Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira
instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua
secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da
Ouvidoria.
ouvidoria@fgv.br
www.fgv.br/fgvmanagement
SUMÁRIO
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
1.1 Ementa
Conceitos, princípios e fundamentos de Ética e Sustentabilidade. Ética, moral e valores.
Ética e Poder nas organizações. Desafios éticos. Sustentabilidade como vantagem
competitiva. Liderança, ética e sustentabilidade.
1.3 Objetivos
identificar a ética, seus aspectos centrais e sua aplicabilidade na vida pessoal e
profissional;
reconhecer a influência da ética em questões relativas ao relacionamento com as
pessoas da empresa, à liderança, à criatividade e a outros processos da gestão;
reconhecer a sua responsabilidade frente às ações e escolhas;
estimular a busca de um sentido claro para a sua atuação profissional e para a própria
empresa.
entender a Responsabilidade Social e suas aplicações no negócio da empresa.
Ética e Sustentabilidade
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1.5 Metodologia
Exposição dialogada, com espaço para debates, estudos de caso e vivências, incentivando
fortemente a participação e reflexão do aluno
FARAH, Eduardo Elias. A ética e suas implicações nas ações de marketing dos
médicos. Tese de doutorado. São Paulo: EAESP/FGV, 2004
ROSENBERG, Marshall. Comunicação Não Violenta. São Paulo: Ágora Editora, 2006
THIRY-CHERQUES, Hermano R. Ética para executivos. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2008
Ética e Sustentabilidade
3
2.1 Introdução
A Organização Mundial de Saúde - OMS define saúde como um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não meramente a ausência da doença ou enfermidade.
Embora pareça utópica, esta definição mostra a abrangência da saúde de uma pessoa e
sua relação com os níveis biológicos, psicológicos e sociais, servindo como uma clara
indicação de onde direcionar os esforços, como um ideal a ser buscado. Nesse sentido, ela
se assemelha com a própria definição de ética, já que fazer sempre o bem também é um
ideal a ser continuamente buscado.
Toda empresa precisa atuar de forma ética. Isso parece óbvio, mas o que vem a ser uma
empresa ético? Primeiramente, vamos definir o que vem a ser uma empresa. De maneira
simplificada, é uma instituição formada por pessoas e que possui recursos, como
equipamentos e instalações, que objetivam cumprir a sua missão.
Por detrás de toda empresa estão as pessoas, pois são elas que irão tomar as decisões e
que podem ou não atuar de maneira ética. Desta forma, a ética envolve a todos, da
diretoria até o corpo de colaboradores. Uma empresa ética é aquela onde as pessoas e
seus recursos estão direcionados para fazer o bem, para ajudar da melhor maneira possível
o maior número de pessoas, incluindo os clientes, mas não se limitando a eles. Precisa
encontrar um equilíbrio capaz de unir esse direcionamento com as necessidades práticas
de respeito às leis, de geração de recursos financeiros, de pagamento de contas e de tudo
mais que é necessário a uma boa gestão.
Uma empresa ética é, ainda, aquela que esclarece, abre espaço para reflexão e incentiva
as atitudes éticas de seus membros. Como as principais decisões estão nas mãos dos
proprietários, da diretoria e do corpo gerencial (seja técnico ou administrativo), essas
pessoas devem estar especialmente preparadas e capazes de liderar o processo rumo à
atuação/gestão ética.
A ética abarca tanto a atuação pessoal quanto a profissional; está presente tanto no
indivíduo como na empresa. Embora não seja possível separar a ética entre o indivíduo e
a empresa, pois elas estão intrinsecamente relacionadas, existem certos aspectos que
refletem em todo um grupo de pessoas, não dependendo apenas de uma decisão
individual, como o código de conduta e ética, as decisões da diretoria, os processos internos
etc.
Ética e Sustentabilidade
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2.2 A Ética
A ética é um assunto debatido há muito tempo e por muitos autores, mas cujo tema se
mantém mais atual do que nunca, já que seu objeto são os atos humanos, ou seja, as
ações livres do homem que é responsável pelo ato de fazer ou omitir (deixar de fazer).
Nossos atos e ações, livremente escolhidos, geram consequências na nossa própria vida
bem como na vida de outros seres humanos. Assim, a vida em sociedade pede pelo
entendimento e aplicação da ética.
Ética pode ser entendida tanto como a ação que busca o bem, ou seja, a reta razão (termo
comum em textos sobre ética e que, de maneira simplificada significa “aquilo que deve ser
feito”), como a ciência que estuda a moralidade dos atos humanos, ou seja, que os
considera enquanto bons e maus. O termo ética provém de ethos, do grego, que significa
caráter, modo de ser, costumes, conduta de vida. Moral, que vem de mos, mores, do latim
, também significa costumes, conduta de vida. Alguns autores, incluindo ao autor deste
texto, entendem que há diferença entre o significado de ética e moral. A moral estaria
relacionada com a normatização da conduta, enquanto a ética com a crítica da conduta.
Neste texto adotaremos o entendimento de que ética é tanto um ato voltado para o bem
como uma ciência prática que visa a estudar, analisar e definir o significado do bem em
relação ao homem, principalmente a partir do seu comportamento.
A busca do bom e do bem é o foco central do estudo e do uso da ética. A ética permite
que se faça uma diferenciação entre o que se pode fazer fisicamente e o que se pode (ou
deve) fazer eticamente. Podemos deduzir, assim, que nem tudo o que se pode fazer deve
eticamente ser feito.
