SUJEITO ATIVO
Funcionário público, em regra.
SUJEITO PASSIVO
A administração pública em geral. Isso não impede que o particular figure como vítima secundária.
Obs.: Todos os crimes contra a administração pública a partir da Lei 12.403/11 passaram a ser
afiançáveis, ou seja, estão sujeitos ao rito da defesa preliminar do art. 214 do CPP.
O art.7º, I “c” do CP trata sobre a extraterritorialidade incondicionada, quando o crime for contra a
administração pública: “ficam sujeitos à lei brasileira os crimes contra a administração pública, por
quem está a seu serviço”.
O art. 33, §4º do CP diz que o condenado por crime contra a administração pública terá progressão
de regime do cumprimento da pena, se reparar o dano ou devolver o produto.
Todo crime contra a administração pública corresponde ao ato de improbidade. Mas o contrário já
não se confirma.
Existe um ato do procurador geral orientando o promotor de justiça criminal para que quando se
depara com crime funcional extraia cópia e remeta ao promotor da cidadania.
O art. 327 do CP traz o conceito de funcionário público: Considera-se funcionário público, para
os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.
De acordo com o STJ, o advogado contratado por meio de convênio entre o Estado e a OAB, para
atuar na justiça gratuita enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais,
respondendo pela prática de peculato apropriação.
Não há consenso para o conceito de paraestatal entre os administrativistas. Hely Lopes Meirelles
(21 ed., 1996, pg. 62): “pessoas jurídicas de Direito privado cuja criação é autorizada por lei
específica para a realização de obras, serviços ou atividades de interesse coletivo, como as empresas
públicas, sociedades de economia mista e serviços sociais autônomos (SESI, SESC, SENAI, dentre
outros)”. No entanto, na 30 ed., em 2005: “pessoas jurídicas de Direito privado que, por lei, são
autorizadas a prestar serviços ou realizar atividades de interesse coletivo ou público, mas não
exclusivos do Estado”, tendo sido tirado do conceito “empresas públicas ou sociedade de economia
mista” e acrescentado “organizações sociais”.
- Funcionário público considera-se, para efeitos penais, quem exerce cargo, emprego ou
função em fundação pública, empresa pública e sociedade de economia mista.
O § 2º é uma causa de aumento de pena: A pena será aumentada da terça parte quando os autores
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Art.312, caput do CP: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
SUJEITO ATIVO
Funcionário público no sentido amplo do art. 327 do CP – crime próprio. O particular pode ser
coautor ou partícipe, desde que conheça a qualidade de funcionário do outro agente (elementar do
tipo – art. 30 CP)
Obs.: Admite concurso de pessoas, inclusive, de terceiros estranhos aos quadros da administração.
PERG.: “A” servidor auxiliado por “B” particular se apodera de bens públicos. Qual crime
eles praticaram?
A praticou peculato. Se B sabia que A era servidor (qualidade funcional) responderá também por
peculato na condição de partícipe, mas se não estiver ciente da condição profissional de A,
responderá por apropriação indébita.
Diretor de sindicato que se apropria dos bens da entidade sindical pratica peculato, conforme art.
552 da CLT, pois este dispositivo equiparou o fato ao peculato, não houve equiparação subjetiva,
mas objetiva. Apesar de o diretor de sindicato não é funcionário público típico, nem atípico os atos
que importem malversação ou dilapidação do patrimônio das entidades sindicais ficam equiparados
ao crime de peculato.
O art. 552 da CLT foi recepcionado pela CF/88 (a redação deste dispositivo se deu em 1969 em
época de ditadura)?
Há duas correntes:
1ª corrente: o art.552 da CLT não foi recepcionado pela CF/88, pois esta vedou, expressamente, a
ingerência estatal no sindicalismo. Julgados no TRF 4ª Região – Wladimir Passos de Freitas, Sergio
Pinto Martins.
2ª corrente: o art. 552 da CLT foi recepcionado pela CF/88. STJ.
Quando se fala em prefeito municipal tem o decreto Lei 201/67 que aparece como norma especial,
então esta prefere a norma geral (CP), se tiver comportamento específico no decreto lei responderá
por este delito, mesmo que a pena seja inferior.
SUJEITO PASSIVO
Primário – Estado, a administração.
Secundário – particular lesado pelo comportamento do agente.
