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Fundação Átrio da Música

Escola Profissional de Música de Viana do Castelo


Prova de Aptidão Profissional
2016/2017













Preparação e interpretação de New Orleans, obra
para trombone baixo e piano de Eugène Bozza:
análise e reflexão para o seu estudo











Viana do Castelo, 17 de fevereiro de 2017
Miguel Alexandre Forte de Barros
nº 10729 /CISP

Fundação Átrio da Música


Escola Profissional de Música de Viana do Castelo
Prova de Aptidão Profissional
2016/2017













Preparação e interpretação de New Orleans, obra


para trombone baixo e piano de Eugène Bozza:
análise e reflexão para o seu estudo




__________________________

Aluno: Miguel Barros

__________________________

Orientador: José Tiago Baptista

__________________________

Coorientador: Gonçalo Dias

Índice
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4
1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 5
1.1 ESTILOS, INFLUÊNCIAS E CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ................................................. 5
1.2 EUGÈNE BOZZA (1905-1991) ............................................................................................... 5
1.2.1 New Orleans ................................................................................................................. 6
2. COATIVAÇÃO .................................................................................................................... 7
2.1 ANÁLISE .................................................................................................................................. 7
2.2. DIÁRIO DE BORDO .............................................................................................................. 11
CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 17
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 18
ANEXOS ................................................................................................................................. 19
ANEXO A – PARTITURA DA OBRA NEW ORLEANS PARA TROMBONE BAIXO E PIANO DE
EUGÈNE BOZZA: ......................................................................................................................... 19

Introdução


No processo de escolha do tema para a Prova Teórica no Projeto de Aptidão
Profissional, eu, juntamente com o meu professor, Gonçalo Dias, optamos pela peça “New
Orleans” do compositor francês Eugène Bozza, para trombone baixo e piano.
Esta peça irá contribuir para o meu desenvolvimento enquanto aluno e enquanto
músico e performer. Primeiro, por nunca ter trabalhado nenhuma obra deste compositor;
depois, por ser uma das peças standard mais importantes do reportório do meu
instrumento; por último, por se tratar de uma das peças mais requeridas pela maioria das
orquestras nas suas audições sobretudo na Europa. Por tudo inframencionado, penso que
será uma peça que me fará evoluir tanto do ponto de vista estilístico como técnico.
Com esta obra pretendo estudar principalmente o estilo, ultrapassar e aperfeiçoar
todas as dificuldades técnicas que a peça exige, desenvolver a expressividade e
musicalidade necessária para a execução da obra. Por exemplo, o registo agudo, que é
predominante nesta peça, consiste num obstáculo que dificulta a execução da obra.

1 Contextualização
1.1 Estilos, Influências e Contextualização histórica

O prodígio compositor viveu praticamente todo século. Foi um contemporâneo que
compilou na sua música diversas correntes musicais nomeadamente, o expressionismo, o
futurismo, o objetivismo, o serialismo, o minimalismo e o maximalismo. Os trabalhos de
Bozza não contam com uma grande história de inovação musical, no entanto, Bozza
explora melhor a sonoridade, o timbre e as articulações que pretende nas suas produções.
(Seth Brodsky http://www.eugenebozza.com)
Nas suas obras é muito eclético onde escreve com liberdade e como acha melhor,
e não induz uma determinada corrente ou um determinado estilo, no entanto são
amplamente conhecidas por serem muito sensíveis às técnicas do instrumento para o qual
são compostas.
O seu estilo mostra muitas tradições da escola impressionista francesa misturada
com o domínio fundamental da harmonia de Bach. As suas composições podem ser
colocadas dentro do género neoclassicista, que também é povoada por Darius Milhaud e
Igor Stravinsky.
Uma das suas grandes influências era também o jazz, blues e o ragtime. Com o
melhoramento de métodos de gravação, como a gravação eletrónica, o jazz ultrapassou
as fronteiras e foi-se expandindo geograficamente. Tais circunstâncias levaram a que
compositores mais recentes incluíssem este estilo nas suas escritas.
Outro elemento significativo da produção de Bozza foram os métodos educacionais
e os livros de estudos. Durante os seus anos como diretor em Valenciennes, Bozza compôs
pelo menos 18 livros de estudos para muitos instrumentos, incluindo: violino, contrabaixo,
flauta, oboé, clarinete, fagote, saxofone, trompete, trompa e trombone. Todos estes
métodos de estudos justificam a sua popularidade em diversas escolas de música.

