermissionária) assumirá todos os direitos e obrigações que eram da
concessionária (ou permissionária), relativamente à parte da delegação que foi subconcedida; não se formarão,
então, relações jurídicas entre a delegatária e a subdelegatária; e

(f) o contrato celebrado entre a subdelegatária e o poder concedente é de natureza administrativa, regido
pelo direito público.

- De acordo com o artigo 27 da Lei nº 8.987/1997, a transferência da concessão sem a prévia anuência do poder
concedente, implicará a caducidade da concessão. A lei, entretanto, não exige a realização de licitação. É
consensual na doutrina a inconstitucionalidade da previsão de ser autorizada pelo poder concedente a
"transferência da concessão" sem a realização de uma licitação prévia. Isso porque tal possibilidade configura
fraude à exigência constitucional de que seja sempre realizada licitação previamente à celebração de contratos
de concessão e permissão de serviços públicos. Nas palavras do mestre Celso Antônio Bandeira de Mello, ao
comentar citado artigo, "está-se admitindo a comercialização do direito de prestar o serviço e ensejando que seja
repassado a um sujeito que não venceu ou sequer disputou o certame licitatório".

- A contraprestação pecuniária pelo serviço público prestado ao usuário é paga diretamente por ele ao
respectivo prestador (delegatário do serviço público). Esta remuneração recebe o nome de tarifa ou preço
público, que não se confunde com as taxas, espécie de tributo, porque tem natureza contratual, sujeita ao
regime jurídico administrativo.

- Embora não seja comum, é possível ao delegatário obter outras receitas, complementares ou acessórias,
oriundas da exploração do serviço público delegado além das tarifas. Exemplo disso é o caso de concessionárias
do serviço de conservação de estradas de rodagem que obtêm receita decorrente da locação de espaços para

145
afixação de publicidade às margens da rodovia objeto da concessão. Também é possível que haja subvenções do
poder público com o escopo de assegurar a modicidade das tarifas.

- São direitos dos usuários dos serviços públicos - De outro lado, constituem obrigações das
delegados: receber serviço adequado; receber do concessionárias e permissionárias as seguintes:
poder concedente e da concessionária prestar serviço adequado; manter em dia o inventário
informações para a defesa de interesses e o registro dos bens vinculados à concessão; prestar
individuais ou coletivos; obter e utilizar o serviço, contas da gestão do serviço ao poder concedente e
com liberdade de escolha entre vários prestadores aos usuários; cumprir e fazer cumprir as normas do
de serviços, quando for o caso, observadas as serviço e as cláusulas contratuais da concessão;
normas do poder concedente; levar ao permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso,
conhecimento do poder público e da em qualquer época, às obras, aos equipamentos e às
concessionária as irregularidades de que tenham instalações integrantes do serviço, bem como a seus
conhecimento, referentes ao serviço prestado; e registros contábeis; promover as desapropriações e
comunicar às autoridades competentes os atos constituir servidões autorizadas pelo poder
ilícitos praticados pela concessionária na concedente, conforme previsto no edital e no
prestação do serviço. contrato; zelar pela integridade dos bens vinculados à
prestação do serviço, bem como segurá-los
adequadamente; e captar, aplicar e gerir os recursos
financeiros necessários à prestação do serviço.

- Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,


atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. A atualidade, a seu turno,
compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a
melhoria e expansão do serviço.

- As hipóteses em que a lei considera justificável a paralisação da prestação do serviço público, sem que
resulte configurada lesão ao princípio da continuidade, são:

(a) interrupção da prestação em situação de emergência;

(b) paralisação ocasionada por motivos de ordem técnica ou de segurança das instalações (p.e., manutenção
periódica e reparos preventivos); e

(c) interrupção da prestação do serviço motivada pela inadimplência do usuário, desde que não cause prejuízo
ao interesse da coletividade.

- Extingue-se a concessão ou a permissão em face do advento do termo contratual, da encampação, da


caducidade, da rescisão, da anulação do contrato e da falência ou extinção da concessionária ou permissionária e
de falecimento ou incapacidade do titular, se for empresário individual.

146
- Encampação é a retomada do serviço pelo poder concedente, antes do término do prazo da concessão (ou
permissão), baseada em razões de interesse público, sem que haja qualquer vício ou irregularidade na sua
prestação.

São requisitos da retomada do serviço (i) a presença de interesse público, (ii) lei autorizativa específica e (iii)
pagamento prévio de indenização. Esta indenização refere-se às parcelas não depreciadas ou não amortizadas
dos investimentos efetuados nos bens reversíveis com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do
serviço concedido, mas não alcança os lucros cessantes.

- A caducidade é a extinção da concessão (ou permissão) em razão da inexecução total ou parcial do contrato
por parte da delegatária. Para que ocorra a caducidade, antes de instaurado o processo administrativo, o poder
concedente deverá comunicar a concessionária (ou permissionária) dos descumprimentos contratuais e
conceder-lhe prazo para correção. Se não forem sanadas as falhas, o processo administrativo será instaurado e,
comprovada a inadimplência, a caducidade será imposta por decreto, que é ato discricionário.

- Já enquanto ato vinculado haverá caducidade em caso de transferência de concessão/permissão ou do


controle societário da concessionária/permissionária sem prévia anuência do poder concedente.

PROCON - MG

#DEOLHONOEDITAL:
O Procon-MG, órgão pertencente ao Ministério Público Estadual, atua somente em situações que envolvam
interesses ou direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos (publicidade enganosa, contratos
abusivos, venda casada, produtos com prazo de validade vencido, produtos adulterados).
Quando há lesão ou possibilidade de lesão a esses direitos, o órgão atuará no sentido de suspender a prática
infrativa, além de impor sanções aos infratores.
Comumente vinculadas ao Poder Executivo dos Estados, em Minas Gerais, por força do artigo 14 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição mineira, as atividades do Procon-MG foram
transferidas para a Procuradoria-Geral de Justiça.
A primeira medida necessária à criação do Procon municipal é determinar, em legislação específica, a
constituição e implementação do órgão, bem como as ações e as atividades que serão a ele atribuídas. Isso se
faz por meio de lei municipal.
Nesse sentido, por iniciativa do Poder Executivo, deve ser apresentado à Câmara Municipal projeto de lei que
crie e permita efetiva implementação do órgão Procon. Após aprovação da Casa Legislativa e devida sanção do
Prefeito, o próximo passo é a publicação, pelo Poder Executivo, de eventuais atos necessários à
implementação do órgão (decretos, portarias).

Recomendação: LEITURA da Resolução PGJ n. 11/2011.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

147
#DEOLHONOEDITAL: VAI CAIR!!

- “ ” “ ”?

1ª corrente: 2ª corrente: 3ª corrente:

A moralidade é um conceito mais A probidade é um conceito mais Moralidade e probidade seriam


amplo que o de probidade. amplo que o de moralidade. Isso expressões equivalentes,
porque a Lei n. 8.429/92 prevê, considerando que a CF/88
A probidade seria um como ato de improbidade menciona a moralidade como um
subprincípio da moralidade. administrativa, não apenas a princípio da Administração Pública
violação à moralidade, mas (art. 37, caput) e a improbidade
também aos demais princípios da como sendo a lesão produzida a
Administração Pública, conforme esse mesmo princípio (art. 37, §
previsto no art. 11 da referida Lei. 4º).
Assim, todo ato imoral é um ato
de improbidade administrativa,
mas nem todo ato de improbidade
administrativa significa violação ao
princípio da moralidade.

Posição de Wallace Paiva Martins Defendida por Emerson Garcia e É sustentada por José dos Santos
Júnior. Rogério Pacheco Alves. Carvalho Filho.

- O melhor entendimento é o exposto pela 2ª corrente, sendo possível dizer que a probidade é um gênero,
sendo a moralidade uma de suas espécies. A improbidade irá englobar não apenas os atos desonestos ou
“ ú | ~
exemplo, não estará presente o componente moral, mas responderá ele pela prática de ato de improbidade
admi 1 IA ” (A A A
et. al., p. 640).

- Conceito de improbidade administrativa: Trata-se de um ato praticado por agente público, ou por particular
em conjunto com agente público, e que gera enriquecimento ilícito, causa prejuízo ao erário ou atenta contra os
princípios da Administração Pública.

- Previsão constitucional: Existem quatro dispositivos na CF/88 que falam sobre o tema: art. 14, § 9º; art. 15, V;
art. 37, § 4º; art. 85, V. Deve-se mencionar ainda o art. 97, § 10, III, do ADCT. Para fins de direito administrativo, a
previsão mais importante é a do art. 37, § 4º:

148
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da ação penal cabível.

- Assim, de acordo com o § 4º do art. 37 da CF/88, se a pessoa praticar um ato de improbidade administrativa,
estará sujeita às seguintes sanções:

• ~

• ~ ú

• |

- Para a maioria da doutrina e jurisprudência, o rol de sanções trazido pelo § 4º do art. 37 da CF/88 é
exemplificativo e poderia ser ampliado pela Lei n. 8.429/92.

- No plano legislativo, o Congresso Nacional editou a Lei n. 8.429/92 regulamentando os casos de
improbidade administrativa.

- Na época em que a Lei foi aprovada, surgiu a seguinte discussão: A União possuía competência para legislar
sobre improbidade administrativa de forma nacional? A União poderia ter feito uma lei de improbidade válida não
apenas para os órgãos e entidades federais, mas também para os Estados, DF e Municípios?

SIM. Segundo a posição amplamente majoritária na doutrina e jurisprudência, a União tinha competência para
editar a Lei n. 8.429/92 disciplinando a improbidade administrativa para todos os entes da Federação. Isso
porque a Lei n. 8.429/92 traz sanções de natureza civil e regras de direito processual, sendo a competência
privativa da União para legislar sobre tais temas (art. 22, I). Para a doutrina, existem apenas três dispositivos da
Lei n. 8.429/92 que tratam de Direito Administrativo e, portanto, quanto a esses, deve-se interpretar que
somente se aplicam à União. Trata-se do art. 13, caput; art. 14, § 3º; art. 20, parágrafo único. Nesse sentido:
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende (p. 20).

- A Lei n. 8.429/92 pode ser aplicada a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor? NÃO. É pacífico o
entendimento do STJ no sentido de que a Lei n.° 8.429/92 não pode ser aplicada retroativamente para alcançar
fatos anteriores a sua vigência, ainda que ocorridos após a edição da Constituição Federal de 1988 (REsp
1129121/GO, Rel. p/ Acórdão Min. Castro Meira, julgado em 03/05/2012).

- SUJEITOS DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

- Sujeito passivo (art. 1º): Sujeito passivo é a pessoa jurídica, de direito público ou privado, que sofre os efeitos
deletérios do ato de É “ ”

149
A lista das pessoas que podem ser sujeito passivo do ato de improbidade está prevista no art. 1º, caput e
parágrafo único da Lei n.° 8.429/92.

Quem pode ser SUJEITO PASSIVO Exemplos

1) órgãos da Administração direta. União, Estados, DF, Municípios.

2) entidades da Administração indireta. Autarquias, fundações, associações públicas,


empresas públicas, sociedades de economia mista.

3) empresas incorporadas ao patrimônio A doutrina critica essa previsão, considerando


público. que, se a empresa foi incorporada, ela deixou de
existir, fazendo parte agora do patrimônio público
como órgão ou entidade.

4) empresas incorporadas ao patrimônio Empresas públicas e sociedades de economia


público ou de entidade cuja criação ou custeio mista (o legislador foi redundante para reforçar a
o erário haja concorrido ou concorra com incidência da LIA).
mais de 50% do patrimônio ou da receita
anual.

5) entidades que recebam subvenção, Entidades do terceiro setor (organizações


benefício ou incentivo (fiscal ou creditício), de sociais, OSCIP etc.), entidades sindicais, partidos
órgão público. políticos.

6) entidades cuja criação ou custeio o Sociedades de propósito específico, criadas para


erário haja concorrido ou concorra com gerir parcerias público-privadas (art. 9º, § 4º da Lei
menos de 50% do patrimônio ou da receita n.° 11079/2004).
anual.

- Sujeito ativo (arts. 2º e 3º):

Sujeito ativo é a pessoa física ou jurídica que:

• |

. Os sujeitos ativos podem ser de duas espécies:

a) agentes públicos (art. 2º);


150
b) terceiros (art. 3º).

- “ ” ? Terceiro é a pessoa física ou jurídica que,


mesmo não sendo agente público, induziu ou concorreu para a prática do ato de improbidade ou dele se
beneficiou direta ou indiretamente.

- Desse modo, o papel do terceiro no ato de improbidade pode ser o de:

• z ( ) ú

• ( ú )

• | ( direta ou indireta).

- “ ” ? SIM. Apesar de existirem vozes em sentido contrário (ex:


h F h ) “
sujeitam-se à Lei 8.429/199 ” ( J 11 1 M J 11)

-É ~ “ ”( ~
de um agente público)? É possível que, em uma ação de improbidade administrativa, o terceiro figure sozinho
como réu? NÃO. Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da Lei n.° 8.429/92, é indispensável que
seja identificado algum agente público como autor da prática do ato de improbidade. Logo, não é possível que
seja proposta ação de improbidade somente contra o terceiro, sem que figure também um agente público no
polo passivo da demanda.

- “A z ~ | { |
público. É dizer: não havendo participação do agente público, há que ser afastada a incidência da LIA, estando o
terceiro sujeito a sanções previstas em outras disposições legais. Pelas mesmas razões, não poderá o particular
figurar sozinho no polo passivo de uma ação de improbidade administrativa, nele tendo de participar,
necessariamente, o agente público. Vê-se, portanto, que o art. 3º encerra uma norma de extensão pessoal dos
tipos de improbidade, a autorizar a ampliação do âmbito de incidência da LIA, que passa a alcançar não só o agente
público que praticou o ato de improbidade, como também os terceiros que estão ao seu lado, isto é, aqueles que de
| ” (A A A et.
al. , p. 656).

- Como vimos mais acima, os particulares estão sujeitos aos ditames da Lei n.° 8.429/1992 (LIA), não sendo,
portanto, o conceito de sujeito ativo do ato de improbidade restrito aos agentes públicos. Entretanto,
analisando-se o art. 3º da LIA, observa-se que o particular será incurso nas sanções decorrentes do ato ímprobo
somente quando: a) induzir, ou seja, incutir no agente público o estado mental tendente à prática do ilícito; b)
concorrer juntamente com o agente público para a prática do ato; ou c) beneficiar-se, direta ou indiretamente do
ato ilícito praticado pelo agente público.

151
- Diante disso, o STJ reputa inviável o manejo da ação civil de improbidade exclusivamente e apenas contra o
particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.

- Vejamos o seguinte exemplo: determinado fundo de investimentos mantido pelo Governo Federal concedeu
linha de crédito facilitada para uma empresa privada desenvolver um empreendimento na Amazônia. Diante de
supostas irregularidades na aplicação dos recursos, o MPF ajuizou ação de improbidade administrativa contra a
pessoa jurídica privada e seu diretor presidente. O processo deverá ser extinto sem resolução de mérito por
ausência de pressuposto processual.

Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da Lei n. 8.429/92 é indispensável que seja
identificado algum agente público como autor da prática do ato de improbidade.

Assim, não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra o particular, sem a
concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014 (Info 535).

- A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. STJ. 1ª Seção. REsp 1.177.910-SE, Rel.
Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015 (Info 577).

É possível que uma pessoa cause prejuízo ao erário por meio da prática de um ato de improbidade
administrativa. Ex.: um administrador público que compra, por meio de licitação fraudulenta, mercadorias por
preço superfaturado.

Neste caso, será possível o ajuizamento de ação de improbidade contra este agente público pedindo que ele
seja condenado às sanções previstas no art. 12 da Lei de Improbidade Administrativa - Lei n.º 8.429/92 (perda de
bens e valores, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, entre
outras).

O prazo para ajuizamento da ação de improbidade administrativa é de 5 anos (art. 23). No entanto, a
doutrina e jurisprudência entendem que, no caso de ressarcimento ao erário, a ação é imprescritível por força
do § 5º do art. 37 da CF/88.

(...) Improbidade administrativa. Alegação de prescrição. Embora imprescritíveis as ações de ressarcimento


contra os agentes públicos que ilicitamente causaram lesão ao patrimônio público (art. 37, § 5º, da CF), verifica-se
a ocorrência da prescrição no que tange às sanções previstas na Lei nº 8429/92. (...)

(STF. 1ª Turma. AI 744973 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/06/2013)

(...) É pacífico o entendimento desta Corte Superior no sentido de que a pretensão de ressarcimento por
prejuízo causado ao erário, manifestada na via da ação civil pública por improbidade administrativa, é

152
imprescritível. Daí porque o art. 23 da Lei nº 8.429/92 tem âmbito de aplicação restrito às demais sanções
previstas no corpo do art. 12 do mesmo diploma normativo. (...)

(STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1442925/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/09/2014)

Assim, se passaram mais de 5 anos, não se pode mais ajuizar ação de improbidade administrativa contra o
agente que praticou o ato de improbidade pedindo que lhe seja aplicada uma das penas do art. 12. Em outras
palavras, ele ficará livre das sanções de suspensão dos direitos políticos, multa etc., no entanto, ainda será
possível ajuizar ação de ressarcimento contra ele pedindo que indenize o Poder Público pelos prejuízos causados
ao erário.

O membro do Ministério Público pode ser processado e condenado por ato de improbidade administrativa?

SIM. É pacífico o entendimento de que o Promotor de Justiça (ou Procurador da República) pode ser
processado e condenado por ato de improbidade administrativa, com fundamento na Lei 8.429/92.

Mesmo gozando de vitaliciedade e a Lei prevendo uma série de condições para a perda do cargo, o membro
do MP, se for réu em uma ação de improbidade administrativa, poderá ser condenado à perda da função
pública? O membro do MP pode ser réu em uma ação de improbidade de que trata a Lei 8.429/92 e, ao final, ser
condenado à perda do cargo mesmo sem ser adotado o procedimento da Lei 8.625/93 e da LC 75/93?

SIM. O STJ decidiu que é possível, no âmbito de ação civil pública de improbidade administrativa, a
condenação de membro do Ministério Público à pena de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei
8.429/92.

A Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do MP) e a LC 75/93 preveem uma série de regras para que possa ser
ajuizada ação civil pública de perda do cargo contra o membro do MP. Tais disposições impedem que o membro
do MP perca o cargo em ação de improbidade?

NÃO. Segundo o STJ, o fato de essas leis preverem a garantia da vitaliciedade aos membros do MP e a
necessidade de ação judicial para a aplicação da pena de demissão não significa que elas proíbam que o
membro do MP possa perder o cargo em razão de sentença proferida na ação civil pública por ato de
improbidade administrativa.

Essas leis tratam dos casos em que houve um procedimento administrativo no âmbito do MP para apuração
de fatos imputados contra o Promotor/Procurador e, sendo verificada qualquer das situações previstas nos
incisos do § 1º do art. 38, deverá obter-se autorização do Conselho Superior para o ajuizamento de ação civil
específica.

Desse modo, tais leis não cuidam de improbidade administrativa e, portanto, nada interferem nas
disposições da Lei 8.429/92. Em outras palavras, existem as ações previstas na LC 75/93 e na Lei 8.625/93, mas

153
estas não excluem (não impedem) que o membro do MP também seja processado e condenado pela Lei
8.429/92. Os dois sistemas convivem harmonicamente. Um não exclui o outro.

Se o membro do MP praticou um ato de improbidade administrativa, ele poderá ser réu em uma ação civil e
perder o cargo? Essa ação deverá ser proposta segundo o rito da lei da carreira (LC 75/93 / Lei 8.625/93) ou
poderá ser proposta nos termos da Lei 8.429/92?