CONDUTAS
PECULATO APROPRIAÇÃO:
1º. Apropriar-se o funcionário público;
Inverter o animus da posse, agindo arbitrariamente como se dono fosse.
Há duas correntes:
1ª corrente: não abrange a mera detenção.
Conclusão: havendo mera detenção, o crime será de peculato furto. No TRF 1ª Região foi a corrente
adotada pelo STJ.
PECULATO DESVIO:
1º. Desviar o funcionário público;
Dar outra finalidade, diversa da prevista em lei.
TIPO SUBJETIVO
Dolo.
Obs.: é imprescindível o animus de apoderamento definitivo.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Peculato apropriação – o crime se consuma no momento em que o agente, invertendo a
posse, passa a agir como se dono fosse. Basta exteriorizar demonstrar poderes de proprietário. Ex.
aliena a coisa e nega-se a devolvê-la.
Peculato desvio – o crime se consuma no instante que o agente altera o destino normal da
coisa, independentemente de o agente obter qualquer proveito.
§1º. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
- o agente tem a posse. - o agente não tem posse da coisa, por isso precisa
subtrair ou facilitar a subtração.
Obs.: A posse é legítima em razão do
cargo. Obs.: Valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário público, porque se não tiver
facilidade alguma o crime é de furto (art.155 do CP).
Condutas típicas:
a) O próprio agente subtrai;
b) O agente concorre para que terceiro subtraia.
- Facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário público: se não se valer disso, poderá
responder por Furto.
Ex. 1 – funcionário público, durante a madrugada, arromba a repartição pública e subtrai bem.
Responde por Furto, pois não se valeu de nenhuma facilidade por ser funcionário público.
Ex. 2 – o funcionário, durante o final de semana, identifica-se ao vigia, entra na repartição pública e
subtrai um bem sem ser percebido. Responde por peculato-furto, já que se valeu da facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário público.
- Consumação: no peculato-furto, consuma-se quando o agente obtém a posse da coisa, mesmo que
por curto espaço de tempo.
1ª posição: inadmissível. “é pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de não ser possível a
aplicação deste princípio ao crime de peculato e aos demais delitos contra a Adm. Pública, pois o
bem jurídico tutelado pelo tipo penal incriminador é a moralidade adminstrativa, insuscetível de
valoração econômica” STJ – 5ª T, AREsp 1019890, j. 16/05/2017). Neste sentido foi editada a
Súmula 599 do STJ – “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Adm.
Pública”.
2ª posição: admissível. Nesse sentido: “tal como nos crimes contra o patrimônio, o objeto jurídico
do delito contido no art. 312 do CP deve ter expressão econômica, ou seja, a coisa móvel, assim
como o dinheiro e o valor, precisa ter significação patrimonial” STJ, RHC 23.500, j. 05/05/2011).
PECULATO CULPOSO
CONDUTA
“se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem”. O funcionário público
negligentemente acaba concorrendo para o crime de outrem.
Ex.: servidor, negligentemente deixa a porta da repartição destrancada. Em razão disso, há um
crime.
2ª corrente: a expressão “crime de outrem” refere-se aos peculatos próprio e impróprio. Não
abrange furto. Prevalece.
Não se aplica o art. 16 (arrependimento posterior), porque entende que não é crime contra o
patrimônio, mas sim contra a moralidade administrativa.
PECULATO ESTELIONATO
Art. 313: Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por
erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
- Bem Jurídico: Adm. Pública, no que se refere ao seu interesse material e moral.
- Sujeitos: Ativo é o funcionário público (crime próprio), o particular pode ser coautor ou partícipe,
desde que conheça a qualidade de funcionário público. Ex. depois de receber a coisa por erro de
terceiro, o funcionário público é induzido por particular a não restituí-la.
- Suj. passivo imediato é o Estado. De forma mediata ou secundária é a pessoa lesadas com a
conduta do autor.
- Tipo objetivo: a conduta típica consiste em apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem.
- Relação com a função pública: o bem deve ser entregue ao funcionário em razão do cargo que
ocupa na Adm. Pública.
- Erro: o erro no qual incorre o ofendido pode dizer respeito à coisa entregue (ex. é deixado um
valor maior, apropriando o funcionário do excesso) ou à pessoa responsável pela entrega (ex. o bem
é deixado com funcionário público que não tem atribuição para recebê-lo).
- Tipo subjetivo: é o dolo. O agente público deve ter a consciência de que a coisa foi recebida em
virtude do erro de outrem e da função pública desempenhada.
