2016
Este documento foi elaborado com a participação financeira da União Europeia. O seu
conteúdo è da responsabilidade do ISCOS, não podendo, em caso algum, consederar-se que
reflecata a posição da União Europeia.
2016
ÍNDICE
PREFÁCIO vii
RESUMO xi
ABSTRACT xiii
SUMÁRIO EXECUTIVO xv
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 1
1.1. Enquadramento 1
1.2. Contextualização 1
2.1.1.
Procedimentos 5
2.1.2.
Tratamento dos dados qualitativos 5
2.2.1.
Tamanho da amostra 6
2.1.3.
Principais constrangimentos 6
2.2.2.
Recolha de dados 8
3.2.1.
Teoria de compensação e expectativas 12
3.2.2.
Teoria de equidade 12
3.2.3.
Teoria da hierarquia de Maslow 12
iii
3.3.1. Base legal para a fixação dos salários mínimos em Moçambique 15
4.10.
Subsídios e bónus 36
Referências Bibliográficas 39
Anexo 1. Níveis salariais por província, por sector e por categoria (trabalhadores) 43
iv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Regiões de incidência dos questionários 6
Tabela 2. Número de inquéritos aos trabalhadores realizados por província 8
Tabela 3. Número de inquéritos às empresas realizados por província 9
Tabela 4. Base legal para a fixação dos salários mínimos em Moçambique 16
Tabela 5. Salários mínimos por sectores de actividade em Moçambique 16
Tabela 6. Categorias profissionais nas empresas 21
Tabela 7.Principais profissões nas categorias indicadas pelas empresas 22
Tabela 7.Principais profissões nas categorias indicadas pelas empresas 23
Tabela 9. Níveis de remuneração pagos pelas empresas 24
Tabela 10. Níveis de remuneração aferidos pelos trabalhadores 25
Tabela 11. Salários ao nível da África Austral em USD PPC 27
Tabela 12. Salários pagos pelas empresas nacionais com base em USD-PPC 27
Tabela 13. Salários auferidos pelos trabalhadores com base em USD-PPC 28
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Abordagem da Política Salarial nas empresas 19
Gráfico 2. Níveis médios salariais por categoria nas empresas e nos trabalhadores 25
Gráfico 3. Níveis salariais por tamanho da empresa 26
Gráfico 4. Média dos salários em USD-PPC 28
Gráfico 5. Níveis salariais por género e por categoria 31
Gráfico 6. Diferenças salariais declaradas na categoria de suporte (elementar) 31
Gráfico 7. Diferenças salariais declaradas na categoria de nível básico 32
Gráfico 8. Diferenças salariais declaradas na categoria de nível médio 32
Gráfico 9. Diferenças salariais declaradas na categoria de nível superior 33
Gráfico 10. Diferenças salariais declaradas na categoria de gestão 33
Gráfico 11. Diferenças salariais declaradas na categoria executiva 34
Gráfico 12. Níveis de remuneração médios por grau de escolaridade do trabalhador 35
Gráfico 13. Níveis de bónus e subsídios auferidos pelos trabalhadores 36
v
Lista de abreviaturas
CCT Comissão Consultiva do Trabalho
EP Empresa Pública
MT Meticais
RH Recursos Humanos
vi
PREFÁCIO
O presente estudo constitui o resultado de uma pesquisa realizada no âmbito do projecto “Saber
para Participar: Os Fóruns tripartidos de Consulta e de Concertação Social nas Províncias para
um verdadeiro diálogo social”, promovido pela União Europeia em parceria com ISCOS Emilia
Romagna, Nexus Emilia Romagna, CCT, CTA, OTM e CONSILMO, tendo em vista o fortalecimento
dos parceiros sociais e das instruções na utilização do diálogo social como instrumento de
prevenção e de resolução dos conflitos.
O diálogo social faz, portanto, referência a um tipo de relações de carácter horizontal entre
o Estado e as organizações da sociedade civil, com o fim de enfrentar conjuntamente as
problemáticas sociais e contribuir para a elaboração de soluções baseadas no consenso.
O projecto “Saber para participar” pretende assim divulgar a experiência feita a nível
central com a Comissão Consultiva do Trabalho (CCT) em direcção à periferia e promover as
potencialidades das partes sociais em matéria de diálogo social. Trata-se de um percurso que
arrancou em 2007, ano no qual o ISCOS, através do projecto “Apoio à Comissão Consultiva do
Trabalho (CCT) em Moçambique”, financiado pela Cooperação Italiana e em parceria com a CCT,
iniciou um conjunto de acções juntamente com os parceiros sociais, que levaram à constituição
dos Fóruns de Consulta e de Concertação Social nas capitais provinciais do País. Trata-se de um
processo de descentralização cuja consolidação depende, em grande medida, do empenho
e da vontade dos Governos Provinciais em estabelecerem um mecanismo prático e funcional
que facilite o diálogo entre os parceiros sociais, com o fim de melhorar as condições de todos
os intervenientes no processo.
Este estudo pretende ser um instrumento de conhecimento e uma fonte de informação útil para
os vários operadores sócio-económicos nacionais e internacionais, empresários e sindicatos
em primeiro lugar, preenchendo assim uma vazio no panorama das publicações em matéria de
http://ilo.org/rome/ilo-cosa-fa/lavoro-dignitoso/dialogo-sociale/lang--it/index.htm
1
vii
economia e relações industriais, numa altura em que Moçambique atravessa um período difícil
no que diz respeito o perfil económico-financeiro.
Após ter registado, nos últimos quinze anos, o aumento do PIL real entre os mais elevados do
continente africano (7% em média por ano), em 2016 o crescimento da economia moçambicana
alcançou o seu ponto mais baixo, também por causa da contenção da despesa pública, da
assinalável redução dos investimentos directos (de 4,6 mil milhões de Euro em 2013 a 3,7 em
2014 e 3,3 em 2015) e do impacto negativo da seca .
Deste modo, o centro principal do estudo em apreço é a situação salarial dos trabalhadores
moçambicanos nos seus vários sectores productivos, inserido numa visão que analisa o
trabalho digno como precondição de todas as políticas de desenvolvimento e elemento chave
para a erradicação da pobreza.
Mais uma vez é a OIT a definir o que se entende por trabalho digno: “a actividade que cada
indivíduo anseia para a concretização da sua vida laboral; isso implica a possibilidade de
obter uma posição produtiva e suficientemente retribuída, segurança no trabalho e protecção
social para si e para as suas famílias. Trabalho digno significa melhores perspectivas para o
desenvolvimento pessoal e para a integração social, liberdade de manifestar as próprias opiniões,
de organizar-se e de participar às decisões sobre a própria vida, dando igual oportunidades de
tratamento a todas as mulheres e os homens.”
Uma condição hoje confirmada pela adopção, por parte da ONU, da Agenda 2030 e dos seus
17 objectivos para o desenvolvimento, que inclui um apelo para trabalhar em parceria e
intensificar os esforços para partilhar a prosperidade, potenciar os meios de subsistência das
pessoas, assegurar a paz e cuidar do nosso planeta, para benefício desta e das futuras gerações.
Alé disso, a nova agenda propõe-se de“reforçar a paz universal”, reconhecendo que“a erradicação
da pobreza em todas as suas formas e dimensões, entre as quais a pobreza extrema, é o maior
desafio global e representa um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável”. O
documento – elaborado ao cabo de um processo de negociação que envolveu os 193 países
membros da ONU e que registou uma participação sem precedentes da sociedade civil – refere
os princípios fundamentais como o respeito dos direitos humanos, o alcance da igualdade de
género e o empoderamento das mulheres, reafirmando as três dimensões do desenvolvimento
sustentável: a económica, a social e a do meio ambiente.
http://www.infomercatiesteri.it/quadro_macroeconomico.php?id_paesi=21
2
viii
com uma boa parte da Estratégia “Europa 2020”, por um crescimento inclusivo, inteligente e
sustentável. No que diz respeito ao desenvolvimento económico, os objectivos quantitativos
abrangem o crescimento económico per capita (8.1) e a produtividade (8.2). Por outro lado, do
ponto de vista qualitativo o tema tem vindo a diminuir em termos de políticas “que sustentem
as actividades produtivas, a criação de trabalho digno, o empreendedorismo, a criatividade e a
inovação, e favoreçam a formalização e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas,
inclusive através o acesso aos serviços financeiros” (8.3) e de desacoplamento do crescimento
económico a partir da degradação do meio ambiente (8.4).
O que está em jogo é muito elevado. Do nosso lado, como ISCOS, esperamos ter conseguido
no objectivo de fornecer informações claras que possam ajudar os intervenientes sociais
envolvidos a elaborar políticas que visem a tutela e a promoção de um salário digno que
permita aos trabalhadores de serem protagonistas das suas próprias vidas.
Recorda-se que o projecto é apoiado pela União Europeia e pelos parceiros italianos ISCOS
Emilia Romagna e NEXUS Emilia Romagna, e é também para eles que vão os nossos sinceros
agradecimentos pelo contributo prestado.
