Ementa
Descrição
Objetivos
Compreender, aplicar o conceito de derivada de uma função real e dominar suas principais
propriedades;
Construir modelos para resolver problemas envolvendo funções de uma variável real e suas
derivadas;
161
Conteúdo
Unidade I Limites
• Noção Intuitiva
• Definição
• Propriedades dos Limites
• Limites Laterais
• Cálculo de Limites
• Limites no Infinito
• Limites Infinitos
• Propriedades dos Limites Infinitos
• Limites Fundamentais
Unidade II Continuidade
• Continuidade em um ponto
• Teste de Continuidade
• Propriedades de Funções Contínuas
• Composta de Funções Contínuas
• Teorema do Valor Intermediário:
162
Unidade I Limites
1. Situando a Temática
O conceito de Limite de uma função realiza um papel muito importante em toda teoria
matemática envolvida com o Cálculo Diferencial e Integral. Há uma cadeia ordenada muito bem
estabelecida no Cálculo:
Para entender os três últimos conceitos da lista acima, a Teoria de Limites é fundamental. Além
disso, para compreender esta teoria será preciso que você tenha domínio sobre o conteúdo de
Funções que são regras bem definidas que associam a cada elemento de um conjunto de partida,
denominado Domínio, um único elemento em um conjunto de chegada, denominado Contra-
Domínio. Mais precisamente,
f : A → B é função ⇔ ∀x ∈ A , ∃! y = f ( x) ∈ B .
Na disciplina Matemática para o Ensino Básico II você foi apresentado aos conteúdos das
funções: polinomiais, exponenciais, logarítmicas e racionais, as quais serão úteis para o estudo do
conteúdo de limites.
O objetivo desta unidade é dar uma definição de LIMITE de uma maneira intuitiva e também de
uma maneira convencional. Vamos apresentar propriedades e teoremas referentes a limites de
funções. Tais resultados (propriedades e teoremas) serão apresentados, na sua maioria, sem
demonstrações, através de alguns exemplos ou exercícios ilustrativos mas, se você tiver interesse
em estudá-los poderá encontrá-los nas referências bibliográficas. Uma justificativa para a omissão
das demonstrações é tornar o texto conciso.
163
Problematizando a Temática
Observamos algumas situações, nas quais estão presentes as idéias intuitivas de limite:
1. Se o câmbio do dólar americano tende a estabilizar em torno de R$ 1,73, então o valor pago
por 100 dólares estabiliza em torno de R$ 173,00. Logo, podemos falar que o limite (valor
pago por 100 dólares) é igual a R$ 173,00, quando o valor pago por 1 dólar tende a R$ 1,73 .
Podemos representar tal situação por:
lim x2 = 9
x→3
3. Suponhamos agora que você esteja dirigindo um automóvel. Se o acelerador for calcado para
baixo em torno de 2 cm, então a velocidade se manterá próximo aos 60 Km/h. Logo, podemos
dizer que o limite (velocidade instantânea do automóvel) é igual a 60 Km/h, quando o
acelerador tender a 2 cm para baixo. Matematicamente escrevemos tal situação por
lim v( x) = 60 ,
x→2
onde v (x) é a velocidade instantânea do automóvel e x é a medida em
centímetros do deslocamento do pedal do acelerador.
• Noção Intuitiva
• Definição
• Propriedades dos Limites
• Limites Laterais
• Cálculo de Limites
164
• Limites no Infinito
• Limites Infinitos
• Propriedades dos Limites Infinitos
• Limites Fundamentais
3. Conhecendo a Temática
3.1 Limites
x 2 − 1 ( x − 1)( x + 1)
f ( x) = = = x +1
x −1 x −1
Ao analisar o comportamento desta função nas vizinhanças do ponto x = 1 , ponto este que não
pertence ao domínio de f , constatamos que esta função se aproxima rapidamente do valor L = 2 ,
Do ponto de vista numérico, a tabela abaixo mostra o comportamento da função f , para valores x à
esquerda e à direita de x = 1 .