- A tentativa é possível (crime plurissubsistente). Ex. recebendo por erro, para registrar, uma carta
com dinheiro em seu interior, o funcionário postal, não competente para tal registro, é surpreendido
no momento em que está violando a carta.
- Forma majorada: §2º art. 327 – aumentada de 1/3 quando autores são ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação pública.
PECULATO ELETRÔNICO
ART.313 – A ART.313 – B
Inserção de dados falsos em sistema de Modificação ou alteração não autorizada de
informações sistema de informações
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou sistema de informações ou programa de informática
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas sem autorização ou solicitação de autoridade
informatizados ou bancos de dados da Administração competente:
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
ou para outrem ou para causar dano: multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
terço até a metade se da modificação ou alteração
resulta dano para a Administração Pública ou para o
administrado.
Sujeito passivo – somente o funcionário público
autorizado (sentido estrito).
Obs.: Caso o funcionário não seja autorizado, Sujeito ativo – funcionário público no sentido
pratica o crime do art. 299 do CP, falsidade amplo do art. 327 do CP, não precisa ser
ideológica. autorizado.
ART. 314 – Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.
Pena: reclusão de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Sujeito Ativo: crime próprio, funcionário público. O particular pode ser coautor ou partícipe, desde
que conheça a qualidade de funcionário público do agente (art. 30 CP).
Conduta (tipo objetivo): extraviar livro oficial ou qualquer documento de que tem a guarda em
razão do cargo. É tipo misto alternativo (no mesmo contexto fático, se pratica todas as condutas
previstas no tipo, haverá crime único).
O objeto material é o livro ou documento público ou particular de interesse da Administração
Pública.
Princípio da Subsidiariedade: “se o fato não constitui crime mais grave”.
Tipo subjetivo: É o dolo, caracterizado pela vontade de praticar uma das condutas previstas no
tipo. Não há modalidade culposa.
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da Adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
ART. 315 CP: Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.
Pena: detenção, de um a três meses, ou multa.
Sujeito Ativo: crime próprio, funcionário público com poder de disposição de verbas e rendas
públicas. O particular pode ser coautor ou partícipe, desde que conheça a qualidade de funcionário
público do agente (art. 30 CP).
-Presidente da República: crime de responsabilidade do art. 11 da Lei 1079/50.
-Prefeito: crime do art. 1º, III do DL 201/67.
Sujeito Passivo: Estado (União, Estados-membros, Distrito Federal, Municípios e demais entes
citados no art. 327, §§ 1º e 2º do CP).
Conduta (tipo objetivo): dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.
-Verbas Públicas: são os valores utilizados para pagamento das contas do Estado, tais como os
seus serviços públicos. Estão previstas na lei orçamentária.
-Rendas Públicas: são os valores arrecadados pelo estado, por meio da Fazenda Pública, como os
impostos ou contribuições de melhorias.
-Aplicação diversa da estabelecida em lei: trata-se de lei penal em branco homogênea ou em
sentido amplo, ou seja, o complemento do tipo penal deve ser emanado do Poder Legislativo.
-Diferença com o crime de Peculato: no peculato o autor visa benefício próprio ou de terceiros, e
no desvio de verbas, o interesse é da Adm. Pública.
Tipo subjetivo: É o dolo, caracterizado pela vontade de dar destinação diversa às verbas ou rendas
públicas. Não há modalidade culposa.
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
SUJEITO ATIVO
Funcionário público (próprio) no exercício da função ou fora da função (de férias), mas age em
razão dela. Pode ainda ser o particular na iminência de assumir a função pública (faltam dados ou
procedimentos burocráticos, como por exemplo, a diplomação, falta o exame médico). O particular
pode ser coautor ou partícipe, desde que conheça a qualidade de funcionário público do agente (art.
30 CP).
JURADOS: podem ser responsabilizados criminalmente por concussão, conforme previsão no art.
445 CPP.
MÉDIDO DE HOSPITAL CREDENCIADO PELO SUS: o médico de hospital credenciado pelo
SUS que presta atendimento a segurado, pode ser considerado funcionário público para efeitos
penais, podendo responder por concussão. (STJ, 5ª T., HC 51054, j. 09/05/2006).
Se o agente for militar (policial militar) aplica-se o art.305 do CPM, competência da justiça militar.
