Nesse sentido, torna-se importante recorrer aos sentidos clássicos de conceitos basilares
como Estado de Direito e Democracia.
Segundo Moraes, o Estado democrático é aquele em que os mecanismos institucionais
objetivam afastar-se do autoritarismo e da concentração de poder. Promove-se tais intentos
através da separação de poderes e funções, além de uma Constituição rígida que protege
direitos fundamentais.
Por outro lado, a Democracia, na definição realista de Duverger, significa que os governantes
são escolhidos pelos governados em eleições honestas e livres.
Na Constituição de 1988, há consagração do princípio democrático no parágrafo único do art.
1º: “Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Esse princípio foi desenvolvido
também nas formas de democracia participativa, para além da representativa, no art. 14, que
prevê a possibilidade de realizar referendos, plebiscitos e a iniciativa popular em projetos
legislativos.
Por fim, Moraes indica alguns caminhos para uma reforma política do Estado e o
posicionamento do Tribunal Constitucional como árbitro da sociedade:
1) Reforma política do Estado - no sentido de maior proximidade da vontade popular com
a vontade expressa pelo Parlamento.
a) Urgente desburocratização das práticas e das organizações da representação
política, para que os processos decisórios tendam à maior informalidade e
participação da vontade geral. Mecanismos como plebiscito e referendo também.
b) Democracia interna dos partidos - direitos da minoria partidária.
c) Acesso aos cargos eletivos - democratização dos partidos;
d) Impedir proliferação dos partidos sem nenhuma mensagem ideológica ou social.
e) Alteração na representação proporcional parlamentar;
f) Normas de fidelidade partidária; mudança injustificada de partido deve gerar perda do
mandato.
g) Mecanismos como o recall.
h) Regulamentação da atuação dos grupos de pressão;
i) Barreira ao financiamento;
2) Atuação do Tribunal Constitucional como árbitro da sociedade
Como um verdadeiro poder moderador em defesa da plena aplicabilidade das normas
constitucionais e em garantia da integral efetividade na proteção aos direitos humanos
fundamentais. Não deve ficar paralisado, abandonar seu tradicional imobilismo. In verbis:
“(...) diminuição dos nefastos efeitos da atual produção legiferante desvirtuada da vontade
popular, por meio do exercício da atividade de legislador negativo, para garantir os princípios,
objetivos e direitos fundamentais consagrados em uma Constituição, impedindo que o
desvirtuamento na manifestação das vontades parlamentares desrespeite frontalmente a
vontade popular consubstanciada no texto constitucional”.