Neste texto não temos a intenção de nos aprofundar na discussão filosófica do que vem a
ser bom ou bem. Definiremos simplesmente bom ou bem como aquilo que ajuda, direta
ou indiretamente, o homem na obtenção ou busca da felicidade.
Ética e Sustentabilidade
5
Entendemos que a moralidade ou eticidade dos atos humanos é determinada por meio da
análise do seu objeto (a própria ação), das consequências da ação (o que ela gera) e de
sua finalidade (propósito ou intenção).
Dessa forma, para que a ação seja ética, é necessário um profundo exame do que ela
representa, de quais são as suas consequências e do porquê de sua decisão ou motivação.
O estudo da ética e todos os outros esforços humanos devem ter alguma finalidade
específica. Esta finalidade é o objetivo maior que todos os seres humanos buscam. Nós
definiremos que este objetivo da vida é perseguir a felicidade.
É certo que todos nós, seja na família, na vida social, ou na empresa, estamos buscando
a felicidade. Entretanto, a depender de nossa história pessoal, da nossa visão do mundo e
de diversos outros fatores, podemos realizar essa busca de forma distorcida. Pode parecer
estranho, e certamente não é a que recomendamos, mas o chefe de uma quadrilha de
assaltantes, ao assaltar, também está buscando a felicidade, à sua maneira.
Concordamos com Aristóteles (uma importante referência no estudo da ética) quando ele
esclarece que a vida humana é feita basicamente de ações e que são as ações que nos
fazem felizes ou infelizes. Se são as ações do homem ou da mulher que os fazem felizes
ou infelizes, temos que somos todos responsáveis, ao menos parcialmente, por nossa
felicidade, sem falar na felicidade dos outros.
Sobre a relação entre a felicidade e a ética, Dalai Lama afirma que “... o comportamento
ético é outra característica do tipo de disciplina interior que leva a uma existência mais
feliz. Ela poderia ser chamada de disciplina ética”. Assim, podemos entender que a ética é
uma importante ferramenta no caminho para a felicidade. Agir com o objetivo do bom e
Ética e Sustentabilidade
6
do bem, para si e para os outros, leva à felicidade, também compreendida como diminuição
ou eliminação do sofrimento próprio e de terceiros.
Dalai Lama complementa que o foco da disciplina é a autodisciplina. Seu intuito não é o de
defender uma disciplina imposta de fora por outros. É a disciplina aplicada com o objetivo
de superar o que ele chama de qualidades negativas, ou seja, dos defeitos, erros e
distorções do bom e do bem em nós. É a disciplina que nos auto-impomos para superar
certas tendências a atitudes negativas.
Superar nossas qualidades negativas significa também tomar consciência dos atos
praticados e a serem praticados, de suas consequências e finalidades para, a partir desta
compreensão, promover uma mudança real rumo à reta razão, ao bem, à felicidade.
Entendemos que a ética, enquanto material de análise e auto-reflexão de cada ser humano,
deve ser encarada como uma fonte de conhecimento e inspiração, com foco na busca de
uma consciência maior, em vez de servir como uma disciplina imposta de fora para dentro.
Este foco dá maior ênfase à discussão e reflexão sobre a ética do que a simples formulação
de regras a serem seguidas por todos.
A ética utilitarista entende que a ação (ou inação) deve ocorrer de forma a otimizar o bem
estar do conjunto das pessoas. Princípios básicos: Princípio do bem-estar (agir sempre de
forma a produzir a maior quantidade de bem-estar); Consequencialismo – as
consequências de uma ação são a base; Princípio da agregação – o que é levado em conta
no cálculo é o saldo líquido (de bem-estar, numa ocorrência) de todos os indivíduos
afetados pela ação, independentemente da distribuição; Princípio de otimização - exige a
maximização do bem-estar geral; Imparcialidade e Universalismo – os prazeres e
sofrimentos são considerados da mesma importância, quaisquer que sejam os indivíduos
afetados.
O Relativismo Ético é a concepção de que não há um preceito ético melhor do que o outro,
ou seja, de que o meu juízo moral não é superior ao dos outros e como tal não o devo
impor. Todos os juízos morais são assim equivalentes. Seu enfoque é o estado atual do
mundo, pois cada época, sociedade e indivíduo tem valores específicos, não transferíveis.
A norma ética é puramente convencional, mutável, subjetiva. Logo existem várias normas
aplicáveis (para uma mesma situação). Não existem valores universais, objetivos, mas
estes são convencionais, condicionados ao tempo e ao espaço. Não existem valores a
priori: eles são criados conforme seja necessário ou oportuno.
Ética e Sustentabilidade
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Cada homem é um ser único que é mestre dos seus atos e do seu destino. Afirma a
prioridade da existência sobre a essência (Sartre).
Os existencialistas negam que haja algo como uma natureza humana - uma essência
universal que cada indivíduo compartilhasse. Primeiro existimos, e só depois constituímos
a essência por intermédio de nossas ações no mundo.
O Idealismo é uma corrente filosófica que, como o próprio nome diz, está relacionado a
um ideal, a uma forma pré-estabelecida segundo um pensamento.
O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.
Seu oposto é o realismo ou materialismo.
Existem crenças errôneas no ser humano, muitas vezes inconscientes, que são
contraditórias à direção dos valores. Uma bastante comum é a que diz que “se eu for
totalmente correto eu não ganho dinheiro”. Ou seja, entende-se erroneamente que, para
atingir um valor, que é a prosperidade, precisa-se ir contra outros valores, como
honestidade, verdade etc. Cada indivíduo deve se investigar para descobrir qual a origem
dessas crenças errôneas, sendo capaz, a partir de sua compreensão, de ir além delas.