É o mesmo tipo penal, mesma pena, a única diferença é que no CPM não tem multa na pena, como
tem no CP.
SUJEITO PASSIVO
Primário: administração em geral.
Secundário: pessoa constrangida pelo comportamento do agente. A pessoa pode ser particular ou
servidor público.
TIPO OBJETIVO
1) Exigir: trazer intimidação, coação (metus publicae potestatis, temor, receio, medo da função
pública que o funcionário exerce). Se houver emprego de violência ou grave ameaça será extorsão.
2ª corrente: Paulo José da Costa Júnior discorda, ele entende que não abrange a própria
administração pública.
3) Direta ou indiretamente
Direta é a exigência pessoal, indireta o autor utiliza terceiro ou a fórmula implícita ou tacitamente.
Se o terceiro tem ciência, há concurso.
5) Vantagem indevida
PERG.: Qual é a natureza dessa vantagem?
Prevalece que essa vantagem indevida pode ser de qualquer natureza. Não precisa ser
obrigatoriamente econômica.
PERG.: E se for o particular simulando ser funcionário público exige vantagem indevida?
Extorsão – art.158 do CP.
Ex: Se o médico do SUS exige vantagem indevida ao paciente deve denunciá-lo por concussão; se
ele solicita a vantagem, será corrupção passiva; simulou ser devida a vantagem ou empregou fraude,
será Estelionato.
TIPO SUBJETIVO
Dolo + finalidade especial (obtenção da indevida vantagem). Não há modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO e TENTATIVA
O tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico.
A conduta descrita é exigir, o resultado naturalístico é obter vantagem indevida. A obtenção da
vantagem é mero exaurimento. Consuma-se com a exigência - CRIME FORMAL OU DE
CONSUMAÇÃO ANTECIPADA, não havendo necessidade de que o autor receba a vantagem
Condutas Típicas:
a) Exigência indevida – o tributo ou contribuição social não é devido, já foi quitado
anteriormente ou é devido a menor;
b) Cobrança vexatória ou gravosa, não autorizada por lei – o tributo ou contribuição social é
devido, mas o autor emprega, na cobrança, meio vexatório (humilhante, vergonhoso) ou grvoso (que
importa maior despesa) à vítima.
Sujeito Ativo: crime próprio, funcionário público, ainda que não tenha atribuição para arrecadar
tributos. O particular pode ser coautor ou partícipe, desde que conheça a qualidade de funcionário
público do agente (art. 30 CP).
Consumação e Tentativa:
a) Exigência indevida – no momento em que a vítima toma ciência da exigência,
independentemente do pagamento do tributo.
b) Cobrança vexatória ou gravosa - com o meio vexatório ou gravoso, independentemente do
pagamento do tributo.
Pune-se de forma mais gravosa o agente público que, ao invés de recolher o tributo ou contribuição
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da Adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. A majorante incide
tanto em relação ao delito de concussão quanto em relação ao delito de excesso de exação.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
O Legislador erroneamente aplicou para crime mais grave pena menor do que crime menos grave,
porque na concussão a pena é de 2 a 8 anos (exigir), enquanto, que solicitar, corrupção passiva, pune
SUJEITO ATIVO
Próprio. Funcionário público no exercício da função ou fora da função (de férias), mas age em razão
dela. Pode ainda ser o particular na iminência de assumir a função pública (crime funcional praticado
pelo particular).
PERG.: E se o sujeito ativo for funcionário público que não possui atribuição para a prática do ato?
Não comete corrupção passiva, mas poderá praticar tráfico de influência (art. 332 CP).
SUJEITO PASSIVO
Primário: administração em geral.
Secundário: pessoa constrangida pelo servidor, desde que não autora do art. 333 do CP (corrupção
ativa).
Para a existência de crime de corrupção passiva, deve haver um nexo entre a vantagem solicitada,
recebida ou aceita e atividade exercida pelo corruptor. A vantagem pode ser de qualquer natureza,
desde que indevida.
ESPÉCIES DE CORRUPÇÃO
Corrupção passiva ou propriamente dita: tem por finalidade a realização de comportamento
injusto, ilegal ou ilegítimo. Ex.: solicitar vantagem para facilitar fuga.
Corrupção passiva imprópria: tem por finalidade a realização de comportamento justo, legal ou
legítimo. Ex.: oficial de justiça solicitar vantagem para concretizar ato citatório; magistrado recebe
dinheiro para dar celeridade ao processo, o que deve ser normalmente realizado.