3
http://www.cooperazioneallosviluppo.esteri.it/pdgcs/index.php?option=com_content&view=article&id=12796:speci
ale-patrimonio-culturale-2&catid=11&Itemid=686
http://www.asvis.it/goal8/home/411-1274/gli-obiettivi-da-raggiungere
4
ix
x
RESUMO
O estudo sobre salários em Moçambique teve como objectivo, mapear os níveis de remuneração
por categoria no país, recorrendo-se à abordagem exploratória sobre as categorias existentes
nas empresas e os níveis da remuneração média para cada categoria. Foram definidas seis
categorias agregativas para facilitar a análise das remunerações, nomeadamente as categorias
de suporte, de base, média, superior, de gestão e executiva, nas empresas. Tratou-se de um
estudo pouco habitual, tendo se recorrido a dados primários para a sua elaboração, sendo
que um considerável número de empresas entrevistadas recusou-se indicar os níveis salariais
das categorias executivas, o mesmo acontecendo com trabalhadores destas categorias.
Posteriormente, os resultados foram comparados com os benchmarks salariais da região austral
de África e de outros países relevantes nas relações comerciais com Moçambique. Os níveis
de remuneração praticados em Moçambique, de uma forma geral, encontram-se abaixo dos
níveis em vigor na região e nos países tomados como referência, sobretudo nas categorias mais
abaixo da hierarquia das empresas, sendo esta diferença menos acentuada nas caterias de classe
executiva. Resultados das amostras a empresas não foram diferentes dos resultados da amostra
dos trabalhadores, o que confere maior robustez às constatações. Apesar destes resultados,
alguns constrangimentos influenciaram na análise dos dados, nomeadamente, a inexistência
de uma base de dados uniforme sobre níveis de remuneração praticados em África, bem como
a amplitude salarial consideravelmente elevada para salários da mesma categoria intra e entre
sectores, tanto a nível nacional como internacional, o que origina desvios consideráveis em
relação aos mínimos e máximos nos níveis saláriais médios.
xi
xii
ABSTRACT
This salary survey in Mozambique aims to map out the remuneration levels by category in
the country, based on a survey on the existing categories in companies and the average
remuneration levels for each category. To do this, we defined six aggregating categories in
surveyed companies. It is an uncommon study, that makes use of primary data. A considerable
number of companies that were interviewed refused to divulge the wage levels for executive
categories. Same happened with employees of the same categories. Thereafter, the results
were compared with benchmark wages from the Southern African region as well as other
relevant countries with trade relations with Mozambique. The prevailing levels of remuneration
in Mozambique, overall, are below the applicable levels in the region and in reference
countries, mostly in categories far below the hierarchy of companies, being this difference less
accentuated in executive categories. The sample resulting from the companies’ survey were not
different from those related to workers’, which reinforces the findings. In spite of these results,
some constraints influenced the data analysis, namely the absence of a uniform database on
the remuneration levels in force in Africa, as well as the considerably higher wage range for
wages of the same category within and between sectors, both at national and international
level, which gives rise to considerable distortions with regard to minimum and maximum
average wage levels.
xiii
xiv
SUMÁRIO EXECUTIVO
A pesquisa sobre salários em Moçambique visou mapear os níveis de remuneração por
categoria no país. Os principais temas abordados nesta pesquisa giram à volta de dois conceitos
fundamentais: salários (ou remunerações) e cargos. O nível de remuneração é a média dos
salários pagos aos empregados de uma organização. Isto pode significar todos os empregados,
algum grupo específico de trabalhadores ou um único funcionário da organização. Isso tem
duas implicações. Uma pesquisa salarial serve como referência para a tomada de decisões
no mercado de emprego e objectiva obter elementos de comparação entre a estrutura
das organizações e os níveis de remuneração praticados pela esfera onde ela se enquadra.
Geralmente é um instrumento essencial para a definição da política salarial.
Constituiu objecto geral do estudo, o pacote salarial praticado pelas empresas de acordo com
o ramo de actividade, tomando em consideração os benchmarks internacionais, permitindo
a visualização dos salários, benefícios e bónus dos cargos nos diferentes ramos de actividade,
no mercado de emprego moçambicano. O estudo foi realizado seguindo duas abordagens.
A primeira, qualitativa, consistiu em definir os principais conceitos usados neste tipo de
pesquisas, nomeadamente os conceitos de categorias, salários e custo de vida. Já a abordagem
quantitativa, recorrendo a dados primários, mapeou os níveis de salário praticados pelas
empresas ao nível nacional.
No decurso deste estudo, constatou-se que em Moçambique não existe uma abordagem
uniforme na condução da política salarial, com efeito, algumas empresas praticam um regime
de salário único para todos os trabalhadores, outras praticam o regime de salário base, acrescido
de um bónus, sendo que outras ainda praticam o regime de salário base acrescido de subsídio
técnico, entre outros regimes salariais.
No geral, o número de categorias indicadas pelas empresas varia de 1 a 20, sendo de maior
concentração as empresas que apresentam entre 3 e 8 categorias salariais. Entretanto, para uma
análise uniforme e concisa, o estudo compactou as múltiplas e diferentes categorias existentes
indicadas pelas empresas, reduzindo-as a um número agregado de seis (6), nomeadamente de
suporte, de base, média, superior, de gestão e executiva.
Os níveis de remuneração média nas empresas são diferenciados de acordo com a categoria
e dentro das categorias, sendo que para as categorias de suporte a média das remunerações
declaradas é de 5.686,5 MT; 8.032,9 MT para as categorias de base; 13.837,6 MT para as categorias
médias; 30.717,6 MT para as categorias superiores; 55.108,6 MT para as categorias de gestão; e
174.569,3 MT para as categorias executivas.
xv
Entretanto, existe uma considerável amplitude entre os valores mínimo e máximo. Nas categorias
de suporte, a amplitude salarial varia de um mínimo de 2.575,0 MT a um máximo de 15.052,5.
Esta amplitude torna-se cada vez maior à medida que se move para as categorias com níveis mais
elevados de salário, como ilustrado pelo indicador desvio padrão. Nas categorias executivas, os
níveis salariais variam de um mínimo de 60.000,0 MT a um máximo registado de 1.000.001,0 MT.
O tamanho da empresa tem uma influência nos níveis de remuneração praticados. Portanto,
micro e pequenas empresas apresentam níveis salariais inferiores em todas as categorias laborais,
contrastando com níveis salariais relativamente mais elevados declarados pelas empresas de
maior dimensão.
Ao nível da região, a remuneração média nas categorias de suporte é de $1.329,4, sendo $1.259,5
para categorias de base; para a categoria média o valor é de $4.204; sendo $6.039, $10.282 e
$10.901,5, para as categorias superior, de gestão e executiva, respectivamente. As duas primeiras
categorias (de suporte e de base) apresentam amplitudes pequenas (mínimos e máximos), sendo
que nas restantes categorias as amplitudes tendem a ser maiores quanto maior for o nível de
remuneração.
Ao nível do país, os salários foram convertidos para USD-PPC de modo a permitir a comparação
com os níveis de remuneração na região. Em termos de USD-PPC, os salários médios mensais
correspondem a $351,0; $495,9; $854,2; $.1896,1; $.3401,8; e $10.775,9, USD-PPC, respectivamente,
para as categorias de suporte, de base, média, superior, de gestão e executiva, nas empresas.
Portanto, os níveis de remuneração praticados em Moçambique estão abaixo das médias de
remuneração praticadas na região, com excepção do salário da categoria executiva, em que
Moçambique apresenta uma média relativamente semelhante à da região.
Ao nível dos sectores, as diferenças salariais por categoria não são muito significativas. As
diferenças significativas são notórias entre categorias dentro dos respectivos sectores. Do ponto
de vista de género, na avaliação feita apenas para trabalhadores inquiridos, num universo em que
as mulheres correspondem a cerca de 29.7%, contra 69.3% de homens, nota-se uma tendência
para os homens auferirem relativamente mais que as mulheres na maioria das categorias, com
excepção das categorias média e de gestão, em que as mulheres indicaram auferir salários
relativamente mais elevados que os homens.
Ao nível das províncias, não existem diferenças estatisticamente significativas nos níveis de
remuneração intra-categorias, tanto para remunerações declaradas pelos trabalhadores como
nas avançadas pelas empresas.
Do ponto de vista do nível de formação, os níveis médios salariais tendem a elevar-se quanto
maior for o nível de formação escolar do trabalhador.
Como conclusão final, este estudo permite às empresas terem conhecimento dos níveis de
remuneração praticados nos diversos sectores de actividade onde elas se inserem, bem como
saber a posição de Moçambique em relação aos níveis de remuneração salarial practicados na
África austral.
5
Para o caso de Moçambique, o factor de conversão para USD-PPP foi de 16.2. Portanto, os valores em USD-PPP foram
achados usando este factor de conversão como taxa de câmbio, sendo o valor calculado ao certo.
xvi
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1. Enquadramento
O conhecimento sobre os níveis salariais pagos por um conjunto de organizações para funções
da mesma natureza é muito importante. Segundo Zimpeck (1992), permite o monitoramento
dos limiares salariais praticados no mercado, permitindo à organização “estabelecer uma relação
entre os salários praticados internamente e aqueles praticados no mercado”, e desenhar a sua
estratégia competitiva no mercado de trabalho (Hipólito, 2000:35). Esta relação irá condicionar
as políticas salariais da empresa, em função das suas pretensões de atracção e retenção de
pessoal.
O nível de remuneração é a média dos salários pagos aos empregados de uma organização
(Atchison, Belcher et al., 2000). Isto pode significar todos os empregados, algum grupo específico
de trabalhadores ou um único funcionário da organização. Duas implicações emanam disso.