A aplicação dos valores humanos sempre depende de uma decisão individual, sendo, de
fato, uma questão de escolha.
Os valores são facilmente percebidos quando nos relacionamos com os outros. É uma
oportunidade de se verificar o que efetivamente é posto em prática e o que é apenas
discurso. Relacionamento é um importante termômetro que indica o grau de
Ética e Sustentabilidade
8
Valores humanos é algo que merece uma profunda reflexão e prática. O caminho é verificar
a coerência entre os valores e o que se decide - as ações -, o que isso gera nos outros e o
que realmente se quer. Os valores não devem ser usados para se analisar ou julgar os
outros. O foco deve ser de cada indivíduo em si mesmo. É importante prestar bastante
atenção se nós fazemos aquilo que falamos e falamos aquilo que pensamos. Esse
alinhamento muito ajudará. Além disso, embora as pessoas acreditem que os valores estão
fora delas, eles estão dentro de cada ser humano, são intrínsecos a cada um de nós. É isso
que, em última instância, nos permite ir além dos animais, da pura e simples prática dos
instintos. Podemos dizer que o homo sapiens se torna um “ser humano” apenas quando
ele manifesta valores humanos.
A liderança dentro de uma empresa permite direcionar os esforços para aquilo que é
prioritário, com maior probabilidade de obtenção dos resultados perseguidos, pois todos
estarão dando o seu melhor, facilitando inclusive o relacionamento e trabalho em equipe.
Cada vez mais é percebida a diferença que um bom líder faz a uma empresa. Entretanto,
como podemos caracterizar um líder? A definição mais simples é que um verdadeiro líder
é aquele que tem seguidores. E por que alguém segue um líder? Porque acredita nele. É
difícil imaginar alguém seguindo um líder que não seja ético. Desta forma, as
características de um bom líder incluem a confiança e a ética. Um dos estágios mais
avançados de um líder está relacionado com a sincera qualidade de servir a seus colegas,
a seus clientes e à sociedade. Ou seja, alguém que incorpora totalmente a visão da ética
e da responsabilidade social.
Ética e Sustentabilidade
9
Existem muitas situações onde podemos perceber a existência ou não da ética na empresa,
por meio da análise das respostas a simples perguntas, como:
Algumas pessoas dizem que não cometem deslizes em casa, mas que no trabalho não há
como agir diferente, pois o mercado/trabalho as “obriga” a agir assim. Nós entendemos
que a ética pressupõe uma integração entre a vida pessoal e a vida profissional, com um
alinhamento da missão, visão, valores e comportamentos da pessoa e da empresa. A
existência de uma separação provoca diversos problemas tanto para o indivíduo como para
a organização.
Confiança é tudo
Quando alguém confia em nós é como se tivéssemos dentro desta pessoa uma grande
quantidade de crédito, diretamente proporcional a esta confiança. E um crédito especial,
Ética e Sustentabilidade
10
daquele que quanto mais usado maior fica. Confiança está diretamente relacionada a um
compromisso de fidelidade. Isso funciona tanto quando nos relacionamos com um amigo
como quando mantemos uma relação com uma empresa, seja a que trabalhamos ou com
a qual interagimos (comprando, vendendo etc.).
O oposto da confiança é o medo. O medo gera atitudes defensivas nas pessoas. Elas
questionam, imaginam o que de ruim pode acontecer, criam obstáculos e dificultam tudo.
Em resumo, tudo fica mais devagar e difícil.
Como já apontamos, a confiança faz toda a diferença. Um estudo feito por Watson Wyatt
em 2002 mostra que o retorno para os acionistas é três vezes maior em empresas com
alto nível de confiança do que em empresas com baixo nível.
A confiança é um elemento que pode ser desenvolvido e mensurado, e que pode gerar
empresas mais lucrativas, pessoas com maior capacidade de ação e relacionamentos mais
energizados.
Existem diversos valores e atitudes que podem ajudar bastante a gerar confiança dentro
da sua empresa. Eles se iniciam no relacionamento com os seus funcionários e parceiros,
sendo natural que se mantenham e englobem os clientes (afinal, somos apenas um).
Ética e Sustentabilidade
11
Embora se possa alegar que a lei está também comprometida com a felicidade, pois busca
o equilíbrio na convivência social, ela não gera a intenção de agir pelo melhor para si e
para o outro, que só vem das convicções internas. Outro aspecto que diferencia a ética da
lei é o princípio legal que tudo o que não é proibido ou limitado pela norma jurídica é
permitido. Isto significa que, desde que um ato não se oponha a qualquer norma legal,
mesmo não estando comprometido com a felicidade dos outros, ele é legalmente
permitido. Desta forma, percebemos que um ato pode ser legal, mas pode ou não ser ético.
O inverso também poderia ocorrer, ou seja, a ocorrência de um ato ético, porém ilegal.
Entendemos como pressuposto que todo ato deve ser legal (respeitando o ordenamento
jurídico), embora, como afirmamos, isto não seja suficiente para transformá-lo em um ato
ético.