1.2 Eugène Bozza (1905-1991)


Bozza nasceu em 1905 em França, na cidade de Nice. Bozza juntamente com os pais
mudaram-se para Itália no ano de 1915 para fugir a 1ª Guerra Mundial. Começou o seu
percurso musical no violino, piano e solfejo em Roma na Academia Nacional de Santa
Cecilia. No ano de 1919 graduou-se e conseguiu o diploma de violino. Mais tarde mudou-
se para a capital francesa, Paris. Estudou no conservatório de Paris, onde foi um dos mais
prestigiados alunos. Ao 2º ano de estudos em Paris, ganhou um Premier Prix no concurso
do conservatório, e ainda o prestigiado lugar de concertino na orquestra Pasdeloup em
1925. Depois 5 anos de tournée pela Europa com a orquestra, Bozza renunciou e voltou
ao Conservatório para estudar direção com Henri Rabaud. Continuando como um
excelente aluno, Bozza terminou seu estudo para maestro em 1931, ganhando outro
Premier Prix, mas, desta vez, em direção. Bozza foi solicitado como maestro titular para os
Ballets Russos de Monte Carlo, onde permaneceu apenas um ano antes de voltar ao
Conservatório de Paris pela terceira em 1932 para estudar composição musical. Também
em composição ganhou, dois anos mais tarde, outro Premier Prix. (Hervé Lussiez,
http://www.musimem.com/prix-de-rome.html)
Bozza ganhou, em 1934, com uma cantata de um ato o Prix de Rome. Como
recompensa do prêmio, ele viveu em Roma na Villa de Medici nos seguintes quatro anos
e cinco meses para que ele se pudesse concentrar e crescer como compositor. Em Roma,
Bozza compôs várias obras de grande escala como a sua ópera Leonidas, Salmos, e a
Introduzione e Toccata para piano e orquestra. (Hervé Lussiez,
http://www.musimem.com/prix-de-rome.html)

Mais tarde conseguiu um lugar com o cargo de maestro da Ópera Cómica de Paris na
década de terror entre os anos de 1938 e 1948. (Seth Brodsky
http://www.eugenebozza.com)
Mudou-se 3 anos depois para Valenciennes, onde dirigiu a Ecole Nationale de Musique
até à sua reforma no ano de 1975. Os anos passados em Valenciennes foram os anos
mais produtivos da vida do músico, tendo o mesmo composto muitos de seus livros de
estudos e trabalhos a solo durante este tempo para estudantes e professores da escola.
Para além disso, ao mesmo tempo que trabalhava na École Nationale, foi eleito Chevalier
da Légion d'Honneur, em 1956. (Seth Brodsky http://www.eugenebozza.com)
Após a sua reforma, em 1975, Bozza permaneceu na cidade onde trabalhou grande parte
da sua vida e continuou a fazer o que gostava, compôr. Mais tarde Bozza adoeceu e morreu
em 1991. (Seth Brodsky http://www.eugenebozza.com)