SIM. O membro do MP que praticou ato de improbidade administrativa poderá ser réu em uma ação civil e
perder o cargo. Existem duas hipóteses possíveis:

• Instaurar o processo administrativo de que trata a lei da carreira (LC 75/93: MPU / Lei 8.625/93: MPE) e, ao
final, o PGR ou o PGJ ajuizar ação civil de perda do cargo contra o membro do MP.

• Ser proposta ação de improbidade administrativa, nos termos da Lei 8.429/92. Neste caso, não existe
legitimidade exclusiva do PGR ou PGJ. A ação poderá ser proposta até mesmo por um Promotor de Justiça (no
caso do MPE) ou Procurador da República (MPF) que atue em 1ª instância.

STJ. 1ª Turma. REsp 1.191.613-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/3/2015 (Info 560).

Para a condenação por ato de improbidade administrativa no art. 10, é indispensável a demonstração de que
ocorreu efetivo dano ao erário.

O Prefeito que contrata, sem licitação, empresa para fornecer material para o Município burlando o
procedimento licitatório por meio da prática conhecida como fracionamento do contrato, comete ato de
improbidade administrativa (art. 10, VII).

Para o STJ, em casos de fracionamento de compras e contratações com o objetivo de se dispensar


ilegalmente o procedimento licitatório o prejuízo ao erário é considerado presumido (in re ipsa), na medida em
que o Poder Público, por força da conduta ímproba do administrador, deixa de contratar a melhor proposta, o
que gera prejuízos aos cofres públicos.

Segundo o art. 21, I, da Lei 8.429/92, o autor do ato de improbidade somente poderá receber a sanção de
ressarcimento ao erário se ficar comprovada a efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público. Tratando-se
de fracionamento de licitação, o prejuízo ao patrimônio público é presumido, de forma que o autor do ato de
improbidade poderá ser condenado a ressarcir o erário.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.376.524-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014 (Info 549).

#DEOLHONOEDITAL: VAIR CAIR!

- Ato de improbidade tem natureza de ilícito civil.


- Enriquecimento ilícito: só dolo, com as seguintes penalidades:
a) Perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.

154
b) Ressarcimento integral do dano.
c) Perda da função pública.
d) Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos.
e) Multa de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial.
f) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios por 10 anos.

- Prejuízo ao erário: dolo ou culpa, com as seguintes penalidades:


a) Perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância.
b) Ressarcimento integral do dano.
c) Perda da função pública.
d) Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos
e) Multa de até duas vezes o valor do dano.
f) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios por 5 anos.

#NOVIDADELEGISLATIVA: Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou Aplicação


Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou
manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

- Princípios da administração pública: só dolo, com as seguintes penalidades:


a) Perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância.
b) Ressarcimento integral do dano.
c) Perda da função pública.
d) Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos
e) Multa de até duas vezes o valor do dano.
f) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios por 5 anos.

#DEOLHONOEDITAL #DEOLHONOEXAMINADOR: De acordo com Fernando Rodrigues Martins, deve


haver uma superação da análise do estado anímico do agente e da lesão ao erário como pressupostos ao

155
reconhecimento de ato de improbidade. A exigência de dolo e culpa, conforme ditado no art. 5.º da Lei
8.429/1992, enfraquece a exegese constitucional da norma, enquanto protetora dos direitos fundamentais
de terceira geração (solidariedade). Aliás, também se pode perceber que o art. 10 ao tratar da modalidade
lesão ao erário, faz menção expressamente ao dolo e culpa, ao passo que os arts. 9o e 11, silenciam. Dessa
forma, há quem entenda que para aplicação da lei ao caso concreto é necessário a demonstração do dolo.
Não há espaços para voluntarismos, senão a busca da boa-fé objetiva no âmbito do direito administrativo.
Desnecessário, pois, comprovar-se dolo ou culpa, bem como a lesão ao erário, frente ao ethos que a lei
defende (art. 21, I, da Lei 8.429/1992).

- A sentença tem que ser expressa quanto à suspensão dos direitos políticos. Não é efeito automático.
- A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
sentença condenatória. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do
agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se
fizer necessária à instrução processual.
- O Senado julga a perda da função nos seguintes casos: PR, Vice, Ministros STF, PGR, AGU, CNMP, CNJ e
Ministros de Estado e Comandantes das Forças Armadas (os 2 últimos quando conexos com o PR).
- Se o agente se aposentou antes do início da Ação de Improbidade Administrativa, que resultou na sua
condenação à perda da função pública, não é lícito estender essa penalidade à perda da aposentadoria. Eventual
cassação da aposentadoria deve ocorrer na seara administrativa, e não no cumprimento de sentença da ação de
improbidade administrativa.
- Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada
investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade, mas não pode ser representação anônima.
- Ação deve ser proposta pelo MP ou pessoa jurídica interessada.
- O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob
pena de nulidade.
- Não existe foro por prerrogativa de função em ações de improbidade administrativa.
- Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou
terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. A ação principal, que terá o
rito ordinário, será proposta dentro de 30 DIAS da efetivação da medida cautelar.
- É vedada a transação (inclusive TAC), acordo ou conciliação.
- A aplicação das sanções previstas nesta lei independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público
(salvo quanto à pena de ressarcimento) ou da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno
ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
- Prescrição: 5 anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança. No caso de exercício de cargo efetivo ou emprego, dentro do prazo prescricional previsto em lei

156
específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público (5 anos), contado do
conhecimento do fato (ver tabela abaixo, conforme extraído do Dizer o Direito).

- Agentes políticos estão submetidos à lei de improbidade, salvo o Presidente da República, cujo ato de
improbidade constitui crime de responsabilidade (art. 85, V, CF).
- Empregados e dirigentes de concessionárias e permissionárias de serviços públicos não estão sujeitos à Lei
de Improbidade Administrativa.
- Súmula 535 STJ: não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em
face de particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.
- Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que causem prejuízo ao erário, é indispensável a
comprovação de que tenha havido efetivo prejuízo aos cofres públicos.
- Para que seja decretada a indisponibilidade dos bens da pessoa suspeita de ter praticado ato de improbidade
administrativa exige-se apenas a demonstração do fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido.
- Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no Código
de Processo Penal.
- STJ: a simples ausência de prestação de contas no prazo em que deveria ser apresentada não configura ato
de improbidade administrativa.
- STJ: por ocasião do julgamento do REsp nº 1.412.214/PR (julgado em 08/03/2016), cujo entendimento firmado
“ ~ h erário, é possível a condenação do agente público por ato de
improbidade administrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo,
a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário.
- A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. STJ. 1ª Seção. REsp 1.177.910-SE, Rel.
Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015 (Info 577).
- No caso de condenação pela prática de ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios não podem ser fixadas abaixo de 3 anos,

157
considerando que este é o mínimo previsto no art. 12, III, da Lei nº 8.429/92. Não existe autorização na lei para
estipular sanções abaixo desse patamar. STJ. 2ª Turma. REsp 1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado
em 7/4/2016 (Info 581).
- Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença
condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o ressarcimento ao erário e se
referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente foi
executada no momento da execução do título remanescente. STJ. 1a Turma. REsp 1.413.674-SE, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1a Região), Rel. para o acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado
em 17/5/2016 (Info 584).

TRATADOS INTERNACIONAIS DE COMBATE À CORRUPÇÃO

##DEOLHONOEDITAL:
- Convenção Interamericana contra a Corrupção: foi firmada em Caracas em 1996 e internalizada no Brasil
quase sete anos depois, pelo Decreto nº 4.410/2002. Os Estados Partes convêm em considerar a aplicabilidade
das seguintes medidas:

1. Normas de conduta para o desempenho correto, honrado e adequado das funções públicas. Estas
normas deverão ter por finalidade prevenir conflitos de interesses, assegurar a guarda e uso adequado dos
recursos confiados aos funcionários públicos no desempenho de suas funções e estabelecer medidas e
sistemas para exigir dos funcionários públicos que informem as autoridades competentes dos atos de
corrupção nas funções públicas de que tenham conhecimento. Tais medidas ajudarão a preservar a confiança
na integridade dos funcionários públicos e na gestão pública.
2. Mecanismos para tornar efetivo o cumprimento dessas normas de conduta.
3. Instruções ao pessoal dos órgãos públicos a fim de garantir o adequado entendimento de suas
responsabilidades e das normas éticas que regem as suas atividades.
4. Sistemas para a declaração das receitas, ativos e passivos por parte das pessoas que desempenhem
funções públicas em determinados cargos estabelecidos em lei e, quando for o caso, para a divulgação
dessas declarações.
5. Sistemas de recrutamento de funcionários públicos e de aquisição de bens e serviços por parte do
Estado de forma a assegurar sua transparência, equidade e eficiência.
6. Sistemas para arrecadação e controle da renda do Estado que impeçam a prática da corrupção.
7. Leis que vedem tratamento tributário favorável a qualquer pessoa física ou jurídica em relação a
despesas efetuadas com violação dos dispositivos legais dos Estados Partes contra a corrupção.
8. Sistemas para proteger funcionários públicos e cidadãos particulares que denunciarem de boa-fé atos
de corrupção, inclusive a proteção de sua identidade, sem prejuízo da Constituição do Estado e dos
princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico interno.
9. Órgãos de controle superior, a fim de desenvolver mecanismos modernos para prevenir, detectar,

158
punir e erradicar as práticas corruptas.
10. Medidas que impeçam o suborno de funcionários públicos nacionais e estrangeiros, tais como
mecanismos para garantir que as sociedades mercantis e outros tipos de associações mantenham registros
que, com razoável nível de detalhe, reflitam com exatidão a aquisição e alienação de ativos e mantenham
controles contábeis internos que permitam aos funcionários da empresa detectarem a ocorrência de atos de
corrupção.
11. Mecanismos para estimular a participação da sociedade civil e de organizações não-governamentais
nos esforços para prevenir a corrupção.
12. O estudo de novas medidas de prevenção, que levem em conta a relação entre uma remuneração
equitativa e a probidade no serviço público.

- Convenção da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (Convenção de Paris de


1997): conhecida como Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em
Transações Comerciais Internacionais (Decreto nº 3.678/2000), repercutiu novamente sobre a legislação
doméstica, na medida em que a Lei nº 10.467/2002, dela derivada, fez inserir três novos artigos no Código Penal
(arts. 337-B, 337-C e 337-D), que tratam dos crimes de corrupção ativa em transação comercial internacional e
tráfico de influência em transação comercial internacional e dão o conceito de funcionário público estrangeiro
para fins penais.

- Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (2003): conhecida por sua sigla em inglês UNCAC ou
simplesmente “Convenção de Mérida” (Decreto nº 5.687/2006). Nela, o Brasil se comprometeu a promover a
transparência e o controle social da Administração Pública, assim como a criminalizar a corrupção (interna e
transnacional), inclusive no (“ ”) õ |
lavagem de dinheiro, o enriquecimento ilícito, a obstrução da Justiça, e o favorecimento real. O país obrigou-se a
prever em lei mecanismos de responsabilização das pessoas jurídicas, na esfera administrativa, civil e/ou penal.

A Convenção de Mérida tem por objetivos:


a) Promover e fortalecer as medidas para prevenir e combater mais eficaz e eficientemente a corrupção;
b) Promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional e a assistência técnica na prevenção e na luta contra
a corrupção, incluída a recuperação de ativos;
c) Promover a integridade, a obrigação de render contas e a devida gestão dos assuntos e dos bens públicos.

- Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (UNTOC ou Convenção de
Palermo) (Decreto nº 5.015/2004): já obrigava o Estado brasileiro a criminalizar a corrupção e a lavagem de
dinheiro e a instituir a responsabilização penal, civil ou administrativa de pessoas jurídicas que pratiquem tais
delitos. Foi firmada no ano 2000, mas o Brasil só deu os primeiros passos concretos para cumpri-la com a
aprovação da Lei nº 12.694/2012 e da Lei nº 12.850/2013, a nova Lei do Crime Organizado.

159
LEI ANTICORRUPÇÃO

#DEOLHONOEDITAL:
- A Lei dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, que atentem contra o patrimônio público nacional ou
estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos
pelo Brasil.
- Responsabilidade OBJETIVA, na esfera administrativa e civil, independentemente da responsabilização
individual das pessoas naturais.
- Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica mesmo que tenha havido: Alteração contratual,
Transformação, Incorporação, Fusão ou Cisão societária.
- Incorporação e fusão: em regra, a sucessora só responde pela multa e reparação integral do dano. Exceção:
se houver simulação ou fraude.
- Alteração contratual, transformação ou cisão: responde pela multa de infração ocorrida antes dessa
operação.
- As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as consorciadas
serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringindo-se tal responsabilidade
à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado.
- Responsabilização administrativa: multa e publicação extraordinária da decisão.
- O processo administrativo deverá ser instaurado e decidido pela autoridade máxima de cada órgão ou
entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Tem 30 dias para defesa. Deve ser concluído em 180
dias, podendo prorrogar de forma motivada. Deve dar conhecimento ao Ministério Público de sua existência da
conclusão para apuração de eventuais delitos.
- Possibilidade de haver a desconsideração da personalidade jurídica no processo administrativo para que
sejam aplicadas as sanções aos administradores e sócios administradores.
- Acordo de leniência: é uma espécie de “ elação premia ” É celebrado entre a pessoa jurídica responsável
pela prática do ato lesivo e a autoridade máxima do órgão ou entidade. A CGU é o órgão competente para
celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal. O acordo não exime a pessoa jurídica
da obrigação de reparar integralmente o dano causado.
- Requisitos : I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração
do ato ilícito; II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data de
propositura do acordo; III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e
permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre
que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento.
- Benefícios à pessoa jurídica: 1) Ficará isenta da sanção de publicar a decisão condenatória (art. 6º, II, da Lei);
2) Não ficará proibida de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou
entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público (art. 19, IV); 3)
Continuará tendo que pagar a multa, no entanto, este valor poderá ser reduzido em até 2/3.

160
- Descumprido pela pessoa jurídica: ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3 anos contados
do conhecimento pela administração pública do referido descumprimento.
- Responsabilização judicial: rito da Lei de Ação Civil Pública. Sanções judiciais: I - perdimento dos bens,
direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades; III - dissolução
compulsória da pessoa jurídica; IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos
de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
- Dissolução compulsória: I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou
promover a prática de atos ilícitos; II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a
identidade dos beneficiários dos atos praticados.
- Omissão do ente público: o Ministério Público, na ação de responsabilização judicial, deverá requerer a
aplicação não apenas das sanções judiciais previstas no art. 19, mas também das punições administrativas
elencadas no art. 6º da Lei.
- Extraterritorialidade da Lei 12.846/2013: A Lei 12.846/2013 é aplicada aos atos lesivos praticados por pessoa
jurídica brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

- A responsabilidade civil extracontratual do Estado consiste na obrigação de reparar economicamente os


prejuízos experimentados por particulares em decorrência de ações ou omissões de agentes públicos no
exercício da função administrativa. Esta noção está em perfeita consonância com a teoria do órgão público,
segundo a qual as condutas praticadas por agentes públicos, no exercício de suas atribuições, devem ser
imputadas ao Estado, bem como em razão do princípio da impessoalidade, que assevera ser a função
“ ”

- O dever de indenizar do Estado em razão de atos comissivos (ação) está lastreado na teoria objetiva, tendo
como pressupostos básicos conduta, nexo causal e dano, sendo que a discussão acerca da culpa é transferida
para a ação regressiva a ser proposta pelo Estado contra o agente público responsável pelo ato.

- Entretanto, é possível a incidência da teoria subjetiva por falta do serviço nos casos em que haja um dano
decorrente de uma omissão estatal geral. São os casos em que o Estado deixa de agir e, devido a tal inação, não
consegue evitar um resultado lesivo. Aplicando-se a teoria subjetiva, deverá haver prova de culpa ou dolo, além
da demonstração da omissão, dano e nexo causal. Ressalte-se, neste ponto, que dada a hipossuficiência da
vítima, deve ser observada a inversão do ônus da prova no que tange à culpa e ao dolo, presumindo-se a
responsabilidade estatal nas omissões ensejadoras de comprovado prejuízo ao particular, de modo a restar ao
Estado, para afastar tal presunção, realizar a comprovação de que não agiu com dolo ou culpa. Os exemplos mais
comuns envolvem prejuízos decorrentes de assalto, enchente, bala perdida, queda de árvore e buraco na rua.

- Outrossim, imprescindível esclarecer que quando se fala de omissão estatal específica, ou seja, o Estado
tinha um dever específico de atuação, como ocorre nas relações de custódia, a responsabilidade será baseada na

161
teoria objetiva, mesmo que o ato tenha sido praticado por terceiro (exemplos: preso morto por outro preso,
trave de futebol cai na cabeça de aluno de escola pública).

- Relações de custódia ou de sujeição especial podem ser entendidas como aquelas em que há uma vinculação
diferenciada do Estado, tendo este o dever de garantir a integridade das pessoas e bens que estão sob sua
custódia. Por isso, no caso de danos a estas pessoas ou bens, tanto atos comissivos como omissivos, a
responsabilidade estatal é objetiva, inclusive quanto a atos de terceiros. Os exemplos mais comuns são: preso
morto por outro preso na cela; bens danificados em galpão da Receita Federal, criança vítima de briga dentro da
escola pública. Entretanto, importante esclarecer que a responsabilidade será objetiva na modalidade de risco
administrativo, ou seja, existem excludentes de responsabilidade, como culpa exclusiva da vítima e força maior.
Assim, por exemplo, se ocorreu a morte de um detento em razão de causas naturais não há dever de indenizar
por parte do Estado. Quanto ao fato de terceiro, este não constitui excludente de responsabilidade nos casos de
custódia, em razão do dever mais acentuado de vigilância e de proteção do Estado.

- Teorias do risco administrativo e do risco integral: Vimos acima que a responsabilidade civil do Estado é
objetiva, ou seja, o lesado não precisa comprovar a culpa da Administração Pública. No entanto, ainda persiste
uma dúvida: o Estado deverá sempre indenizar? Ele poderá alegar excludentes de responsabilidade para se
isentar da indenização? Sobre este tema, destaco a existência de duas teorias principais:

#DEOLHONOEDITAL:

Teoria do RISCO ADMINISTRATIVO Teoria do RISCO INTEGRAL

A responsabilidade do Estado é objetiva A responsabilidade do Estado é objetiva

(a vítima lesada não precisa provar culpa). (a vítima lesada não precisa provar culpa).

O Estado poderá eximir-se do dever de indenizar caso Não admite excludentes de responsabilidade.
prove alguma causa excludente de responsabilidade:
Mesmo que o Estado prove que houve caso fortuito,
a) caso fortuito ou força maior; força maior, culpa exclusiva da vítima ou culpa exclusiva
de terceiro, ainda assim será condenado a indenizar.
b) culpa exclusiva da vítima;

c) culpa exclusiva de terceiro.

É adotada no Direito brasileiro, de forma excepcional,


É adotada como regra no Direito brasileiro. em alguns casos. A doutrina diverge sobre quais
seriam estas hipóteses.
Para fins de concurso, existe um caso no qual o STJ já
afirmou expressamente que se acolhe o risco integral:
dano ambiental (REsp 1.374.284).

