FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL – GEILSON ARAÚJO – 2018.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALCIDES CARNEIRO – HUAC
GINECOLOGIA – Dr. ANDRÉ VINICIUS
FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL
A aula inicia com ele lendo algumas questões (não temos os slides, então vai na base
da transcrição mesmo)
Questão 01) A respeito dos mecanismos de retrocontole responsáveis pela regulação
do ciclo menstrual, é correto afirmar:
a) A inibina-B produz um feedback positivo para FSH durante a segunda metade
da fase folicular
b) A produção de estradiol aumenta gradualmente na fase folicular, sendo
estimulada pelo FSH e pela inibina
c) Os níveis crescentes de estradiol na fase folicular final produzem um
feedback positivo para LH
d) O FSH aumenta progressivamente depois da ovulação, como resposta ao
feedback positivo do estradiol e da progesterona
Questão 02) Na fase folicular no ciclo menstrual, as características hormonais são:
a) Pulsos de GnRH frequentes, progesterona baixa e estrógeno crescente
b) Pulsos de GnRH raros, progesterona baixa e estrógeno crescente
c) Pulsos de GnRH frequentes, progesterona alta e estrógeno decrescente
d) Pulsos de GnhRH raros, progesterona alta e estrógeno decrescente
Questão 03) Qual a característica principal da inibina-B?
a) Ela permanece em níveis baixos durante quase toda a fase folicular
b) Ela sofre queda na fase folicular, na fase lútea tardia
c) Ela sofre uma rápida queda das concentrações séricas no interciclo
d) Ela é formada pela forma predominantemente no líquido folicular (lembrar
que ela é da fase folicular)
e) É um peptídeo homodimérico
 Pontos a serem aprendidos:
o Quais são os componentes e o funcionamento do eixo hipotálamo-
hipófise-ovário-endométrio
o Entender quais são os feedbacks que existem em relação ao
estradiol
o O que é o processo de dominância folicular
o O que determina o pico de LH e qual a sua implicação clínica
o A descidualização do endométrio, que é a falha reprodutiva
 Eixo hipotálamo-hipófise-ovário: todos esses hormônios hipotalâmicos e
hipofisários precisam de pulsatilidade para sensibilizar os receptores.
Patologias como a Síndrome do Ovário Policístico determinam um platô de
LH que não deixa a paciente ovular. Essas pacientes têm um LH altíssimo, e
quando é dosado você acha que a ela está tendo um pico de LH, quando na
verdade está havendo um platô de LH.
Pacientes que realizam atividade física muito intensa desenvolvem a
amenorreia da atleta, pois não há uma pulsatilidade do GnRH. Portanto, se
esses hormônios não forem secretados de forma pulsátil, não conseguirão
realizar sua função. No caso do GnRH (Gonadotrophin-releasing Hormone),
que também é secretado de forma pulsátil pelo hipotálamo, vai pela haste
hipofisária, estimular na hipófise anterior (adenohipófise), a produção do
FSH (Follicle stimulating hormone) e LH (Luteinizing hormone). Os quais,
quando secretados de forma pulsátil, vão se acoplar às células da Teca e da
Granulosa do ovário, determinando a produção ovariana de Estradiol e
Progesterona.
 Como funciona a pulsatilidade do hormônio GnRH no ciclo menstrual?
(Importante!)
o Na fase folicular (primeiros 14 dias do ciclo menstrual) há uma
frequência muito alta e uma amplitude baixa. Esse é o tipo de pulso
necessário para estimular a produção de FSH e LH -> ALTA
FREQUÊNCIA e BAIXA AMPLITUDE

o Na fase lútea (depois do período ovulatório), existe uma frequência
baixa e uma amplitude alta.
o A adenohipófise é a produtora de FSH, LH, GH, ACTH, Prolactina
o Esses hormônios da hipófise anterior têm uma característica em
comum: todos eles têm a sua subunidade alfa igual. Portanto, não é
incomum a paciente ter hipotireoidismo também ter
hiperprolactinemia.
o O mecanismo de ação dos anticoncepcionais é por meio do
acoplamento parcial dos receptores de estrogênio e progestogênio,
e é isso que vai determinar a produção, a nível ovariano, de Estradiol
e Progesterona
o É de suma importância o entendimento dos mecanismos de
Feedback do estradiol, e sabemos que esses hormônios têm um
controle de alça curta (por exemplo, entre a hipófise e o hipotálamo
tem o eixo de alça curta, e o LH e FSH modulam e fazem esse
retrocontrole com o GnRH). Mas o ovário também, na sua produção
de estradiol e progesterona, faz uma alça longa de retrocontrole
positivo e negativo com a hipófise e o hipotálamo.