TABELA
Pela esquerda de x = 1 Pela direita de x = 1
x 0 0,5 0,8 0,9 0,99 0,999 1 x 2 1,5 1,2 1,1 1,01 1,001 1
f ( x) 1 1,5 1,8 1,9 1,99 1,999 2 f ( x) 3 2,5 2,2 2,1 2,01 2,001 2
lim f ( x) = 2
x →1
165
3.1.2 Definição Informal de Limite
Seja f (x) definida em um intervalo aberto em torno de x0 exceto talvez em x0. Se f (x ) fica
arbitrariamente próximo de L , para todos os valores de x suficientemente próximos de x0, dizemos
que f tem limite L quando x tende a x0 e escrevemos
lim f ( x) = L
x → x0
Essa definição é “informal” porque as expressões “arbitrariamente próximo” e “suficientemente
próximos” são imprecisas; seu significado depende do contexto. Para um metalúrgico que fabrica um
pistão, próximo pode significar alguns milésimos de centímetro. Para um astrônomo que estuda
galáxias distantes, próximo pode significar alguns milhares de anos-luz. Entretanto, a definição é
suficientemente clara para permitir o reconhecimento e a avaliação dos limites de várias funções
específicas.
Exemplo 1: O Valor do Limite Não Depende do Modo como a Função é Definida em x0
Note que lim f ( x) = lim g ( x) = lim h( x) = 2 sem que exista f (1) , com g (1) = 1 ≠ 2 e
x →1 x →1 x →1
h(1) = 2 (Veja Figura 1).
166
Exemplo 2: Os Limites Podem Não Existir
0, x < 0
(a) A função de salto unitário definida por U ( x) =
1, x ≥ 0
1
, x≠0
(b) A função g ( x) = x
0, x = 0
0, x≤0
(c) A função f ( x) = 1
sen x , x > 0
Soluções:
(a) A função de salto unitário U ( x) não tem limite quando x → 0 porque seus valores “saltam”
valores da função oscilam entre 1 e − 1 em cada intervalo aberto que contém 0 . Os valores não
se mantêm próximos de nenhum número quando x → 0
(Figura 2 (c)).
167
3.1.3 Definição Formal de Limite
lim f ( x) = L ,
x → x0
se, para cada número ε > 0 , existir um número correspondente δ > 0 tal que para todos os
valores de x,
Graficamente temos:
real ε fornecido), tal que se x ≠ 1 e x está a uma distância menor do que δ de x0 = 1 , ou seja, se
0 < x − 1 < δ , então f ( x) está a uma distância menor do que ε de L = 2 , isto é, f (x) − 2 < ε .
168
x + 1 − 2 = x + 1 < ε .Daí, basta escolher δ = ε e verifica-se que lim ( x + 1) = 2 .
x →1
Muitas funções do Cálculo podem ser obtidas como somas, diferenças, produtos, quocientes e
potências de funções simples. Introduziremos propriedades que podem ser usadas para simplificar as
funções mais elaboradas.
Teorema 3.1: Unicidade do Limite: O limite de uma função, quando existe, é único, isto é,
e
lim f ( x ) = L lim g ( x ) = M
x→ x0 x → x0
então:
1. Regra da Soma: O limite da soma de duas funções é a soma de seus limites, isto é,
lim ( f ( x) + g ( x ) ) = L + M
x → x0
lim ( f ( x ) − g ( x) ) = L − M
x → x0
3. Regra do Produto: O limite do produto de duas funções é o produto de seus limites, isto
é,
lim ( f ( x) ⋅ g ( x) ) = L ⋅ M
x → x0
4. Regra da Multiplicação por Constante: O limite de uma constante multiplicada pela função
é a constante multiplicada pelo limite da função, isto é,
lim (k ⋅ f ( x) ) = k ⋅ L
x → x0
Em particular,
lim k=k
x → x0
169
5. Regra do Quociente: O limite do quociente de duas funções é o quociente de seus limites,
desde que o limite do denominador seja diferente de zero, isto é,
f ( x) L.
lim = , M≠0
x → x0 g ( x) M
lim ( f ( x))
r s
Se r e s são números inteiros e s ≠ 0 , então = Lr s desde que Lr s seja um
x → x0
número real.
