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MEDITAÇÕES

DO S PRIMEIROS SÁBA DO S

MISTÉRIOS DO ROSÁRIO M EDITADOS

BRAGA
Mensegeiro do Coroção de Jesus
largo dos Teresinhas, 5

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IM P R IM I P O T E S T .
Olysipone, dic a j Dcccmbria 195a.
Jiilius Marinho, S. J.
Pracp. ProT. I.usit.

IM P R IM A T U R .
Hracarac, 13 Fcbniarii 1953.

TODOS OS DIREITO S RESERVADOS

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AO IM A C U L A D O CORAÇÃO
DE M A R IA

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A quem ler

Sai, f iiialmeníe, pela segunda vez o livrinho das


«Meditações dos Primeiros Sábados», cuja reedição
há mais de cinco anos se andava pedindo, e, por
urgência de outros trabalhos, não se pudera fazer.
Realiza-se nesta segunda edição o projecto con­
cebido ao iniciar a redacção da primeira, que era
ilc apresentar três séries de meditações.
A s da primeira série seriam cada uma para um
quarto de hora de leitura meditada; as da segunda,
cada uma para três ou quatro minutos, de modo
que os quinze pedidos por N .“ Senhora pudessem
encher-se com a leitura pausada das cinco; enfim,
as da terceira, deveriam — lidas— não ocupar, no
seu conjunto, muito mais de quinze minutos.
Estas seriam para quem rezasse o rosário; as
da segunda série para quem rezasse o terço; as da
primeira, para meditação separada da reza.
Nem sempre se conseguiu a conveniente bre­
vidade.

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As meditações da primeira série são as da
primeira edição. Re fundiu-se a da Anunciação;
alteraram-sc um pouco as quatro seguintes; e actua-
lizou-se a do Assunção.
Tanto estas como todas as da segunda série,
menos a última, foram primeiro publicadas no
extinto «Mensageiro de .Maria».
N." Senhora abençoe esta edição como abençoou
a primeira, c faça, pela bondade do seu Coração
de Mãe, que o livrinho .seja útil para as almas
c para propagar a dcs’oção dos Primeiros Cinco
Sábados.

Ccrnachc (Cjoimbra) — Natal dc 1952.

Antônio Fazenda, S. J.

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A Promessa do Coração de Maria

Io Co ríçío de Meria prometa a la lvaflo


a quam (izar os cinco primeiros sibados.

comungar, rezar um lerço e medilar duranie


15 minutos os mistérios do Rosérlo no pri­
meiro síbado de cada um de cinco meses seguidos.

Escreve a Vidciile dc Edliiiia, Irmü


Maria Lúcia das Dores, falando de

«No (lia 17-12-1927, foi junto cio sacrário per­


guntar a Jesus como satisfaria o pedido que lhe era
feito, se a origem da devoção ao Imaculado Coração
(le Maria estava encerrada no segredo que a
qç; nm Virgem lhe tinha confiado.
. Jesus com voz clara fez-lhe ouvir estas palavras:
— Minha filha, escreve o que te pedem; e tudo o
(|ue te revelou a .SS."'® Virgem na aparição em que
falou (lesta devoção, escreve-o também; (luanto ao
resto do segredo continua o silêncio.

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X__________ A FKDMESSA IK) COKAÇÃO l)E MARIA____________

ü qiK- em 1917 foi confiado a este respeito


é o seguinte; Kla pediu para os levar para o céu.
A SS."*” Virgem respondeu; — Sim, a Jacinta e o
Franci.sco levo-os em breve; mas tu ficas cá mais
algum tempo. Jesus quer .servir-se de ti para me
fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no
m undo a devoção ao m eu Im aculado Coração.
A quem a abraçar prom eto a salvação c serão
((ucridas de Deus estas almas como flores posta»
por mim a adornar o seu trono. — Fico sozi­
nha?, disse com tri.steza. — Não, filha; eu nunca
te deixarei, ü meu Imaculado Coração será
o teu refúgio e o caminho (|ue le conduzirá até
Dcus.
Dia 10-12-1925 apareceu-lhe a .SS.'"" Virgem
e ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa, um
Menino. A SS."’" Virgem pondo-lhe no ombro a
mão, mostrando ao mesmo tempo um coração (pie
tinha na outra mão cercado de espinhos. Ao mesmo
tempo disse o Menino: — Tem pena do Coração de
tua SS.'"“ Mãe, que está coberto de espinhos que
os homens ingratos a todos os momentos lhe cravam,
sem haver quem faça um acto de reparação para
os tirar.
Em seguida disse a SS.'"" Virgem : — Olha, minha
filha, o meu Coração cercado de espinhos, que os

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____________A PROMKSSA 1)0 CORAÇÃO l)E MARIA__________^

■homens ingratos a todos os momentos mc cravam


com blasfêmias e ingratidõcs. Tu ao menos vê de
mc consolar e dize que todos aqueles que durante
cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem,
recebendo a Sagrada C om unhão, rezarem u m
terço e mc fizerem quinze minutos de companhia,
meditando nos quinze mistérios do Rosário com o
fim de m e desagravarem, Eu prom eto assistir-
-lhes na hora da m orte com todas as graças
necessárias para a salvação dessas almas.
No dia 15-12-1926 apareceu-lhc dc novo o menino
Jesus. Perguntou se já tinha espalhado a devoção
a sua SS.""* Mãe. Ela cxpôs-lhc as dificuldades que
tinha o confessor c que a Madre Superiora estava
pronta a propagá-la mas que o confessor tinha dito
que ela só nada podia. Jesus respondeu: — R ver­
dade que a tua Superiora só nada pode, mas com
a minha graça pode tudo.
Apresentou a dificuldade que algumas almas
tinham de se confessar ao sábado e pediu para ser
válida a confissão de oito dias. Jesus respondeu:
— Sim, pode ser de muitos mais ainda, contanto
que, quando me receberem, estejam em graça e que
tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração
de Maria. Ela perguntou: — Meu Jesus, as que se
esquecerem de formar e.t.ia intenção? Jesus respon-

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XII_________ A PROMESSA I»() CORAÇÃO IIE MARIA____________

d eu : — Podem formá-la na outra confissão seguinte,


aproveitando a primeira ocasião que tiverem de se
confessar».

X. B. — I. A m edltaçS o ixxlc scr <lc iiiii só inistório ou de


vários; se|iarada do terço ou junta com ele, isto c, meditando algum
tempo cada mistório antes da respectiva dezena; iKxle tambóm suprir-se
|)or uma prática ou sermão.
2. I)iz-se que a c onflsiS o se iiode fazer dentro dos oito dias que
precedem, o primeiro sábado ou dentro dos oito (|ue o seguem. Ê certo.
Mas .-is palavras de Xosso .Senhor à Irmã Maria Lúcia das Dores
tleixam ainda maior am|ilitudc.

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Acfo de desagravo

Imaculado Coração de Maria, obediente ao vosso


pedido venho à vossa santissima presença para Vos
desagravar das ingratidões c ofensas dos homens.
Reconhecendo, porém, que também eu tenho sido
ingrato e que não Vos conheço quanto é justo nem
Vos tenho servido c amado como devia, primeiro
Vos peço perdão das minhas culpas e graça para as
chorar com sincero arrependimento c me corrigir
inteiramente delas, dc modo que daqui por diante
Vos honre c ame quanto mcrcceis.
Peço-Vos também perdão c misericórdia para
todos aqueles que por ignorância culpável ou por
malicia Vos magoam, afrontam ou blasfemam.
Minha Senhora e minha Mãe, eu creio na vossa
maternidade divina, na vossa imaculada conceição,
na vossa assunção ao céu cm corpo e alma, na vossa
perpétua virgindade, na vossa mediação universal
e em todos os singulares privilégios que, como Mãe
de Deus, recebestes. Tomai o meu acto de fé como
acto dc desagravo da infidelidade dos que não
crêem.

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Corredentora do géncro humano, Mãe e media­
neira da divina graça, agradeço-Vos profundamente
reconhecido a heróica generosidade com que para
nos salvar aceitastcs ser Mãe de Jesus Crucificado,
as dores que por nós sofrestes desde a profecia dc
Simeão ao Calvário c as inumeráveis graças que vos
devemos, que são todas as que Deus nos faz, porque
foi vontade dele não no-las dar senão por Vós.
Por aqueles que Vo-las não agradecem, pelos que
recusam os vossos favores c talvez os põem a riso,
eu Vos agradeço. Senhora, os tesoiros de caridade
dc vosso Coração magoado e aflito.
Como não hei-de confiar cm Vós nem invocar-
-Vos, se Vós, — ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre
Virgem Maria — , sois vida, doçura, e esperança
nossa. Mãe da graça e da misericórdia. Mãe de Deus
c minha Mãe, poderosa para me valer e bondosa
para o querer? Por aqueles que desconhecem a vossa
materna bondade, por aqueles que não se lançam nos
braços da vossa misericórdia, por aqueles que não
Vos amam, eu Vos amo, ó Virgem Mãe de Deus
e minha Mãe.
Para desagravo do vosso Puríssimo Coração
quero aceitar resignada e jubilosamente os trabalhos
e sofrimentos que N. Senhor me der c implorar-Vos
a conversão dos infelizes pecadores, que não sabem o

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que são as ternuras e carinhos do vosso piedosissimo
Coração de Mãe.
Dignai-Vos convertê-los, Mãe de bondade e de
misericórdia, abrandando-lhes seus corações com a
suavidade, o encanto e a doçura do vosso; e fazei
que eles recorram e se acolham a Vós, Vos invoquem,
bendigam, sirvam e amem.
Obtende-nos a graça de nunca mais ofendermos
a N. Senhor, que já está tão ofendido, e para isso
fazei que imitemos a pureza do vosso Coração Ima­
culado, a sua humildade e obediência e a sua imensa
caridade para com Deus e para com o próximo.
Imaculado Coração de Maria, eu Vos louvo.
Vos bendigo e Vos amo e para que o possa fazer
para sempre imploro ardentemente o poder da vossa
intercessão: — Rogai por nós, pecadores, agora e na
hora da nossa morte. Amen.

Doce Coração de Maria, sede a minha .salvação.


Indttlg. de 300 dias; plenária nas condições
resando diàriamente esta jaculatória durante um mês. — P r. et
1’ . Op. 352.

Purissimo Coração de Maria Virgem Santíssima,


alcançai-me de Jesus a pureza c a humildade de
coração.
(índulg. como acima. — P r. e t P. Op. 353).

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Acto de Consagração

Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus e minha


Mãe, que no amor do vosso Coração para connosco,
sois tão mal correspondida com friezas, irreverências,
desprezos e insultos, eu... para desagravar a vossa
ternura maternal, para reparar as ingratidões e
injúrias que recebeis dos homens e de tantos filhos
mal reconhecidos, e para cumprir os vossos desejos
vivendo a Consagração do Mundo feita pelo Santo
Padre ao vosso Imaculado Coração, deliberada e
irrevogàvelmente me dou, entrego e consagro ao
mesmo vosso Coração Imaculado.
Corredcntora do gênero humano. Senhora minha
e minha Mãe, dignai-Vos aceitar-me quanto .sou
c tenho: a minha inteligência, a minlia vontade, os
meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu
coração e inteiramente todo o meu ser. IC já que
assim sou vosso, minha Mãe, fechai-me em vosso
Coração Purissimo, livrai-mc do pecado, inflamai-me
no fogo da caridade, e guardai-mc .sempre c defen­
dei-me como coi.sa própria vossa.

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O ração preparafória

Imaculada Virgem Maria, Mãe dc Deus c minha


Mãe, aqui estou a vossos pés para corresponder ao
vosso desejo e vos fazer, na meditação dos mistérios
do vosso Rosário, os quinze minutos de companhia
que nos pedistes em desagravo das ingratidões e
blasfêmias com que é ferido pelos homens o vosso
Puríssimo Coração.
Convosco adoro a Majestade dc Deus N. Senhor,
convosco creio na sua verdade, convosco espero nas
suas promessas, convosco amo a sua bondade, con­
vosco 1.he peço perdão para os ([ue não crêem,
não adoram, não esperam e não O amam, convosco
Lhe ofereço o Preciosíssimo Corpo e Sangue de
N. Senhor Jesus Cristo em reparação dos pecados
com que Elc é tão ofendido.
Vós que guardáveis e meditáveis cm vosso Ima­
culado Coração o que ouvicis a vosso Divino Filho
c o que vieis nas suas acções, dignai-Vos, pela vossa
maternal bondade e misericórdia obter-me a graça
dc compreender as suas palavras e dc seguir os seus

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exemplos, para nunca mais o ofender e para cada
vez mais e melhor O amar e servir.
Fazei-me atento à sua voz, dócil e fiel às suas
inspirações, fervoroso e constante em lhe cumprir
a sua vontade e .sempre dedicado a glorificá-lo.
Pelos merecimentos infinitos do Seu Coração,
alcançai-nos dele o perdão dos nossos pecados, a
conversão dos pobres pecadores e a salvação de
todas as almas, especialmente das mais precisadas.
Doce Coração de Maria, aceitai-me este acto
dc desagravo, fazei que Vos ame cada vez mais,
livrai-me do fogo do inferno e sede a minha salvação.

Acção de graças depois da meditação

Imaculada Virgem Maria, minha amável e terna


Mãe, aceitai o reconhecimento do meu coração pela
generosidade do vosso para comigo. Agradeço-Vos
a intercessão com que me assististes, os auxilios que
me obtivestes e as resoluções que me in.spirastes.
Tomai-as, Senhora, e toc.adas no vosso Coração,
oferecei-as comigo ao Sagrado Coração de Jesus,
para que Fie se digne aprová-las e dnr-me a graça
para as cumprir.

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M EDIT AÇÕES
DOS P R IM E IR O S SÁ BA D O S

P R IM E IR A S É R IE

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Primeiro Misfériç Gozoso

A Anunciação

1. — «Foi enviado por Dcus o Anjo Gabriel a'


uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma
virgem desposada com um' homem cpie se chamava
José, da casa dc Davide, e o, nome da Virgem era
Maria. F entrando o anjo onde ela estava, dis.se-lhe:
— Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo,
bendita és tu entre as mulheres.
I? Fia, ouvindo-o, perturbou-se com as suas
palavras e discorria que saudação seria esta. Mas
o anjo disse-lhe: — Não temas, Maria, pois acliaste
graça diante de Deus. Fis que conceberás em teu
.seio e darás à luz um filHo e lhe porás o iiome de
Jesus. Fste será grande e será diamado F'ilho do
Altissimo; e reinará eternamente na casa de Jaeó,
e o .seu reino não terá fim.
líntão disse Maria ao a n jo : — Como é que isso
se fará, pois não conheço varão? F, respondendo o
anjo disse-lhe: — O líspírito Sanlo descerá sobre li
e a virtude do Altissimo te cobrirá com a sua sombra.

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E por isso mesmo
o Santo que há-de
nascer de ti, será
chamado I'ilho de
Deus. E eis que
Isabel, tua parcnta,
concebeu um filho
na sua velhice, e
cstc é o sexto mês
daquela que se diz
estéril, porque a
• Deus nada é impos­
sível.
Então disse Ma­
ria : — Eis aqui a
escrava do Senhor,
faça-sc em mim
segundo a tua pa­
lavra. E o anjo
afastou-se d e la » .
(S. Luc. I, 26-38).
2. — Dc joelhos, num recanto da sua peque­
nina e humilde casa dc Nazaré, a Virgem Maria,
recolhida e concentrada em intima oração, está
abismada e absorta na profundeza dos mistérios
de Deus, suplicando ao Senhor que mande

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à terra o Justo, o Desejado eFsperança das
nações.
líntra S. Gabriel naquela pobre morada, apro-
xima-se da Virgem Maria, curva-se reverente c
prostra-se talvez diante dela, abre os seus lábios
e .saúda-a em nome de Deus: — «Deus te salve,
ó cheia dc graça! O Senhor écontigo!Bendita
és tu entre as mulheres!»
3. — Virgem .Santís.sima! Unido ao anjò de
Deus, eu Vos saúdo também: — «Deus te salve,
cheia de graça! O Senhor é contigo! Bendita és
tu entre as mulheres!»
Creio e proclamo que entre todas as filhas de
líva. Vós sois a mais querida e amada de Deus.
F.m Vós é que Ele e.stá singularmente presente,
■porque em Vós é que líle derramou a maior pie:
nitiide de graça, de que uma simples criatura é
capaz.
Cheia de graça, sois o arroubo dos olhos divinos,
sois o encanto c êxtase do céu. Intercedei por mim.
Senhora, para que eu entenda o mistério dos abati­
mentos de Deus, e para que à luz dos vossos exem­
plos e à da exinanição do Verbo Incarnado, com­
preenda que o fundamento das virtudes e da .salvação
é a humildade, e que, portanto, a devo amar e
praticar.

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4. — A humildade, ou antes, a humilhação, c o
que caracteriza o primeiro mistério do Rosário.
Humilha-se o anjo, humilha-se a Virgem, humilha-se
o Verbo
Humilha-sc o anjo acatando a superioridade
alheia, ou 4e jurisdição ou só de dignidade; humi-
Iha-se a Virgem submetendo o entendimento à fc,
a vontade à obediência c os sentidos à virtude;
humilha-sc o Verbo tomando uma natureza de escravo
(formam servi aceipiens — Philip. n ,7 ) a fazendo-se
carne (Jo. i, 14).
5. — S. Gabriel desce do céu, apresenta-se sen­
sivelmente à Virgem Santissima no tempo deter­
minado pela divina Providência, e cumpre cxacta
e pontualmente as ordens dc Deus, quanto à subs­
tância, iiuanto ao modo c quanto às circunstâncias
da embaixada de que foi incumbido.
A sua missão é altamente honrosa. Enviado
imediaUmcnte ix4o Senhor, vem junto da eheia de
graça pedir-lhe o seu consentimento para a incar­
nação do Verbo Divino. Mas sobre a importância
do encargo, sobre o directo da comunicação do
mandado, sobre a grandeza da pessoa a quem vem,
aquilo cm que sente maior honra c cm sujeitar-se,
em humilhar-se e em dar cumprimento à vontade
dc Deus. Ego... asio ante Deum (S. Lue. /, 19):

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SOU dos anjos que estão diante dc Deus, prontos ao
menor aceno do seu beneplácito.
Os anjos, diz S. Paulo (Hebr. /, 14) são envia­
dos cm serviço por causa dos que hão-de alcançar
a herança da salvação. Em legações como a da
Anunciação, ou em incumbências como a de acom­
panhar a viagem de Tobias ou de guardar na pere­
grinação desta vida talvez algum precito, acham-se
igualmente honrados. Servos dc Deus, fazem a
vontade dc Dcus. É essa toda a sua glória.
6. — A minha qual c? (•. servir? É cumprir a
vontade de Deus? Sem dúvida o seria, se recebesse
imediatamente dele as suas ordens. E porque é que
o não será, recebendo-as mediante os legitimos
Superiores? E tão pouca a minha fé que não
saiba que os preceitos dos Superiores procedem da
autoridade divina? «Não há autoridade que não
venha dc Deus; as autoridades que existem são
ordenadas por Ele. Portanto, quem resiste à auto­
ridade resiste à ordenação de Deus» (Rom. xiii, 1-2).
7. — Oh quantas vezes eu tenho resistido, S enhor!
Murmuro, critico, interpreto, torço, desvirtuo, c cm
vez dc sujeitar a minha vontade à dos vossos
representantes e vossa, (picro subordinar a vossa
e a deles à minha! Sc até nos acontecimentos inde­
pendentes da acção dos homens eu me indigno c me

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revolto! Oh que falta (le conhecimento dos vossos
direitos e dos meus deveres! Que falta (le humildade!
Que fé a minha tão m orta!
8. — Senhor, aumentai a minha fé! Por inter­
cessão dos santos Anjos, e principalmente do Anjo
da Anunciação, fazei-me a graça de ver nos pre­
ceitos da autoridade pátria, da autoridade religiosa
e da autoridade civil, di.sposições e ordens da vossa
santissima vontade, para os cumprir como se directa-
mente de V()s emanassem; por(|ue eu quero desde
agora emendar-me das desobediências pas.sadas e
honrar o vos.so poder acatando-o respeitosa e submis­
samente nos mais pequeninos dos vossos represen­
tantes. Quero submeter-me e humilhar-me à vossa
divina autoridade, onde quer que ela resida. Que
glória Vos daria e que mérito teria eu, se só Vos
obedecesse quando directamente me mandásseis?
9. — O Arcanjo da Anunciação ensina-me ainda
outra forma de humildade: — a de reconhecer nos
outros os seus merecimentos.
Entra visivelmente no pequenino tugúrio de
N." Senhora e saúda-a. Não .se menciona no lívan-
gelho nenhum sinal exterior de acatamento que ele
tenha feito; mas registam-se as palavras que ele
disse. Oh como exalam respeito, admiração, amor
e verdadeira devoção a N.“ Senhora!

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S. Gabriel é um arcanjo; é o guerreiro, o herói
que traz no nome a força de Deus; é um dos sete
espiritos que estão de pé diante do trono divino
(S. Luc. I, 19 — Tob. X II, 15) prontos ao mínimo
sinal da vontade do Senhor; é um espírito sem
mistura de matéria.
A Virgem de Nazaré é uma humilde donzela
duma desprezível e de facto desprezada aldeia
(Jo. I, 46); é a esposada dum pobre carpinteiro;
é uma filha de Eva, feita de alma e de corpo.
O anjo, por natureza imen.samente superior a
Ela, nunca se prostrou senão diante do trono do
Altíssimo. Contudo reverenceia-a, saiida-a, louva-a
e bendi-la. Inclinado c prostrado ante aquela ines­
perada grandeza, confessa e exalta a superioridade
dela na ordem da graça.
10. — R uma lição para mim, que sou talvez
pronto em desfazer nos outros e difícil em reconhecer
as qualidades deles, sobretudo se ocupam lugares
proeminentes ou nalguma coisa me fazem sombra.
Pouca humildade, muita soberba e ihvcja, eis a
explicação mais verdadeira das depreciações que
faço.
11. — S. Gabriel, Anjo da Anunciação, intercedei
por mim à Virgem Santíssima, para que Ela me
obtenha a graça de triunfar destes defeitos e de

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reconhecer e confessar que as outras pessoas podem
ser, e na verdade tantas vezes me são superiores.
12. — Depois dos exemplos do anjo, os da Virgem
N.“ Senhora: humilde na sua pureza, humilde na
sua submissão, humilde na sua fé.
Humilde na sua pureza. — S. Gabriel anuncia-lhe
que há-de ser mãe e celebra-lhe as glórias do filho.
— «Conceberás c darás à luz um filho a quem porás
o nome de Jesus. Este será grande e chamar-se-á
o Filho do Altissimo, e entregar-lhe-á o Senhor
Deus o trono de seu pai Davide, e reinará para
sempre na casa de Jacó e o seu reino não terá fim
(S. Luc. I, 31-3).
Que esplendor! Maria porém não se deslumbra.
Tronos, reinos sem fim, um filho que é o Filho de
Deus, uma inaudita e incrivel maternidade — nada
lhe faz impressão. O que a preocupa é muito
diverso.
— «Como é que isto há-de ser ? — pergunta
l'.la , porque eu não conheço varão». Sc o que
dizes é vontade de Deus, como é que hei-dc salvar
o meu voto? Porque estou resolvida a não conhecer
nenhum homem. O voto dc virgindade que fiz,
sei que Deus se agradou dele e mo aceitou. Portanto,
antes de todas essas honras, a minha pureza e a
minha fidelidade ao Senhor.

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Oh que humildade tão profunda! A submissão
dos sentidos k razão e à virtude é qualificada de
humildade pela Igreja. «Carnis lerat supcrbiam
potus cibique parcitas» (Hino de Prima).
Mas a pureza que é submissão e fidelidade à
vontade de Deus, a pureza que é desprendimento
de grandezas, de honras e de glórias, é, com certeza,
verdadeira humildade.
13. — Oh que ensinamentos para os dias de h o je!
Tantos e tantas que por falta de humildade e de
submissão à lei divina desdenham a pureza e a
trocam por uma fortuna, por uma vaidade, por uma
o.stentação, por um amparo da vida, por uma fal.sa
amizade, por uma diversão, uma leitura, um espectá­
culo, um pensamento, uma sombra, um nada!
14. — Eu que tenho feito? Estimo e guardo
zelosamente a santa pureza! Quais são os sacrifícios
que faço por ela? Meto-me em perigos? Soii luz
ou lama?
15. — Virgem Imaculada, fazei-me a graça dc
imitar a vossa intemerata virgindade, o vosso des­
prendimento, a vossa fidelidade.
16. — Humilde na sua submissão. — O Mensa­
geiro de Deus saudando a Virgem de Nazdré «cheia
de graça, repleta de Deus e bendita entre as
mulheres» dirige-lhe palavras nunca ouvidas com

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que Ela se sente perturbada. Elogios tão grandes
e tão insólitos, a quem até da simples aparição dum
anjo se tem por indigna, que é que quereriam dizer r
O anjo tranquiliza-a. Ela, na verdade, encontrou
graça junto de Deus. Será mãe; mas do Eilho do
Altissimo, e portanto sem detrimento da sua vir­
gindade. Intervirá com o seu poder o Espirito
Santo, a quem é tão fácil juntar nela a maternidade
à virgindade como levantar a Santa Isabel o opróbrio
da esterilidade (Luc. i, 28-37).
Sossegada, Maria dá o assentimento que o anjo
lhe solicita: «Cumpra-se em mim a tua palavra»
(Luc. /, 38). Mas na própria ocasião cm que é
levantada à glória de Mãe de Deus, protesta que
mesmo assim não passa de escrava dele: — «Eis
aqui a escrava do Senhor».
Entre os maiores louvores é profundamente
humilde: — «Avè, cheia de graça! — Eis a escrava
do Senhor». — «O Senhor é contigo; achaste graça
diante dele. — Eis a escrava do Senhor». — «Bendita
és tu entre as mulheres! — lus a escrava do Senhor».
— «O teu filho há-de receber a herança dos patriarcas
e o trono dos .seus maiores; é o Eilho de Deus;
tu és a Mãe de Deus.— Eis a escrava do Senhor».
Eis a escrava do Senhor!... Ser escravos do
Senhor, dispostos sempre a cumprir i vontadi- san-

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ANUNCIAÇÃO.— HUMILDADE NA KÉ IJ

lissinia de Deus, eis o que c a verdadeira e sincera


humildade. Ver anjos ou não os ver, ouvir louvores
ou vitupérios, subir ou descer, prosperar ou decair,
isso que importa ? Ser escravos do Senhor c a nossa
condição, é a verdade fundamental da nossa exis­
tência, à qual não podia faltar a Mãe de Deus. Por
isso Ela ante a men.sagem do anjo só podia ter
esta resposta: «Eis a escrava do Senhor».
17. — Que diferente me .sinto de Vós, Virgem
Prudentíssima e Imaculada Mãe de D eus! De tudo
me envaideço: do nascimento, da condição, da força,
da beleza, da saúde, da posição, da profissão, da
fortuna, do talento, do pouco bem (jue faço. Como
.se alguma coisa fosse minha e não recebesse tudo
de D eus! .Às vezes caio até na loucura de ter vaidade
das minhas faltas, dos meus defeitos e dos meus
pecados...
Sobretudo que pouca submissão a minha ao
beneplácito divino! Que ignorância e que desconhe­
cimento prático dc que sou escravo do Senhor!
18. — Mãe de Deus e minha Mãe, pela vossa
profunda humildade, alcançai-me a graça duma
humildade .sincera, duma plena .submi.ssão à vontade
de Deus.
19. — Humilde ua sua f c . — .À humildade da
Santíssima Virgem revela-se também na .sua fé.

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«Feliz de ti, exclamará Santa Isabel, que acreditaste
na realização do que o Senhor te disse» (Luc. i, 45).
Creu Nossa Senhora sem relutância nem hesitação,
que seria mãe sem deixar de ser virgem, que seu
filho seria Deus, que o Verbo divino se faria
homem.
20. — Porque é que terá acreditado tão facil­
mente coisas tão inauditas? Pela graça dc Deus,
certamente; mas também pela disposição das suas
virtudes, da sua humildade c da sua pureza.
Se Maria fosse menos humilde não seria tão
pura, porque não mereceria tanta ordem no seu ser
nem tanta sujeição da sensibilidade à disposição
e vontade do Senhor. Sc fosse menos pura não
seria tão humilde, porque seria menos dócil aos
convites do céu. Com efeito, a pureza supõe a
submissão da inteligência à luz do alto, o rendimento
da vontade à moção divina, c a subjugação dos
sentidos pela graça recebida no entendimento c na
vontade. Menos favorecida na fé, a Virgem não
teria sido nem tão humilde nem tão pura, porque
não teria compreendido o valor da humildade nem
o da pureza. Finalmente, .se não fosse tão humilde
c tão pura, não creria tão fàcilmentc nem teria tanta
fé, porque as dificuldades da fé nascem em geral
da soberba e da impureza. Os limpos dc coração

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vêem a Deus (Mat. v, 8 ); aos humildes c que Deus
se comunica (Prov. iii, 32), a eles é que dá a sua
graça (Jac. iv, 6. — 1 Petr. v, 5).
21. — Quantas vezes é tíbia a minha fc por ser
pouca a minha humildade e imperfeita a minha
pureza! Cegam a alma os fumos do orgulho e os
vapores da sensualidade! Quantas vezes a soberba
do espirito é castigada com a soberba dos sentidos,
as revoltas da vontade com as da carne!
22. — Imaculada Virgem Mãe de Deus e minha
Mãe, para eu gozar a felicidade de crer, obtende-mc
a graça de praticar; para conceber a Deus em meu
coração nesta vida pela fé, na outra pela vista,
fazei-mc a graça de ser humilde e puro, dai-me o
amor das humilhações e a vontade de me guardar
dos perigos.
23. — Pela obediência com que sujcitastcs o
VOS.SO entendimento às verdades divinas, por aquela
com que vos ofereccstes a toda a vontade de Deus
declarando-vos sua escrava, ouvi-me.
24. — Humilhação do Verbo. — Quando a Virgem
Santissima, acedendo à proposta de Deus, respondeu
a S. Gabriel: «Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se
em mim segundo a tua palavra», nesse instante o
Verbo divino humanou-se, incarnou, fez-se homem
ou como diz S. João (Jo. i, 14) para melhor expri-

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16 AXU.NXIAÇÃO. — OBEDIÊNCIA 1)0 VERIII)___________

mir a humilhação dele, fez-se carne. Vcrbum caro


factuin est.
Começou aqui na expressão de S. Paulo (Filip.
n , 7) i\ exinanição do Verbo eterno. Preexistia Ele
na substância c natureza divina de pleno direito,
e era, em todo o rigor da palavra, verdadeiro
Deus.
Contudo não se mostrou tão cioso da sua divin­
dade, que se recusasse a assumir uma natureza
humana, porque de facto se abateu e humilhou a
ponto de se fazer homem e de sujeitar-se a viver
externamente como se não se diferençasse dos
homens. Cheio de majestade, de glória, de poder,
de força, tudo escondeu e como que alijou dc si,
tornando-se como nada, — dc senhor feito escravo,
dc Deus homem, de criador criatura. Sendo por
essência o ser, assumiu uma natureza que dc si era
nada.
25. — Sua obediência. — Depois desta humilhação
espantosa, mas voluntária, o primeiro pensamento
que teve Nosso Senhor Jesus Cristo, diz S. Paulo,
que foi este: «Eis-me aqui. Senhor, para fazer a
vos.sa vontade» (Hebr. x, 5-9). E qual era a von­
tade de Deus a respeito do Verbo humanado? Era a
nossa salvação por meio duma vida de dor e mar­
tírio e duma horrivel morte na cruz. Com efeito.

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por causa dc nós, homens, c por causa da nossa
salvação, diz o Credo, c que o l'ilho dc Deus desceu
dos céus e se fez homem.
Incarnou o Verbo divino aniquilando-se e obe­
decendo por amor de mim! Duas humilhações:
— a do abatimento, fazcndo-.sc homem «Verbuin caro
factum esl»; — a da obediência, cumprindo como
servo a vontade dc Deus «huiniliavit scinetipsum
factus obedietis» (Filip. //, 8).
Oh que admirável dignação da piedade divina!
Oh que inefável amor dc caridade!
26. — Verbo eterno de Deus, Deus verdadeiro
dc Deus verdadeiro, eu Vos adoro feito homem por
amor dos homens e por amor de mim. Creio na vossa
divindade c na vossa humanidade. Amo-Vos, Senhor,
crendo e bendizendo com toda a gratidão a vossa
infinita caridade para comigo. Por esta me.sma Vos
rogo c suplico que rendais todos os homens ao vosso
amor, que a todos deis a graça dc imitarem o vos.so
abatimento c a vos.sa obediência, c dc cumprirem
como servos a vontade do Senhor, c como filhos
a do Pai ([uc está nos céus.
Virgem Mãe dc Deus, rogai por nós.

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Segundo Misfério Gozoso
A Visitação

1. — Naqueles dias, Maria, levantaiido-se, diri­


giu-se à pressa para a região dos montes, para uma
cidade de Judá; e entrou na casa dc Zacarias e
saudou Isabel. E aconteceu que, mal ouviu Isabel
a saudação dc Maria, o menino exultou no seio dela;
e 1.sabei foi cheia de Espirito Santo. E exclamou
com grande voz e disse; Bendita és tu entre as
mulheres c bendito é o fruto do teu ventre. E donde
me vem a mim a honra desta visita da mãe do meu
Senhor?
Porque mal as palavras com que me saudaste,
me chegaram aos ouvidos, exultou de alegria o
menino em meu seio. E bem-aventurada de ti, porque
creste que se há-de cumprir completamente o que
te foi dito de parte do Senhor.
E Maria disse: Minha alma glorifica o Senhor
e meu espírito exultou em Deus, meu Salvador...
(Luc. /, 39-56).
2. — Cansada da longa viagem c da pressa
do caminho, entra a Virgem Santíssima na casa dc

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Zacarias, c — en­
carando coin Santa
Isabel — levanta a
voz e os braços,
cheia de alvoroço e
entusiasmo, e saúda
sua prima dando-
-Ihe num enterne­
cido abraço os mais
afectuosos para­
béns pela mira­
culosa graça rece­
bida. do céu.
3. — Mãe do
meu Senhor, pela
caridade (|ue Vos
move na \ossa via­
gem, tazei-me a
graça de seguir os
vossos |)assos na
fidelidade às inspiraçfx-s divinas, no exercicio da
caridade, no zelo do apqstolado e na gratidão aos
dons de Deus.
4. — A casa de Zacarias não é certo onde fosse:
talvez na cidade .sacerdotal de H ebron; talvez na
antiga Cãrem, hoje .Aín-Cârim, umas duas léguas de

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Jerusalém; e mais provàvelmente em lutá, nas cer­
canias de Hebron.
De Nazaré a Iut<á são trinta léguas, ou cento
e cincoenta quilômetros, de terras montanhosas.
Na ocasião da Páscoa encaminham-.se a Jeru­
salém, para as festas, numerosas caravanas. Com
um grupo de peregrinos Maria atravessa os montes
de lUraim, pára talvez na cidade .santa, e metendo-se
pelas gargantas daquelas serras, coutinua o caminho
para lutá.
.5. — N." Senhora vai apressada, mas composta,
modesta e recolhida, profundamente agradecida a
Deus pelo recente favor da Incarnação do Verbo.
O caminho é árduo e fatigoso, porcpie é longo
(quatro ou cinco dias, pelo menos) e muito aciden­
tado : não ob.stante, Maria vai depressa.
6. — Não vai enfadada do retiro e recolhimento,
aborrecida da estrciteza ou enfastiada da monotonia
de sua casa; não vai por curiosidade de certificar-se
da graça recebida por .Santa Isabel (não duvidava
da palavra do anjo) ; não vai para espairecer nem
divertir-se numa viagem 4c recreio ou de desporto;
não vai por nenhum respeito meramente humano.
A razão por que vai, e por cjue \ai a toda a pressa
através daqueles montes, é a in.spiração de Deus
e o ardor da caridade.

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7. — Nas palavras de S. Gabriel: «Sabe que Isabel,
tua parente, não obstante a sua velhice e esterilidade,
há já .seis me.ses que concebeu um filho» — perce­
beu um indício da vontade divina, que a convidava
a ir dar àquela privilcgiadr. do Senhor os parabéns
e oferecer-lhe os seus serviços.
K ei-la que parte. Foi visitada e saudada com
toda a veneração por um dos maiores príncipes da
Côrte do C éu; é a cheia de graça; tem o Senhor
consigo; é a bendita entre as mulheres; é a Mãe
de Deus. Mas is.so que lhe importa? Que lhe
importa a sua delicadeza, a aspereza e longura
do caminho, a ausência de sua casa? Deus indicou
o seu beneplácito; isso basta. Irá.
8. — F irá com toda a pressa. Sabe que sua
prima recebeu uma grande graça e foi livre do seu
opróbrio; sabe que naquela idade e naquelas circuns­
tâncias precisa, com certeza, que a auxiliem. Portanto
não sofre demoras. Sente-se ansiosa por desafogar
a alegria de seu coração, congratulando-se com Santa
Isabel pelo dom de Deus; sente necessidade de
expandir as chamas da sua caridade, juntando ao
carinho das palavras a dedicação das obras. Por isso
não só irá com toda a pressa, não só se antecipará
a saudar sua prima, mas ficará com ela cerca de
três meses para a servir.

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9. — Virgem Santíssima, Mãe de Deus e minha
M ãe! Pela vossa bondade e misericórdia, dignai-vos
fazer-me a graça de imitar os exemplos que me dais
neste mistério. Peço-Vos que me façais atento c
dócil às inspirações do céu, sincera e profundamente
humilde ante Deus e os homens, ardente na caridade
para me alegrar com os que se alegram e chorar
com os que choram e para servir generosamente
a quem pudor e precisar do meu auxilio.
10. — Conhecedora ou não dos desígnios da Pro­
vidência na inspiração de.sta visita, a Virgem Maria
cumpriu-os levando a casa dc Santa Isabel uma
torrente de maravilhas celestes. Foi lá, como há-de
ser em toda a parte e em todo o sempre, medianeira
e distribuidora da graça divina.
11. — .À voz da sua saudação S. João exulta de
alegria no seio materno; conhece c adora o Salvador
ali presente; recebe, conforme a promessa do anjo a
Zacarias, o F.spírito Santo, .sendo purificado do
pecado original c ornado de graça; finalmente inicia
o exercicio da sua missão de Precursor, porque no
dizer de Santo Ambrósio e S. Beda ( ') «estando
cheio do Espírito Santo, encheu dele sua mãe».