o Estradiol x LH: Quando sobe o estradiol -> LH aumenta (feedback
positivo) -> fundamental no processo de dominância folicular, pois
para que ocorra a ovulação (que é determinada pelo pico de LH),
precisa haver o estradiol que antecedeu o seu aumento
o Estradiol x FSH: quando cai o estradiol -> FSH aumenta (feedback
negativo) -> conceito fundamental, pois no final do ciclo menstrual,
quando não houve a fecundação, o estradiol cai junto com a
progesterona -> e quando o estradiol cai, ele faz um feedback
negativo pro FSH aumentar -> fundamental para entender porque a
paciente com SOP não ovula, pois ela não inicia o ciclo com o FSH
alto, e assim não irá ovular
o Período da vida da mulher que ela possui mais folículos: 20
semanas de gestação (5 a 7 milhões de folículos); ao nascer, possui
cerca de 1 milhão de folículos. Portanto, o período de maior atresia
folicular entre a menarca e a menopausa é entre a vida intrauterina
e o nascimento. Quando ela menstrua pela primeira vez, ela possui
cerca de 400-500 mil, e perde mil folículos por ciclo.
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o Paciente que está em uso de anticoncepcional perde folículos? Sim
o Paciente que está amamentando perde folículos? Sim
o Durante a gestação perde folículos? Sim
o Paciente com hipotireoidismo e está em amenorreia perde folículos?
Sim
o Podemos estimar a idade em que uma mulher vai entrar na
menopausa, a partir da idade da menarca. Ex.: se a menarca foi aos
12 anos, divide 500/12 = 41, então ela vai ter 41 anos de idade fértil
(portanto, ao somar 41 anos de idade fértil + 12 anos prévios de vida
= 53 anos. É por volta dessa idade ela vai sentir os sintomas
vasomotores da síndrome climatérica)
o Existe um processo de recrutamento folicular que indepente das
gonadotrofinas e uma parte que depende dessas. A parte que
independe, desses mil folículos que a mulher perde no mês, 990
independe das gonadotrofinas. Então se ela está usando um método
anovulatório e que bloqueia FSH e LH, ela só poupa cerca de 10
folículos por mês, e isso, ao longo da vida, não dá nem um ciclo a
mais.
o A mudança de folículo primordial para primário, e de primário para
pré-antral independe das gonadotrofinas. E a atresia também,
então os 990 folículos estão nesse processo. Apenas no segundo
processo (pré-antral para antral), é que começa a haver o controle
endócrino dependente de gonadotrofinas. Portanto, essa é a
diferença das fases que dependem e independem das
gonadotrofinas. Os que seguem para a fase antral são aqueles que
apresentam mais receptores de FSH e LH.
o Teoria das duas células e duas gonadotrofinas: explica como
acontece a produção de estrogênios, a partir de androgênios e a
partir de colesterol. Quando estamos no córtex do ovário, temos a
célula da Teca, que sofre ação do LH, e transforma o LDL colesterol
em Testosterona e Androstenediona -> Os androgênios formados na
célula da teca passam por difusão pelas células da camada
granulosa, por meio da ação do FSH (esse, portanto, ativa a enzima
Aromatase, e essa Aromatase irá converter a Testosterona em
Estradiol; e a Androstenediona é convertida em Estrona). Em todos

os folículos que forem recrutados, isso ocorre. Essas células que
foram recrutadas, que são aquelas que possuem mais receptores
para FSH e LH, vai pegar o LDL colesterol a partir da camada mais
externa da teca, e esse LDL vai ser convertido, através de perdas de
carbono por meio da ação do LH, vira testosterona e
androstenediona, e esses passam, por difusão, para as células da
camada granulosa, sob a ação do FSH, o qual ativa a aromatase, e
essa enzima está dentro do folículo, e irá haver a conversão desses
hormônios em estradiol e estrona.
o Nas células da teca existem os receptores para LH, e quando o LH se
acopla, ele pega o colesterol (da sua dieta) e esse colesterol vai
começar a sofrer as clivagens necessárias para sua conversão em
Pergnolona, depois Progestinas e depois em Androgênios. Esses
androgênios, por sua vez, sobre a ação do FSH (que se ligou ao
receptor da célula granulosa), entra e, pela ativação da aromatase,
esses androgênios começam a ser convertidos em hormônios
estrogênios. Isso acontece em todos os folículos recrutados (a cada
ciclo são recrutados de 8 a 10 folículos por ciclo), e é a base da Teoria
das duas células e duas gonadotrofinas.