2
x 2 + 2x3 + 1 3
lim x 5 + 3
x →1
Solução:
2
x 2 + 2x3 + 1 3
lim x 5 + 3 =
x →1
2 2
2
(
lim x 2 + 2 x 3 + 1) 3 lim x 2 + lim 2 x 3 + lim 1 3
x 2 + 2 x 3 + 1
3
= x →1 = x →1 x →1 x →1 =
lim 5 (
lim x 5 + 3 ) 5
x →1 x + 3 lim x + lim 3
x →1 x →1 x →1
2
2
3
3
lim x + 2 lim x + 1 2 2
x →1 x →1
= 12
+ 2 ⋅ 13
+ 1 3
3
4
2
15 + 3 = = 1 3
=1
5
4
x + 3
lim
x →1
170
Teorema 3.3 (Teorema do Sanduíche): Se valem as desigualdades f ( x) ≤ g ( x ) ≤ h( x ) para todo
então lim g ( x) = L
x → x0
Definição: Dizemos que uma função f é limitada quando existe uma constante C > 0 tal que
Corolário 3.3: Se f é uma função limitada e g é uma função tal que lim g ( x) = 0 , então
x → x0
1
Exemplo: Mostre que lim xsen x = 0
x →0
1
Solução: Como sen ≤ 1, ∀x ≠ 0 e lim x = 0 , conclui-se, pelo Corolário 3.3, que
x x →0
1
lim xsen x = 0
x →0
Definição. Seja f uma função definida em um intervalo aberto (x0 , b ) , onde x0 < b .
Dizemos que um número L é o limite à direita da função f quando x tende para x0, e escrevemos
lim+ f ( x) = L
x → x0
se, para todo ε > 0 , existe um δ > 0 tal que f ( x ) − L < ε sempre que x 0 < x < x 0 + δ .
Notação:
x → x0+ ⇒ x → x0 com x > x0
171
Definição. Seja f uma função definida em um intervalo aberto (c, x0 ) , onde c < x0 . Dizemos que
lim f ( x) = L
x → x0−
se, para todo ε > 0 , existe um δ > 0 tal que f ( x ) − L < ε sempre que x 0 − δ < x < x 0 .
x
− , x≠0
Exemplo: Seja f ( x) = x
3, x=0
x − 1, x>0
Como − = conclui-se que lim f ( x ) = −1 e lim f ( x) = 1
x + 1, x<0
x →0 + x →0 −
Teorema 3.4. Se f é uma função definida em um intervalo aberto contendo x0, exceto possivelmente
lim f ( x) = L e lim f ( x) = L .
x → x0+ x → x0−
lim f ( x) .
x→ 0
172
3.1.6 Cálculo de Limites
Antes de apresentar exemplos de cálculos de limites, vamos falar um pouco sobre expressões
indeterminadas. Costuma-se dizer que as expressões:
0 ∞
, , ∞ - ∞, 0 ⋅ ∞, 0 0 , ∞ 0 , 1∞
0 ∞
0
Exemplo: Verificando a indeterminação .
0
(a) Sejam f ( x) = x 3 e g ( x) = x 2 .
f ( x) x3
Temos que lim f ( x) = lim g ( x) = 0 e lim = lim 2 = lim x = 0
x →0 x →0 x → 0 g ( x) x → 0 x x →0
(b) Sejam f ( x) = x 2 e g ( x ) = 2 x 2 .
f ( x) x2 1 1
lim g ( x) = lim 2 x 2 = lim 2 = 2
x →0 x →0 x →0
Analisaremos, agora, alguns exemplos de cálculo de limites onde os artifícios algébricos são
necessários: são casos de funções racionais em que o limite do denominador é zero num
determinado ponto e o limite do numerador também é zero neste mesmo ponto.
0
Simbolicamente estaremos diante da indeterminação do tipo .
0
173
x 3 − 3x + 2
Exemplo: Calcule lim 2
x → −2 x − 4
Solução:
x 3 − 3x + 2 ( x 2 − 2 x + 1)( x + 2)
lim x 2 − 4 = lim ( x + 2)( x − 2) =
x → −2 x → −2
lim x 2 − 2x + 1
2
x − 2 x + 1 x → −2
= lim = = −9
− 4
x → −2 x 2 lim x − 2
x → −2
x+2 − 2
Exemplo: Calcule lim
x →0 x
Solução: Para este exemplo usaremos o artifício da racionalização do numerador da função. Segue
então,
x+2− 2
= lim
( x+2− 2 ⋅ )( x+2+ 2 )=
lim x x⋅ ( x+2+ 2 )
x →0 x →0
( x+2 ) − ( 2) =
2 2
x+2−2
= lim
1
=
1
lim lim
x ⋅ ( x + 2 + 2 ) x →0 x ⋅ ( x + 2 + 2 ) x →0 ( x+2 + 2 ) 2 2
x →0
O símbolo ∞ não representa nenhum número real. Usamos ∞ para descrever o comportamento de
uma função quando os valores em seu domínio ou imagem ultrapassam todos os limites finitos. Por
1
exemplo, a função f ( x) = é definida para qualquer valor de x ≠ 0 (Figura 3). Quando x vai se
x
1
tornando cada vez maior, se torna “próximo de zero”. Podemos sintetizar esse fato dizendo
x
1
f ( x) = tem limite 0 quando x → ±∞ .