Semelhante à relação entre a ética e o ordenamento jurídico, temos a relação entre a ética
e as normas deontológicas. A norma deontológica é formada por um conjunto de normas
que indicam à pessoa qual deve ser o comportamento enquanto membro de um
determinado grupo profissional. Muitas vezes é chamada de ética profissional e descrita
em códigos de ética profissionais (do Conselho Federal de Medicina, Administrador,
Engenheiro, Advogado etc.).
Cada pessoa é responsável por suas escolhas, mesmo quando há pressão e fatores que
parecem contrários a uma opção. Embora existam aspectos que podem praticamente nos
forçar/obrigar a uma determinada escolha, ainda assim o entendimento de que somos
Ética e Sustentabilidade
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Segundo Aristóteles, somos responsáveis por nossas virtudes, bem como por nossos vícios.
A responsabilidade é um fator básico e que estimula a conduta ética de um indivíduo e da
empresa. Entendemos que o comportamento de alguém só pode ser efetivamente mudado
se ele assumir a sua real responsabilidade. É um movimento que vem de dentro da própria
pessoa, e que torna possível admitir as falhas e superar os obstáculos.
Em relação à empresa, a responsabilidade também atua de fora para dentro, pois uma das
formas que o cliente brasileiro encontrou para lidar com uma eventual atuação não ética
da empresa foi por meio de ações baseadas no Código de Defesa do Consumidor. Vale a
pena apontar que a empresa é responsável, frente ao cliente, pelas ações realizadas por
seus funcionários e prepostos.
Na empresa, o que a impede de ser ética são as próprias decisões contrárias à ética. Como
vimos, as decisões são tomadas pelas pessoas. É por isso que se torna impossível ver a
ética da empresa separada da ética dos seus membros.
O conhecimento tem sua principal influência no nosso consciente, mas muito do que somos
e fazemos reside no inconsciente. E no inconsciente normalmente existem sentimentos
reprimidos, como raiva, vingança, medo, entre outros, frutos de experiências anteriores
(muitas vezes ocorridas na infância) que nos influenciam a agir “negativamente”. Este é
um tema delicado, onde cada pessoa é um caso específico, com uma história de vida e
características próprias. Entretanto, percebemos que estes aspectos, principalmente
quando desconhecidos (daí o próprio nome inconsciente), geram ações que parecem
contraditórias com o que pensamos sobre nós mesmos (e certamente com o que dizemos).
Para ser ético, um ser humano precisa ser livre. O ser humano, no entanto, não é livre em
geral, pois é influenciado por aspectos inconscientes, que direcionam suas ações ou
intenções sem que ele efetivamente perceba. Por outro lado, isto não pode significar que
o homem, por não estar consciente, deixa de ser o único responsável por suas ações. Este
conflito pode ser diminuído ou resolvido por meio de um aumento da consciência que cada
indivíduo tem de si mesmo. Só é possível mudar definitivamente algo quando realmente o
conhecemos. Como conseqüência, as pessoas poderão escolher com mais consciência e a
empresa terá mais possibilidades de ser ético.
Humildade e coragem são qualidades importantes para admitirmos aspectos que são
contrários ao que é classificado como correto, seja por nós mesmos, pela empresa ou pela
sociedade. Aristóteles dizia que “a coragem é a primeira das qualidades humanas, porque
é a que garante as outras”.
Ética e Sustentabilidade
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Essa máscara funciona como um instrumento de defesa contra o medo de não ser
valorizado (amado) e esconde alguns aspectos negativos que nos impedem de sermos
éticos. Nas empresas, existem 3 máscaras comumente usadas pelas pessoas: o bonzinho
(agradador), o mauzinho (difícil) e o superior/indiferente (nada me afeta). Muitas vezes
vemos o pessoal da área financeira assumindo a máscara de mauzinho (dizendo não para
investimentos essenciais), a área comercial assumindo o de bonzinho (fazendo qualquer
coisa para fechar um contrato/venda) e a área de recursos humanos assumindo a máscara
de superior (sabem tudo sobre as pessoas). Quando nós atuamos a partir da máscara,
dificilmente somos éticos, pois há mentira. Obviamente que isto é apenas um exemplo. A
máscara depende de pessoa para pessoa e de empresa para empresa.
Entre os aspectos mais freqüentes, e que estão por detrás das máscaras, encontramos o
orgulho, a vergonha, a obstinação e o medo. De forma simplificada, o orgulho está
relacionado com o desejo de sermos importantes e é o inverso da humildade. Em reuniões
de trabalho é comum vermos pessoas que não deixam os outros falarem e que querem
que concordemos com elas a todo custo. A vergonha, que é um aspecto do orgulho, vem
quando não nos sentimos perfeitos, adequados ou importantes. Vemos pessoas
extremamente capazes com dificuldade em dar sua sincera opinião sobre uma situação,
projeto ou idéia. A obstinação tem a ver com uma birra, uma insistência de que tem que
ser do nosso jeito. Muitas ações equivocadas são decididas ou continuam acontecendo
apenas porque determinada pessoa da empresa quer que seja assim. O medo está
relacionado com uma desconfiança, com a expectativa de que algo ruim poderá acontecer.
A ambição desmedida (aqui entendida como a vontade e ação de ir além dos valores para
se obter o que se quer) provoca atitudes anti-éticas na empresa e é causada pelo medo
da escassez, pelo medo de que vai faltar, não importa o quanto se tem. Todos esses
aspectos podem estar presentes em qualquer ser humano, em maior ou menor grau, e
tem reflexo direto na empresa. O reconhecimento deles é um importante passo em busca
da superação, tanto individual como de todo a empresa.