162
- Qual é o tipo de responsabilidade civil aplicável nos casos de omissão do Estado? Se a Administração
Pública causa um dano ao particular em virtude de uma conduta omissa, a responsabilidade nesta hipótese
também será objetiva? Existe intensa divergência sobre o tema:

Doutrina tradicional e STJ Jurisprudência do STF

Na doutrina, ainda hoje, a posição majoritária é a Na jurisprudência do STF, contudo, tem ganhado
de que a responsabilidade civil do Estado em caso força nos últimos anos o entendimento de que a
de atos omissivos é SUBJETIVA, baseada na teoria responsabilidade civil nestes casos também é
da culpa administrativa (culpa anônima). OBJETIVA. Isso porque o art. 37, § 6º da CF/88
determina a responsabilidade objetiva do Estado sem
fazer distinção se a conduta é comissiva (ação) ou
omissiva.
Assim, em caso de danos causados por omissão, o
particular, para ser indenizado, deveria provar: Não cabe ao intérprete estabelecer distinções onde o
texto constitucional não o fez.
a) a omissão estatal;
Se a CF/88 previu a responsabilidade objetiva do
b) o dano;
Estado, não pode o intérprete dizer que essa regra
c) o nexo causal; não vale para os casos de omissão.

d) a culpa administrativa (o serviço público não Dessa forma, a responsabilidade objetiva do Estado
funcionou, funcionou de forma tardia ou ineficiente). engloba tanto os atos comissivos como os omissivos,
desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a
omissão específica do Poder Público.

Esta é a posição que você encontra na maioria dos


Manuais de Direito Administrativo.
(...) A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de
que as pessoas jurídicas de direito público respondem
objetivamente pelos danos que causarem a terceiros,
O STJ ainda possui entendimento majoritário no com fundamento no art. 37, § 6º, da Constituição
sentido de que a responsabilidade seria subjetiva. Federal, tanto por atos comissivos quanto por atos
Vide: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1345620/RS, Rel. omissivos, desde que demonstrado o nexo causal entre
Min. Assusete Magalhães, julgado em 24/11/2015. o dano e a omissão do Poder Público. (...)

STF. 2ª Turma. ARE 897890 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli,


julgado em 22/09/2015.

No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. RE 677283 AgR, Rel.

163
Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/04/2012.

- Deve-se fazer, no entanto, uma advertência: para o STF, o Estado responde de forma objetiva pelas suas
omissões. No entanto, o nexo de causalidade entre essas omissões e os danos sofridos pelos particulares só
restará caracterizado quando o Poder Público tinha o dever legal específico de agir para impedir o evento danoso
e mesmo assim não cumpriu essa obrigação legal.

Assim, o Estado responde de forma objetiva pelas suas omissões, desde que ele tivesse obrigação legal
específica de agir para impedir que o resultado danoso ocorresse. A isso se chama de "omissão específica" do
Estado.

Dessa forma, para que haja responsabilidade civil no caso de omissão, deverá haver uma omissão específica
do Poder Público (STF. Plenário. RE 677139 AgR-EDv-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/10/2015).

- Se um detento é morto dentro da unidade prisional, haverá responsabilidade civil do Estado? SIM. A CF/88
determina que o Estado se responsabiliza pela integridade física do preso sob sua custódia:

Art. 5º (...) XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

- Logo, o Poder Público poderá ser condenado a indenizar pelos danos que o preso venha a sofrer. Esta
responsabilidade é objetiva. Assim, a morte de detento gera responsabilidade civil objetiva para o Estado em
decorrência da sua omissão específica em cumprir o dever especial de proteção que lhe é imposto pelo art. 5º,
XLIX, da CF/88.

- Vale ressaltar, no entanto, que a responsabilidade civil neste caso, apesar de ser objetiva, é regrada pela
teoria do risco administrativo. Desse modo, o Estado poderá ser dispensado de indenizar se ficar demonstrado
que ele não tinha a efetiva possibilidade de evitar a ocorrência do dano. Nas exatas palavras do Min. Luiz Fux:
"(...) sendo inviável a atuação estatal para evitar a morte do preso, é imperioso reconhecer que se rompe o nexo
de causalidade entre essa omissão e o dano. Entendimento em sentido contrário implicaria a adoção da teoria do
risco integral, não acolhida pelo texto constitucional (...)".

- Em suma:

• m regra: o Estado é objetivamente responsável pela morte de detento. Isso porque houve inobservância
de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88.

• ~ | z var que a morte do detento não


podia ser evitada. Neste caso, rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal.

O STF fixou este entendimento por meio da seguinte tese:

Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o
Estado é responsável pela morte de detento.

164
STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819).

- O Estado pode ser responsabilizado pela morte do detento mesmo que ele se suicide?

SIM. Existem precedentes do STF e do STJ nesse sentido: STF. 2ª Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 28/08/2012.

No entanto, aqui também, como se adota a teoria do risco administrativo, o Estado poderá provar alguma
causa excludente de responsabilidade. Assim, nem sempre que houver um suicídio, haverá responsabilidade civil
do Poder Público.

O Min. Luiz Fux exemplifica seu raciocínio com duas situações:

• | h indícios de que poderia agir assim, então, neste


caso, o Estado deverá ser condenado a indenizar seus familiares. Isso porque o evento era previsível e o Poder
Público deveria ter adotado medidas para evitar que acontecesse.
•P nunca havia demonstrado anteriormente que poderia praticar esta conduta, de
forma que o suicídio foi um ato completamente repentino e imprevisível, neste caso o Estado não será
responsabilizado porque não houve qualquer omissão atribuível ao Poder Público.

#IMPORTANTE:

Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, §
6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos
detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE
580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão
geral) (Info 854).

- Apesar da teoria da responsabilidade estatal ter sido desenvolvida para permitir o ressarcimento de prejuízos
decorrentes de atos administrativos, é possível que surja o dever de indenizar em face de atos legislativos e
judiciários. Como atos legislativos podem ser citados as leis de efeitos concretos; casos de omissão legislativa; e
leis declaradas inconstitucionais pelo STF, caso seja comprovado especial e anormal prejuízo decorrente da
norma inválida. No que tange aos atos judiciais passíveis de ensejar reparação, tem-se os casos de decisões
proferidas com dolo/fraude pelo magistrado, erro judicial reconhecido em processo penal e a prisão indevida.

- Em regra, os danos indenizáveis decorrem de condutas contrárias ao ordenamento jurídico, ou seja, de atos
ilícitos, porém há situações em que o Estado atua em conformidade com o direito e, ainda assim, causa prejuízo a
particulares, são os chamados atos lícitos que geram o dever de indenizar. Cite-se como exemplo, obras de
asfaltamento de rua que diminuam a clientela de estabelecimento comercial. Nestas hipóteses o dano gerador

165
de indenização deve ser anormal e específico, ou seja, aquele que ultrapassa os inconvenientes naturais e
esperados da vida em sociedade e que alcança destinatários certos.

- A vítima poderá propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano (e não contra o Estado)?

1ª corrente: NÃO 2ª corrente: SIM


A vítima somente poderá ajuizar a ação contra A vítima tem a possibilidade de escolher se quer ajuizar a
o Estado (Poder Público). Se este for ação:
condenado, poderá acionar o servidor que •
causou o dano. • ú ico;
O ofendido não poderá propor a demanda • ú ó
diretamente contra o agente público.
Para essa corrente, ao se ler o § 6º do art. 37 da Para essa corrente, o § 6º do art. 37 da CF/88 prevê tão
CF/88, é possível perceber que o dispositivo somente que o lesado poderá buscar diretamente do
consagrou duas garantias: Estado a indenização pelos prejuízos que seus agentes
• causaram. Isso não significa, contudo, que o dispositivo
considerando que a CF/88 assegura que ele proíba a vítima de acionar diretamente o servidor público
poderá ajuizar ação de indenização contra o causador do dano.
Estado, que tem recursos para pagar, sem ter
que provar que o agente público agiu com dolo Dessa forma, quem decide se irá ajuizar a ação contra o
ou culpa; agente público ou contra o Estado é a pessoa lesada, não
• havendo uma obrigatoriedade na CF/88 de que só ajuíze
público que causou o dano. A parte final do § 6º contra o Poder Público.
do art. 37, implicitamente, afirma que a vítima
não poderá ajuizar a ação diretamente contra o A vítima deverá refletir bastante sobre qual é a melhor
servidor público que praticou o fato. Este opção porque ambas têm vantagens e desvantagens.
servidor somente pode ser responsabilizado
pelo dano se for acionado pelo próprio Estado, Se propuser a ação contra o Estado, não terá que provar
em ação regressiva, após o Poder Público já ter dolo ou culpa. Em compensação, se ganhar a demanda, será
ressarcido o ofendido. pago, em regra, por meio de precatório.

Outro argumento invocado é o princípio da Se intentar a ação contra o servidor, terá o ônus de provar
impessoalidade. O agente público atua em que este agiu com dolo ou culpa. Se ganhar, pode ser que o
nome do Estado (e não em nome próprio). O referido servidor não tenha patrimônio para pagar a
servidor realiza a vontade do Estado em sua indenização. Em compensação, o processo tramitará muito
atuação. Logo, quem causa o dano ao mais rapidamente do que se envolvesse a Fazenda Pública e
particular é o Estado (e não o servidor). a execução é bem mais simples.
Essa posição foi denominada de tese da dupla Adotada pela 4ª Turma do STJ no REsp 1.325.862-PR, Rel.
garantia, tendo sido adotada há alguns anos Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013 (Info 532).
em um precedente da 1ª Turma do STF (RE
327904, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em É a posição também da doutrina majoritária (exs: Celso

166
15/08/2006). No mesmo sentido, mas sem Antônio Bandeira de Melo, José dos Santos Carvalho Filho).
“ ”
outro precedente: RE 344133, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 09/09/2008; RE 720275/SC ,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/12/2012.

AGENTES PÚBLICOS/SERVIDORES PÚBLICOS

-A ~ “ ú ”
exercem uma função pública, remunerada ou gratuita, permanente ou transitória, política ou meramente
administrativa, como prepostos do Estado (conceito de Marcelo Alexandrino), a exemplo dos mesários e jurados.

- Dentro do conceito de agentes públicos se encontram como espécies os servidores públicos (sujeitos a
regime estatutário; são sempre sujeitos a regime jurídico de direito público) e os empregados públicos (sujeitos a
regime contratual trabalhista).

- Os agentes públicos podem se classificar em cinco grandes grupos, a saber: agentes políticos; agentes
administrativos; agentes honoríficos; agentes delegados; e agentes credenciados.

 Os agentes políticos são os integrantes dos mais altos escalões do Poder Público, cuja competência é
extraída da própria Constituição. Exemplos: Presidente da República, governadores e prefeitos.
 Os agentes administrativos são todos aqueles que exercem uma atividade pública de natureza profissional e
remunerada, sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido pelo ente federado ao qual
pertencem. São os ocupantes de cargos públicos, empregos públicos e funções públicas nas administrações
direta e indireta das diversas unidades da Federação, nos três Poderes (são os servidores públicos, empregados
públicos e os temporários).
 Os agentes honoríficos não possuem vínculo profissional com a administração pública e compreendem os
cidadãos requisitados ou designados para transitoriamente colaborarem com o Estado mediante e prestação de
serviços específicos, a exemplo dos jurados e mesários eleitorais.
 Os agentes delegados são particulares que recebem incumbência de exercer determinada atividade, obra ou
serviço público e o fazem em nome próprio, sob sua conta e risco, sob a fiscalização permanente do poder
delegante. Exemplos: concessionários e permissionários de serviços públicos e os leiloeiros.
 Por fim, os agentes credenciados são os que recebem a incumbência da administração para representá-la
em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do poder público
credenciante. Exemplo: artista consagrado incumbido de representar oficialmente o Brasil num determinado
evento internacional.

- Servidores Públicos são todos os agentes que, exercendo com caráter de permanência uma função pública
em decorrência da relação de trabalho, integram o quadro funcional das pessoas federativas, das autarquias e
das fundações públicas de natureza autárquicas.

167
- A perda do cargo, após adquirida a estabilidade, poderá ocorrer se houver sentença judicial ou processo
administrativo em que seja garantido o contraditório e a ampla defesa e em virtude de avaliação negativa de
desempenho. Existe outra hipótese de perda do cargo? Sim. É a chamada racionalização da maquina
administrativa. Segundo o art. 169, CF, para não exceder os limites fixados de despesa com o pessoal ativo e
inativo, os entes da federação poderão proceder as seguintes providencias: I - redução em pelo menos vinte por
cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; II - exoneração dos servidores não estáveis.
Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da
determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato
normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade
administrativa objeto da redução de pessoal. O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará
jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. O cargo objeto da redução
prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com
atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos.

- Nomeação: é forma de provimento originário, que dependerá de prévia aprovação em concurso público em
se tratando de cargo efetivo ou vitalício. Se se tratar se cargo em comissão é dispensável o concurso público.

- Promoção: é a forma mais comum de progressão funcional. O servidor sai do seu cargo e ingressa em outro
situado em classe mais elevada.

- Ascensão: o servidor é elevado de cargo situado na classe mais elevada de uma carreira para cargo da classe
inicial de carreira diversa ou tida como complementar a da anterior.

- Transferência: é a passagem do servidor de seu cargo efetivo para outro de igual denominação situado em
quadro funcional diverso.

Informativo 748, STF - Servidor Público. Cargo público. Ascensão e transposição. A ascensão e a transposição
constituem formas inconstitucionais de provimento derivado de cargos por violarem o princípio do concurso
público. Ascensão funcional (também chamada de acesso ou de transposição) é a progressão funcional do
servidor público entre cargos de carreiras distintas.

Informativo 727-STF. É inconstitucional o preenchimento de cargos públicos mediante concurso interno: É


inconstitucional a lei estadual que prevê que determinados cargos da Administração Pública serão preenchidos
mediante concurso do qual somente participarão servidores públicos (concurso interno). Essa espécie de
“ ~ ” ú ( II F 88).

- Readaptação: o servidor passa a ocupar cargo diverso em razão de limitação física ou psíquica sofrida.

- Recondução: é o retorno do servidor que tenha estabilidade ao cargo que ocupava anteriormente em razão
de sua inabilitação em estagio probatório ou pela reintegração de outro servidor do cargo que teve que se
afastar.

168
- Obs.: a promoção não se confunde com a progressão funcional. Na promoção o servidor muda de um cargo
para outro, enquanto que na progressão funcional o servidor permanece no mesmo cargo, mas dentro dele
percorre um iter funcional em que a melhoria vai sendo materializada por elevação nos vencimentos.

- Provimento por reingresso: reintegração (reconhecida a ilegalidade de sua demissão); aproveitamento


(retorno do servidor a determinado cargo, tendo em vista que o cargo que ocupava foi extinto ou declarado
desnecessário) e reversão (laudo médico indicando o retorno do servidor afastado por invalidez ou por vicio de
ilegalidade no ato que concedeu aposentadoria).

O candidato aprovado dentro do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação?

SIM. O candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital do concurso público possui direito
subjetivo de ser nomeado e empossado dentro do período de validade do certame.

Momento da nomeação

O candidato aprovado dentro do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação, mas quem escolhe o
momento de nomear é a Administração Pública. Assim, o candidato não pode exigir que seja imediatamente
nomeado. O direito de o candidato exigir a nomeação só surge quando o prazo do concurso está expirando ou já
expirou sem que ele tenha sido nomeado.

CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS

O candidato aprovado fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação?

Em regra, não.

Se o candidato foi aprovado fora do número de vagas, mas durante o prazo de validade do concurso foram
criados novos cargos, ele terá direito subjetivo à nomeação?

Em regra, não.

Imagine que a Administração fez um concurso para 10 vagas, tendo nomeado e dado posse aos 10 primeiros.
Alguns meses depois são criadas 5 novas vagas. O prazo de validade do concurso ainda não expirou. Apesar disso, o
Poder Público decide fazer um segundo concurso. Os candidatos aprovados no primeiro certame fora do número
de vagas inicialmente previsto poderão exigir sua nomeação?

Em regra, não.

A situação pode ser assim definida:

169
REGRA: o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo durante o prazo
de validade do certame anterior não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora
das vagas previstas no edital.

EXCEÇÃO:

Haverá direito à nomeação se o candidato conseguir demonstrar, de forma cabal:

• que existe inequívoca necessidade de nomeação de aprovado durante o período de validade do certame; e

• | h ~ | ~ ~
aprovados.

HIPÓTESES NAS QUAIS EXISTIRÁ DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO:

O STF listou as três hipóteses nas quais existe direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em
concurso público:

1) Quando a aprovação do candidato ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;

2) Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;

3) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e
ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração.

TESE FIXADA EM REPERCUSSÃO GERAL

A decisão do STF foi proferida em sede de recurso extraordinário submetido à sistemática da repercussão
geral, tendo sido fixada a seguinte tese a ser aplicada em todos os processos tratando sobre o tema:

“O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora
das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da
administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a
inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato.

Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes
hipóteses:

1 – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;

2 – Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;

170
3 – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e
ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos
acima.”

STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão geral).

- A SV 14 do STF não se aplica para o caso em que for negado acesso do investigado ao inteiro teor de
sindicância instaurada para apurar infração administrativa. A SV 14 não pode ser aplicada para os casos de
sindicância, que objetiva elucidar o cometimento de infrações administrativas. Pela simples leitura da súmula
percebe-se que a sindicância não está incluída em seu texto já que não se trata de procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária. (Informativo 734-STF)

- Em regra, não é possível a acumulação de cargos públicos. Entretanto, a própria CF elenca exceções,
quando houver compatibilidade de horários, no artigo 37, XVI: a) dois cargos de professor; b)um cargo de
professor e outro cargo de técnico ou científico; c) dois cargos ou empregos privativos de profissional da saúde,
com profissão regulamentada.

- Informativo 747-STF. Servidor público. Cumulação de cargo. Cargo técnico. A CF/88 permite a acumulação de
( X I “ ”)
cargo tem natureza técnica se ele exigir, no desempenho de suas atribuições, a aplicação de conhecimentos
especializados de alguma área do saber. Não podem ser considerados cargos técnicos aqueles que impliquem a
prática de atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não exijam formação específica. Nesse
sentido, atividades de agente administrativo, descritas como atividades de nível médio, não se enquadram no
conceito constitucional.

- É vedada a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária referente aos dois cargos
ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. No caso concreto, a servidora acumulava dois cargos
públicos privativos de profissionais de saúde e a soma da carga horária semanal de ambos era superior a 60
horas. A servidora foi notificada para optar por um dos dois cargos, tendo se mantido inerte. Diante disso, foi
demitida de um deles por acumulação ilícita de cargos públicos. A servidora impetrou mandado de segurança,
mas o STJ reconheceu que a demissão foi legal. STJ. 1ª Seção. MS 19.336-DF, Rel. originária Min. Eliana Calmon,
Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/2/2014 (Info 548).

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

#DEOLHONOEDITAL:

- A intervenção do Estado na propriedade particular pode ser entendida como a atividade estatal que tem por
fim ajustar ou conciliar o uso dessa propriedade particular com os interesses da coletividade. É o Estado, na
defesa do interesse público, condicionando o uso da propriedade particular.

171
- O fundamento jurídico que autoriza o Estado brasileiro a intervir na propriedade de particulares é o principio
~ º XXIII ~ F “
| ~ ”

- O poder de polícia constitui o instrumento pelo qual é assegurado o bem-estar da coletividade, mediante a
restrição dos direitos individuais que com ele conflitem. Parte da doutrina cita o poder de polícia como uns dos
instrumentos de intervenção do estado na propriedade privada, através das limitações administrativas.

- Apesar não haver lei que arrole as formas de intervenção estatal, identificam-se as seguintes modalidades de
intervenção (ou restrição) do Estado sobre a propriedade: as limitações administrativas, a ocupação temporária,
servidão administrativa, o tombamento, o parcelamento e edificação compulsórios, a requisição, e, por fim, a
desapropriação.

- Limitações administrativas consistem em determinações ou medidas de caráter geral, previstas em lei com
fundamento no poder de polícia do Estado, por meio das quais o Poder Público impõe a proprietários
indeterminados obrigações positivas (fazer), negativas (não fazer) ou permissivas (permitir fazer), gratuitamente
e com a finalidade de promover o bem-estar social e assegurar que a propriedade atenda sua função social. O
objeto das limitações deve ser indeterminado e geral.