1.2.1 New Orleans



O desenvolvimento da literatura a solo para o trombone baixo moderno, tal
como o conhecemos hoje é relativamente recente. Foi no último século que surgiu o que
podemos chamar de repertório “standard” para o trombone baixo.
Evidentemente, a peça New Orleans faz parte do reportório base do trombone
baixo, originalmente escrita para o trombonista francês Paul Bernard.
New Orleans é um trabalho solo escrito em 1962 para saxhorn baixo originalmente.
Desde que este instrumento caiu em desuso, esta peça é interpretada frequentemente no
trombone baixo ou na tuba. Influenciada principalmente pela cultura do jazz de Nova
Orleães, esta peça tem influências de estilos musicais que andam em torno desta cidade,
tais como o ragtime e o blues.
“O blues é a expressão da aflição (dos escravos) e a fonte jazz, desde o blues inicial
rural camponês até ao dos nossos dias, passando pelo blues clássico urbano.
O blues moderno, amiúde puramente instrumental, não se cinge nem à estrutura
clássica nem ao tempo lento tradicional.” (Michaels, 2007).
“Ragtime é o nome dado ao estilo pianístico que se expandiu ca.1870, a partir de
St. Louis. Combinava a música europeia de salão e de dança (marchas polcas, etc.) com
o estilo do banjo” (Michaels, 2007).
New Orleans apresenta algumas influências jazzísticas tal como algumas peças
standard do meu Instrumento como é o caso da Sonata de Alec Wilder ou da Sonata de
Daniel Schnyder. Pode tratar-se apenas de uma coincidência, mas estas influências,
tirando Daniel Schnyder que é recente, talvez tenham surgido porque a criação deste
reportório coincidiu com o nascimento e expansão do Jazz a partir da cidade de Nova
Orleães.

2. Coativação

2.1 Análise

Esta peça está dividida em 3 partes distintas nas quais se distinguem facilmente
pelo seu carácter e textura. A primeira parte vai até ao nº4, parte esta bastante livre de
forma, alternando entre momentos bastantes líricos e expressivos com passagens rápidas
enérgicas e fugazes.
A segunda parte vai do nº 4 até ao nº 8, esta parte não é uma parte totalmente livre,
é mais de carácter lírico e ainda mais profunda que a primeira parte, nesta parte já se
encontra a pulsação mais definida. Por último a terceira parte vai do nº8 até ao fim. Esta
parte, definitivamente é uma parte mais rítmica em que apela a que o executante mostre
toda a sua técnica.
Como já referi, esta obra tem influências jazzísticas, e como tal podemos observar
em vários pontos da obra, frases melódicas e harmonia inspiradas na escala de blues:





Primeiro acorde
da obra






Fig.1-Escala de Dó Blues


Com estas duas figuras conseguimos ver o primeiro acorde da obra e por baixo
temos a escala de blues em Dó. Assim conseguimos associar o acorde com a escala.
Basicamente é um acorde de Dó Maior com tensões de b3 (Ré#) e sétima menor (lá#).


Fig.2- Nº1 até ao compasso 8

Ainda na primeira parte, dou agora o exemplo em que o compositor apresenta as


mesmas células rítmicas para fazer uma progressão sendo que utiliza a indicação
animando para em relação ao tempo este vir a aumentar gradualmente e fazer a chegada
no fim do compasso 8 com um moderato, rubato e por fim cédez.
No compasso 8 o compositor enfatiza o glissando imitando um pouco a tendência
que os músicos de jazz têm para tocar de forma relaxada.


Na segunda parte da peça, o compositor aborda um novo tema, por isso a peça
torna-se mais métrica e não tão livre. Este tema começa no trombone no compasso 19 e
depois vai passar pelo piano no nº 5. Nesta passagem, existe evidentemente influência da
escala de Fá# blues.

Fig.3-Tema inicia no compasso 19
































Fig.4-Tema no piano no nº 5



Na terceira parte nº 8 da peça, o carácter e o estilo mudam um pouco. Apresenta-se tudo


um pouco mais vertical e mais rítmico. O piano começa com uma linha de baixo em
colcheias e no 6º compasso, introduz um tema sincopado que vai predominar e
desenvolver até ao fim. Depois do tema ter passado pela primeira vez no piano e depois
no trombone, vão ser apresentadas variações deste tema como no 5º compasso do nº 9
em que começa o piano de novo e por fim no trombone e vão intercalando. Este tema
sincopado em semicolcheias faz-nos lembrar o ragtime, mais uma influência jazzística por
parte do compositor.

