Estrutural II
O MÉTODO DOS
DESLOCAMENTOS OU
MÉTODO DA RIGIDEZ
APLICADO A VIGAS
DE DOIS VÃOS
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo, você será capaz de:
MB
p
A B
L RA D.C.L RB
Figura 01
p p
= + X
A B
L 2 L 2
Figura 03
Bem aluno(a), basta mudar o sistema “0” e recalcular os novos valores de RA, MB e RB.
Assim obteremos:
RA = 5P/16
RB = 11P/16
MB = −3PL/16
REFLITA
E se a carga externa for uma força P aplicada não no meio do vão L, mas a uma distância a
do apoio A e b do apoio B, como mostrado na figura 04?
A B
a b
L
Figura 04
Acho que esta opção daria um pouco mais de trabalho, mas chegaríamos aos seguintes valores:
VA = Pb /L + MB /L
VB = Pa /L − MB /L
MB = −Pab (L+a)/2L2
REFLITA
E se os mesmos carregamentos fossem aplicados a uma viga EF engastada em E e apoiada
em F, como mostrada na figura 05, que valores tomariam RE, ME e RF?
ME
E F
L RE RF
D.C.L
Figura 05
VERIFIQUE
Nas figuras 01 e 05, os dois momentos reativos estão representados no sentido anti-horário,
assim os sinais trocados indicarão que ME está realmente neste sentido, mas que MB será
no sentido horário.
Mas, e se a viga for uma viga bi engastada como a viga CD? Bem, daria um pouco mais
de trabalho, mas tenho certeza que você saberia calcular as diferentes reações produzidas
por cada tipo de carregamento.
Podemos resumir nossas conclusões sobre as ações reativas produzidas nas três diferen-
tes vigas por cada tipo de carregamento na tabela 01 mostrada a seguir:
MB MC MD ME
A B C D E F
CARREGAMENTO
RA RB RC RD RE RF
L L L
p
MB = −pL2/8 MC = pL2/12 MD = −pL2/12 ME = pL2/8
P
MB = −3 PL/16 MC = PL/8 MD = −PL/8 ME = 3PL/16
L 2 RA = 5P/16 RB = 11P/16 RC = P/2 RD = P/2 RE = 11P/16 RF = 5P/16
L
a b RA = Pb/L + (MB )/L RC = Pb/L + (MC +MD )/L RE = Pb/L + (ME )/L
L RB = Pa/L − (MB )/L = P − RA RD = Pa/L − (MC +MD )/L = P − RC RF = Pa/L − (ME )/L = P − RE
P
MB = −7pL2/120 MC = pL2/20 MD = −pL2/30 ME = pL2/15
P
MB = −pL2/15 MC = pL2/30 MD = −pL2/20 ME = 7pL2/120
Podemos resumir nosso estudo sobre as ações reativas produzidas nas três diferentes
vigas por cada tipo de deslocamento imposto aos engastes, conforme a tabela 02.
MB MC MD ME
A B C D E F
DESLOCAMENTO
RA RB RC RD RE RF
L L L
1
MC = 4EI/L MD = 2EI/L ME = 3EI/L
1
MB = 3EI/L MC = 2EI/L MD = 4EI/L
1
HC = +EA/L HD = -EA/L HE = +EA/L HF = -EA/L
Figura 07
Podemos, portanto, verificar que as ações que aparecem na viga ABC são devidas tanto
ao carregamento externo, quanto à deformação imposta a ela.
Figura 08
Podemos então separar nossa viga “travada” da figura 08, que chamaremos de Estrutura
Fixa ou resumidamente E.F., em duas outras de mesmas características geométricas, mas
submetidas a duas diferentes ações externas:
1. Um sistema de cargas
2. Um deslocamento imposto ao apoio central transformado artificialmente em engaste.
Mostraremos este raciocínio através da figura 09, dizendo que a viga dada ABC será a
soma da E.F. submetida ao carregamento externo, que denominaremos Sistema “0”, com
a mesma E.F. submetida à rotação d do apoio B. Estamos aqui aplicando o Princípio de
Superposição de Efeitos.
p
P P p P
p
= +
Sistema "0"
Figura 09
VERIFIQUE
Verifique que a E.F. no sistema “0” pode ser dividida em duas vigas (AB e BC), e com o
auxílio da tabela 01 podemos calcular as reações que aparecem nos três apoios, produzidas
pelo carregamento externo.