A primeira é de âmbito externo e tem a ver com a posição competitiva da organização em
relação às suas concorrentes, influindo sobre como a organização pretende posicionar-se no
mercado. A segunda implicação é de âmbito interno, isto é, o salário é um indicador de encargo
financeiro com o pessoal na organização, tanto dos trabalhadores de nível de entrada como do
executivo de topo.
1.2. Contextualização
Desde o ano 2000, Moçambique tem registado um crescimento económico médio de cerca
de 7.5% anuais, pese embora nos últimos dois anos esta tendência tenha decrescido. Este
crescimento é acompanhado da descoberta de recursos minerais nas regiões centro e norte
do país, concretamente carvão mineral, areias pesadas e gás natural, o que tem impulsionado
a entrada massiva de investimento estrangeiro de vária ordem, incluindo megaprojectos.
Considerando que um dos principais factores no processo decisório para a instalação de
empresas é a sua lucratividade, vis-à-vis despesas com recursos humanos, sobretudo salários,
constitui preocupação dos investidores conhecer o mercado de trabalho, sobretudo no que se
refere ao nível e tipo de remunerações em vigor.
É neste contexto que se concebeu este projecto, visando aferir o nível de remuneração
financeira, regalias e benefícios nas empresas privadas, públicas e paraestatais, com intuito de
dar subsídios ao investidor para melhor avaliação da viabilidade dos seus intentos empresariais
e a sua política salarial, tendo em conta a realidade nacional em cada um dos sectores de
actividade. Portanto, pretende-se estabelecer uma tabela de níveis de remuneração, baseada
nos valores reais do mercado nacional, com a finalidade de comparar os cargos e conhecer os
salários praticados por um conjunto representativo de empresas nos sectores de actividade e
compará-los com benchmarks internacionais.
Uma pesquisa salarial serve como referência para a tomada de decisões no mercado de
emprego e objectiva obter elementos de comparação entre a estrutura das organizações e
Estudo sobre o salario em Moçambique
1
Salary Survey
os níveis de remuneração praticados pela esfera onde ela se enquadra . A mesma serve como
instrumento importante para a definição da política salarial e, geralmente, procura dar resposta
aos seguintes anseios:
i. Conhecer as práticas e tendências do mercado em relação a cargos e benefícios;
ii. Definir o nível de competitividade da política de remuneração da empresa no seu
segmento;
iii. Definir parâmetros de atracção e retenção dos colaboradores através da política de
salários, benefícios e práticas do mercado; e
iv. Conhecer os salários praticados por outras organizações, bem como a reacção do
mercado à Política Salarial, bem como auxiliar o gestor a determinar critérios salariais a
serem praticados pela empresa.
Os resultados da pesquisa salarial podem igualmente ser úteis para reforçar a capacidade do
Governo e dos parceiros sociais no uso do diálogo social como forma estratégica de prevenção
e resolução dos conflitos, mas também como indicador importante nas decisões sobre níveis
de remuneração.
Foi objecto geral do estudo a análise o pacote salarial praticado pelas empresas de acordo com
o ramo de actividade, tomando em consideração os benchmarks internacionais, permitindo a
visualização dos salários, benefícios e bónus dos cargos nos diferentes ramos de actividade, no
mercado de emprego moçambicano.
6
Pesquisa salarial: importante para empresas e profissionais -http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/sem-
categoria/pesquisa-salarial-importante-para-empresas-e-profissionais
7
Classificação das Actividades Económicas de Moçambique, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 58/99, de 8 de
Setembro. (http://www.ine.gov.mz/documentos/documentos-metodologicos/classificacao-das-actividades-
economicas-de-mocambique-cae-rev-2/view)
O capítulo 4 apresenta os resultados da análise quantitativa por via da tabulação dos elementos
constatados no trabalho de campo, relacionados com os níveis salariais praticados nas unidades
produtivas do país. Inclui a descrição das principais tendências e contrastes verificados, bem
como a comparação dos dados nacionais com os benchmarks internacionais. Finalmente, no
capítulo 5, são apresentadas as conclusões e recomendações da pesquisa, resumindo-se as
principais constatações, bem como o sumário das semelhanças e diferenças domésticas e
internacionais dos salários no país.
De acordo com Gil (2008), o objectivo de uma pesquisa exploratória é familiarizar-se com um
assunto ainda pouco conhecido ou explorado. Esta é a abordagem seguida pelo presente
estudo, embora se recorra a algum enfoque da pesquisa descritiva na análise dos salários
em Moçambique. Quanto ao recorte temporal, este estudo pode ser definido como de corte
transversal, pois os dados são colectados em um ponto no tempo (Agosto a Setembro de 2016),
com base em uma amostra seleccionada sobre a população trabalhadora moçambicana.
A recolha dos dados quantitativos abarcou as três regiões do país, tendo os inquéritos sido
administrados em capitais provinciais de sete províncias, conforme indica a tabela abaixo:
Para este caso usou-se o PIB PPP (em Português PPC, Paridade de Poder de Compra), portanto PIB calculado por um
8
método alternativo à taxa de câmbio, usado em processo de comparação entre níveis de rendimento dos países.
Onde:
• n é o tamanho da amostra que se pretende estimar;
• N é o tamanho do universo populacional (neste caso, população com emprego);
• Z
(α/2) é o valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado (foi considerado
95% do nível de confiança);
• E é a margem de erro ou erro máximo de estimativa. Identifica a diferença máxima entre
a proporção amostral e a verdadeira proporção populacional (considerou-se um erro
amostral de 2%); e
• σ
é o desvio padrão populacional da variável a estudar. Para este caso usou-se a proporção
da população que aufere um salário sobre a população economicamente activa, pode-se
considerar 10%.
Para o caso das empresas foi considerado como critério de selecção a posse de um alvará que
habilite o exercício da actividade económica. Portanto, não foram consideradas unidades do
sector informal, para o caso das empresas, em funcionários por conta própria para o caso dos
trabalhadores.
Assim, foram estimados os valores amostrais preliminares para cada cidade-alvo da pesquisa
e por sector de actividade, sendo apresentados na tabela n. 2. A amostra total é de 1.476
indivíduos, dos quais 369 representantes de empresas e 1107 trabalhadores assalariados. Estes
valores amostrais foram estimados com base no número da população activa e trabalhando
por conta de outrem, aqueles que, à partida, auferem algum tipo de remuneração.
Recorda-se que estas amostras visavam trabalhadores dos sectores das actividades abaixo
mencionados, alguns dos quais com subsectores, nomeadamente:
• Agricultura, Pecuária, Caça e Silvicultura;
• Pesca;
• Indústria Extractiva;
• Indústria Transformadora:
• Padarias e Moageiros;
• Produção e Distribuição de Electricidade e Água;
• Construção;
• Actividades de Serviços não Financeiros:
• Transportes;
• ONG;
• Actividades de Serviços Financeiros;
• Turismo;
• Administração Pública:
Este método permite que os dados recolhidos tenham uma característica aleatória tendente
a uma distribuição normal dos resultados . As tabelas abaixo indicam o número de inquéritos
respondidos por sector e por província, na amostra de trabalhadores e na amostra das empresas,
onde se inclui também o total e os níveis de realização em relação a amostra estimada.
Inhambane
Cidade de
Nampula
Província
Maputo*
Total por
Delgado
Maputo
Sector
Sofala
Cabo
Tete*
Agricultura 0 20 13 18 0 4 1 56
Pesca 0 5 9 2 0 1 1 18
Indústria Extractiva 3 14 13 0 0 0 0 30
Indústria Transformadora 7 12 4 29 5 14 5 76
Construção 19 21 23 6 6 5 17 97
Electricidade e Água 3 3 6 3 6 13 6 38
Actividades Não Financeiras 27 23 22 42 13 47 61 235
Transportes 1 2 0 14 3 12 6 38
Actividades Financeiras 7 14 11 6 3 4 15 60
Turismo 21 13 21 13 13 27 19 127
Sector Público 32 7 2 1 3 22 30 97
ONGs 13 3 0 3 0 0 2 21
EP 3 5 0 8 6 2 6 30
Empregados Domésticos 0 0 0 0 0 0 15 15
Indústria Panificadora e Moagem 15 6 11 7 4 1 0 44
Total 151 148 135 152 60 152 184 982
Percentagem de realização 81% 95% 100% 94% 39% 96% 100% 89%
9
Em teoria das probabilidades, a lei dos grandes números afirma que quando o tamanho da amostra aumenta,
a distribuição amostral da sua média aproxima-se cada vez mais de uma distribuição normal. Este resultado é
fundamental na teoria da inferência estatística.
Inhambane
Cidade de
Nampula
Província
Total por
Delgado
Maputo
Maputo
Sector
Sofala
Cabo
Tete
Inquéritos às empesas
Apesar destas dificuldades, o trabalho de campo foi realizado com um considerável nível de
resposta por parte dos inquiridores, todavia o período de trabalho de campo, que deveria ter
ocorrido por um período de 30 dias, teve de ser estendido por mais tempo, implicando algum
atraso no início da análise dos dados. Um aspecto particular e importante deste estudo é o
facto de ser baseado em dados primários actuais, o que torna os seus resultados totalmente
actuais.