x
174
1
Figura 3: Gráfico de y =
x
Analogamente,
Se lim f ( x) = b ou lim f ( x) = b
x → +∞ x → −∞
1
(b) lim n
=0
x → −∞ x
175
Exemplo: Usando as propriedades de limites, calcule
x2 + x +1
lim 2
x → +∞ 2 x − 3 x + 4
Solução:
1 1 1 1
x 2 1 + + 2 lim 1 + + 2
2
x + x +1 x x x x
lim 2 x 2 − 3x + 4 = lim = → +∞
x =
x → +∞ x 2 2 − + 2
3 4 3 4
x → +∞ lim 2 − + 2
x x x → +∞ x x
1 1
lim 1+ lim+ lim
x → +∞ x → +∞ x x → +∞ x 2 1+ 0 + 0 1
= = =
1 1 2−0+0 2
lim 2 − 3 lim x + 4 lim x 2
x → +∞ x → +∞ x → +∞
Definição: Seja f uma função definida num intervalo aberto contendo x0, exceto,
possivelmente, em x = x0. Dizemos que
Definição: Seja f uma função definida num intervalo aberto contendo x0, exceto,
possivelmente, em x = x0. Dizemos que
176
Definição. A reta x = x 0 é uma assíntota vertical do gráfico da função y = f ( x ) se
lim+ f ( x) = ±∞ ou lim− f ( x) = ±∞ .
x → x0 x → x0
8
f ( x) = − 2
x −4
−8
Figura 4: Gráfico de y = 2
x −4
177
Observação:
01 ±∞ ±∞ f ( x) + g ( x ) ±∞ ±∞ ±∞ = ±∞
02 +∞ +∞ f ( x) − g ( x ) ? (+ ∞ ) − (+ ∞ ) é indeterminação
03 +∞ k f ( x) ± g ( x) +∞ (+ ∞ ) ± k = +∞
04 −∞ k f ( x) ± g ( x) −∞ (− ∞ ) ± k = −∞
05 +∞ +∞ f ( x) ⋅ g ( x ) +∞ (+ ∞ ) ⋅ (+ ∞ ) = +∞
06 +∞ −∞ f ( x) ⋅ g ( x ) −∞ (+ ∞ ) ⋅ (− ∞ ) = −∞
07 +∞ k >0 f ( x) ⋅ g ( x ) +∞ (+ ∞ ) ⋅ k = +∞ , k > 0
08 +∞ k<0 f ( x) ⋅ g ( x ) −∞ (+ ∞ ) ⋅ k = −∞ , k < 0
09 ±∞ 0 f ( x) ⋅ g ( x ) ? (± ∞ ) ⋅ 0 é indeterminação
10 k ±∞ f ( x) g ( x) 0 k ±∞ =0
11 ±∞ ±∞ f ( x) g ( x) ? ± ∞ ± ∞ é indeterminação
12 k >0 0+ f ( x) g ( x) +∞ k 0 + = +∞ , k > 0
13 +∞ 0+ f ( x) g ( x) +∞ + ∞ 0 + = +∞
14 k >0 0− f ( x) g ( x) −∞ k 0 − = −∞ , k > 0
15 +∞ 0− f ( x) g ( x) −∞ + ∞ 0 − = −∞
16 0 0 f ( x) g ( x) ? 0 0 é indeterminação
Solução: Neste caso, temos uma indeterminação ∞ − ∞ . Para determinar o limite usamos o seguinte
artifício de cálculo. Escrevemos,
4 1
lim (3 x 5 − 4 x 3 + 1) = lim x 5 3 − 2 + 5 = + ∞ (3 − 0 + 0 ) = + ∞
x → +∞ x → +∞ x x
178
3.1.9 Limites Fundamentais
Teorema 3.6.
senx
(a) lim =1
x →0 x
lim (1 + x )
1x
(b) = e , onde e é o número irracional neperiano cujo valor é 2,718281828459... ,
x →0
a x −1
(c) lim = ln a ( a > 0 , a ≠ 1 )
x →0 x
sen 2 x
Exemplo: Calcule lim
x → 0 sen3 x
Solução:
sen 2 x sen2 x 2 x 3 x sen 2 x 2x 3x
lim = lim ⋅ ⋅ = lim ⋅ lim ⋅ lim =
x →0 sen 3 x x →0 2 x 3 x sen3 x x →0
2 x
x →0
3 x
x →0
sen3 x
sen2 x 2x 1 2 1 2
lim ⋅ lim ⋅ = 1⋅ ⋅ = .