- As limitações administrativas constituem imposições gerais, impostas a propriedades indeterminadas e,


embora possam contrariar interesses de alguns proprietários, não geram direitos subjetivos. Assim, sendo
inerentes à propriedade, as limitações administrativas não dão direito à indenização, que só é cabível quando o
proprietário se vê privado, em favor do Estado ou do público em geral, de alguns ou de todos os poderes
inerentes ao domínio, como ocorre, respectivamente, na servidão administrativa e na desapropriação.

- Ocupação temporária (ou provisória) é a utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares
pelo Poder Público, por motivos de utilidade ou necessidade pública, ou seja, para a execução de obras, serviços
ou atividades públicas ou de interesse público. A ocupação temporária institui-se por meio de expedição de ato
pela autoridade administrativa competente. Em regra, não haverá indenização alguma, todavia, esta ocorrerá se
o uso do bem particular acarretar prejuízo ao seu proprietário.

- Servidão administrativa ou pública é um ônus real de uso imposto pela Administração Pública à propriedade
particular para assegurar a realização e a conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade pública,
mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário. A servidão administrativa
consiste em direito real de gozo, de natureza pública, sobre a propriedade alheia.

- A doutrina entende que não cabe direito à indenização quando a servidão decorre diretamente da lei, porque
o sacrifício é imposto a toda uma coletividade de imóveis que se encontram na mesma situação. Por sua vez,
quanto às servidões administrativas instituídas a partir de acordo ou por sentença judicial, o direito à indenização
fica condicionado à demonstração de prejuízo, a ser auferida em cada caso concreto. Inexistindo prejuízo, não há
de se falar em indenização.

172
- De acordo com a Constituição Federal (art. 126, §1), o tombamento é um dos institutos que têm por objeto a
tutela do patrimônio histórico e artístico nacional, que impõe uma restrição parcial ao direito de propriedade. O
instituto é regulado pelo Decreto 25/37.

- Sobre a natureza jurídica do instituto de tombamento, a doutrina diverge, ventilando-se três posições:
limitação administrativa, servidão administrativa, ou espécie autônoma de intervenção. O Superior Tribunal de
Justiça já manifestou entendimento no sentido de considerar o tombamento como uma espécie de servidão
administrativa. (REsp 220.983/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/08/2000).

- O tombamento efetua-se por meio de um procedimento, ou seja, de uma sucessão de atos preparatórios do
ato final que é a inscrição do bem no Livro do Tombo. Esse procedimento varia conforme a modalidade de
tombamento. Em qualquer das modalidades, tem que haver manifestação de órgão técnico.

- O tombamento produz efeitos quanto à alienação, quanto ao deslocamento, quanto às transformações,


quanto aos imóveis vizinhos, quanto à conservação e quanto à fiscalização. Disso resultam para o proprietário
obrigações positivas (de fazer), negativas (não fazer) e de suportar (deixar fazer); para os proprietários de
imóveis vizinhos, resultam obrigações negativas (não fazer).

- A requisição administrativa é ato administrativo unilateral, autoexecutório, consistente na utilização de bens


ou de serviços particulares (sejam bens imóveis, móveis ou semoventes) pela Administração, para atender a
necessidades coletivas em tempo de guerra ou em caso de perigo público iminente. O direito do proprietário à
indenização será condicionado à ocorrência de dano. Eventual indenização será ulterior.

DESAPROPRIAÇÃO

#DEOLHONOEDITAL:

- Procedimento por meio do qual o Poder Público compulsoriamente despoja alguém de sua propriedade e a
adquire, mediante indenização, fundado em um interesse público. Trata-se de um sacrifício de direito imposto ao
desapropriado.

- Desapropriação é forma de intervenção do Estado na propriedade na forma supressiva (em contraposição às


outras formas restritivas), em que o particular perde a propriedade. Trata-se de hipótese de aquisição originária
da propriedade, com transferência compulsória desta (independente da anuência do antigo proprietário),
mediante indenização, para satisfação do interesse público. A competência para legislar a respeito do tema é
privativa da União (art. 22, II, CF).

- Podem-se identificar três grandes modalidades de desapropriação: a) desapropriação comum (ordinária ou


geral); b) desapropriação extraordinária ou desapropriação sanção e c) desapropriação indireta.

A) Desapropriação comum: Prevista no art. 5º, XXIV, CF, todos os entes federativos têm competência para
realizá-la e qualquer bem pode ser desapropriado. A indenização deve ser prévia, justa e em dinheiro. Subdivide-
se em duas categorias:

173
A.1) Por necessidade ou utilidade pública: prevista no DL 3365/41 – norma geral de desapropriação. A doutrina
costuma diferenciar necessidade de utilidade, entendendo que a necessidade envolve emergência,
diferentemente da utilidade.

A.2) Por interesse social: está ligada ao auxilio das camadas mais pobres e melhoria de suas condições de vida,
prevista no art. 2º, da Lei 4132/62. Os bens desapropriados podem ser alienados posteriormente para quem vai
atender a destinação social. Esta destinação pode ser:

- Desapropriação por zona ou extensiva: em razão de uma obra, em que os imóveis ao redor serão
valorizados. O Poder Público pode cobrar a dita contribuição de melhoria ou, se esta não for possível,
desapropriar a área objeto de valorização, para venda subsequente;

- Desapropriação para urbanização ou industrialização;

B) Desapropriação extraordinária ou desapropriação-sanção

Tem natureza de pena e também se subdivide em duas categorias:

B.1) Desapropriação em razão da função social da propriedade (art. 5º, XXII e XXIII, CF): o direito de
propriedade deve respeitar sua função social, que, se desobedecida, deve levar à sanção da desapropriação.

- rural ou para a reforma agrária: (art. 184 e 191, CF; L. 8629/93 e LC 76/93) – é de competência exclusiva da
União e só pode ser para imóvel rural. A indenização é em títulos da dívida agrária, resgatáveis em até 20 anos
(obs.: as benfeitorias devem ser pagas em dinheiro). Não cabe desapropriação rural de pequena e média
propriedades, se o proprietário não tiver outra.

- função social da propriedade rural: atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada
dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam
as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Obs.: A desapropriação por reforma agrária também pode ser comum por interesse social, não se confunde
com esta espécie.

- urbana, urbanística, para o plano diretor: (art. 182, § 4º, CF e L. 10257, Estatuto da Cidade). Havendo
inobservância do plano diretor, podem ser tomadas as seguintes providências – a) parcelamento ou edificação
compulsórios (um ano para que proprietário apresente o projeto e 2 anos, para começar a executar); b) IPTU
com alíquota progressiva (podendo atingir até 15% em 5 anos) e, por fim, c) desapropriação sancionatória,
urbanística.

A competência é exclusiva do Município ou DF, recaindo sobre imóveis urbanos e a indenização é em títulos
da dívida pública, resgatáveis em até 10 anos.

174
B.2) Em razão de tráfico de entorpecentes (desapropriação confisco)

Prevista no art. 243, CF, ocorre em duas hipóteses:

i) terrenos utilizados para a plantação de psicotrópicos proibidos: está área desapropriada é utilizada para
assentamento de colonos para plantação de alimentos e medicamentos;

ii) art. 243, p. único: bens de valor econômico utilizados para o tráfico: são destinados para casas de
recuperação de dependentes e fiscalização do tráfico.

Esta subespécie é de competência da União e não prevê indenização, recai sobre bem de valor econômico
empregado no tráfico – art. 243 (imóvel onde ocorre a plantação) ou art. 243, p. único (móveis e imóveis).

C) Desapropriação indireta

É um esbulho, em que o Estado toma a propriedade sem o devido procedimento. Disfarça uma modalidade
restritiva, mas em verdade é intervenção supressiva. Para o STJ, são exigidos três requisitos: a) apossamento do
bem pelo Estado, sem devido processo legal; b) afetação deste bem – destinação à utilidade pública c)
irreversibilidade fática da situação – ineficaz qualquer tutela jurisdicional.

O STJ também admite como desapropriação indireta quando há total desvalorização do bem – esvaziamento
econômico.

As medidas judiciais disponíveis ao proprietário são as ações possessórias. Contudo, se não ajuíza a
reintegração e o Estado esbulha e afeta (destinação pública), ao proprietário cabe ação de desapropriação
indireta. O patrimônio não pode ser devolvido. Obs.: quem ajuíza esta ação de desapropriação indireta é o
proprietário e não o Estado (art. 35, DL 3365/41).

Quanto a esta ação, a maioria entende que tem natureza real (STJ), mas há divergência doutrinária. A
competência é do foro de situação do imóvel (art. 95, CPC) e a indenização será após a perda da posse, por
regime de precatório. Outro tema controverso é o prazo prescricional: a) segundo o art. 10, p. único do DL 3365,
este prazo é de 5 anos, porém o STF suspendeu a eficácia da MP que originou tal diploma legislativo, em sede de
medida cautelar. Ainda assim, dadas as inúmeras reedições da MP, este processo foi extinto sem julgamento de
mérito; b) S. 119/STJ – prescrição em 20 anos (majoritária).

- Quando o Estado toma o bem sem utilizar o procedimento da desapropriação, tem-se a chamada
desapropriação indireta, ou seja, o Estado restringe uma série de direitos do proprietário, de tal forma como se
operasse uma desapropriação.

- A respeito das discussões sobre intervenção na propriedade, os institutos são definidos da seguinte forma.

175
a) Direito de extensão: direito do expropriado (proprietário) de exigir do Estado que a desapropriação e
indenização sejam feitas na totalidade do bem. Não poderia ser deixada uma parte da propriedade sem valor
econômico (encontra previsão no Dec. 4956/1903 e LC 76/93, art. 4º)

b) Tredestinação: é a mudança de destino, autorizada pelo ordenamento da desapropriação. Exige-se a


presença de interesse público, o qual, se ausente, torna o ato ilegal.

c) Retrocessão: é o direito de o proprietário ser indenizado, caso não seja cumprida a destinação do bem
desapropriado, de acordo com o declarado no ato expropriatório. Encontra algumas divergências doutrinárias:

Para uma primeira corrente é direito real, cabendo o direito de pedir o bem de volta. Para outros, seria direito
pessoal, não cabendo devolução do imóvel, apenas perdas e danos (art. 519, CC). Há, ainda, uma terceira
corrente que defende possuir natureza mista (Maria Sylvia di Pietro): ou pede o bem de volta ou perdas e danos.

O STJ entende que é real quando não for dada a destinação prevista no ato expropriatório, nem realizada
tredestinação lícita. Porém, se o bem já foi incorporado a uma finalidade pública, cabe perdas e danos.

- A indenização abrange o valor de mercado do bem, lucros cessantes, danos emergentes e juros
compensatórios e moratórios, correção monetária e, ainda, se via judicial, honorários e despesas processuais.

- Os honorários incidem sobre a diferença entre o que o veio na sentença e o que Estado queria pagar.

- Juros compensatórios são de 12% a.a., vão compensar o proprietário pela perda da posse de forma
antecipada e são pagos ao final do processo. Este valor de juros sofreu alterações ao longo do tempo e a regra
de transição encontra-se na Súmula 408/STJ – imissões até a MP 1577 (11/06/97) têm juros de 12% a.a.; após esta
MP, até publicação da cautelar na ADI 2332 (13/09/01), aplica-se 6% a.a. e depois desta data, volta 12% a.a.

- Os jutos compensatórios são a até a expedição do precatório, conforme art. 100, § 12, CF. Para o STF, a base
de cálculo é sobre o valor da sentença menos o que o proprietário levantou quando na imissão na posse do
poder público.

- Juros moratórios: são de 6% a.a., incidem a partir do dia 1º de janeiro ao exercício seguinte àquele em que
deveria ter sido pago (art. 100, CF). Hoje, não se permite que juros compensatórios e moratórios incidam no
mesmo período.

PROCESSO ADMINISTRATIVO

- Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamentos prévios de dinheiro ou de


bens para a admissibilidade de recurso administrativo.

- Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a Constituição.

176
- 9 8 99 “ ó ~ ra decidir o recurso poderá confirmar,
~ ”
Desse modo, pode-se constatar que o dispositivo não proíbe a reformatio in pejus nos processos administrativos,
isto é, não há impedimento a que a decisão do recurso agrave a situação do recorrente, exigindo-se apenas que
ele seja cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro


pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros,
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

- Sindicância: É o meio sumário de que se utiliza a Administração Pública para, sigilosa ou publicamente, com
indiciados ou não, proceder à apuração de ocorrências anômalas no serviço público, as quais, confirmadas,
fornecerão elementos concretos para a imediata abertura de processo administrativo contra o funcionário
público responsável.

- Por meio da sindicância colhem-se indícios sobre: existência de infração funcional; autoria; elemento
subjetivo com que se conduziu o responsável.

- É um procedimento preparatório porque objetiva a instauração de um processo principal, quando for o caso.
Tem caráter inquisitório, pois não é litigioso; portanto, não incide o princípio da ampla defesa e do contraditório.

- É dispensável, quando a Administração já tenha elementos suficientes para instaurar o processo principal.
P J | “instaurado o processo administrativo disciplinar, não há que se alegar
mácula na fase de sindicância, porque esta apura as irregularidades funcionais para depois fundamentar a
instauração do processo punitivo, dispensando-se a defesa do investigado nessa fase de mero expediente
investigatório” ( J M 1 M F Fischer, j. 17/8/00).

- Importante consignar que há certa confusão sobre o termo sindicância. A lei 9784/99 afirma que a apuração
de irregularidade no serviço público pode ser feita mediante sindicância OU processo administrativo disciplinar
(art. 143), e que a sindicância poderá resultar na aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
dias (145, II).

177
- Verdade sabida: É o conhecimento pessoal e direto da falta pela autoridade competente para aplicar a pena.
Algumas leis antigas previam que, nessas hipóteses, seria possível aplicar a pena pela verdade sabida. Todavia,
esse instituto é incompatível com a Constituição Federal de 1988, e não existe mais.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

#DEOLHONOEDITAL: VAI CAIR!!

- Consiste no poder de verificação e correção dos atos da Administração Pública exercido pelos Poderes
Executivo, Judiciário e Legislativo, visando aferir a observância das regras e princípios que disciplinam o regime
jurídico administrativo.

- É importante observar que não só o Poder Executivo, mas também o Legislativo e Judiciário exercem
atividade administrativa em caráter atípico, sendo certo que, quando o fazem, também se submetem ao controle
em estudo.

- No desempenho de sua função, a Administração Pública deve se guiar pelos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, etc., submetendo-se à sua fiscalização interna e à
fiscalização dos Poderes Legislativo e Judiciário.

- O controle externo exercido pelo Poder Legislativo pode ser direto, quando realizado pelo próprio
Parlamento através de seus representantes (ex. quando há sustação, pelo Congresso Nacional, dos atos
normativos do Executivo que exorbitam o seu poder regulamentar); pode ser também indireto, quando exercido
pelo Tribunal de Contas, que é órgão auxiliar do Poder Legislativo (p.ex. apreciação das contas do Executivo,
Judiciário a até mesmo do próprio Poder Legislativo pelo Tribunal de Contas).

- O controle judicial é o poder de fiscalização que o Judiciário exerce sobre os atos administrativos do Poder
Executivo, do Poder Legislativo e do próprio Poder Judiciário. Diante do princípio da inércia da jurisdição, esse
controle não se dá de ofício, mas mediante provocação do interessado.

- Tradicionalmente, a doutrina pátria afirma que ao Judiciário cabe apenas o controle de legalidade sobre os
atos administrativos, sendo- h h “ ”
juízo de discricionariedade exercido com vistas à análise da conveniência e oportunidade do ato em exame, sob
pena de violação do princípio da separação de poderes. Entretanto, a moderna doutrina de direito administrativo
e a jurisprudência mais recente dos Tribunais consideram ultrapassado o pensamento acima apontado.

- Atualmente, entende-se que o Judiciário pode sim analisar o mérito do ato administrativo, quando o faz para
avaliar a adequação do ato aos princípios e regras que norteiam o regime jurídico administrativo, notadamente
princípios como o da moralidade, impessoalidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, etc. Assim,
segundo a moderna doutrina de direito administrativo e a jurisprudência atual, a análise sobre a possibilidade de
o Judiciário adentrar ao mérito do ato administrativo deve se dar diante do caso concreto. É dizer, não deve o
Judiciário analisar se o ato, em si, é bom, ruim, correto ou incorreto, sob o prisma político, mas sim se o ato se

178
sustenta diante dos princípios e regras que conformam o regime jurídico administrativo a que se sujeita o ato
impugnado.

- Menciona-se o exemplo das ações judiciais destinadas a garantir à população serviços públicos de saúde,
educação e outros direitos sociais previstos na CF, nas quais a fazenda pública costuma opor a impossibilidade de
o Judiciário ingressar na discricionariedade administrativa relacionada à definição das prioridades da
Administração na aplicação dos recursos públicos. Nesse particular, o Poder Judiciário pode determinar que o
Poder Público adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais (ex.
direito à vida, saúde, moradia, etc.). Vide STF - Ag.Rg. no EXtr 628.159-MA – Rel. Min. Rosa Weber. Informativo
715.

- A fim de auxiliar o operador do direito na delimitação dos limites da análise judicial do ato administrativo
| | “z
z ” “z z | ”

- Nas chamadas zonas de certeza positiva ou negativa, tem-se hipóteses em que não há qualquer dúvida a
respeito da obediência ou desobediência aos princípios e normas que regem o direito administrativo, sendo que,
nesse contexto, pode sim o Judiciário realizar controle de legalidade do ato discricionário (ex. o prefeito de uma
cidade, alegando discricionariedade, edita decreto de desapropriação do imóvel residencial que serve de moradia
ao seu desafeto político, sem qualquer comprovação da necessidade de escolha daquele imóvel especificamente
para servir de propriedade para a administração pública – zona de certeza negativa; Outro ex. A Administração
Pública Municipal edita um ato administrativo por meio do qual determina o fechamento de uma rua durante a
realização de uma reunião pública em que se fará presente centenas de pessoas, visando a proteção da
incolumidade física dos participantes e a segurança do trânsito local.

- Por outro lado, nas chamadas zonas de incerteza ou de penumbra, onde não há um elevado grau de certeza
sobre a obediência ou desobediência ao regime jurídico administrativo, deverá o Judiciário se abster de realizar
controle de legalidade sobre o ato administrativo discricionário.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO E ACCOUNTABILITY


#DEOLHONOEDITAL:
Conceito de “accountability” Consiste na relação obrigacional que determina que quem recebeu um
múnus de alguém deve prestar esclarecimentos de seus atos, motivando-os,
e, se apurada alguma irregularidade, estará sujeito a sanção. Alguns autores
consideram que no Brasil temos uma frac “accountability” z~
baixa pressão por transparência e prestação de contas por parte da
sociedade.
Accountability horizontal Está associada à existência de órgãos do Estado z ~
ú

179
~
contenção e responsabilização reciprocas entre diferentes agencias e
agentes governamentais. Ex: controle externo do MP sobre a atividade
policial.
Accountability vertical São mecanismos que permitem aos cidadãos exigirem prestação de contas
à Administração Pública. É uma interação entre os eleitores e mandatários.
Atuação do Ministério Preventiva: combate à corrupção junto à sociedade no sentido de incentivar
Público a discussão crítica, a participação social e educação para a cidadania.
Repressiva: atuação extrajudicial e judicial no âmbito civil e criminal, na
defesa do patrimônio público e social, além de outros interesses difusos e
coletivos, como a moralidade administrativa, a probidade etc.