A decisão sobre os níveis de remuneração a serem praticados pela empresa (quanto é que
a organização remunera seus colaboradores) constitui a mais importante da organização: a
aceitação de um potencial empregado geralmente gira em torno desta decisão, e a mesma
determina um segmento significativo dos custos do empregador na maioria dos casos
(Atchison, Belcher et al., 2000).
As organizações usam diversos critérios para a fixação dos níveis salariais. Embora elas observem
os níveis de remuneração praticados pelas suas concorrentes, esta informação é apenas um
dos determinantes dos níveis salariais. A seguir apresentam-se alguns determinantes de níveis
salariais praticados pelas empresas.
Nos determinantes económicos, organizações mais rentáveis tendem a pagar salários mais
altos a colaboradores das mesmas categorias que organizações menos rentáveis. Organizações
de capital intensivo tendem a ser mais rentáveis porque o capital marginal normalmente
gera incrementos na produtividade. Pequenas organizações tendem a pagar salários mais
baixos, sobretudo por ser o limite da sua capacidade de remunerar. Indústrias de serviços que
tendem a ser de trabalho intensivo, de rentabilidade baixa e, consequentemente com baixas
remunerações, tendem a ser constituídas por pequenas organizações.
Mercados de trabalho diferem nos níveis salariais de acordo com a sua composição industrial.
Economias compostas por organizações de indústrias de elevada rendibilidade tendem
a ser economias de salários altos e, muitas vezes, apresentam elevado custo de vida, sendo
o inverso real para o contrário. Em princípio, variações estruturais na procura e oferta de
trabalho vão determinar mudanças nos níveis salariais. Empregadores tendem a instalar seus
empreendimentos em locais onde os salários são estruturalmente baixos (Gerhart, Minkoff et
al., 1994).
Não é necessariamente estanque que os níveis salariais são determinados por factores
exógenos como os mencionados acima. As organizações também determinam os seus níveis
de remuneração de acordo com a sua capacidade de pagar, como resultado da sua envolvente
económico-financeira, baseado nas suas expectativas, que são, em parte, definidas pelo nível
Para se ter uma ideia de sistemas de remuneração susceptíveis de serem eficazes e como a
sua eficácia varia de acordo com factores de contingência acima descritos, é preciso fazer uma
revisão do quadro teórico conceptual.
Neste caso, as organizações estabelecem níveis de salários comparativos para manter seus
funcionários sob a expectativa de equidade.
De acordo com Castel-Branco et al. (2004), a política de fixação do salário mínimo tem como
objectivo essencial assegurar aos trabalhadores a protecção social necessária no que respeita
aos níveis mínimos admissíveis de salários, de modo a garantir o direito de todos os trabalhadores
a um salário mínimo que seja suficiente para cobrir as mínimas condições de vida.
Estes determinantes definem a Política Salarial da empresa que é o conjunto dos princípios e
directrizes que reflectem a orientação e a filosofia da organização no que tange aos assuntos
de remuneração de seus empregados. Assim, todas as normas presentes e futuras, bem como
decisões sobre cada caso, deverão orientar-se por esses princípios e directrizes. A Política
Salarial não é estática, pelo contrário, é dinâmica e evolui, aperfeiçoando-se com sua aplicação
frente a situações que se modificam com rapidez (Chiavenato, 1995).
Desde aí, o salário mínimo nacional foi, numa primeira fase, negociado numa base anual na
Comissão Consultiva do Trabalho (CCT), sendo depois remetido ao Conselho de Ministros para
fixação. Deste modo, foram fixados, anualmente, dois salários mínimos, designadamente um
para Agricultura e outro para Indústria, Comércio e Outros Serviços.
O mecanismo utilizado para a fixação do salário mínimo nem sempre reuniu o consenso dos
parceiros sociais na defesa das propostas percentuais, gravitando à volta no triângulo:
• Crescimento económico;
• O cabaz mínimo de produtos básicos; e
• U
ma fórmula, adoptada em 2002, que calcula a taxa de reajustamento a partir de variáveis
tais como a inflação média, a produtividade (acordada como sendo 50% do PIB) e um
factor negocial (o factor Delta X).
Nesta fórmula não se negoceiam os parâmetros inflação e taxa de crescimento do PIB, tomados
como dados a partir do documento do balanço do Plano Económico e Social publicado pelo
Governo após a sua aprovação pela Assembleia da República. Negoceia-se apenas o factor
Delta X. Matematicamente, a taxa de reajustamento do salário mínimo (τ) é definida da seguinte
forma:
[( ) ( ) ] ( )
Onde:
Entretanto, esta fórmula não está isenta de contestação dos parceiros sociais. O uso da inflação
média na fórmula é contestada pelo facto de esta, como qualquer valor médio, ignorar a
amplitude efectiva da corrosão salarial do ano de referência, pois o valor acumulado da inflação
é superior ao valor médio. O factor Delta é contestado porque é um factor subjectivo que pode
assumir tanto valores negativos como positivos, sendo, portanto, usado pelos negociadores
como meio de compensação para os parâmetros fixos (taxa de inflação e PIB).
A partir de 2008, o salário mínimo passou a ser fixado com base em sectores de actividade,
contrariamente ao modelo vigente anteriormente, em que o salário era fixado para dois
sectores, Agricultura e Indústria/Serviços, tendo sido estabelecidos 9 sectores. Este critério foi
aprovado pelo Conselho de Ministros na sua 33.ª sessão de 11 de Dezembro de 2007, após um
acordo entre os parceiros sociais na Comissão Consultiva do Trabalho.
Segundo o critério de fixação dos salários mínimos por sectores de actividade, pretende-se que
isso possibilite:
• A minimização do risco de redução do nível do emprego como consequência do aumento
do salário mínimo;
• Ter em conta o estágio de desenvolvimento, a produção e a produtividade das empresas
e a tendência de evolução de um determinado sector de actividade; e
• Acomodar as preocupações dos parceiros sociais.
A negociação para o ajustamento salarial continua decorrendo com base anual, sendo o
período de referência para a vigência do novo salário mínimo o dia 1 de Abril de cada ano.
É com base nos pressupostos e metodologia acima indicados que opera a Política do Salário
Mínimo em Moçambique. A tabela abaixo mostra os níveis dos salários mínimos praticados no
país nos respectivos sectores de actividade. A tabela abaixo mostra como têm evoluído no país
nos últimos anos.
Salário Mínimo em MT
Sector de Actividade
2013 2014 2015 2016
Sector 1 Agricultura, Pecuária, Caça e Silvicultura 2.500 3.183 3.183 3.298
Sector 2 Pesca Industrial 2.850 3.500 3.500 3.815
Subsector 2-a. Kapenta 2.645 3.000 3.000 3.375
Sector 3 Indústria de Extracção de Minerais 4.651 5.643 5.643 6.213
Subsector 3-a. Pedreiras 3.888 4.539 4.539 4.907.
Subsector 3-b. Salinas 3.888 4.176 4.176 4.476
Sector 4 Indústria Transformadora 3.943 4.815 4.815 5.200
Subsector 4-a. Sector da panificação 3.195 3.790 3.790 3.985
Sector 5 Produção e Distribuição de Electricidade, 4.107 5.402 5.402 6.036
Gás e Águas
Subsector 5-a. PME 4.107 4.851 4.851 5.421
Sector 6 Construção 3.495 4.483 4.483 4.886
Sector 7 Actividades dos Serviços não Financeiros 3.826 4.676 4.676 5.050
Sector 8 Actividades Financeiras 6.817 8.050 8.050 8.750
Subsector 8-a. Microfinanças e Micro-seguradoras 6.817 7.800 7.800 8.400
Sector 9 Administração Pública, Defesa e 2.780 3.302 3.302 3.535.
Segurança
De acordo com o artigo 153 da Lei do Trabalho, para a defesa e prossecução colectivas dos seus
direitos e interesses, os trabalhadores podem constituir:
a) Delegado Sindical – órgão representativo dos trabalhadores nas pequenas empresas;
b) Comité Sindical ou de Empresa – órgão de base, representativo do sindicato no
estabelecimento ou empresa;
c) Sindicato – associação de trabalhadores para a promoção e defesa dos seus direitos,
interesses sociais e profissionais;
d) União – associação de sindicatos de base regional;
e) Federação – associação de sindicatos da mesma profissão ou do mesmo ramo de
actividade; e
f ) Confederação Geral – associação nacional de sindicatos.
Nas empresas ou serviços em que não haja órgão sindical, o exercício dos direitos sindicais
compete ao órgão sindical imediatamente superior ou à comissão de trabalhadores eleita em
assembleia geral expressamente convocada para o efeito por um mínimo de vinte por cento
do total dos trabalhadores.
São atribuições do sindicato a promoção e defesa dos interesses dos trabalhadores que exerçam
a mesma profissão ou que se integrem no mesmo ramo de actividade ou actividade afim;
representar os trabalhadores na negociação e celebração de instrumentos de regulamentação
colectiva de trabalho; a prestação de serviços de apoio económico, jurídico, social e cultural
aos seus associados; e a celebração de acordos de cooperação com organizações congéneres
nacionais e internacionais.
http://www.wageindicator.org/main/salary/Salarycheckers
10
A evolução dos salários na Função Pública está vinculada à sustentabilidade fiscal, de acordo
com metas acordadas com os doadores sobre a percentagem das despesas com salários no
Orçamento do Estado e no PIB (Castel-Branco, 2004). Entretanto, o processo de ajustamento
salarial na Função Pública tem pouca influência dos acordos colectivos, visto que o Orçamento
do Estado para um determinado ano é aprovado antes do início do mesmo na CCT.