2x 3x sen3x 3 1 3
x →0 x →0 lim 3x
x →0
Neste exemplo,
sen 2 x senu
lim = lim = 1 , onde u = 2 x e u → 0 quando x → 0 .
x →0 2 x u
u →0
Analogamente,
sen3 x 2x 2
lim = 1 e lim =
3x 3x 3
x →0 x →0
Nesta unidade você travou o primeiro contato com o estudo de limites de funções, foi
apresentado ao conteúdo programático, bem como aprendeu a calcular, através dos exemplos,
usando as propriedades, alguns limites de funções. Porém, fique certo, ainda há muito que aprender
dentro de tema.
No Moodle...
179
Pois é. Você precisa visitar o espaço reservado à disciplina Cálculo
Diferencial I na plataforma MOODLE, onde terá a oportunidade de revisar,
testar e enriquecer seus conhecimentos. Lembre-se de que somos
parceiros nos estudos e, portanto, eu não pretendo seguir adiante sem que
você me acompanhe. Aguardo você no MOODLE!
5. Referências
1. Flemming, Diva M., Gonçalves, Mirian B., CÁLCULO A – FUNÇÕES, LIMITE, DERIVAÇÃO E
INTEGRAÇÃO. Editora da UFSC, 5a Edição, 1987.
3. Thomas, George B., CÁLCULO, Vol. 1, Editora Pearson Education do Brasil, 10a
Edição, 2002.
180
Unidade II Continuidade
1. Situando a Temática
Figura 5: Mostra como os batimentos cardíacos retornam ao normal depois de uma corrida.
• Continuidade em um ponto
• Teste de Continuidade
• Propriedades de Funções Contínuas
• Composta de Funções Contínuas
• Teorema do Valor Intermediário
181
2. Problematizando a Temática
As funções contínuas são usadas para achar o ponto em que um planeta mais se
aproxima do Sol ou o pico de concentração de anticorpos no plasma sangüíneo. Elas também são as
funções que usamos para descrever como um corpo se move através do espaço ou como a
velocidade de uma reação química varia com o tempo. Na verdade, tantos processos físicos ocorrem
de modo contínuo que nos séculos XVIII e XIX raramente se pensou em pesquisar qualquer outro tipo
de comportamento. Foi uma surpresa quando os físicos descobriram, em 1920, que a luz vem em
partículas e que os átomos aquecidos emitem luz em freqüências distintas (Figura 6). Como
conseqüência dessas e de outras descobertas e em função do grande uso de funções descontínuas
na ciência da computação, na estatística e em modelos matemáticos, o tema da continuidade se
tornou importante tanto prática quanto teoricamente.
Figura 6
3. Conhecendo a Temática
lim f ( x) = f (a)
x→a
182
Considerações sobre a Definição
3.2 Continuidade
todo ponto a ∈ I
1
A função f ( x) = ( Figura 3) é contínua em todo x ≠ 0 .
x
183
3.4. Composta de Funções Contínuas.
x +1
h( x ) = é contínua em x = 1
x2 +1
x +1
Solução: Sejam f ( x) = e g ( x) = x . Daí, h( x) = ( g o f )( x) = g ( f ( x)) . Sendo
x2 +1
1+1
f (1) = = 1 e g ( f (1)) = g (1) = 1 = 1 , tem-se que
12 + 1
x +1 1+1
lim g ( f ( x)) = lim h( x) = lim x
x →1 x →1 x →1
2
= 2
+1 1 +1
= 1 = g ( f (1))
Teorema 3.5. .Seja f : [a, b] → ℝ uma função contínua em um intervalo fechado [a, b] tal que
184
Exemplo: Aplicando o Teorema 3.5
Existe algum número real que somado a 1 seja exatamente igual ao seu cubo?
Figura 7
185
4. Avaliando o que foi construído
No Moodle...
Dialogando e Construindo Conhecimento
5. Referências
1. Flemming, Diva M., Gonçalves, Mirian B., CÁLCULO A – FUNÇÕES, LIMITE, DERIVAÇÃO E
INTEGRAÇÃO. Editora da UFSC, 5a Edição, 1987
2. Ávila, G., CÁLCULO I: FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL, Editora LTC, 6a Edição 1994.