o No pool de mil folículos, por que só um vai ovular? O que ele tem de
diferente? O mecanismo ainda é incerto, mas se sabe que é aquele
folículo que tem maior capacidade de proliferação celular, ou seja,
aquele que consegue aumentar a quantidade de células cuboides da
sua granulosa, para conseguir produzir mais estradiol e, assim,
estrogênio. Esse folículo dominante aumenta a sensibilidade para o
FSH dentro do próprio folículo, e consegue produzir mais estradiol
dentro dele, portanto o seu feedback intrafolicular é positivo, e não
negativo como nos demais locais (lembrando que o normal é haver
o feedback negativo, e quando ocorre aumento o estradiol, o FSH
baixa; nessa situação específica, essa relação muda para feedback
positivo). No entanto, na hipófise anterior o estradiol faz o feedback
negativo para que se diminua o FSH circulante, e assim todos os
outros folículos recebem bem pouco FSH. Esse é o grande diferencial
do folículo dominante. Ele também aumenta a sua expressão de
receptores LH, pois esse vai ser fundamental para uma maior
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entrada de colesterol, bem como para que se propicie o pico desse
LH. Esse folículo também aumenta o seu aporte sanguíneo, ele está
do lado do vaso, e também aumenta a atividade da aromatase, pois
aumentou a atividade do FSH dentro do folículo. Então, ele realiza
esse retrocontrole de estímulo, ativando mais a aromatase e
produzindo mais estradiol, e esse vai reduzir a secreção de FSH
hipofisário, promovendo uma diminuição da maturação dos demais
folículos.
o Pacientes com SOP têm uma hiperativação da aromatase na
gordura, então elas produzem uma estrona (que é o estrogênio da
gordura); qualquer hormônio estrogênico determina esses mesmos
feedbacks; portanto, a paciente com SOP que tem estrona elevada
vai determinar um feedback positivo e o LH dela vai aumentar. E o
Feedback negativo vai baixar o FSH. Portanto, essa paciente que tem
muita estrona na periferia faz um feedback positivo e aumentou o
LH, o qual pegou o colesterol e aumentou a Testosterona. Na hora
que temos um ambiente hiperandrogênico, eu diminuo o FSH, não
ativo a Aromatase e assim não ocorre a conversão da Testosterona
em Estradiol -> paciente passa a ter hirsutismo
o Esse mecanismo de atresia folicular ocorre justamente por uma
diminuição central -> sistêmica de FSH, promovida pelo folículo
dominante
o O folículo dominante também é privilegiado porque fica próximo aos
vasos sanguíneos e capta o FSH circulante, diminuindo ainda mais a
oferta de FSH para os outros folículos.
o Esse folículo dominante aumenta a sua expressão de receptores
tanto de FSH, para produzir mais estradiol, quanto de LH, para captar
mais Testosterona para ser convertida no estradiol
o Mecanismo de pico de LH: é o mecanismo responsável pela
ovulação. Oito a dez folículos são recrutados no início do ciclo, os
quais começam a produzir estradiol, e um desses sofre o processo
de dominância, e diminui a quantidade de FSH para os demais, os
quais vão sofrendo atresia. Quando esse folículo atinge seu pico de
produção de 200pg por mais de 50 horas, ele determina a um
aumento na sensibilização ao LH, para que esse atinja seu pico. Esse

pico irá estimular a produção de enzimas proteolíticas e hidrolíticas
na superfície do folículo -> rompe o colágeno -> desencadeia a
ovulação -> ocorre a retomada da meiose (esse oócito estava parado
na fase Diplóteno da Prófase I) -> a meiose é retomada, porém só
será completada se houver a fecundação
o Depois que esse óvulo for eliminado, existe um rearranjo das células
da teca e da granulosa que começa a produzir luteína, e por isso se
forma o corpo lúteo, o qual vai continuar a produzir estrogênio, a
progesterona e a inibina nas camadas teca e granulosa. O corpo
lúteo sofre um processo de apoptose dentro de 14 dias (já que essa
fase é fixa, então o que define o tempo do ciclo menstrual da mulher
é a fase folicular)
o OBS.: síndrome de Halban -> persistência do corpo lúteo, o qual
passa a durar mais de 14 dias
o As únicas situações nas quais o corpo lúteo não sofre degradação
após 14 dias, portanto, são os eventos de Fecundação ou em caso
de Síndrome de Halban.
o Fecundação -> nidação -> sinciciotrofoblasto -> produção de HcG ->
HcG estimula a produção de estrogênio e progesterona pelo corpo
lúteo até a 11ª semana, que é quando a placenta toma conta (os
casos de abortamento precoce geralmente são por insuficiência
lútea, seja porque seu HcG não atingiu níveis ótimos, ou seja
porque a paciente tinha alguma alteração nas células da teca e da
granulosa que não conseguiu realizar a produção adequada de
progesterona)
o Se esse ciclo não ocorre, a menstruação acontece
o A mulher que usa pílula muitas vezes faz um sangramento por
supressão hormonal e acaba achando que menstruou
o Inibinas: atuam pelo mesmo feedback do estradiol; são peptídeos
ovarianos secretados pelas células da granulosa, cuja função é inibir
o FSH.