[>. 28, «I. 2, I*aris, 1905.

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12. — Ilustrada, pois, pelo Espirito Santo rompeu
.Santa Isabel num grande grito, exclamando: «Bendita
és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. 1'- donde mereci eu a graça dc ser visitada
pela mãe do meu Senhor? Porque mal ouvi a tua
.saudação, exultou de alegria o menino no meu seio.
M bem-aventurada quem acreditou que há-de ter
perfeita realização o que lhe foi dito da parte do
Senhor».
Quer dizer: com a luz divina que então recebeu,
conheceu Santa Isabel a grandeza e dignidade de
Maria, conheceu que líla era Mãe de Deus, conheceu
o mistério da incarnação do Verbo, conheceu a
felicidade de crer na palavra divina, conheceu e
apreciou a inestimável honra daquela visita, conheceu
a obrigação e os frutos da estima, louvor e devoção
a N." Senhora, e tudo isto conheceu no misterioso
júbilo, causado pela saudação da Mãe de Deus no
pequenino S. João Baptista.
13. — Portentosos efeitos duma única .saudação
de Maria! Virgem Santissima, Rainha e Mãe de
misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, volvci-
-nos esses vossos olhos tão misericordiosos; dizei
a nossos corações uma palavra e receberemos a luz
do Ivspirito Santo e seremos .santificados, e penetra­

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remos os mistérios divinos e bendiremos o vosso
nome e amar-Vos-emos para sempre.
14. — Sc pergunto porque é que a vossa saudação
produziu tão ricos frutos, vejo que estáveis com
Jesus (tinhei-lo no vosso seio e mais ainda na vossa
mente e no vosso coração), vejo que estáveis obede­
cendo à inspiração dc Deus, vejo que estáveis pra­
ticando a caridade à ciusta da vossa humilhação
e sacri ficio.
15. — Nos cjue me ouvem, conver.sam e tratam
não consigo efeitos nem de longe parecidos aos da
vossa visita. Que pouco lhes mostro a luz e os mis­
térios dc Deus, que pouco lhes faço sentir a felici­
dade de crer e a de Vos servir e am ar! Que pouco
ou mesmo nada! Se eu andasse mais com Jesus,
.se o tivesse mais no meu coração c nas minhas obras,
se fosse mais obediente aos convites da graça, mais
caridoso, mais humilde, mais morti ficado, de certo
faria muito mais.
16. — Mãe de Deus e minha Mãe, quero corri-
gir-me destes defeitos. Desagradam-Vos e impedem
o bem das almas. Diante de Vós faço o propósito
de cmendar-me, confiado no vosso amparo e auxilio.
17. — A Virgem Santíssima ao ouvir os louvores
que lhe dava Santa Lsabel e ao ver as graças de

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26 VISITAÇÃO.— ORATIDÃO UE MARIA

salvação que o Verbo Incarnado começava a derra­


mar sobre o gênero humano, prorrompe, com todo
o entusiasmo dc sua alma profundamente humilde
e reconhecida, num hino dc acção de graças a Deus.
Louva c bendiz ao Senhor e exulta nele, porque
não obstante ser tão pequenina e tão nada, se dignou
cumulá-la com os mais assombrosos dons da sua
poderosa, misericordiosa e santissima bondade.
Seguiu com Ela a norma ordinária da sua amorosa
providência, que consiste cm abater os soberbos c
exaltar os hum.ildcs, e cumpriu as promessas feitas
ao seu povo por meio dc Abraão e dos outros
patriarcas.
18. — Reparemos bem na humildade com que a
Mãe dc Deus .se confessa nada diante dele e admi­
remos a sua incomparável gratidão aos beneficios
divinos (outra forma de humildade).
19. — Humilima c gratíssima Virgem Maria,
Mãe de Dcus, .suplico-Vos a graça dc querer imitar
a vossa humildade e o vosso reconhecimento. Sou
nada e menos que nada, porque ao nada que de
mim .sou, ajuntei o nada do pecado; e devo infinita
gratidão a Dcus, porque não obstante os meus
pecados, Ele não cessa dc cnriquecer-mc, na ordem
da natureza c na da graça, com um precioso tesoiro
de beneficios.

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Portanto, unido a Vós, quero cantar-lhe com
as vossas palavras o meu hino de justo louvor e
reconhecimento:
«Minha alma glorifica o Senhor e o meu espirito
exulta em Deus meu Salvador. Porque lançou os
olhos para a baixeza da sua escrava: eis que de hoje
em diante todas as gerações me hão-de chamar
bem-aventurada. Porque fez em mim coisas grandes
aquele que é poderoso e cujo nome é santo, e cuja
misericórdia se estende de geração cm geração sobre
os que o temem. Manifestou o poder do seu braço:
dissipou os que se orgulhavam nos pensamentos do
seu coração. Depôs os poderosos do trono c elevou
os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu
os ricos sem nada. Tomou cuidado dc Israel seu
servo, lembrado da sua misericórdia. Conforme
tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua
liostcridadc para sempre».

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Terceiro Misfério Gozoso

o Nascimento

1. — E sucedeu que naqueles dias saiu um edito


de Césai’ Augusto para se fazer o recenseamento
de toda a terra. l'oi este o primeiro recenseamento
que se fez, governando a Siria Quirinio. IC iam
todos dar o seu nome ao registo, cada um à sua
cidade. José também foi da Galileia, da cidade de
Xazaré, à Judeia, à cidade de Davide, chamada
Belém, por ser da ca.sa e família dc Davide, para
se recensear com sua esposa Maria, que estava
grávida.
E aconteceu ([ue estando lá, se cumpriram os
dias de dar à luz. E deu à luz o seu filho primo­
gênito e envolveu-o em faixas e reclinou-o numa
manjedoura, porque não havia lugar para eles na
estalagem. (S. Luc. //, 1-7).
2. — A gruta de Belém abre no escuro da noite
a sua profunda boca, que é hoje, de verdade, um
abismo de mistérios. Sobre a palha da manjedoura
o Menino Jesus envolto em mantilhas. Dum lado

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a Virgem-Mãc, do
outro S. José, am­
bos cm adoração,
cm prece, cm êx­
tase ante o Sal­
vador, que hoje
nasceu para nós.
3 .— S. José,
Virgem Imacula­
da, nesta noite de
júbilo e de luz, cm
que os céus escor­
rem mel e a terra
se en f lora de espe­
rança, de ventura
e de felicidade,
sede meus inter-
cessores e media­
neiros. Ensinai-me a contemplar o Salvador, a com­
preender a infinita beleza e bondade de .seus dons,
e a querer os meios de salvação que Ele — Verbo
humanado — com sua beiiignidade e humildade me
ensina, para que, desprezando as impiedades c con­
cupiscências do século, eu saiba viver com mode­
ração, temperança, justiça e piedade, dc modo que
possa aguardar transfigurado de esperança aquele

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grande dia da vinda e gloriosa manifestação do
Senhor (Tit. ii, 11-13).
4. — A notícia do edito chegou a Nazaré. César
Augusto, imperador romano, queria saber quantos
eram os seus súbditos e quanto possuíam para lhes
impor o respectivo tributo. Por isso o recensea-
mento foi pelo comum do povo mal recebido.
5 — S. José e N." Senhora, olhos em Deus, fazem
os preparativos da viagem e partem. A Virgem Maria
vai provavelmente montada numa jumenta. S. José
caminha, ao lado, a pé. São quatro ou cinco dias
de jornada através da planicie dc lísdrclon, Jezrael,
montes da Samaria, Siquém, colinas da Judeia, Betei
e Jeru.salém ou talvez ao longo do Jordão. P Dezem­
bro, tempo de inverno: frio, vento, chuva, por vezes
neve. De dia pode fazer calor; mas as noites são
geladas.
6. — .'\o lado de Maria c de José pas.sam dc
ciuando em (|uando grupos ruidosos. Seguem o
mesmo caminho. Falam do recenseamento, das opres­
sões do estrangeiro, dos incômodos da viagem, das
suas preocupações mundanas. Dos dois humildes
viajantes não fazem ca.so. Não .sabem (luem são;
não sabem que um deles é a verdadeira Arca da
Aliança, onde habita o Verbo de Dcus. — P o mundo,
ignorante dos mistérios divinos.

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7. — Belém é um enxame clc forasteiros (|uc con­
correm ao recenseamento. S. José e Nossa .Senhora,
precisados de retiro e isolamento, não correm — como
vulgarmente se crê — dc porta cm porta, porciuc nas
casas dos parentes e amigos, que seriam com certeza
pobres, não podiam esperar o alojamento retirado
que as circunstâncias exigiam; dirigem-se directa­
mente à estalagem. Estava cheia. O oiro às vezes
faz portentos: arranja lugar onde o não há. José
e Maria são pobres, não têm dinheiro. Portanto,
para eles não há lugar. (Luc. //, 7).
8. — Buscam pois uma gruta. A cidade está
assentada no alto de duas colinas, à altitude dc 777
metros. No lado nascente da colina ocidental existe
uma lapa de uns 12 metros de comprimento, 4 dc
largura e 3 dc altura, a qual era provàvelmente uma
dependência do albergue e .se destinava aos animais.
Eá chegam ao anoitecer, lá entram e lá se aposen­
tam a Virgem Maria e S. Jo.sé. Ali é que vai nascer
o Eilho de Deus.
9. — No retiro daciuela lôbrega caverna, no fundo
silêncio daquela noite dc frio Dezembro, põe-se
N." Senhora em oração, penetrando de anelos e
súplicas o Céu, inflamada nas chamas da mais viva
caridade, e Cjuando o êxtase do seu amor é mais
alto, dá ao mundo, sem dor nem detrimento da sua

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integridade, o seu unigénito filho, Jesus. Ouve-lhe
os vagidos, vê-o no chão estendendo-lhe os bracinhos,
adora-o, aperta-o ao coração, c, entre penalizada de
tanta penúria e gozosa de infinita felicidade, envolve-o
em mantilhas e coloca-o na manjedoura .sobre a
palha.
10. — Meu Jesus, com a Virgem Imaculada Vossa
Mãe e com seu castíssimo espo.so S. José, eu Vos
adoro. Vos amo e Vos bendigo. Adoro-Vos, verda­
deiro Deus, feito por mim verdadeiro homem; amo-
-Vos, bondade e caridade infinita, porque sendo
tão grande e poderoso Vos fazeis tão pequenino
e fraco, para eu não me amedrontar com a vossa
justiça e para confiar na vossa misericórdia. Como
não hei-de confiar em Vós e amar-Vos, se tendo-
-Vos ofendido mc viestes oferecer o perdão c sendo
infelizmente Vosso inimigo me viestes oferecer a
reconciliação? Oh coração verdadeiramente generoso
e divino, oh bondade verdadeiramente infinita, eu
Vos louvo e bendigo!
Imaculada Virgem, Mãe do meu Deus, dignai-
-Vos fazer-mc entender este mistério dc amor, esta
admirável dignação da divina piedade; dignai-Vos
obter-mc a graça de lhe corresponder com todo o
fervor seguindo os exemplos do Verbo humanado,
exemplos admiráveis de obediência, de desprendi-

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inciito, cic niorlificação c dc humildade, exemplos
que, seguidos, serão a minha salvação.
11. — Obediência dc Jesus. — N. Senhor nasce
no tempo (üan. /.v, 24) c no lugar (M idi. v, 2)
predito pelos profetas cumprindo os decretos da
divina Providência, a qual, para realizar os seus
desígnios de amor e salvação, se serviu duma ordem
do poder civil, deitada por muitos à conta de soberba
e de cobiça do imperador.
12. — Para ([iie é que eu interpreto mal as ordens
da autoridade? Para que c que me impaciento
e talvez revolto com os sucessos da vida? Não me
ensina a razão e a fc que eles são disposições da
providência dc Deus? Não obstante a obediência
lhe impor sacrifícios, Jesus obedecia de bom coração,
com todo o coração e com toda a alma. li o mesmo
faziam Nossa Senhora e S. José.
13. — Seu desprendiinenlo. — .Sendo rico, diz
S. Paulo (2 Cor. vni, 9), fez-se i)or nós indigente,
lira o Senhor Universal do mundo e de suas gran­
dezas. Desprezou-as. Não se contentou com a
pobreza de seus pais nem com a das faixas que lhe
prepararam; quis uma gruta de.sprovida de tudo, e,
para repoisar, uma vil manjedoura.
14. — Serei cristão, eu com o coração tão ape­
gado aos bens terrenos, com tantos desejos de possuir

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c de enriquecer, com tantos luxos de habitação, de
aposento, de vestido, ou, se sou pobre, com tanta
pena e tantas queixas da minha pobreza?
15. — Sua humildade. — Humildade ensina-a
Jesus na condição dos pais que escolheu — eram
ob.scuros e S. José oper.ário; nas repulsas que sofreu
com eles, pois que não achou hospedagem no alber­
gue, e apre.seiitando-se aos seus, os .seus não o
receberam (Jo. i, 11); na lapa, que era um abrigo
de anim ais; na obscuridade do seu nascimento,
— o céu deu-o a conhecer, mas na terra, de (|ue era
Senhor, ninguém o sabia; na fraqueza e indigência
de menino com que nasceu; enfim na obediência
c no desprendimento que praticou.
16. — Jesus manso e humilde de coração, cusla-me
aqui olhar para o meu tão soberbo, tão, altivo, tão
vaidoso, tão indócil, tão incapaz de. suportar uma
afronta, uma injustiça, uma simples desatenção.
Pela intercessão de Vossa Mãe Santíssima e de
S. José, compadecei-Vos de mim e fazei o meii
coração semelhante ao Vosso.
17. — Sua mortificação — ü tempo é agreste,
a gruta incômoda, a palha dura e Nossa Senhora
com toda a sua ternura e carinho de mãe não pode
aliviar aquele sofrimento.

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18. — Quis isto Je.sus Menino para ine ensinar
a inortificar-me, porque sem mortificação o meu
corpo torna-se insofriclo e rebelde, a minha vontade
fraca, c eu incapaz de resi.stir ao pecado e de .ser
útil às almas.
19. — Reconheço, Jesus, diante do Vosso pre­
sépio, que a minha vida anda longe dos Vossos
exemplos. Tenho medo do .sofrimento e fujo dele.
ICm tudo procuro comodidades, conforto c prazer,
descontentando-Vos e pondo-me cm risco de Vos
ofender.
Hei-de continuar assim? Os meios de salvação
(pie me ensinais são humildade, obediência, des-
I)rendimento e mortificação. Se não os tomo nem
pratico, como hei-de salvar-me?... R compreensível
.ser cristão sem imitar a Cri.sto...?
20.— Meu Jesus, com o vosso infinito poder
ajudai-me. Virgem Santíssima intercedei por mim.
Vosso divino I'ilho na.sceu em tanta pobreza, desam­
paro e sofrimento, não acaso, mas por vontade e
escolha própria. Queria que eu .soubesse que .sem
penitência e satisfação dos pecados não posso sal-
var-me, e que sem desprendimento dos bens da
terra c sem mortificação dos sentidos e do orgulho,
é impossível guardar-me de pecar. .Alcançai-me
a graça de fazer o que l'.le me veio ensinar.

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Quarfo Misfério Gozoso

Purificação e Apresentação

1. — E depois que se cumpriram os dias da


purificação de Maria, segundo a lei de Moisés,
levaram o (Menino) a Jerusalém para o apresen-
larem ao Senhor, segundo o que está escrito na lei
do Senhor: «Todo o varão primogênito será consa­
grado ao Senhor», e para oferecerem cm sacrifício,
conforme a prescrição da lei do Senhor,, um par
de rolas ou dois pombinhos (S. Luc. //, 22-4).
2. — No templo, à porta de Nicanor, a (jual separa
o átrio das mulheres do dos homens, N." Senhora,
de pé, tem nos braços o seu divino filho. Ao lado,
S. José, com ambas as mãos diante do peito, em
gesto de oferecimento, sustenta uma gaiola com duas
pombas. Há curiosos olhando.
3. — Virgem Puríssima, pelo ardor de caridade
(|ue Vos inflama no cumprimento dos ritos sagrados
da purificação e da apresentação, fazei-me a graça
de compreender a genero.sa fidelidade do vosso
sacri ficio; abri-me o sacrário do Santíssimo Coração

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dc Jesus, para eu
ver, entender e
imitar os senti­
mentos de humil­
dade, de submis­
são, de obediência,
e de verdadeira
e sincera devoção,
dedicação e en­
trega, com (|ue
Jesus, se oferece
a seu Eterno Pai
para lhe reconhe­
cer o seu supremo
dominio de Cria­
dor e Senhor, e lhe fazer n mais perfeita e absoluta
doação de toda a sTja vontade e de toda a sua vida.
Vós, c|ue certamente Vos ofereceis a Deus com
Jesus, permiti que não obstante a minha indigni­
dade, eu junte ao dele e ao vosso o meu ofereci­
mento.
4. — Com umas duas horas de caminho a Sagrada
l'amilia põe-se de Belém em Jerusalém.' Antes do
.sacrifício da manhã dirige-se para o templo, atni-
vessa o átrio dos gentios entiuadrado de altos pórticos
ou colunatas, entra no das mulheres, sobe os (|uinze

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degraus de acesso à porta de Nicanor, a qual abre
para o átrio dos homens, c pára diante dela.
5. — Ali, provàvelmente, é que estava Simeão,
esperando que o Espírito Santo cumprisse a pro­
messa de lhe mostrar, antes da morte, o Ungido do
.Senhor; ali é que recebendo Je.sus nos braços, deu
testemunho dele. Aquele menino era o Salvador
Prometido, a luz dos gentios e do mundo, a glória
do seu povo, ocasião da ruina e cau.sa da .salvação
de muitos: porque nem todos o haviam de seguir,
antes muitos o haviam de contradizer.
6. — Ali também é que terá vindo a profetisa
Ana começando logo a louvar a Deus e a falar dc
Jesus a todos os que esperavam a consolação de
Israel.
7. — Era preceito da lei (pte, dando à luz filho
varão, as mães comparecessem no templo, quarenta
dias depois do parto, para se purificarem pelo ofe­
recimento de um sacrifício. Até então estavam proi­
bidas de entrar no lugar santo. O sacrifício era
para as ricas um cordeiro dc um ano, cm holocausto,
e uma rola ou pomba cm expiação dos pecados; para
as pobres era ou duas rolas ou duas pombas — uma
em holocau-sto, outra pelos pecados (Lev. xii, 1).
Apresentavam-se as mulheres à porta de Nicanor
diante dum sacerdote que recebendo os animais do

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40 PURIFICAÇÃO l>K MARIA

sacrifício, orava por elas c as abençoava rezando


uma fórmula e aspergindo-as, segundo parece, com
água lustrai.
8. — Esta pre.scrição cumpriu-a religiosamente
a Mãe de Deus, a qual, sendo imaculada c sempre
Virgem, não estava sujeita a ela.
«E evidente, diz S. Bernardo, que esta lei não
inclui a Mãe do Senhor... Podia, pois, a Virgem
dizer: Para que c que eu preciso da purificação?
Porque hei-de abstcr-me de entrar no templo, se dei
à luz o Senhor dele? Na minha maternidade não
há impureza nenhuma, porque o meu Filho é a
fonte da pureza e veio purificar do pecado o mundo.
Que há-de purificar cm mim a observância legal,
quando o próprio na.scimento tão imaculado de meu
lülho me fez ainda mais pura?
E verdade. Virgem bendita, que não tendes razão
para Vos purificardes nem necessidade dc puri­
ficação...» (').
9. — Imitar a Jesus foi motivo poderoso para a
Virgem Puríssima se submeter a uma lei por que
não era abrangida. Jesus como todos os meninos
circunci(lou-se e como todos os primogênitos ia ofe-

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__________________PURIFICAÇÃO nii MARIA _______________ 4 \_

rccer-se c resgatar-se no templo; sua Mãe purifi-


car-se-ia como todas as mães.
10. — Aliás as circunstâncias impunham-se. Para
não se apresentar à purificação N." Senhora ou havia
de desedificar o próximo ou revelar os mistérios
que a eximiam da lei. Desedificar o próximo cra
falta dc caridade; revelar os mistérios do Verbo
humanado era infidelidade a Deus. Como havia de
caber no Imaculado Coração de Maria uma falta ?
Portanto a Mãe de Deus cumpriu humilde e gosto­
samente a lei.
11. — Mas não sem sacrificio. líla que .sendo-lhe
oferecida a maternidade divina objectou o seu voto
de virgindade, não alega a sua virgindade para se
escusar da purificação e .sofre a humilhação terrivel
dc aos olhos de todos passar por não virgem. Acima
de toda a opinião dos homens o que lhe importava
era o beneplácito divino. Era Deus quem a guiava
e Deus via-lhe bem os segredos dc seu coração.
12. — Quão diferentes destes não são os meus
IJrocedimcntos! De quantos pretextos me valho para
me eximir de obrigações certas e talvez graves...,
de quantos subterfúgios lanço mão para atenuar
perigos, coonestar convivências, disfarçar precipícios,
santificar diversões...! Em quanta coisa descontento

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a Deus para não perder a opinião e a amizade do
mundo!
13. — Virgem purissima, diante de Vós reconheço
o meu erro. Quero de hoje em diante obedecer a
toda a lei de Deus, a todos os meus deveres, àquele
que tanto desprezo... Dai-me, Senhora, a liberdade
de coração para me desprender das cadeias do
mundo. Virgem fiel e poderosa, obtende-mc força
para ser fiel.
14. — cerimônia da purificação dc N." Senhora
seguc-sc a da apresentação de Jesus. O sacerdote
toma-o das mãos de S. José c, recebidos os cinco
ciclos do resgate (cada ciclo tinha 142 decigramas
de prata), entrega o Menino a seus pais c pronuncia
.sobre Ele as fórmulas da bênção ritual.
Com as mãos levantadas ao céu: «Sejam estes
ciclos 0 resgate do primogênito substituindo-o diante
do Senhor. Goze vida este menino para cumprir
a lei e merecer a vida eterna. Faça o Senhor que
assim como lha conserva mediante cstc resgate, lha
guarde também para a lei, para propagar a sua
linhagem e praticar boas obras». Pondo as mãos
sobre o menino: «O Senhor te faça como Efraím
c Manassés, te abençoe e te multiplique, te encha
dc bens da terra e te dc toda a prosperidade».

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15.— Pensemos no sentido desta cerimonia.
Je.sus não estava obrigado à lei da apresentação.
E>a o Filho de Deus. Pela união da sua humanidade
à sua pessoa divina, estava, em quanto homem, con­
sagrado a seu Pai da maneira mais soberana. Nem
propriamente seria resgatado.
Sempre dedicado .to serviço divino, viria final­
mente a sofrer a morte. Mas tinha razões poderosas
para se sujeitar ao uso comum.
16. — Estava escrito em Malaquias ( iti, 1): «Virá
imediatamente ao seu templo o Senhor (|ue Vós
buscais e o anjo da aliança que Vós (|uereis. E em
Ageu (ii, 8-10): «Virá o Desejado de todas as nações
c encherei de glória c.sta casa... e será maior a glória
desta última casa que a da antiga».
17. — Jesus, indo ao seu templo, além dc realizar
as profecias, acreditava-se também como homem,
como recém-na.scido e como primogênito; evitava
o escândalo dos judeus, que não sabiam do mistério
da incarnação; dava uma aprovação à lei e à san­
tidade legal e uma honra e.splêndida àquele lugar;
anunciava com o seu resgate por cinco ciclos o nosso
pelas suas cinco chagas; e principalmente glori ficava
seu Pai e ensinava-nos a nós.
18.— Deus mandara (jue os primogênitos do
.seu povo lhe fossem oferecidos e consagrados em

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reconhecimento do seu supremo domínio sobre tod<is
as coisas e para memória de os ter poupado quando
feriu de morte os do Egipto.
Nosso Senhor Jesus Cristo oferece-se para o
mesmo fim: para reconhecer que Deus é Senhor
de tudo e para salvar com seu sangue os que pelo
pecado mereceram a morte. Oferece-se como pri­
mogênito de muitos irmãos e de toda a criatura
(Rom. vm , 29; Col. i, 15) e como cabeça do gênero
humano. Consigo oferece-nos todos e oferece todo
o mundo. Feliz de quem se conforma com este ofe­
recimento, tributo universal de submissão c de
obediência à vontade de Deus! Desgraçado de quem
o desdiz!
19. — A oblação de Nosso Senhor não é feita
agora pela primeira vez. Agora é feita no momento
solene da apresentação, mas antes fora feita no
primeiro instante da incarnação. «Ao entrar no
mundo disse: As vítimas, os sacrifícios e os holo-
caustos não Vos agradaram; por isso eis-me aqui,
Senhor, neste corpo humano, pronto para fazer a
vossa vontade» (Hebr. x, 5-9). Oh com que íntima
humildade e acatamento adora Jesus em quanto
homem a Majestade Divina! Com ([ue ardor ama
a infinita Bondade! Com que ânsia deseja reparar
as ofen.sas de Deus!

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20.— Eu, como é que reconheço que Deus é
meu Senhor? Obedeço-Lhe aos seus mandamentos
e preceitos? Cumpro as minhas obrigações de reli­
gião, de piedade, de justiça, de caridade, os meus
deveres de estado? Aceito os contratempos e as
advcrsidades? Sou fiel às inspirações da graça?
Meto-me em ocasiões e perigos? Que oblações, que
.sacrifícios ofereço a Deus?
O meu procedimento é conforme à ordem dos
<lireitos divinos, à da razão, à da gratidão, à da
generosidade, à dos meus interesses sobrenaturais?
21. — Meu Jesus, na vossa oblação não estais s ó ;
estais acompanhado de vossa Mãe. Também Ela
Vos oferece e se oferece convosco a vosso eterno Pai,
c com quanto sacrifício! Oferece-Vos para uma
vida de dores, para a cruz, para a morte.
Pelos seus horríveis sofrimentos nesta perspectiva
do Calvário, dignai-Vos conceder-me a graça de me
unir a Vós e a Ela e de querer, sem temor das
dificuldades, cumprir sempre e em tudo com toda a
devoção a vossa santíssima vontade; porque na obe­
diência e fidelidade à lei e à vontade divina é que
reconhecerei o domínio de Deus e confessarei pràti-
camente que Ele é o meu Criador e Senhor.
Mãe de Deus e minha Mãe, rogai por mim.

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Quinto Misfério Gozoso

Perda de Jesus

1.— Iam seus pais todos os anos a Jerusalém


para a solenidade da Páscoa. E quando chegou à
idade de doze anos, .subindo eles a Jerusalém segundo
o costume daquela festa, quando passados os dias dela
se tornaram, fi­
cou o Menino ^~
Jesus em Jeru­
salém sem da­
rem fé seus pais.
E julgando
que ele fosse na
comitiva, cami­
nharam uma jor­
nada e puseram-
-.sc a procurá-lo
entre os paren­
tes c conhecidos.
E não o encon­
trando, voltaram

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a Jerusalém em busca dele. E aconteceu que três
dias depois foram dar com Ele no templo, sentado
no meio dos doutores, ouvindo-os c interrogando-os.
E todos os que o ouviam, estavam maravilhados da
sua sabedoria e das suas respostas.
E quando o viram ficaram admirados. E dissc-
-Ihe sua Mãe: — Filho, porque é que procedeste
assim connosco? Com que aflição e angústia teu
pai e eu te andávamos buscando!
E Ele respondeu-lhes; — Para que é que andáveis
à minha procura? Não sabícis que devo ocupar-me
nas coisas de meu Pai? (S. Luc. //, 41-9).
2. — Sentado num degrau de pedra junto duma
casa, um mendigo com a perna esquerda em chaga
desde o joelho ao pé, está encostado a um canto da
parede com o cotovelo direito apoiado a um ressai-
mento do edificio; e, segurando na mão direita uma
muleta que rasteja com a ponta pelo chão, volta a
cabeça para trás, porque alguém lhe pôs a mão num
ombro e lhe está falando.
R S. José que passando, dc bordão na mão direita,
.se inclina para ele e lhe pergunta se terá vi.sto por
ali Jesus.
N.“ Senhora, de túnica branca e manto de cor,
caminha aflita no meio do largo lagedo daquela
rua estreita, mãos enclavinhadas quase debaixo do

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queixo, cabeça levemente erguida, olhos de ansiada
angústia varando o céu. Busca a Jesus.
3. — Mãe aflita, pela dor inconsolável que sofreis
na perda dc Jesus, obtende-me a graça — que com
todo o ardor do meu coração vos suplico — de nunca
por minha culpa perder Jesus; de o buscar em dor
e lágrimas, se algum mau dia tiver culpàvelmente a
tristíssima infelicidade de o perder; de o encontrar
e de o guardar comigo, antepondo a todos os meus
interesses e a todos os meus afectos, ainda os mais
legítimos e santos, o único interesse e o único
afecto .sobre todos legítimo e santo de cumprir-
-Ihe exactamente a sua lei e de fazer-lhe sempre
e em tudo com toda a perfeição a sua santíssima
vontade.
4. — Desde os doze ou, pelo menos, desde os
treze anos todos os homens do povo de Deus tinham
obrigação de ir à festa da Páscoa a Jerusalém; as
mulheres não. Mas Nossa Senhora costumava acom­
panhar S. José. Na idade de doze anos o Menino
Jesus, tenha ou não tenha sido esta a primeira vez,
foi com seus pais.
5. — A Sagrada Família, após uma viagem de
pouco mais ou menos quatro dias, entrou na cidade,
a qual durante as solenidades pascais era de um
movimento espantoso, pela enorme afluência de

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peregrinoS; Calcula Flávio Josefo que a população
de Jerusalém era nestas ocasiões de 2.700.000
almas.
6. — Durante as festas tudo bem. No dia 14
do mês de Nisan a Sagrada Família comeu o cor­
deiro pascal, no dia 15 celebrou a solenidade da
Páscoa e no dia 16 a oferta das primícias. Muitos
peregrinos partiam no dia 17; mas a maneira de
falar de S. Lucas autoriza-nos a crer que S. José
com Nossa Senhora só abalaram depois dos sete dias
que duravam as solenidades.
7. — Dizemos S. José com Nossa Senhora, por­
que Jesus, sem lhes dar aviso, se deixou ficar em
Jerusalém, e eles só o acharam dc menos ao fim
da primeira jornada (') .
Foi uma perda inculpável, uma busca dolorosíi
e um encontro feliz.
8. — Nas ocasiões solenes de peregrinação jor-
nadeavam juntas em longas caravanas as famílias
ou os moradores do mesmo lugar. A partida dum
grupo numeroso com a azáfama, o rebuliço e a

tlcniora 11,1 |>,arti(la. Segundo a


Sagrada l'ainilia nesta viagem
salíni.

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confusão que a acompanhavam, era fácil ocasião de
perder-se de quem a levasse uma criança.
Não era proibido pelos usos que um menino de
doze anos fosse livremente na companhia dos seus
iguais ou na dos parentes e pessoas conhecidas.
Mesmo que não fosse quem era, Jesus já tinha
idade e desenvolvimento .suficiente para se guardar
dum extravio. Sobretudo tinha dócil c exacta obe­
diência, que Nossa Senhora e S. José bem conhe­
ciam, e da qual supunham, com razão, que o Menino
iria na comitiva. Não era, pois, coisa estranha
ou anormal que Ele não fosse ao lado de .seus
pais.
Portanto a Virgem Imaculada e seu castissimo
esposo, ao qual o Evangelho chama justo, não tiveram
culpa na perda do Menino.
9. — Mesmo assim, quem poderá calcular a pena
que sentiram, quando, ao acampar, se viram sem Ele?
Que sobressalto, que dor, que angústia a do Ima­
culado Coração de Maria neste aflitivo lance! Que
terá acontecido? Onde é que estará? Porque é
que desapareceu? Que é que eu terei feito?...
10. — Logo com S. José, correndo de grupo em
grupo, se põe a procurar seu divino Eilho entre os
parentes e conhecidos, até noite dentro. Mas Jesus
não aparece.

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Que noite aquela! Como era penetrante a espada
da profecia de Simeão!
Mal clareia o dia, abalam os dois, aflitos, para
Jerusalém. A estrada é um interminável formigueiro
de gente a pé e a cavalo. Nossa Senhora e S. José
olham, observam, examinam, vão dum lado a outro
às veredas por onde se afastam os caminhantes,
perguntam, dão sinais. Não vêem Jesus nem nin­
guém sabe dele.
Chegam à cidade e cai a noite, noite ansiosa
como a passada..
Na madrugada seguinte dirigem-se ao templo.
Correm os pórticos, os átrios, as dependências onde
podem entrar, e finalmente encontram-no sentado
entre os doutores.
11. — Façamos reflexão sobre nós mesmos.
N.“ Senhora perdeu Jesus sem culpa. Eu perco-o,
ou posso perdê-lo, culpàvelmente.
De muitas maneiras posso perder a Jesus. Posso
perdê-lo totalmente pelo pecado mortal, posso perdê-lo
rcpelindo-o com a tibieza, posso perdê-lo com o
pecado venial ou desgostando-o com infidelidades
c indelicadezas.
12. — Qual é neste momento o estado ou a dis­
posição da minha alma? Í-. de pecado, dc tibieza.

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(le facilidade em culpas veniais, de simpatia com
infidelidades conscientes?
13. — Quais são as coisas por que perco Jesus?
São bens terrenos, amizades, entretenimentos, diver­
sões, comodidades, satisfações, sensualidades, sober­
bas, faltas de caridade, vinganças? Alguma destas
coisas vale mais que Jesus?
14. — Como sou insensato e vão se desejo alguma
coi.sa fora de Jesus! Não é isto maior dano que se
perdesse todo o mundo? Que é ([ue o mundo me
pode dar, .sem Jesus? Estar sem Jesus é duro
inferno... Perder Jesus é perder .sem conta, e perder
mais que o mundo inteiro. Muito, muito pobre sou
.se vivo sem Jesus.
Grande arte é saber andar na companhia de
Jesus e grande prudência saber segurar e reter a
Je.sus!
Como quero ter Jesus comigo se não sou humilde
e manso, devoto e recolhido? Depressa afastarei
Jesus e perderei a sua graça, .se quiser derramar-me
nas coisas exteriores. E se o afastar e perder, a
quem hei-de ir e quem hei-de buscar para amigo?
Antes todo o mundo por contrário que desgostar
a Jesus (Imit. l. 2, c. 8).
1.5. — Senhor, com a vossa graça, c.sta c desde
agora a minha vontade. Reconheço que Vos tenho

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ofendido e desprezado, que Vos perdi muitas vezes.
Vos voltei as costas. Vos tive em menos que os meus
caprichos e vaidades e que as minhas mais vis
satisfações. Com imensa dor de minha alma o
confesso e Vos peço humildemente perdão.
16. — Mas assim como a dor dc Vossa Mãe
Purissima foi operosa e a moveu a buscar-Vos até
Vos encontrar, assim, com a vossa graça, eu quero
que seja a minha. Que me importa lamentar-me de
maus hábitos ou lamuriar-me da minha tibieza e das
minhas imperfeições, se não faço nada para me
emendar?! Pela vossa infinita misericórdia e pela
intercessão dc vossa Mãe aflita, dignai-Vos socor-

17. — Diante dela e de Vós proponho fugir


daquela ocasião... daquele perigo... passatempo...
companhia... leitura... praticar a humildade, a obe­
diência, a mortificação.
18. — Quando a Santíssima Virgem entrou no
recinto onde os doutores explicavam a lei e deu com
os olhos em Jesus, oh cjue esplendor de alegria lhe
iluminou o rosto, que íntimo gozo lhe inundou o
coração! — «Filho, exclamou, porque é que procedeste
assim connosco? Com que aflição teu pai e eu te
andávamos buscando!»

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Não são estas
palavras uma re­
preensão. N.“ Se­
nhora sabia muito
bem que seu Filho
era irrepreensivel e
que não fazia nada
sem uma razão su­
perior inspirada por
Deus e pelo Espí­
rito Santo; mas re­
cordava no conten­
tamento presente
a dor passada e
desejava saber a
causa desta acção
extraordinária do
Menino Jesus.
19. — E soube-a efectivamente. «Porque é que
me andáveis buscando? Não sabíeis que eu devia
estar na casa de meu Pai, ocupado nas coisas dc
seu serviço?»
Tampouco repreende Je.sus sua Mãe c S. Jo.sc;
lembra-lhes que não se guiando Elc senão pelo
beneplácito divino, deviam logo pensar que, .se tinha
desaparecido, fora por vontade dc seu Pai. Portanto

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porque haviam de afligir-se? Não tinham razão
para isso.
Admiravam-se de que não os tivesse avisado?
Mas, .se essa era, por insondáveis e justíssimos juízos,
a vontade do Pai, Jesus não podia deixar de cum­
pri-la. Maria era digníssima do amor de seu Filho.
Porém, infinitamente acima dela estava o amor do
Pai. Este é o amor que com toda a razão e justiça,
absorve o amor do Santíssimo Coração de Jesus.
Ao seu amor do Pai cede necessariamente, por muito
santo que seja, qualquer outro amor.
20. — Eu como é que imito o Sagrado Coração
de Jesus? Reconheço que Deus tem sobre mim e
sobre tudo o que é meu direitos infinitos? Nos meus
pensamentos c afectos, nas minhas palavras e obras
dou sempre o primeiro lugar aos desejos de Deus?
Por causa do amor a pessoas e coisas não tenho
fechado os ouvidos à voz divina, não a tenho for­
malmente desprezado? Se sou pai ou mãe de família
não saberei que os filhos são mais de Deus do que
meus? Filho de familia ignoro porventura que
sendo filho de meus pais da terra, o sou muito mais
de meu pai do céu? Religioso, sacerdote, simples
fiel porque é que não acabo de compreender que não
posso j)or interesses terrenos e por caprichos do

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amor próprio desdenhar ou ter ein menos os direitos,
os conselhos e o beneplácito de Deus?
21. — N.“ Senhora não compreendeu logo todo
o alcance da resposta de Jesus, (e etcs não enten­
deram 0 que lhes disse. — Luc. ii, 50) mas guardou-a
cm seu coração para a meditar e compreender depois.
22. — Virgem Santíssima, dignai-Vos pela vossa
bondade interceder por mim. Alcançai-me a graça
de compreender o exemplo de vosso divino Filho
e dc o imitar. Quero acima de tudo cumprir a von­
tade de Deus, quero cumpri-la principalmente naquele
ponto... em que tanto a tenho desatendido... Com
o vosso auxílio determino vencer-me naquela ocasião
em que tanto fraqueio..., esforçar-me por domar
aquela paixão que tanto me subjuga e arrasta...,
praticar aquela virtude que tanto me falta...
23. — A Vós recorro ainda para saber conservar
cm meu coração as palavras de Jesus, para as pene­
trar com a meditação, para as amar, para as fazer
norma da minha vida c caminho dc santidade c
salvação.