Até ao ano de 2007, antes da implementação do critério de fixação do salário mínimo por
sectores, o Estado adoptava o salário mínimo acordado na CCT (salário mínimo industrial).
Entretanto, após 2008, a Função Pública passou a estabelecer um salário mínimo diferente dos
salários do sector privado, o que criou um vácuo no processo negocial, devido à inexistência de
um organismo que negociasse os salários pelos funcionários do Estado, daí a necessidade de se
criar o Sindicato da Função Pública, cuja lei foi aprovada e promulgada em 2014, como forma
de dinamizar os acordos colectivos no domínio da Função Pública.
Tal como no caso do sector privado, os salários na Função Pública são actualizados em Abril
de cada ano, sendo que o ajustamento não depende necessariamente da fórmula acima
indicada. Em geral, o Governo anuncia duas taxas de reajustamento, sendo a mais elevada para
os escalões de salários inferiores e a mais baixa taxa a ser aplicada aos salários de escalões
superiores, com objectivo de compressão salarial.
Presentemente, os níveis de salário base (sem subsídios e bónus na Função Pública variam
entre um mínimo de3.535,0 MT a máximos que ultrapassam os 100.000,0 MT. Alguns sectores
acrescentam a estes salários base subsídios na ordem de mais de 150%, para além de outro
tipo de bónus não pecuniários, como transporte, comunicação, etc. (Decreto 13/2016, de 27
de Maio).
Ao nível das empresas nacionais inquiridas, não existe uma abordagem uniforme de condução
da Política Salarial, pois, tal como ilustrado no gráfico abaixo, cerca de 26% das empresas pratica
um regime de salário único para todos os trabalhadores; 29% das empresas pratica o regime
de salário base, acrescido de um bónus; 16% das empresas pratica o regime de salário base
acrescido de subsídio técnico, bónus por categoria e escalão e, finalmente, 8% das empresas
pratica o regime de salário base acrescido de subsídio técnico e bónus por categoria.
29%
30%
26%
Percentagem de empresas
25%
20%
16%
16%
15%
10% 8%
4%
5%
0%
Salário único para todos Salário Base + Bónus Salário Base + Subsídio Salário Base + Subsídio Salário Base + Subsídio Outros Factores
os trabalhadores Técnico + Bónus Técnico + Bónus por Técnico + Bónus por
Categoria Categoria e Escalão
Abordagem de Política Salarial
Alguns depoimentos soltos sobre a Política Salarial das empresas incluíram as seguintes
expressões:
a. Visto que a empresa está vocacionada para o processamento de produtos de pesca, estes
só se limitam em fazer vista à produtividade de cada trabalhador para determinar o nível
salarial em que o tal deve ser enquadrado – empresa do sector de Pesca;
b. Pessoas com níveis de produtividade elevada, isto é, o facto de estarem na empresa
por um tempo considerado, têm-se beneficiado de salários ainda maiores que os pré-
estabelecidos – empresa do sector de Indústria Transformadora;
c. Os factores como nível de formação, antiguidade e produtividade contam para a
determinação dos níveis salariais na empresa através da avaliação feita anualmente, de
acordo com o desempenho produtivo do trabalhador – empresa do Sector Financeiro;
d. Em relação ao nível de formação dos trabalhadores, a entidade empregadora não considera,
sendo que todos os trabalhadores recebem o mesmo salário, independentemente do
nível académico. A antiguidade e produtividade também não são consideradas – empresa
do Sector das Panificadoras;
e. A formação do trabalhador e experiência no trabalho é que ditam os níveis salarias na
empresa – empresa do Sector Financeiro;
f. Nível de formação é determinante quando aliado à competência. Antiguidade não
é determinante se não aliada a competência. A produtividade é fundamental na
determinação do salário – empresa do sector de Indústria Transformadora.
Portanto, com estas frases soltas dos inquiridos, pode-se verificar que a Política Salarial nas
empresas é muito variada e arbitrária no mercado de trabalho nacional. Algumas empresas
praticam apenas um único nível de salário para os seus colaboradores, entretanto um
considerável número de empresas, para além de salários diferenciados por categorias, também
inclui subsídios e bonificações diversas nas suas políticas de remunerações salariais, que
chegam a perfazer cerca de 100% de subsídios e bonificações, como será analisado adiante,
neste capítulo.
No geral, o número de categorias indicado pelas empresas varia de 1 a 20, sendo de maior
concentração as empresas que apresentam entre 3 e 8 categorias salariais. Entretanto, para
uma análise uniforme e concisa, o estudo compactou as múltiplas e diferentes categorias
e existentes indicadas pelas empresas, reduzindo-as para um número agregado de seis (6),
de acordo com o contributo que cada uma das delas apresenta no processo produtivo da
instituição.
Para este estudo foi considerada esta ramificação, mas também se fez uma subdivisão destas em
6 categorias laborais, acrescentando a isso as categorias de base, média e superior, subdividindo
as categorias técnicas e profissionais mencionadas pelo autor.
A análise dos níveis de remuneração foi elaborada tomando como base as novas categorias,
como ilustra a tabela abaixo, sendo cada uma delas caracterizada adiante:
Cada uma destas categorias na empresa tem a sua correspondente nos trabalhadores, sendo
que a diferença da nomenclatura é apenas semântica, visando facilitar a explicação, quando se
trate de uma referência feita às empresas ou aos trabalhadores.
Os dados indicados mostram uma considerável amplitude entre os valores mínimo e máximo.
Nas categorias de suporte, a amplitude salarial varia de um mínimo de 2.575,0 MT a um
máximo de 15.052,5 MT. Esta amplitude torna-se cada vez maior à medida que se move para as
categorias com níveis mais elevados de salário, como ilustrado pelo indicador desvio padrão.
Nas categorias executivas, os níveis salariais variam de um mínimo de 60.000,0 MT a um máximo
registado de 1.000.001,0 MT.
Do ponto de vista de respondentes, os níveis de salários foram indicados por 84% das empresas
nas categorias de suporte, 69% nas categorias de base, 60% nas categorias de gestão e apenas
9% nas categorias executivas.
Do ponto de vista dos trabalhadores, a tabela abaixo mostra que nas categorias elementares a
média de salários é de 5.075,9 MT; 7.145,6 MT nas categorias básicas; 12.015,6 MT nas categorias
médias; 25.131,9 MT nas categorias superior; e 41.875,0 MT nas categorias de gestão. Nenhum
caso de categoria executiva foi reportado na amostra dos trabalhadores.
Tal como no caso das empresas, os dados ilustram considerável amplitude entre os valores
mínimo e máximo. Nas categorias elementares, o valor mínimo auferido e indicado pelos
inquiridos é de 3.500,0 MT, para um máximo médio de 12.500,0 MT. Esta amplitude é maior
quanto mais elevada a categoria do trabalhador, como ilustrado pelo indicador desvio padrão.
Nas categorias de gestão, os níveis salariais variam de um mínimo de 12.500,0 MT a um máximo
de 125.000,0 MT.
Gráfico 2. Níveis médios salariais por categoria nas empresas e nos trabalhadores
Empresas Trabalhadores
174,569.3
200,000.0
150,000.0
55,108.6
41,875.0
30,717.6
25,131.9
13,837.6
100,000.0
12,015.6
8,032.9
5,686.5
7,145.6
5,075.9
50,000.0
-
Salário da Salários da Salário da Salário da Salário da Salário da
categoria de categoria base categoria categoria categoria dos categoria
suporte média superior gestores executiva
Apesar destas diferenças nos níveis salariais médios declarados pelas empresas e pelos
trabalhadores, os dados revelam uma consistência no sentido em que nos inquéritos os
trabalhadores tendem a declarar valores de remuneração inferiores que os reais, seja por
desconfiança em relação aos reais objectivos da pesquisa, seja como forma demonstrar
insatisfação com a remuneração atribuída. Por seu turno, as empresas tendem a declarar níveis
de salário relativamente superiores para não caírem no descrédito social.
250000.00
Rendimento médio mensal
Micro (1-10
200000.00 Trabalhadores)
Pequena (11-20
150000.00 trabalhadores)
A taxa de câmbio PPC é um método alternativo à taxa de câmbio nominal, ou seja, é um factor
de conversão usada para calcular o poder de compra dos países e tem em conta os níveis de
rendimentos, assim como o custo de vida dos países. Ela é construída a partir de uma cesta
única internacional de mercadorias e serviços que é periodicamente arbitrada a partir das
11
http://www.wageindicator.org/main/Wageindicatorfoundation
12
http://www.payscale.com/rccountries.aspx
13
http://www.salaryexplorer.com/
14
https://www.glassdoor.com/Salaries/index.htm
As diferenças entre a taxa de câmbio PPC e a taxa de câmbio nominal podem ser significativas.
Por exemplo, a remuneração média para a categoria de suporte na Índia é de $1.151,58 em
PPC, enquanto usando a taxa de câmbio nominal o valor é $328,78, uma diferença de 822.20
USD. Portanto, este conversor é mais seguro e aconselhável para comparação de rendimentos
entre países.