Como ir além
Uma forma objetiva que contribui para sermos mais éticos é mudarmos o foco do que nós
queremos para o que pode ser feito para os outros. Em outras palavras, é perguntar
sinceramente: como posso ajudar? Para fazer isso, o primeiro passo é tirar a máscara e
realmente focalizar a intenção em se conhecer e em ajudar o outro.
O segundo passo é agir, servindo e ajudando ao outro. Na empresa isso significa tomar a
decisão interna (dentro de si mesmo) de ajudar a todos, em cada situação que aparece,
dando o seu melhor. Significa atender aos clientes, fazer o relatório financeiro, limpar o
chão e todas as outras atividades da melhor forma possível.
Ética e Sustentabilidade
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Obviamente que isto se torna mais fácil quando a decisão de servir vem da diretoria e
gerência da empresa, por conta do ambiente propício e da liderança inspiradora que isto
traz. Trabalhos sobre liderança, como o do consultor inglês Richard Barret, mostram que
um dos estágios mais avançados de um líder está relacionado com a sincera qualidade de
servir a seus colegas, a seus clientes, à sociedade.
Percebemos que a ética envolve tanto reflexão quanto ação. O simples conhecimento sobre
seu significado e implicações não tem qualquer utilidade. Ética é algo que se aprende a
partir da prática, da experiência. Todo conhecimento serve apenas para dar suporte às
tomadas de decisão, às ações. Nesse sentido, a visão e o envolvimento com ações de
responsabilidade social, que abordaremos neste texto, é um exercício fundamental para o
aprendizado e ampliação da ética em cada indivíduo.
Essa lógica dá as bases para sabermos o que fazer quando alguém está agindo de maneira
claramente anti-ética, como em atos de violência. Não estamos falando de julgamentos
baseados em suposições, mas em percepção clara da realidade. Nestes casos, devemos
agir para impedir que essa pessoa nos prejudique ou prejudique a outros que estão sob
nossa responsabilidade. A motivação não deve ser a raiva ou a vingança, mas, usando a
visão de Dalai Lama, porque desejamos o bem para o outro.
Embora essa visão seja difícil de ser alcançada, inclusive para o autor deste texto, o
exercício nesse sentido ajuda a nos conhecermos melhor e agirmos cada vez de forma
mais ética.
Embora seja comum em instituições maiores, este código pode ser elaborado por qualquer
empresa ou instituição.
É importante estabelecer uma diferença entre este código e o código de ética profissional.
O código de ética profissional (como o código de ética médica) deve ser observado por
todos aqueles registrados no conselho profissional e vale para todos que fazem parte desse
conselho. Já o código de conduta ética e relacionamento da empresa é um código
individual, a partir dos valores e reais convicções da empresa, orientando seu
Ética e Sustentabilidade
15
Este documento pode ser bastante simplificado, com o objetivo central de servir como uma
referência e constante lembrança do que é esperado e adequado ao relacionamento com
os diversos públicos e como se deve decidir frente a determinadas questões. É um
documento de consulta interna, mas que pode ser divulgado aos clientes e parceiros, sendo
utilizado como uma ferramenta de comunicação e marketing.
A elaboração do código deve ser feita com uma ampla discussão e participação de todos
os envolvidos, evitando-se a simples cópia de outros códigos, já que sua construção traz
um processo reflexivo importante.
Ética e Sustentabilidade
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Não existe uma fórmula pronta, um único caminho para tratar deste tema. O primeiro
passo é a sensibilização de todos, principalmente da diretoria e corpo gerencial. O objetivo
de todo trabalho é o de gerar boas referências e facilitar a ampliação da consciência.
Quanto mais conscientes, mais possibilidades temos de fazer escolhas éticas. E todos
ganharão com isso.
Ética e Sustentabilidade
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A responsabilidade social é como que um dos braços da ética, um braço que serve a todos.
É uma excelente oportunidade para a aplicação concreta da ética e funciona também como
uma das formas para se trazer maior consciência sobre este tema à empresa. E de forma
prática.
A sociedade vem, nos últimos tempos, cobrando mudanças no modo de fazer negócios das
empresas e como elas devem se relacionar com o mundo a sua volta. Por outro lado,
muitas empresas já percebem que o seu papel não pode se limitar a gerar riquezas para
os investidores e acionistas, fazer e vender bons produtos, ter uma boa qualidade no
atendimento, criar postos de trabalhos ou pagar impostos. É necessário que cada um
assuma a sua parcela da responsabilidade com relação ao desenvolvimento do conjunto
da sociedade.
As organizações não estão sendo questionadas apenas pelo que fazem, mas especialmente
por aquilo que deixam de fazer. Isso é decorrência do entendimento de sua efetiva co-
responsabilidade pelo desenvolvimento social.
Ética e Sustentabilidade
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tomando ações que beneficiam a sociedade. Uma empresa-cidadã é aquela que cumpre
plenamente com suas obrigações, pagando todos os impostos, respeitando às leis, mas
indo além disso, fazendo sempre mais pela melhora da vida de todos.
Um bom exemplo dessas atitudes pode ser encontrado em um material elaborado pelo
Instituto Ethos e o Sebrae que contém as 7 diretrizes para a responsabilidade social
empresarial. São elas:
Uma forma de utilizá-los é a partir da avaliação das atuais ações da empresa em relação
às diretrizes apresentadas, definindo especificamente, por exemplo, que ações na empresa
demonstram que ele valoriza empregados e colaboradores (que devem ser mantidas e
ampliadas) e as que demonstram o contrário (que devem ser modificadas e evitadas).