3. Thomas, George B., CÁLCULO. Vol. 1, Editora Pearson Education do Brasil, 10a Edição,
2002.
186
Unidade III Derivadas
1. Situando a Temática
187
2. Problematizando a Temática
Para solucionarmos este problema precisamos definir o conceito de derivada de uma função
num ponto. A partir de agora vamos desenvolver toda a teoria necessária para solucionarmos este e
outros problemas que envolvem derivadas.
3. Conhecendo a Temática
f ( x + h) − f ( x )
f ′( x ) = lim ,
h →0 h
f (x) e f ( x + h)
f ( x + h) − f ( x )
h
Passo 3. Usando o quociente simplificado, encontre f ′(x) calculando o limite
f ( x + h) − f ( x)
f ′( x ) = lim
h→0 h
Exemplo: Aplicando a Definição
188
Encontre a derivada de y = x para x > 0 .
Solução:
Passo 1: f ( x) = x e f ( x + h) = x + h
f ( x + h) − f ( x ) x+h − x
Passo 2 : =
h h
=
( x+h− x )⋅ ( x+h + x )
h ( x+h + x )
x+h−x
=
h⋅ ( x+h + x )
1
=
( x+h + x )
1 1
Passo 3 : f ′( x) = lim = (Veja Figura 8 (a) e 8(b) )
h →o ( x+h + x ) 2 x
Figura 8
dy
(ii) ( lê-se dydx ). Esta notação foi dada por Leibniz
dx
189
3.2. A Reta Tangente
Definição. Dada uma curva de equação y = f ( x ) , seja P( x0 , y 0 ) um ponto sobre ela, ou seja ,
y 0 = f ( x0 ) . A Reta Tangente a esta curva no ponto P é a reta que passa por P cujo
f ( x 0 + h) − f ( x 0 )
mT = lim ,
h →0 h
mT = f ′( x0 ) .
1 1
y−2= ⋅ ( x − 4) ⇔ y = x + 1
4 4
Figura 9
190
3.3 Continuidade de Funções Deriváveis
= f ( x0 ) + f ′( x0 ) ⋅ 0 = f ( x0 )
191
3.4 Derivadas Laterais
f ( x 0 + h) − f ( x 0 )
f +′ ( x0 ) = lim+
h →0 h
f ( x ) − f ( x0 )
= lim+ ,
x → x0 x − x0
definida por
f ( x 0 + h) − f ( x 0 )
f −′ ( x0 ) = lim− h
h→0
f ( x ) − f ( x0 )
= lim− ,
x → x0 x − x0
(c) Se uma das derivadas laterais não existe em um ponto x0 , então f não será derivável
em x0 .
d
( x ) = d ( x) = 1
dx dx
192
e
f ( 0 + h ) − f ( 0) h
f +′ (0) = lim+ = lim+ h = 1
h
h →0 h →0
À esquerda da origem ( x < 0) ,
d
( x ) = d (− x) = −1
dx dx
f ( 0 + h ) − f ( 0) −h
f −′ (0) = lim− = lim = −1
h →0 h h →0 − h
Figura 10
193
3.5 Regras de Derivação
′
1. Soma: f +g e (f + g ) ( x) = f ′( x) + g ′( x) ;
′
2. Diferença: f −g e (f − g ) ( x) = f ′( x) − g ′( x) ;
3. Produto: ( f ⋅ g ) e ( f ⋅ g )′( x ) = f ′( x ) g ( x ) + f ( x ) g ′( x ) ;
f ′
4. Quociente e f g ( x) f ′( x) − f ( x) g ′( x) , desde que g ( x) ≠ 0 ;
g ( x ) =
g [g ( x)]2
No Moodle...
d n
(ii) Mostre que ( x ) = nx n −1 , onde n é um número real
dx
(Derivada da Potência)
d
(iii) Mostre que (C ) = 0 , onde C é uma constante.