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Primeiro Misfério Doloroso

O ração no Horto

1. — Saindo do Cenáculo, Jesus transpôs a tor­


rente do Cedrão c encaminhou-se, conforme o seu
costume, para o Monte das Oliveiras, seguido de
seus discípulos. Lá, entrando com eles para um
prédio ou horto, chamado Getsemani, disse-lhes:
— Sentai-vos aqui, enquanto vou para além a orar.
E tomando consigo Pedro, Tiago c João começou
a sentir tristeza, angústia, pavor e tédio. E disse-lhes
então: — Sinto em minha alma uma tristeza de
morte. Ficai aqui e vigiai comigo.
E arrancando-se deles a pequena distância de
um tiro de pedra, caiu dc joelhos em terra, c dc
rosto no chão, orava dizendo: — Meu Pai que tudo
podes, se é possível, passe dc mim este cális, mas
não SC faça a minha vontade, senão a tua.
Depois vai ter com os seus discípulos e encon­
trando-os a dormir pelo acabrunhamento da tristeza,
diz a P edro: — Simão não pudeste vigiar uma hora
comigo?! Vigiai c orai para não entrardes cm

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^tentação. O espirito na verdade está pronto, mas a
carne é fraca.
E retirando-se segunda vez, orou dizendo: — Meu
Pai, se não pode passar éste cális sem que eu o beba,
faça-se a tua von­
tade. E indo outra
vez, encontrou-os
dormindo, porque
os olhos deles es-
tavam pesados; e
não sabiam que
responder-lhe.
E deixando-os
retirou-se de novo,
e orou terceira
vez, repetindo as
mesmas palavras.
Mostrou - se - lhe
então à vista um
Anjo a confortá-lo. E posto cm agonia, orava com
mais instância. E sobreveio-lhe um suor de gotas de
.sangue que corriam até à terra.
Depois, levantando-se da oração vai ter com os
discipulos e diz-lhes: — Dormi agora e descansai.
Basta, f: chegada a hora dc o Filho do homem ser
entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos,

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espinho, o lancinante desamparo do Gólgota, o fel
da injustiça, o absíntio dos iiltrajcs. L o pavor do
inevitável, sabido e não sabido: — sabido porque já
conhecido, não sabido porque não experimentado.
8. — Diz o .salmista: «Cercou-me uma manada
(le novilhos, investiram-me enormes toiros de Balan,
abrindo contra mim suas bocas com rugidos dc leão
faminto; rodearam-me matilhas dc cães, envolveu-me
uma turba de malvados» (Ps. xxi, 13-14 e 17).
Assim está Jesus no horto. Vê .antros donde saltam
feras, vê os corações dos homens donde os pecados
o investem, e apavora-se ante estas alimárias que
hão-de rasgá-lo cm suas garras e triturá-lo cm seus
dentes, porque há-de sofrer a ferocidade dos mons­
tros c|uc se aninham no coração do homem:
— maus pensamentos, impurezas, furtos, falsos tes­
temunhos, bUasfêmias Y-S". Mt. xv, 19).
9. — Levanta os olhos ao céu e treme, porque vê
armados contra si os terrores do Senhor (Job. vi, 4).
A justiça divina andou desde o principio buscando
um homem, no qual, para poupar a terra, descarre­
gasse os golpes da sua ira (Es. xxii, 30). Hoje
finalmente encontrou-o e nele derrama todo o cális
do seu furor c nele põe todo o peso da imensa mole
dos nos.sos crimes. Perante c.stes rigoyes da justiça
dc Deus é c(ue Jesus treme de pavor. «Entrou em

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mim o pavor c bateram de terror todos os meus
o-ssos» (Job. IV, 14).
10. — Começou a sentir tédio. O tédio não é o
simples enfado e aborrecimento;*ã inquietação ou
desassossego, o desprazer e desgosto; é a falta de
vigor e de ânimo, o peso, o desalento, o entorpe­
cimento quase ab.soluto; é sobretudo o nojo repulsivo,
a repugnância agoniada, a profunda e evi.scerante
náusea.
11. — Nosso Senhor tem diante de .si o número
sem conta dos nos.sos pecados, a malicia deles, a
sua repugnante hediondez e a sua horrenda podridão.
12. — Olha para os homens. Uns ingratos!
Pagãos, herejes, ci.smáticos, fiéis, os mesmos seus
l)redilectos como é (|ue lhe pagam a sua generosidade ?
E por tanta baixeza de crimes e por tanta ingratidão
de homens há-de sofrer e morrer! Quac utilitas in
sanguinc mco! (Ps. .y.y/.y, 10). Que pouca vai ser
nos homens a utilidade do meu sangue! Sinto-me
.sem vigor e sem frescura, prostrado, desfalecido,
oprimido, aniquilado, — água que se derrama e .some,
ossos espalhados, coração derretido como cera, forças
mirradas como telha em forno (Ps. .y.y/, 13-6).
13. — Contemplemos Jesus na sua angústia.
Aparta-se custosamente dos di.scipulos, põe-se em
oração, vai ter com eles, volta a orar, de novo os

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procura e torna à oração. Ele tão calado c sofrido
desabafa, queixa-se e pede conforto. Ele tão desejoso
de sofrer, treme, horroriza-se, suplica a .seu Pai
ansiosa e repetidamente que o livre daquele cális.
Ele tão objoctivo e moderado diz que padece torturas
mortais. Não pára nem so.ssega: dos di.scípulos para
o Pai, do Pai para os discípulos, já levantado, já de
joelhos, já por terra, gemendo, clamando e, pela
violência da luta íntima, suando sangue. Está diante
de meus olhos jazendo por terra, estendido e quase
inerte. I'cr mis et non homo (Fs. xxi, 7). E um
verme e não um homem.
14. — Jesus, eu sei que tendes em vos.sas mãos
todos os movimentos da vossa alma e da vossa sen­
sibilidade. Não se alteram sem Vós quererdes; se
Vos perturbam, sois Vós (|ue os agitais. Porque é
(|ue tão estranha e tão dolorosamente os comoveis
agora ?
A razão, responde Jesus, é que o Senhor pôs
sobre mim as tuas iniquidades e as de todos vós
(Is. U H , 6). E que aquele que era incapaz de
pecado, por ti e por vós fê-lo pecado (2 Cor. v, 21).
Salvo a culpa que não posso ter, .sou perante Deus
a consubstanciação, a incarnação do pecado. Por isso
sofro e agonizo. Tomei o teu lugar e o de todos
os (|ue pecam; portanto, embora inocente, sou cas­

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tigado como se fosse réu de todos os |)ecados, como
se fosse todos os pecadores.
15. — Vê se tenho razão para estar triste, infi­
nitamente triste. Sabe que é mau e muito amargo
ter deixado o Senhor teu Deus. Se o conhecesses
como Eu o conheço, se o amasses como Eu o amo,
oh que tristeza não terias de o ter ofendido e de
o terem ultrajado tanto os homens!
16. — Sou a vitima da ira de Deus. Vê como
é horrendo cair nas mãos dele, ser varado pela
indignação das suas .setas e salteado pelos seus
terrores!
17. — Como é que eu, que .sou pureza infinita,
não hei-de ter nojo e náusea, se o pecado me envolve
como um vestido, se me penetra até ao intimo dos
ossos e faz de mim um repelente leproso ?! Sou, por
amor de ti, um verdadeiro maldito.
18. — Compadece-te de mim e não me ofendas
mais, não me renoves com mais pecados esta agonia.
Lembra-te que Deus me quis esmagar e triturar
pelos teus crimes.
Lembra-te que sou o b'ilho de Deus e Dcus
verdadeiro, inocência, pureza, impecabilidade; que
padeço não por culpas minhas, que não posso ter,
mas pelas que tu comctcste. Quando o Filho de
Deus é assim castigado por pecados não seus, que

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Segundo Misfério Doloroso

A Flagelação

1. — «Pilatos tomou Jesus e mandou açoitá-lo»


(Jo. XIX, JJ. — «Tendo flagelado Jesus, entregou-o
para ser crucificado» (.Mat. xxvii, 26; Marc. .\v, 15).
Não dizem mais os ICvangelhos deste horrivel
tormento da Paixão, senão que N. Senhor o anun­
ciou. — Os sacerdotes e os escribas «hão-de entregar
aos gentios (o I'ilho do Homem) para ser... fla­
gelado (Mt. XX, 19). «Hão-de açoitá-lo» (Mc. x, 34).
«Será flagelado...; e depois de o flagelarem, hão-de
matá-lo» (Lc. xv m , 32-3).
2. — Para os réus exporem comodamente à fla­
gelação as espáduas e as co.stas, o costume era atá-los
pelos pulsos a uma coluna de uns setenta centimetros,
a ([ual tinha chumbada no topo uma argola dc
ferro.
Em Roma, na igreja de Santa Praxedes, guarda-.se
uma coluna pequena, de mármore negro com istrias
brancas. Tem de altura setenta centimetros, e de

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diâmetro — na base — quarenta e cinco. E, dizem,
aquela a que N. Senhor foi atado.
Curvado, pois, sobre ela, recebe Jesus os açoites,
despido, em público, escorrendo sangue.
3.
meu Senhor e meu
Deus, ante o horrível
suplício que sofreis por
mim, peço-Vos, pela
infinita caridade do
vosso Coração aman­
tissimo, a graça de
me penetrardes inti­
mamente do vosso tor­
mento, a de me tres-
passardes com toda a
crueza das vossas do­
res, a de me retalhar-
des o coração com a
mágoa de Vos ter ofendido, pois os meus abo-
minandos pecados é que são a causa do \osso
castigo.
4. — O suplício da flagelação era terrível pela
fereza dos instrumentos, pelo rigor dos golpes, pelo
(lesapiedado dos verdugos e pelo que tinha dc humi­
lhante.

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Muitas vezes puniam-se os delinqüentes com
varas; mas os intrumentos da flagelação propria­
mente dita eram látegos de cordel, açoites de correia,
loros de coiro, azorragues de nervos de boi, fre­
quentemente armados de fragmentos de madeira, de
bolas de chumbo, de lascas ou pedaços de ossos, de
pontas, espigões ou ganchos de ferro chamados escor­
piões, com que as carnes dos réus se abriam, se
cortavam, se fendiam, se rasgavam e dilaceravam.
ã. — Os golpes não podiam entre os judeus passar
de quarenta (Deut. xxv, 3). Para não exceder este
número, os fariseus, por escrúpulo, reduziram-nos
a trinta e nove; e, quando se davam com flagelos de
três pontas, a treze. S. Paulo diz enumerando os
seus trabalhos: — cinco vezes recebi dos judeus qua­
renta golpes menos um. «Quinquies quadragenas,
una minus accepi» (2 Cor. xi, 24).
Fintre os romanos não havia número certo.
6. — Para .se irem revezando, os carrascos eram
quatro, seis ou oito, litores ou soldados, sem coração
nem piedade, e feriam tão rijo que a muitos dos
condenados deixavam sem vida.
Eusébio, historiador eclesiástico, fala ne.stes ter­
mos dos mártires de Esm irna: «Espantavam-se todos
os presentes vendo-os abertos a açoites até às veias
e às artérias mais profundas, patentes à vista os

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Órgãos mais recônditos do corpo e as próprias
visceras» (') .
Cicero descreve nas Verrinas o suplício do cava­
leiro romano Servilio: «Golpearam-no horrivelmente
com varas seis litores robustissimos e bem exerci­
tados neste infame serviço. Depressa o principal
deles, Séxtio, levanta o seu feixe de vergas e o des­
carrega com violência horrível .sobre os olhos do
infeliz, o qual, com a boca e os olhos inundados de
sangue, cai aos pés do verdugo que não cessa na
sua fúria de esfarrapar-lhe as costas.
Depois de tão bárbara execução, é retirado exâ-
nime o padecente, e dali a pouco morre» (®).
7. — Que N. .Senhor fosse tratado com excessos
de crueldade, é indubitável. Pilatos deve ter recomen­
dado rigor, pois não mandava flagelar N. Senhor
para o crucificar, mas para o livrar dos judeus,
apresentando-lho duramente torturado. Nem precisa­
vam de recomendações para ser cruéis, soldados C|ue
espontâneamente coroaram de espinhos e puseram a
ludibrio Jesus. Mas, com elas e com as instigações

(') Cii. |wr Kii.ibciilwucr. Kv. scc. M.nu., |>. 2.", p-Ág. .513.

Ora.i. .S. J. — Ejcrc. Esj). cic S. Inácio «c

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dos sacerdotes e dos príncipes do povo, passaram os
limites de toda a ferocidade.
Porém do número de açoites, não ob.stante o
ciue se diz nalgumas revelações, nada é certo.
8. — Está, pois, N. Senhor atado à coluna e
começam a açoitá-lo os e.sbirros. Zunem os golpes
no ar e estalam nas costas dc Jesus, traçando de
vergões aquele corpo inocente que intumece e incha.
Rasga-se a pele, fere-se e chaga-se a carne cavada
de .sulcos até aos ossos. Continuam os golpes.
O sangue (|ue primeiro saltava em gotas, agora
corre em fios e espalha no chão largas manchas
vermelhas.
9 .— Je.sus treme a cada novo açoite; mas .sofre
com paciência divina e com caridade infinita, por
mim e pelos meus pecados, pedindo para mim e para
eles, perdão.
«Como não quiscstes sacrifícios nem oblações,
e por isso me formastes este corpo, eis-me a(|ui.
Senhor, fazendo a vossa vontade» (líchr. .v, 5-7).
— «Os pecadores feriram minhas costas de golpes
.sem conta, abriram-nas de regos com os arados de
suas culpas» (S. cx xvm , 3). — «Meu Pai, perdoai-
-Ihes porque não sabem o que fazem» (Lc. x x m , 34).
Estes são os íntimos .sentimentos do man.síssimo
Coração de Je.sus, o qual os está oferecendo por mim

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a Dcus, cm fervorosa prece que talvez seus lábios
ciciem. Esquecido dc si, não se esquece de mim, dc
.ganhar o mcú arrependimento, a minha emenda, o
meu perdão, a minha salvação.
10. — S. Paulo, embora por justos motivos,
negou-se uma vez aos flagelos opondo os seus direitos
dc cidadão romano (Act. xxii, 25); c outra, depois
de vergastado, exigiu reparação, ponderando a dor,
a injustiça, a desonra, a publicidade da punição
e a sua própria qualidade civil (Acl. xvi, 37-9).
N. Senhor Jesus Cristo, Rei dos reis e Senhor dos
senhores. Rei Universal dos séculos. Filho dc Dcus,
Dcus eterno e Omnipotentc como seu Pai, sofre das
mãos de brutos soldados, em silêncio, nu, publica­
mente, amarrado a uma coluna, o castigo da gente
vil, dos escravos, dos celerados, dos facínoras. l'ora
declarado inocente, pelo menos três vezes (Jo. xviif,
38; XIX, 4 e 6), c contudo é flagelado.
11. — Senhor, porque é que sujeitais o vosso
corpo tão sensível, tão inocente, tão puro, tão santo,
a um tormento tão atroz, tão penetrante, tão humi­
lhante ?
A flagelação era principalmente uma pena cor­
poral, um castigo dos sentidos. Quis N. Senhor
padecê-la em satisfação dos pecados sensuais: tantos.

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tão vergonhosos, tão continuos, tão funestos e hoje
infelizmente tão insolentes e tão públicos.
12. — Sou pecador? Ânimo e confiança porque
onde abundou o delito, superabundou a graça
(Rom. V, 20). A satisfação de Jesus c abundantís­
sima e clama a Deus perdão.
Mas arrependimento, emenda e penitência. Deve-
-me pesar da ofensa de Deus, devo nunca mais
cometê-la, devo castigá-la, devo enfrear o impeto do
mal, devo prevenir possíveis e talvez prováveis
(|uedas. N. Senhor, inocente e impecável, castigando
em si os meus pecados, pagando com suas dores os
meus deleites, com sua desnudez as minhas imodéstias,
provocações e modas,— mostra-me e ensina-mc o
(|uc hei-de fazer. Que importa a beleza, a .saúde,
as forças? O que importa é não mais pecar, o que
importa é reparar o pecado.
Que tenho eu feito? Que faço? Que hei-de fazer?
13.— Jesus, ante o vosso suplício, reconheço o
mal que fiz. Dignai-Vos fazer-me a graça dum
sincero e firme arrependimento. Nunca mais ofen-
der-Vos, Senhor; nunca mais. Aqui, diante do vosso
sangue, proponho fugir dos perigos: de companhias,
de olhares, de leituras, de cinemas, de teatros, de
casinos, de praias, de modas, de amizades... Ajudai
a minha fraqueza com a vossa força omnipotcnte.

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14. — Sou inocente? Oh graças infinita.s meu
Jesus! Mas, para me conservar assim, para imitar-
-Vos, para desagravar-Vo.s, quero trazer em meu
corpo os VOS.SOS estigmas, Jesus: (Gal. vi, 17) quero
morti ficar a minha vista, o meu coração, a minha
fantasia, a minha curiosidade, a minha sensibilidade,
as minhas más inclinações.
Quero desta maneira conservar-me longe do
pecado, c|ue tanto Vo.s faz sofrer. Quero aborrecê-lo
e odiá-lo para nunca em minha vida o cometer.
Pelas dores de vossa Mãe .Santissima e pelas
vossas, fazei-me esta graça, Jesus.

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Terceiro Misfério Doloroso
Coroação de Espinhos

1. — Então os soldados do Governador, levando


Jesus para dentro do Pretório reuniram à volta dele
toda a coorte. E despindo-o revestiram-no dum manto
dc púrpura. E entrançando uma coroa de espinhos
puscram-lha sobre a cabeça, c mcteram-lhc na mão
direita uma cana. E dobrando diante dele o joelho,
escarneciam dele dizendo: — Deus te salve. Rei dos
Judeus. E davam-lhe bofetadas, e cuspindo nele,
tomavam-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça
(Mat. xxvn, 27-30; Marc. xv, 16-9; Jo. xix, 2-3).
2. — Num pátio interior do palácio do Governa­
dor romano está N. Senhor Jesus Cristo sentado
num soco de coluna, com um farrapo de púrpura
pelos ombros, na mão direita a cana e na cabeça a
coroa de espinhos. Os soldados da coorte vêm diante
dele e, por zombaria, ajoelham saudando-o rei dos
Judeus, esbofeteando-o e dando-lhe na cabeça pan­
cadas com a cana.
3. — Jesus, que sois a imagem de Deus invisível,
o primogênito dc toda a criatura, aquele cm quem

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e por quem foram criadas todas as coisas visíveis
e invisivcis c cm quem todas elas subsistem, aquele

que tendes o primado de tudo e em quem habita a


plenitude da divindade (Col. i, 15-20; //, 9), eu Vos

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adoro na vossa humilhação e Vos reconheço e pro­
clamo meu Deus e meu Senhor e meu Rei.
Rei dos reis e Senhor dos que dominam (Apoc.
XIX, 16), Rei imortal dos séculos ( I Titn. i, 17),
pela paciência e caridade infinita com que sofreis
estas dores tão aflitivas e atrozes e estas afrontas
tão indignas, dignai-Vos despertar em meu coração
os sentimentos que inflamam o vosso, para que eu
sinta intimamente as vossas penas e deseje e queira
os vossos opróbrios.
4. — Os soldados que flagelaram N. Senhor, têm
a lembrança de divertir-se à custa dele. Levam-no,
pois, para dentro do Pretório — a flagelação tinha
sido fora, cm público — e mandam chamar os com­
panheiros. Convocaram, diz S. Mateus, toda a
coorte (Mat. xxvii, 27); não que reunissem os qui­
nhentos ou seiscentos homens que normalmente a
compunham (nas tropas auxiliares compunham-na
até mil), mas os que estavam naquele tempo sem
serviço, os quais certamente eram muitos (').

areia de 1'alestina, porque nesta cid.ade É que morava habitual-


memc o Procurador da Judeia, o qual pelas festas dos judeus ii
Jerusalém para assegurar a ordem.

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5 .— Juntos, começa aquela soldadesca, grosseira
e desapiedada a distrair-se atormentando e insultando
o Filho de Deus.
Primeiro despem-no. E se, como alguns crêem,
lhe tiram não só o manto mas também a túnica,
segundo já tinham feito para açoitá-lo, é grande o
sofrimento que lhe dão; porque as roupas coladas
às carnes despedaçadas na flagelação, não podem
arrancar-se sem renovar as feridas c agravar as
dores.
6. — Depois coroam-no de espinhos. A matéria
para a coroa tomam-na dc ramos que ali teriam
enfeixados para o lume, cortados de umas árvores
(espécie de açofcifeiras ou jujubeiras), que sobem
de três até seis metros e criam na axila das folhas
dois espinhos de alguns centímetros dc comprimento,
duros e penetrantes, um direito e outro curvo como
um gancho.
Pegam, pois, na atadura dum molho feita de
juncos, arranjam com ela um circulo e atam nele
as varas, lançando-as lado a lado cm toda a volta.
A espécie de mitra ou capacete resultante é que
põem na cabeça dc N. Senhor, calcando-lhe em cima
com a cana. Esta, se porventura era a vulgar, devia
ser grossa e consistente.

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Noutra opinião, a coroa tinha o aspecto duma
barra e foi aplicada à testa e cabeça de Jesus e atada
com cordéis pela nuca.
7. — Que figura lastimosa a de nosso Salvador!
Cabeça inclinada, rosto meio oculto, cabelos dcscom-
postos, os espinhos enterrados até ao crâneo tres­
passando a pele em muitas partes, o sangue gote­
jando e correndo cm fio pela fronte, pelos olhos,
pelas faces, empastando os cabelos. Que dor a cada
abalo e movimento!
8. — Os soldados não se importam. Riem e gozam
com a tortura dum inocente, que é Filho dc Deus
c Deus verdadeiro. Tomam-lhe da mão a cana,
batem-lhe com ela na cabeça c ferem-no na face
a bofetadas.
9. — Mas, nesta cena, não é isto o mais doloroso.
O mais pungente e amargo de sofrer é a irrisão
e o escárnio à realeza de Cristo. Ouviram aqueles
homens que Ele era rei dos judeus e quiseram pô-lo
n ridículo como tal. Era judeu c dizia-se rei?...
Iam dar-lhe um trono e uma côrte.
Os generais, os reis e os imperadores usavam
como insígnia do seu mando ou soberania a púrpura ?
Dcitam-lhc aos ombros um manto velho e roto, da
mesma cor. Os reis usavam coroas de oiro e pedras
preciosas? Cingem-lhe uma de espinhos. Traziam

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na mão o cetro? Metem-lhe na direita uma cana.
P or trono a base duma coluna caída.
Os reis tinham suas côrtes e recebiam acatamento,
honra e veneração de seus súbditos, os quais se lhes
prostravam diante, lhes beijavam a mão, o cetro
e mesmo o rosto e lhes ofereciam presentes? Tudo
isso dariam também a Jesus. E ei-los que entre
momices e esgares e entre as gargalhadas dos colegas,
avançam para diante dele e com ridícula gravidade
dobram o joelho saudando: — Deus te salve, rei dos
judeus. E em vez de presentes, pancadas e bofetadas;
e por ósculos, salivas. Talvez com encontrões o
deitam ao chão.
10. — Jesus, manso e humilde de coração, não
evita os golpes, não retira o rosto a quem lhe arrepela
as barbas, não volta a cara a quem o insulta e o
cospe (Is. L, 6). Tomam-lhe a cana; larga-a. Tor-
nam-lha a dar; aceita-a e aperta-a carinhosamente
como instrumento de sua dor e ultraje e da minha
salvação.
No horto, antes de dar os pulsos às cordas e
algemas, prostrou por terra seus inimigos com duas
palavras: — Sou eu. Agora cala-se, e, em silêncio
sofre aquele manto, aquela cana, aquele trono, aquela
coroa, aqueles olhares, as pancadas, as punhadas, os
repelões, as bofetadas, as chufas, mofas, zombarias.

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risos, cscámios e sarcasmos. É, na verdade, saturado
de opróbrios... (Thre. ///, 30).
Em seu coração não levanta um assomo de ira,
que seria tão justa. Pelo contrário. O que levanta
é o fervor da mais enternecida oração pelos seus
algozes e por todos os homens para os converter
à penitência e aos caminhos de Deus.
11. — Jesus, porventura estareis esquecido da
dignidade, da grandeza, da soberania e da majestade
de vossa divina pessoa, para sofrerdes de homens
tão vis c miseráveis injustiças tão grandes, suplícios
tão crueis, vilipêndios de tanta afronta c ignomínia?
Jesus não está esquecido. Sabe muito bem
quem é. Sabe que o Pai lhe entregou nas mãos
todo o poder; sabe que vem de Deus e que torna
para Deus (Jo. xin , 3 ); sabe que Ele e o Pai são
uma só coisa (Jo. x, 30). Mas sabendo tudo isto,
sabe também que se encarregou de pagar e satisfazer
pelos meus pecados.
Sou orgulhoso, ambicioso, amigo de louvores e
de honras, a ponto de me vingar da mínima desa­
tenção ou palavra com que imagino ser ofendido
ou menos apreciado.
Chego na minha fátua presunção a murmurar
da legítima autoridade pátria, civil e religiosa, a
insurgir-me contra ela c até a injuriá-la.

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Admito voluntariamente em mim um turbilhão,
de pensamentos dc soberba, dc independência, de
insubordinação c revolta, de inju.stiça, dcscaridade,
devaneios perigosos, se não mesmo proibidos.
Não faço caso, ou faço muito pouco, do bom
nome c fama alheia, c não acabo de resolver-me a
aceitar pacientemente as humilhações, as críticas,
as censuras, os desdcns c os desprezos.
Para pagar por estas minhas faltas e pecados
é que N. Senhor quer sofrer a coroação dc espi­
nhos e a acerba derisão da sua realeza.
12. — Coração de Jesus, saturado de opróbrios
e esmagado de dor por causa dos meus crimes;
Coração dc Jesus, paciente c dc muita misericórdia,
rico para com todos os que Vos invocam, fazei-me
compreender que pela humildade c sofrimento c
que triunfais do mundo e nos atrais a Vós. Ponde
cm mim os olhos da vossa mansíssima benignidade
e dai-me a estima e o amor das humilhações, do
abatimento, da submissão, da obediência, das heróicas
virtudes que em Vós contemplo.
Sois o meu Rei. Reinai na minha inteligência
pela vossa verdade c doutrina; reinai na minha
vontade pelo cumprimento da vossa santa lei; reinai
no meu coração pelo vosso amor e caridade. Reinai

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em todos os corações, em todas as famílias, em todos
os povos.
Por aqueles que não querem que reineis sobre
eles, quero desagravar-Vos confessando os vossos
direitos e aclamando o vosso reinado.
Debalde fremem as gentes c maquinam revoltas
com seus chefes contra Vós para se livrarem de
Vos servir. O que mora nos céus ri-se deles e a
seu tempo os deitará por terra. Constituiu-Vos
Rei sobre Sião e Vós proclamais o seu decreto:
— O Senhor disse-me: «Tu és meu Filho, eu gerei-te
neste dia. Portanto, todas as nações são tua herança
e teu domínio a terra inteira».
Fazei, Senhor, que todos aceitem o vosso reino,
e recebendo a vossa doutrina. Vos ofereçam respeito
e amor. Quem Vos recusa será castigado e só será
.salvo quem confia em Vós. (Ps. n ).

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Quarto Misfério Doloroso

Levando e Cruz

1. — Pilatos, tendo mandado açoitar Jesus, entre­


gou-o para ser crucificado. Depois de o terem
escarnecido vesti­
ram-no com seus
vestidos e levaram-
-no a crucificar.
E ao sairem com
Ele carregado com
a cruz, encontra­
ram um homem dc
Cirene, de nome
Simão, o qual vol­
tava do campo e
era pai de Alexan­
dre e de Rufo, e
obrigaram-no a le­
var a cruz dc Jesus
atrás dele. Scguia-o
grande multidão dc

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povo e (le mulheres, as quais batiam no peito c o
lamentavam. Jesus, voltando-se para elas, disse-lhes:
— Filhas de Jerusalém, não mc choreis a mim;
chorai-vos antes a vós e a vossos filhos, porque não
tardam ai dias em que dirão: — Bem-aventuradas as
estéreis e as entranhas que não geraram e os peitos
que não aleitaram. Então hão-de pôr-se a dizer aos
montes: — Cai sobre nós — e às colinas: — Escon-
dci-nos — porque se no lenho verde fazem isto,
no seco que se fará?
Levavam também dois malfeitores para serem
mortos com Ele. E chegaram a um lugar chamado
Gólgota, o qual nome significa lugar do crâneo
(Mat. XXVII, 26-33; Mc. xv, 15-22; Lc. xxiii, 24-33;
Jo. XIX, 16-7).
2. — Acobardado com as ameaças dos judeus
e receoso de ser acusado ao imperador Tibério,
Pilatos, que nas suas exacções, crueldades e tiranias
tinha motivos para temer uma exoneração, lavou
as mãos e sentenciou: Irás à Cruz.
Sai, pois, Jesus com ela às costas. Adiante o
centurião a cavalo; atrás os condenados, cada um
deles escoltado por quatro soldados e precedido por
um arauto com o letreiro da condenação, letreiro
(|ue às vezes ia pendurado ao pescoço do ré u ; logo

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OS serviçais com os instrumentos necessários; e final­
mente a multidão do povo.
Exausto de sofrimento, N. Senhor pára e fala
às mulheres de Jerusalém: — Não choreis por mim,
chorai antes por vós e por vossos filhos...; porque
quando ao lenho verde fazem isto, do seco que é
que será?
3 .— Jesus, pelo vosso generosíssimo Coração
que esquecido dos próprios males se aflige e angustia
com os nossos, dignai-Vos fazer-me a graça de sentir
e chorar as vossas dores. Inflamai o meu coração
no vosso amor, reparti comigo as vossas penas,
imprimi cm mim as vossas chagas e feri-me de
profundo sentimento delas. Pela vossa caridade
infinita c pela intercessão de vossa Mãe Santissima,
ensinai-me a levar convosco a minha cruz, e iJene-
trai-me de ódio e horror ao pecado c do santo temor
da justiça de Deus.
4. — Sob a pressão do povo amotinado pelos
príncipes dos sacerdotes, deu Pilatos contra N. Senhor
uma sentença gravemente injusta.
O procurador romano não teve dificuldade em
ver que os testemunhos levantados a N. Senhor por
seus inimigos, eram falsos. Acusaram-no de blas­
femo, e de conspirador que revoltava o povo contra
Roma proibindo pagar-lhe tributos e arrogando-se

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O nome (le rei. Tudo calúnias. Por inveja é que
os príncipes dos sacerdotes tinham entregado Jesus.
Por isso o governador procurou salvá-lo. Três vezes,
falando à turba, o declarou sem culpa (Jo. xviii, 38;
XIX, 4 e 6 ) ; t outra ainda, quando lavou as mãos,
dizendo: — Eu sou inocente do sangue deste justo
(Mat. XXVII, 24).
Não obstante, com medo de ser acusado a Tibério
e de perder o governo que tinha, condenou N. Senhor
a morte afrontosa e cruel, qual era a morte de cruz:
— cruel pelo rigor dos tormentos, afrontosa por se
dar só a escravos e a grandes criminosos.
5. — A maneira como N. Senhor ouviu esta
sentença pode inferir-se do desejo que Ele tinha de
baptizar-se no próprio sangue. «Tenho que ser bapti-
zado num baptismo e que ânsias sinto por ser nier-
gulhado nele» (Lc. xii, 50).
Pesando toda a injustiça da sua condenação, não
se ira, não se impacienta, não protesta, não reclama,
não apela, não se queixa, não solta uma palavra
contra o juiz nem contra seus ministros. Se olha
para a inocência da sua pessoa tem por iníquo o seu
julgamento; mas se repara que está alí em meu lugar,
carregado com os meus pecados e encarregado de
satisfazer por eles, então não o considera iníquo,
senão justíssimo. Por isso não obstante o horror

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natural que lhe mete a morte, estremece também de
contentamento por poder aplacar a justiça divina
e livrar-me da condenação.
6. — Bendito sejais, bondosíssimo Jesus, pela
vossa imensa caridade. Deixais-Vos condenar para
me salvar; aceitais a morte para me dar a vida e me
livrar da desgraça eterna. Como hei-de pagar-Vos
tanto amor? Senhor, na vida e na morte quero ser
vosso; quero cumprir em tudo a vossa lei; quero
receber de vossa mão com perfeita conformidade
os trabalhos, as contradições, as penas, as angústias,
toda a condenação e calúnia. Dai-me a graça de
nunca, por nenhum interesse, cobardia ou medo, me
desviar do meu dever e de não me afastar da vossa
vontade.
7. — Começa a execução da sentença. Os soldados
tiram a N. Senhor a púrpura de escárnio e dão-lhe
os seus vestidos: túnica talar branca e manto escuro,
duma só còr ou listado. O Evangelho não diz se
lhe tiraram também a coroa de espinhos. Conforme
pensam Tertuliano, Orígenes e outros autores antigos,
mais provavelmente lha deixaram ficar, já por cruel­
dade, já por mofa da sua realeza, última acusação
que decidiu a sua morte.
8. — Os condenados levavam até ao lugar da
execução a cruz, ou toda ou, como era mais fre-

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quente, só o madeiro horizontal chamado patíbulo.
O Evangelho de S. João, o episódio do Cireneu e a
tradição, provam que N. Senhor levou a sua inteira.
Era uma cruz maior que as ordinárias: primeiro
porque Jesus foi tido na conta de celerado insigne
e as cruzes dos grandes criminosos eram maiores;
em segundo lugar, porque depois de crucificado,
para lhe chegarem à boca uma esponja, foi preciso
servirem-se duma cana.
9. — Conta-se de S.‘®André, que ao ser-lhe apre­
sentada a cruz do seu martírio, exclamou: — Salve
cruz preciosa, que há tanto tempo desejo, que tão
ardentemente tenho amado e tão continuamente tenho
buscado, e que finalmente tenho a felicidade de
encontrar para apagar as ânsias de sofrer por Aquele
que em teus braços me remiu!
Oh com quanto maior amor e ternura, com quanto
maior gozo do seu amantissimo coração abraça
N. Senhor e Salvador a sua cruz e a põe a seus
ombros para ir morrer por meu amor e por minha
salvação!
10. — Jesus, bendito sejais pela vossa dignação
e pela vossa inefável caridade. Por ela Vos rogo
e suplico me façais a graça de eu não repelir a cruz,
dc a estimar, dc a amar, de a buscar c de nela me
gloriar e morrer.

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11. — Acompanhado por dois ladrões, para maior
afronta e ignominia, sai N. Senhor Jesus Cristo
carregado com o seu patibulo. Esmagado com o peso
do madeiro, arrasta-se penosamente segurando-o com
uma das mãos e socrgueiido com a outra o vestido.
Curvado, passos incertos c mal seguros, feridas, e
chagas escorrendo sangue, rosto, cabelo e barba feitos
uma pasta, faces inchadas, lábios entreabertos, res­
piração ofegante, sede, febre, cansaço extremo...
.A.ssim vai oprimido com os meus pecados o Filho
dc Deus.
12. — A gente apinha-se a ver, varando-o de
olhares curiosos e vozeando observações injuriosas.
Agora é que se ficava sabendo o que eram os mila­
gres e os triunfos do grande pr.ofeta. Os pontífices
tinham de.scoberto que tudo era imposturas, e ali
o levavam condenado por malfeitor, rei fingido,
profeta falso e blasfemador. Pobre gente a que dias
antes o tinha aclamado por aquelas ruas chamando-
-Ihe filho de Davide!
13. — N. Senhor, como se nada ouvisse, avança,
tropeçando e caindo. Cai, segundo é tradição, sete
vezes. Como extenuado de sofrimento não pode
levantar-se, investem-no os beleguins e os soldados
com grito.s, pancadas e insultos. Era capaz de erguer
o templo em três dias e deixava-sc miseramente cair.

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E ra filho de Deus c não tinha força para levar
uma cruz. Paravain nisto as suas maravilhas e
prodígios.
14. — Quem é que ali tem compaixão de Jesus?
Simão de Cirene ajuda-o, é certo. Mas como ? Vinha
este homem a entrar na cidade, quando o cortejo
dos condenados saia. Até ao Calvário já não eram
mais de cem metros (') . Como, porém, os soldados
tinham medo que o nosso Salvador, carregado com o
patibulo, lhes ficasse morto no caminho, aliviam-no
do peso da cruz e, prendendo Simão, deitam-lha
às costas a ele e obrigam-no a levá-la atrás do Senhor.
Forçado, pois, e repugnando é que o Cireneu o
socorre, embora depois compadecido se tenha con­
formado, mudando a relutância em caridade.
1.5.— Jesus, perdoai-me, porque no trabalho em
que ides, também não Vos tenho ajudado. Tantas
vezes repugno e rejeito a cruz fugindo da mortifi­
cação e da penitência, negando-me a combater as
minhas más inclinações, desprezando a guarda dos

(Ias ruas da antiga Jerusalém. Mas, qualquer que leiilu


em que Jesus foi julgado, — Cúria, Torre Antútiia c
Herodes — aquela dislãneia, em linha reda. i mais ou m
e não excede uns 400 metros.