DIREITO FINANCEIRO14

DIREITO FINANCEIRO NA CF/88


| F ~ | F
| ó
Quem legisla sobre direito financeiro? A I II U ~
F | A ~
II III F
A iniciativa sobre leis orçamentárias é privativa do Chefe do Executivo |
|
? |
ó ( ú h ó )
Lei complementar disporá sobre finanças públicas (art. 163, I, CF) A
| ~
#DEOLHONOEDITAL:
A Lei 4.320/64 z ~ ~ F
1988
A Lei complementar 101/2000 z z ~
1 1 -
ó ~

14 Por Liana Schuler e Bruna Daronch

180
~ | 1 F PPA A

Medida provisória | z crédito extraordinário


~ ú ( °
1 F)
É I A I I AI ) ( ~ ) )
( ~ ) ) | ( –
MP)
Princípios do Direito Financeiro ( h P )( ~ P | )
a) LEGALIDADE ~ ú z
~ ~ Necessidade de ato normativo primário
oriundo do Poder Legislativo. ~ P MP
~ (A I 8) A z

b) ECONOMICIDADE - { eficiência do gasto público ô


~ - h
c) TRANSPARÊNCIA A ~ P P ( F)
P | P ( ) É |
A 1 º F (O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária) A 8 9 F
d) RESPONSABILIDADE FISCAL A ú z
~ õ ú É ~
~ z ú

ORÇAMENTO (CONCEITO E ESPÉCIES)


a) Conceito prevê e autoriza P
z ú
ô | ~
h ô ~
| ~

b) Aspectos do orçamento
A ~ h ô
P J |
A ô | ( I A = P A ) | ( P A >

181
I A ) | ( I A > P A )
A z
c) Espécies:
c.1) Orçamento participativo z - ~
~ | G A ~

~ { ~
~ h | F
~ ( ~ ~ |
) ~ ~
{ determinação no ordenamento que obriga que o Governo ouça as
sugestões da população (art. 48, LC 101/00) H ~ |
~ | A ~
| ~ H |
~ ~ ú h

A U A I A ( ) No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f


do inciso III do art. 4o desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua
aprovação pela Câmara Municipal.
c.2) Orçamento Impositivo z
| “ z ~ ” ~ “ ~ ”
~ 1 - õ z z
~
Em 2015, foi aprovada a Emenda Constitucional n° 86
ó ~ | õ
| 1 (
) h P ( 1 9° 11 F) 1
| h ó ~ | ~ | ó
|
z há determinadas despesas que não podem
ser contingenciadas z ó ( 9° ° F) õ
z
|
9° F ( )
| ~ ~ h | | ~
h ~

182
d) Natureza jurídica - H| ) simples ato administrativo
sem caráter de lei = “ ” ~ ) lei em sentido
formal = z ) em sentido material = ; ) lei em sentido
material e formal ) lei em relação à receita e ato normativo em relação à despesa ) ato condição
| o orçamento como lei em sentido formal M
( -h ~ )
| ( ~ P
)
e) Princípios orçamentários
Princípio da unidade - h Ú I ÇAM ~

ó ~ | ) ~
z ~ 1 º F A ÇAM
FI A ÇAM I IM ÇAM A GU I A IA ( õ
ú )
Princípio da universalidade (P )
| õ
-A ( ) ú

-A – õ ~
- õ
- ó ( õ ó õ )
Princípio da Anualidade (ou periodicidade): z ~
| (
- ~ ) (
h z ~ )– ÇAM IG AP UM X Í I FI A I
Princípio da proibição do estorno de verbas
~ ó ~ z ~
| z ~ z ~
õ ~ 1
° F( } CIÊNCIA, TECNOLOGIA
E INOVAÇÃO – EC Nº. 85/15)
Princípio da não afetação da receita de impostos ~ { ~
ó ~ ~ 1 I õ
1) ~ | ( 1 8 1 9 F)

183
) ~ ú União ~
15% ( z ) Estados, DF (12%): ~
1 1 1 9 I II z
M M F (15%): ~
1 1 8 1 9 I º (A
198 °- 8 1 )
) ~ ú 1 ~
( 9° 1 F)
) ~ ~ U 18% F M 25% ( 1 F)
) z ~ ~ | ( XXII F)
) ~ ~ { õ ~ ( 1 8º
1 º F)
) ~ z
8) ~ | F { ~
~
9) ~ | F

Princípio da Exclusividade ~ | h ~
~ | ~ | h { ~
{ ~ ( - “ | | ”) õ
| z ~
z ~ ~ õ A (
)
Princípio da Publicidade: { ~ | A |
A ~
Pú P | relatório resumido da execução orçamentária º ó

Princípio da especialização, especificação ou discriminação


z
~ A | não poderá consignar dotações globais

Princípio do orçamento-bruto ~ |
õ A

Princípio da precedência ~

184
Princípio do equilíbrio { A Constituição de 1988 (diferente da
Constituição de 1967) não contempla tal princípio e, por essa razão, seria possível afirmar a desnecessidade de
sua observância. Contudo, a análise da LRF demonstra que, apesar de não se tratar de uma diretriz
constitucional, a busca pelo equilíbrio está presente em suas disposições e deve ser entendida como uma meta
a ser alcançada.
Princípio da programação z
~

NORMAS GERAIS DE DIREITO FINANCEIRO


A) Plano plurianual – PPA (art. 165, § 1º, CF)
PPA z diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal
( ~ )
~ ( ~ )
z | { z ~ É
~ ~ A I
z ~ PPA ~
z ~ A PPA
P ) – h ) z –
1º ( 8) ) z –
~ ( 1 )
B) Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO [art. 165, § 2º, CF; art. 4º, LRF] – NOVIDADE DA CF/88
F õ ) A ~
) ~ A ) õ
õ ~ | )
A F õ - | ) )
~ h ) { ~
) õ
ú
1
P ) h ) z P
( 1 ) ) z
P 1º ~ (1 )
A ~ ~ | ~ z |
I )A X M A FI AI ( ~
| ú

185
) )A X I FI AI ( ~
z ú
z )
C) Lei orçamentária anual - LOA [art. 165, § 5º, CF; art. 5º, LRF]
| A ) orçamento fiscal ~ z õ
P Pú | P U ~
ó ~ ~ õ P Pú {
) orçamento de investimentos
U ~ h )
orçamento da seguridade social { ú

#ATENÇÃO: O ciclo orçamentário é maior que o exercício financeiro, pois a sua fase de elaboração ocorre
antes, enquanto as fases de controle e avaliação ocorrem depois. Vejamos um exemplo:

O ciclo orçamentário contempla uma série de procedimentos executados em mais de um exercício financeiro.
Já o exercício financeiro, no Brasil, contempla exatamente o período compreendido entre 01/01 a 31/12 de um
determinado ano e é legal, ou seja, previsto em lei.

É ~ A [ 1 I F]
~
õ z ~ [ 1 III F]
| ~
[ º F] ~ U[ ~ U ~ ]- U ~
|
{ Í I A PÚ I A Í I A M I IÁ IA A UA
~ ~ A
ú | A A z ~ |
| ~ | ~ z
| ~
A 1
A F P |
A
P A ) h ) z P

186
( 8) ) z
P ~ ( 1 )

PROCESSO LEGISLATIVO PARA APROVAÇÃO DAS LEIS ORÇAMENT RIAS (art. 166, CF)

Iniciativa: P |
Comissão mista permanente z h z ~
|
Emendas ao projeto ~ ~ |
õ A F 88
z õ
õ A )
PPA ) ~ | ~ { ~
( ~ )
õ PPA
~ h ~ | z P |

Caso o Projeto de Lei orçamentária não seja aprovado até 31.12 õ | )


z - õ - z õ ~ P
) ~ 11 ~ )
~ h ~ PI I I “( ) Na hipótese de uma
situação como essa ocorrer, a solução para a realização de despesas está na abertura de créditos suplementares, caso
a caso, nos termos do já mencionado art. 166, § 8º, da Constituição.”
~ h ~ 1 ~ 1º ~
Orçamento do P. Judiciário P | | É |
P z |
h P |
| z - h
P | | –

Cuidado: art. 9°,§3°, da LRF – Necessidade de limitação de despesas no orçamento – “ º No caso de os


Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é
o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes
orçamentárias” A ~ A I 8- F |
|

187
ORÇAMENTO-PROGRAMA

~ -
P | | ~
~ ó A ~ |
õ áreas de atuação do Governo
objetivos que se pretende alcançar meios de alcançar
tais objetivos

CRÉDITOS ADICIONAIS

São autorizações do legislativo para efetivação de despesas não previstas ou insuficientemente previstas na
LOA
) F Ç AÇÃ ÇAM Á IA
|h A z ~ É
A | z ~
~ IMP I I I A z ~ MP
) { ~ h ~ |
( ~ | )
H| z ~ I
U z ~ MP IMP I I I A ) |
~ ú ~ h|
z ~ A ó | P
~ h| ~ U z ~ MP
P I I I A

Créditos
Adicionais

Suplementares Especiais Extraordinários

Despesas Despesas Guerra, Pode ser


Despesas
previstas, mas imprevistas e calamidade e veiculado via
imprevistas
sem dotação urgentes comoção interna MP.

188
#DEOLHONOEDITAL:

CRÉDITO
CRÉDITO ESPECIAL CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO
SUPLEMENTAR

-despesas para as
quais já há previsão
orçamentária
específica na LOA, -despesas para as
mas previsão quais não há -despesas urgentes e imprevistas
DEFINIÇÃO insuficiente. previsão decorrentes de guerra, comoção
orçamentária intestina ou calamidade pública.
[trata-se de um específica na LOA.
reforço/suplemento
de dotação
orçamentária]

-necessidade.

- necessidade [LOA não pode


PRÉVIA
trazer essa -desnecessidade (PL deve ser
AUTORIZAÇÃO
[LOA já pode trazer autorização, sendo comunicado posteriormente).
LEGISLATIVA
essa autorização] necessária a edição
de lei autônoma
para tanto]

INSTRUMENTO
NORMATIVO PARA -decreto do -decreto do
-LEI ou MP.
ABERTURA DO executivo. executivo.
CRÉDITO
EXISTÊNCIA E
INDICAÇÃO DA
-necessidade. -necessidade. -não há necessidade.
DISPONIBILIDADE
DE RECURSOS

UTILIZAÇÃO DE MP
-impossibilidade. -impossibilidade. -possibilidade.
PARA ABERTURA

CONTROLE ABSTRATO DA LEI ORÇAMENT RIA (LEI EM SENTIDO FORMAL – POSSIBILIDADE)

189
1998 F
| (A I 1 ) ~
~
8 A I 8 z | P |
- | ~
~ ~ | O simples
fato de se tratar de lei, já justificava a possibilidade de controle em abstrato de sua constitucionalidade pelo
Tribunal, independentemente do caráter abstrato ou concreto da norma em questão. Com esse entendimento,
o Supremo Tribunal Federal mudou radicalmente a posição anteriormente firmada e reconheceu a
possibilidade de controle concentrado de normas orçamentárias.

ALGUMAS DAS PRINCIPAIS VEDAÇÕES ORÇAMENT RIAS CONSTITUCIONAIS (VALDECIR PASCOAL)

~ A z ~ ~
õ |
A z ~ operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital,
z P

A ~ ~
ó ~ z ~ A EC 85/2015 ~
h ó ~
~ } atividades de ciência, tecnologia e inovação
A z ~ z ~
õ
A ~ z ~
A ~ z z ~
~ A instituição de um fundo exige a edição de lei
ordinária, mas as condições para a instituição e o funcionamento dos fundos devem ser reguladas por meio de
lei complementar;
A transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos ~
G F õ
F M

- Controle da execução dos orçamentos:

190
- Sistemas de controle da execução orçamentária = inglês: Poder Legislativo; francês: Tribunais de Contas.
Segundo a doutrina, é o sistema adotado no Brasil; Americano: órgão no Congresso Nacional denominado
Controladoria Geral.
- Controle Interno – realizado dentro de cada poder; Controle Externo – No âmbito federal é exercido pelo
Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União.

- RECEITA ORIGINÁRIA: advém da exploração, pelo Estado, da atividade econômica. Também é denominada
“ ” “ ” “ ” I ~
particular. Nesse sentido, essa receita é contratual e voluntária. Exemplos de receitas originárias: a) Royalties; b)
Os dividendos auferidos pelas estatais (empresas públicas, sociedades de economia mista); c) Preços públicos ou
tarifas públicas: gás, água e esgoto, luz, telefonia.
- RECEITAS DERIVADAS: São extraídas do patrimônio dos particulares para o Estado, em razão do seu poder
de império. São os tributos, as penas pecuniárias, as multas.
- EMPENHO: Trata-se de ato administrativo emanado da autoridade competente que antecede a despesa e
confirma as obrigações da administração em relação ao contratado - reserva da quantia necessária ao
pagamento da dotação orçamentária – a nota de empenho apenas confirma a garantia de pagamento, não cria
obrigação para a administração pública. Para cada empenho, será emitida uma nota de empenho. O STJ já decidiu
que a nota de emprenho emitida por agente público é título executivo extrajudicial por ser dotada dos requisitos
de liquidez, certeza e exigibilidade (2ª Turma. REsp 894726 / RJ. Ministro Castro Meira. DJe 29/10/2009). Todavia,
é possível discordar deste entendimento, pois o empenho, por si só, não cria a obrigação de pagamento. Já
F h “ h ~ ~ ~ ~
h| h ” F A ú
Pleno. 6.3.2008.
- No último ano do mandato do chefe do executivo é vedada a realização de operação de crédito por
antecipação de receita orçamentária.
- Nos dois últimos quadrimestres de mandato é vedado contrair obrigação de despesa que não possa ser
cumprida integralmente dentro dele (vedação de restos a pagar).
#OBS: Empenhos globais – pagamento de servidores – está dispensada a emissão de nota de empenho (o
empenho deve haver, mas sem a nota de empenho – simplificação).

#OBS: DECRETO DE CONTINGENCIAMENTO – limita os empenhos já realizados (art. 4º, inc. I, b da LRF) – 30
dias após a aprovação do orçamento o chefe do executivo deverá realizar uma avaliação (programação) dos
empenhos com base nas estimativas de receitas e gastos – analisa uma média do que efetivamente irá se realizar,
conjugando com os gastos obrigatórios – tudo aquilo que ultrapassar a média será contingenciado e somente
será pago quando a arrecadação corresponder efetivamente à previsão orçamentária.

- Despesa Orçamentária: é a despesa que decorre da lei orçamentária e dos créditos adicionais. Deve
obedecer a todas as regras pertinentes ao processamento da despesa, tais como licitação, empenho, liquidação
etc.

191
- Despesa Extra-orçamentária: Corresponde às despesas que não vêm consignadas na lei do orçamento ou em
créditos adicionais e compreende diversas saídas de numerário resultantes do levantamento de depósitos,
cauções, pagamento de restos a pagar, consignações, resgate de operações de crédito por antecipação de
receitas (ARO), bem como outros valores que se apresentam de forma transitória.
- O pagamento do principal (amortização) da ARO é uma despesa extra-orçamentária, mas o pagamento dos
JUROS DA ARO é uma despesa orçamentária (Valdecir Pascoal).
- DESPESAS CORRENTES: São gastos de natureza operacional, que se destinam à manutenção e ao
funcionamento dos serviços públicos. Via de regra, não trazem como contrapartida acréscimos ao patrimônio
público. Duas modalidades:
a) custeio: dotações para manutenção de serviços anteriormente criados. (pagamento de pessoal, material de
consumo, obras de conservação, etc...);
b) transferências correntes: Despesas às quais não corresponda uma contraprestação direta e imediata em
bens ou serviços; Ex: subvenções, gastos com inativos, juros da dívida pública.
- Detalhe sobre subvenções: são as transferências destinadas a cobrir despesas e manter outras entidades de
direito público ou privado. Distingue-se subvenções sociais (as que se destinam a instituições públicas ou
privadas de caráter assistencial, educacional ou cultural, sem finalidade lucrativa) e subvenções econômicas (as
que se destinam a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril).
- DESPESAS DE CAPITAL (previsão na PPA): gastos produtivos por envolverem dispêndios que têm por escopo
a aquisição ou construção de bens de capital que contribuam para a formação de novos bens. Modalidades:
a) investimentos: dotações para o planejamento e execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de
imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de
trabalho, aquisição de instalações, equipamentos, materiais permanentes e constituição e aumento de capital de
empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro (ex: construção de um hospital);
b) inversões financeiras: dotações destinadas à aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização, à
aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas,
quando a operação não importe aumento de capital de entidades ou empresas que visem objetivos empresariais
ou financeiros (ex: compra de um imóvel já em uso, para servir de sede de um órgão);
c) transferências de capital: são as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas
de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou
serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, bem como dotações para amortização da
dívida pública.
- CRÉDITO PÚBLICO “ h
física ou jurídica, a uma entidade pública para ser restituído, acrescido de juros, dentro de determinado prazo
” ú ~ ú I
discussão doutrinária, salienta Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho que o direito positivo brasileiro
recepcionou a definição ampla de receitas públicas. Mesmo destituídos de caráter definitivo, os empréstimos
públicos, que para a Ciência das Finanças são meras entradas de caixa ou ingressos, categorizam-se como
receitas para o Direito Financeiro. O tomador do empréstimo, o Estado – necessariamente será de direito
público, podendo o outro ser igualmente de direito público ou, ainda, de direito privado.

192
- DÍVIDA PÚBLICA: toda a dívida contraída pelo Estado a fim de obter recursos financeiros necessários ao
cumprimento de seus objetivos. Quando a assunção de compromissos financeiros ocorre com pessoa jurídica ou
física do exterior, fala-se em endividamento externo. De outro lado, quando o credor é pessoa física sediada no
Brasil, diz-se que se cuida de dívida interna.
#IMPORTANTE: Princípios incidentes sobre a dívida pública: Princípio do beneficium competentiae – não
redução do devedor ao estado de necessidade; Princípio do favor debitoris – a parte mais fraca deve ser tutelada,
de modo a tornar mais suave o cumprimento das obrigações.

Regra de ouro (art. 167, III, CF): Não se pode fazer operação de crédito para despesa corrente (dia a dia).
Logo, apenas para a despesa de capital (obra pública). Há uma EXCEÇÃO: Antecipação de receita orçamentária.

É vedada a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta.
Quanto à proibição do financiamento de despesas correntes, o objetivo é impedir que o ente se endivide para
pagar despesas de custeio, ou mesmo, mais genericamente, aquelas que devem estar contempladas por receitas
correntes, que são as obtidas mediante as atividades ordinárias do Estado.

Essa é a chamada “regra de ouro” da LRF: o endividamento se justifica para fazer frente às despesas de
capital, e não às despesas usuais e corriqueiras do ente da Federação, as quais devem ser financiadas por
receitas próprias.

- A DÍVIDA CONSOLIDADA OU FUNDADA é o montante total das obrigações financeiras assumidas em virtude
da Constituição, leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito para amortização
em prazo superior a 12 meses. § 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de
títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil. § 3o Também integram a dívida pública consolidada as
operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento. Os
precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos integram a
dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.
- A dívida pública flutuante é a assumida para pagamento no mesmo exercício.
- Dívida pública mobiliária é a decorrente de títulos emitidos pelos entes federados.
- Um ente público somente pode assumir um débito público mediante específica autorização legislativa e após
prévia previsão orçamentária. Além disso, devem ser obedecidas as Resoluções do Senado Federal, que é órgão
encarregado de autorizar e fiscalizar as obrigações financeiras dos entes públicos.
- A exceção, conforme se percebe, é o estabelecimento do montante da dívida mobiliária da União, pois o art.
52, IX da CF/88 apenas incluiu na competência do Senado Federal os limites da dívida mobiliária dos Estados,
Distrito Federal e Municípios. O montante da dívida mobiliária da União é estabelecida através de lei, com a
participação do Chefe do Executivo na tomada da decisão.
- Cabe à lei federal estabelecer os limites da dívida mobiliária da União e à resolução do Senado fixar os limites
globais no caso de Estados e Municípios.

193
- Quem deve fixar limite da dívida mobiliária da UNIÃO? O Congresso Nacional. Até hoje, não foi fixado esse
limite para a União.