PERG.: Agente penitenciário solicita vantagem indevida para facilitar a fuga de um preso, qual
crime ele responde?
Pelo crime de corrupção passiva própria e antecedente (porque solicita para a fuga amanhã).
TIPO OBJETIVO
Condutas Típicas:
a) solicitar - o agente público solicita a vantagem indevida, que pode ou não ser dada pela
vítima;
b) receber – o terceiro oferece a vantagem indevida, que é aceita e recebida pelo funcionário;
c) aceitar promessa – o agente público concorda em receber a vantagem indevida prometida
pelo terceiro.
O terceiro que “oferecer” ou “prometer” vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo
a praticar, omitir ou retardar ato de ofício, responderá por corrupção ativa (art. 333 CP).
TIPO SUBJETIVO
Dolo + finalidade especial (obter indevida vantagem). Não é prevista modalidade culposa.
- Tipo Misto Alternativo: ainda que o sujeito ativo, no mesmo contexto fático, pratique as três
condutas previstas no tipo, haverá crime único.
- Gratificações de pequena monta: devem ser analisadas no caso concreto. Muitas vezes a doação
de pequenos presentes, como um panetone de natal, como forma de agradecer a um bom atendimento
estará no âmbito de adequação social permitido, excluindo a tipicidade do fato.
- Ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela: o crime existirá mesmo
- Ato de Ofício: no delito de corrupção passiva (art. 347 caput) o tipo penal não contém
expressamente a expressão “aro de ofício”, embora esteja presente no seu §1º, como causa de
aumento. A jurisprudência interpreta que o que deve estar presente é uma relação entre a função
pública do agente e a solicitação, o recebimento ou a aceitação da vantagem indevida. Certo é que o
crime de corrupção passiva se realiza independentemente da prática de qualquer ato de ofício.
CONSUMAÇÃO e TENTATIVA
Há 3 núcleos:
Solicitar – CRIME FORMAL.
Receber – CRIME MATERIAL.
Aceitar promessa – CRIME FORMAL.
É possível tentativa somente na conduta de solicitar, quando feito por carta e esta é interceptada antes
de chegar ao destinatário.
A corrupção passiva e ativa configuram crimes unilaterais, não são dependentes entre si.
Art. 317 Art. 333
Solicitar ----
Receber Pressupõe oferecer.
Aceitar promessa Pressupõe que o particular prometeu.
Nos dois últimos casos, a corrupção passiva pressupõe a corrupção a ativa, sendo, portanto, bilaterais.
§1º. A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 317, caput: pena de 2 a 12 anos. Art. 317, caput c.c. §1º aumento de 1/3.
Ex.: juiz solicita dinheiro pra absolver réu Ex.: juiz efetivamente absolve réu culpado - além
comprovadamente culpado. da pena de 2 a 12 anos, terá um aumento de 1/3.
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da Adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Art. 318: Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa .
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DESCAMINHO
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
CONTRABANDO
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Lei nº 4.729,
de 14.7.1965)
No descaminho, o crime é relacionado ao (não) pagamento do imposto devido, como podemos observar: “Iludir, no
todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”.
Perceba que nada tem a ver com a mercadoria ser proibida. É aqui que reside os maiores equívocos.
Tudo, principalmente para a imprensa televisiva, é “Contrabando”, quando na verdade é Descaminho.
Já no crime de Contrabando a relação criminosa é com a mercadoria, proibida no Brasil, ser importada ou exportada,
como observado no dispositivo: “Importar ou exportar mercadoria proibida”.
Se for proibida perante a nossa legislação, será tipificado o crime de Contrabando.
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- Funcionário que concorre para o descaminho ou contrabando sem violar dever funcional:
responde por descaminho (art. 334) ou contrabando (art. 334-A), como partícipe.
COMPETÊNCIA: é da Justiça Federal, mesmo que o funcionário seja estadual ou municipal – ofende
o interesse da União.
TIPO OBJETIVO
1) Facilitar: pode se dar por ação ou omissão.
2) Contrabando ou descaminho
Contrabando: importar ou exportar mercadoria absoluta ou relativamente proibida.
Descaminho: importar ou exportar mercadorias fraudando o pagamento dos tributos devidos.