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VOSSOS preceitos, impacientando-me e revoltando-me
com as tribulações interiores e exteriores, com as
advcrsidades e calamidades e até com simples con­
trariedades. Cego de m im ! .Sei c|iie para ser vosso
discipulo tenho que negar-me a mim mesmo, tomar
a minha cruz cada dia e seguir-Vos, e contudo .só
forçado e violentado a aceito.
Dignai-Vos, Senhor, curar-me da minha cegueira.
Ajudai-me a corrigir-me, dai-me vontade generosa
de acompanhar-Vos, ensinai-me a gloriar-me na cruz
para Vos consolar de quão poucos a queremos e não
Vos deixar sozi­
nho com ela.
16. — línlre as
pessoas que nesla
via dolorosa se
compadecem de
Jesus, conserva a
tradição lembran­
ça de Santa Verô­
nica, a qual sem
temor se chega a
Ele e lhe enxuga
com um sudário o
rosto.
Profundamente

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ansiosa aparece também a Virgem Santíssima a ver
como vai seu divino Filho e quando põe nele os olhos
quem pode compreender a angústia em que Ela fica ?
Mas olha também para o céu, e imitando a caridade
de Deus, o qual, para me poupar a mim, não poupa
o seu Unigénito, também Ela mais uma vez oferece
pelos pecadores, e entre eles por mim, o seu queri-
díssimo Jesus.
17. — Aflita Mãe de Deus, minha Mãe, já que
tanto amais os pecadores, fazei-me sentir a veemência
da vossa dor para chorar convosco e juntar às vossas
as minhas lágrimas. Abri em minha alma as chagas
de vosso Filho, dividi comigo as suas penas e abrasai
o meu coração no seu amor.
18. — O Evangelho só menciona a compaixão das
mulheres de Jerusalém, as quais foram tão corajosas,
que mostraram publicamente a sua mágoa chorando
por N. Senhor Jesus Cristo no meio dos inimigos
dele.
N. Senhor aceita reconhecido esta comiseração,
más na sua caridade logo a aproveita para nos dar
ensino. — Filhas de Jerusalém, diz, não choreis sobre
mim; chorai antes .sobre vós e sobre os vossos filhos;
porque se isto acontece ao lenho verde, o seco que
.será dele? Como se dissesse: — Se vos parecem
dignos de lágrimas os meus sofrimentos, muitc mais

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as merece a causa deles. O que me faz sofrer é o
pecado. Chorai antes os pecados: chorai os vossos
pecados, os de vossos filhos e os de todos; porque
se em mim, que sou lenho verde, em mim que não
tenho culpa e sou ju.sto e a mesma inocência, eles
acendem este fogo de tormentos, no lenho verde,
— em vós, em vossos filhos, nos pecadores — que
chamas não atearão?
19. — Aqui olhava Jesus para Jeru.salém cercada :
— soldados comendo o coiro dos cintos, do calçado
e dos escudos; famintos ingerindo detritos asque­
rosos; mães degolando e devorando seus filhos;
centenas de crucificados à volta dos muros; deses­
perados ([ue para abreviar as dores clamavam aos
montes e às colinas que os esmagassem; cativos
e mortos sem conta, a cidade arrasada e em labaredas.
Como eram então mais felizes, ou menos desgraçadas,
as mulheres sem filhos, ponjue não .sofriam as
angústias deles, mas só as suas!
Detrás deste espectáculo via N. Senhor outro
mais horrendo: a ruína das almas no fogo eterno.
Sc o Coração Santíssimo de Jesus se aflige com
os nossos males da vida presente, oh como se angustia
com os que podemos incorrer no futuro! — Chorai,
chorai sobre vós e não sobre mim. Chorai sobre os

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vossos pecados para não serdes infelizes para sempre.
São estas as ânsias do Coração de Je.sus.
20. — Generosíssimo Coração de Jesus, bendito
sejais pela vossa caridade, tão esquecida dos próprios
tormentos e tão solícita do nosso bem.
Quereis que chore sobre mim? Sim, Jesus,
chorarei; mas antes deixai-me chorar sobre Vós.
O culpado do que sofreis, sou eu. Não é justo que
chore o mal que Vos fiz? Merecíeis tal coisa, meu
Senhor e meu Deus, generosidade, amor e bondade
infinita?
Ah Senhor, que pena ter-Vos ofendido! Per­
doai-me. Perdoai-me a mim e a todos os que pecam.
Dai-nos a graça de nunca mais pecar.
Sou árvore infrutuosa c seca, em perigo dc ser
deitado ao fogo. Lançai-me um olhar de piedade;
banhai as raízes desta árvore com o sangue c|uc ides
derramando, para que ela reverdeça, se enfolhe,
floreça e frutifique, e a minha alma, vivificada pela
seiva da graça, dê frutos de sincero arrependimento
e de ardente caridade.
E SC algum dia por minhas faltas, esquecido do
amor que Vos devo, me expiíser ao perigo dc ofen-
der-Vos, lembrai-mc da vossa advertência: — Se isto
fazem ao lenho verde, o seco que será dele?

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Quinfo Mistério Doloroso

Na Cruz

1. — Chegando ao lugar chamado Gólgota, isto é,


lugar do crâneo, deram-lhe vinho misturado com
mirra, amargoso como fel. Ele provou-o mas não
o quis beber.
Então crucificaram-no c com Ele os dois saltea­
dores, um à direita e outro à esquerda, e Jesus no
meio. E Jesus dizia: — Pai, perdoa-lhes, porque
não sabem o que fazem.
Depois de o terem crucificado, os soldados toma-
ram-lhe os vestidos e dividiram-nos em quatro partes
.sorteando uma para cada um. A túnica que não
linha costura, mas era dc alto abaixo um só tecido,
deitaram-na à sorte. E assentaram-se a guardá-lo.
E puseram-lhe por cima da cabeça um letreiro
em hebraico, latim e grego com a causa dc conde­
nação:— Este é Jesus Nazareno, o rei dos judeus.
Em volta estava o povo olhando. Os que pas­
savam blasfemavam-no abanando a cabeça. Igual­
mente mofavam dele os Príncipes dos sacerdotes com

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OS cscribas e os Anciãos. Também o insultavam os
soldados. Um dos ladrões blasfemava contra Ele.
Porém o outro repreendia-o: — Nem tu temes a
Deus estando no mesmo suplício? E nós, em ver­
dade, sofremo-lo justamente, porque recebemos o
(jue merecem as nossas acções. E.ste porém não fez
mal nenhum. Depois di.sse a Jesus: — Jesus, lem­
bra-te de mim quando vieres na majestade do teu
reino. E Jesus respondeu-lhe: — Em verdade te digo
(lue hoje esíar.ás comigo no paraíso.
De.sde o meio dia fizeram-se trevas em toda a
terra até às três horas da tarde. De pé junto da
cruz eslava a Mãe
r ^ r J «Jt-' Ji‘sus. Vendo
Ele, pois, sua Mãe
e de pé ao lado
dela o discípulo que
amava, diz a sua
Mãe: — Senhora,
eis aí o teu filho.
Depois diz ao tlis-
cipulo: — Eis aí
tua Mãe.
Por volta das
três horas Jesus
bradou com grande

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voz: — Eli, Eli! Lammá sabactâni? Quer dizer:
Meu Deus, meu Deus! Porque é que me desampa-
raste? Alguns dos que ali estavam e o ouviram,
disseram : — Chama por Elias, este.
Depois disto, sabendo Jesus que tudo estava con­
sumado, para .se cumprir a Escritura, disse: — Tenho
sede. Correu logo um dos soldados a tomar uma
esponja e cmbebendo-a num vaso que ali estava cheio
dc vinagre, prendeu-a à ponta duma cana e levou-lha
<à boca para beber. Acabando de tomar o vinagre.
Jesus disse: — Tudo está consumado. Depois dando
de novo um grande brado, exclamou : — Pai, cm tuas
mãos entrego o meu espírito. E inclinando a cabeça,
expirou. (Mat. xx vn , 33-50; Mc. xv,22r37; Lc. x x m ,
33-46; Jo. xix, 17-30).
2. — O Calvário era um cabeço redondo e calvo,
ao norte dc Jeru.salém para o lado poente. Ficava
na passagem dc duas estradas, di.stante uns cem
metros duma das portas da cidade. De elevação não
tinha dez metros. Era mais alto que a colina oriental
dc Jeru.salém onde estava o templo, e mais baixo
(jue a ocidental onde se erguia o palácio dc Hcrodes.
Neste cabeço é que estão crucificando Jesus,
trespassando-lhe as mãos c os pés com grossos cravos
de ferro.

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3. — Senhor, no patíbulo onde sois cravado
dignai-Vos leinbrar-Vos de mim. Fazei-me a graça
de provar e sentir o vosso desamparo, as vossas
angústias e os vossos tormentos, para através do
que sofreis conhecer o amor que me tendes e Vos
pagar amor com amor cumprindo em tudo a vossa
lei e a vossa santíssima vontade.
4. — A crucifixão fazia-sc ou com a cruz deitada
por terra ou, como era mais freqüente, com ela
erguida e já cravada no chão. Quando ela se arvorava
primeiro, o réu, posto a cavalo num espigão embebido
ao meio do poste, era assim atado e pregado ao
madeiro; outras vezes pregava-se pelas mãos ao
patibulo ou travessa da cruz, e era içado por cordas
ao tope da haste, na qual em seguida lhe prendiam
ou cravavam os pés.
Como não é certo de qual destes modos crucifi­
caram o .Senhor, podemos imaginar que foi do
primeiro.
5. — Deviam ser piedosas senhoras de Jerusalém
quem ofereceu a Jesus o vinho misturado com mirra.
Era caridade que elas provavelmente faziam com
todos os condenados para lhes adormecer os sentidos
e atenuar as dores. N. Senhor agradecido levou
aos lábios sedentos a amargosa bebida, mas para
.sofrer sem alívio não a quis tomar. Nem convinha

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à sua dignidade divina permitir em sua humanidade
um estado de meia inconsciência.
6. — Os algozes despem-no e, como a túnica
estava colada às feridas, abrem-nas todas, fazendo-o
uma púrpura de sangue. Cingem-no com um pano,
em atenção ao costume judaico, e deitam-no sobre
a cruz.
7. — N. Senhor estende os braços e os pés.
-Às marteladas varam-lhe com um cravo grande e
grosso uma das mãos. l^a.sga-sc a carne, rebenta o
.sangue, separam-se os ossos, crispam-se os dedos.
Puxado violentamente o outro braço, naturalmente
contraido por efeito das dores, repetem-se as mar­
teladas e o tormento. A mesma violência é necessária
para levar ao devido lugar os pés e os pregar cada
um com seu cravo.
Ouve os golpes a Mãe de Jesus e recebe-os em
seu coração.
8. — Rojam pelo chão a cruz, erguem-na a braços,
paus e cordas, e deixam-na cair de pancada na cova
destinada a arvorá-la. Jesus estremece todo com
horríveis dores, alargam-se as chagas das mãos e dos
pés, e como se uma lufada sacudisse, depois de
chover, uma árvore, caem de todo o corpo de Jesus
abundantes gotas de sangue.
9. — Levanta-se a grita do povo e a vozearia

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(los Príncipes dos sacerdotes, dos Escribas e dos
Anciãos, triunfantes àquela vista.
10. — Que espectáculo! Braços distendidos, mãos
e pés cravados e disformes, .sangue correndo, o
corpo contorcido, inchado de feridas, todo uma
chaga, o peito arfando, re.spiração aflita, cabeça
varada de espinhos, olhos velados, faces sumidas,
lábios brancos, boca entreaberta, língua seca, sede
ardente, febre, sufocação, circulação difícil, ossos
desconjuntados, tensão de nervos, uma tortura hor­
rorosa a cada movimento e a cada anélito. Mais de
três horas este .suplício!
11.— Jesus, que horrivelmente .sofreis! Estais
ai sem aspecto nem aparência de beleza, .sem encanto
exterior que nos cative, desprezado como o último
dos homens, oprimido de dor e sofrimento, nojento
à vista de tão chagado, feito um maldito (Gal. ni, 13),
um leproso ferido de Deus e humilhado, triturado
pelos nossos crimes e esmagado com o peso de
horrorosos tormentos (Is. u ii, 2 ss.).
12. — Mas sobre as dores físicas, as morais.
Quando mete pena um animal que sofre, o Senhor
não a mete a seus inimigos. Todos o insultam.
Insultam-no os Príncipes dos sacerdotes com os
líscribas e Anciãos, dizendo: — Salvou os outros
e não se pode salvar a si. Salve-se a si se é o Messias

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deito de Deus. í: o Rei de Israel; desça agora da
cruz e acreditaremos nele. Confia em Deus, disse
que é filho de D eus; pois Deus se o ama, que venha
agora livrá-lo.
Motejam-no os que passam, abanando a cabeça
e exclamando: — Olá, tu que destróis o templo de
Deus e em três dias o tornas a erguer, salva-te d ai;
se és o filho de Deus desce da cruz.
Quando Ele filialmente se queixa a seu Pai de
o ter desamparado, mofam-no alguns dos presentes:
— Olha este a chamar por Elias!
Também os soldados o afrontam oferecendo-lhe
o vinagre: — D eixa; a ver .se vem Elias salvá-lo.
— Deixai-me vós, que é para Ele aturar até que che­
gue Elias. — Se és o Rei dos judeus, anda, salva-tei
Até um dos ladrões o u ltraja: — Então tu que
és o Messias, não te salvas a ti e a nós ?!
13. — Na verdade, Jesus, tratam-Vos como verme
e não como homem, como opróbrio dos homens
e abjecção da plebe. Todos os que Vos rodeiam.
Vos escarnecem e Vos arremessam insultos meneando
a cabeça (S. xxi, 7-8).
14. — Entretanto Jesus intercede pelos que o
torturam e blasfemam: — «Pai, perdoai-lhes, porque
não sabem o que fazem» e promete o céu ao bom
ladrão: «Hoje estarás comigo no Paraiso».

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15.
dia o sol escurece
e a terra assom­
bra-se de medo­
nha treva. Calam-
-se as injúrias
e as blasfêmias.
A turba espavo-
rida com o negror
daquela inespe­
rada noite, afasta-
-se e dispersa-se.
Aproximam-se da
cruz os poucos
amigos de Jesus.
Ele, vendo sua Mãe e ao lado dela o discipulo
amado, d iz: — «Senhora, eis aí o teu filho» e ao
discipulo: — «Eis ai tua mãe.
16. — Nas trevas, silêncio e pavor... algum
gemido dos ju.stiçados... algum murmúrio dos sol­
dados. ..
N. Senhor concentra-se em si. Aquele temeroso
negrume é uma sombra da amargura e da angústia
de sua alma. Prègou e fez o bem... Tantos bene­
fícios e milagres...! Lutou pela verdade e pela
justiça, venceu e triunfou sempre.

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Agora, quem o vê zomba dele e chama-lhe ven­
cido. Quem há-de acreditar que Ele é o Filho de
Deus? Todas as aparências o condenam de impostor.
Traições, calúnias, desamparos, tormentos e cruel­
dades... oh que ondas de tempestade que o submer­
gem e lhe alagam a alm a! Só, amaldiçoado, num
patibulo infame entre celerados!
Dos antros do futuro vê-se investido de legiões
de pecados: luxúrias, rapinas, furtos, escândalos,
blasfêmias, vinganças, infidelidades, .soberbas, deso­
bediências... todos os mon.stros dc crimes e vicios
que têm covil no coração humano. As almas, as
almas por quem morre, hão-de condenar-sc nume­
rosamente... ! No futuro hão-de deixá-lo como agora,
tantas almas...! Será perseguido c amaldiçoado em
si e nos seus, sempre e em toda a jjartc, ou tratado
como indiferente.
17. — Ergue os olhos ao céu numa prece a seu
Eterno Pai. Mas é a hora da justiça. O céu não
.se abre; seu Pai não o atende. Sofrerá até ao fim;
bebcrá o cális até à última gota. Amargurado, triste,
nauseado, apavorado, mais que no horto, dá um
grande brado de angústia: — «Meu Deus, meu Deus,
porque é que me desamparaste ?» Da divindade a
que está hipostàticamente unida, da visão beatífica
ciiie não perde um instante, não desce para a alma

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(le Jesus nenhum alivio: tudo trevas, amargura,
desconsolo. Deus meu. Deus meu, porque é que me
desamparaste ?»
18. — Prosseguindo em silêncio o salmo destas
palavras, N. Senhor apresenta a seu Pai o quebran-
tamento e tortura dos seus membros c as ânsias,
aflições e esmagamento de seu coração, e roga-lhe
que o defenda e livre de seus inimigos (Salmo xxi).
Contudo, quando Israel em suas súplicas era aten­
dido, Ele na sua cruz não o ê, porque as vozes d.ts
suas culpas afastam dele o socorro divino. Longe a
salute mea verba delictorum meorum. Í-. inocente
e impecável, mas tem sobre si os meus crimes pelos
(juais se obrigou a pagar. Por isso não é ouvido.
Não é ouvido para eu ser perdoado, é desamparado
para eu ser salvo.
19.— Oh meu Deus, que admirável dignação a
da vossa piedade! Que inefável amor o da vossa
caridade! Para remir o servo entregais o Filho!
A vosso próprio Filho é que não perdoais; entre­
gai-lo à cruz por amor de nós (Rom. vm , 32)!
Não lhe perdoais a Ele os meus pecados e per-
doais-mos a m im ! Castigai-los nele com tanto rigor,
para que eu entenda, sim, o que eles são e merecem,
mas sobretudo para que saiba o que Vos devo

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a VÓS c a Ele c pense em pagar esta dívida
imensa.
20.— Que tenho feito? Que faço? Jesus, até
hoje, que fiz eu por Vós? Para o futuro que hei-de
fazer? Venerar em Vós as dores, a»‘afrontas, as
ignomínias, os desamparos, e em mim querer os
prazeres, as delicias, as honras, as consolações?
Está bem o Senhor em cruz e o servo em deleites,
o Senhor em ultrajes e o servo em glória, o Senhor
deixado dos homens e de Deus e o servo obsequiado
por todos, o Senhor crucificado e o servo cm pecado?
21. — Senhor, brevemente exalareis o último
-suspiro. Pela morte que ides sofrer, fazei-me a
graça de morrer ao pecado.
Sois dos pés à cabeça uma dor lancinante e uma
chaga viva; dai-mé a graça da generosidade para
mortificar os meus sentidos e trazer sempre cm meu
corpo a mortificação do vosso.
Pelos ultrajes à vossa honra, ensinai-me a sofrer
as injúrias, os desprezos, as afrontas.
' Pelo vosso desamparo fazei de mim o que qui-
serdes, contanto que não me desampare a vossa
graça nem eu Vos desampare a Vós.
Por essa cruz. Senhor, por esse mistério de
misericórdia e de justiça, dai-me a graça do vosso
santo temor e a graça do vosso amor.

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Pelo VOSSO coração oprimido pelos nossos crimes,
pela vossa Mãe Santíssima, que aflita e amargurada
Vos assiste, fazei-me estas graças. Senhor.
22. — Depois N. Senhor Jesus Cristo, com o
fim de realizar a predição da Escritura, diz que
tem sede, aceita o vinagre, declara que tudo está
cumprido, solta de novo um grande brado; — Pai,
em tuas mãos entrego o meu e.spírito — , inclina a
cabeça e morre.
— Jesus, nós Vos adoramos e Vos .bendizemos
porque pela vossa cruz remistes o mundo.

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Primeiro Misfério Glorioso
A Ressurreição

1. — Passado o sábado, quando já começava a


alvorecer o primeiro dia da semana, foi Maria
Madalena e a outra Maria contemplar o sepulcro.
E eis que se deu um grande terramoto, porque
desceu do céu um anjo do Senhor, que aproxi-
mando-se rolou para o lado a pedra e estava sentado
em cima dela. Era o seu aspecto como um relâm­
pago e o seu vestido branco como a neve. Os guar­
das estremeceram de medo e ficaram como mortos.
Mas o anjo tomou a palavra e disse às mulheres:
Não tenhais medo vós, pois sei que procurais Jesus
que foi crucificado. Já aqui não está; ressuscitou
como predisse. Vinde e vede o lugar onde o Senhor
estava posto. E ide já dizer a seus di.scipulos que
Ele ressurgiu dos mortos...
E saindo logo do sepulcro com medo e grande
alegria, correram a levar a noticia aos discípulos.
Enquanto elas iam de caminho, foram à cidade
alguns dos guardas e informaram os Príncipes dos
sacerdotes de tudo o que tinha acontecido.

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Estes, reunindo-se em conselho com os Anciãos,
deram aos soldados uma grande soma de dinheiro,
dizendo-lhes: — Espalhai que os discípulos dele
foram de noite, e enquanto vós dormieis, o rou­
baram. E se isto chegar aos ouvidos do governador,
nós lho faremos crer e trataremos da vossa segu­
rança (M t. xxviii, 1-14).
2. — Costumavam os judeus abastados fazer os
seus jazigos nalguma propriedade, abrindo-os na
rocha viva em forma de caverna. Constavam estes
sepulcros de um vestibulo de poucos metros e de
uma câmara funerária de cerca de dois metros de
comprido por outros tantos de largo. Comunicavam
ambos os recintos por uma porta pequena e baixa.
Dentro da câmara mortuária, havia encostado à
parede da direita, ou talvez talhado nela, um banco
de pedra, onde se punha o cadáver. A entrada de
tais sepulcros fechava-se com uma espécie de grande
mó, que rolava num sulco aberto na rocha.
Era assim o jazigo onde José de Arimateia
sepultou N. Senhor, a trinta metros, mais ou menos,
do Calvário.
3 .— Julgam muitos que a ressurreição foi uma
hora depois da meia noite, outros — também nume­
rosos — (juc foi ao romper da aurora. Não há dúvida
que ela foi cedo, mas o momento não é certo.

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Essencialmente consistiu em a alma de N. Senhor
voltar a unir-se com o seu santíssimo corpo tor-
nando-o à vida.
4. — Estamos diante do sepulcro. A terra trem e;
o anjo roda a pedra, e fulgurante como um relâm­
pago c deslum­
brante como a
neve, senta-.se em
cima dela; os
guardas tombam
no chão como
mortos.
5 .- J e s u s r,
suscitado, divino
triunfador do pe­
cado e da morte,
eu Vos adoro,
alegre e jubiloso
p e l o esplendor
da vossa glória.
Agora não mais
sofrercis. listais para sempre no eterno gozo. Res-
.surgis dos mortos para não mais morrer. Onde é
que está, ó morte, a tua vitória?
Pelos anjos que anunciam a vossa ressurreição,
pelos vos.sos discipulos que ireis reunindo e reani-

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mando, por vossa Mãe Santíssima ([ue ides visitar
e consolar, tende a bondade de me fazer entrar na
vossa alegria para Vos amar e servir com mais
entusiasmo.
O vosso apóstolo (I Thess. iv, 18) escreve que
nos consolemos com este mistério. Dai-me a graça
para assim o fazer. A vossa ressurreição é a minha
esperança. Hei-de ressuscitar como Vós ressuscitastes.
6. — A ressurreição de N. Senhor Jesus Cristo
é a pedra fundamental da nossa santa religião. Por
isso está fora de qualquer dúvida; consta com
plena certeza. Surrcxit Dominus vere (Lc. xxiv, 34).
Na verdade, o Senhor ressuscitou. Testemunham-no
os seus discípulos c até os seus inimigos.
7. — Os Príncipes dos sacerdotes, os Escribas,
os Eariseus c os Anciãos do Povo tiveram a iníqua
satisfação dc matar Jesus, mas não tiveram o prazer
de gozar dela. A maldade é inquieta como as ondas.
Os maus não podem ter paz.
Jesus era o grande profeta e laumaturgo. Acabara
entre prodígios: — o seu poderoso brado, as trevas,
o tremor de terra, o rasgamento do véu do templo.
Predissera que havia de ressuscitar ao terceiro dia.
Tinham-lho eles ouvido, quando pedindo-lhe um
milagre no céu, Ele respondera que lhes daria não
o milagre que exigiam, mas o da sua ressurreição.

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«Assim como Jonas esteve três dias e três noites
no ventre do cetáceo, assim estará o Filho do
homem três dias e três noites no seio da terra»
(Mat. XII, 40). E se agora ressuscitava?!
8 .— Com este espinho na alma vão-se ter com
Pilatos, expõem-lhe os seus receios, alcançam dele
um posto de soldados romanos e levam-nos ao monu­
mento. Entram dentro a verificar. O defunto lá
estava envolto na mortalha. Saem, rolam a pedra
para a boca do jazigo, passam-lhe lado a lado uma
corda que prendem na fraga pelas pontas, às quais
aplicam o selo, e deixam os soldados de guarda.
Venham agora os discípulos de Jesus levá-lo do
monumento e dizer que Ele ressuscitou!
Era a má consciência a tranquilizar-se, porque
o que estas precauções significavam era um grande
temor de que Jesus ressuscitasse. Se não temessem,
para que as tomavam?
9. — Mas nem com elas ficaram sossegados.
Bem viam que não eram seguras. Os ulteriorcs
acontecimentos provam que não confiavam muito
nelas. Ouvem os soldados e em vez de os acusarem
de infiéis, convocam o Conselho e o que resolvem
é comprar a peso de oiro, o silêncio e a mentira.
— «Dizei que os discipulos dele foram de noite e,
estando vós a dormir, o roubaram». Não podendo

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negar o milagre que não querem reconhecer, inven­
tam o roubo dos discípulos.
— Miserável astúcia!, exclama S.'® Agostinho.
Testemunhas a dormir é que apresentais?! Se os
soldados estavam a dormir como é que sabem que
foi roubado o cadáver? E se estavam acordados
porque é que o deixaram roubar? Quem deveras
estava dormindo era quem fantasiou delírios tão
loucos.
Na verdade, se os di.scípulos romperam os selos
e violaram o sepulcro como é que os deixam prègar
pelas praças e mesmo nos átrios do templo e não
os metem na cadeia? Portanto, os inimigos de
N. Senhor, mesmo contra vontade, dão testemunho
da ressurreição dele.
Admirável providencia a vo.ssa, Jesus, que ate
da obstinada malícia dos vos.sos contrários tira
proveito para a minha f c ! Senhor, nor tanta cari­
dade, bendito .sejais!
10. — Os discípulos não foram crédulos. Pelo
contrário. Não acreditaram na Madalena nem nas
outras mulheres, que tacharam dc alucinadas.
.Segundo S. Marcos, não acreditaram mesmo noutros
discípulos. S. Tomé chegou à temeridade inaudita
de querer ver nas mãos do Senhor as aberturas dos
cravos e meter nelas o dedo e à dc querer intro-

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(luzir a mão na ferida do lado. Sem isso não havia
dc crer. N. Senhor reprccndeu-os por tardos c duros
dc coração e incrédulos.
Mas, enfim, as provas foram tantas c tão evi­
dentes que se renderam. E aqueles homens timidos
c cobardes (|ue tinham desamparado e renegado seu
Mestre c que se escondiam com medo dos judeus,
pregam com desassombro a ressurreição, protes­
tando que não podem deixar dc pregar o que viram.
11. — Viram efectivamente, não sé) o túmulo
vazio, mas o Senhor em pessoa. Viram-no e con­
versaram-no e comeram com Ele e tocaram-no c
apalparam-no c meteram o dedo e a mão nas chagas
das mãos dele e do lado, c capacitaram-se que tinham
diante não um fantasma, um espirito, uma pura
visão, mas um corpo de carne c osso.
12. — Não podiam ter dúvidas. Tinham-no visto
nas mais variadas circunstâncias: na cidade e no
campo, em casa e fora dela, à borda do lago e no
cimo do monte, de dia e de noite. Viram-no homens
e mulheres, isolados e em grupos (um destes cra de
mais de 500 pessoas) já reconhecendo-o logo, já
pouco a pouco.
13. — Duraram as aparições dc N. Senhor qua­
renta dias. Onze são as registadas na S. E.scritura:
cinco no dia da ressurreição, cm Jerusalém ou arre­

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dores, e seis ultcriormente, as mais delas na Galileia.
As primeiras foram: a Maria Madalena, às Santas
Mulheres, aos discipulos de Emaús, a S. Pedro,
aos Apóstolos no Cenáculo na ausência dc S. Tomé.
As restantes: aos Onze no Cenáculo, a sete discí­
pulos nas margens do mar dc Tiberíades, aos Após­
tolos num monte da Galileia, a mais de 500 discípulos
juntos (é possivcl que esta aparição se identifique
com a precedente), a S. Tiago o Menor, e aos
Apóstolos no dia da Ascensão.
14. — A certeza da ressurreição de N. Senhor
foi tão firme e tão segura que os discipulos arros­
taram por Ele privações, perigos, torturas e morte.
E evidente que não arriscariam tudo por uma som­
bra, por um cadáver que tivessem roubado, por um
impostor que os tives.se ludibriado.
15. — Graças ao Senhor que tão provado deixou
o maior dòs seus milagres e que tão solidamente
lançou os fundamentos da nossa fé na sua divindade.
16. — Senhor, bendito sejais pela vossa sabedoria,
pela vossa omnipotência e pela vossa bondade!
Creio que sois o Verbo de Deus nascido da Ima­
culada Virgem Maria, que padecestcs e morrestes
sob Pôncio Pilatos, que fostes crucificado, morto
e sepultado e que ao terceiro dia ressurgistes dos
mortos.

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É indubitável que rcssurgistes. Ressurgistes de
verdade. Perdoai-me que o repita. É a alegria da
vossa vitória c o júbilo do vosso triunfo. Quero
regozijar-me convosco.
R também a minha esperança. No corpo místico
d<i Igreja Vós sois a cabeça, nós os membros.
A cabeça ressurgiu; logo os membros também res­
surgem.
17. — í- o que ensina o .Apóstolo: «Se .se prega
(jue Cristo ressurgiu dos mortos como é que dizem
alguns entre vós que não há ressurreição dos mortos ?
Porque se não há ressurreição dos mortos, também
nem Cristo ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou
é vã a nossa pregação e é vã a vossa fé.
Somos assim testemunhas falsas de Deus, por­
que levantamos testemunho contra Ele de c|ue res-
.su.scitou a Cristo, ao qual, se os mortos não ressur­
gem, de nenhum modo ressuscitou. Porque se os
mortos não ressuscitam, também Cristo não res­
surgiu. E se Cristo não res.surgiu é vã a vossa fc,
porque estais ainda nos vossos pecados.
Donde também se segue que os que adormeceram
cm Cristo, se condenaram.
Sc a nossa esperança em Cristo c só para esta
vida, somos de todos os homens os mais desgraçados.

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18. — Mas a verdade indubitável é que Cristo
ressurgiu dos mortos, como primicias dos que dor­
mem; porque assim como por um homem veio a
morte, também vem por um homem a ressurreição;
e assim como em Adão todos morrem, assim em
Cristo todos recobram a vida. Mas cada um na sua
ordem : Cri.sto como primicias; depois os que são
de Cristo, na vinda dele.
Aliás para que é que nós nos haviamos de
arriscar a toda a hora?... Eu ando de contínuo em
perigo de morte, irmãos. Atesto-o pela glória que
tenho de vós em N. Senhor Jesus Cristo. Se mera­
mente como homem, .sem ulterior esperança, combati
com as feras em Rfeso, que é que isso me aproveita ?
Se os mortos não ressuscitam, mais vale comer e
beber, porque amanhã havemos dc morrer.
Não vos deixeis enganar. As más conversas
corrompem os bons costumes. Vigiai a sério e não
pequeis...
19. — Mas dirá alguém: Como é que ressuscitam
os mortos e com que corpo virão?
Insensato, o que tu semeias não torna à vida se
não morrer primeiro. E quando semeias, não semeias
o corpo que há-de nascer, mas um simples grão, por
exemplo de trigo ou dc qualquer outra coi.sa. Porém

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Deus dá-lhe um corpo como lhe apraz, c a cada uma
das sementes o corpo que lhe compete.
Nem toda a carne é a mesma carne; mas uma
é a dos homens, outra a dos animais, outra a das
aves e outra a dos peixes. H á também corpos
celestes e corpos terrestçes; mas um é o brilho dos
celestes e outro o dos terrestres. Uma é a claridade
do sol, outra a da lua e outra a das estrelas; porque
as estrelas diferem entre si na claridade.
20. — O mesmo se dá na ressurreição dos mortos.
O corpo semeia-se em corrupção, ressuscita em
incorruptibilidade; semeia-sc em ignominia, ressus­
cita em glória; semeia-se cm fraqueza, ressuscita
em robustez; semeia-sc corpo animal, res.suscita
corpo espiritual.
Se há corpo animal, também o há espiritual,
como está escrito: O primeiro homem, Adão, foi
feito alma vivente; o último Adão, espirito vivifi-
cante. Porém não é primeiro o espiritual, mas sim
o animal, e depois o espiritual.
O primeiro homem formado da terra é terreno;
o segundo vindo do céu é celeste. Qual o terreno,
tais também os terrenos; e qual o celeste tais também
os celestes. (I Cor. xv, 12 ss.).
21. — Esta é. Senhor, a vossa palavra. Creio-a,
meu Deus, porque não podeis nem enganar-Vos nem

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cnganar-me. Creio que Vós ressuscitastes; creio
que eu hei-de ressuscitar. Tanto Vos custa ressuscitar
um morto como criar infinitos seres. Quem viver
da vossa vida ressuscitará na vossa glória.
22. — Pela vossa verdade, pelo vosso poder, pela
vossa vida, pela vossa morte c pela vossa ressur­
reição, imploro humilde e confiadamente a vossa
misericórdia.
Tenho trazido em mim a imagem do homem
terreno, tenho jazido no sepulcro do pecado, das
paixões, da tibieza e da imperfeição. Quero trazer
daqui por diante a imagem do homem celeste, sair
da tumba do pecado, da indolência e do desleixo,
para uma vida nova: vida de graça, de fervor, de
generosidade, vida de perfeita imitação da vossa
vida. Dignai-Vos dar-me a vossa graça, Jesus, por­
que sem ela não posso nada. Pelos anjos que nos
revelaram o vosso triunfo, pelos santos Apóstolos,
por vossa Mãe Santíssima, ouvi-me, Senhor.
23. — Sei que todos ressuscitamos, mas nem todos
gloriosos.
No céu não entra carne e sangue, não entram
os corpos no seu estado actual, porque a corrupção
não pode possuir a incorruptibilidade. Também não
entra na vossa glória quem não seguir os vossos

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passos. Quem quer a vossa felicidade há-de levar
a vossa cruz e abundar em vossas obras.
Eis-me aqui, Senhor, para praticá-las, eis-me
aqui para levar a cruz.
Pobreza, trabalhos, doenças, afrontas, adversi-
dades, combate à soberba, à ira, à sensualidade, que
podem custar, se me levam a Vós c me transformam
à vossa semelhança ?
Quando o meu corpo for impassível, brilhante
como um sol e mais veloz que o pensamento, quando
para ele não houver obstáculos nem distâncias,
quando for minha alma um céu de gozo e bem-
-aventurança, oh que pequeno parecerá todo o esforço
e sofrimento passado!
É bem certo que o trabalho que por Vós fizer,
não é vão.
Concedei-me, pois, a graça de ser abundante nas
vossas obras e firme e constante no fervor para
ressuscitar como Vós ressuscitastes e entretanto
viver na esperança de ser um dia o que Vós já sois.

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Segundo Misfério. Glorioso
A Ascensão

1. — E estando à mesa com eles, ordenou-lhes


que não se afastassem de Jerusalém, mas que espe­
rassem a promessa do Pai, a qual ouvistes (disse)
da minha boca; porque João na verdade baptizou
com água, mas vós sereis baptizados no Espirito
Sarito dentro de poucos dias.
Então o.s que estavam reunidos perguntaram-lhe:
Senhor, será porventura o tempo em que rcstabe-
lecereis o reino de Israel? IC Ele respondeu-lhes:
— Não vos pertence a vós saber os tempos nem os
momentos que o Pai determinou com seu poder;
mas recebcreis a força do Espirito Santo, que descerá
sobre vós e .sereis minhas testemunhas em Jerusalém
e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins
da terra.
Então levou-os fora da cidade para os lados de
Betânia, levantou as mãos, abençoou-os, e enquanto
os abençoava elevou-se para o céu à vista deles e,
vindo uma nuvem encobri-lo, foi sentar-se à direita
de Deus.

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E como estivessem com os olhos pregados no
céu, quando Ele ia subindo, eis que se apresentaram

junto deles dois homens vestidos de branco, os quais


lhes disseram: — Varões de Galileia, porque é que
estais ai a olhar para o céu? Este Jesus que vos

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deixou e subiu para o céu, há-de vir assim um dia
como o vistes subir ao céu.
Então eles depois de O adorarem, desceram do
Monte das Oliveiras e voltaram para Jerusalém
com grande júbilo (Act. i, 4-11; Lc. xxiv, 50-2;
Mc. XVI, 19).
2. — No Monte das Oliveiras temos à vista o
maravilhoso quadro. Os discípulos, alheados e fora
de si, faces radiantes, olham para o céu, para Jesus
que vai subindo; e qua.se sem darem pela nuvem
que o encobre, continuam, imóveis e extáticos,
olhando.
3. — Senhor, que tão poderosamente arrebatais
os olhos e os corações dos vossos discípulos, arrebatai
também os nossos, para que eles sempre estejam
fixos onde estão os verdadeiros gozos.
Subis ao céu a scntar-Vos à direita de Vosso Pai.
Parabéns, Senhor, por essa glória, luz sem sombra,
sol sem poente, alegria eterna, tão bem merecida
com tantos trabalhos! Dignai-Vos preparar-nos o
nosso trono junto a Vós, para nos alegrarmos sem­
pre convosco como agora nos alegramos da vossa
Ascensão tão admirável.
4. — Aos quarenta dias da sua ressurreição, depois
de ter ultimado a organização da .sua Igreja e a
instrução de .seus di.scípulos, Jesus, à mesa com eles

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no Cenáculo, mancla-lhes que não saiam de Jeru­
salém, mas que esperem na cidade a vinda do
Espírito Santo, o qual os há-de revestir da força
necessária para se desempenharem dignamente da
sua missão dc pregadores do Evangelho.
5. — Depois sai com eles (talvez com os cerca
de 120 que estavam no Cenáculo no dia de Pentc-
costes: a Virgem Santissima, os Apóstolos, os dis­
cípulos c as santas mulheres) c toma pelo vale de
Josafá.
Há ali íntima alegria, saudade imensa e assomos
de lágrimas nos olhos. Jesus, o grande profeta
poderoso em obras e palavras, o Messias prometido,
o Filho dc Deus, verdadeiro Deus c verdadeiro
homem, Coração tão carinhoso, tão terno, tão gene­
roso, tão amigo, vai deixá-los. Neste mundo não o
tornam a ver. Mas a pena desta saudade não punge;
é ungida e penetrada de paz, doçura e gozo.
6. — Jesus passa o Cedron, e deixando à esquerda
o Horto das Oliveiras, onde agonizara e fora preso,
sobe ao monte. Lá do cimo estende a vista a
Jerusalém, ao Calvário, à sua pátria, aos longes do
horizonte onde em breve o seu nome triunfará das
águias do pensamento e das da força, da sabedoria
grega c do poder romano. A Cruz do Calvário será

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hasteada no Capitólio. Os dias da Paixão ? Sombras
que dão luz; dores que dão flores.
7. — O Senhor olha ao perto para o grupo que
0 rodeia. Olha longa e ternamente, banhados de
doçura aqueles olhos cintilantes, que esplendem como
estrelas no rosto radioso. Brancura e luz aquelas
chagas, brancura c luz aquele corpo santissimo ful­
gurante como um sol.
8. — Todos sentem chegada a de.spedida e ajoe­
lham. Jesus levanta as mãos (tem nelas todo o poder
e todos os bens do céu e da terra), deita sobre os
que amou com todos os excessos do seu amor divino
uma bênção onde vai todo o afccto e toda a amizade
do seu generosissimo Coração, e começa a elevar-se
e a subir.
Que maravilha! Fora visto caminhar sobre as
águas, penetrara no Cenáculo com as portas fecha­
das ; agora voa pelos ares penetrando os céus.
Veio do Pai, volta para o Pai; vai .sentar-se à
direita de Deus*; vai preparar-me um lugar na glória.
9. — Oh Jesus, abençoai-me também! Oh Jesus,
levai convosco o meu coração! Oh Jesus, levantai
a minha mente para os desejos das coisas do céu!
10. — O Senhor continua subindo e a luz que
espalha é cada vez mais viva. Sobe, sobe sempre,
até que esplêndida de neve c rosa, uma nuvem vem

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tomá-lo c levá-lo em cima. Já não se vê;mas a
Virgem Santíssima, os Apóstolos, os discípulos, as
santas mulheres, olham ainda sem darem conta que
Ele desapareceu naquele trono de majestade e naquela
glória de luz, sem repararem que a imagem que têm
na retina e projectam nas nuvens é um êxtase de
amor, um desenho saudoso do coração.
11. — Homens de Galileia, dizem-lhes as vozes
proferidas pela brancura dos anjos, para que estais
de olhos no céu? Este Jesus que se ausentou de vós
para o céu, há-de voltar como agora o vistes subir.
Veio para salvar, voltará para julgar.
12. — Por cima da nuvem dc neve c rosa, longe
da vista dos seus, Jesus continua subindo. À volta
dele um frêmito dc inúmeras almas que o acom­
panham,— cativos libertos das cadeias do Limbo —
os desterrados do fíden, Adão c Eva, Abel, Abraão,
Isaac, Jacó, os profetas, os reis, todos os santos do
Antigo Testamento, vitoriando unânimes o seu
libertador.
13. — Davide descreve a entrada dc Jesus pelas
portas do céu. Príncipes, anjos, abri as vossas portas.
Abri-vos portas eternas para entrar o Rei da glória.
Quereis saber quem é este Rei da glória } G o Senhor
poderoso e forte, o Senhor poderoso no combate.
O Senhor dos exércitos é que é o Rei da glória.