dx
194
Exemplo: Aplicando as regras de derivação
(a) f ( x) = ( x 2 + 2 x)( x 3 + 1)
2x5
(b) g ( x) =
x3 + 1
(c) h( x) = x 4 + x 3 + 2 x
(d) y=x x
Solução: (a)
2 3 2 3
f ′ ( x ) = ( x 2 + 2 x ) ′ ⋅ ( x 3 + 1) + ( x 2 + 2 x )( x 3 + 1) ′ = [( x )′ + (2 x)′] ⋅ ( x + 1) + ( x + 2 x) ⋅ [( x
= ( 2 x + 2 ) + ( x 3 + 1) + ( x 2 + 2 x ) ⋅ (3 x 2 + 0 )
= (2 x + 2) + ( x 3 + 1) + ( x 2 + 2 x) ⋅ (3x 2 )
(b)
( 2 x 5 ) ′ ⋅ ( x 3 + 1) − ( 2 x 5 ) ⋅ ( x 3 + 1) ′
g ′( x ) =
( x 3 + 1) 2
4 3
10 x ⋅(x + 1) − ( 2 x 5 ) ⋅ (3 x 2
+ 0)
=
( x 3 + 1) 2
10 x 4 ⋅ ( x 3 + 1) − ( 2 x 5 ) ⋅ ( 3 x 2 )
=
( x 3 + 1) 2
(c)
h ′( x ) = ( x 4 ) ′ + ( x 3 ) ′ + ( 2 x ) ′
= 4x3 + 3x2 + 2
195
(d) y ′ = ( x x )′
= ( x) ′ ⋅ x + x ⋅ ( x ) ′
= 1 ⋅ x + x ⋅ [( x)1 2 ]′
1
1 1−
= x + x ⋅ ⋅ x 2
2
x
= x+
2 x
x x
= x+ ⋅
2 x x
x x
= x+
2 x ( ) 2
x x
= x+
2x
x
= x+
2
Função Derivada
f ( x) f ′( x )
01 ex ex
1
02 ln x , x >0
x
03 senx cos x
04 cos x − senx
05 tgx sec 2 x
06 cot gx − cos sec 2 x
07 sec x sec x ⋅ tgx
08 cos sec x − cos sec x ⋅ cot gx
196
Exemplo: Determinar a derivada de cada uma das seguintes funções:
(a) y = x 2 + senx
(b) y = tgx + 2e x
(c) y = x ln x
Solução:
(a)
y ′ = ( x 2 + senx) ′
= 2 x + cos x
(b)
y ′ = (tgx + 2e x ) ′
= (tgx)′ + (2e x )′
= sec 2 x + 2e x
(c)
y ′ = ( x ln x) ′ = ( x) ′ ln x + x(ln x) ′
1
= ln x + x ⋅ = 1 + ln x
x
(d)
y ′ = (sec x) ′ + ( x cos x) ′
= sec x ⋅ tgx + 1 ⋅ cos x + x ⋅ (− senx)
197
3.7. Regras de L’Hospital
0 ∞
Nesta seção apresentaremos um método para levantar indeterminações do tipo ou . Esse
0 ∞
método é dado pelas Regras de L’Hospital dadas a seguir.
f ′( x) f ( x) f ′( x)
(i) Se lim f ( x) = lim g ( x) = 0 e lim = L, então lim = lim =L
g ′( x) g ( x ) g ′( x)
x→a x→a x →a x →a x →a
f ′( x) f ( x) f ′( x)
(ii) Se lim f ( x) = lim g ( x) = ∞ e lim = L, então lim = lim =L
g ′( x) g ( x ) g ′( x)
x→a x →a x →a x →a x →a
x2 + x − 6
(a) lim 2
x → 2 x − 3x + 2
− x + senx
(b) lim x −x
x →0 e + e − 2
198
ex −1
(c) lim 3
x →∞ x + 4 x
x2 + x − 6 2x + 1 2 ⋅ 2 + 1 5
(a) lim x 2 − 3x + 2 = lim 2 x − 3 = 2 ⋅ 2 − 3 = 1 = 5
x→2 x→2
ex −1 ex ex ex
(c) lim x 3 + 4 x lim 3x 2 + 4 lim 6 x lim 6 = +∞
= = =
x → +∞ x → +∞ x → +∞ x → +∞
Observação: As Regras de
L’hospital são válidas para limites
laterais e limites no infinito.