 Inibina A: da fase lútea
 Inibina B: fase folicular
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 Quando não ocorre a fecundação -> o corpo lúteo sofre processo de atresia
(lembrando que o corpo lúteo produz 3 hormônios: progesterona, estradiol
e Inibina A) -> portanto, há queda do estradiol, da progesterona e da inibina
A; lembrando que o Estradiol tem um feedback negativo com o FSH, e
quando o Estradiol cai, o FSH sobe
 Qual a importância de começar o ciclo com FSH alto? Como o próprio nome
diz, ele é um estimulante folicular; então ele vai até o ovário e vai recrutar,
daquele pool dos mil, 8 a 10 folículos para que iniciem o processo da teoria
das duas células e duas gonadotrofinas -> produzindo estradiol (por isso o
estradiol é crescente na fase folicular); conforme vamos aumentando o
estradiol, o FSH sistêmico vai caindo.
 Perto do período ovulatório (cerca de 14 dias, para uma mulher com ciclo
regular), um desses folículos, que é o folículo dominante, pega toda a
produção de estradiol pra ele, pois os demais não estão recebendo LH e nem
FSH. Tudo que chega até ele, ele converte em estradiol, até atingir cerca de
200pg, por mais ou menos 50 horas. E isso vai determinar o feedback
positivo que havíamos comentado antes, na produção do LH.
 Quando o LH atinge seu pico, ele rompe a parede do folículo e libera o
óvulo -> captação do óvulo pelas fímbrias -> implantação no endométrio ->
a partir do 4º dia ocorre aumento da progesterona -> pico em torno do 21º
a 24º dia (importantíssimo fazer a requisição dos exames respeitando as suas
fases de picos hormonais)
 A mulher tem TPM por volta do 21 e 28 dia devido à queda do estradiol, que
reduz as beta-endorfinas, e existe a queda da progesterona, e seu metabólito
mais comum é a alfa-pregnolona, o qual é responsável pelo controle fino das
emoções da mulher associado à redução da endorfina; e sua amenorreia?
Quandoa progesterona cai, ela ativa a enzima Fosfolipase A2, que
desencadeia a cascata do Ácido araquidônico, o qual pega as membranas
fosfolipídicas do miométrio -> produção grande de prostaglandina
(vasoconstrictores) -> ocasiona os espasmos (infartos miometriais) que
causam a dor -> então para evitar isso é só manter a sua progesterona
 Em termos de ciclo uterino, o estradiol espessa endométrio (EEE) -> ele
determina mitoses no endométrio -> espessamento endometrial (por isso o
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nome dessa fase é proliferativa); a paciente que vai espessando, e se ela não
ovular, e assim não produzir progesterona, o estradiol para o espessamento
endometrial; a progesterona bloqueia os receptores endometriais de
estradiol, então quando sua produção aumenta, diminui-se a sensibilidade
do endométrio ao estradiol, para que cesse o espessamento. A progesterona
causa espiralizações dos ramos terminais da artéria uterina -> para que se
possa nutrir todo o endométrio espessado e secreta mucopolissacarídeos
que irão nutrir o embrião no começo
 As pacientes que têm insuficiência lútea começam a não produzir
progesterona e, por isso, sangram
 Qual o mecanismo responsável pelo spot (sangramento) no meio do ciclo?
Queda brusca do estradiol depois da ovulação
 Qual o mecanismo responsável pelo pico de FSH que tem no meio do ciclo?
Também é por causa da queda brusca do estradiol depois da ovulação (ele
disse que estava pensando em colocar essa questão na prova)
 Por que as pacientes obesas têm maior risco de câncer de endométrio? Elas
fazem muito a Teoria das duas células e duas gonadotrofinas -> produz muita
estrona
 A inibina-B: produzida na fase folicular, pela granulosa, inibindo o FSH.
 Qual a razão do aumento da libido feminina na metade do ciclo?
Ele disse que essa questão irá cair na prova!!
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