Dívida pública dos Estados/DF/ Municípios Dívida pública MOBILIÁRIA da União


SENADO FEDERAL CONGRESSO NACIONAL

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo
e interno;

- Doutrina e jurisprudência majoritárias entendem o orçamento como lei em sentido formal. Não vincula e nem
cria direitos subjetivos entre as partes. O simples fato de o orçamento prever um determinado procedimento não
é suficiente para criar direito subjetivo. Também não gera responsabilidade do gestor público o fato do não
cumprimento de uma previsão existente na lei orçamentária.

#MUITOIMPORTANTE: Controle concentrado de constitucionalidade de leis orçamentárias. Não esqueça da


evolução da jurisprudência:
Primeiro momento: impossibilidade de controle abstrato de leis orçamentárias
Segundo momento: possibilidade de controle abstrato de normas com densidade normativa
Terceiro momento: POSSIBILIDADE de controle abstrato de lei orçamentária, independentemente do caráter
absoluto ou concreto da norma em questão. #ENTENDIMENTOATUAL #VAICAIR

#DEOLHONOEDITAL: LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL


O objetivo da norma legal em comento é reprimir o uso privado dos bens e dinheiros públicos, o que significa
despesa com pessoal despida de moralidade e legitimidade, porque, de forma direta e indireta, estará a
beneficiar o gestor, seja com relação a futuros mandatos eletivos, seja sob o manto de eficiência de sua
administração, contabilizando, assim, o "bônus" das benesses irregularmente concedidas às custas de legar, aos
seus sucessores, as despesas que tornam ilegal sua gestão, indevidamente "eficiente e exitosa", inviabilizando,
até, gestões posteriores. O elemento, portanto, que balizará a subsunção, ou não, do ato administrativo que
acarreta aumento de despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao final de mandato, indispensável para
conferir-lhe a necessária legitimidade, será, sempre, a urgente satisfação do interesse público, que compreende,
também, a continuidade dos serviços prestados pelo órgão ou Poder, o que demandará, sem dúvida, o
provimento de cargos e a realização de concurso público, designações de funções gratificadas e substituições,
pagamento de ajuda de custo, dentre outros itens.

#APROFUNDAMENTO #IMPORTANTE: Despesa com pessoal - Estudo do art. 169 da CF, art. 20 da LRF (limite
de gasto) e art. 18/23 da LRF (controle de gasto).

194
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
União Estado Município
50% 60% 60%

Por excesso de gasto orçamentário, é possível que o servidor estável perca o cargo público (trata-se de
exoneração e não demissão): flexibilização da estabilidade do servidor público.

 A sequência de exoneração: Cargo em Comissão  Servidor não estável (art. 19 do ADCT)  Servidor
estável.
Vejamos os limites de gastos:
(i) 10% do limite (atingir 90% dos gastos com o pessoal): alerta do Tribunal de Contas da União (art. 59, §1º,
LRF).
(ii) 95% do limite: alerta prudencial (art. 22, par. único, LRF).

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são
vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os


derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X
do art. 37 da Constituição;

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a


reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6odo art. 57 da Constituição e as
situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.

(iii) Medidas por ultrapassa os limites:


Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos
no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado
nos dois quadrimestres seguintes (08 meses), sendo pelo menos um terço no primeiro (04 meses), adotando-se,
entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.
Art. 169. [...] § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado
na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as
seguintes providências: I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança; II - exoneração dos servidores não estáveis. § 4º Se as medidas adotadas com base no

195
parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar
referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um
dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

#ATENÇÃO: A CF não inclui, no corte de gastos, o vitalício, mas apenas o estável. Qual estável? A Lei 9801/99
responde!

§ 2º O critério geral para identificação impessoal a que se refere o inciso III do § 1º será escolhido entre: I -
menor tempo de serviço público; II - maior remuneração; III - menor idade.
#CUIDADO: O art. 23, §1º e §2º, da LRF foi declarado inconstitucional, pois se fere a irredutibilidade salarial. Essa
irredutibilidade é nominal.
(iv) Sanções por não conseguir cortar os gastos:

§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá:
I - receber transferências voluntárias;
Art. 25, §3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei
Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as
que visem à redução das despesas com pessoal.
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no
primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

LEI COMPLEMENTAR Nº 105, DE 10 DE JANEIRO DE 2001: No julgamento do Recurso Extraordinário 601.314/SP


ratificou a presunção de constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar Federal nº 105/2001 que possui a
~ “ | U ~ F
Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os
referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa

#ATUALIZAÇÃO: EMENDA DO ORÇAMENTO IMPOSITIVO (EC 86/2015)


O orçamento impositivo, além da previsão na LDO, está na CF/1988 (art. 166).
Art. 165. § 9º Cabe à lei complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a
elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II -
estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições
para a instituição e funcionamento de fundos. III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de
procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a
pagar e limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto no § 11 do art. 166.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

196
O art. 166 se refere, de forma exaustiva, sobre a execução equitativa e contingenciamento equitativo:
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e
dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo,
sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

1,2%  Emendas parlamentares  Metade destinada à saúde.

§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive
custeio, será computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a destinação para
pagamento de pessoal ou encargos sociais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

O gasto com custeio da saúde (estrutura – ex: luz, água, telefone) será levado em consideração ao art. 198,
§2º, I, CF. Contudo, o pagamento de pessoal (ex: médico, enfermeiro) não se inclui no percentual (progressivo) de
15%.

§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º deste artigo,
em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida realizada
no exercício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da programação definidos na lei
complementar prevista no § 9º do art. 165. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 12. As programações orçamentárias previstas no § 9º deste artigo não serão de execução obrigatória nos
casos dos impedimentos de ordem técnica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 13. Quando a transferência obrigatória da União, para a execução da programação prevista no §11 deste
artigo, for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adimplência do ente
federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação dos
limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de
2015)

§ 14. No caso de impedimento de ordem técnica, no empenho de despesa que integre a programação, na
forma do § 11 deste artigo, serão adotadas as seguintes medidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de
2015)

I - até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o
Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão ao Poder Legislativo as justificativas do
impedimento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

II - até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo indicará ao Poder
Executivo o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)

197
III - até 30 de setembro ou até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no inciso II, o Poder Executivo
encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo impedimento seja
insuperável; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

IV - se, até 20 de novembro ou até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso III, o Congresso
Nacional não deliberar sobre o projeto, o remanejamento será implementado por ato do Poder Executivo, nos
termos previstos na lei orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 15. Após o prazo previsto no inciso IV do § 14, as programações orçamentárias previstas no § 11 não serão de
execução obrigatória nos casos dos impedimentos justificados na notificação prevista no inciso I do §
14. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 16. Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira prevista no
§ 11 deste artigo, até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício
anterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento da
meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o montante previsto no § 11 deste artigo
poderá ser reduzido em até a mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das despesas
discricionárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

Significa que o contingenciamento deve se referir tanto a despesas do governo quanto das emendas
parlamentares, devendo ser de forma equitativa. Como se demonstra a equitatividade? O §18º explica:

§ 18. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que atenda de forma
igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da autoria. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)

No que tange à saúde, temos uma modificação importante:


Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem
um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

198
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o
art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

Com a educação, o art. 212 deve ser lembrado:


Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Saúde Educação
15% 18%

#ATENÇÃO: O aumento progressivo em 05


exercícios financeiro após aprovação da EC
86/2015. Logo, o percentual fixo de 15% somente
ocorrerá em 2020.
#LEMBRAR: O percentual de royalties será
computado aos 15%.

O serviço público pode ser remunerado por taxa e por tarifa: #DEOLHONOEDITAL

Preço público (tarifa pública) Taxa


Receita originária Receita derivada
Serviço não essencial (crítica!) Serviço essencial
Facultativo Obrigatório
Contrato Lei
Delegável Indelegável
Não se submete aos princípios tributários Submete-se aos princípios tributários

#LEMBRAR: O princípio da anualidade não vale mais para o Direito Tributário, já que a cobrança de tributo não
está condicionada à previsão na lei orçamentária.
A cobrança de tributo está condicionada aos princípios tributários, em especial da anterioridade anual e
nonagesimal.

A Emenda Constitucional 94/2016 cuida de novo sistema de pagamento de precatórios. Segundo a nova regra,
os precatórios a cargo dos Estados, do Distrito Federal e de municípios pendentes até 25 de março de 2015 e
aqueles a vencer até 31 de dezembro de 2020 poderão ser pagos até 2020, dentro de um regime especial.

199
Já a Emenda Constitucional 95/2016 h ~ “PEC DOS GASTOS
PÚBLICOS” tabelece um Novo Regime Fiscal, segundo o qual se impõe um limite para os gastos públicos do
governo federal, por vinte anos.

Segundo a novo regime, para 2017, primeiro ano de vigência da emenda, o teto será definido com base na
despesa primária paga em 2016 (incluídos os restos a pagar), com a correção de 7,2%, a inflação prevista para este
ano.

A partir de 2018, os gastos federais só poderão aumentar de acordo com a inflação acumulada conforme o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nesse caso, a inflação a ser considerada para o cálculo
dos gastos será a medida nos últimos 12 meses, até junho do ano anterior. Assim, em 2018, por exemplo, a
inflação usada será a medida entre julho de 2016 e junho de 2017.

Vale destacar que esse novo regime valerá para os orçamentos fiscal e da seguridade social e para todos os
órgãos e Poderes da República. Dentro de um mesmo Poder, haverá limites por órgão. Existirão, por exemplo,
limites individualizados para tribunais, Conselho Nacional de Justiça, Senado, Câmara, Tribunal de Contas da
União (TCU), Ministério Público da União, Conselho Nacional do Ministério Público e Defensoria Pública da União.

O órgão que desrespeitar seu teto ficará impedido de, no ano seguinte, dar aumento salarial, contratar
pessoal, criar novas despesas ou conceder incentivos fiscais, no caso do Executivo.

A partir do décimo ano de vigência desse regime, o presidente da República poderá rever o critério uma vez, a
cada mandato presidencial, enviando um projeto de lei complementar ao Congresso Nacional.

 Galera, todos sabem que o art. 100 da CF já sofreu diversas modificações. Quando conseguimos
compreender o regime de precatório, vem mais uma emenda para acabar com a alegria do concurseiro. Se liga,
então. Vamos estudar um pouco de precatório e verificar a redação do art. 100 da CF após a alteração da EC
94/2016.

#SELIGANOCONCEITO: Precatório é a indisponibilidade e impenhorabilidade do bem público e o princípio da


legalidade na despesa pública (devida adequação orçamentária) justifica a prerrogativa processual do sistema de
precatório (art. 100, CF).
- Entidades sujeitas ao regime de precatório: Fazenda Pública.

Fazenda Pública = pessoa jurídica de direito público = entes da Federação + entidades autárquicas (agências
reguladoras, agência executiva, fundações públicas de direito público).
E as empresas públicas e sociedade de economia mista? Há precedentes jurisprudenciais que se aplica o regime
de precatório para as empresas estatais prestadoras de serviço público. Cabe lembrar que a ECT (RE 220906) se
submete ao regime do precatório, pois ela foi equiparada à Fazenda Pública em face da exclusividade do serviço.
Salienta-se que essa generalização de empresas estatais se submeterem ao precatório é algo que deve ser
visto com cuidados e cautela. Não há decisão do STF em repercussão geral sobre esse assunto. Logo, não se
pode generalizar em provas (apesar de existir uma tendência de generalização!). Deve-se colocar que se
submetem ao regime de precatórios: União, Estados, DF, Municípios, entidades autárquicas e ECT.

200
- Sistemática de precatório: 1º DE JULHO é o divisor de águas do precatório.
Vejamos o caminho:
1º de julho  Presidente do Tribunal encaminha as sentenças transitadas em julgado ao órgão do PE
responsável pela proposta orçamentária (SOF)  Inclusão na LOA  Pagamento até o final do exercício
financeiro seguinte (valores serão atualizados monetariamente  evitam-se precatórios
complementares/suplementares).

§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o


fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao
que dispõe o § 3º deste artigo (RPV).

- Fila especial dos créditos de natureza alimentícia:


§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos,
proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por
invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão
pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.

Importante salientar sobre os créditos de natureza alimentícia a Súmula 655 do STF:


#SELIGANASÚMULA: Súmula 655 do STF: A exceção prevista no art. 100, caput, da CF/88 (atenção: a “exceção”
não existe mais na redação do art. 100, CF), em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a
expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios
decorrentes de condenações de outra natureza (tem uma lista/fila própria, mas receberá antes).

#LEMBRAR: Os honorários de sucumbências são créditos de natureza alimentícia.

c.4) Fila especial dos créditos de natureza alimentícia de pessoas maiores de 60 anos:
Super preferência Preferência Normal
Créditos de natureza alimentícia de Créditos de natureza Demais créditos.
pessoas maiores de 60 anos. alimentícia

- Requisição de Pequeno Valor (RPV):


§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de
direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior
benefício do regime geral de previdência social.
União Estado/DF Município
60 salários mínimos (Lei 10.259/01 - 40 salários mínimos 30 salários mínimos
LEF)

201
#NOVAREDAÇÃO: #IMPORTANTE: #NOVIDADE #ATUALIZAOVADEMECUM:

Art. 100. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária,
tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim
definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao
triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade,
sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.
(...)
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o
comprometimento de suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações
de pequeno valor.
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas
tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de transferências correntes e
outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no período
compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses precedentes,
excluídas as duplicidades, e deduzidas:
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação
constitucional;
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de
seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira referida no
§ 9º do art. 201 da Constituição Federal.
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condenações judiciais em precatórios e obrigações de
pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprometimento percentual da receita
corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá ser
financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição
Federal e de quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse financiamento a
vedação de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal.
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios
apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório serão pagos até o
final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros
de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação de
Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que em
relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na
regulamentação editada pelo ente federado." (NR)

#ATENÇÃO: Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido dos arts. 101 a
105.

202
#INFORMATIVOSRECENTES #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #VAICAIR #IMPORTANTE

 PRECATÓRIO:

A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União faça o pagamento
dos valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a anistiado político não se submete ao regime
dos precatórios, devendo o pagamento ser feito de forma imediata. STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).

 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL:

É inconstitucional lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados pelos arts. 19 e 20
da Lei de Responsabilidade (LC 101/2000). O art. 169 da CF/88 determina que a despesa com pessoal da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar. Esta lei complementar de que trata a Constituição é uma lei complementar nacional que, no caso,
é a LC 101/2000. A legislação estadual, ao fixar limites de gastos mais generosos, viola os parâmetros normativos
contidos na LRF, e, com isso, usurpa a competência da União para dispor sobre o tema. STF. Plenário. ADI 5449
MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info 817).

#MUITOIMPORTANTE #VAICAIR: Gastos no último ano do mandato: A má-gestão não pode inviabilizar o
exercício do mandato do próximo administrador. Trata-se da aplicação do princípio intranscendência subjetiva
das sanções.

 DEPÓSITOS JUDICIAIS:

Diversos Estados editaram leis estaduais prevendo que o Poder Executivo pode utilizar os valores constantes
dos depósitos judiciais não apenas relacionados com processos em que os Estados sejam parte, mas também
oriundos de outros feitos em que estejam litigando somente particulares. Tais leis estão sendo questionadas por
meio de ADIs. É o caso, por exemplo, da Lei 21.720/2015, do Estado de Minas Gerais. O STF tem entendido, ainda
em um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são inconstitucionais por violarem: 1) O princípio da
separação dos poderes. 2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88). 3) A LC federal 151/2015
apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto de depósitos vinculados a processos em
que os entes federados sejam parte. STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
28/09/2016 (Info 841).

 ANISTIADO POLÍTICO:

203
#ATENÇÃO: O STF entende que o regime de indenização dos anistiados é especialíssimo, inclusive tem
previsão constitucional explícita no ADCT. Assim, o tempo de espera para o ressarcimento, para a indenização
de vida aos anistiados é particularmente longo superando, muitas vezes, três décadas. Logo, submeter os
anistiados ao regime comum dos precatórios iria contrariar os objetivos da Constituição de reparar os danos
causados aos anistiados. Nesse sentido foi o voto do Min. Ayres Britto, no RMS 27.357/DF. Além disso, há outro
argumento: o art. 100 trata de valores devidos pela Fazenda Pública em virtude de sentença judiciária. Ocorre
que, no caso do mandado de segurança não se está condenando o Poder Público ao pagamento de um
determinado valor em razão de uma decisão judicial. Na verdade, a Administração Pública já reconheceu,
administrativamente, por meio da Portaria do MJ, que o autor possui direito àquele valor decorrente da
declaração de anistiado. Desse modo, pode-se dizer que a dívida da Fazenda Pública não foi reconhecida por
meio de uma decisão do Poder Judiciário. A discussão tratada no MS diz respeito ao momento do pagamento. O
que se tem no caso é uma obrigação de fazer que cabia à União e que está sendo descumprida. Assim, sendo a
segurança concedida, deverá a União efetuar o pagamento imediato dos valores atrasados ao anistiado, não
sendo necessário ingressar no regime dos precatórios.

DIREITO TRIBUTÁRIO15

LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS)

#DEOLHONOEDITAL:
- É possível a criação ou majoração de tributos por MP, salvo aqueles que exigem LC. Os Estados também
podem.
- Art. 145, §2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
- Súmula vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.
- Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de
tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos
respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e
decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas; d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas
de pequeno porte.
- A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de
investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observada a anterioridade anual. Obs:

15
Por Rockweel Barbosa Silva e Liana Schuler

204
não há previsão constitucional para a instituição de empréstimos compulsórios no caso de conjuntura que exija a
absorção temporária de poder aquisitivo, como há no CTN.
- Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas.
As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não
incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II - incidirão também sobre a importação de produtos
estrangeiros ou serviços;
- A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público.
- Ler o art. 150 da CF.
IMUNIDADE ISENÇÃO
 Prevista na CF;  Prevista nas leis de casa ente da Federação;
 É vedado ao poder de legislar sobre o  É a dispensa legal do pagamento do tributo;
tributo em determinados casos e em relação a  É causa de exclusão do crédito tributário
determinadas pessoas;  Exercício da COMPETÊNCIA
 É ausência de COMPETÊNCIA.