Uma empresa deve ainda desenvolver projetos para minimização de resíduos gerados por
sua atividade, prevenção de poluição, uso eficaz de água e energia, reciclagem de materiais
etc.
Por exemplo, a ética pode ser incorporada na avaliação de desempenho dos funcionários,
colaboradores e parceiros, sendo considerada para determinar contratos, promoções e
Ética e Sustentabilidade
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O que mais faz diferença é a empresa fazer aquilo que as pessoas que o compõem querem
realmente fazer, tendo a RSE como base para suas escolhas.
Para isso, qualquer empresa que pense em começar a desenvolver projetos de RSE precisa
primeiro olhar para dentro, desenvolvendo uma cultura de responsabilidade social interna.
Palavra, pensamento e ação devem sempre caminhar juntos. Isso significa integridade e é
a única forma de conseguir trabalhar de maneira concreta e duradoura, seja com ações
internas ou externas.
Stakeholder
Stakeholder em uma organização é qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser
afetado pela realização dos objetivos dessa empresa.
Stakeholder inclui aqueles indivíduos, grupos e outras organizações que têm interesse nas
ações de uma empresa e que têm habilidade para influenciá-la.
Diversas decisões e ações podem ser realizadas por uma empresa baseadas na RSE, sendo
que muitas exigem baixo investimento.
Como dissemos, para que esta mudança possa acontecer ela deverá contaminar em
primeiro lugar a diretoria e os funcionários da empresa. Toda a equipe deve estar pelo
menos a par deste novo posicionamento e, se possível, ter a possibilidade de participar
das ações. Ter a equipe participante, ativa e engajada nas ações certamente contribui para
o bom andamento das novas atividades a serem desenvolvidas e implementadas.
Algumas das ações podem ser feitas com a equipe do própria empresa, outras com a
comunidade do entorno. Outra opção é escolher algumas entidades que tenham o mesmo
Ética e Sustentabilidade
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Muitas ações são de fácil implementação e não necessitam de uma grande quantidade de
valor investido. Estas ações requerem basicamente atenção e dedicação da equipe.
A seguir apresentamos algumas ações, tanto para o público interno quanto para o externo.
Quando falamos de escassez de água fica difícil imaginar que isso pode estar tão perto.
Entretanto, segundo a ONU, em 2050 apenas um quarto da população mundial terá água
suficiente para as suas necessidades básicas se a população não modificar os seus hábitos
e formas de utilização deste recurso natural tão importante e essencial. Tendo em vista
estes dados, uma ação importante na área de responsabilidade sócio-ambiental é
desenvolver um programa e instruir a equipe e clientes sobre a boa utilização da água
dentro (e fora) da empresa.
Ética e Sustentabilidade
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Cuidando da Alimentação
Muitos problemas de saúde são originados pela má alimentação, o que significa ingerir
quantidade, tipo e qualidade inadequada de alimentos. Um simples indicador deste
problema na empresa é a existência de pessoas obesas, embora esse não seja o único.
Campanhas de Arrecadação
- Ter uma creche para as crianças. Mais do que cumprir uma eventual obrigação legal é
transformar esse espaço em uma referência no cuidado infantil;
Ética e Sustentabilidade
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A visibilidade deste selo pode ser um diferencial importante para a empresa e pode ser
aplicado em todos os seus materiais de divulgação, como: site, papelaria, folders, anúncios
e muitos outros.
- Fundação Abrinq (www.abrinq.org.br): é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como
objetivo básico promover os direitos elementares de cidadania das crianças. A Fundação
certifica as empresas que não utilizam de mão de obra infantil, incluindo seus fornecedores,
e possui diversos programas que também geram certificações, com compromissos a serem
seguidos.
Ética e Sustentabilidade
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estabelecidos pela norma. Apresenta-se como um sistema de auditoria similar ao ISO 9000
e seus requisitos são baseados nas normas internacionais de direitos humanos e nas
convenções da OIT.
O ISE é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas
na BM&FBOVESPA sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência
econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia
o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade,
diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento
sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do
desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de
mudanças climáticas.
Ética e Sustentabilidade
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Comitê de Sustentabilidade
A alta liderança da empresa deve estar representada no Comitê, bem como as demais
áreas da empresa, com representantes de áreas estratégicas para a sustentabilidade.
O comitê normalmente tem caráter deliberativo e consultivo. Em algumas empresas é a
área responsável pelos relatórios de sustentabilidade.
Balanço Social
O Balanço Social serve como um instrumento que amplia e reforça a integração da entidade
com os empregados e com a sociedade em geral, sendo um dos mais eficientes veículos
de comunicação das ações sociais para todos os públicos. Para a sociedade, mostra de
forma clara o que foi feito. Para os funcionários, pela transparência, permite que se avalie
a coerência entre o que foi dito e o que foi feito. Para os acionistas, proprietários,
investidores e fornecedores, sinaliza como a empresa assume responsabilidades com o
quadro humano e social. E para os clientes, diz, com todas as letras (ou números), quem
ele é e o que faz.
Pacto Global
O Pacto Global, lançado em 2000 pela ONU, pede às empresas para aceitar, apoiar e
aplicar, dentro da sua esfera de influência, um conjunto de valores fundamentais nas áreas
de direitos humanos, padrões trabalhistas, meio ambiente e combate à corrupção.