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E abertas par em par as portas eternas, o Senhor
(Ia glória entra no meio cias adorações e aclamações
dos anjos e dos santos e vai sentar-se no trono que
seu Pai lhe indica: Disse o Senhor ao meu Senhor.
Senta-le à minha direita, porque te gerei antes de
existir a aurora e quero que os teus inimigos sejam
cscabelo de teus pés. De Sião estenderás o teu
império; és sacerdote para sempre c triunfarás do
mundo inteiro.
ü seu reino não terá fim. Reina com seu Pai
e reina com os seus. Pai, aqueles que me destes
quero que onde eu estiver estejam eles comigo.
Oh quantos não estão já nos seus tronos refulgentes,
olhando para a terra e intercedendo por mim para
que eu não falte ao meu, porque tenho lá um trono
à minha espera.
14.— Jesus, meu Salvador, Senhor da glória,
pela vossa graça e misericórdia não hei-de perdê-lo.
Não lenho no mundo morada permanente; o meu
dever é buscar a futura. Sou peregrino sobre a
terra: a minha vida cá é uma viagem. Para que
hei-de deter-me com nadas que passam, com bens
0 prazeres que fogem, com tristes ilusões de felici­
dade que amarguram? Senhor, possui totalmente o
meu coração, para que, purificado de todas as culpas.

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elc SC goze do vosso triunfo, e vencedor das sedu­
ções mundanas, permaneça em Vós para sempre.
15. — Que c que poderá separar-me do vosso
amor? Riquezas, honras, delicias? O que é tran­
sitório faz-se em pó em batendo na pedra do
sepulcro. Do mundo só levarei as minhas obras:
para prêmio se forem boas, para castigo se forem
más. Podem separar-me de Vós a pobrez.a, a doença,
a tribulação, a angú.stia, a fome. a nudez, o perigo,
a perseguição, a espada? Tudo .suportaram c de.s-
prezaram os santos porque tinham em seus corações
o vosso amor, e para o terem, quando não lhes
bastasse a lembrança de vossas dores, era bem
suficiente a vossa promessa de recompensa.
Com que facilidade, no Tabor, e.squeceram os
três apóstolos o mundo! No Olivete os Doze, os
discipulos, todos estavam alheios e insensíveis à
terra, porque Vos contemplavam no céu, c na vossa
suprema glória viam um penhor da sua. Adoraram-
-Vos c voltaram com grande júbilo para a cidade
e já se não fechavam cm casa com medo dos judeus,
mas saíam sem receio para irem ao templo fazer
oração, esperando a força do alto que os havia de
armar para todas as lutas e dores c para triunfarem
convosco.

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16. — .Senhor, a vossa esplendida vitória, o trono
onde reinais para sempre, enchem-me dc intenso
gozo. Graças Vos dou pela vossa eterna glória!
A vossa bondade dilata-mc a alma dc esperança.
Que miserável c a terra quando levanto os olhos ao
céu! Mas temo a minha muita fraqueza. Por isso
Vos rogo pelo sangue que por mim dcrramastcs,
pela saudade em que deixastcs vossa Mãe Santissima,
a Imaculada Virgem Maria, pela caridade com que
fostcs' preparar-me um lugar na bem-aventurança,
que me ampareis c guardeis para que o vá ocupar
um dia para Vos bendizer c amar para sempre.
Virgem Santissima dai-me coragem para des­
prezar o mundo, para vencer todos os inimigos da
minha .salvação c pela bondade do vosso Imaculado
Coração, Icvai-me à posse eterna de Deus.

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Terceiro Misiério Glorioso

Vinda do Espírito Santo

1. — Então voltaram do Monte das Oliveiras


para Jerusalém, e entrando em casa, subiram para
o cenáculo de cima, onde estavam Pedro e João,
Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus,
Tiago de Alfcu e Simão, o Zelotes, c Judas, irmão
de Tiago. Todos estes per.severavam unánimemente
em oração juntamente com algumas mulheres, e com
Maria, Mãe de Jesus, e com os parentes dele.
E quando chegou o dia de Pentecostcs, estavam
todos juntos no mesmo lugar. E de repente veio
do céu um estrondo como dc violenta rajada dc
vento e encheu toda a casa onde estavam sentados.
E apareceram-lhes repartidas umas como línguas de
fogo, que poisaram uma em cada um. E foram todos
cheios do Espírito Santo e começaram a falar cm
outras línguas conforme o lísplrito Santo lhes con­
cedia que falassem.
Ora havia então em Jerusalém judeus piedosos
(|ue lá residiam, de todas as nações que cobre o céu.

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E logo que se ouviu a(|uele cstrondc^ acudiu muita
gente, a qual ficou atônita pelos ouvir cada (jual
falar na sua própria lingua. Estavam, pois, cstu-
])cfactos c exclamavam, no seu pasmo: Não são
porventura galileus todos estes que estão falando?
E como é que nós os ouvimos... falar das maravilhas
de Deus, cada um
na própria lingua
da terra em que
nasceu ? IC esta­
vam todos fora dc
si e diziam ma­
ravilhados : Que
quer isto dizer?
Outros p o r é m
escarnecendo di­
ziam : «Cheios do
mosto é que eles
estão».
2.
Pedro, apresen ■
lando-se com os onze, lev a n to ij^ voz c explicou
àquela gente que o que viam a realização da
profecia de Joel, em c|ue Deus prometia aos homens
o seu Espirito; que o Ivspirito Santo tinha sido
enviado por Jesus Cristo, o qual tinha ressuscitado

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c era verdadeiro Messias e verdadeiro Deus; que
se queriam salvar-se haviam de fazer penitência
e receber o baptismo dc Jesus.
3. — Naquele dia juntaram-se aos discipulos
cerca dc 3.000 almas. Os conycrtidos freqüenta­
vam o ensino dos apóstolos, a comunhão c as ora­
ções, e procuravam viver juntos ;'e os ricos vendiam
os bens que tinham para socorrer os necessitados,
dando a cada um o que precisava. (Ac/. /, 12-4;
II, 1-47).
4. — Entremos no Cenáculo. Os apóstolos e os
discipulos, mãos c olhos levantados ao céu, oram
com todo o ardor do seu afecto, invocando o Espi­
rito Santo. No meio deles, acompanhada das piedo­
sas senhoras que desde a Galileia serviam o divino
Mestre, está a Virgem Santissima arrebatada em
Deus. Rompe do céu um sopro de tufão c dum
globo como de fogo repartem-se chamas (|ue em
forma de linguas vão poisar uma em cada um dos
presentes.
5. — Vinde, Espírito Criador, entrai nas almas
dos vossos fiéis e enchei da graça do céu os cora­
ções que Vós formastes. Vós que sois o Consolador,
o supremo dom do Altíssimo, fonte ardente de cari­
dade e de unção e.spiritual; Vós que sois a pro­
messa do Pai e liberalidade da sua mão, ensinai-

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-nos a louvá-lo pela comunicação dos vossos dons.
Guiai-nos com a vossa luz, inflamai-nos no vosso
amor, e curai a nossa fraqueza com a força da vossa
graça. Vinde, Espirito Santo; vinde, luz dos cora­
ções ; vinde e enchei as nossas almas com o esplen­
dor que derramais.
6. — Obedecendo às ordens de N. Senhor, os
discipulos voltam do Olivete a Jerusalém e reco­
lhem-se no Cenáculo. Apartados do mundo, entre­
gam-se a continua oração e perseveram nela em
união de espirito, como se fossem uma só alma.
De pé, de joelhos, prostrados, orando mental
ou vocalmente, em silêncio ou em voz alta, que fé,
que recolhimento, que compostura, que reverência,
que fervor!
7. — Recordam-se das palavras de Jesus: — Onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali
estou eu no meio deles (Mat. xyiii, 20). A assistência
do divino Mestre, da qual não podem duvidar, a fé
na presença de Deus a quem invocam, a vista da
Mãe de Jesus tão absorvida na memória de seu Filho
e enlevada na luz da divindade, concentram-lhes pro­
fundamente os espiritos, abrasam-lhes vivamente os
corações e inflamam-lhos em fervorosas súplicas.
Unidos à oração da Virgem Santissima, certos
de que Ela os acompanha c intercede por eles, têm

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plena confiança de ser ouvidos e de alcançar as dis­
posições necessárias para receber a Promessa do
Pai, o Paráclito, o outro Consolador que Jesus lhes
envia.
8. — Oh que confiança não deve ser a minha,
.se eu orar como eles oram : com a mesma fé, o mesmo
recolhimento, o mesmo espírito, o mesmo fervor,
a mesma perseverança, a mesma conformidade com
a Igreja, a mesma união com Maria Santíssima,
excelsa Mãe de Deus, minha .Senhora, Advogada
e Mãe!
9. — Virgem Purissima, Virgem clemente e pode-
ro.sa, minha Mãe! Ensinai-me a orar; permiti que
eu una as minhas pobres orações às vossas, tão arden­
tes e aceites a Deus; intercedei por mim, para que
eu saiba o que hei-de pedir, c pedindo só o que me
inspirardes, alcance tudo o que desejar. Postes
cheia do Espírito Santo. Pazei que Ele desça sobre
mim e me enriqueça abundantemente de seus dons,
de seus frutos, de sua imensa caridade, para mais
o conhecer e amar e para melhor o servir.
10. — E Vós, Espírito de Bondade e de Amor,
dignai-Vos por intercessão da Mãe de Jesus, vir a
esta alma, purificá-la, santificá-la, habitá-la para sem­
pre. Vós que com gemidos inenarráveis nos inspi­
rais o que havemos de pedir (Rom. vin, 26), inspirai

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O meu coração e os meus lábios para que estejam
sempre convosco e não venham nunca a desejar
senão a Vós e aquilo que me quereis outorgar.
11. — Os sinais da vinda do Espírito Santo,
— o vento impetuoso e as línguas de fogo — foram
escolhidos providencialmente para vermos neles o
que o Espírito divino produz nas almas.
O vcnlo refresca do abafamento acabrunhador
das calmas, purifiea os ares de miasmas deletérios
e é sobretudo uma grande força: move moinhos,
impele barcos, agita as ondas e quando é violento
não sofre obstáculos — estronca e arranca árvores,
leva telhados, tudo derriba e arrasta consigo.
O Espírito Santo é o refrigério das almas, é no
calor tempérie, é nas manchas purificação. Mitiga
o ardor das paixões e lava as nódoas do pecado.
Quando entra numa alma dissipa as trevas do enten­
dimento, quebra as prisões da vontade, repele as
tentações do demônio, destrói as seduções do mundo
e da carne.
12. — O fogo é luz e calor: alumia, aciuece c
abrasa. O Espirito Santo é luz: — luz dos cora­
ções, luz de felicidade e verdade, luz que ilumina
os nossos sentidos. Í-. fogo: — fogo vivo, fogo que
aquece o que é frio e que dobra o que é rijo, fogo
que purifica os afectos, fogo que abrasa e destrói

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apegos térrenos, respeitos humanos, amores impuros
ou desordenados, fogo de amor e caridade que acende
e inflama os corações, fogo que sobe e leva para
o alto.
sua luz vê-se o que é Deus e o pecado, o
tempo e a eternidade, o mundo e o céu. Ao seu
calor ama-se o bem e odeia-se o mal, aprecia-se o
permanente e despreza-se o caduco, pisa-se a terra
e sobe-se para Deus.
13. — As línguas de fogo são a pregação ilumi­
nada dos apóstolos; luz para as inteligências, cari­
dade para os corações. Para ensinar requere-se
saber e amor; saber para instruir, amor para aturar
e perseverar.
Força, luz e amor é o que o Espírito Santo
comunica a todos os que recolhidos e orando o espe­
ravam no Cenáculo. Quer que vivam em si e que
levem a outros a vida.
.14. — Fonte de vida e caridade, derramai em
minha alma a unção da vossa graça, firmai com a
vossa virtude a minha fraqueza, iluminai as trevas
da minha cegueira, aquecei a minha tibieza e abra-
sai-me no incêndio da vossa caridade.
15. — Cheios do Espírito Santo começaram os
discípulos (primeiro entre si e depois, saindo fora,
no meio da multidão que se ia ajuntando), a louvar.

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em línguas diferentes da sua, a grandeza dos atri­
butos e obras divinas.
S. Pedro, tomando a palavra em nome de todos,
rebate a grosseira calúnia de alguns irreverentes,
alega e interpreta escrituras, prega a ressurreição
e a divindade de N. Senhor Jesus Cristo, declara
a necessidade da penitência e com isto converte
3.000 almas.
Dias depois cura um coxo à porta do templo,
e com nova alocução traz à fé de Cristo 5.000 homens.
Presos, S. Pedro e S. João confessam intrèpi-
damente diante de todo o Sinédrio que N. Senhor
Jesus Cristo ressuscitou e que é o único Salvador;
e cominados a calar, declaram que não podem ocultar
o que viram, porque devem obediência mais a Deus
que aos homens.
Sobrevêm a prisão de todos os apóstolos, a liber­
tação deles por um anjo, nova captura e compa-
rência perante o Sinédrio, e nova generosa confissão
de S. Pedro em nome dc todos os seus companheiros:
«Importa mais obedecer a Deus que aos homens.
O Deus. de nossos pais ressuscitou a Jesus que vós
matastes suspendendo-o dum madeiro. Este é que
Deus exaltou como Rei e Salvador para dar a
Israel a penitência e a remissão dos pecados. Destas
coisas somos nós testemunhas, como o Espírito

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Santo, o qual Deus concedeu a todos os que lhe
obedecem».
A raiva dos sinedritas não pôde então, como
desejava, cevar-se no sangue dos Doze. Desaconse­
lhada de lhes tirar a vida, sujeitou-os cruelmente ao
suplício da flagelação. Eles, porém, saíram do
tormento cheios de alegria por terem sido julgados
dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus.
E continuaram com o mesmo zeío e coragem no
desempenho da sua missão.
16. — Espalham-se pelo mundo, entre citas, gre­
gos e romanos, entre bárbaros e civilizados, e sem
temor de trabalhos e tormentos levam a toda a parte
o Evangelho. Uns degolados, outros crucificados,
outros aspados, outros esfolados, todos dão a vida
por seu Mestre.
17. — Estes homens eram aqueles pescadores
rudes e ignorantes, que ainda no dia da Ascensão
perguntavam pela restauração do reino de Israel,
aqueles cobardes que negavam e desamparavam o
Senhor no momento do perigo. Mas desceu sobre
eles o E.spírito Santo c transformou-os noutros
homens. Por isso são eles agora sal da terra, luz
do mundo, confusão dos tiranos, honra e veneração
dos povos.

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18. — Coisa parecida se dá com os homens que
trazem a Cristo. Todos eles são um só coração e uma
só alma. Firmes na doutrina dos apóstolos e assíduos
ao ensino deles, vivem da oração e do pão eucarístico,
e desprezam os bens terrenos pondo-os em comum
para a sustentação de todos.
19. — Eu também recebi o Espírito Santo. Que
transformação fez Ele em mim, ou antes, deixei-me
ou não transformar por Ele? Tenho imitado os
apóstolos nas suas fraquezas e defeitos. Porque
é que não os imito nos seus esforços e nas suas
virtudes? Tenho-os imitado nas cobardias e nas
fugas. Porque é que não os imito no recolhimento,
na oração, na constância, na alegria de sofrer, e de
abnegar-me por amor de Jesus?
Sei que por maior que imagine o meu coração,
não cabem nele juntos o céu c a terra. Um afecto
exclui o outro. Sc quero o Espírito de Deus, tenho
que rejeitar o espírito do mundo, dcsprcnder-me
das criaturas e de mim mesmo. Esta cooperação é
o que espera dc mim o Espírito Santo para fazer
em mim as suas maravilhas. Porque é que não lha
dou?
20. — Santos Apóstolos, intercedei por mim e
alcançai-me do Amor Incriado que vos transformou,
correspondência igual à que vós Lhe destes.

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21. — Virgem Santissima, se Vós me ajudarcles
com o vosso valimento junto daquele que veio sobre
Vós 110 momento do vosso Fiat, serei com certeza
atendido. Pela vossa bondade ajudai-me.
22. — E Vós, Espirito divino, vinde, iluminai-me,
santificai-me e inflamai-me no vosso amor.
Vinde, líspirito Santo, c mandai do céu o raio
da vossa luz. Vinde, Pai dos pobres; vinde, d.ador
de bens; vinde, luz dos corações. Consolação
suprema, doce hóspede da alma, doce refrigério.
No trabalho descanso, no calor tempérie, nas lágri­
mas conforto.
Ó luz felicíssima, enchei desde o íntimo os cora­
ções dos vossos fiéis. Sem o vosso poder não há
nada no homem, nada é inocente. Lavai o que está
manchado, regai o que está seco, sarai o que está
ferido. Dobrai o que está rijo, aquecei o que está
frio, regei o extraviado.
Aos que cm vós confiamos dignai-Vos conceder-
-nos os vossos sete dons. Dai-nos o merecimento
da virtude, o prêmio da salvação, a bem-aventurança
eterna. Amen.

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Quarfo Misfério Glorioso

A Assunção

1. — De joelhos, ao pé do catrc onde repoisa a


Santa Mãe de Deus, no meio dos fiéis que, banhados
de lágrimas, assistem à ternissima despedida de sua
e minha Mãe do Céu, contemplo aquele rosto infla­
mado e aureolado de claridade, aquela mão que se
ergue cm carinhosa bênção, aquela chama que se
eleva e sobe — a alma ilibada de Maria sempre
Virgem, da Imaculada Mãe dc Deus.
2. — Virgem Santissima, a falta da vossa pre­
sença não me priva do vosso afecto. Na glória que
ides gozar junto do trono de vosso Filho, a vossa
caridade não diminui. Deixais-nos cá no mundo, fnas
é certo que nos levais convosco na saudade do vosso
Coração. Pelo amor que nele arde para com Deus
e para connosco, rogai por nós, para que imilando-
-Vos na vida Vos sigamos na morte c Vos acom­
panhemos no eterno triunfo do céu.
3. — Conquanto S. Epifânio ponha em dúvida
a morte de Maria c a neguem autores bastante

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recentes, o ensino
da Igreja é certo
que a afirma.
A secreta da
missa da Assun­
ção usada ate No­
vembro de 19.50,
as lições do Brc-
viário na dita
festa, os Sacra-
mentárins ou li­
vros litúrgicos de
S. Gregório e do
Papa Gelásio 'tes­
temunham que as-

Em muitas par­
tes celebravam-sc
antigamente duas
solenidades dis­
tintas, uma da Assunção c outra da morte de
N.“ Senhora, dando à segunda os nomes expressivos
dc descanso, repouso, trânsito, deposição e dormição
da Virgem Maria.
4. — Suposta a morte do Salvador, a dc sua
Mãe facilmente se explica. N. Senhor, segundo

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S. Tomás, sofreu e morreu principalmente por três
razões: para satisfazer pelos nossos pecados, para
mostrar-se verdadeiro homem e para nos ensinar
a paciência e a resignação.
Do mesmo modo a Virgem Santíssima. Fíova
Eva indissolüvelmente unida ao novo Adão, corre­
dentora do gênero humano, bebeu o cális da dor e da
morte para nos obter o perdão dc Deus com nos
merecer dc côngruo o que Jesus nos mereceu dc
condigno.
Com sua morte provou também que era com
certeza filha de Adão c que N. Senhor era na ver­
dade nosso irmão.
Enfim, atenuou com o seu passamento a repugnân­
cia que temos de morrer, e ao mesmo tempo que
adquiriu mais uma semelhança com seu Eilho e nos
deu um esplêndido exemplo, ficou de direito Senhora
da Boa Morte, para ser, na última hora, nossa
especial advogada, e nós podermos com maior con­
fiança rogar-lhe então a sua assistência.
Maria não contraiu a necessidade dc morrer,
porque era imaculada; mas, intimamente associada
à obra da redenção, convinha-lhe a morte e gosto­
samente a aceitou; antes, como diz S. Francisco de
Sales «sempre a desejou, desde que a viu nos braços

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e no próprio coração de seu Filho» (Ocuv., t. ix,
p. 182. Annccy, 1807).
5. — Como é que N.“ Senhora morreu ? Serena
e brandamente como quem adormece no mais doce
e plácido sono.
A Imaculada, a Virgem Mãe de Deus não podia
ter remorsos do passado: não tinha cometido a
minima culpa, era cheia de graça e impecável. Não
podia recear o futuro: sobre uma vida sem sombra
de mancha, o Senhor que a havia de julgar era seu
Filho. Também não podia ter pena do presente:
o seu coração voava muito acima dos apegos da
terra; não tinha outra vontade que a de Deus nem
outro desejo que o de estar com Cristo. Por isso
morre tranqüila na mais serena e imperturbável
calma.
Vê então, porventura, os céus abertos? Viu-os
Santo Estêvão e neles o Filho do Homem, coroado
de glória à direita do Pai. Q que viu um servo
de Deus por que é que o não veria a Mãe de Deus?
Certamente também para Ela se abrem os céus e de
lá, dos esplcndóres eternos, a convida a Santíssima
Trindade e a saúdam os anjos e os .santos, ansiosos
de a terem consigo.
Dores físicas, doenças que são já princípio da
corrupção do sepulcro, não podem admitir-se em

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Maria. A Virgem Imaculada, pensam comummcnte
os teólogos, teve morte sem dor.
6. — O que lhe tirou a vida foi o amor divino.
Ardia Ela num amor de Deus tão grande c num
desejo tão inflamado de estar com Ele, que não
pôde mais e morreu.
L esta a opinião unânime dos teólogos. De
muitos santos contemplativos contam-se fenômenos
produzidos pelo amor divino, capazes dc lhes tirarem
a vida. Efeitos semelhantes causou em Maria o
mesmo amor e deu-lhe a morte.
Ferida no Calvário duma espada de dor,
N." Senhora foi igualmente ferida por um dardo
de amor. «Desde então, diz S. Francisco de Sales,
este amor deu-lhe tantos assaltos, Ela sentiu-lhe
tantos golpes, esta ferida inflamou-se-lhe tanto, que
enfim se lhe tornou impossivel não morrer. Não
fazia senão desfalecer, a sua vida só era delíquios
e arroubos, desfazendo-se Ela cm si mesma com
tantas chamas que a consumiam, dc modo ((uc podia
repetir a cada instante que a fortificassem com
flores e a tonificassem com frutas por estar doente
dc .amor» (Cant. n, 5).
O amor humano causa às vezes definhamentos
mortais. «Mas quanto mais activo e poderoso não
é o amor divino! Quanto mais alto no seu princípio

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e no seu objccto! Por isso não se deve estranhar
que eu diga que N.“ Senhora, dele é que morreu.
Como Ela trazia sempre no coração as chagas dc seu
filho, sofrcu-as algum tempo sem morrer, mas ao
fim morreu delas sem sofrer.
O seu tesoiro, isto é, seu Filho, estava no céu.
Por conseguinte Ela já não tinha dentro dc si o
coração. No céu estava o corpo que Ela amava tanto,
por ser osso dc seu osso c carne de sua carne, e por
isso para lá levantou vôo esta águia santa; Uhicúm-
(jüe fúerit córpus, tllic congregabúntur et áqüilae.
(Onde quer que estiver o corpo, lá se a juntarão as
águias. — 5". Mat. xxiv, 28).
Em suma; o seu coração, a sua alma c a sua
vida estavam no céu; portanto como é que Ela podia
continuar na terra? Assim, depois dc tantos vôos
dc espirito, de tantos arroubamentos e êxtases, este
santo castelo dc virgindade, esta santa fortaleza de
humildade, tendo resistido milagrosamente a mil
c mil assaltos dc amor, foi rendida c tomada num
último assalto geral pelo mesmo amor, o qual levou
esta bela alma prisioneira, deixando no seu corpo
sacrossanto a pálida c fria morte (Ib., t. vii,
p. 449-50).
7. — Oh se eu amasse a N. Senhor com a mesma
intensidade, se os meus desejos fossem estar com

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Ele, se ao menos o amasse e servisse quanto posso,
se tivesse com Ele um só coração e uma só vontade,
eu não temeria a morte, antes a desejaria! O que
faz temível a morte é o amor do que se deixa e o
terror do que se aguarda. Quem vive sem pecado,
quem pode dizer: — Eu vivo, mas a minha vida
não é minha, é de Cristo que vive em mim — quem
se desprendeu do mundo, da vaidade e do amor
próprio, esse não receia a morte. A sua ânsia é
soltar-se da terra e viver com Jesus no céu.
Virgem Santíssima, pela felicidade da vossa
morte, obtende-me a graça de viver tão livre de
culpas, tão afastado dc afcctos terrenos c tão pene­
trado de amor divino, que nada me aflija na hora
extrema. Agora que partis deste mundo, dai-me
carinhosa a vossa bênção, c no momento da minha
partida valei-me com a vossa assistência. Agora
e na hora da nossa morte, rogai por nós.
8. — Quanto tempo esteve na sepultura o corpo
de Maria Santíssima não se sabe. Quiçá o mesmo
que o de Nosso Senhor Jesus Cristo. Depois desse
breve espaço a Virgem Imaculada ressurgiu e desde
então reina gloriosa no céu na totalidade do seu s e r:
— alma e corpo.
A assunção de N.* Senhora ao céu em alma
e corpo, é hoje verdade de fé definida. Até há

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pouco cra doutrina de todos os teólogos, era crença
universal dos fiéis, era pensamento dc todas as
liturgias cristãs — as quais na festa do Trânsito,
da Dormição c da Assunção de N.“ Senhora, come­
moravam não só a morte dela e a glorificação de
sua alma, mas também a incorrupção e a ressurreição
do seu corpo — era, enfim, ensino da totalidade
moral dos Santos Padres, unânimes desde o século
sexto na aclamação deste mistério. Do 1.® de Novem­
bro de 1950 para cá, é dogma que devemos crer.
Sua Santidade Pio X II, com a sua suprema
autoridade de mestre infalível e doutor da Igreja
Universal assim falou naquele dia memorando a
todo o mundo católico;
«Tendo dirigido a Deus súplices e reiteradas
preces, e invocando a luz do Espírito de Verdade,
— para glória de Deus Omnipotente, que à Virgem
Maria prodigalizou a sua especial benevolência,—
para honra de seu Filho, Pai imortal dos séculos
e vencedor do pecado e da morte, — para aumento
da glória da mesma augusta Mãe e para alegria
e exultação de toda a Igreja, com a autoridade de
N. Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Após­
tolos Pedro e Paulo e a nossa, pronunciamos, decla­
ramos e definimos que é um dogma divinamente

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revelado — que a Imaculada sempre Virgem Maria
Mãe de Deus, terminado o curso da sua vida terrestre,
foi, em corpo e alma, assunta à glória do céu.»
9. — São muitas as razões teológicas cm que
assenta esta glória da Virgem Imaculada.
a). — Maria é Mãe de Deus. O desejo que
sente qualquer homem de engrandecer sua mãe,
também Jesus o sentiu. Não se compreende, pois,
que podendo levar sua Mãe para o céu em alma
e corpo, o não tivesse feito. Tanto mais que cáro
Christi, cáro Maríae, o corpo de Cristo é de Maria
e o de Maria é de Cristo. Maria antes de ser Mãe
já era um Cristo principiado e depois da Ascensão
era uma relíquia do corpo de Cristo. Sem a assunção
corporal de Maria, tardaria a entrar no céu uma
como parte de Jesus.
b) . — Jesus e Maria são inseparáveis. A um
mistério dele corresponde um mistério de sua Mãe.
Ele e Ela «são como duas vozes ou dois instrumentos
de tom desigual, mas sempre em perfeito acorde
e harmonia». De certo seria estranho encontrá-los
sempre em consonância desde a sua predestinação até
ao Calvário e só depois da morte desacordes e disso­
nantes. É impossível tal dissonância. À Ascensão
de N. Senhor em corpo e alma tem de corresponder
a Assunção de N.® Senhora em alma e corpo.

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c). — Diz s . Paulo que quem sofre com Cristo
há-de ser como Ele glorificado (Rom. vui, 17).
Diz ainda que a sua gloriosa ascensão a mereceu
o Senhor especialmente com as humilhações da cruz.
Por ter sofrido é que foi exaltado na glória de
Deus Pai (Philip. //, 9-11). E efcctivamente era
necessário que sofresse para entrar assim na sua
glória (Lc. XXIV, 26).
A Virgem Santíssima padeceu com Cristo, e íini-
camente pelo amor que lhe tinha, imensas dores que
nunca ninguém sofreu. Não terá merecido à gene­
rosidade c ao reconhecimento de seu Filho uma
glorificação semelhante à dele? Superior a todos
no amor c na pena não devia ser antecipada no
prêmio e na glória?
d). — Mais. A Mãe de Deus é imaculada.
A Imaculada podia passar pela morte para cumprir
a sua missão de corredentora e para acumular
méritos a méritos, mas não podia desfazer-se no pó,
porque isso seria um como estigma do pecado e uma
profanação do Tabernáculo do Altíssimo, a qual era
impossivel sem de algum modo atingir o corpo de
Cristo.
e). — Esta natural conseqüência da isenção da
culpa original confirma-se com a plenitude de graça
de que Maria foi enriquecida. A Virgem Puríssima

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pela graça que recebeu no primeiro instante da sua
existência e que foi assombrosamente aumentando
por toda a sua vida, foi livre das maldições de Deus
contra o pecado — uma delas é a podridão do
túmulo — e salvas as conveniências da corredcnção,
adquiriu uma como exigência de imediata transfi­
guração em glória. Começo de glória é efectiva-
mente a graça. — Quem só respira graça, à glória
pertence e não à terra.
/ ) . — Maria é a Virgem-Mãc. Saber os milagres
com que na sua maternidade divina lhe foi preser­
vada a virgindade e pensar no que eles revelam de
respeito e veneração dc Deus àquele corpo de cl.a-
ridade e luz, é ter a certeza que a Virgem não
entrou na dissolução do pó.
«Se quis conservar intemerata sua Mãe na intei­
reza da virgindade, não havia de querê-la imune do
fétido corrupto do sepulcro? Quem pretender pene­
trar nos sentimentos do Senhor e se quiser fazer
conselheiro dele, diga se não lhe pertencia à sua
benignidade conservar a honra de sua Mãe, quando
veio não para dissolver mas para guardar a lei.
Com efeito a lei assim como manda honrar a
mãe, assim proíbe desonrá-la seja no que for.
Tendo-a Ele honrado em vida mais que a qualquer
criatura com a graça da sua conceição, bem se deve

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piamente crer que a honrou na morte com uma
preservação singular e com um especial privilégio.
E se nascendo dela pôde deixá-la virgem, pôde
também subtrai-la à podridão e aos vermes. A cor­
rupção e os vermes são na verdade um opróbrio da
nossa condição. Mas sendo Jesus i.sento dele, segue-se
que também é livre dele o corpo de Maria, da qual
Jesus se dignou tomar a natureza hum ana; porque
a carne de Jesus é carne de Maria» (Scrm. atribuído
a S. Agostinho).
g). — Esta doutrina é implicitamente do Gênesis
(c . III, 15), onde se prediz a mais completa vitória
da mulher e da ,sua descendência sobre a serpente
infernal. Isenta do pecado e da concupiscência,
Maria triunfou também da morte, porque quando
esta ia reduzi-la a cinzas, Ela se ergueu da campa
c subiu ao céu. Nem de outra forma ganharia da
morte completa vitória.
h). — Ganhou-a. E por isso é que não há nada
na terra que indique aos fiéis onde repoisam os
restos mortais da Mãe de Deus. Se Ela não estivesse
no céu em alma e corpo, seria bem de admirar que
não constasse das suas reliquias, quando Deus por
tantos modos dispõe que não falte veneração às de
outros santos.

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10.— União com Jesus na maternidade divina,
na redenção, na dor, na graça, na santidade, na
pureza, eis o grande princípio por que se antecipou
a ressurreição de Maria.
A minha não será antecipada, porque o meu
corpo, afastado da fonte de incorrupção pela sua
concupiscência de pecado, aguardará no pó a con-
.sumação dos séculos; mas será mais bela c radiosa,
se me unir, quanto puder, a N. Senhor pelo cum­
primento da sua vontade (a quem lha cumpre cha­
mou Ele sua mãe), pela participação dos seus sofri­
mentos, pela fidelidade à sua graça, por uma pureza
de anjo e por uma vida de santo.
Virgem Santíssima, comprazendo-me do vosso
privilégio e das graças a que ele é devido, suplico-
-Vos o favor dc imitar-Vos na vossa união com
Jesus, para quando da tumba surgir à vida, ir con­
templar no céu a vossa glória.
11. — Unida a alma da Virgem ao seu santíssimo
corpo, feito este imortal e impassível, c transfigurado
dc claridade, dc agilidade e dc subtileza, principia
a cena admirável da assunção.
Com a comitiva interminável dc todos os anjos
c santos, frementes dc júbilo, de hinos c de admi­
rações de coros alternados, eis o .Senhor que desce
a receber sua Mãe Santíssima;

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— Surgi, vinde depressa, minha M ãe; não tardeis,
minha pomba c formosura (Cant //, 10).

Quem poderá imaginar a alegria dos bem-aven­


turados, as suas aclamações, os seus sentimentos,
a sua reverência, a ufania de terem por senhora

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e mãe a Mãe de Deus, o encontro de Maria com
seu Filho?
Os anjos maravilham-se e perguntam: Quem
é esta que sobe do deserto, entre nuvens de mirra
e de incenso e entre aromas de essências olorosas?
Não vedes que se eleva como a aurora, serena como
a lua em noite calma e deslumbrante como a luz do
sol? (Cant. n i ,6 ; v i ,9 ) .
N. Senhor aproxima-se dela, abraça-a carinhoso
e saúda-a com filial ternura: — Minha querida Mãe,
que bela sois! Sois toda formosura, minha Mãe!
Sois bela, sois pureza imaculada! (Cant. iv, 7).
E ao lado dela, amparando-a, vai subindo.
Nos coros angélicos há arroubos c êxtases:
— Quem é esta que sobe do deserto, esplêndida de
alvura como a neve, apoiada no braço do Senhor?
(Cant. VIII, 5). Jesus prossegue: — Sois toda for­
mosura, minha Mãe: não tem beleza igual Jerusalém.
Quem olha para vós aclama-vos feliz (Cant. vi, 2 e 8).
Espaços fora, Maria brilha cada vez mais de
claridade, resplendor e glória. Vestida de sol, cal­
çada de lua, coroada de estrelas (Apoc. xii, 1), é luz
do mundo e luz do céu.
A amplidão estremece de aclamações potentes
como a voz do mar. São os santos que ovacionam
a grande triun fadora : — Vós sois a glória de Jeru­

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salém, sois a alegria de Israel, sois a honra da nossa
raça (Judith xv, 10).
Já estão perto da Cidade Santa onde Deus mora,
já se dão ordens de abrir as portas dela: — Príncipes
do Céu, abri as portas (S. xxiii, 7) — já vão entrar
Jesus e sua Mãe. — Entre, diz Ela, cm seu jardim
o meu amado. Ele responde: — Entrai no meu
jardim (Cant. v, 1 ); entrai comigo nas delícias
eternas do Senhor.
12. — Entrai, minha Mãe, entrai na felicidade
sem fim da bem-avcnturança. Recebei a grandeza
e majestade a que tendes direito. Ide ser coroada
(Cant. IV , 8 ) no vosso trono dc Rainha do céu c da
./terra.
Reinai dc lá sobre nós, levantando bem para o
alto os desejos dos nossos corações. Os nossos
corpos tendem para a terra. Da vossa intercessão
esperamos que um dia subam para Deus. Lcvan-
tai-me o coração para o céu. Dai-me força para
combater as tendências que me impedem a ascensão
para a altura. Lançai-me do vosso trono üm olhar
de misericórdia e socorrei-me. l'azci que assim como'
agora me alegro e exulto com o vosso admirável
triunfo, assim também um dia triunfe com ressurrei­
ção venturosa para Vos louvar para sempre na glória.

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Quinío Mistério Glorioso

Coroação de Maria

1. — Entre adejos de asas brancas de anjos,


entre júbilos e hosanas de infinita multidão de
santos, a Virgem Santíssima, apoiada a seu divino
Eilho, entra no jardim de eternas delícias. Do trono
do Altíssimo desce a voz da recompensa:
— Vem, vem receber a tua coroa (Cant. iv, 8).
Jesus senta-se à direita do Pai e no trono que
está preparado para a Mãe do Rei (3 Reg. //, 19).
.senta-se N.“ Senhora à direita de seu Filho.
2. — Virgem glorio.sa, prostrado na vossa pre­
sença, ofereço-Vos a minha homenagem de reve­
rência, de admiração e de amor filial, alegrando-me
e exultando com toda a alma por ver-Vos tão exal­
tada junto da Majestade divina. Fazei, Senhora,
que eu sinta em mim a vossa íntima felicidade, para
louvar por ela a infinita liberalidade de Deus para
convosco, para Vos bendizer a Vós pelos dons que
Ele com tanta abundância Vos concedeu e para me
animar a mim no serviço dele e no vosso.

