Introdução
A partir do final dos anos 1960, com a descoberta do petróleo na região da Bacia de
Campos, região norte do Estado do Rio de Janeiro, e, a chegada da Petrobrás, na década
de 1970, a cidade de Macaé passou a ser reconhecida como a Cidade do Petróleo. Como
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Professor Adjunto, Escola de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal Fluminense - UFF.
Doutorado em Urbanismo. Email: eloisa.araujo@gmail.com. Telefone: (021) 99116824
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Estudante de Arquitetura e Urbanismo.Bolsista de Iniciação Científica – FAPERJ; Escola de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal Fluminense. Email: samaravcg@hotmail.com.
Telefone: (021) 8800-0051
A partir desse entendimento, uma das medidas de gestão mais importantes para a
preservação da paisagem cultural de Macaé, a partir da delimitação sugerida na figura 03,
será a revisão do Plano Diretor Municipal e por sequencia a legislação de uso, ocupação e
parcelamento do solo. De forma que os parâmetros para ocupação deverão respeitar a
concentração de estabelecimentos que conformam o legado de patrimônio industrial
contemporâneo, associado à atividade petrolífera, na referida cidade com repercussões na
região.
Nesse sentido, o capítulo que trata sobre a instrução do processo de chancela, na
Portaria IPHAN 127/2009, em seu artigo 9º diz que: (...) “poderão ser consultados os
diversos setores internos do IPHAN que detenham atribuições na área, as entidades, órgãos
e agentes públicos e privados envolvidos, com vistas à celebração de um pacto de gestão
da Paisagem Cultural Brasileira a ser chancelada.” O que reafirma que sem pacto não
haverá a possibilidade de chancela.
De modo que, um grande desafio para o planejamento urbano-regional será o de
conseguir pensar uma política transversal que consiga realmente responder a uma gestão
territorial abrangente, num contexto regional e local que privilegie as transformações pelas
De certa forma, este artigo tenta levantar elementos sobre o tema do patrimônio
industrial relacionado à atividade petrolífera, no âmbito local e suas repercussões na escala
regional, no sentido de que a experiência de Macaé, possa contribuir para a discussão do
valor cultural e afetivo da paisagem e de sua apropriação enquanto patrimônio cultural,
como diretriz para a formulação de política de desenvolvimento regional.
Na perspectiva de situar esta temática como importante meio para justificar a
patrimonialização da paisagem do petróleo na cidade de Macaé, o artigo buscou construir, a
partir da ideia de paisagem cultural, a possibilidade de avançar no estabelecimento de
políticas públicas articuladas entre si.
Como estratégia de atuação para o futuro, e, uma vez estabelecida o recorte
territorial e a definição da abordagem que o particulariza, na sequencia, é preciso ter em
vista qual será a eficácia da chancela aqui atribuída.
Para tanto, apesar de não se constituírem em formas institucionalizadas de
preservação ou gestão – como a paisagem cultural o foi através da Portaria IPHAN
127/2009 – a contribuição de se adotar o conceito de imagem urbana associada à atividade
petrolífera para o estabelecimento de estratégicas e ações de preservação do patrimônio
cultural da cidade de Macaé, num contexto de cidade que integra territórios de produção do
petróleo, na escala regional, deve fazer parte desse processo. A chancela não só abre
novos caminhos e possibilidades para o campo da preservação patrimonial na cidade de
Macaé como realça a força da imagem de um Eldorado que demonstra sua condição de
riqueza e de esperança em um futuro, a partir da imagem que encanta, por ser dinâmica,
atraente, imprevisível, desafiante e poética.
Dentro desse ponto de vista, pretende-se que a reflexão aqui apresentada não seja
interpretada como um simples desabafo ou mesmo exercício filosófico. Baseada em um
caráter realístico e concreto, as proposições de paisagem cultural para a cidade de Macaé e
suas repercussões na escala regional estão alicerçadas nas ideias contidas e pesquisadas
em autores e outros estudos e ações de proteção, os quais também se preocupam com as