- Concessionárias de serviços públicos: se forem remuneradas apenas pelo Estado (ex: Parceria Público
Privada, na modalidade concessão administrativa), há imunidade. Se forem remuneradas também pelo usuário,
não há imunidade.
- Proibição de cobrança do IOF nas operações financeiras realizadas pelos Municípios ou Estados (RE 196.415 –
STF)
- O STF já afastou a incidência de IPTU sobre prédio ocupado por autarquia estadual, evidentemente,
portanto, vinculado a suas finalidades essenciais (RE 203.839).
- Serviço notarial e de registro: incide tributação.
- O Poder Judiciário não pode, por meio de uma decisão judicial, estender isenção fiscal a uma categoria não
abrangida pelo benefício, mesmo que sob o argumento de que haveria na hipótese uma situação discriminatória
e uma ofensa ao princípio da isonomia. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 248.264-RS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 27/11/2012.
- STF INF 767: a ECT (Correios) goza de imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de
bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa privada.
- Art. 13, CTN: o disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º (imunidade recíproca) não se aplica aos serviços
públicos concedidos, cujo tratamento tributário é estabelecido pelo poder concedente, no que se refere aos
tributos de sua competência, ressalvado o que dispõe o parágrafo único. Parágrafo único. Mediante lei especial e
tendo em vista o interesse comum, a União pode instituir isenção de tributos federais, estaduais e municipais
para os serviços públicos que conceder, observado o disposto no § 1º do artigo 9º.
- STF INF 729: Para fins de concurso, deve-se adotar a posição atual do STF, ou seja, no sentido de que a
imunidade cultural não abrange publicações em meios eletrônicos.
- É vedado instituir imposto sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

205
- Súmula 730 STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos
beneficiários.
- Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou
remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição.
- Art. 150, § 7º - Substituição progressiva ou "para frente": é a antecipação do recolhimento do tributo cujo fato
gerador ocorrerá (se ocorrer) em um momento posterior, com lastro em base de cálculo presumida. Assim,
antecipa-se o pagamento do tributo, sem que se disponha de uma base imponível apta a dimensionar o fato
gerador, uma vez que não ocorreu. Exemplo: veículos novos ao deixarem a fábrica em direção às concessionárias
(o ICMS já é recolhido antes do fato gerador que, possivelmente, ocorrerá com a venda do bem).
- Substituição regressiva ou "para trás" (não tem previsão legal): é a postergação ou adiamento do
recolhimento do tributo com relação ao momento pretérito em que ocorre o fato gerador. Exemplo: o leite cru
(o produtor rural X laticínio - este recolhe para aquele).
- Cabe à União, por meio de lei complementar, criar o imposto sobre grandes fortunas.
- É facultado ao Poder Executivo alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF.
- II: não se sujeita à legalidade, anterioridade e noventena; todos que importam pagam, seja para revenda,
utilização própria ou consumo; base de cálculo cláusula CIF (custo, seguro e frete); taxa de câmbio vigente no
momento da entrada; alíquota pode ser fixa ou ad valorem (percentual); drawback - suspensão da incidência do
imposto no caso de importações realizadas com objetivo de posterior exportação.
- Súmula 569-STJ: Na importação, é indevida a exigência de nova certidão negativa de débito no desembaraço
aduaneiro, se já apresentada a comprovação da quitação de tributos federais quando da concessão do benefício
relativo ao regime de drawback. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 27/04/2016, DJe 02/05/2016.
- IE: não se sujeita à legalidade, anterioridade e noventena; base de cálculo cláusula FOB (preço do produto
sem os acréscimos do frete e do seguro); alíquota pode ser fixa ou ad valorem (percentual).
- IOF: não se sujeita à legalidade, anterioridade e noventena; é indevida a incidência do imposto sobre créditos
nas operações de saque de cadernetas de poupança e de depósitos judiciais (súmula 185 STJ); incide sobre
operações de câmbio, de seguros e de operações com títulos e valores mobiliários.
- IPI: seletivo (com base na essencialidade), não cumulativo e não incidirá sobre produtos industrializados
destinados ao exterior; não se sujeita à legalidade e à anterioridade, mas deve respeitar a nonagesimal; base de
cálculo cláusula CIF (custo, seguro e frete)
- STJ INF 535: Não é ilegal a nova incidência de IPI no momento da saída de produto de procedência
estrangeira do estabelecimento do importador, após a incidência anterior do tributo no desembaraço aduaneiro.
Assim, os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando ocorre a sua saída do
estabelecimento importador na operação de revenda.
- Súmula 591 STF: A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte
do imposto sobre produtos industrializados.
- IR: generalidade, universalidade e progressividade; sujeita-se à legalidade e anterioridade (nonagesimal não);
alíquotas variáveis conforme a renda tributável (base de cálculo); verbas indenizatórias não se sujeitam ao IR.

206
- Súmula 584 STF: Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no
exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
- Súmula 463 STJ: Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas
extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
- Súmula 386 STJ: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo
adicional.
- Súmula 262 STJ: Incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas
cooperativas.
- Súmula 215 STJ: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está
sujeita à incidência do imposto de renda.
- ITR: progressivo (valor e utilização da propriedade); é imposto da União, mas poderá ser fiscalizado e
cobrado pelos Municípios que assim optarem, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra
forma de renúncia fiscal; não incide sobre a pequena gleba rural, explorada por proprietário que não possua
outro imóvel; base de cálculo do tributo é o valor fundiário (valor da terra nua), desconsiderando as eventuais
obras ou melhorias (construções, plantações, pastagens, culturas diversas, entre outras) e excluídas as áreas de
reserva ambiental (previamente averbadas) ou não utilizáveis.
- A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em
sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
- Impostos residuais e contribuições sociais residuais: lei complementar.
- Imposto extraordinário: lei ordinária.
- ITCMD: I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao
Distrito Federal; II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o
inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; III - terá competência para sua
instituição regulada por lei complementar: a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; b) se o de
cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior; IV - Terá suas
alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal.
- Súmula 331 STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão "causa mortis" no inventário por morte
presumida.
- ICMS: resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores,
aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e
prestações, interestaduais e de exportação.
- É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o ICMS sem a prévia
~ ( 1 º XII “ ” F 88 19 )
STF julgou inconstitucionais dispositivos da lei estadual que previam parcelamento do pagamento de ICMS em
quatro anos sem juros e correção monetária e também os artigos que conferiam créditos fictícios de ICMS de
forma a reduzir artificialmente o valor do tributo. Além disso, a Corte entendeu inconstitucional dispositivo que
autorizava o Governador do Estado a conceder benefício fiscal por ato infralegal, tendo havido violação à regra
da reserva legal (art. 150, § 6º, da CF/88). Por outro lado, o STF considerou constitucional dispositivo de lei

207
estadual que estabeleceu a suspensão do pagamento do ICMS incidente sobre a importação de matéria-prima ou
de material intermediário, e transferiu o recolhimento do tributo do momento do desembaraço aduaneiro para o
momento de saída dos produtos industrializados do estabelecimento. O Supremo entendeu que tais dispositivos
são constitucionais porque a jurisprudência permite o legislador estadual, mesmo sem convênio, preveja o
diferimento (retardamento) do recolhimento do valor devido a título de ICMS se isso não implicar redução ou
dispensa do valor devido. Diferir o recolhimento do valor não significa benefício fiscal e, portanto, não precisa da
prévia celebração de convênio. Modulação dos efeitos. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para que ela
tenha eficácia somente a partir da data da sessão de julgamento. Ponderou que se trata de benefícios tributários
inconstitucionais, mas que se deveria convalidar os atos jurídicos já praticados, tendo em vista a segurança
jurídica e a pouca previsibilidade, no plano fático, quanto às consequências de eventual decretação de nulidade
desses atos, existentes no mundo jurídico há anos. Deve-se chamar atenção para esse fato porque, em regra, a
jurisprudência do Supremo não tem admitido a modulação dos efeitos nessas hipóteses. STF. Plenário. ADI
4481/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/3/2015 (Info 777).
- Súmula 660 STF: não incide ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja
contribuinte do imposto.
- Súmula 661 STF: na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião
do desembaraço aduaneiro.
- Súmula 334 STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.
- O ICMS integra a sua própria base de cálculo, sendo isso chamado de ICMS "por dentro" ou "cálculo por
dentro". O ICMS por dentro está previsto no art. 13, § 1º, I, da LC 87/96, sendo considerado constitucional pelo
STF. Essa mesma regra aplica-se para o ICMS substituição tributária, considerando que se trata do mesmo
tributo. Assim, ainda que se adote a substituição tributária como forma de arrecadação de ICMS, é legal aplicar-se
a sistemática do "cálculo por dentro". STJ. 2ª Turma. REsp 1.454.184-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 5/5/2016 (Info 585).
- IPVA terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal.
- SV 31: é inconstitucional ISS sobre locação de bens móveis.
- Súmula 589 STF: É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e territorial urbano
em função do número de imóveis do contribuinte.
- ITBI não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em
realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e
venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.
- Em se tratando de entidade religiosa, há presunção relativa de que o imóvel da entidade está vinculado às
suas finalidades essenciais, o que impede a cobrança de impostos sobre aquele imóvel de acordo com o art. 150,
I “ ” F z ~ ~ I I ó
entidade religiosa é ônus da Fazenda Pública municipal, nos termos do art. 333, II, do CPC. STJ. 2ª Turma. AgRg no
AREsp 444.193-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. em 4/2/2014 (Info 534).
- Súmula 111 STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão "Inter vivos" sobre a restituição, ao antigo
proprietário, de imóvel que deixou de servir a finalidade da sua desapropriação.

208
- Súmula 656 STF: é inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão
Inter vivos de bens imóveis (ITBI) com base no valor venal do imóvel.
- ISS: cabe à lei complementar fixar alíquotas máxima e mínima, excluir da sua incidência exportações de
serviços para o exterior e regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.
- À exceção do ICMS, II e IE, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica,
serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país.
- Art. 157, II, CF: Pertencem aos ESTADOS e ao DISTRITO FEDERAL 20% do produto da arrecadação do imposto
que a União instituir no exercício da competência residual.
- Pertencem aos Municípios: I – 50% do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade
territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo 100% na hipótese da opção pela fiscalização e
cobrança; II – 50% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos
automotores licenciados em seus territórios; III – 25% por cento do produto da arrecadação do imposto do
Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação.
- É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos.
Essa vedação não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos: I - ao pagamento de
seus créditos, inclusive de suas autarquias; II - ao cumprimento das aplicações de recursos nas ações e serviços
públicos de saúde.
- A definição de obrigações acessórias e a alteração da data de vencimento da obrigação principal por meio de
decreto executivo não configuram violação ao princípio da reserva de lei em matéria tributária.

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

- Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a
posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a
contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a
prova de sua quitação. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.
- Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens
adquiridos ou remidos; II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus
até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da
meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.
- Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de
comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a
mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do
comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar
dentro de 06 MESES a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio,

209
indústria ou profissão. O disposto no caput deste artigo NÃO se aplica na hipótese de alienação judicial: I - em
processo de falência; II - de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.
- Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte,
respondem solidariamente (na verdade é subsidiariamente) com este nos atos em que intervierem ou pelas
omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e
curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros,
pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o
comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais
serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do
seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
- Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes
de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas
referidas no item anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou
representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
- Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente (pela multa):
I - Quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no
exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa
emitida por quem de direito;
II - Quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.
- Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso,
do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade
administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera
espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de
fiscalização, relacionados com a infração.
- Súmula 360 STJ: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento
por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.
- Súmula 509-STJ: É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de nota fiscal
posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e venda.
- Súmula 554-STJ: na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas
os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores
ocorridos até a data da sucessão.
- Súmula 555-STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco
constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a
legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa.

210
- Súmula vinculante 48-STF: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS
por ocasião do desembaraço aduaneiro.

TEORIA GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO16

#DEOLHONOEDITAL: VAI CAIR!

ORGANIZAÇÃO

Apesar de no âmbito federal existir uma carreira própria do Ministério Público para atuação perante a Justiça
Militar da U ~ MPM ( 1 8 I “ ”) } (A
Militares, que correspondem às Varas na Justiça Comum), seja no TJ ou no TJM onde houver (SP, MG e RS — art.
125, § 3.º, da CF/88), a atuação dar-se-á por membro do MP Estadual, não havendo uma carreira própria e
específica de Ministério Público Militar Estadual. Trata-se de Promotoria de Justiça especializada com atuação
perante a Auditoria Militar.

#PERGUNTA: Por que os Municípios não possuem MP próprio?

Apesar de serem pessoas jurídicas com capacidade política, a Constituição resolveu não dar aos municípios
Judiciário próprio. Logo, não se cogita da existência de MP municipal, já que o MP exerce, precipuamente,
função essencial à Justiça.

#LEMBRAR #DICA: O STF já decidiu que o MP que oficia no Tribunal de Contas não faz parte do MPU nem do
MPE, já que ele faz parte da econômica doméstica deste Tribunal, Trata-se de um Ministério Público especial. A
Lei 8.443/92 criou o MP especial junto ao TCU, regulamentando o art. 130 da CF.

#CONCLUSÃO: Dentro do TCU, há um Ministério Público próprio, que não faz parte do MPE nem do MPU.

16 Por Bruna Daronch, Rochester Araújo e Liana Schuler

211
#ATENÇÃO: O MP Eleitoral não tem estrutura própria, e a sua formação, como se percebe pelo quadro abaixo,
é mista, sendo composto de membros do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual
(MPE).

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS

Princípios previstos na Constituição Princípios decorrentes do Princípios previstos na Lei


Federal (art. 127, §1º). texto constitucional Complementar 75
(i) UNIDADE (i) PROMOTOR NATURAL (i) FEDERALIZAÇÃO
(ii) INDIVISIBILIDADE (ii) DELEGAÇÃO
(iii) INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL

I. UNIDADE:

Quando o membro do MP atua, no exercício de suas atribuições constitucionais, o faz em nome da


instituição. Por isso, tecnicamente, o membro do MP é representante do MP (o membro é o MP; o MP é o seu
membro).
A unidade também significa que só existe um MP, sob um só comando (comando de um só chefe
administrativo). Isso, obviamente, dentro de cada ramo e dentro de cada categoria.
Cada categoria possui um único chefe administrativo.

II. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE:

Em uma primeira aproximação, a indivisibilidade decorre da unidade. Logo, só existe indivisibilidade


dentro de cada ramo, cada categoria do MP. Essa indivisibilidade é a possibilidade de substituição de uns pelos
outros, dentro da mesma relação processual.
Ex.: um membro do MP faz a inicial; em virtude de suas férias, outro membro faz as alegações; em
virtude da morte deste membro, um outro faz o recurso.

III. INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL:

No MP, não existe subordinação hierárquica entre seus membros. Há ausência de subordinação no
exercício das funções institucionais. Assim, v.g., o PGR é chefe meramente administrativo, eis que, no
exercício das funções constitucionais, não há hierarquia entre os membros do MP. Ex: se o MP pede o
arquivamento do inquérito policial, não cabe ao Procurador Geral obrigá-lo a denunciar.

#PERGUNTA: Não se deve confundir independência funcional com autonomia funciona. Qual a diferença?

Independência Funcional Autonomia funcional

212
É do membro representante, no exercício de Não é do membro, mas da instituição do MP,
Suas atribuições constitucionais. frente ao Legislativo, Executivo e Judiciário.

Está prevista no art. 127, §1º. Está prevista no art. 127, §2º

IV. PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL

A Constituição Federal veda designações arbitrárias de membros do MP, por encomenda. Significa que o
cidadão tem o direito fundamental a se ver processado por um membro do MP previamente estabelecido,
um membro do MP que tenha sido designado através de critérios objetivos. Esse membro do MP não pode
ser designado após o fato (sob pena de haver designação por encomenda).
Não é pacífica na doutrina a existência do princípio do promotor natural da Constituição. Contudo, a
doutrina majoritária entende que o princípio do promotor natural é implícito, decorrendo dos seguintes
fundamentos:

i. Devido processo legal: É definido como um conjunto de regras que garantem a existência de um processo
justo. Para que o processo seja justo, é preciso que o promotor seja previamente estabelecido;

ii. Art. 5º, inciso LIII “ | tenciado senão pela autoridade ”

iii. Garantia da inamovibilidade: Junto com a independência funcional, a inamovibilidade fundamentaria o


princípio do promotor natural.

#IMPORTANTE: No decorrer da investigação, não há que se falar no princípio do promotor natural, pois ele só
existe por ocasião do início da ação.

V. PRINCÍPIO DA FEDERALIZAÇÃO:

Está previsto na LC 75/93.


Não existe, no Brasil, o Ministério Público Eleitoral, mas o MP com função eleitoral, a qual é atribuída ao
MPF, já que a Justiça Eleitoral é uma Justiça Federal especializada. Como a atribuição eleitoral é do MPF, há o
princípio da federalização da função eleitoral.

VI. PRINCÍPIO DA DELEGAÇÃO:

Também está previsto na LC 75/93. Este princípio mitiga o princípio da federalização, por este princípio,
ocorre a delegação de atribuições eleitorais do MPF para o MPE. Ex: quem oficial na zona eleitoral é o
Promotor de Justiça (MPE). Ele atua por delegação, já que não há membros do MPF suficientes para as
funções.

213
a) Seria possível uma proposta de emenda constitucional que extinguisse o MP?

NÃO. Seria inconstitucional, pois o MP é uma instituição permanente, perene, por própria disposição do
legislador constituinte originário. Além disso, o MP é imprescindível para a defesa dos direitos fundamentais,
sendo inconstitucional a sua supressão.

b) Seria possível uma PEC que posicionasse o MP dentro de um dos poderes da República?

NÃO. Isso seria inconstitucional. Se se retira a independência do MP, colocando-a dentro do Legislativo,
Executivo ou Judiciário, a consequência direta seria o fortalecimento brutal do poder onde ele foi inserido.
Essa hipertrofia de um dos poderes não é constitucional, violando a separação.

#MUDANÇADEENTENDIMENTO: Cabe ao Procurador-Geral da República a apreciação de conflitos de


atribuição entre órgãos do Ministério Público. Compete ao PGR, na condição de órgão nacional do Ministério
Público, dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário.
ACO 1567 QO/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/8/2016 (Info 835). STF. Plenário. ACO 924/PR, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 19/5/2016 (Info 826).

LEGITIMIDADE ATIVA AUTÔNOMA DO MINISTÉRIOS PÚBLICO ESTADUAL PARA O AJUIZAMENTO DE


RECLAMAÇÃO NO STF, SEM QUE SE EXIJA A RATIFICAÇÃO INICIAL PELO PGR

O STF reconheceu a legitimidade autônoma do MP Estadual para a propositura de reclamação perante o STF,
sem a necessidade de requerimento junto ao PGR, que, no caso, atuaria não como parte, mas como custos legis.

O Ministério Público dos Estados-membros não está vinculado nem subordinado, no plano processual,
administrativo e/ou institucional, a chefia do MPU.

Por outro lado, na medida em que o PGR é o Chefe do MPU, que, na forma do art. 128, I, compreende o MPF, o
MPT, o MPM e o MP do DF e Territórios, esse novo entendimento, que assegura o ajuizamento autônomo de
reclamação perante o STF pelo MP Estadual, não vem sendo aceito pela Suprema Corte em relação aos ramos do
MPU, havendo decisões firmes e expressas em relação ao MPT.

214
#INFORMATIVO: O Ministério Público Estadual possui legitimidade para atuar diretamente no STJ nos
processos em que figurar como parte. O MPE, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no STJ,
possui legitimidade para exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. A função de fiscal da lei no
âmbito do STJ será exercida exclusivamente pelo Ministério Público Federal, por meio dos Subprocuradores-
Gerais da República designados pelo Procurador-Geral da República. STJ. Corte Especial. EREsp 1.236.822-PR, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/12/2015 (Info 576).

GARANTIAS DO MP

a) Institucionais:

→ Autonomia funcional: ao cumprir os seus deveres institucionais, o membro do Ministério Público não se
| h “ ”( J |rio), órgão, autoridade pública etc.

→ Autonomia Administrativa: consiste na capacidade de direção de si próprio, autogestão,


autoadministração, um governo de si.

→ Autonomia financeira: ao Ministério Público assegurou-se a capacidade de elaborar sua proposta


orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, podendo, autonomamente,
administrar os recursos que lhe forem destinados.

b) Dos membros do MP:

→ Vitaliciedade: após a transcorrência do período probatório, ou seja, 2 anos de efetivo exercício do cargo,
~ ( 1 8 º I “ ”) A
garantia da vitaliciedade assegura ao membro do Ministério Público a perda do cargo somente por sentença
judicial transitada em julgado.

215
#INFORMATIVO: Determinado Promotor de Justiça foi considerado aprovado no estágio probatório pelo
Colégio de Procuradores do MP. O CNMP, de ofício, reformou esta decisão e negou o vitaliciamento do
Promotor, determinando a sua exoneração. O STF considerou legítima a atuação do CNMP. O ato de
vitaliciamento tem natureza de ato administrativo, e, assim, se sujeita ao controle de legalidade do CNMP, por
força do art. 130-A, § 2º, II, da CF/88, cuja previsão se harmoniza perfeitamente com o art. 128, § 5º, I, "a", do texto
constitucional. Vale ressaltar que, quando o CNMP tomou esta decisão, o referido Promotor já estava suspenso
do exercício de suas funções e não chegou a completar 2 anos de efetivo exercício. Logo, como o Promotor ainda
não havia acabado seu estágio probatório (houve suspensão do exercício com a impugnação do vitaliciamento),
poderia perder o cargo por decisão administrativa, não sendo necessária sentença judicial transitada em julgado
(art. 128, § 5º, I, "a", da CF/88). STF. 2ª Turma. MS 27542/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/10/2016 (Info
842).