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3. — N.® Senhora é coroada no céu sobre todos
os coros dos anjos c dos santos, quer dizer, é exal­
tada e glori ficada acima de todos eles, goza duma
bem-aventurança tão soberana que no paraíso não
há outra igual.
Acima do trono
de Maria só o
trono de Jesus.
Todos os outros,
mesmo os dos an­
jos mais sublimes
em dons da natu­
reza e da graça,
ficam longe, mui­
to longe do dela.
Jesus está sentado
à direita de Deus
Pai, Ela está sen­
tada à direita de
Deus Filho.
Os anjos na
sua grandeza e no
esplendor da sua
glória deslumbram e prostram a nossa misera
pequenez. S. João, no Apocalipse, viu um de tanta
majestade que subjugado por ela, caiu de joelhos

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para o adorar. Só se conteve porque ele lho proibiu
(Apoc. XIX, 10). Pois, a glória de Maria é imensa­
mente superior à dos anjos. Compará-la com a deles,
é comparar o fulgor do sol com o cintilar das
estrelas ou com o mortiço palpitar de nocturna lam­
parina.
4. — Compreende-se que a bem-aventurança da
Virgem Maria seja sem par. A glória proporciona-se
ao mérito da santidade e à graça, e N.“ Senhora em
mérito e graça é sem igual. Ela é a Corredentora
indissolúvelmente unida ao Redentor, é a compa­
nheira inseparável das dores de Jesus, é a Imaculada,
a Cheia de Graça, a Mãe de Deus. Todos estes
titulos, assim como a elevam incomensuràvelmente
acima de todos os anjos e santos e a colocam num
lugar à parte na ordem da graça, assirri também a
sublimam no reino do céu a um trono tão alto que
nenhum anjo nem santo o pode atingir.
5. — Maria conhece e ama a Deus imensamente
mais que nenhum bem-aventurado e por isso é
imensamente mais feliz que todos eles.
o). — Os anjos e os santos vêem a Deus, mas
não como nós. Nós vemo-lo em imagens e enigmas,
no espelho, tão pouco terso, das criaturas; eles
vêem-no face a face (I Cor. xiii, 12), mergulham
nele directamente a vista da inteligência e como que

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O penetram c atrav e ssam , com o nó s com a vista
do s o lho s atrav e ssam os lado a lad o um c ristal.
b). — Mas nem todos o vêem por igual. Uns
vêem mais, outros menos. Consoante o poder da
.sua vista, isto é, consoante a capacidade de visão que
receberam do lume da glória, uns (se é lícito dizer
assim) mergulham mais fundo o olhar, outros param
mais à superfície. Todos vêem Deus todo, nenhum
o vê totalmente.
c). — As comparações sempre falham por alguma
parte. Nesta matéria falham por todas. Mas recor­
ramos a uma comparação. Levantamos os olhos,
e sobre a linha do horizonte podemos dizer que
vemos de algum modo todo o céu. Outros que
tenham melhor vista descobrirão nesse todo mais
que nós: mais astros, mais estrelas, mais sóis.
E o sábio que se armar do telescópio, conquanto
não chegue nuncá a penetrar todos os mistérios escon­
didos nas profundezas do firmamento, verá ainda
muito mais. Quer dizer: embora acima da linha
do horizonte, todos vejam todo o céu, uns vêem mais
que outros, e ninguém, por mais poderosa que tenha
a vista, é capaz de vê-lo totalmente.
d). — Em quanto a comparação pode aplicar-se
àquele céu onde Deus habita, é isto anàlogamente
o que lá sucede. Todos os bem-aventurados vêem

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a Deus todo; mas uns embebem a vista mais dentro
dele, outros menos, e nenhum o vê totalmente. Vê-lo
totalmente seria compreendê-lo, coisa impossível a
entendimentos humanos, mesmo ao de Cristo, porque
.só o infinito compreende o infinito, só o entendi­
mento divino compreende a Deus.
c). — O entendimento humano dc N. Senhor
Jesus Cristo é o que mergulha mais fundo os olhos
no interior da divindade. Vem a seguir o de Maria
Santíssima, o qual, sendo embora muito inferior ao
dc Jesus, contudo descobre tão largos horizontes no
.seio divino que não obstante distar infinitamente
de compreendê-lo, ainda assim se pode dizer que
no conhecimento dc Deus quase atinge os limites do
infinito.
/ ) . — Não conhece todas as idéias divinas nem
tudo o que pode ser objecto do poder divino. Mas
conhece a Deus como nunca há-de conhccê-lo
nenhuma simples criatura: conhece extensivamente
quanto é conhecido pela inteligência humana dc seu
divino Filho; conhece como Rainha do Universo
todas as criaturas que vieram ou hão-de vir à luz
da existência; conhece como Mãe dos homens os
mais íntimos segredos dos nossos corações; conhece
como Corredcntora os planos de bondade e mise­
ricórdia do Sagrado Coração dc Jesus, porque

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entrando eles na economia da salvação, compete à
glória da Corredentora conhecê-los; e conhece-os
perfeitamente, porque, se não pode compreender
a seu Filho em quanto Deus, pode compreendê-lo
e compreende-o de facto em quanto homem.
g). — Os outros bem-aventurados conhecem muito
menos. Só vêem o que tem relação com as suas
pessoas e nenhum dc certo tem relação com todas as
coisas. Maria, pois, no conhecimento de Deus e das
criaturas está muito, muito acima de qualquer deles.
Foi coroada no céu sobre todos os coros dos anjos
c dos santos.
6. — Ao conhecimento corresponde o amor.
Quanto mais se vê da bondade e da formosura
divina, maior é o enlevo, o encanto, o êxtase do
coração que as contempla. Maria é um sol des­
lumbrante. Para o seu entendimento parece que
mal há sombras nas profundezas impenetráveis da
divindade. Portanto no seu Imaculado Coração tudo
é fogo, chama e labareda de vivo incêndio de amor
e caridade. Comparados com o da Virgem os cora­
ções dos bem-aventurados, mesmo os dos Inácios,
dos Xavicrcs e dos Paulos, são pequeninas faúlhas
que voam, mal perceptíveis, em torno do Coração
de Deus. O Coração de M aria é vasto incêndio
que sereno e manso parece abrasá-lo.

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7. — À medida do conhecimento e do amor de
Deus cresce nos bem-aventurados o gozo e a felici­
dade. O conhecimento dá-lhes a posse do Sumo
Bem e precipita-lhes sobre Ele a vontade, a qual
o abraça com tanto maior ímpeto quanto mais per­
feito é o acto de conhecimento e mais intenso o acto
de amor. Tenui nec dimittam. Alcancei-o para nunca
mais o largar. O Sumo Bem conhecido, o Sumo
Bem amado, o Sumo Bem eternamente seguro,
oh que alegria, que íntimo e profundo gozo, que
perene, que inebriante felicidade!
8. — A imortalidade, a impassibilidade, a agili­
dade, a subtileza, a luz, o resplendor do corpo
glorioso de Maria, aquela beleza tão rara e tão
estranha, que se o céu não fosse o reino da verdade,
todos haviam de ter ante ela o movimento instintivo
de adoração que S. João esboçou diante do anjo,
tudo isso, sendo tão grande, tão excelente e tão
admirável, c(ue é, comparado com a deliciosa torrente
de felicidade que inunda a alma e o coração da Mãe
de Deus?
9. — Beatam me dicent (Lc. i, 48). Todas as
gerações me hão-de chamar bem-aventurada.
Assim é, minha Mãe querida. Sois bem-aventu­
rada e sobre-bem-aventurada. Foste-lo na terra
mesmo sofrendo, porque esperáveis. a bem-aven-

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tiiracla esperança que hoje gozais. E soi-lo hoje e
sê-lo heis para sempre, e mais que nenhum bem-
-aventurado, porque sois a Mãe de Deus, a predes­
tinada antes de todas as criaturas, a Sede da
Stibedoria, a Mãe do Amor Formoso, a predilecta
do Altissimo, a única do seu coração, a pura e sem
mancha, a que
^ desde a eternida-
->■ ii, de ocupáveis com
amorosa c pura
delícia o seu terno
e carinhoso pen­
samento.
Bendita sejais,
minha Senhora e
minha Mãe, por
essa glória tão
privilegiada. Go-
zai-a para sempre
inebriada do amor
de Deus e obten­
de-me a graça de
ir contemplá-la e dcliciar-mc de ver-Vos assim exal­
tada sobre todos os anjos e todos os santos.
10. — A Santa Igreja proclama a Virgem San­
tíssima Rainba dos anjos, dos patriarcas, dos pro­

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fetas, dos apóstolos, dos mártires, dos confessores,
das virgens, de todos os santos, — enfim do Céu
e do mundo ( ') e pura e simplesmente Rainha
(Salve, Rainha).
11. — Maria no céu é coroada sobre todòs os
coros dos anjos e dos santos Rainhae Senho
Universo. Até onde se alargam as fronteiras d o .
Reino de Cristo, até lá se estende o império da
Virgem Soberana. No céu, na terra e no inferno
tudo sente o seu senhorio. É um domínio subordi­
nado ao de Jesus, mas nem por isso menos ver­
dadeiro.
o). — Maria é Rainha do Céu não só porque
possui em grau eminente o constitutivo da glória
de cada um dos bem-aventurados, mas porque tem
sobre eles verdadeiro poder e mando. No céu todos
SC orgulham de lhe obedecer ao mínimo aceno, todos
SC sentem acidentalmente mais felizes quando num
lance de seus olhos recebem uma ordem ou descobrem
o mistério dc alguma nova revelação.
b). — Pela sua íntima e inseparável união com
seu Filho, Maria também pode dizer: Todo o poder
me foi dado no céu e na terra (M t. xx vn i, 18).

>• Sab., ant. ad Mogii.;

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SÓ em Deus é que não manda. Mas o que não
abrange com o domínio, alcança-o com a prece,
porque Deus na sua bondade ouve como ordens as
súplicas de sua Mãe.
12. — Diz S. Bernardino de Sena que a Virgem
Santissima também exerce o seu dominio no Purga­
tório. Efectivamcnte consola, alivia e livra as almas
que satisfazem neste lugar de expiação as penas de
suas culpas. Ou por si ou por intermédio dos anjos
inspira os fiéis a sufragar os defuntos, oferece a
Deus com as suas orações as satisfações dos santos,
as suas e as de seu Filho, manda ao Purgatório pelos
anjos as suas embaixadas de consolação e conforto,
e (quem sabe?) talvez lá desça Ela em pessoa a
distribuir alívios e a quebrar cadeias.
13. — As almas que caem no inferno não podem
sair de lá. Ninguém, nem mesmo a Virgem San­
tíssima, que é Omnipotência suplicante, as salva.
O juízo final dc Deus é irrevogável. Não obstante
isto, o poder de Maria sente-se também no inferno.
O inimigo sabe que Ela é a sua grande adversária,
a sempre vencedora, a. que lhe descobre os embustes
e ciladas, a que lhe desvia e repele os assaltos, a que
lhe arranca as almas que a invocam, a que procura
as que fogem à graça e correm aos perigos, a que
com a sua solicita intercessão povoa o céu.

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14. — Finalmente Maria é Nossa Senhora e
R ainha: Rainha de bondade, misericórdia e cle­
mência. É nossa M ãe: Mãe piedosa, delicada, terna,
carinhosa, dedicada, desvelada e, quanto pode ima­
ginar-se, caridosa. O seu reino sobre nós é. todo
benignidade, mansidão, doçura c suavidade. É o mais
belo e enternecido coração de mãe, empenhando toda
a sua influência dc Mãe de Deus para conquistar
os nossos corações e introduzir neles o amor de
Jesus e a paz imperturbável do céu, ante-gozo da
futura glória.
A nossa excelsa Rainha não usa da soberania
com império e severidade mas com brandura, acon-
■selhando, pedindo, suplicando, instando para que,
atendendo à honra de Deus e à nossa, queiramos
e admitamos o seu dominio.
15. — Soberana Rainha nossa, que em trono de
luz e de estrelas reinais gloriosa ao pé de Jesus,
coroada de sabedoria para conhecer a Deus e os seus
mistérios, coroada de caridade para o amar infini­
tamente e coroada de clemência para nos envol-
verdes na sua imensa misericórdia, reinai em nossos
sentimentos, em nossos corações e em nossos sen­
tidos. Dominai todo o nosso ser e disponde-nos
para com plena submissão e amor recebermos em
nós o reino de Deus.

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16. — Diante do trono refulgente de Maria, vêm
prostrar-se os anjos e os santos e rentier-lhe preito
e vassalagem. Saúdam-na radiantes de alegria cele­
brando os seus louvores.
Adão e Eva adiantam-se prim eiro: — Esta c
aquela que por misericórdia dc Deus foi livre da
nossa culpa, aquela em quem esperámos, a que pela
sua descendência esmagou a cabeça da serpente
(Gen. ///, 15).
Eis aqui, exclama Noé aproximando-se, eis aqui
a verdadeira arca onde foi salvo o gênero humano
(Gen. c. VI e v n ).
Que felicidade a minha, diz Moisés; finalmente
vejo a estrela dc Jacó, a verdadeira libertadora do
povo escolhido! (Num. xxiv, 17).
Esta, repete Isaías, é a Virgem que havia de
conceber e dar à luz um filho (Is. vii, 14).
Esta é, acrescenta Ezequiel, aquela porta fechada
por onde nenhum homem podia entrar nem sair,
porque havia de passar por ela o Senhor Deus de
Israel (Ezech. x u v , 2).
Senhor, canta Davide, sentou-se à tua direita
uma rainha com manto dourado e adornos vários.
Toda a sua glória é interior. Traja galas de várias
cores e franjas de oiro. Depois dela serão apresen­
tadas ao Rei outras virgens; as companheiras dela

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serão trazidas à tua presença, serão trazidas ao
templo do Rei (S. x u v , 10-6).
17. — A Bem-aventurada Virgem Mãe de Deus,
vestida de sol, coroada de estrelas, inebriada de gozo,
solta reconhecida, como outrora cm lutá, na região
dos montes, o seu hino de gratidão: — Minha alma
engrandece o Senhor e meu espírito exulta cm Deus,
meu Salvador; porque pôs os olhos na pequenez
da sua escrava, e eis que todas as gerações me
aclamam bem-aventurada (Lc. i, 46-8).
18. — Quando Ela termina, retoma o canto o
coro imenso dos moradores da glória, ou talvez
rompendo num poderoso Te-Deum põe cm vibração
pelas quebradas das colinas eternas todos os ecos
dos confins do Céu.
19. — Minha Mãe bendita, permiti que eu una os
meus sentimentos aos de todos os bem-aventurados
que admiram e exaltam a vossa grandeza.
Com eles me alegro e regozijo do vosso triunfo,
da vossa coroação e da vossa incomparável felicidade.
Gozai-a, minha Senhora e minha Mãe, para sempre.
Dai eternas graças a Deus por ela.
Fazei pela vossa misericordiosa bondade e inter­
cessão que eu e todos tenhamos a dita de a con­
templar um dia. Socorrei-nos nas lutas da vida
para que pcrsevercmos até ao fim.

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Esforçai-nos com a lembrança do prêmio e com
a esperança da vossa companhia. E entretanto deixai-
-nos agradecer ao Senhor com as vossas palavras
os portentosos benefícios que Vos fez.
«Minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito
exulta em Deus meu Salvador.
Por(|ue lançou os olhos para a pequenez da sua
escrava; eis que de hoje em diante todas as gerações
me hão-de chamar bem-aventurada. Porque fez cm
mim coisas grandes aquele que é poderoso e cujo
nome é santo, e cuja misericórdia se estende de
geração em geração sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu braço: dissipou os
que se orgulhavam nos pensamentos do seu coração.
Depôs os poderosos do trono e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos c despediu os ricos sem
nada.
Tomou cuidado de Israel seu servo, lembrado
da sua misericórdia: conforme tinha prometido a
nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para
sempre».

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MEDIT AÇÕES
DOS P R IM E IR O S SÁ BA D O S

SEGUNDA S ÉR IE

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A Anunciação

1. ■— Virgem Santíssima, prostrado diante de Vós


com S. Gabriel que cheio de reverência Vos saúda,
ofereço-Vos humildemente a minha homenagem de
veneração e amor, e suplico-Vos a graça de ser
admitido aos sentimentos íntimos que comoveram
vossa alma, quando se realizava este profundo mis­
tério.
2. — Oh quem pudesse compreender c participar
o gozo do vosso Coração Imaculado ao ouvirdes
dos lábios do Anjo que Deus Vos amava com extraor­
dinária predilecção, que tínheis encontrado graça
junto dEle, que éreis cheia de graça, que o Senhor
estava convosco, que se comprazia em vosso Coração
mais que em toda outra criatura e que éreis de
todas as mulheres a mais bendita e a mais feliz!
3. — O Messias, tão longos séculos desejado pelos
santos Patriarcas e anunciado pelos Profetas, objecto
de tantos anelos, suspiros e súplicas, vai finalmente
aparecer entre nós.

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180___________ SEGUNDA SÉWIE. — ANUN'CIAÇÃC)______________

4. — E, VÓS Senhora, sois tão bem-aventurada,


que tendes a honra de ser escolhida para Mãe daquele
que c o único verdadeiramente grande, e para da
vossa substância formardes e dardes um corpo ao
que se chama I'ilho do Altissimo, porque é, na sua
divindade, Eilho natural de Deus.
5. — Bendita sejais, minha Senhora e minha Mãe,
por uma graça tão excessiva ! Alegrai-Vos no íntimo
do vosso Coração, porque o Espírito Santo já está
descendo do céu, e, com a força do seu braço e o
vigor da sua omnipotência, realiza já o assombroso
prodigio que há-de juntar em Vós as alegrias da
maternidade com a glória da virgindade.
6. — Alegrai-Vos, porque neste momento,, as
soberanas Pessoas da Santíssima Trindade, das quais
o Anjo tão claramente Vos fala, põem nas vossas
mãos e como cjue dependente da vossa vontade a
Incamação do Verbo Divino e a Redenção do gênero
humano.
7. — Alegrai-Vos, porque a palavra de consen­
timento que do Coração Vos está subindo aos lábios,
— o vosso Fiat, Vos faz Mãe de Deus e Mãe
nossa, cooperadora do nosso resgate, Corredentora
dos degredados filhos de Eva, colaboradora neces­
sária e incomparável da firmeza do trono de Davide,
da perpetuidade da casa de Jacó, do estabelecimento

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c dilatação daquele reino que sobrevive a todos os
reinos, porque é reino perene e sem fim.
8. — Minha Mãe, eu também exulto convosco
e me sinto feliz com a vossa alegria. Bendita a hora
em que fo.stes cheia de graça, cm que recebe.stes a
anunciação do Anjo, em que o Espirito Santo desceu
sobre Vós e em que começastes a ser Mãe de Deus
e Mãe nos.sa! Bendita essa hora! Bendita sejais
por ela e bendito seja Deus pela sua liberalidade
para convosco!
9. — Mas eu que exulto com o vosso gozo, não
hei-de .ser ingrato a Deus pelos seus favores: os
vossos são princípio dos meus.
.Se 4ne comparo a tanfos homens, não posso ter
dúvida que também sou na verdade um predilecto
do Senhor. Sou baptizado, sou filho da Igreja e
dEle, sou, entre tantos que o desconhecem e ofen­
dem, um mimoso do seu Coração.
10. — Tenho a imensa felicidade de crer: creio
cm Deus, na Santíssima Trindade, no Verbo Divino
humanado — Filho de Deus pela natureza divina.
Filho vosso pela natureza humana — minha redenção,
minha vida, minha eterna salvação.— Tenho bem
fundo no coração esta esperança! Quem crê e vive
da fé, será salvo.

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11. — O que preciso para assegurar esta suprema
dita, é imitar a vossa maternidade e a vossa virgin­
dade: a vossa virgindade sendo casto, puro, ilibado
e santo; a vossa maternidade concebendo a Jesus em
minha alma pelo exacto cumprimento de sua san­
tissima vontade.
Fazei-me esta graça. Mãe Purissima, pela ternura
e pelos gozos de vosso Imaculado Coração.
12. — Fazei-a também a todas as almas, para
que elas se salvem. Inspirai-mc como hei-de ajudar
a salvá-las, suscitai quem as livre do mal e as
encaminhe para o céu, porque também quero ter
convosco a alegria de ver a dilatação do Reino de
Deus e o triunfo dc N. Senhor Jesus Cristo.

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A Visitação

1. — Virgem Mãe de Deus, a pressa com que


ides para a região dos montes a visitar vossa prima.
Santa Isabel, na cidade de lut<á, c sinal do alvoroço
que anima o vosso Coração e do ardor de caridade
que o inflama.
2. — Desse fervor que Vos leva apressada por
caminhos tão fragosos, espero que Vos dignarcis
operar, em mim c em todas as almas, milagres de
graça semelhantes aos que ides fazer na casa da
vòssa feliz parente, porque a maior alegria de vosso
Coração é derramar nos nossos a riqueza infinita
dos dons de Deus. Disponde-mc, Senhora, para
receber os efeitos da liberalidade divina e para
reflectir nas minhas acções a luz dos vossos exemplos.
3. — Ouvindo do Anjo que Santa Isabel estava
livre do opróbrio da esterilidade e que brevemente
teria o gosto de apertar ao peito um filho, o Coração
de Maria sente-se inebriado de gozo e voa nas a.«as
da caridade ate à cidade de lutá para dizer a sua
prima quanto se alegra com a alegria dela.

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4. — Porém, o seu maior contentamento é a feli­
cidade de levar àquela ca.sa Jesus; é ver que, por
Ele, Santa Isabel é inundada do Espírito Santo,
conhece e crê o mistério da Incarnação do Verbo
e recebe o dom de profecia; é admirar o prazer
com que o pequenino S. João Baptista, ao perceber
a voz daquela nunca esperada visita, exulta no seio
materno, regenerado pela graça santificante antes
de ver a luz do dia.
5. — Coração que tão profundamente se goza
dos favores do Céu às almas como não havia de
jubilar intensamente com os que recebera dele com
profusão inaudita? O Magnificat é o hino em que
o Imaculado Coração de Maria expande a alegria
da sua gratidão. Reconhecendo o seu nada de
humilde escrava do Senhor, a Virgem Santíssima
exalta a magnífica munificência de Deus pela incon­
cebível grandeza dos benefícios que Ele lhe deu
e por a ter feito a bendita entre todas as mulheres
e a abençoada de todas as gerações.
6. — A caridade perfeita manifesta-se principal­
mente por obras. Por isso N.“ Senhora, à visita,
à saudação e aos prodígios sobrenaturais quis ainda
ajuntar o serviço. Ficou cerca dc três meses com
sua prima prestando-lhe os obséquios que ela então
precisava, e rematou a sua missão de caridade

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unindo-se à alegria de todos no nascimento de
S. João Baptista e no milagre que restituíu a fala
a Zacarias.
7. — Mãe Santissima, sabeis quanto me confun­
dem os vossos exemplos. O meu coração parece-se
muito pouco com o vosso. Devo alegrar-me com a
felicidade dos outros, e sinto-me tantas vezes gelado
de indiferença e roído de mesquinha inveja.
Devo levar Jesus a todos nas minhas palavras
e nas minhas acções, e infelizmente levo-lhes os
meus defeitos e faltas, com que em vez de os santi­
ficar, os desedifico.
Devo movê-los à gratidão dos favores divinos,
e quando seria digno e justo que eu sempre e em
toda a parte andasse dando graças a Deus, sou tão
miseràvelmente ingrato que mal conheço os seus
benefícios.
Devo auxiliar e socorrer o próximo, e nem
sabendo que N. Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
toma como feito a si o que fazemos ao menor dos
nossos irmãos, nem com isto acabo de sair do meu
deplorável egoísmo.
8. — Virgem Santíssima, minha boa e caridosa
Mãe, já que me destes a luz dos vossos exemplos,
dignai-Vos dar-me também a força precisa para os
imitar.

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Inflamai o meu coração nas chamas da mais viva
caridade para me alegrar sinceramente do bem do
próximo, quer esse bem seja de natureza, quer de
graça, quer de prosperidade puramente material.
Fazei-me a graça de no meu porte, nas minhas
palavras e nas minhas obras levar Deus a todos,
para levar todos a Deus.
Dai-me um coração reconhecido aos beneficios
divinos, e capacitai-me que a melhor maneira de ser
grato ao Senhor é pagar-lhe os seus dons com o
socorro, o auxílio e a assistência espiritual e material
aos meus próximos, que Ele carinhosamente se digna
chamar seus irmãos.

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o Nascimento

1. — Agora, Virgem Mãe Santíssima, é que o


vosso Coração exulta e não cabe em si de felicidade.
Nessa gruta, escura e fria, acompanhada só de
S. José, revela-se à vossa mente e aos vossos olhos
um antegozo do paraíso, que Vos peço me permitais
contemplar, satisfeito da vossa ventura e inebriado
da vossa alegria.
2. — Chegou finalmente o momento de aparecer
no mundo o Justo e de germinar a terra o Salvador.
Por um milagre assombroso, Jesus, vosso divino
Filho, como sol que atravessa a vidraça, nasce virgi­
nalmente de Vós, deixando inviolado e inteiro o
esplendor da vossa pureza. Virgem, sempre virgem,
ilibada, imaculada e purissima virgem, e m ãe!
3. — Contemplais com vossos olhos, tocais com
vossas mãos, apertais ao vosso Coração e beijais
com vossos lábios o Verbo de Vida, o Unigénito
do Pai, o Filho de Deus amorosamente feito vosso
Filho. Que inefável doçura não sentis quando fitando

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188___________ SECUNDA SÉRIE. — XA!.CI.MF.NTO______________

OS olhos em seus olhos, osculando-lhe a facezinha


e estreitaiido-o sobre o peito, acarinhais Deus em
vosso Filho, e quando, ao lembrar que sob as redu­
zidas formas de criancinha está oculta a Majestade
infinita, em vosso Filho adorais a Deus!
4. — Que mistério de infinito amor e caridade!
Amou Deus tanto os filhos de Adão ciue por eles
entregou a esta impotência e fraqueza de menino
o seu próprio Filho Unigénito, figura da sua subs­
tância e esplendor de sua imensa glória; e o Filho
de Deus, que é de pleno direito inteiramente igual
a seu Pai, se exinaniu e aniquilou, tomando, para
salvar os homens, a pobre natureza humana, forma
de servo e de escravo tão humilde e abatida.
5. — Virgem-Mãe de Deus, oferecei ao Senhor,
como tributo de reconhecimento, as chamas de amor
que ardem no vosso Coração Imaculado; supri as
deficiências da minha gratidão com a profundidade
da vossa, e santificai, ao contacto das vossas, as
minhas acções dc graças, para que elas sejam aceites
ante o conspecto da Divina Bondade.
6 .— Agora vibram os ares com o Glória in
cxcélsis Deo. São os Anjos cantando: — Glória a
Deus no céu e paz na terra aos homens — , por
verem no vosso regaço de mãe, dormindo, sereno
e calmo, o Príncipe da Paz.

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7. — Rainha da Paz, alegrai-Vos! Da região da
cidade de Belém, vêm, guiados por Anjos, humildes
pastores; de longínquas terras do Oriente chegam,
guiados por uma estrela, os Magos. São as pri-
mícias do povo escolhido e dos povos gentios, são
os humildes e os sábios que reconhecem e adoram
a divindade de vosso Filho e lhe entregam, por
espontânea oblação, a sua inteligência, a sua vontade,
o seu coração, os seus bens: — quanto têm e quanto
são. Senhora, alegrai-Vos em vosso Coração! Darão
o sangue e a vida por vosso Filho infinitos homens".
8. — Virão também os sicários de Herodes, virão
turbas de perseguidores; mas a Providência vela
e sabe confundir os tiranos. Eles só têm uma hora;
Deus tem todas as horas.
9. — Mãe de Deus, sois também, e por isso
mesmo, minha M ãe! Que felicidade a m inha! A Mãe
de Deus minha M ãe!
Minha Mãe, de Vós tudo espero! Quereis o
meu bem c podeis junto de Deus alcançar-mo.
10. — Jesus que não se confundiu de me chamar
seu irmão, é que me entregou a Vós. Amou-me
com infinita caridade, amou-me e entregou-se por
mim, amou-me e quis que também eu o estreitasse
ao peito no inefável abraço da comunhão, amou-me
c entregou-me sua Mãe...

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11. — Minha Mãe, fazei que eu Vos ame e que
ame a Jesus. Fazei que todos, pequenos e grandes,
ignorantes e sábios o conheçam, o amem, o sirvam,
o imitem. Fazei que todos os seus inimigos se lhe
rendam e sujeitem com verdadeiro amor. Fazei que
chegue depressa o triunfo de vosso Filho.

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Purijicação e Apresentação

1. — No templo de Jerusalém, junto da porta


de Nicanor, onde o santo Simeão com Jesus nos
braços diz o Nunc dimittis e anuncia a N.“ Senhora
uma espada de dor, — diante daquela porta, onde
a profetiza Ana começa a falar do menino Jesus a
todos os que esperam a consolação de Israel, a
Virgem Purissima resgata seu Filho pelos cinco
ciclos da lei e recebe a bênção do sacerdote que reza
sobre Ela a oração prescrita.
2. — Imaculada Virgem Mãe de Deus c minha
Mãe, dai-me licença de abrir o sacrário de vosso
Purissimo Coração c de nele ver c admirar o fervor
da generosidade com que servis o Senhor, para
aprender dc Vós a pôr o meu gozo em cumprir-lhe
perfeitamente a sua santíssima vontade.
3. — A lei da purificação não era para Vós,
como a da apresentação não era para vosso Filho.
Ele é o Filho de Deus e o Senhor da lei; Vós sois,
por assombrosa acção do Espírito Santo, Mãe do

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Filho clc Deus. Sois Mãe puríssima, Mãe castissima.
Mãe intemerata. Mãe imaculada; e por isso a lei
da purificação não vos pertence.
Mas o vosso Coração é generoso; goza-se de ir
além do estrito dever e de dar a Deus mais do que
Ele manda ou pede.
E eis-Vos ai entre as outras mães, confundida
com elas, sofrendo a humilhação de parecer mãe
da mesma forma que elas. É um sacrifício; mas,
por amor de Deus, fazei-lo contente e com imenso
gosto, pois muito bem sabeis que para tão grande
e tão bom Senhor tudo é pouco.
4. — Que louvores Lhe daremos. Mãe Santís­
sima, pela generosidade com que Ele paga a vossa
obediência c sacrifício? As outras mães oferecem-
-Ihe puros homens, tão pobres, fracos e miseráveis,
como pecadores que são. Vós tendes o inefável
prazer de Lhe fazer uma oblação perfeita e digna
de seus olhos e dc sua infinita Majestade, apresen-
tando-Lhe o seu próprio Unigénito Filho, também
Unigénito I'ilho vosso, pelo qual, com o qual e no
qual reconheceis c adorais o Supremo domínio do
Senhor sobre Vós, sobre nós e sobre todas as coisas.
5. — Uni-nos, Senhora, a vosso Divino Filho
e a Vós, para que a nossa adoração seja perfeita,
já que tão gostosa e alegremente Vos unis ao sacri­

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fício de Jesus para, com a dolorosa angústia de
vosso Coração trespassado, contribuirdes para a
justificação e salvação dos homens.
6. — Não olheis agora para as sombras do futuro
e para a contradição que um dia há-de sofrer o
vosso Filho. Agora ouvi os louvores com que
Simeão o exalta como luz de todas as gentes, glória
de Israel e Salvador do mundo. Senhora, o que
neste momento é saudado como consolação e redenção
de Israel, será de facto, num futuro que não tarda,
a felicidade de tantas almas, que se hão-de ter por
ditosas dc o ter conhecido e de, por amor dele, terem
fechado os olhos às seduções do mundo e imolado
até a vida.
7. — Mãe do meu Deus, minha M ãe!, fazei, pela
vossa misericórdia, que eu seja uma destas almas.
Vós que cntregastcs Jesus ao santo Simeão para
que o abraçasse. Vós que o mostrastes à profetisa
Ana e a quantos tiveram a fortuna de estar ali
presentes, fazei-mc o favor de mo revelar e entregar
também a mim, para que eu reciprocamente me
entregue, como devo, a Ele. Dai-me a alegria de
ver atendida a minha oração.
8. — Dai-mc o ânimo e a coragem que preciso
para sentir o gosto da generosidade com Deus,
fazendo por amor dele não só o que Ele manda.

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mas também tudo o que me aconselha, sugere e
inspira.
9. — Dai-me a consolação de poder, deste modo,
oferecer ao Senhor uma oblação agradável a seus
olhos, digna de Lhe ser apresentada com a que
vosso divino Filho Lhe ofereceu na cruz e lhe
oferece cada dia no altar.
10. — Fazei-me a graça de ser em todas as
minhas acções uma hóstia viva unida ao Santissimo
Coração de Jesus, vivendo sempre com F.lc, nEle
c por Ele.

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Perda de Jesus

1. — Na idade de doze anos, Jesus foi com


N.“ Senhora e S. José a Jerusalém, à solenidade
da Páscoa. À volta ficou na cidade, e só ao fim da
primeira jornada é que deram pela falta dele seus
pais. Buscando-o, encontraram-no ao terceiro dia,
no templo de Jerusalém, sentado entre os doutores,
ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas.
2. — Mãe Santissima, pela angústia que afligiu
o vosso Imaculado Coração na perda do Menino
Jesus, dignai-Vos fazer-me sentir a felicidade de o
possuir, para não cair nunca na desgraça de o ofen­
der e para Vos acompanhar no imenso gozo que
inundou vossa alma, quando tivestes a dita dc o
encontrar.
3. —.Se eu pudesse compreender esta vossa ale­
gria ! Alegrou-se o .pai do pródigo, e voltando a
casa o filho arrependido, festejou-lhe a vinda com
regozijo de banquetes e músicas. Alegrou-se Tobias
ao ouvir que seu filho chegava de Ragés, e, não
obstante a cegueira que sofria, correu alvoroçado a

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recebê-lo. Alegrou-sc Jacó ao saber que seu filho
José ainda vivia e sacudindo o torpor da sua letargia,
foi ao Egipto a vê-lo e abraçá-lo, desabafando que
para morrer contente, isto lhe bastava.
Mas Vós sois M ãe! O vosso Filho é Jesus!
E Vós sabeis que Jesus, vosso Filho, é o mais belo
dos filhos dos homens, que é na sua geração humana
exclusivamente vosso e que na sua geração divina
é filho natural de Deus, verdadeiro Deus igual a
seu Pai. É vosso Filho e vosso Deus; amai-lo quanto
podeis com amor quase infinito...
4. — Por estradas c caminhos, angustiada e aflita,
procurais há tanto tempo Jesus que tanto amais...
E agora, ei-lo diante de Vós!...
5. — Está entre os doutores da lei — que olham
para Ele maravilhados da profundeza das suas
perguntas c da sabedoria das suas respostas.
6. — O vosso Coração esquece num momento
toda a sua angústia e inebria-se de felicidade. Estais
outra vez com Jesus!
7. — Tendes o gosto de levá-lo convosco para
debaixo do mesmo teto; de contemplá-lo a cada
instante, meditando a sublimidade da sua vida íntima,
os seus exemplos de humildade, de obediência, dc
caridade, de trabalho; dc admirar as manifestações
de sua sabedoria sempre crescentes diante de Deus

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c diante dos homens; finalmente, de poder servi-lo,
de prestar-lhe os vossos carinhos de mãe, de viver
com Ele e para Ele.
8. — Mãe de Deus, minha Mãe, por este vosso
gozo tão santo e profundo, obtende-me a graça de
nunca perder a Jesus; e se alguma vez for tão infeliz,
que tenha a fraqueza de ofendê-lo, dai-me a con­
solação de voltar a Ele depressa pelo arrependimento
e pela penitência.
9. — Na aridez da desolação fazei que não tarde
a encontrá-lo e que tenha a ventura de ouvir de sua
boca palavras de ãnimo e de conforto.
10. — Quando o invocar, intercedei por mim para
que Ele tenha a misericórdia de vir ter comigo c de
derramar a sua luz na minha inteligência, a sua
força na minha vontade, o seu amor no meu coração.
11. — Minha Mãe, alcançai-me, pela vossa bon­
dade e poderosa intercessão, a graça de andar sem­
pre na sua presença, de meditar com profunda
simpatia e amor os exemplos de suas virtudes, de
ajustar as minhas acções pelas suas e de me vestir
e penetrar de seus sentimentos e espírito.
12. — Fazei que tendo a consolação e a alegria
de viver assim com Ele neste mundo, consiga a
suprema felicidade de o encontrar ao sair desta vida
c dc ficar com Ele para sempre.

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O ração no Hoito

1. — Despedindo-se de sua Mãe Santíssima, Jesus


sai do Cenáculo com Os Onze, deixa oito deles à
entrada de Getsemani, e, adentrando-se no Horto com
Pedro, Tiago e João, mergulha numa tristeza de
morte, apavorado e nauseado de repugnância ante
o quadro horrendo de sua Paixão. Aflito e angus­
tiado cai por terra, entra em agonia, sua sangue
que goteja e corre pelo chão, e ora humildemente
a seu P a i: — «Meu Pai, se c possivel, aparte-se de
mim este cális; mas não se faça a minha vontade
senão a vossa».
2. — Prevenida do que ia acontecer, como o
foram os Apóstolos dos mais humilhantes e horro­
rosos tormentos da Paixão, a Mãe de Deus passa
em seu Coração toda a agonia de seu divino Pilho.
3. — Purissima e imaculada Virgem, Mãe do
meu Senhor e minha Mãe, tende por bem fazer-ine
a graça de sentir c chorar convosco a agonia do
Coração dc Jesus e a aflitiva angústia do vosso.