TIPO SUBJETIVO
O crime é punido a título de dolo. Não há modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO
Consuma-se com a efetiva facilitação, não importando se completou ou não contrabando ou
descaminho – DELITO FORMAL ou de CONSUMAÇÃO ANTECIPADA.
Cabe tentativa na facilitação por ação, e inadmissível por omissão.
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da Adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
- Armas e munições – Princípio da Especialidade – armas – Lei 10.826/03 – art. 18; drogas: Lei
11.343/03.
“Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa”.
- BEM JURÍDICO: Regular funcionamento da Administração Pública, lesada pela ação ou omissão
irregular do agente público.
SUJEITOS:
- Ativo: crime próprio – funcionário público. O particular por ser coautor ou participe, desde que
conheça a qualidade de funcionário do outro agente (art. 30 CP).
- Jurado: pode ser responsabilizado criminalmente por prevaricação, conforme previsão do art. 445
CPP.
- Passivo: é o Estado. Particular lesado será vítima secundária.
TIPO SUBJETIVO: É o dolo. Além do dolo, o crime exige a especial finalidade de querer satisfazer
interesse pessoal. Não há previsão de forma culposa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O crime se consuma com a omissão, retardamento ou realização do ato. Não é possível
a tentativa nas formas omissivas, pois ou o crime está consumado ou o fato é atípico. Na forma
comissiva, a tentativa é possível.
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da Adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Distinção:
- Corrupção passiva privilegiada (art. 317, §2º) – o agente viola o dever funcional “cedendo a pedido
ou influência de outrem”, ou seja, existe a figura do corruptor no momento da prática do
comportamento.
- Prevaricação – o agente viola o dever funcional para “satisfazer interesse ou sentimento pessoal”,
de modo que não envolve um terceiro corruptor (aquele que faz o pedido ou que é influente).
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Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
O legislador entendeu necessária a criação desse tipo penal em face da constatação de que presos têm
tido fácil acesso a telefones celulares ou aparelhos similares, e que os agentes penitenciários não vêm
dando o combate adequado a esse tipo de comportamento.
Assim, a Lei n. 11.466/2007, além de criar essa figura capaz de punir o agente penitenciário que se
omita em face da conduta do preso, estipulou também que este, ao fazer uso do aparelho, incorre em
falta grave — que tem sérias consequências na execução criminal (art. 50, VII, da Lei de Execuções
Penais, com a redação dada pela Lei n. 11.466/2007).
Com essas providências pretende o legislador evitar que presos comandem suas quadrilhas do interior
de penitenciárias e que deixem de cometer crimes com tais aparelhos, pois é notório que enorme
número de delitos de extorsão vem sendo cometidos por pessoas presas, por meio de telefonemas.
SUJEITOS:
- Ativo: próprio – diretor de penitenciária ou agente público que, no exercício de suas funções, tenha
o dever de impedir que o preso tenha acesso a celulares, rádio ou similar, que permita a comunicação
entre presos ou com o ambiente externo.
Prevaricação imprópria ou especial: na falta de nomenclatura específica, o art. 319-A do CP tem sido
chamado de
a) Prevaricação imprópria já que o agente não precisa praticar o crime para “satisfazer interesse
ou sentimento pessoal”
b) Prevaricação especial – diz respeito à violação de um dever funcional específico.
TIPO SUBJETIVO: Dolo, omissivo, caracterizado pela vontade de deixar de cumprir dever legal.
Não exige elemento subjetivo especial do interesse pessoal. Não há previsão de forma culposa.
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da Adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Art. 320 CP - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente.
Pena — detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
CONEXÃO COM O EXERCÍCIO DO CARGO: a infração praticada pelo subalterno deve guardar
conexão com o exercício do cargo (como faltas disciplinares, administrativas, corrupção passiva,
concussão, prevaricação) e não a fatos de sua vida particular, mesmo que imorais ou até criminosos.
Isso significa que, se o superior não denunciar o subordinado pela prática de um homicídio, por
exemplo, não estará caracterizada condescendência criminosa, pois tal delito não se relaciona com o
exercício do cargo.
TIPO SUBJETIVO: é o dolo, isto é, a vontade livre e consciente de praticar uma das condutas
típicas. Exige-se também o elemento subjetivo do tipo, contido na expressão “por indulgência”. O
agente, portanto, omite-se por tolerância, brandura.
- Haverá crime de prevaricação se o agente se omitir para atender sentimento ou interesse pessoal.
- Se o fim for a obtenção de vantagem indevida, o crime será de corrupção passiva.