Assim, com base na taxa de câmbio PPC, ao nível da região, a remuneração média nas categorias
de suporte é de $1.329,4, sendo $1.259.5 para categorias de base; para a categoria média o
valor é de $4.204; $6.039, $10.282, $10.901.5 para as categorias superior, de gestão e executiva,
respectivamente. As duas primeiras categorias (de suporte e de base) apresentam amplitudes
mais reduzidas (mínimos e máximos), sendo que nas restantes categorias as amplitudes tendem
a ser mais largas quanto maior for o nível de remuneração, como ilustra a tabela abaixo.
Ao nível do país, os salários foram convertidos para USD-PPC de modo a permitir a comparação
com os níveis de remuneração na região. A tabela abaixo ilustra que, em termos de USD-PPC, os
salários médios mensais correspondem a $351,0; $495,9; $854,2; $1.896,1; $3.401,8; e $10.775,9,
respectivamente para as categorias de suporte, de base, média, superior, de gestão e executiva,
nas empresas.
Tabela 12. Salários pagos pelas empresas nacionais com base em USD-PPC
De modo similar, para o caso das remunerações declaradas pelos trabalhadores em USD-PPC, a
tabela abaixo indica que os salários médios correspondem a $.303,0; $.426,5; $.717,2; $.1500,0;
e $.2.499,4 USD-PPC, respectivamente para as categorias elementar, básica, média, superior e
de gestão.
Para o caso de Moçambique, o factor de conversão para USD-PPP foi de 16.2. Portanto, os valores em USD-PPP foram
16
achados usando este factor de conversão como taxa de câmbio, sendo o valor calculado ao certo.
10,775.9
10,901.5
Remuneração média mensal - USD-PPP
10,282.0
12,000.0
10,000.0
6,039.0
8,000.0
4,204.0
3,393.8
6,000.0
1,893.1
2499.4
1,329.4
1,259.5
1500.0
4,000.0
854.2
495.9
351.0
717.2
426.5
303.0
2,000.0
0.0
Suporte Base Médio Superior Gestão Executiva
Tabela 14. Média de remunerações em alguns países tomados como referência (USD-PPC)
Categorias Profissionais
Países
Suporte Básico Médio Superior Gestão Executivo
Índia 1.038,57 1.084,56 1.151,58 4.664,22 3.686,03 ND*
Portugal 1.459,31 1.410,29 1.341,18 1.940,20 2.308,09 ND*
China 499,41 685,32 786,21 1.616,81 1.943,86 ND*
Moçambique 351,0 495,9 854,2 1.896,1 3.401,8 10.775,9
Região austral 1.329,40 1.259,48 4.204,27 6.039,03 10.281,61 10.901,46
Fonte: WageIndicator Foundation (01.11.2016)
* Não Disponível (ND)
Nas categorias médias, os sectores da Indústria Extractiva, Transportes e ONGs são os que mais
remuneram com valores entre 20 mil e 33 mil MT. Indústria Extractiva, Indústria Transformadora
e Transportes remuneram cerca de 50 mil a 76 mil MT nas categorias superiores. Já nas
categorias executivas, Indústria Extractiva e ONGs remuneram valores entre 335 mil e 620 mil
MT em média por mês.
Do ponto de vista dos salários auferidos pelos trabalhadores, a tabela abaixo ilustra que, nas
categorias elementares, trabalhadores dos sectores EP, Actividades Financeiras, Construção e
ONGs são os que apresentam maiores níveis de remuneração, com valores médios entre 5 mil
e 6 mil MT por mês, sendo os outros sectores cujos trabalhadores são mais bem remunerados
ONGs e Transportes (categoria básica); Indústria Extractiva e ONGs (categoria média e categorias
superiores); e ONGs e Agricultura (categorias de gestão).
Tabela 16. Níveis de remuneração auferidos pelos trabalhadores por sectores de actividade
Do ponto de vista de género, a avaliação feita apenas para trabalhadores inquiridos, num
universo em que as mulheres correspondem a cerca de 29.7%, contra 69.3% de homens, nota-
se uma tendência para os homens auferirem relativamente mais que as mulheres na maioria
das categorias, com excepção das categorias de gestão, em que as mulheres indicaram auferir
salários relativamente mais elevados que os homens, como indica o gráfico abaixo.
49,772.7
40,078.1
60,000.0
27,510.6
20,660.0
12,252.7
11,941.1
40,000.0
7,174.0
7,050.0
5,324.7
4,593.8
20,000.0
0.0
Elementar Básico Médio Superior Gestor
Categorias na empresa
Em termos de sectores, as mulheres declaram auferir salários em média mais elevados que
os auferidos pelos homens na Agricultura, Indústria Transformadora, Transportes, ONGs e
Empresas Públicas, sendo que nas restantes os homens têm salários médios relativamente
superiores, ou de diferença estatisticamente não significativa.
Trabalhadores Empresas
5,445.3
Transportes 3,500.0
8,615.6
Actividades Financeiras 6,000.0
5,953.3
Actividades Não Financeiras 5,466.7
5,672.1
Electricidade e Águas 5,375.0
6,111.3
Construção 5,980.6
5,052.8
Indústria Transformadora 5,250.0
5,264.1
Indústria Extractiva 6,000.0
6,792.4
Pescas 3,500.0
4,959.1
Agricultura 3,750.0
5,412.3
- 2,000.0 4,000.0 6,000.0 8,000.0 10,000.0
Remuneração média mensal
Trabalhadores Empresas
EP 9,100.0
11,495.3
ONGs 11,125.0
13,766.7
Turismo 6,292.9
6,801.0
Transportes 10,764.7
9,044.0
Construção 7,319.5
8,286.0
Pescas 9,250.0
7,047.9
Agricultura 6,272.7
8,361.5
EP 15,615.4
14,846.0
ONGs 18,200.0
22,125.8
Turismo 12,230.8
11,173.7
Transportes 14,291.7
9,402.0
Construção 13,261.9
15,123.1
Pescas 11,700.0
10,805.0
Agricultura 10,357.1
16,876.6
EP 22,500.0
23,789.7
ONGs 39,166.7
46,762.5
Turismo 16,071.4
20,180.4
Transportes 20,500.0
35,893.5
Construção 26,615.4
30,090.7
Pescas 30,000.0
26,383.3
Agricultura 36,571.4
38,989.5
Trabalhadores Empresas
EP 48,672.8
ONGs 80,000.0
99,597.5
Turismo 19,166.7
35,774.2
Transportes 29,166.7
37,700.8
Construção 55,625.0
49,494.3
Pescas 28,750.0
40,357.1
Agricultura 71,250.0
64,851.1
Empresas
EP 148,195.0
ONGs 335,417.5
Turismo 130,166.7
Transportes 209,553.0
Construção 84,943.7
Indústria Transformadora
Pescas 109,000.0
Agricultura 288,604.5
Tabela 17. Níveis de remuneração declarados pelas empresas por província (em MT.)
Do ponto de vista dos trabalhadores, os níveis salariais por províncias, nas categorias inferiores
(elementar e básico), não apresentam diferenças consideráveis. Todavia, nas categorias do nível
médio e superior, a província de Tete apresenta os níveis de salário médio mais elevados em
cerca de 17.9 mil MT e 43.0 mil, respectivamente.
Portanto, como ilustra o gráfico abaixo, pode-se notar que os níveis de salários médios tendem
a elevar-se quanto maior for o nível de formação escolar do trabalhador. Entretanto, um
trabalhador com uma formação técnico-profissional de nível básico por tendência apresenta
um salário médio superior que um trabalhador com nível de formação média do ensino geral.
26,785.7
30,000.0
25,000.0
16,156.5
15,269.2
Remuneração média mensal
20,000.0
10,921.8
15,000.0
7,482.3
6,833.3
6,214.7
5,964.3
10,000.0
5,000.0
0.0
Nivel Superior - Bacharel/Licenciado
Não concluíu o ensino primário
Nível de formação
Em relação às empresas, cerca de 51% delas indicaram que pagam algum tipo de subsídio e/ou
bónus, sendo que, nas categorias de suporte, as empresas pagam uma média de 2.048,1 MT, e
na categoria executiva uma média de 45.451,8 MT. A categoria com maior índice de subsídios e
bónus é a superior, com cerca de 73% das empresas que declararam pagar subsídios e bónus,
sendo a categoria com menor incidência a de suporte, como indica a tabela abaixo.
Subsídios e Bónus
Ca te g o r i a Categoria Categoria Categor ia Categoria C a t e g o r i a
de suporte base média superior de gestor executiva
Média 2.048,1 2.642,5 4.286,3 6.835,3 11.450,3 47.316,3
Desvio padrão 2.358,6 2.539,4 5.414,4 8.098,1 16.321,8 49.753,7
Valor mínimo 60,0 200,0 300,0 450,0 300,0 1.000,0
Valor máximo 14.300,0 14.300,0 30.000,0 40.000,0 105.000,0 155.000,0
% do n.º total 33% 32% 32% 28% 33% 5%
É importante ressalvar que estes valores não incluem remunerações não pecuniárias, tais como
telefone da empresa, carro protocolar, combustível, bens alimentares, entre outras atribuições
que não foram consideradas no processo de administração do questionário.
Em Moçambique não existe uma Política Salarial estabelecida como padrão para todas as
empresas, o que faz que cada uma das empresas estabeleça seu regime de remunerações com
base em critérios aleatórios e diferenciados. Desse modo, os níveis de remuneração atribuídos
aos trabalhadores nas diversas empresas são diferentes de sector de actividade para sector.