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para vos consolar c desagravar e para destruir em
mim e nas almas a triste servidão do pecado.
4. — Que imensa tristeza a vossa quando cuidá-
veis em vosso Coração de Mãe na tristeza de vosso
Filho e na tempestade de dores que se estava armando
sobre Ele! Que terror e que pavor ao imaginardes
os horríveis tormentos que Lhe haviam de dilacerar
o coração e a alma, e rasgar e dcsconjuntar o seu
inocentíssimo corpo! Que repugnância, conside­
rando-o feito um leproso, pisado pelos homens como
um verme e deixado de Deus como um maldito!
5 .— Virgem Santissima, o vosso Filho, o vosso
único Filho, inocentíssimo, puríssimo e impecável,
o vosso Filho e vosso Deus, tem sobre os seus
ombros o peso enorme dos pecados de todos ps
homens e está oferecido por eles aos rigores da
divina justiça. É necessário desagravar a honra de
Deus ultrajada. — Sofrei, Senhora, com Ele em holo­
causto de reparação.
6. — Agora, agora c que a espada de Simeão
SC crava dilacerante em vossa alma. Vosso Filho
sofre e Vós com Ele; e contudo estas dores tão
atrozes, são inúteis para tantos homens, que, não
obstante elas, querem pecar e condenar-se.
7. — Bem quiséreis Vós que o cális da Paixão
e este, passassem dc vosso Filho e de Vós! Mas

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resignada e calma, acatais a disposição divina e repetis
heroicamente: — «Faça-se a vossa vontade e não a
minha».
8. — Senhora, a vida do homem na terra é um
tecido de provações e de penas. Quando cairem
sobre mim os golpes da dor; quando for contrariado
nos meus gostos, desejos e projectos; quando for
alterado na saúde ou perturbado na paz, lembrai-me
da agonia do Coração de Jesus e do vosso, e ensi­
nai-me a aplicar sereno os lábios ao cális que o
Senhor me oferece e a querer, não obstante as
repugnâncias da natureza, antes a vontade dele que
a minha.
9. — Se em castigo dos meus pecados ou pela
maldade dos homens me vir desamparado de parentes
e amigos, mal interpretado, murmurado, desprezado,
caluniado, entregue até a meus inimigos, — minha
Mãe, pela angústia do vosso Coração ante a agonia
do Coração de Jesus, dai-me a graça para dominar
as revoltas do amor próprio, e para sem queixa
e cm silêncio cumprir antes a vontade de Deus do
que seguir os ímpetos da minha.
10. — Perante o mau sucesso dos meus trabalhos
c fadigas e a inutilidade dos meus esforços e suores,
ao ser-me pago com o mal o bem que tiver feito,
e ao receber pelos favores e benefícios ingratidões

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e injúrias, pondc-me diante a agonia do Coração dc
Jesus e a lancinante aflição do vosso, para que eu
sempre c em tudo diga generosamente ao Senhor:
— Faça-se a vossa vontade e não a minha.
Coração de Jesus esmagado por causa dos meus
pecados, tende piedade de nós. Aflito Coração de
Maria, sede a nossa salvação.

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A Flagelação

1. — Curvado sobre uma coluna duns setenta


centímetros e com as mãos atadas a uma argola de
ferro chumbada nela, N. Senhor, nu, recebe das mãos
de soldados sem alma o horrível tormento da fla­
gelação. N.* Senhora — pró peccátis súae géntis,
vídit Jésum in torméntis et flagéilis súbditum:
— pelos pecados do seu povo, diz a seqüência Stabat
Mater, viu Jesus atormentado e submetido aos
açoites.
2. — Virgem das virgens. Mãe de Jesus, dignai-
-vos derramar em meu coração a amargura do vosso
nesta hora de atroz sofrimento. Fazei-me chorar
convosco a acuidade destas dores e feri-me no
íntimo da alma com as chagas e o sangue de vosso
santíssimo Filho.
3. — Vós e Jesus, Mãe e Filho, sois uma coisa só.
Como é que podeis suportar o horror de tão cruel
espectáculo? Os soldados, bàrbaramente, descar­
regam golpes sobre golpes no corpo inocente do

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Senhor. Avergoam-lhe e estalam-lhe a pele, espre­
mem-lhe o sangue, fendem-lhe e rasgam-lhe a carne.
O sangue salta com os açoites e corre em fios para
o chão. Voam no ar . retalhos da carne pura e ima­
culada dc Jesus. É a carne da vossa carne c o
sangue do vosso sangue.
4. — Os algozes não se cansam. Dum lado e
doutro, brandem furiosamente os terríveis flagelos,
sem conta nem medida no número de açoites.
Vêem-se já os ossos. As costas de vosso divino
Filho são uma posta de sangue, uma enorme chaga
que alastra e incha mais c mais a cada golpe.
E os verdugos não param. Prolongam indefi­
nidamente a horrenda carnificina.
5. — Oh que tristeza e aflição a vossa vendo
assim tratado o vosso Filho! Bem quereríeis livrá-lo
de tão bárbaro suplício, arrancá-lo da coluna e das
mãos dos carrascos, pôr-vos ao menos em lugar dele
para sofrer por Ele o que Ele padece por nós.
6. — Mas é outra a vontade do Céu. É necessário
que a carne inocente, pura, santa e imaculada de vosso
Filho padeça tão cruelmente, para expiar as impure­
zas, as imodéstias, as sensualidades e os flagícios
da corrompida raça humana. Por isso. Senhora, não
podeis livrar da flagelação a vosso Filho nem levar
em vez dele tão feroz castigo. Levais outro que vos

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custa mais. É ver Jesus no tormento, vê-lo sujeito
aos açoites e não poder aliviá-lo.
Mãe Santíssima, fica assim maior a reparação
que, para remédio nosso, unis à dele. Isto não vos
tira a pena; mas, como sois nossa Mãe, ajuda-vos
de certo a sofrê-la.
7. — Por ela, minha aflita Mãe, pela angústia
de vosso Coração em tamanha tortura vossa e de
vosso Filho, guardai-nos do pecado que Ele agora,
sobre todos, expia^ dai-nos a graça da pureza;
purificai as nossas almas, os nossos corações, os
nossos corpos; alcançai-nos pensamentos, afectos,
vida de anjos; livrai-nos de toda a culpa e de todo
o crime.
8. — Infundi-nos alento e coragem para mortifi-
carmos os nossos sentidos e o nosso corpo, e para
oferecermos a Deus os sacrifícios de desagravo e
reparação que lhe devemos.
9. — Assisti-nos com o vosso auxílio para rece­
bermos conformados as penalidades e provações que
o Senhor nos manda. Somos pecadores: é justo que
levemos e aceitemos o castigo. Não fazemos espon­
taneamente penitência: bem é que imposta a quei­
ramos.
10. — Por muito que as justiças do Senhor nos
aflijam e durem; por muito que nos firam na saúde.

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nos bens, no nome, nos que amamos; mesmo quando
nos vejamos iqcapazes de nos valermos e destituídos
de toda a esperança de alívio, fazei que não esque­
çamos que todo o pai castiga a seus filhos, que Deus
prova os que ama, e que vos consolamos sofrendo
com humildade a paciência, como Vós sofrestes na
flagelação de N. Senhor, nosso Deus e vosso Filho.

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Coroação de Espinhos

1. — Com um trapo de púrpura nos ombros, a


cabeça cravada de espinhos, na mão direita uma
cana, Jesus, sentado num banco, recebe dos soldados
do governador pancadas, bofetadas, zombarias, escár­
nios, salivas.
2. — Mãe Santíssima, que vos dignastes pedir a
nossa companhia e o nosso desagravo, eis-me aqui
na vossa presença para unir o meu coração ao vosso
e para sentir convosco as dores e as afrontas de
vosso divino Filho. Desejo a.ssociar-me a Vós, con-
dividir as vossas penas e a vossa imensa amargura.
3. — Os espinhos que penetram na .santíssima
cabeça de Jesus, borbulhando gotas de sangue, varam
e dilaceram o vosso coração de Mãe. É aquela cabeça
que outrora tantas vezes acarinhastes, aquela fronte
a que tantas vezes com a reverência da adoração
aplicastes a imaculada ternura de vossos lábios, aquela
cabeça que tantas vezes caiu com serenidade divina
adormecida no vosso peito. Agora não podeis acari-

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ciá-la, não podeis livrá-la daqueles espinhos que os
bárbaros verdugos afundam nela com escarninhos
golpes de cana.
4. — Tendes ainda nos ouvidos e no coração as
palavras do Anjo: «Darás à luz um filho... que será
grande e será Filho do Altissimo, e receberá de
Deus o trono de Davide, seu pai, e reinará para
sempre na casa de Jacó, e o seu reino não acabará
jamais» (Luc. i, 32-3).
Oh como este reino é agora escarnecido! Um
farrapo, uma cana, espinhos, pancadas, bofetadas,
asquerosos cuspos, motejos, gargalhadas, adorações
insultuo.sas e saudações sarcásticas... Joelho em terra
diante do Senhor, dizem: — Deus te salve, rei dos
judeus (M t. xxvii, 29; Mc. xv, 18; Jo. xix , 3).
Mãe de Jesus, Mãe do Filho de Deus, como é
que o vosso coração resiste, como é que não se parte
e faz em pedaços com tantas afrontas e opróbrios
de vosso Filho?
5. — Quiseram apoderar-se dele para o fazerem
rei (Jo. VI, 15); há dias levaram-no em triunfo, entre
palmas c hosanas, aclamando-o Enviado do Senhor,
Filho de Davide e Rei de Israel (Mt. xxi, 9;
Jo. XII, 14). Agora riem-se da sua realeza os roma­
nos e dentro em breve hão-de repudiá-la os judeus:
— Crucifica-o, crucifica-o; não queremos rei senão

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O César! (Jo. xix , 6 e 15). Vosso Filho está só.
Deixaram-no todos, mesmo os discípulos, os amigos
e tantos a quem encheu de favores. Quem não
ludibria a sua realeza, não se importa nem faz caso
dela.
6. — Eu também feri o vosso coração com estes
espinhos, porque tive a triste infelicidade de recusar
muitas vezes o domínio de Cristo Rei e a sujeição
ao seu cetro.
Todas as vezes que preferi a minha vontade à
sua, todas as que antepus as minhas paixões à sua
lei, todas as que segui antes os ditames do mundo
que as máximas do Evangelho, outras tantas clamei
e vociferei que não queria que Jesus reinasse sobre
mim.
Eu é que o coroei de espinhos com a maldade
dos meus pensamentos de vanglória, de malquerença,
de vingança, de ódio, de cobiça e de lascívia. Eu é
que zombei da sua realeza com o meu orgulho e a
minha soberba, com as minhas revoltas contra as dis­
posições divinas e contra a obediência, e com amar-me
até ao desprezo de Deus.
7. — Senhora, obtende-me o perdão e a graça de
emendar-me. Quero desagravar o Coração de Jesus
e o vosso. Fazei que comece agora uma vida santa,
imaculada, fervorosa. Dai-me pensamentos de humil-

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(ladc, de pureza, de caridade. Dai-me força para vos
imitar e para aprender do Coração de Jesus como
hei-de desafrontá-lo dos meus pecados c dc todos
os insultos com que é ultrajado.
Quando os espinhos da tribulação me rasgarem o
.seio c me dilacerarem a alm a; quando a humilhação
c o desprezo se abaterem sobre m im ; quando (quem
sabe?) até os meus, até aqueles a quem dediquei
amor, sangue c vida, me forem indiferentes, adversos,
inimigos c perseguidores, ponde ante meus olhos este
quadro de dor e irrisão e lembrai-me que fica mal
debaixo duma cabeça coroada dc espinhos um mem­
bro coroado de rosas, e sob um mestre c um rei
saturado dc opróbrios um discípulo c um vassalo
cercado de honras.

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Levando a Cruz

1. — Pilatos lava as mãos e profere a sentença.


Jesus recebe a cruz ao ombro e sai arrastando-a
para o Calvário no meio da multidão que o vozeia
e doesta. Maria defronta-se com ele e segue-o.
2. — Mãe de Dores, para satisfazer o vosso pedido
dc desagravo, venho acompanhar-vos atrás de Jesus,
suplicando-vos a graça de experimentar os golpes
que vos dilaceraram a alma e de embeber em meu
coração as espadas que retalham o vosso.'
3. — Vede, Senhora, a iníqua sentença com que
é condenado vosso Filho. Inocentíssimo por natureza,
porque é Filho de Deus — em tudo igual a seu
Pai — quatro vezes declarado sem culpa diante
do povo que o pede para a cruz, é sentenciado à
morte pelo próprio juiz que o proclama inocente.
4. — Não dcsfaleçais, minha Mãe, com o espectá­
culo que vedes agora. Jesus sai com a cruz às costas,
vergado com o peso dela. Ai, aquele rosto que era
mais belo que a luz nascente, agora coberto de
sangue e salivas... c o dum leproso ferido de D eus!

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Meu Senhor e Salvador, eu vos amo tão humi­
lhado. Nas manchas que vos cuspiram às faces vejo
purificadas as almas. Pela vossa caridade com elas
e pela vossa bondade comigo, bendito sejais. Senhor!
5. — Virgem Santíssima, sinto o vosso coração
esmagar-se. Jesus pálido e lívido, martelado pela
cruz na coroa de espinhos, mal pode arrastar-se;
treme, vacila, cambaleia e cai. Sob o peso do madeiro
dos meus pecados não pode erguer-se. Gritam-lhe,
batem-lhe, insultam-no, levantam-no.
6 .— As filhas de Jerusalém lamentam-no e cho-
ram-no. Ele volta-se e quer consolá-las. Oh Mãe
de Jesus, nesta hora cruel quem precisa de conforto
sois vós! Vosso Filho tem seus olhos nos vossos
e vós os vossos nos dc vosso Filho. Os vossos têm
lágrimas, os dele sangue. Que profunda c amarga
aflição!
7. — Quem me dera saber consolar-vos! Bem
vejo o vosso coração unido ao de Jesus na mesma
aceitação, no mesmo oferecimento, no mesmo suplício.
Com Ele sofreis para com Ele nos salvardes. É esta
a vontade de Deus. Por isso, não obstante a vossa
angústia, é também a vossa vontade.
8. — Minha Mãe, eu quero imitar-vos. Socor-
rei-me com o vosso auxílio. Se vos consola que eu
sofra por Jesus e por Vós, que eu una o meu

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coração ao dele e ao vosso nas tribulações que a
Providência me der, que por amor dele e de vós
eu me ofereça para a expiação e para a dor, eis-me
aqui nas vossas mãos para tudo.
9. — Mãe do meu Senhor, minha Santíssima e
querida Mãe, alcançai-me a graça que preciso, que
eu para consolar-vos quero sofrer sem queixa as
condenações injustas, mesmo que venham de quem
devia defender-me; para consolar-vos quero receber
em silêncio as salivas dos desprezos e dos escárnios,
ainda que mas lance quem tem obrigação de am ar-me;
para consolar-vos quero aceitar com humildade e
amor toda a cruz que Deus me envie, por pesada
que seja, e toda a que os homens me imponham,
embora seja por desdém, vingança ou ódio.
Sós vos peço que me assistais com o vosso amor
e amparo, que me lanceis um olhar desses vossos
olhos misericordiosos, que façais que Jesus olhe
para mim como olhou para Vós e me encha do seu
amor, da sua força e da sua graça. Assim seja.

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N a Cruz

1. — Ao norte de Jerusalém, para a banda do


ocidente, fora das muralhas e a cem metros da Porta
Judiciária, está o pequeno morro do Calvário. No alto
dele Jesus crucificado, e de pé, junto à cruz, a
Mãe de Jesus.
2. — Que tristeza e que amargura não .sofre em
seu coração a Mãe do nosso Redentor! Quem é
capaz de ter as lágrimas contemplando a Mãe de
Cristo num suplicio tão atroz ? Minha Mãe, fazei-me
a graça de sentir as vossas dores e a aflição do vosso
■pranto. Fazei que eu chore convosco, e que enquanto
tiver vida, me condpa de Jesus. Quero estar ao pé
da cruz e fazer-vos companhia no sofrimento e nas
lágrimas.
3. — Oh como é confrangedora a angústia do
vosso coração quando vedes vosso Filho desnudado
de seus vestidos, estendido no madeiro, e barbara­
mente cravado nele a golpes de martelo! Senhora,
não obstante a vossa pena, imensa e quase infinita,

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juntai a vossa oração à do Coração de Jesus e
implorai o perdão de Deus para mim e para todos
os que, pecando, vos crucificam vosSo Filho; dizei
com ele; — Pai, perdoai-lhes porque não sabem o
que fazem.
4. — Agora arrastam a cruz pelo chão escabroso
do Calvário, Icvantam-na ao alto, seguram-na, e eis
vosso Filho justiçado entre ladrões, como se fosse
um celerado e o pior dos malfeitores. Ai, que
diferente Ele está do que era dantes! Não é o mais
belo dos filhos dos homens; é um verme, por meu
amor feito maldito, uma pasta informe de sangue
que mete ho rro r; é uma dor viva e lancinante, desde
os pés abertos de pregos até à cabeça coroada de
espinhos; é o homem de dores, triturado pelos nossos
crimes.
5. — Imaculíido Coração de Maria, esmagado com
o peso de tão grande tormento, preparai-vos para
maiores amarguras, para novas espadas que já descem
faiscando para vos ferir e trespassar. O vosso Filho
sofre e agoniza, e em torno dele os escribas, os
fariseus, o povo, os que passam, os soldados, os
próprios ladrões crucificados, todos à uma o insultam,
o escarnecem, o maldizem, o blasfemam. Bem ouvis,
— e com que m ágoa! — esses sarcasmos horríveis,
arremessados como setas crvadas ao Coração San­

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tíssimo de Jesus, que não podem feri-lo sem varar
o vosso.
6. — Salvo o ladrão arrependido, ninguém defende
o Senhor nem lhe diz uma palavra de conforto.
Conhecidos, amigos, discípulos, parentes, miraculados
por Ele, todos o deixaram. Jesus está só com os seus
tormentos. Esvaído de sangue, ardendo em sede
e em febre, até de seu Eterno Pai é desamparado:
— «Meu Deus, meu Deus porque é que me desam-
paraste ?»
7. — Virgem Santíssima, porque é que não con­
solais Vós o vosso Filho?... É porque não podeis?
— Meu Filho, meu Filho!, suspirais, ao vê-lo em
tanta angústia. Ele, porém, responde: — Senhora,
o vosso filho aí o tendes. É João, são todos os
homens; amparai-os, protegei-os, amai-os. Eu, já
não posso mais; tudo está consumado; vou morrer.
Meu Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito.
8 .— Jesus, eu Vos adoro. Vos amo e Vos dou
graças porque à hora da morte me entregais a vossa
Mãe. Sou filho dela e Ela é minha Mãe 1 Bendito
sejais!
Senhora, já que sou filho vosso c gerado em
tantas dores, quero proceder como tal. Quero tratar-
-vos com todo o respeito, veneração, amor e obe­
diência ; quero fazer em tudo a vossa vontade;

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quero consolar-vos c desagravar-vos das ofensas que
recebeis directamente em vosso Coração e das que
são dirigidas imediatamente ao Coração de Jesus
e por isso vos são mais sensiveis.
9. — Para isso recorro ao vosso amor de Mãe.
Preciso de desnudar-me das coisas do mundo e dos
afectos terrenos, preciso de pregar-me bem fixo e
seguro ao cumprimento do meu dever, preciso de
perdoar generosamente os agravos que me fazem,
preciso de imitar a N. Senhor no sofrimento dos
desprezos, das injúrias e de todo o desamparo e dor,
preciso de o imitar na morte — morrendo para todo
e qualquer pecado, já que Ele morreu para me livrar
de todo e qualquer pecado. Mãe de Deus, minha
Mãe, rogai por mim.
10. — Fazei que eu imite a morte de Cristo, que
o acompanhe na sua Paixão e que medite nas suas
chagas. Fazei que elas me firam o coração e que eu
me inebrie da cruz e do sangue de vosso Filho.
Para não arder nas chamas eternas, defendei-me
no dia do juízo, ó Virgem Santissima.
Senhor, quando tiver de sair do mundo, levai-me,
por amor de vossa Mãe, à palma da vitória. Quando
o meu corpo morrer, fazei que minha alma receba
a glória do Paraíso. Assim seja.

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A Ressurreição

1. — Em oração no seu quarto, N." Senhora,


surpreendida por um vivo clarão, corre a abraçar
seu Filho, que lhe aparece ressuscitado. Os anjos,
em torno cantam : — Rainha do Céu, alegrai-vos,
aleluia, porque o vosso divino Filho, aleluia, ressus­
citou como disse, aleluia!
2. — Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe do
meu Senhor e minha Mãe, eis aqui a vossos pés
este indigno filho vosso, que vos pede a graça de
vos fazer companhia na imensa felicidade que hoje
gozais com a ressurreição do vosso Jesus. Permiti
que eu me una ao vosso Imaculado Coração de Mãe
c vos diga, como souber, o prazer e o gozo que sinto
em presença da vossa alegria.
3. — Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia, porque
o vosso divino Filho, aleluia, cumpriu a sua pro­
messa e em verdade ressuscitou, aleluia!
Cuidava a morte que o tinha em suas mãos, e ei-lo
que sai triunfante do sepulcro. — Onde é que está,
ó morte, a tua vitória? (1 Cor. xv, 55). Cristo é o

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primogênito e as primícias dos mortos (Col. i, 18;
1 Cor. xy, 20). Ressuscitou para não tornar a morrer
(Rom. VI, 9). — Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia,
que a morte já não tem poder sobre Ele, aleluia!
(Rom. VI, 9). A sua vida é luz serh noite, glória
sem fim, aleluia.
4. — Esse corpo santíssimo, que por graça do
Espírito Santo concebestes e, com pureza ilibada
destes ao mundo, e agora, extasiada no esplendor da
sua claridade, contemplais com tanto amor e carinho,
já não sofre. Agil como a luz, veloz como o pen­
samento, subtil como os espíritos, mais brilhante
que os sóis, vive acima, muito acima das contin­
gências do mundo. É um corpo espiritualizado: nem
morte, nem dor, nem peso. Passou a morte e passa­
ram as penas. Passaram e já não voltam... Já não
podem voltar... As chagas das mãos, dos pés e do
lado, não doem, não magoam, não são feridas: são
um sinal de identidade, uma força na oração, um
troféu de triunfo, uma delicadeza de amor. Rainha
do Céu, alegrai-vos, aleluia, que vosso Filho já não
pode sofrer, aleluia!
5. — Já não morre nem sofre: justifica e vivifica.
Entregue à morte pelos nossos pecados, ressurge
para nossa justificação (Rom. iv, 25). Com a morte
remiu-nos, com a ressurreição justifica-nos. Com

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a morte preparou-nos o remédio, com a ressurreição
dispõe que nos seja dado e o recebamos.
Poderosíssimo argumento da fé, prova máxima
da divindade de Cristo, a ressurreição é o selo divino
da obra do Senhor e dos meios que Ele nos dá de
.salvação. Antes dela não haveria descida do Espírito
Santo, nem pregação dos Apóstolos, nem comuni­
cação geral da redenção. Com ela aviva-se a fé,
preparam-se os corações, difunde-se a graça e
aplica-se às almas.
6. — Vede, Senhora, quantas tão profundamente
enterradas nos covais da culpa, se levantam do pecado
e entram e caminham pela senda da vida nova que
o Senhor na sua ressurreição lhes aponta: — morte
ao passado, desprendimento da terra, desprezo do
mundo, amor de Deus, desejo do céu, imitação da
.sua vida — vida da graça!
Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia; exultai em
vosso Coração, aleluia! É vosso Filho que opera
estes prodígios, é vosso Filho que ressuscita as almas,
é vosso Filho que derrama nelas esta onda de vida.
Não foi inútil o seu sofrimento, não foi inútil o
que Vós sofrestes. Alegrai-vos, Rainha do C éu!
O Reino de Deus principia!
7. — Oh se ele se dilatasse e se estendesse a todos
os homens! Senhora, com a vossa intercessão.

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apressai o momento em que todos o aceitem; e a nós
que já o aceitámos, obtende-nos a graça de o amar
e aperfeiçoar cada vez mais.
8. — Mãe do divino Ressuscitado, aumentai-nos
a fé na sua ressurreição, principio e penhor da no.ssa.
Fazei que vivamos como quem há-de ressuscitar:
que não receemos o trabalho de cumprir a lei de
Deus; que não temamos o sofrimento, a mortifi­
cação, a cruz; que não amemos a terra, mas o céu;
que imitemos generosa e perfeitamente a vos.so divino
Filho; e que o sigamos na dor para o acompanhar­
mos na glória, na qual, ressuscitados à sua imagem
c semelhança c participando para sempre do vosso
gozo, cantemos eternamente reconhecidos: — Rainha
do Céu, alegrai-vos, aleluia, porque o vosso divino
Filho, aleluia, ressuscitou como disse, aleluia!

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A Ascensão

1. — No Monte Olivete, os discípulos, de joelhos,


seguem com a vista a Jesus, que lançando sobre eles
a bênção, vai subindo ao céu. Olhos pregados em
seu divino Filho, está ali também a Santíssima
Virgem.
2. — Senhora, essa bênção que desce do alto fazei
que repoise sobre mim e que levantando em meu
coração os sentimentos do vosso, me inflame na mais
pura caridade, para eu me alegrar com a vossa
alegria e me gozar do triunfo de Jesus.
3. — Com certeza, minha Mãe, o vosso Coração
Imaculado vive agora momentos de indizível felici­
dade. Vosso Filho, que tanto amais, eleva-se no ar,
a caminho do Céu. Deixou seu Pai e veio ao m undo;
agora deixa o mundo e volta a seu Pai. Vai sobre
a alvura duma nuvem dc neve, mais radioso e bri­
lhante que o .sol, cercado dos santos que livrou do
Limbo e dos anjos que fez seus ministros.
4. — As portas do Céu estão abertas, os coros
reboam no ar, e do seio da sua eternidade diz o

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Senhor a N. Senhor: — Scnta-te à minha direita,
recebe o meu poder e majestade, e domina nos teus
inimigos, porque o teu trono, ó Deus, é trono
para os séeulos dos séeulos (Ps. c/.v, 1; x u v , 7;
Hebr. i, 8).
5. — Alegrai-vos, Senhora, e regozijai-vos em
vosso Coração! Tudo o que é de Deus é de vosso
Filho. O Eterno Pai tudo lhe entregou; e aquilo
que o Pai lhe entregou, ninguém lho arrebata da
mão. Na terra e no céu, só Ele é Santo, só Ele é
Altissimo, só Ele é Senhor, com o líspírito Santo,
na glória de Deus Pai.
6. — A pregação dos Apóstolos no mundo, a
acção do E.spirito Santo nas almas, a dilatação e a
santidade da Igreja, a coroação dos santos na glória,
tudo parte de Jesus. líle. Primado e Príncipe de
todas as coisas e Soberano Rei dos Séculos, é quem
tudo move com o poder que lhe foi dado no céu
e na terra.
7. — Agora .sobe ao Céu. Assim tornará para
julgar o século. Virá num trono de nuvens e chamará
todos os homens ao seu tribunal, precisamente porque
é o Filho do Homem.
8. — Filho de Deus, pertencia-lhe por natureza
todo este poder, o qual também lhe era devido, em

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quanto homem, pela união substancial da sua huma­
nidade à pessoa divina do Verbo. Mas obediente até
«à morte de cruz. Deus exaltou-o sobre todas as coisas
dando-lhe aquele nome que é superior a todo o
nome, para, ao nome de Jesus, todo o joelho se
dobrar em adoração na terra, no céu e no inferno,
e toda a lingua confessar que Jesus Cristo é Senhor,
igual na glória a Deus Pai. Humilhações, tormentos
e morte, são na obra redentora mais um titulo de
suprema exaltação c de senhorio universal.
9. — Virgem Santissima, bastava .serdes Mãe de
Jesus, para a sua ascensão tão bela, o seu trono
tão excelso e o seu dominio tão soberano, inebriarem
de gozo o vosso Coração. Mas a vossa maternidade
foi livre. Com o fiat, com o sim com que vcstistes
da nossa carne o Verbo de Deus, aceitastes também
uma espada de dores c um cális de humilhações
e de opróbrios, indispensáveis para o esplendor deste
dia. lira necessário que Cristo padeces.se para entrar
na .sua glória.
Assim a vossa cooperação é mais voluntária,
o vosso amor é mais dedicado, a vossa parte na pre­
paração desta hora é mais activa, e por isso o júbilo
do vosso Coração é mais intenso, mais intimo e mais
profundo.

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10. — Coração Imaculado dc Maria, exultai c
jubilai. O vosso gozo é a minha alegria, o triunfo
de Jesus a minha glória. Em nome do vosso gozo
e do seu triunfo, alcançai-me a graça de triunfar
com Jesus: primeiro na dor e no opróbrio, depois
na claridade da Pátria.

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Vinda do Espírito Santo

1. — Nossa Senhora está no Cenáculo, sentada


no meio dos Apóstolos e dos Discípulos, e invoca
fervorosamente o Espírito Santo, para que Ele,
segundo a promessa de Jesus, venha depressa do
seio do Pai.
2. — Mãe Santíssima, o vosso Coração mais
uma vez exulta de alegria, porque aquele que desceu
■sobre Vós a realizar a incarnação do Verbo, já o
estais vendo sobre os que Vos cercam para derramar
neles a luz da sua glória e os fazer instrumentos do
seu poder. O mundo vai ser renovado, e a vossa
oração é indispensável para isso. Também nós pre­
cisamos renovados: rogai por nós. A vossa inter-
ccssão é omnipotentc: fazei que o Espírito Santo
nos renove e que renove a face da terra.
3. — Que maravilhas não faz Ele no Cenáculo
e em Jerusalém! O vento impetuoso, a luz esplen-
<lorosa, as línguas de fogo com que se revela, são
os sinais externos do que opera nas almas.

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4. — Num momento os Apóstolos e os Discípulos
são enri(|ueciclos de santidade, de ciência e de for­
taleza. Defendem os direitos de Deus e de seus
.servos, citam e interpretam as Escrituras, repreen­
dem a iníqua morte de Nos.so Senhor, pregam a
ressurreição e a divindade dele e a necessidade da
penitência, fazem estupendos milagres, e gloriain-se
de sofrer prisões e açoites pelo nome de Jesus.
.s. — As almas arrepcndem-.se publicamente de
seus pecados e convertem-se aos milhares, entre­
gam-se as.siduainente à oração, comungam com fre­
quência, despojam-se de .seus bens em favor dos
pobres, vivem em perfeita harmonia e caridade,
obedecem docilmente aos Apóstolos, suportam ale­
gremente as perseguições e recebem o dom das línguas
e da profecia.
6. — Está-se cumprindo a palavra do Senhor.
Com estes portentosos efeitos de sua graça, o Espírito
Santo condena o mundo do seu pecado de incredu­
lidade, revela a inocência e a glória de Jesus, con­
funde o demônio e os filhos das trevas, guia os
fiéis para a plenitude da verdade, desvenda-lhes
os segredos do futuro, e finalmente glorifica a
N. Senhor Jesus Cristo dando testemunho da divin­
dade dele.

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7 .— Virgem Santissima, que imenso gozo o do
vosso Coração, quando pressentis e presenciais a
glorificação do vosso divino Filho em tantos triunfos
da graça de Deus derramada nas almas pelo Espirito
Santo! Que infindo prazer quando o Espírito Pará-
clito difunde a caridade nos corações e com a suavi­
dade da sua unção os move ao louvor, à reverência
e ao serviço do Pai e do Filho e de toda a Santíssima
Trindade! Que júbilo quando as almas, enriquecidas
com o incomparável dom do Altíssimo, não se cansam
de chamar a Deus seu pai e de tributar-lhe amor
e glória!
8. — Mãe Puríssima, Vós experimentastes, como
ninguém, a acção do Espírito Santo; Vós conheceis
as necessidades das almas. O Espirito Santo não
lhes falta; a muitas desceu no baptismo, a muitas
na confirmação; a todas vem nas suas inspirações
de cada dia. Mas elas são livres e podem resistir-lhe.
Alcançai-lhes, Senhora, a graça dc serem fiéis.
Obtende esta graça para todas as almas: para os
cristãos, para os gentios; para os católicos, para
os ci.smáticos, para os herejes; para os religiosos
e para os seculares; para os sacerdotes e para os
leigos; para a Igreja Docente e para a Discente:
para os governantes e para os governados; para

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os grandes e para os humildes, c muito particular­
mente para mim.
Mãe de Deus e Mãe dos homens trazei ao mundo,
pela vossa intercessão, um novo dia de Pentecostes,
para que a terra transformada bendiga a Deus em
paz e amor. v

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A Assunção

1. — Saindo do sepulcro, bela como a aurora e


clara como o sol, Nossa Senhora eleva-se nos ares
entre inúmera multidão de anjos, e entra gloriosa
nos portais do céu.
2. — Virgem Santíssima, Rainha Soberana, Mãe
de Deus e minha Mãe! Quem me dera sentir agora
os afectos do vosso purissimo Coração tão generoso
e reconhecido, para exultar em meu espirito pela
satisfação do vosso, e para dar graças a N. Senhor
pelo triunfo que vos concede! Ouvi, Senhora, a
minha prece.
3. — Corredentora nossa, o bem de nossas almas
e o conforto do nosso trespasse, impuseram-Vos a
morte. Porém, a vossa morte é santa e admirável.
Nem angústia, nem estertor, nem doença, nem pena.
Imaculada, cheia de graça, virgem fiel, tendes a
indizivel felicidade da plena correspondência a todas
as graças. Adormeccis em paz, velada pelos anjos, e,
como voluta de incenso que se evola, vossa alma
desprende-se do corpo e abre os olhos à vista de
Deus, para quem a arrebata o amor.

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4. — O VOSSO corpo sacrossanto não c tocado
pela corrupção, f. mais virgem que a luz; c fúlgido
templo duma alma ilibada; é escrinio de graça, de
santidade e pureza; é a Arca da nova Aliança; é o
tabernáculo do Altissimo, onde Deus incarnou c
viveu.
5. — Vivificado outra vez por vossa ditosa alma,
surge do seu plácido sono mais radioso e esplêndido
que o fulgor dos sóis, mais leve do que a luz e o
pensamento, ágil e subtil como os espíritos, e para
sempre liberto da lei do sofrimento e da morte.
6. — Eis-vos subindo ao céu e transpondo os
espaços. Que admirável cortejo de anjos vos acom­
panham, jubilosos de contemplar vosso rosto, todo
.suavidade e doçura, todo encanto e êxtase, todo luz
e pureza!
Rumorejam no ar asas de arminho, vibra o
metal de harpas e citaras, palpitam ardoro.sos cora­
ções, reboam aclamações e cantos de entusia.smo,
e abrem-se par em par as portas do céu.
7. — Vêm os patriarcas e os profetas para vos
receberem como aquela que esperaram séculos e
talvez leram nas primeiras páginas dos livros santos;
como a mulher forte que havia de esmagar a cabeça
da serpente; como a estrela de Jacó, a vara de Jessé,
a honra, a glória e a salvação de Israel. Vêm

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S. Joaquim e S. Ana para Vos saudarem como filha,
justamente ufanos por serem escolhidos pelb Céu
para pais da Mãe de Deus. Vem S. José para, como
vosso verdadeiro e purissimo esposo. Vos felicitar
desta inaudita apoteose. Vem Jesus para Vos abraçar
como sua querida e extremosa Mãe. Vem a Santis­
sima Trindade para Vos coroar. Vos entronizar e
Vos meter na mão o cetro dc Rainha c Senhora.
8. — Sou vosso filho. Virgem Puríssima. O meu
go.sto e o meu prazer é ver-Vos assim glorificada,
é vcr-Vos senhora do mundo para sempre. Bendita
sejais por esta grandeza e majestade! Bendito o
Senhor (|ue assim Vos fez soberana!
Ç. — No vosso triunfo e na vossa glória leinbrai-
-Vos de nós, degredados filhos de Eva. Na hora da
nossa morte assisti-nos para que também nós sejamos
coroados.
Alcançai-nos a graça duma pureza angélica, duma
vida intemerata e duma consciência ilibada; fazei
que correspondamos plenamente aos convites da
graça e que desprezemos o mundo, e suas máximas,
vaidades e prazeres; obtende-nos uma perfeita união
com N. Senhor e velai sobre nós, como Mãe cari­
nhosa. Assim morreremos em paz, ressurgiremos em
glória, e contemplaremos para sempre o imenso gozo
da vossa eterna felicidade.

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Coroação de Maria

1. — Sentada no seu trono rutilante, recebe a


Virgem Santíssima na fronte imaculada uma coroa
mais preciosa que o oiro e que o diamante, — coroa
dc poder, de sabedoria e de caridade, coroa de
justiça, que Deus — justo juiz — lhe coloca na
cabeça, enquanto na imensa vastidão dos céus reboam
majestosos hinos dc triunfo.
Anjos e santos, coros esplêndidos da Glória,
saudai, aclamai e cantai a vos.sa Rainha e Soberana;
— «Vem! Vem do Líbano! Vem e serás coroada.»
2. — Virgem puríssima, imaculada Mãe de Deus
e minha Mãe, hoje é o dia da suprema recompensa,
dia dc alegria, de júbilo, de glória, de magnífica
e nunca imaginada apoteose! Hoje entrais no gozo
do Senhor, nessa radiosa e inebriante felicidade, que
nem olhos viram nem ouvidos ouviram nem nunca
podia passar pelo coração do homem. — Exaltação
grandiosa, mas bem merecida.
3. — Chamastes-Vos escrava do Senhor. Fostcs
a mais humilde de todas as criaturas, fostes ignorada

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(lo mundo, desconhecida dos grandes da terra e
também dos pequenos, pobre, desprendida de todo
o bem caduco e perecível.
4. — Era, pois, justo que a bondade e miseri­
córdia de Deus Vos proclamasse Rainha dos anjos
e dos homens, Soberana do céu e da terra. Senhora
das riquezas divinas. Medianeira Universal e dis­
tribuidora de todas as graças.
5. — Escrava do Senhor, cheia de graça, as luzes,
as moções e inspirações do Alto encontraram em
Vós correspondência plena, fidelidade absoluta,
pronta docilidade, perfeita submissão e obediência.
O vosso Fiat foi resoluto, firme, constante, imutável.
Vós não faltastes num só ápice à vontade do
Senhor.
6. — Por isso Ele Vos exalta e Vos investe dum
domínio só inferior ao seu, para que no céu, na terra
e no inferno todo o joelho se dobre ante Vós, e toda
a língua confesse que Vós, pela bondade de Deus,
.sois verdadeira Senhora do Céu, do Purgatório, da
terra, e do Universo. Abaixo de Deus, todos — do
mais humilde ao mais alto — Vos reconhecem supe­
rioridade ; todos — do menor ao maior — Vos devem
acatamento e obediência; todos — do menos dotado
ao mais opulento — têm que recorrer à vossa gran­
deza e munificiência. — R a vossa coroa de poder.