Consideremos duas funções f e g onde u = g (x) . Para todo x tal que g (x) está no domínio de
f , podemos escrever y = f (u ) = f ( g ( x)) , isto é, podemos considerar a função composta
( f o g )( x ) = f ( g ( x )) . Por exemplo, uma função tal como y = ( x 2 + 5 x + 2) 7 pode ser vista como a
composta das funções y = u 7 = f (u ) e u = x 2 + 5 x + 2 = g ( x)
(Ver Figura 2.29 Thomas página 180)
dy dy du
= ⋅ ,
dx du dx
dy
onde é calculado em u = g (x) .
du
199
dy
Exemplo: Dada a função y = ( x 2 + 5 x + 2) 7 , determinar .
dx
Solução: Vimos anteriormente que podemos escrever
y = u 7 = f (u ) , onde u = x 2 + 5 x + 2 = g ( x)
dy dy du
= ⋅
dx du dx
= 7u 6 ⋅ (2 x + 5)
= 7( x 2 + 5 x + 2) 6 ⋅ (2 x + 5) .
3 dy
Exemplo: Dada a função y = e x + sen(2 x) + cos 2 x , determinar
dx
Solução: Sejam u = x 2 , v = 2 x e w = cos x . Assim, podemos escrever
y = e u + senv + w 2
3
y ′ = (e x + sen( 2 x) + cos 2 x)′ = (e u + senv + w 2 )′
= (e u )′ + ( senv)′ + ( w 2 )′ = e u u ′ + (cos v) ⋅ v ′ + (2w) ⋅ w′
3
= e x ⋅ 3 x 2 + (cos(2 x )) ⋅ 2 + ( 2 cos x) ⋅ (− senx)
3
= 3x 2 ⋅ e x + 2 cos(2 x) − 2 senx ⋅ cos x
Seja y = f (x) uma função definida em um intervalo aberto (a, b) . Suponhamos que f (x) Admita
uma função inversa x = g ( y ) contínua. Se f ′( x ) existe e é diferente de zero para qualquer ponto
x ∈ (a, b) , então g = f −1
é derivável e vale
1 1 1
g ′( y ) = = ou g ′( f ( x)) =
f ′( x) f ′( g ( y )) f ′( x)
200
Prova: Sendo g = f −1 , tem-se que g ( f ( x )) = x , para todo x ∈ (a, b) e usando a
Regra da Cadeia, conclui-se
1
g ′( f ( x)) ⋅ f ′( x) = 1 ⇔ g ′( f ( x)) =
f ′( x)
1
Solução 1: x = g ( y ) = y +1 = ( y +1) 2 (Verifique !). Daí,
−1
1 1
g ′(y) = (y +1 ) 2 = .
2 2 y +1
Em particular,
1 1
g ′(3) = =
2 3+1 4
1 1
g ′( y ) = g ′( f ( x)) = =
f ′( x) 2x
Em particular,
x = 2 ⇔ y =3
Assim,
1 1 1
g ′(3) = = = .
f ′(2) 2⋅ 2 4
1
Exemplo: A equação x 2 + y − 1 = 0 define implicitamente a função y = 2 ⋅ (1 − x 2 ) .
2
201
1
De fato, substituindo y = 2 ⋅ (1 − x 2 ) na equação x2 + y − 1 = 0 , obtemos a identidade
2
1
x2 + ⋅ 2 (1 − x 2 ) − 1 = 0 .
2
xy 2 + 2 y 3 = x + 2 y , determinar y ′ .
( xy 2 + 2 y 3 )′ = ( x + 2 y )′
c
( xy 2 ) ′ + (2 y 3 )′ = ( x)′ + (2 y ) ′
y 2 + x ⋅2 y ⋅ y ′ + 6 y 2 ⋅ y ′ =1+ 2 y ′
y ′(1,1) = 0
202
se
Fermat notou que, para certas funções nos pontos onde a curva
assumia valores extremos, a tangente ao gráfico devia ser uma reta
horizontal, já que ao comparar o valor assumido num desses pontos
P( x, f ( x)) com valor assumido no outro ponto Q( x + h, f ( x + h))
próximo de P , a diferença entre f ( x + h) e f ( x) era muito pequena,
quase nula, quando comparada com o valor de h , diferença das abcisssas
de Q e P . Assim, o problema de determinar extremos e de determinar
tangentes a curvas passam a estar intimamente relacionados.
203
4. Avaliando o que foi construído
No Moodle...
5.Referências
1. Flemming, Diva M., Gonçalves, Mirian B., CÀLCULO A – FUNÇÕES, LIMITE, DERIVAÇÃO E
INTEGRAÇÃO. Editora da UFSC, 5a Edição, 1987.
2. Ávila, G.,CÁLCULO I: FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL, Editora LTC, 6a Edição 1994.
3. Thomas, George B., CÁLCULO, Vol. 1, Editora Pearson Education do Brasil, 10a Edição,
2002.
204