A falta de uma Política Salarial uniforme no país leva a que surjam diversas categorias salariais
nas empresas, não havendo clareza nas fronteiras entre as diversas categorias salariais nas
empresas. Entretanto, para facilitar a análise dos níveis salariais, recorreu-se a uma agregação de
6 categorias salariais para as empresas Moçambicanas, nomeadamente categorias de suporte,
de base, média, superior, de gestão e executiva. É com base nestas categorias que se fazem as
diversas comparações dos níveis salariais existentes no país.
Entretanto, os dados indicados mostram uma considerável amplitude entre os valores mínimo
e máximo. Nas categorias de suporte, a amplitude salarial varia de um mínimo de 2.575,0 MT a
um máximo de 15.052,5 MT. Esta amplitude tome-se cada vez maior à medida que se move para
as categorias com níveis mais elevados de salário. Nas categorias executivas, os níveis salariais
variam de um mínimo de 60.000,0 MT para um máximo de 1.000.001,0 MT.
Como conclusão final, este estudo permitiu adquirir conhecimento sobre os níveis de
remuneração praticados nos diversos sectores de actividade económica, bem como saber a
posição de Moçambique em relação aos níveis de remuneração salarial praticados ao nível da
região e de outros países seleccionados.
ATCHISON, T. J., D. W. Belcher, et al. (2000) “The Wage Level and Its Determinants.”
CASTEL-BRANCO, C.N., Vicente, C., Guilaze, N. (2004) Estudo Sobre os Critérios de Fixação do
Salário Mínimo em Moçambique. CCT; Maputo.
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Pública Moçambicana: Estratégia Global da Reforma 2006-2015. UTRESP, Maputo.
GERHART, B., H. Minkoff, et al. (1994). Employee Compensation: Theory, Practice, and Evidence.
Ithaca, NY, Cornell University, School of Industrial and Labor Relations.
41
ANEXOS
42
Anexo 1. Níveis salariais por província, por sector e por categoria (trabalhadores)
Província onde trabalha Cabo Delgado Nampula Tete Sofala Inhambane Maputo Província Cidade de Maputo Total
Agricultura 4.000,0 3.500,0 3.750,0
Pesca 3.500,0 3.500,0
Indústria Extractiva 6.000,0 6.000,0
Indústria Transformadora 3.500,0 5.285,7 6.000,0 5.250,0
Construção 6.833,3 4.575,0 7.000,0 6.000,0 6.625,0 3.500,0 3.500,0 5.980,6
Electricidade e Água 6.000,0 6.000,0 3.500,0 6.000,0 5.375,0
Actividades Não Financeiras 3.500,0 8.000,0 6.000,0 4.750,0 4.750,0 6.000,0 5.466,7
Actividades Financeiras 6.000,0 6.000,0
Transportes 6.000,0 3.500,0 3.500,0
Elementar
Turismo 4.750,0 3.500,0 4.750,0 4.437,5 4.333,3 4.452,4
Sector Público 4.625,0 3.500,0 4.400,0
ONGs 5.050,0 6.000,0 6.000,0 5.683,3
EP 6.000,0 6.000,0 3.500,0 9.250,0 6.571,4
Empregados Domésticos 3.666,7 3.666,7
Indústria Panificadora e Moagem 4.750,0 3.500,0 6.625,0 3.500,0 3.500,0 4.833,3
Total 5.318,2 5.511,1 5.833,3 5.250,0 5.166,7 4.553,6 4.574,1 5.075,9
Província onde trabalha Cabo Delgado Nampula Tete Sofala Inhambane Maputo Província Cidade de Maputo Total
Agricultura 4.583,3 12.500,0 6.153,8 3.500,0 6.181,8
Pesca 3.500,0 11.166,7 9.250,0
Indústria Extractiva 8.583,3 8.583,3
Indústria Transformadora 5.375,0 5.150,0 6.000,0 6.192,3 6.000,0 8.500,0 7.250,0 6.414,7
Construção 6.357,1 5.815,4 7.250,0 6.000,0 6.000,0 6.000,0 11.500,0 7.319,5
Electricidade e Água 6.000,0 7.083,3 6.000,0 7.300,0 4.500,0 6.681,8
Actividades Não Financeiras 6.400,0 7.416,7 10.000,0 8.850,0 5.687,5 8.578,9 7.454,5 7.798,8
Actividades Financeiras 11.750,0 8.000,0 12.500,0 6.000,0 6.666,7 8.666,7
Básico
Transportes 8.583,3 9.833,3 12.700,0 12.750,0 10.861,1
Turismo 5.208,3 7.000,0 6.333,3 5.000,0 6.222,2 6.750,0 7.250,0 6.271,4
Sector Público 3.500,0 6.900,0 4.428,6 7.125,0 5.025,0
ONGs 11.125,0 11.125,0
EP 10.500,0 9.250,0 6.000,0 9.100,0
Empregados Domésticos 5.447,4
Indústria Panificadora e Moagem 5.600,0 4.333,3 7.500,0 3.500,0 3.500,0
Total 6.065,2 6.453,8 7.875,0 6.946,4 6.333,3 7.626,9 8.169,8 7.146,6
Província onde trabalha Cabo Delgado Nampula Tete Sofala Inhambane Maputo Província Cidade de Maputo Total
Agricultura 11.500,0 12.000,0 9.100,0 8.333,3 6.000,0 10.357,1
Pesca 5.500,0 15.000,0 17.500,0 11.700,0
Médio
Indústria Extractiva 11.833,3 9.250,0 29.071,4 21.458,3
Indústria Transformadora 6.000,0 6.783,3 9.250,0 10.125,0 6.000,0 10.750,0 7.666,7 8.775,0
43
ANEXOS
ANEXOS
44
Construção 10.625,0 9.600,0 16.166,7 12.833,3 8.500,0 18.500,0 13.261,9
Electricidade e Água 12.500,0 6.000,0 12.500,0 8.500,0 16.750,0 11.555,6
Actividades Não Financeiras 13.500,0 12.863,6 14.785,7 8.722,2 6.000,0 10.933,3 9.541,7 10.852,9
Actividades Financeiras 20.000,0 20.000,0 19.700,0 27.500,0 17.500,0 14.000,0 9.833,3 16.854,2
Transportes 12.500,0 17.500,0 16.166,7 10.666,7 14.454,5
Turismo 13.250,0 6.666,7 22.500,0 7.500,0 12.500,0 19.000,0 10.187,5 12.230,8
Sector Público 8.791,7 11.750,0 17.500,0 6.000,0 6.750,0 10.230,8 9.469,7
ONGs 22.500,0 6.000,0 12.500,0 27.500,0 18.200,0
EP 10.500,0 13.000,0 11.750,0 17.500,0 27.500,0 14.166,7 15.615,4
Empregados Domésticos 7.312,5
Indústria Panificadora e Moagem 8.166,7 6.750,0 7.250,0 6.000,0
Total 12.090,0 10.759,2 18.220,6 10.740,0 12.000,0 11.790,7 11.022,7 12.062,1
Província onde trabalha Cabo Delgado Nampula Tete Sofala Inhambane Maputo Província Cidade de Maputo Total
Superior
Transportes 17.500,0 22.500,0 20.000,0 20.500,0
Turismo 20.000,0 12.500,0 7.500,0 12.500,0 20.000,0 16.071,4
Sector Público 13.461,5 20.250,0 12.500,0 22.500,0 15.500,0 15.041,7 15.448,7
ONGs 52.500,0 12.500,0 12.500,0 39.166,7
EP 27.500,0 22.500,0 27.500,0 12.500,0 22.500,0
Empregados Domésticos
Indústria Panificadora e Moagem
Total 25.666,7 26.375,0 42.357,1 21.000,0 18.125,0 19.884,6 16.629,0 24.807,7
Província onde trabalha Cabo Delgado Nampula Tete Sofala Inhambane Maputo Província Cidade de Maputo Total
Agricultura 125.000,0 17.500,0 71.250,0
Pesca 12.500,0 34.166,7 28.750,0
Indústria Extractiva
Indústria Transformadora 15.000,0 15.000,0
Gestor
Construção 27.500,0 65.000,0 55.625,0
Electricidade e Água 62.500,0 62.500,0
Actividades Não Financeiras 36.250,0 44.166,7 27.500,0 38.125,0
Actividades Financeiras 27.500,0 70.833,3 44.375,0 47.250,0
Transportes 27.500,0 30.000,0 29.166,7
Turismo 17.500,0 20.000,0 19.166,7
Sector Público 27.500,0 27.500,0 27.500,0
ONGs 80.000,0 80.000,0
EP
Empregados Domésticos
Indústria Panificadora e Moagem 17.500,0 27.500,0 22.500,0
Total 38.928,6 44.000,0 44.411,8 62.500,0 27.500,0 37.857,1 41.666,7
Província onde trabalha Cabo Delgado Nampula Tete Sofala Inhambane Maputo Província Cidade de Maputo Total
Agricultura 21.525,0 13.576,9 6.972,2 7.125,0 6.000,0 13.696,4
Pesca 8.900,0 25.388,9 8.000,0 17.500,0 27.500,0 18.555,6
Indústria Extractiva 11.833,3 7.571,4 52.576,9 27.500,0
Indústria Transformadora 6.928,6 10.608,3 7.625,0 7.275,9 8.300,0 9.107,1 7.500,0 8.207,9
Construção 15.078,9 6.726,2 18.804,3 13.000,0 6.416,7 5.500,0 14.735,3 12.935,6
Electricidade e Água 10.333,3 6.000,0 7.083,3 6.000,0 28.750,0 7.884,6 8.833,3 10.000,0
Actividades Não Financeiras 16.250,0 13.347,8 21.295,5 8.726,2 5.423,1 9.936,2 9.935,5 11.605,5
Actividades Financeiras 20.833,3 19.607,1 30.500,0 28.333,3 15.833,3 12.000,0 20.285,7 22.146,6
Total
Transportes 12.500,0 17.500,0 9.166,7 13.821,4 9.833,3 13.875,0 18.500,0 14.421,1
Turismo 9.500,0 6.846,2 20.000,0 5.423,1 6.961,5 7.425,9 9.368,4 8.035,4
Sector Público 11.781,3 15.914,3 17.500,0 17.000,0 8.409,1 11.516,7 11.622,7
ONGs 41.500,0 7.850,0 10.333,3 16.750,0 29.883,3
EP 16.166,7 15.400,0 11.250,0 11.583,3 27.500,0 11.166,7 13.566,7
Empregados Domésticos 3.666,7 3.666,7
Indústria Panificadora e Moagem 6.566,7 5.000,0 9.000,0 4.571,4 3.500,0 6.000,0 6.352,3
Total 14.947,0 12.263,5 20.218,5 9.338,8 9.458,3 9.417,8 11.220,1 12.509,7
45
ANEXOS
ANEXOS
46
Anexo 2. Níveis salariais por profissão e por categoria (empresas)
ANEXOS
Profissão Elementar Básico Médio Superior Gestor Media Nr.
