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// OPINIÃO

Energia
ERNESTO F. PEIXEIRO RAMOS
Engenheiro mecânico
Presidente da ANPQ – Associação Nacional

PEDRO M. NUNES
de Peritos Qualificados

Certificação energética: uma lei


para atrapalhar!
A lei n.º 58/2013, iniciativa no âmbito da directiva

PEDRO M. NUNES
da livre circulação de pessoas, que aprova os
requisitos de acesso e exercício das actividades de
perito qualificado (PQ ) e de técnico de instalação
e manutenção (TIM) de edifícios e sistemas,
constitui um documento que, para além da confusão
entre actividades, qualif icações e prof issões,
prejudica a eficiência energética ao promover a
concorrência desleal e a entrega de competências
a incompetentes.
O articulado lesa os profissionais de arquitectura
e engenharia ao permitir a concorrência de
estrangeiros que, com preparação académica
inadequada e sem exigência do domínio falado e
escrito da língua portuguesa, poderão vir a emitir
certificados energéticos em Portugal. Injustiça
ainda os profissionais de engenharia, ao impedi- “Não queremos deixar de demonstrar
los de exercerem actividades para as quais possuem a nossa estupefacção pela inclusão
aptidões e competência, e atribuindo competências de um quadro de sanções só para
aos técnicos de execução, que não possuem aptidões os peritos qualificados, já que
para o exercício das actividades de coordenação,
planeamento e gestão – as quais não estão ao alcance
não existe paralelo para nenhuma
da sua base de conhecimento, já que constituem outra actividade de engenharia ou
actos de engenharia, mesmo que ainda não o sejam arquitectura”
formalmente. Esta atribuição de competências aos
TIM também prejudica as empresas, podendo vir a Não se percebe a necessidade de regulação da
criar-lhes problemas laborais devido ao ascendente qualificação do TIM – figura que não é referenciada
que adquirem automaticamente estes técnicos, na directiva – relativa ao desempenho energético
eventualmente com pouca experiência, sobre outros dos edifícios e sem paralelo nos outros países
técnicos com muitos de anos de actividade exercida da União Europeia. Por outro lado, está por
com competência. explicar a razão da extinção da figura do técnico
A regulação da qualif icação de PQ para o responsável pelo funcionamento do edifício –
exercício da actividade da certificação energética engenheiro ou engenheiro técnico com experiência
não deveria ter sido feita desta forma, à revelia em instalações de climatização – e a transferência
dos PQ e das suas associações prof issionais, das suas competências e funções para o TIM
tendo a lei sido aprovada pela maioria sem ser – electromecânico ou técnico de refrigeração e
permitida qualquer discussão na especialidade. climatização – o qual, como já se referiu, não possui
As metodologias adoptadas pelos países e as as aptidões necessárias. Mas pior para a eficiência
soluções construtivas utilizadas são diferentes, pelo energética é que nesta lei se instituem, como
que, para se fazer a certificação energética num actos próprios do TIM, a coordenação e execução
determinado país, é necessário conhecer e dominar do planeamento, verificação, gestão de energia e
as metodologias aprovadas nesse país e, não menos elaboração do plano de manutenção preventiva de
importante, possuir também uma fluência falada equipamentos, sistemas e instalações de climatização,
e escrita da língua, pois o PQ tem de comunicar vedando assim essas competências aos engenheiros
adequadamente com os utilizadores dos edifícios. e engenheiros técnicos, com formação académica e
Em Portugal, os arquitectos e engenheiros das áreas profissional para estas actividades.
relacionadas com a térmica e/ou a utilização de Em relação aos PQ , não conseguimos compreender
energia nos edifícios têm de fazer um exame para as razões da intromissão na imputação dos seus
obterem a qualificação de PQ. Em Espanha, basta deveres profissionais, já que estes deveres constituem
ser arquitecto ou arquitecto técnico, engenheiro ou matéria deontológica da responsabilidade das
engenheiro técnico, de qualquer área, incluindo respectivas associações profissionais. Também não
agronomia, agrícola, f lorestal, topograf ia e queremos deixar de demonstrar a nossa estupefacção
telecomunicações, entre outras, perspectivando-se pela inclusão de um quadro de sanções só para os
ainda a possibilidade das licenciaturas em Física, peritos qualif icados, já que não existe paralelo
Química, Ambiente e Geologia também poderem para nenhuma outra actividade de engenharia ou
fazer certificação energética. arquitectura.

14 / Outubro 2013

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