- Se o agente, por culpa, não toma conhecimento da infração praticada pelo funcionário subalterno,
não há configuração do tipo penal. Não há previsão de forma culposa.
Forma majorada: §2º do art. 327 CP: aumenta a pena de 1/3 quando autores ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da Adm. direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Art. 321 — Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena — detenção, de um a três meses, ou multa.
FORMA QUALIFICADA: Parágrafo único — Se o interesse é ilegítimo.
Pena — detenção, de três meses a um ano, além da multa”.
A ação nuclear do tipo consubstancia-se no verbo patrocinar, isto é, advogar, favorecer, no caso,
interesse privado perante os órgãos da Administração Pública. Pode também ocorrer indiretamente:
“Art. 323. Abandonar cargo público, for a dos casos permitidos em lei:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena — detenção, de dois meses a dois anos.
CÚMULO MATERIAL: §2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência” CONCURSO MATERIAL
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou- trem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Tutela-se a confiança na Administração Pública, cujo prestígio pode ser afetado pelo agente
que, gabando-se de influência sobre funcionário público, pede, exige, cobra ou recebe qualquer
vantagem ou promessa de vantagem, mentindo que irá influir em ato praticado por tal funcionário no
exercício de sua função.
Causa de aumento de pena: O crime de tráfico de influência tem sua pena aumentada de
metade quando o agente diz ou dá a entender que a vantagem é também endereçada ao funcionário. É
evidente, mais uma vez, que, se a vantagem efetivamente se destina ao funcionário público, que está
mancomunado com o agente, há crimes de corrupção passiva e ativa.
Consumação: No exato momento em que o agente solicita, exige, cobra ou obtém a
vantagem ou promessa de vantagem.
Tentativa: a tentativa é possível, como, por exemplo, na hipótese de solicitação ou
exigência feita por escrito, que se extravia. Se o agente visa vantagem patrimonial a pretexto de
influir especificamente em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha, o crime é o de exploração de prestígio, descrito no art. 357.
Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício
Pena — reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional”.
De acordo com a teoria monista ou unitária, todos os que contribuírem para um crime
responderão por esse mesmo crime. Na modalidade “solicitar” da corrupção passiva, não existe,
entretanto, figura correlata na corrupção ativa. Com efeito, na solicitação a iniciativa é do
funcionário público, que se adianta e pede alguma vantagem ao particular. Em razão disso, se o
particular dá, entrega o dinheiro, só existe a corrupção passiva. O fato é atípico quanto ao particular,
pois ele não ofereceu nem mesmo prometeu, mas tão somente entregou, o que lhe foi solicitado.
Como tal conduta não está prevista em lei, o fato é atípico.
A tentativa é possível apenas na forma escrita.
Para que exista a corrupção ativa, o sujeito, com a oferta ou promessa de vantagem, deve
visar fazer com que o funcionário:
a) Retarde ato de ofício.
b) Omita ato de ofício.
c) Pratique ato de ofício.
“Art. 335. Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública,
promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar
ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem:
Pena — detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da
vantagem oferecida”.
Esse dispositivo foi revogado pelos arts. 93 e 95 da Lei n. 8.666/93 (Lei de Licitações), que
pune as mesmas condutas com penas maiores.
Art. 336. Rasgar, ou de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de
funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena — detenção, de um mês a um ano, ou multa”.
Condutas típicas. A primeira figura se refere a edital afixado por ordem de funcionário
público, que pode ser administrativo, judicial ou legislativo. Abrange as condutas de rasgar, inutilizar
e conspurcar. A segunda figura consiste em inutilizar ou violar (transpor) o obstáculo que o selo ou
sinal representam. Estes visam, normalmente, dar garantia oficial à identificação ou ao conteúdo de
certos pacotes, envelopes etc. É necessário que tenham sido empregados por determinação legal ou
de funcionário público competente.
Consumação. No momento em que o agente realiza a conduta típica, independentemente da
produção de qualquer outro resultado.
Tentativa: é possível.
Art. 337 — Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento
confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena — reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave”.
Condutas típicas:
a) subtrair: tirar, retirar;
b) inutilizar: tornar imprestável.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas:
I — omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela
legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II — deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III — omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas
e demais fatos geradores de contribuições previdenciárias;
Pena — reclusão, de dois a cinco anos, e multa”.