M B0
P p
A B C
pL2 pL2
−3PL H B 02 = = 64 MC0 = − = −64
M B 01 = = −36 12 12
P 16
5P 11P pL pL
RA 0 = = 10 RB 01 = = 22 RB 02 = = 48 RC 0 = = 48
16 16 2 2
Figura 10
VERIFIQUE
Verifique que existem dois momentos calculados no engaste artificial B. Para obter o valor do
momento MB0, que impedirá a rotação da E.F., basta somar algebricamente as contribuições
de cada vão calculado separadamente. Teremos, portanto MB0 = 64 – 36 = 28 kN⋅m.
Veja como é fácil o cálculo das reações produzidas pelo deslocamento desconhecido d
suposto unitário, conforme mostrado na figura 11.
M B1
1
3EI 4 EI 2 EI
M B11 = = 24 H B12 = = 24 M C1 = − = 12
L L L
6º Finalmente utilizamos mais uma vez o P.S.E. para calcular as reações e com elas
obter os esforços solicitantes internos.
Exercício de Aplicação
Apliquemos os nossos novos conhecimentos repetindo “passo a passo” os procedimen-
tos elencados como rotina de cálculo do Método dos Deslocamentos. Seja a viga EFG
representada na figura 12.
72 kN m
E F G
L1 = 4m L2 = 8m
EI1 = 16 EI 2 = 64
Figura 12
Passo 1 - Momento externo no apoio central: Não existe nenhum momento externo no
apoio central. Neste passo só estamos preocupados com o exterior da viga. Estamos
interessados na ação correspondente à rotação d do apoio central.
ATENÇÃO
Existe uma diferença da afirmação inicial com a seguinte: existe um momento fletor em F.
Lembre-se que os momentos fletores são momentos internos que aparecem aos pares, assim
a primeira afirmação fala de momento externo e a segunda de momento interno.
E F G
Estrutura Fixa
Figura 13
Passo 3 - Cálculo das reações de apoio da EF.: Calcularemos agora as reações utilizan-
do as tabelas 01 e 02 conforme a figura 14.
RE 0 RF 0 = 144 RG 0 pL RF 02 = 0 M G0 = 0
RE 0 = = 144 RF 01 = 144
2
4 EI 2 EI
M E1 = 2 EI L M F 11 = 4 EI L M F 21 = M G1 =
M E1 M F 1 = 48 M G1 L L
RE1 RF 1 = 0 RG1 6 EI
6 EI RF 2 = +6 RG1 = = −6
RE11 = =6 RF 1 = −6 L2
L2
Figura 14
Teremos então:
RELEMBRE
Nas equações de QS1 e QS2 as forças entram com sinais + ou – dependendo do lado a partir
do qual estamos fazendo a somatória de forças de acordo com a Convenção Clássica de
Sinais. Já os sinais das reações de apoio indicam somente se as forças estão para cima ( sinal
positivo ) ou para baixo (sinal negativo) de acordo com o D.C.L.
IMPORTANTE
Embora os momentos ME e MG tenham o mesmo sentido eles produzem efeitos contrários
nas fibras da viga. Ao escrever as equações de momento fletor nos interessam os efei-
tos produzidos assim eles entram nas equações com sinais diferentes de acordo com a
Convenção Clássica de Sinais.
Lembre que para o D.F.C. desenharemos os valores positivos para cima do eixo x e os
valores negativos serão marcados para baixo. Já para o D.M.F. os valores serão marcados
do lado da fibra tracionada. Deste modo marcaremos os momentos positivos para baixo
e os negativos para cima. Veja abaixo os desenhos dos diagramas.
156kN
+ 12kN
132kN
D.F .C
112kN ⋅ m
64kN ⋅ m
32kN
57kN ⋅ m
D.M .F
Referências
AMARAL, Otávio Campos do, Estruturas Isostáticas, 7ª edição. B.H. 2003.
CAMPANARI, Flávio Antonio. Teoria das Estruturas. volume 1. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,1985.
CAMPANARI, Flávio Antonio. Teoria das Estruturas. volume 3. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,1985.
HIBBELER, R.C. Análise de Estruturas. São Paulo: Pearson Education do Brasil,2013
MARTHA, Luiz Fernando, Análise de Estruturas Conceitos e Métodos básicos. Rio de Janeiro:Elsevier, 2011.
SUSSEKIND, José Carlos. Curso de análise estrutural: volume 2: estruturas hiperestáticas 3ª edição Porto
Alegre. Globo 1979.
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