Agente de Caixa 7.500,0 15.083,3 10.027,8 18
Agente de Serviços 6.166,7 9.250,0 6.727,3 11
Agente Hoteleiro 6.000,0 4.750,0 7.250,0 6.000,0 12
Agricultor 4.275,0 4.333,3 6.000,0 4.505,6 9
Alfaiate 6.750,0 6.750,0 2
Analista 3.500,0 9.250,0 7.333,3 3
Assistente Social 15.000,0 12.500,0 14.166,7 2
Assistente Administrativo 4.333,3 8.102,9 11.584,9 18.815,8 19.166,7 11.763,4 112
Atleta 17.500,0 17.500,0 1
Biólogo 62.500,0 62.500,0 1
Bombeiro 6.000,0 6.727,3 6.000,0 6.615,4 13
Calculista 13.200,0 13.200,0 5
Canalizador 9.875,0 9.875,0 4
Carpinteiro 9.800,0 9.800,0 5
Cobrador 8.500,0 8.500,0 1
Consultor 12.500,0 27.500,0 20.000,0 2
Cozinheiro 4.125,0 5.611,1 12.500,0 5.678,6 14
Dactilógrafo 6.000,0 12.500,0 9.250,0 2
Decorador 8.500,0 8.500,0 1
Desenhador Gráfico 7.250,0 12.500,0 9.000,0 3
Docente 7.000,0 16.964,3 42.500,0 17.294,1 14
Economista 17.500,0 17.500,0 1
Electricista Técnico 7.437,5 11.350,0 42.000,0 62.500,0 17.048,0 25
Embalador 6.000,0 5.000,0 5.500,0 2
Empregada Doméstica 3.666,7 3.666,7 15
Enfermeiro 12.500,0 12.500,0 1
Engenheiro Agrónomo 33.916,7 33.916,7 6
Engenheiro Ambiental 27.500,0 8.500,0 18.000,0 2
Engenheiro Civil 12.500,0 24.166,7 27.500,0 22.500,0 5
Engenheiro Electrónico 42.500,0 42.500,0 1
Engenheiro Mecânico 125.000,0 125.000,0 1
Escrivão 8.000,0 8.000,0 1
Estafeta 7.250,0 8.500,0 7.666,7 3
Fiel de Armazém 4.750,0 6.250,0 10.000,0 6.000,0 9
Garçon 3.500,0 5.794,1 6.000,0 5.684,2 19
Gestor 11.600,0 16.250,0 40.961,5 27.711,5 26
Gestor de Marketing 7.500,0 8.500,0 8.000,0 2
Gestor de Recursos Humanos 17.500,0 10.333,3 27.500,0 17.250,0 6
Gestor Financeiro 48.750,0 48.750,0 2
47
ANEXOS
48
ANEXOS
Profissão Elementar Básico Médio Superior Gestor Media Nr.
Técnico de Recursos Humanos 15.272,7 24.642,9 27.500,0 19.775,0 20
Técnico de Saneamento 27.500,0 27.500,0 1
Técnico de Segurança Social 15.000,0 15.000,0 1
Técnico de Seguros 24.000,0 24.000,0 4
Técnico de Serigrafia 5.500,0 7.250,0 6.000,0 5
Técnico Farmacêutico 17.500,0 17.500,0 1
Técnico 10.142,9 12.500,0 27.500,0 11.375,0 16
Topógrafo 11.166,7 38.750,0 22.200,0 5
Torneiro Fresador 27.500,0 27.500,0 1
Vendedor 8.500,0 6.958,3 13.200,0 42.500,0 10.552,6 19
Veterinário 12.500,0 17.500,0 15.000,0 4
Total 5.075,9 7.145,6 12.015,6 25.131,9 41.875,0 12.539,7 945
49
ANEXOS
50
Anexo 3. Níveis salariais por profissão e por categoria (trabalhadores)
Profissão
Agricultura
Pesca
Indústria Extractiva
Indústria
Transformadora
Construção
Electricidade e Água
Actividades Não
Financeiras
Actividades
Financeiras
Transportes
Turismo
Sector Público
ONGs
EP
Empregados
Domésticos
Indústria
Panificadora e
Moagem
Total
Agente de Caixa 6.100,0 8.875,0 8.500,0 6.750,0 17.500,0 27.500,0 6.666,7 10.027,8
Assistente Administrativo 13.433,3 16.500,0 5.142,9 10.250,0 16.250,0 9.017,9 15.000,0 15.833,3 16.500,0 7.964,3 22.375,0 9.000,0 9.833,3 11.763,4
Electricista Técnico 4.000,0 125.000,0 9.566,7 10.625,0 17.333,3 10.200,0 6.000,0 16.250,0 17.048,0
51
ANEXOS
ANEXOS
52
Profissão
Agricultura
Pesca
Indústria Extractiva
Indústria
Transformadora
Construção
Electricidade e Água
Actividades Não
Financeiras
Actividades
Financeiras
Transportes
Turismo
Sector Público
ONGs
EP
Empregados
Domésticos
Indústria
Panificadora e
Moagem
Total
Gestor 22.500,0 17.500,0 15.000,0 12.375,0 43.357,1 15.000,0 12.500,0 20.000,0 125.000,0 27.500,0 27.711,5
Agricultura
Pesca
Indústria Extractiva
Indústria
Transformadora
Construção
Electricidade e Água
Actividades Não
Financeiras
Actividades
Financeiras
Transportes
Turismo
Sector Público
ONGs
EP
Empregados
Domésticos
Indústria
Panificadora e
Moagem
Total
Motorista 6.000,0 9.833,3 5.375,0 8.000,0 8.333,3 8.500,0 11.500,0 8.875,0 6.300,0 6.000,0 6.000,0 6.000,0 7.997,4
Operador de máquinas 6.000,0 22.125,0 7.050,0 6.833,3 10.500,0 9.833,3 15.000,0 6.000,0 10.986,4
Operário 10.562,5 5.806,3 5.330,5 6.833,3 5.500,0 17.500,0 7.250,0 6.000,0 7.258,4
Secretário Executivo 7.666,7 8.500,0 19.000,0 8.500,0 17.500,0 7.000,0 8.500,0 6.000,0 11.000,0
Serralheiro 6.000,0 42.500,0 11.375,0 7.050,0 10.900,0 6.000,0 17.500,0 8.500,0 11.800,0
Servente 5.166,7 8.166,7 6.000,0 7.250,0 4.750,0 5.833,3 7.333,3 3.500,0 4.472,2 5.000,0 6.000,0 6.800,0 4.571,4 5.603,7
53
ANEXOS
ANEXOS
54
Profissão
Agricultura
Pesca
Indústria Extractiva
Indústria
Transformadora
Construção
Electricidade e Água
Actividades Não
Financeiras
Actividades
Financeiras
Transportes
Turismo
Sector Público
ONGs
EP
Empregados
Domésticos
Indústria
Panificadora e
Moagem
Total
Técnico de Contas 38.625,0 25.000,0 93.750,0 15.944,4 16.250,0 12.500,0 17.600,0 28.562,5 14.000,0 18.500,0 12.250,0 20.000,0 16.500,0 20.921,3
Técnico de Recursos Humanos 15.000,0 17.500,0 62.500,0 12.500,0 20.000,0 16.500,0 27.500,0 16.500,0 6.000,0 27.500,0 20.000,0 19.775,0
Total 13.732,1 18.555,6 27.500,0 8.207,9 12.935,6 10.000,0 11.504,3 22.425,0 14.421,1 8.047,2 11.746,4 29.883,3 13.566,7 3.666,7 6.352,3 12.539,7
Anexo 4. Níveis salariais por profissão, sector e por nível de escolaridade
55
ANEXOS
ANEXOS
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