#PERGUNTA: O membro do Ministério Público pode ser processado e condenado por ato de improbidade
administrativa?

SIM. É pacífico o entendimento de que o Promotor de Justiça (ou Procurador da República) pode ser
processado e condenado por ato de improbidade administrativa, com fundamento na Lei 8.429/92.
Mesmo gozando de vitaliciedade e a Lei prevendo uma série de condições para a perda do cargo, o membro do
MP, se for réu em uma ação de improbidade administrativa, poderá ser condenado à perda da função pública? O
membro do MP pode ser réu em uma ação de improbidade de que trata a Lei 8.429/92 e, ao final, ser condenado à
perda do cargo mesmo sem ser adotado o procedimento da Lei 8.625/93 e da LC 75/93?
SIM. O STJ decidiu que é possível, no âmbito de ação civil pública de improbidade administrativa, a
condenação de membro do Ministério Público à pena de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei
8.429/92.
A Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do MP) e a LC 75/93 preveem uma série de regras para que possa ser ajuizada
ação civil pública de perda do cargo contra o membro do MP. Tais disposições impedem que o membro do MP perca
o cargo em ação de improbidade?
NÃO. Segundo o STJ, o fato de essas leis preverem a garantia da vitaliciedade aos membros do MP e a
necessidade de ação judicial para a aplicação da pena de demissão não significa que elas proíbam que o membro
do MP possa perder o cargo em razão de sentença proferida na ação civil pública por ato de improbidade
administrativa.
Essas leis tratam dos casos em que houve um procedimento administrativo no âmbito do MP para apuração
de fatos imputados contra o Promotor/Procurador e, sendo verificada qualquer das situações previstas nos
incisos do § 1º do art. 38, deverá obter-se autorização do Conselho Superior para o ajuizamento de ação civil
específica.
Desse modo, tais leis não cuidam de improbidade administrativa e, portanto, nada interferem nas disposições
da Lei 8.429/92.
Em outras palavras, existem as ações previstas na LC 75/93 e na Lei 8.625/93, mas estas não excluem (não
impedem) que o membro do MP também seja processado e condenado pela Lei 8.429/92. Os dois sistemas
convivem harmonicamente. Um não exclui o outro.

216
Se o membro do MP praticou um ato de improbidade administrativa, ele poderá ser réu em uma ação civil e
perder o cargo? Essa ação deverá ser proposta segundo o rito da lei da carreira (LC 75/93 / Lei 8.625/93) ou poderá ser
proposta nos termos da Lei 8.429/92?
SIM. O membro do MP que praticou ato de improbidade administrativa poderá ser réu em uma ação civil e
perder o cargo. Existem duas hipóteses possíveis:
•I ( 9 MPU 8 93: MPE) e, ao
final, o PGR ou o PGJ ajuizar ação civil de perda do cargo contra o membro do MP.
• ~ 8 99 ~
legitimidade exclusiva do PGR ou PGJ. A ação poderá ser proposta até mesmo por um Promotor de Justiça (no
caso do MPE) ou Procurador da República (MPF) que atue em 1ª instância.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.191.613-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/3/2015 (Info 560).

→ Inamovibilidade: o membro do Ministério Público não poderá ser removido ou promovido,


unilateralmente, sem a sua autorização ou solicitação. Excepcionalmente, contudo, por motivo de interesse
público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público (no caso, o Conselho Superior
do Ministério Público), por voto da maioria absoluta de seus membros, desde que lhe seja assegurada ampla
defesa, poderá vir a ser removido do cargo ou função.

→ Irredutibilidade de subsídios: o subsídio dos membros do Ministério Público não poderá ser reduzido,
lembrando que está assegurada a irredutibilidade nominal, não se garantindo a corrosão inflacionária.

IMPEDIMENTO DOS MEMBROS DO MP

 Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
 Exercer a advocacia;
 Participar de sociedade comercial, na forma da lei;
 Exercer, ainda que em disponibilidade, outra função pública, salvo uma de magistério;
 Exercer atividade político-partidária, sem qualquer exceção;
 Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
 Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do afastamento do
cargo por aposentadoria ou exoneração (quarentena), nos termos do art. 128, § 6.º, introduzido pela EC n.
45/2004;
 Exercer a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

PODERES INVESTIGATIVOS DO MP

#DEOLHONOEDITAL:

217
Dentre as funções institucionais do MP está a requisição de diligência investigatórias. Em todo mundo,
previamente à ação penal segue uma investigação preliminar. A investigação preliminar é necessária para evitar
ações penais temerárias, tendo com o objetivo chegar ao não-processo (à não necessidade do processo penal).

No Brasil, adotamos como regra a modalidade do inquérito policial para as investigações preliminares.
Claro que o MP não pode conduzir inquérito policial. Surgiu o questionamento sobre se o MP pode investigar
diretamente:

Em decisão unânime da 2ª Turma, o STF decidiu pela constitucionalidade do poder investigativo do MP. É o
que prevalece hoje. Confira-se a notícia extraída do site do STF:

Existe previsão constitucional para que o Ministério Público (MP) possa presidir investigação
criminal: essa foi a decisão unânime da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento
realizado no dia 10.03.09, na análise do Habeas Corpus (HC) 91.661, referente a uma ação penal instaurada
a pedido do MP, na qual os réus são policiais acusados de imputar a outra pessoa uma contravenção ou
crime mesmo sabendo que a acusação era falsa. De acordo com a ministra Ellen Gracie, relatora do
Habeas Corpus, é perfeitamente possível que o Ministério Público promova a coleta de determinados
elementos de prova que demonstrem a existência da autoria e materialidade de determinado delito.
"Essa conclusão não significa retirar da polícia judiciária as atribuições previstas
constitucionalmente", afirmou Ellen Gracie ao site do STF. A ministra destacou que a questão de fundo do
HC dizia respeito à possibilidade de o MP abrir procedimento administrativo de cunho investigatório e
depois propor a ação penal. "Não há óbice a que o Ministério Público requisite esclarecimentos ou
diligencie diretamente à obtenção da prova de modo a formar seu convencimento a respeito de
determinado fato, aperfeiçoando a persecução penal", explicou a ministra.

O CNMP permite a investigação do MP, regulamentando o PIC (procedimento de investigação criminal).

- A teoria dos poderes implícitos e o poder de investigação criminal pelo MP:

Segundo a teoria dos poderes implícitos, quando o texto constitucional outorga competência explícita a
determinado órgão estatal, implicitamente, pode-se interpretar, dentro de um contexto de razoabilidade e
proporcionalidade, que a esse mesmo órgão tenham sido dados os meios necessários para a efetiva e completa
realização dos fins atribuídos.

“ M Pú õ ó z z |
investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado
ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País,
os Advogados (Lei n. 8.906/94, art. 7.º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da

218
possibilidade — sempre presente no Estado Democrático de Direito — do permanente controle jurisdicional dos
( 1 ) I ~ ” – STF.

#INFORMATIVO #IMPORTANTE:
O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações
de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a
seguir listados:
1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;
2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por membros do MP;
3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas
diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex:
interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc);
4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados;
) ú 1 F (“É
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
”)
6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;
7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário.
A ~ “ M Pú õ
promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados
os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as
prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º,
notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado
democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados
( 1 ú ) I ~ ”
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).

O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável,
investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado
ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado.
A controvérsia sobre a legitimidade constitucional do poder de investigação do Ministério Público foi
pacificada pelo STF com o julgamento do RE 593.727/MG (Info 785).
STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787).

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO (CNMP)

219
É composto de 14 membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de 2 anos, admitida uma recondução, sendo:

 O Procurador-Geral da República, que o preside, parecendo razoável, assim como entendemos em relação
ao Ministro Presidente do STF no tocante ao CNJ, que o PGR deve ser considerado membro nato do CNMP, não
havendo sentido a sua sabatina pelo Senado Federal (aplicação analógica do art. 103-B, § 2.º, e discussão no item
11.13.4);

 Quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas
carreiras;

 Três membros do Ministério Público dos Estados;

 Dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;

 Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

 Dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
outro pelo Senado Federal.

→ Apontamentos gerais sobre o CNMP:

220
 Não pode o CNMP fixar novo teto remuneratório dos membros e servidores do Ministério Público
diferente do estabelecido na CF/88.

 O CNMP NÃO tem competência para realizar controle de constitucionalidade no exercício de suas
atribuições, ainda que difuso.

 Competência do Senado Federal para processar e julgar os membros do Conselho nos crimes de
responsabilidade e a competência do STF õ h ( II 1 I “ ”)

 Em relação às infrações penais comuns, assim como já visto em relação ao CNJ, a competência será fixada
individualmente, de acordo com o cargo de origem de cada membro do Conselho.

 O CNMP não tem competência para examinar a decisão do Conselho Superior do Ministério Público
Estadual que homologa ou não TAC, haja vista que essa discussão envolve a atividade-fim do órgão, aspecto que
não deve ser submetido à fiscalização do CNMP.

 O CNMP não possui competência para rever processos disciplinares instaurados e julgados contra
servidores do MP pela corregedoria local. Sua competência revisora se limita aos processos disciplinares
instaurados contra membros.

 Reveste-se de nulidade a decisão do CNMP que, em procedimento de controle administrativo (PCA),


notifica o interessado por meio de edital publicado do DOU para restituir valores aos cofres públicos.

OUTROS APONTAMENTOS SOBRE O MP

- Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do MP de informações bancárias de titularidade de
prefeitura municipal para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes públicos contra a administração
pública.

- O MP tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança e adolescente,
independentemente do exercício do poder familiar dos pais, de o infante se encontrar em situação de risco ou de
qualquer questionamento acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública.

- Em ação de reintegração de posse, o fato de a ré residir com seus filhos menores no imóvel não torna, por si
só, obrigatória a intervenção do Ministério Público.

- O Ministério Público NÃO deve intervir obrigatoriamente em todas as ações de ressarcimento ao erário
propostas por entes públicos, mas somente naquelas que envolvem INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO.

221
- Os membros do MP têm a prerrogativa de se sentarem à direita dos juízes ou dos presidentes dos Tribunais
perante os quais oficiem, independentemente de estarem atuando como parte ou como fiscais da ordem jurídica.

- Membros do MP não podem ocupar cargos públicos fora do âmbito da instituição, salvo cargo de professor e
funções de magistério.

- A designação de membro do Ministério Público local (estadual) como Promotor Eleitoral por Procurador
Regional Eleitoral, que é membro do MPF, não afronta a autonomia administrativa do MPE.

- O julgamento de recurso pelos órgãos internos do MP é válido mesmo sem a participação da OAB. Isso
porque tal decisão nada mais é do que o exercício da autotutela.

- Legitimidade do MP para ajuizar ações de direito individual homogêneo. O MP tem legitimidade para
ingressar com ação coletiva por direito individual homogêneo dos beneficiários do DPVAT. Cancelada a súmula
J “ M Pú ~ midade para pleitear, em ação civil pública, a indenização
P A ”

- Legitimidade do MP para propor ACP objetivando liberação do saldo de contas PIS/PASEP, desde que: titular
da conta for incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade (ainda que receba aposentadoria
por invalidez ou benefício assistencial); ou titular ou quaisquer dos dependentes for acometido de doença listada
na portaria interministerial MPAS/MS 2.998/2001 (STJ, Info 568).

- Intimação pessoal em cartório judicial e termo inicial do prazo para o MP recorrer. Se o MP for intimado
pessoalmente em cartório, dando ciência nos autos, o seu prazo recursal se iniciará nessa data, e não no dia da
remessa dos autos ao seu departamento administrativo. Caso concreto julgado: ciência dada na secretaria/vara
no próprio processo implicou na ciência completa – prazos começam a correr daquele dia. (STJ, Info 558) -
#ATENÇÃO: desde o final do ano de 2016, o assunto é objeto de análise pelo STJ em sede de recurso repetitivo
especial (TEMA 595)!!

- Ausência de necessidade de intervenção obrigatória do MP em ação de reintegração de posse. Ação de


reintegração de posse movida por banco contra moradora que não pagou o financiamento. Moradora vivia com
dois filhos menores. Não é causa de nulidade a decisão ter sido favorável sem a intervenção do MP no processo.
(STJ, Info 567).

EXTRA: #SELIGA #JURISPRUDÊNCIAS #SÓJURISDEMP

Cabe ao Procurador-Geral da República a apreciação de conflitos de atribuição entre órgãos do Ministério


Público. Compete ao PGR, na condição de órgão nacional do Ministério Público, dirimir conflitos de atribuições

222
entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO 1567 QO/SP, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 17/8/2016 (Info 835). STF. Plenário. ACO 924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/5/2016 (Info 826).

O Ministério Público Estadual possui legitimidade para atuar diretamente no STJ nos processos em que figurar
como parte. O MPE, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no STJ, possui legitimidade para
exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. A função de fiscal da lei no âmbito do STJ será
exercida exclusivamente pelo Ministério Público Federal, por meio dos Subprocuradores-Gerais da República
designados pelo Procurador-Geral da República. STJ. Corte Especial. EREsp 1.236.822-PR, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 16/12/2015 (Info 576).

#MUDANÇADEENTENDIMENTO: Compete ao PGR, na condição de órgão nacional do Ministério Público,


dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO
924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/5/2016 (Info 826).

O Procurador-Geral da República não possui legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança com o
objetivo de questionar decisão que reconheça a prescrição da pretensão punitiva em processo administrativo
disciplinar. A legitimidade para impetrar mandado de segurança pressupõe a titularidade do direito
pretensamente lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade pública. O Procurador-Geral da República
não tem legitimidade para a impetração, pois não é o titular do direito líquido e certo que afirmara ultrajado. Para
a impetração do MS não basta a demonstração do simples interesse ou atuação como custos legis, uma vez que
os direitos à ordem democrática e à ordem jurídica não são de titularidade do Ministério Público, mas de toda a
sociedade. STF. 2ª Turma. MS 33736/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 21/6/2016 (Info 831).

Determinado Promotor de Justiça foi considerado aprovado no estágio probatório pelo Colégio de
Procuradores do MP. O CNMP, de ofício, reformou esta decisão e negou o vitaliciamento do Promotor,
determinando a sua exoneração. O STF considerou legítima a atuação do CNMP. O ato de vitaliciamento tem
natureza de ato administrativo, e, assim, se sujeita ao controle de legalidade do CNMP, por força do art. 130-A, §
2º, II, da CF/88, cuja previsão se harmoniza perfeitamente com o art. 128, § 5º, I, "a", do texto constitucional. Vale
ressaltar que, quando o CNMP tomou esta decisão, o referido Promotor já estava suspenso do exercício de suas
funções e não chegou a completar 2 anos de efetivo exercício. Logo, como o Promotor ainda não havia acabado
seu estágio probatório (houve suspensão do exercício com a impugnação do vitaliciamento), poderia perder o
cargo por decisão administrativa, não sendo necessária sentença judicial transitada em julgado (art. 128, § 5º, I,
"a", da CF/88). STF. 2ª Turma. MS 27542/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/10/2016 (Info 842).

A competência para julgar mandados de segurança impetrados contra o CNJ e o CNMP é do STF (art. 102, I,
“” F 88) A z J MP ó ~ -se a tomar
alguma providência no caso concreto porque alegam que não tem competência para aquela situação ou que não
h ó ~ h ó z ~ J MP “ GA I A”
nada determina, nada aplica, nada ordena, nada invalida. Nesses casos, a parte interessada poderá impetrar MS
contra o CNJ/CNMP no STF? NÃO. O STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de

223
decisões negativas do CNMP e do CNJ. Segundo entende o STF, como o conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi
“ ” ~ a. Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato,
não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no STF. STF. 1ª Turma. MS 33163/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 5/5/2015 (Info 784).

O acesso do MPF às informações inseridas em procedimentos disciplinares conduzidos pela OAB depende de
prévia autorização judicial. O fundamento para esta decisão encontra-se no § 2º do art. 72 da Lei nº 8.906/94, que
estabelece que a obtenção de cópia dos processos ético-disciplinares é matéria submetida à reserva de
jurisdição, de modo que somente mediante autorização judicial poderá ser dado acesso a terceiros. STJ. Corte
Especial. REsp 1.217.271-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/5/2016 (Info 589). Há, no presente caso,
um conflito aparente de normas entre o art. 8º, II, § 2º, da LC 75/93 e o art. 72, § 2º da Lei nº 8.906/94. Como não
existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, este conflito aparente deverá ser resolvido de forma a
garantir a convivência harmônica entre os dois dispositivos no ordenamento jurídico, desde que observadas as
limitações de cada uma. Desse modo, o STJ interpretou que o poder de requisição do MPF, previsto no Estatuto
do MPU, não pode se sobrepor ao sigilo dos procedimentos disciplinares que tramitam na OAB. Assim, é como
se o § 2º do art. 72 da Lei nº 8.906/94 fosse uma exceção (limitação) ao art. 8º, II, § 2º, da LC 75/93. A exigência de
autorização judicial, no caso, além de assegurar a plena vigência de um sistema de freios e contrapesos,
próprios do regime republicano, também afasta o risco de que as informações sigilosas juntadas aos autos do
procedimento instaurado no MP sejam no futuro consideradas nulas, contaminando todo o procedimento
investigatório e uma eventual ação judicial.

É inconstitucional dispositivo de CE que permita a recondução ao cargo de Procurador-Geral de Justiça sem


limite de mandatos. Essa previsão contraria o art. 128, § 3º da CF/88, que autoriza uma única recondução. STF.
Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847). Essa previsão contraria o art. 128,
§ 3º da CF/88, que autoriza uma única recondução: Art. 128 (...) § 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do
Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos,
permitida uma recondução.

#NÃOCONFUNDIR: Chefe do MPU: Procurador-Geral da República. Não há limites de recondução (art. 128, §
1º). Chefe do MPE: Procurador-Geral de Justiça. Só é permitida uma recondução (art. 128, § 3º). Obs: não há
impedimento para que uma pessoa seja PGJ, seja reconduzida, passe um mandato fora do cargo e, depois, seja
novamente nomeada. O que se impede é a ocorrência de três mandatos consecutivos.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS

#DEOLHONOEDITAL:
A Constituição Estadual de Minas Gerais trata de diversos detalhes a respeito do MPMG e seus respectivos
membros.

224
Art. 61 – {A ~ G dor, n~
camente:
XV – processar e julgar o Procurador-G J A -Geral do Estado nos crimes de
responsabilidade;
XVI – aprovar, por maioria de seus me ~ P -G J

XVII – destituir, na forma da } M Pú P -


G J

Art. 77 - –H | M Pú

complementar, a guarda da lei e a fi z ~ ~


§ – M Pú õ - P h
ú G
h | | P -G rada e
composta pelos integran ~
lei complementar.

Art. 123 – M Pú
I – pel P -G J
II – P J
III – P J
1 – M Pú z ~
P J h
P -G | G
~
– G |
h |
– G ~ P - -G J z
| |
mandato.
– P -G J | ~ P
Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.

Art. 134 – O C h ó ~ consultivo do Governador na defi ~


~ ~
I– -G |
II – | J H
III – | ~
IV – de um membro do Poder Legislativo Estadual;

225
– -G P M
I– h P
II – Pú ;
III – M Pú
IX – A ~
de Minas Gerais, um da imprensa e um indicado na forma da lei.

226

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