Possui dez princípios que gozam de um consenso e se baseiam nos seguintes documentos:
1) Declaração Universal dos Direitos Humanos; 2) Declaração da Organização Internacional
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Direitos Humanos
Princípio 1- As empresas devem apoiar e respeitar a proteção dos direitos humanos
reconhecidos internacionalmente; e
Princípio 2 - certificar-se de que não são cúmplices em abusos dos direitos humanos.
Trabalho
Princípio 3 - As empresas devem defender a liberdade de associação e o reconhecimento
efetivo do direito à negociação coletiva;
Princípio 4 - a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório;
Princípio 5 - a erradicação efetiva do trabalho infantil; e
Princípio 6 - a eliminação da discriminação no emprego e ocupação.
Meio Ambiente
Princípio 7 - As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva sobre os desafios
ambientais;
Princípio 8 - desenvolver iniciativas a fim de promover maior responsabilidade ambiental;
e
Princípio 9 - incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente
sustentáveis.
Combate à Corrupção
Princípio 10 - As empresas devem combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive
extorsão e propina.
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O projeto e seus resultados devem ser tratados como qualquer outro na empresa. Deve
haver um ou mais responsáveis, sendo feito pareceres regulares para a diretoria ou para
o comitê de responsabilidade social sobre as atividades exercidas, para uma análise de sua
continuidade (ou não). Desta forma, além de fazer uma análise de sua eficácia, a empresa
ainda terá informações para utilizar nas ações de comunicação e na elaboração de um
balanço social, com todas as ações desenvolvidas no período.
Na maioria das vezes o investimento nas áreas sociais não tem nenhum estudo ou controle.
Entretanto, como já mostrado, para o contínuo aprendizado e o desenvolvimento da
responsabilidade social, é importante o registro e a documentação de todos os dados e
fatos de cada ação.
Para aqueles que acreditam, os benefícios são muito concretos para a empresa, tanto
tangíveis quanto intangíveis. Eles passam por gerar uma imagem positiva frente à
sociedade (via comunicação), trazendo maior atenção e atratividade à empresa, e chegam
até uma maior facilidade de se realizar negócios com funcionários, colaboradores,
fornecedores e parceiros.
Desta forma, podemos dizer que ser socialmente responsável possibilita as seguintes
vantagens:
• Imagem positiva da empresa junto ao público interno e externo, gerando maior
lealdade;
• Gestão mais humanizada, com colaboradores mais satisfeitos e comprometidos com
a empresa;
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Novamente, o primeiro passo é a sensibilização, fazendo com que todos comecem a olhar
para este tema. O uso dos indicadores Ethos (Intituto Ethos) de responsabilidade social
empresarial também pode ser uma forma de iniciar uma melhor compreensão da realidade
da empresa e servir como inspiração para agir.
Para as ações sociais, pode-se iniciar por projetos já existentes, em parceria com outras
instituições, ou desenvolver alguma ação própria, dentre as diferentes opções. Uma curta
pesquisa abordando possibilidades de ações e pedindo que os funcionários priorizem o que
lhes interessam é outra forma de motivar e comprometer. Ás vezes tudo começa pela ação
individual que, carregada de boas intenções, vai despertando colegas para esta realidade.
Bem direcionadas, as ações criam um círculo positivo autoperpetuador (quanto mais se
faz, mais vontade se tem de fazer, mais ações positivas se descobre, mais se faz...),
permitindo que todos reconheçam os reais benefícios da ética e da responsabilidade social.
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Existem diversos canais que podem ser usados, como cartazes, sites, palestras, folders,
jornais etc. Quanto melhor e mais ética a comunicação, mais pessoas estarão envolvidas
nesse mesmo propósito. E todos ganham com isso.
As duas condições que a CNV aponta para que se estabeleça uma comunicação eficaz são:
1) expressar-se honestamente por meio dos quatro componentes acima descritos; e 2)
receber com empatia por meio dos quatro componentes.
É prestar atenção no que está acontecendo dentro e fora. É prestar atenção nos seus
sentimentos e pensamentos. É prestar atenção no seu corpo. Essa prática de atenção treina
o foco para não nos tornarmos uma pessoa emocionalmente reativa.
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Hoje o programa por ele desenvolvido (Mindfulness Based Stress Reduction - MBSR, de 8
semanas) é aplicado em muitos lugares do mundo. Nos últimos anos, com o maior acesso
à tecnologia e diagnóstico por imagem, muitas descobertas e estudos foram feitos sobre
os benefícios do Mindfulness, principalmente nos EUA e Inglaterra, mas também em muitos
outros países.
2005: Estudo da Harvard Medical School descobriu que a meditação aumenta a espessura
do seu córtex pré-frontal, um centro do cérebro associada à atenção e auto-consciência.
2009: Estudo da Universidade de Aarhus da Dinamarca descobriu que os meditadores de
longo prazo têm hastes mais grossas no cérebro.
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A inteligência emocional é fundamental para se escolher a melhor forma de agir, sem ser
tomado por emoções negativas e destrutivas. É também fundamental para lidar com o
stress que, de forma simplificada, é o conjunto das várias respostas físicas e mentais que
temos e que são causadas por determinados estímulos externos, normalmente
relacionados com tensão e desgaste físico e mental causados por esse processo.
A forma como reagimos, principalmente do ponto de vista mental (mundo interno), aos
estímulos externos é determinante para a ocorrência (ou não) do stress. Mindfulness e
autoconhecimento são essenciais para termos inteligência emocional e uma percepção
positiva dos estímulos externos, o que modifica o potencial de tensão e desgaste destes
estímulos.