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7. — O vosso Fiat, generoso e admirável, abriu
a vossos olhos uma senda de dores, cuja perspectiva
sangrenta se fechava no morro do Calvário, onde,
entre horríveis tormentos, pendia numa cruz o novo
Adão, vosso divino Filho.
Estáveis ali Vós, de pé, como nova Eva, para à
palavra omnipotcnte de Jesus — que na pessoa de
João Vos entregava por filhos todos os homens —
serdes a Mãe dos verdadeiros viventes.
8. — Somos vossos filhos. Todos temos que abrir
o nosso coração ao vosso coração de mãe, amar-Vos,
esperar de Vós refúgio, misericórdia, consolação, paz
e salvação.
9. — Escrava do Senhor, o vosso entendimento
abriu-se larga, totalmente à luz do sol divino, às
ilustrações do céu, às verdades da fé, e aderiu à
revelação divina sem dúvidas, sem vacilações nem
hesitações, mesmo nas misteriosas sombras das humi­
lhações dc Jesus, mesmo nas densas trevas das suas
tribulações, mesmo na negra e trágica noite da sua
Paixão e da sua morte.
10. — Agora tudo é luz e claridade e visão.
Benditos os vossos olhos que penetram os segredos
e os mistérios de Deus! Benditos os vossos olhos
que mergulham tão profundamente no íntimo da
essência divina! Benditos os vossos olhos que nela

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descobrem, sempre novas e insuspeitadas mara­
vilhas.
É a vossa coroa de sabedoria. Ninguém, nenhuma
simples criatura pode abranger e contemplar tão
largos horizontes nesse amplíssimo céu, nessa imen­
sidade infinita, nesse pulular de estrelas e de sóis
de tão rara e estranha beleza, de tão admirável e
encantada formosura, de tão meiga, tão inebriante
e esplêndida luz. — Virgem Senhora, reinai; gozai
da vossa coroa de sabedoria!
11. — Escrava do Senhor, o Senhor está con-
vosco! O vosso coração, a vossa vontade é ardor,
é chama, é labareda, é incêndio de caridade divina.
Desde o primeiro instante da vossa imaculada con­
ceição até ao último extremo da vossa vida, os vossos
afectos— sem desvio nem diminuição nem afrouxa­
mento, antes num crescendo arrebatador que enche
de assombro os anjos — todos se concentram indo-
màvelmente em Deus. D eus! Só D eus! Deus em
tudo! E tudo em Deus! O Amor não era amado.
Agora é amado, é bem amado, é imensamacnte amado.
12. — A nossa alegria e o nosso gozo é que entre
as puras criaturas, ao menos uma o ame assim.
Essa criatura sois Vós! Bendita sejais! Honra,
louvor e glória ao vosso abrasado e ardente e purís­
simo Coração!

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É esta a vossa coroa de caridade. Em amor de
Deus ninguém Vos excede nem iguala. Cada anjo
e cada santo do céu é uma fornalha de amor de
Deus. Se todos esses corações se fundissem num
só coração e todas essas fornalhas se unissem numa
só fornalha, essa soma incalculável de amor de Deus
comparada com o que Vós lhe tendes, — apenas,
muito apenas marcaria um grau: seria uma faúlha,
um pó de cinza ante a formidável incandescência
do sol.
13. — O Senhor é convosco! Sois a predilecta
de Deus, a que Ele possuiu desde o principio, o
sonho, c arroubo do seu coração. Amai-lo assim,
porque Ele assim Vos amou. Nesta reciprocidade
de amor está a vossa incomparável, a vossa quase
infinita felicidade.
14. — Oh! Mãe de Deus! Oh! m inha.'M ãe!
gozai-a, gozai-a para sempre nessa irreprimivel tor­
rente de inefáveis delicias, gozai-a do alto desse
trono donde dominais o mundo! Gozai-a coroada
para sempre!
15. — Passa-me pela mente como a vossa coroa
de justiça me ensina e estimula a conquistar a minha,
pela imitação da vossa humildade, do vosso despren­
dimento, da vossa fidelidade, do vosso sofrimento,
da vossa fé e da vossa caridade.

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16. — Mas neste momento o que mais me cativa
é a magnificência e o esplendor da vossa coroação
e do vosso triunfo. Quero agora seguir o pendor
do meu coração, quero contemplar-Vos c aclamar-
-Vos.
Sois grande, sois bela, sois santa, sois pura e
imaculada, sois cheia de graça, sois a Rainha dos
anjos c dos santos, a Senhora do mundo, a Impe­
ratriz do. Céu, a Soberana do Unive*so, o enlevo,
o êxtase, o amor daquele que Vos fez toda graça
e formosura.
Sois a minha Mãe, a minha esperança, e sereis
— segundo confio — a minha salvação.
Dai-me a graça da perseverança, para ter a dita
de ver com meus olhos a vossa glória, de contemplar
com assombro a alteza do vosso trono e de admirar
e bendizer para sempre a riqueza da vossa coroa.

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MEDIT AÇÕES
DOS P R IM E IR O S SÁ BA D O S

T E R C E IR A S É R IE

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1. — A A nunciação. — 1. — O ponto central
deste mistério é a Incarnação do Filho de Deus.
A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade ani­
quila-se, diz S. Paulo, tomando uma natureza de
escravo. O Verbo Divino abate-se para me elevar,
humana-se para me divinizar, por amor de mim
faz-se homem para me fazer filho de Deus.
2. — Sendo eu, ou, pelo menos, devendo ser filho
de Deus, tenho que viver vida divina. Este é o
desejo de Deus. É a obrigação que Ele me impõe.
Contudo como é que eu vivo? Vivo como filho de
Deus? Vivo como anjo? Vivo, ao menos, como
homem? Ou vivo como menos que homem?...
3. — Senhor, por intercessão de vossa Mãe,
dai-me a graça de viver da vossa vida.

II. — A V isitação. — 1. — Neste mistério o


Filho de Deus feito homem parte sem demora para a
região dos montes e vai apressadamente à cidade

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de lutá para santificar o seu Precursor purificando-o
do pecado original. É este o fim principal da visita
dc N.“ Senhora a Santa Isabel.
2. — Quando Jesus antes de nascer, vai tirar
do pecado um homem que ainda não era nascido,
qual é o horror que eu tenho ao pecado? Estou
actualmente em pecado? Ando habitualmente em
pecado, sem temor nem pena, antes indiferente e
alegre? Cometo fácil e deliberadamente o pecado
venial ?
3. — Jesus, pelo amor que tendes a vossa Mãe,
a quem preservastes do peCado original, fazei-me
a graça de nunca pecar.

III. — O N ascim ento. — 1. — É um mistério de


desprendimento. N. Senhor dispõe de tal modo os
acontecimentos, que tem de nascer na maior pobreza.
Nasce numa gruta por não ter casa. Está reclinado
numa manjedoura por não ter berço.
2. — Eu não me contento com o necessário para
a vida, nem com o suficiente, nem mesmo com o
moderado conforto. Quero a superfluidade, o luxo,
os excessos. Nutro ou ambições de capitalista ou
invejas de proletário, esquecido das necessidades dos
pobres, e mais ainda dc que nasci não para a terra,
mas para o céu.

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3. — Jesus, pela incligência dessa gruta e pelo
que nela sofre convosco vossa Mãe, não permitais
que eu me apegue aos bens terrenos.

IV . — A A presentação. — 1. — Apresentando-se
no templo Jesus obedece a uma lei a que não é
obrigado, e quarenta dias depois de nascido con­
sagra-se totalmente a Deus por um acto solene.
2. — Também me consagrei solenemente a Deus
no santo baptismo, o qual me foi dado debaixo da
condição de renunciar primeiro a Satanás e a todas
as suas pompas e obras. Mas os anos que levo de
vida, testemunham contra mim que mal tenho feito
outra coisa que seguir o que renunciei.
A lei de Deus, a da Igreja, a da palavra dada,
tantas outras, — a i ! quantas vezes as tenho quebrado!
3 .— Jesus, por vossa Mãe, que neste momento
cumpre a lei da purificação a que não estava sujeita,
dai-me a graça de viver a consagração do meu
baptismo com a plena obediência à vossa vontade.

V. — A perda de Jesus. — 1. — Aos doze anos,


indo à festa da Páscoa a Jerusalém, Jesus — para
tratar das coisas de seu pai — fica na cidade, dei­
xando — sem a prevenir — sua própria M ãe; a qual
ao fim de três dias o encontra entre os doutores.

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2. — Busca a Jesus com dor quem o perdeu sem
culpa. E eu não tenho dor de o ter perdido por
tantas c tão graves e tão repetidas culpas. Perdi-o
e perco-o por muito minha vontade e gosto. Podendo
com tanta facilidade achá-lo, não o busquei nem
busco. Cansa-se Ele em me buscar, e eu fujo e não
me deixo encontrar.
3. — Jesus, pela dor com que vossa Mãe vos
buscou, concedei-me a contrição perfeita e a perse­
verança na graça.

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1. — O ração n o H orto. — 1. — Prostrado em
terra, Jesus, triste da ofensa de Deus, apavorado
dos seus castigos, nauseado da vista da culpa, sua
sangue para sujeitar a sua sensibilidade à vontade
do Pai. Três horas repete a mesma oração: — «Pai,
se é possivel, aparte-se de mim este cális; porém,
não se faça a minha vontade, senão a vossa.»
2. — Oh! que pouco me entristeço da ofensa de
Deus, que pouco temo a sua justiça, que pouco me
anojo da hediondez do pecado, se tão facilmente o
cometo! Por qualquer tribulação, dificuldade, ten­
tação, e mesmo capricho, tão depressa deixo a von­
tade de Deus!
3 .— Jesus, pela vossa agonia, dai-me o aborre­
cimento do pecado, e a graça de querer sempre,
não a minha, mas a vossa vontade.

II. — A flagelação. — 1. — Atado pelas mãos à


coluna e curvado sobre ela, Jesus sofre à vista da
turba, o horrível tormento dos açoites. Fúria de

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golpes, sangue escorrendo, carne em retalhos, dor
cruciante.
2. — Compreendo... Lirios no lodo, almas na
lama, tálamos podres, modas imundas, publicações
ascorosas, publicidade impudente, flagícios nojentos.
... Castigais, Senhor, na inocência da vossa carne,
o que abusei dos sentidos.
3.— Meu Deus, aceitai em desagravo este purís­
simo sangue. Jesus, por este vosso suplício, dai-me
o horror da impureza. Dai-me a graça de trazer
sempre cm meu corpo a vossa mortificação; a graça
de crucificar a minha carne com os seus vícios e
concupiscências.

III. — C oroação de espinhos. — 1. — Que


espectáculo! Coroa de espinhos na cabeça, farrapo
de púrpura aos ombros, cana na mão direita. Bofe­
tadas, cuspos, pancadas na cabeça com a cana, genu-
flexões e palavras de irrisão: — «Deus te salve. Rei
dos Judeus.»
Assim é escarnecido o Rei do céu e da terra!
E Ele... mansidão inalterável...
2. — Perante estes escárnios e esta paciência,
que direi eu das minhas ambições e soberbas, dos
meus desejos e ânsias de estima, de reputação, de

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louvores, de dignidades? Que direi das minhas
queixas, ressentimentos, rancores c vinganças?
3. — Jesus, por estas afrontas e ludibrio da vossa
realeza, dai-me a graça da mansidão e da humildade.

IV . — Levando a cruz. — 1.— Jesus, quatro


vezes proclamado inocente, é condenado; condenado à
m orte; e à morte de cruz. E tomando amorosamente
o patibulo, sai com ele entre ladrões, e arrasta-o
sob os apupos e insultos da multidão, para o Calvário.
Recordo as quedas, o Cireneu, a Verônica, o encontro
com a Virgem, as mulheres de Jerusalém com suas
lágrimas e lamentos.
2. — Condenado à morte devia ser e u ; e talvez
à morte eterna, porque pequei. Contudo acho demais
sofrer e levar a minha cruz. Que medo e repugnância
lhe tenho! Quanto a evito e lhe fujo! Quanto me
impaciento com ela e acaso me revolto!
3. — Senhor, fazei-me a graça de amar a cruz
e os sofrimentos que me dais, para ser deveras dis­
cípulo vosso.

V. — C rucifíxão e m orte. — 1. — Está arvo­


rada a cruz. Sangue, chagas, espinhos, cravos, dores,
angústias, sede. — Ingratidões, fugas, traições, insul­
tos, sarcasmos, blasfêmias. — Um leproso, ferido de

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Deus, humilhado e desprezado. Amaldiçoado dos
homens e desamparado do céu. De pé, junto à cruz,
a Mãe de Jesus.
2. — Assim amou Deus o m undo! Para salvar
o escravo, entrega o Filho. — Assim me amou Jesus a
m im ! Para me livrar da morte etema entrega-se
à morte de cruz.
3. — Jesus, eu queria dizer-Vos: «Senhor, Vós
bem sabeis que Vos amo.» Porém... Que é que
eu tenho feito por Vós, se ainda me não crucifiquei
nem morri ao pecado, ao mundo, a mim? Dai-me
a graça de Vos amar com obras e verdade. Dai-me
generosidade no sacrifício. Já que tanto nos amais,
fazei que Vos ame cada vez mais.

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1. — A R essurreição. — 1. — Ao terceiro dia de
sepultura N. Senhor Jesus Cristo, pela reunião da
sua alma ao seu corpo, ressuscita. — Como nuvem
negra, que investida e penetrada do sol poente, se
transforma em luz, em oiro e em chama; assim
aquele corpo, entrado de sua alma, é todo graça,
formosura e glória.
2. — Um corpo que já não morre; um corpo
espiritual. Vida nova: impassibilidade, claridade,
agilidade, subtileza.
3. — Senhor, aumentai-me a fé na vossa ressur­
reição. Dai-me a graça de renovar a minha vida:
impassibilidade ao mundo, para não tom ar a morrer
pelo pecado; claridade de boas obras e virtudes;
agilidade e prontidão à vossa divina vontade; subti­
leza e espiritualidade para elevar o coração para o
alto e o manter na região dos espíritos.

II. — A Ascensão. — 1. — No monte Olivete,


N. Senhor levanta as mãos para abençoar os discí­
pulos, e, enquanto lhes dá aquela bênção, aparta-se

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deles subindo caminho do céu. Eles contemplam-no
extáticos, até que uma nuvem lho tira dos olhos,
e dois anjos os despertam do êxtase.
2. — Senhor, quem viu ou suspeitou a vossa
glória que é que pode querer deste mundo? Que
desprezível é a terra para quem põe os olhos no C éu!
Lá ides colocar a nossa humilde natureza à direita
do P a i! Lá nos ides preparar um lugar!
3. — Jesus, fazei que eu ponha o coração só onde
estão os verdadeiros gozos. Dai-mc o desprezo do
mundo. Aumentai-me o desejo e a esperança da
glória.

III. — V inda do Espírito Santo. — 1. — Depois


de alguns dias de oração no Cenáculo, em união
com Maria, Mãe de Jesus, um ímpeto de vento abala
e enche a casa, e aparecem línguas de fogo que se
repartem por cada um dos discípulos; os quais,
cheios do Espírito Santo, começam a falar várias
línguas c a converter almas.
2. — Como a alma no corpo, assim é o Espírito
Santo na Igreja. Ele é que a anima e vivifica, Ele
é que difunde a caridade cm nossos corações, Ele
é que transforma e transfigura as almas, Ele é que
as ilustra com a sua luz e as abrasa com as suas
chamas no amor de Deus e do próximo, Ele é o

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princípio de toda a vida e o motor de toda a acção
e apostolado da Igreja.
3. — Vinde Espírito Santo, vinde encher o meu
coração c acender nele o fogo do vosso amor.

IV . — A Assunção. — l. — Associada à missão


redentora de seu Filho, N.“ Senhora passa pela
m orte; mas serenamente, como se adormecesse.
— Imaculada, cheia de graça, vencedora do pecado.
Mãe dc Deus, não podia sofrer a corrupção do
sepulcro. Em breve ressuscita, e é levada em corpo
e alma para o céu. É dogma definido (1-11-1950).
Já antes o cria. Creio-o, agora, ainda mais.
2. — É esta a verdadeira glorificação do corpo,
merecida pela imaculidade, pela plenitude de graça,
pela íntima união com Deus, pelo completo triunfo
sobre o demônio.
3. — Virgem levada ao céu em corpo e alma,
confio em Vós para triunfar das minhas paixões e do
pecado. Dai-me uma torrente de graça, uma vida
pura c divina! E morrerei em p a z ; e subirei à luz
da glória.

V. — C oroação de N .“ S enhora. — Assunta ao


céu em corpo e alma, a Virgem recebe as insígnias
de Rainha de Todos os Santos e de Soberana do

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Universo. Mãe do Filho de Deus, do Redentor,
do Rei Universal dos Séculos, unida a Jesus do Fiat
ao Calvário, unida lhe está no trono, no cetro, na
coroa. Onde Ele é Rei, Ela é Rainha.
2. — Senhora, nós Vos honramos, nós Vos lou­
vamos, nós Vos invocamos. Esta é a vontade daquele
que dispôs que tudo recebamos de vossas mãos. Sois
a Virgehi poderosa: tudo nos podeis conseguir de
Deus.
3. — Poderosa Rainha do Céu, sois minha Mãe.
Em Vós ponho a minha esperança, a Vós recorro,
em Vós confio. Dai-mc a graça de Vos servir
agora como fiel vassalo e de Vos amar como piedoso
filho, para depois Vos bendizer para sempre com­
partilhando no céu a vossa glória.

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MI STÉRI OS DO ROSÁRIO

M IS T É R IO S GO ZO SO S
(Segundas c Quintas)

1.“ — Primeiro mistério, a Anunciação do Anjo.


— Fruto do mistério: A humildade.

2.®— No segundo mistério contemplemos a Visi­


tação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel.
— Fruto do mistério: A caridade com o próximo.

3.®— No terceiro mistério contemplemos o Nas­


cimento do Menino Jesus na lapinha de Belém.
— Fruto do mistério: 0 desapego dos bens da terra.

4.® — Quarto mistério, a Apresentação de Jesus


e a Purificação de V.® Senhora. — Fruto do mis­
tério: A obediência às leis de Deus e da Igreja.

5.®— Quinto mistério, a Perda de Jesus e seu


Encontro no templo. — Fruto do mistério: A con­
formidade com a vontade de Deus.

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M IS T É R IO S D O LO RO SO S
(Terças c Sextas)

1.“ — No primeiro mistério contemplemos a


Oração e Agonia de Jesus no horto. — Fruto do
mistério: Resignação nos sofrimentos.

2.®— No segundo mistério contemplemos a Fla-


gelação de Jesus atado à coluna. — Fruto do mis­
tério: Horror ao peeado.

3.® — No terceiro mistério contemplemos a


Coroação de espinhos. — Fruto do mistério: A mor­
tificação dos sentidos.

4.®— No quarto mistério


N. Senhor levou a Cruz para o Calvário. — Fruto
do mistério: Amor ao sofrimento.

5.®— No quinto mistério contemplemos a Cru-


cifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.— Fruto do
mistério: Espírito de penitência e de reparação.

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M IS T É R IO S G L O R IO S O S
(Quartas, Sibados c Domingos)

1." — No primeiro mistério contemplemos a Res­


surreição (le Nosso Senhor Jesus Cristo. — Fruto
do mistério: Ressurreição e alegria espiritual.

2.” — No segundo mistério contemplemos a


Ascensão de Nosso Senhor ao Céu. — Fruto do
mistério: Desejo do Céu.

3." — No terceiro mistério contemplemos a Vinda


do Espírito Santo sobre os Apóstolos. — Fruto do
mistério: Os dons do Espirito Santo.

4." — No quarto mistério contemplemos a Assun­


ção de Nossa Senhora ao Céu. — Fruto do mistério:
A graça de uma boa morte.

5.” — Quinto miístério, a Coroação de Nossa


Senhora no Céu sobre todos os Anjos e Santos.
— Fruto do mistério: Confiança na Santissima
Virgem.

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Kyrie, eleison.
Christe, eleison.
Kyrie, eleison.
Christe, audi nos.
Christe, exaudi nos.
Pater de coelis Deus, miserere nobis.
Fili Redemptor mundi. Deus, miserere nobis.

Spiritus Sancte, Deus, miserere nobis.


Sancta Trinitas, unus Deus, miserere nobis.

Sancta Maria,
Sancta Dei Genitrix,
Sancta Virgo virginum,
Mater Christi,
Mater divinae gratiae,
Mater purissima,
Mater castissima,
Mater inviolata.

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Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai do céu, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende pie­
dade de nós.
Espirito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santissima Trindade, que sois um só Deus, tende
piedade de nós.
Santa Maria,
Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das virgens.
Mãe de Cristo,
Mãe da divina graça.
Mãe purissima.
Mãe castíssima.
Mãe inviolada.

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Mater intcmcrata,
Mater amabilis,
Mater admirabilis,
Mater boni consilii,
Mater Creatoris,
Mater Salvatoris,
Virgo prudentíssima,
Virgo veneranda,
Virgo praedicanda.
Virgo potens,
Virgo clemens,
Virgo fidelis,
Speculum justitiac,
Sedes sapientiae,
Causa nostrac laetitiae,
Vas spirituale,
Vas honorabilc,
Vas insigne devotionis.
Rosa mystica,
Turris Davidica,
Turris eburnca,
Domus aurea,
Foederis arca,
Janua coeli,
Stella matutina,
Salus infirmoriim.

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Mãe intemerata.
Mãe amável,
Mãe admirável.
Mãe do bom conselho,
Mãe do Criador,
Mãe do Salvador,
Virgem prudentíssima.
Virgem vencranda.
Virgem digna de louvor.
Virgem poderosa.
Virgem clemente.
Virgem fiel,
Espelho de justiça.
Sede da sabedoria.
Causa da nossa alegria.
Vaso espiritual.
Vaso honorífico.
Vaso insigne de devoção.
Rosa mística.
Torre de Davide,
Torre de marfim.
Casa de ouro.
Arca da aliança.
Porta do céu.
Estrela da manhã.
Saúde dos enfermos.

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Rcfugium peccatorum,
Consolatrix afflictorum,
Auxilium christianorum,
Regina Angelorum,
Regina Patriarcharum,
Regina Prophetarum,
Regina Apostolorum,
Regina Martyrum,
Regina Confessorum,
Regina Virginum,
Regina Sanctorum omnium,
Regina sine labe originali concepta,
Regina in coelum assumpta,
Regina Sacratissimi Rosarii,
Regina Pacis.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis


Domine.
Domine,
Agnus
gnus Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos
Domine.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.

Sub túum praesídium confúgimus, Sancta Dei


Génitrix, nostras deprecatiónes, ne despícias in

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Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos.
Rainha dos Anjos,
Rainha dos Patriarcas,
Rainha dos Profetas,
Rainha dos Apóstolos,
Rainha dos Mártires,
Rainha dos Confessores,
Rainha das Virgens,
Rainha de todos os Santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainhá levada ao céu em corpo e alma.
Rainha do Sacratíssimo Rosário,
Rainha da Paz.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,


perdoai-nos. Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos. Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós.

À vossa protecção recorremos. Santa Mãe de


Deus; não desprezeis as nossas súplicas nas nossas

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neccssitátibus nóstris, sccl a pcrículis cúnctis libera
nos sémper Virgo gloriosa et benedicta.
y . Ora pro nóbis, Sancta Dei Génitrix.
R7. U t digni cfficiámur promissiónibus Christi.

Grátiam túam quaesumus, Dómine, méntibus


nóstris infunde; ut qüi, ângelo nuntiante, Christi
Fílii Túi incarnatiónem cognóvimus, per passióncm
éjus et crúcem ad rcssurrectiónis glóriam perducá-
mur. Per eúmdem Christum Dóminum nostrum.
Amcn.

(Da Purificação à Páscoa; c da SS.— Trindade ao Advento)

y . Ora pro nóbis, Sancta Dei Génitrix.


R \ Ut dígni cfficiámur promissiónibus Christi.

Concede nos fâmulos túos, quaesumus Dómine


Deus perpétua méntis et córporis sanitáte gaudére,
et gloriósa Beátac Mariae sémper Vírginis inter-
cessióne a praesénti liberári tristítia et aetéma
pérfrui laetítia. Per Chrí.stum Dóminum nóstrum.
Amcn.

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necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os
perigos, ó Virgem gloriosa e bendita,
y . Rogai por nós. Santa Mãe de Deus.
r^. Para que sejamos dignos das promessas de
Cristo.
OREMOS

Infundi, Senhor, como Vos pedimos, a vossa


graça em nossas almas, para que nós, que pela anun­
ciação do Anjo, conhecemos a incarnação de Cristo,
vosso Filho, pela sua Paixão e morte na cruz seja­
mos conduzidos à glória da ressurreição. Pelo
mesmo Cristo N. Senhor. Amen.

(Da Purificação à Páscoa; c da S S .— Trindade ao Advento)

y. Rogai por nós. Santa Mãe de Deus.


I^. Para que sejamos dignos das promessas de
Cristo.
OREMOS

Concedei-nos, Senhor Deus, a vossos servos a


graça que Vos pedimos, de gozarmos de perpétua
saúde de alma e corpo, e pela gloriosa intercessão
da Bem-aventurada sempre Virgem Maria livrai-nos
da tristeza presente e dai-nos o gozo da eterna
alegria. Por Cristo N. Senhor. Amen.

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(Do Advento ao Natal)

y . Angelus Dómini nuntiávit Maríae.


IV- Et concépit de Spíritu Sancto.

Deus, qüi de Beátae Mariae Virginis útero Vér-


bum túum, Angelo nuntiânte, cárncm suscípere
voluísti: praesta supplícibus túis; ut, qüi vére éam
Genitricem Dei crédimus, éjus ápud te interccssió-
nibus adjuvémur. Per eúmdem Christum Dóminum
nóstrum. Amen.

(Do Natal i Purificação)

y . Post pártum, Virgo, inviolata permansísti.


Dei Génitrix, intercede pro nóbis.

Deus, qui salútis aetérnae, Beátae Maríae vírgi-


nitate fecunda humano géneri praemía praestitísti;
tríbue, quaesemus, ut ípsam pro nóbís íntercédere
sentiâmus, per quam merúimus auctórem vítae sus­
cípere, Dóminum nóstrum Jésum Christum Fílium
túum. Amen.

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(Do Advento ao /fatal)

y . O Anjo do Senhor anunciou a Maria.


I^. E concebeu do Espirito Santo.

Deus, que na anunciação do Anjo, quiscstes que


o vosso Verbo incarnasse no seio da Bem-aventurada
Virgem M aria: dignai-vos ouvir as nossas súplicas,
concedendo-nos que assim como cremos que Ela é
verdadeira Mãe de Deus, assim experimentemos
junto de vós a sua intercessão. Pelo mesmo Cristo
N. Senhor. Amen.

(Do Natal à Purificação)

y. Depois do parto ficastes Virgem intacta.


I^. Mãe de Deus, intercedei por nós.

Ó Deus, que por meio da fecunda virgindade da


B. Virgem Maria, comunicastes aos homens o prê­
mio da salvação eterna, dignai-vos fazer-nos sentir
a intercessão daquela pela qual merecemos receber
o autor da vida, N. Senhor Jesus Cristo vosso Filho.
Amen.

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(No Umpo Pascal)

y . Gáude ct laetáre, Virgo Maria, alleluia.


1^. Qüia surréxit Dóminus vére, alleluia.

Deus, qüi per ressurrcctiónem Filii túi Dómini


nóstri Jésu Chrísti múndum laetificáre dignátus es:
praesta, quaesumus, ut per éjus Genitricem Vírgi-
nem Mariam perpétuae capiâmus gáudia vitac. Per
eúmdem Christum Dóminum nóstrum. Amen.

J A C U IA T Ó R IA

Ô meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do


inferno, levai as almas todas para o Céu, principal­
mente as que mais precisarem.

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(No tempo Pascal)

y . Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, aleluia.


1^'. Porque o Senhor na verdade ressuscitou,
aleluia.

Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com


a ressurreição de vosso Filho N. Senhor Jesus Cristo,
concedei-nos por intercessão da Virgem Maria, sua
Mãe, a graça de alcançarmos os gozos da vida eterna.
Pelo mesmo Cristo N. Senhor. Amen.

J A C U L A T Ó R IA

Kainha do Sacratíssimo Rosário, rogai por nós.

(Itiditlg. de 300 dias. — S. C. S. O f.. 1-10-1915;


S. Penit. Ap., 24-11-1933).

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ORAÇÃO A S. JOSÉ
(Resa-se no fim do lerço durante o mês de Outubro)

A vós recorremos em nossas tribulações, ó bem-


-aventurado S. José, e implorando o socorro de vossa
Santíssima Esposa, pedimo-vos também com con­
fiança o vosso patrocinio.
Pelo afecto que vos uniu à Imaculada Virgem
Mãe de Deus, e pelo paternal amor que tivestes a
Jesus Menino, vos rogamos e suplicamos, que olheis
benigno para a herança que Jesus Cristo conquistou
com o seu sangue, e nos assistais cm todas as neces­
sidades com o vosso poder c auxilio.
Protegei, ó providentissimo guarda da Sagrada
Família, os filhos escolhidos de Jesus Cristo. Preser­
vai-nos, ó Pai amorosíssimo, de todo o contágio do
erro e corrupção. Sede-nos propicio, ó poderosíssimo
libertador nosso c assisti-nos do alto do céu nesta
luta com o poder das trevas: e assim como outrora
livrastes a Jesus Menino de iminente perigo de

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morte, assim agora defendei a Santa Igreja de Deus
das insídias dos seus inimigos e de todas as adver-
sidades.
Concedei-nos a cada um dc nós o vosso perpétuo
patrocinio, para que sustentados com o vosso exem­
plo e auxílio, possamos viver santamente, morrer
piamente e obter a eterna bem-aventurança no Céu.
Assim seja.

(Indulg. dc J anos; dc 7 útios, no incs dc Outubro,


dcinis da rcra do tcr;o; plenária sob as condições do
costume, (|iiando se rezar todos os dias durante um mcs,
- Leão XIII, I5-S.1889; S. C. Indulg., 21-9-I889: S. Pcnit.
A|)., /1-5-I927 c 1312-193.'!).

S a g r a d a F am ília

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IN D U L G Ê N C IA S
CONCEDIDAS A REZA DO TERÇO

fl). — Aos fiéis, toda u vez que rezarem devotamente o


Terço, concede-se:
Indulgência de 5 anos. (S ix to IV . 12-5-1479; S. C.
Indulg., 29-8-1899; S. Penit. Ap., 18-3-1932).

b). — Sc juntam ente com outros, ou em público ou cm


particular, rezarem piedosamente o terço, concedc-sc:
Indulgência de 10 anos, uma vez por d ia ;
Indulgência plenária no último domingo de cada mês, se,
ajuntando a confissão, a comunhão e a visita de alguma igreja
ou oratório público, tiverem rezado o terço pelo menos três
vezes em cada uma das semanas precedentes. (S. C. Indulg.,
12-5-1851 c 29-8-1899; S. Penit. Ap., 18-3-1932).

c). — A quem rezar piamente o terço diante do Santís­


simo Sacramento, quer exposto quer encerrado no Sacrário,
concede-sc cada vez que isso f iz e r :
Indulgência plenária, .se além disso se confessar c comun­
gar. (Breve de 4-9-1927).

Nola. — \.° A s dezenas do terço podem separar-se,


contanto que a reza dele .se conclua no mesmo dia. (S. C.
Indulg., 8-7-1908).
2.'’ — Se se usar um terço benzido por algum sacerdote
com faculdade para o indulgenciar, além das indulgências
sobreditas podem-se ganhar também as que o sacerdote lhe
aplicou ao benzê-lo. (S. C. Indulg., 13-4-1726, 22-1-1858
c 29-8-1899). CCf. Preces et P ia Opera, n.” 360).

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PRINCIPAIS OBRAS CO N SULTADAS

Emílio Campana. — M aria iiel Dogma Cattolico; 2.‘ ed.


A. Durand, S. .1. — fivatigile selon S t. Mattieu. — Paris, 1927.
Êvangilc selon St. Jean. — Paris. 1927.
L. Cl. Fillion — La Saiiite Bible Commcntée.
M. Haí/en, S. J . - L c x i c o n Biblicum.
.1. llu b y , S. J. - Êvangilc selon St. M arc. - Paris, 1927.
.1. Knabenbauer, S. J. — Comm. in quatuor S. Evangelia.
J. Knabenbauer, S. J. — Commentarius in .^ctus A postolorum .,
G. Longhaye, S. J. — Retraite Annuelle de H uit Jours.
B. Longo — I Quindici Sabati dei Santíssimo Rosário. Ed. 26.*.
M. M eschler, S. J. — Les Éxercices Spirituels de St. Igtiacc
de Loyola. - T rad. de P. Godard. - Montligeon, 1913.
L. de la Puente, S. J. — M òlitaciones Espirituales. — Novis-
sima Edición. - Madrid, 1923.
G. Roschini. O. S. M. — M ariologia. - A ncora-M ilão, 1941
A. Valensin et J. H nby — Évangile selon St. Luc.—Paris. 1927.
A. Vermeerscb, S. J. — M editations sur la Saiiite Viergc.
F. Figourou.r — Dictionnaire dc la Biblc.
F. Zorell, S. J. — N’ovi Testamenti Lexicoii Graccum.
M arie dons sa vie et ses vertus — Medit. — Lyon, 1907. Anóii.

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ÍN D IC E DAS G R A V U R A S
Págs.
— Anunciação. — De Vasques Fern an d es? — Museu
de L a m e g o ......................... 4
2. — Visitação. — De Vasques Fernandes ? — Museu
de L a m e g o .................................................................. 20
3. — Natal. — Do M estre do Retábulo do Paraíso.
— Museu de A rte .A ntiga— Lisboa 30
4. — A P rofecia de Sim eão. — De Jansscns. — Cate­
dral de A nvers ......................................... 38
5. — Bitscando Jesus Perdido. — De Janssens. — Cate­
dral de .Anvers .............................................. 47
6. — Encontro de Jesits entre os doutores. — De
Estevão G o n ç a lv e s ................................................... 53
7. — Oração no H orto ................................... 60
8. — F tagètação....................................................................... 70
9. — Coroação de £í/>m/ioj — T ic ia n o ......................... 78
\0. — Jesus e a Perónica. — Pin tu ra Portuguesa do
scc. XVI. - Ig re ja de Jesus, S e tú b a l.................... 87
11. — /eíM í e S m M ãe na V ia S a c ra .— Dc Janssens.
— Catedral de A n v e r s .............................................. 95
]2. — Calvário. — De Janssens. — Catedral de A nvers 100
13. — Calvário. — Escola flam enga — Séc. xvi.— Museu
de Arte A ntiga — L is b o a ......................................... 106
14. — Jesus Ressuscitado aparece a S u a M ãe. — Escola
portuguesa — Séc. x v i.— M useu de A rte A ntiga
- L i s b o a ....................................................................... 113

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Págs.
15. — /Ííccw jão — De F r. Carlos do Espinheiro.—
Museu de A rte A ntiga — L i s b o a ......................... 126
16. — P inda do E spirito Santo. — M estre dos painéis
de S. Francisco de Évora. — Escola Portuguesa
Prim eira metade do século xvi. — Museu de A rte
A ntiga — L i s b o a ........................................................ 136
17. — M orte de M aria. — Do Mestre do Retábulo da
Sé de Évora. — Séc. xvi. — Museu de A rte
Antiga — L i s b o a .............................................................. 148
18. - Assunção de M aria. — De F r. Carlos do E spi­
nhei t». — Museu de A rte A ntiga — Lisboa . . 160
19. — Coroação de Nossa Senhora. — De Júlio Romano.
— Pinacoteca V a tic a n a .............................................. 164
20.— Coroofõo de N .' Senhora. — De Velas<|uez . . 170
21. — F omj Fi/oe. — M isericórdia do P o rto . . . . 214
22.— A ssunção de M aria. — M onlc Córdova (Santo
T i r s o ) ..................................................................................234
23. — .Sagrada l-aiiiília do Passarinho. — Dc Murillo 272

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í n d i c e

A provações........................................
D e d ic ató ria........................................
A quem l e r ........................................
A Promessa do Coração de Maria .
Acto de d e s a g r a v o .........................
Acto de consagração.........................
Oração preparatória.........................
Acção de graças depois da meditação

PRIMEIRA SÉRIE
M IS T É R IO S GOZO SO S

A nunciação....................................................... 3
Visitação .......................................................... 19
N ascim ento....................................................... 29
Purificação eA p resen taç ão ............................ 37
Perda c encontro ............................................. 47

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PifS.
Oração no H o r to ............................................. 59
Flagelação ........................................ 69
Coroação de E sp in h o s .................... 77
Condenação à morte econdução da cruz . . 87
Crucifixão e m o rte ........................................ 99

M IS T É R IO S G L O R IO S O S

R e s s u rr e iç ã o .................................................. 111
A s c e n s ã o ....................................................... 125
Vinda do Espirito S a n t o ................................ 135
A s s u n ç ã o ....................................................... 147
Coroação de N.“S en h o ra ................................ 163

SEGUNDA SÉRIE

M IS T É R IO S GOZOSOS

Anunciação....................................................... 179
V i s i t a ç ã o ....................................................... 183
Na.scimento....................................................... 187
Purificação eA p re s e n ta ç ã o ........................... 191
Perda e encontro .............................. 195

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Págs.

Oração no H o r to .............................. 199


F la g e la ç ã o ....................................................... 203
Coroação de e s p in h o s ................................... 207
Condenação e condução da c r u z .................... 211
Cruxifixão c m o rte ........................................ 215

M IS T É R IO S G L O R IO S O S

R e s s u rr e iç ã o .................................................. 219
Á s c c n s ã o ....................................................... 223
Vinda do Espírito S a n t o ............................. 227
A s s u n ç ã o ....................................................... 231
Coroação de NossaS e n h o ra ........................... 235

TERCEIRA SÉRIE
M IS T É R IO S GO ZO SO S

A nunciação....................................................... 243
V i s i t a ç ã o ....................................................... 243
Nascimento .................................... 244
Purificação cA presentação........................... 245
Perda e Encontro............................................. 245

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PáBS.
Oração no H o r to ............................................. 247
F la g e la ç ã o ....................................................... 247
Coroação de E sp in h o s................................... 248
Condenação c condução da c r u z .................... 249
Crucifixão e m o r te ........................................ 249

M IS T É R IO S G L O R IO S O S

R e s s u rr e iç ã o .................................................. 251
A s c e n s ã o ....................................................... 251
Vinda do Espírito S a n t o .............................. 252
A s s u n ç ã o ....................................................... 253
Coroação de Nossa S en h o ra......................... 253

Mistérios do R o s á r i o ................................... 255


Ladainha dc Nossa S en h o ra......................... 258
Antífonas e orações........................................ 263
Oração a S. J o s é ............................................. 271
Indulgências do t e r ç o 273 •
Principais obras consultadas......................... 275
índice das g ra v u ra s ........................................ 277
índice g e ra l....................................................... 279

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