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A VERDADE E A CIÊNCIA

“A verdade é a posse intelectual da índole das coisas. As coisas estão propostas ao


homem e a verdade apenas consiste na revisão da inteligência à forma daquelas. Quando a
inteligência expressa esta situação, dizemos que os pensamentos possuem verdade. Dito de
outra forma, a verdade é, segundo a fórmula tradicional, um acordo do pensamento com a coisa.
Todo o problema da ciência é pois o de chegar a um acordo cada vez maior com a maior
quantidade de coisas possíveis. Quais são as condições desse acordo?
1. Em primeiro lugar, alguma coisa que é prévio ao exercício da função intelectual: as
coisas, elas-mesmas, estão «pro-postas» à inteligência; isto é, as coisas têm de estar presentes
ao homem. Deixemos de lado toda a complicação ulterior. Quaisquer que sejam os meios e as
vias pelas quais o homem possa ter presentes as coisas, estas devem estar perante ele. Caso
contrário, seria absolutamente impossível começar entender. Poderíamos talvez pensar, mas
estes pensamentos puros não seriam, por si mesmos, conhecimentos verdadeiros ou falsos. A
esta patência das coisas pode dar-se, radicalmente, o nome de verdade. Assim a chamaram os
gregos: a-létheia, descoberta, patentização1. Se as coisas estivessem presentes e manifestas,

1 Pelo amor à precisão não será ocioso dizer que o sentido primário da palavra
alétheia não é o de «descoberta», «patência». Ainda que o vocábulo contém a raíz *la-dh-,
«estar oculto», com o -dh- que é sufixo de estado (lat. lateo de *la-t, Benveniste; aí rahú- o
demónio que eclipsa o sol e a lua: talvez do gr. alastós, aquele que não se esquece dos seus
sentimentos, dos seus ressentimentos, violento, etc.), a palavra alétheia tem a sua origem no
adjectivo alethés do qual é o seu abstracto. Por sua vez alethés deriva de lethós, lâthos, que
significa «esquecimento» (passagem única Teoc. 23, 24). Primitivamente alétheia
significou, pois, algo sem esquecimento; algo em que nada caiu no esquecimento, completo
(Kretschmer, Debrunner). A patência única a que alétheia alude é, simplesmente, a da
recordação. Daí que, pelo que tem de completo, alétheia viesse a significar, mais tarde, a
simples patência, a descoberta de algo, a verdade. Mas a ideia mesma de verdade tem a sua
expressão primária noutras vozes. O latim, o celta e o germânico expressam a verdade com
base na raíz *uero, cujo sentido original é difícil de precisar; encontra-se como segundo
termo de um composto, em latim se-ueros (se(d)-versus), «estrito», «sério», o que faria
supor que *uero significaria confiar alegremente; daí heorté, festa. A verdade é a
propriedade de algo que merece confiança, segurança. O mesmo processo semântico dá-se
em línguas semíticas. Em hebraico, 'aman, «ser de fiar»; em hiph., «confiar», deu 'emunah,
«fedilidade, firmeza»; 'amen, «verdadeiramente, assim seja»: 'emeth, «fedilidade, verdade»;
em akadio, ammatu, «fundamento firme»; talvez emetu (Amarna) «verdade». Pelo
contrário, o grego e o indoiranio partem da raíz *es «ser». Assim ved. sátya-, aw haithya-,
«o que é realmente, verdadeiro». O grego deriva da mesma raiz, o adjectivo etó, eteós de
*s-e-tó, «o que é em realidade»; etá = alethé (Hesych). A verdade é a propriedade de ser
real. A mesma raíz dá lugar ao verbo etázo, «verificar», e estó, «substância, ousía».
Desde o ponto de vista linguístico, assim, na ideia de verdade ficam
indissoluvelmente articuladas três essenciais dimensões, cujo esclarecimento tem de ser um

1
em todo o seu pormenor e estrutura interna, a inteligência não seria mais que um fiel espelho da
realidade. Mas não é isto que acontece. Antes a presença de uma coisas oculta a de outras; os
pormenores das coisas não se manifestam, sem mais, na sua estrutura interna. Daí que a
inteligência se veja envolvida numa situação azarosa. Necessita aprender a aproximar-se às
coisas para que estas se lhe manifestem cada vez mais. Este modo ou caminho de aproximar-se
a elas é o que desde antigamente se vem chamando méthodos, método. Método não é
mais o caminho que nos conduz às coisas, não é um simples regulamento intelectual. Aqui está
a primeira condição de verdade: ater-se às coisas mesmas.

Xavier Zubiri, «Realidad, Ciencia, Filosofía» (pp 25-57). In: Naturaleza, Hisoria,
Dios. Madrid: Alianza Editorial, 1987.

dos temas centrais da filosofia: o ser (*es), a segurança (*uer-) e a patência (*la-dh-).
Deixou-se aqui, apenas, indicado o problema.

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