Para que possamos ver a realidade e escolher adequadamente o positivo, para nós e para
os outros, 3 elementos são fundamentais e precisam ser bem desenvolvidos: percepção,
atenção e intenção. Este desenvolvimento requer a prática de mindfulness, de
autodisciplina e do estudo de si mesmo.
Estas práticas também nos permitem sermos mais éticos, existindo estudos que
corroboram com este entendimento. Ética pode ser entendida como um estado de atenção
com a vida e com tudo que faz parte dela. É escolhermos o bom e positivo para todos (com
ação, consequência da ação e intenção positivas). Assim, é fundamental aumentar a
qualidade da atenção para sermos mais éticos e focarmos, sinceramente, no paciente.
O cérebro é um órgão bastante complexo e precisa ser adequadamente utilizado para ficar
em forma e dar suporte às nossas necessidades e à alta performance.
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sejam capazes de fazer novas conexões, bem como para que novos neurônios surjam.
Mindfulness é um dos grandes treinamentos e exercícios para o desenvolvimento do
cérebro.
Este treinamento permite com que não sejamos tomados pelo fluxo incessante de
pensamentos, bem como por aqueles pensamentos carregados de destrutividade, o que
gera sentimentos e comportamentos negativos, afetando o atendimento e relacionamento
com o outro, além da nossa performance.
Prática de Mindfulness
Existem centenas (se não milhares) de técnicas de foco de atenção. Uma delas considerada
muito poderosa é a de fazer 1 simples minuto de silêncio 5 vezes por dia. Basta se sentar
confortavelmente e fechar os olhos, prestando atenção na própria respiração, desligando-
se um pouco da rotina, das histórias, dos afazeres e focando dentro de si mesmo. O foco
da atenção durante este 1 minuto deve estar na respiração, no ar que entra e no ar que
sai. Se vier um pensamento, não é necessário tentar impedi-lo. Basta não dar atenção, o
que significa não iniciar um diálogo interno. O ideal é que esta prática ocorra sempre no
mesmo horário, como assim que acordar, antes de comer, antes de dormir etc. A pessoa
escolhe 5 momentos do dia e sempre pratica este curto minuto nestes momentos. Isto vai
quebrar o fluxo incessante de pensamentos e trazer calma. A regularidade desta prática
permite que, aos poucos, a pessoa aumente a sua percepção da realidade e seu controle
emocional, trazendo grandes benefícios para o atendimento e à alta performance.
Esta técnica também pode ser utilizada antes de um momento, encontro ou telefonema
importante, ou ainda quando existe algum tipo de conflito ou desequilíbrio, seja consigo
mesmo, seja com alguém.
Experimente e veja o que acontece, na prática, contigo. Talvez o maior desafio seja se
lembrar de praticar...
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3. Avalie como a empresa atua, na prática, a partir do comprometimento com uma atuação
ética e socialmente responsável em cada uma das seguintes áreas:
Público interno:
Sempre comprometido Quase sempre Metade das vezes
Quase nunca Nunca
Meio ambiente:
Sempre comprometido Quase sempre Metade das vezes
Quase nunca Nunca
Fornecedores:
Sempre comprometido Quase sempre Metade das vezes
Quase nunca Nunca
Clientes e clientes:
Sempre comprometido Quase sempre Metade das vezes
Quase nunca Nunca
Comunidade:
Sempre comprometido Quase sempre Metade das vezes
Quase nunca Nunca
Governo e Sociedade:
Sempre comprometido Quase sempre Metade das vezes
Quase nunca Nunca
4. Responda:
a. A gestão e as decisões da empresa são transparentes?
Sim Não Mais ou Menos Não Sabe
b. Os empregados e colaboradores se sentem valorizados?
Sim Não Mais ou Menos Não Sabe
c. A empresa tem um programa específico para preservação do meio ambiente?
Sim Não Mais ou Menos Não Sabe
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2.18 Conclusão
Se o foco da ética é fazer o que é certo, entendemos que há um conjunto de elementos
necessários para conduzir as nossas ações e decisões de forma ética, seja na esfera pessoal
ou profissional. Esses elementos são: clareza em relação aos fatos (efetivo conhecimento
da realidade, com dados concretos); uma real intenção de ajudar; a competência em
relação ao tema (conhecimento, habilidade e atitude); e o respeito aos valores humanos.
Aristóteles fala que a coragem é a primeira das qualidades humanas. Também entendemos
que esta é a grande chave, pois agir com coragem é agir com o coração. E é esse coração
que faz pulsar as empresas. E o mundo, nos dias de hoje, só pode ser transformado com
muita coragem.
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Sites consultados:
www.abrinq.org.br
www.ibase.org.br
www.iso.org
www.ethos.com.br
www.sa-intl.org
www.bmfbovespa.com.br
www.isebmf.com.br
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3. MATERIAL COMPLEMENTAR
Marcos vai sair da empresa e tem um duplo desafio: escolher um dos gerentes para
substituí-lo e, para cortar custos, demitir um gerente, juntar as 3 equipes embaixo de um
único gerente, demitindo 6 pessoas das equipes.
Perguntas:
1. Quais são os principais cuidados para que uma atuação ética de Marcos?
2. Quem você escolheria no lugar de Marcos?
3. Que gerente você demitiria?
4. Como você faria para escolher o gerente a ser demitido? E as outras 6 pessoas?
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