Fig.5-Inicio da terceira parte da peça

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2.2. Diário de Bordo

No inicio do processo de aprendizagem da obra New Orleans deparei-me com


diversas dificuldades que considerei pertinente ultrapassar para uma boa interpretação da
obra.
A dificuldade maior desde o inicio, foi encarar e dominar o estilo que o autor
pretendia, pois esta obra carece de expressividade própria, e para isso o meu professor de
instrumento, Gonçalo Dias, aconselhou-me a analisar e a procurar um pouco mais sobre o
compositor, e o seu trabalho assim como a época e estilo e ainda me aconselhou a ouvir
e conhecer algumas das principais obras que Eugène Bozza escreveu para vários tipos de
formações, entre as quais destaco : “Imagine For Flute” na qual também destaco a
gravação da flautista Gisela Mashayekhi-Beer, flautista na Vienna Chamber Philharmonic;
“En forêt”, para trompa e piano, na qual destaco o conceituado trompista Radek Baborák,
e ainda no âmbito mais camerístico, a peça “Nuages”, para quarteto de saxofones. Em
todas estas peças pude notar a evidência da utilização por parte do compositor de
bastantes contrastes, quer ao nível dinâmico, quer à alternância frequente entre o registo
grave e agudo, e também à exploração das potencialidades dos instrumentos para que
escreve.
Logo de seguida, depois de perceber um pouco mais sobre o compositor e que tipo
de influências teve e como escreve, o meu professor de instrumento aconselhou-me a fazer
uma leitura completa e geral da partitura com o intuito de aprender todas as notas, ritmos,
dinâmicas e articulações.
No entanto, só depois de ter concluído com sucesso estes passos é que o professor
Gonçalo Dias me aconselhou a ouvir e ver vários trombonistas internacionais tais como
Justin Clark (professor em Genébra), Denson Paul Pollard (Metropolitan Opera Orchestra
e professor na Julliard School), e ainda Matyas Veer, músico na (Essener Philarmoniker).
A interpretação que mais me marcou foi a do Justin Clark por ter alguns aspetos com que
me identifico tais como: sonoridade, articulação muito definida, dinâmicas, expressividade
e abordagem da peça.
Numa primeira leitura, pude reparar em muitas indicações da parte do compositor
referentes ao carácter e ao andamento/tempo. Tive de compreender exatamente o seu
significado. Como tal esclareci todas estas indicações com o meu professor para me ajudar
a interpretar melhor a obra na qual dediquei algum esforço e algum trabalho.

Alguns exemplos de indicações e expressões usadas pelo compositor nesta peça


referentes ao tempo e carácter:
• A piacere – com esta expressão, o executante deve tocar de forma livre e
ao seu critério, normalmente com o uso de rubatos e balanços no tempo;
• Cédez – o instrumentista que deve ceder ou abrandar um pouco;
• Marcato – com esta indicação todas as notas devem ser acentuadas,
marcadas e enfatizadas;
• Ossia – esta expressão vem acompanhada de uma alternativa à parte
escrita na obra, ou seja, com esta indicação o compositor apresenta uma
alternativa à versão original;
• Animando – o intérprete deve levar o tempo um pouco mais para a frente;
• Giocoso – esta expressão indica ao executante para tocar de uma maneira
mais feliz e alegre;
• Rubato – esta expressão envolve o sentimento do interprete pois deve
esticar, abrandar ou acelerar o tempo à escolha do interprete.

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Como a peça tem um âmbito musical bastante amplo, explora tanto o registo grave
como o agudo do Trombone Baixo, tive de trabalhar bastante o registo agudo com alguns
estudos e exercícios, pois o registo agudo era uma das maiores dificuldades da peça New
Orleans para mim. Na próxima figura podemos observar a distância de registos usados na
peça.



Fig.6-Registo utilizado

Posto isto, comecei a trabalhar e desenvolver em conjunto com o meu professor


um trabalho mais direcionado na expansão do meu registo agudo.
Exemplos de exercícios e estudos que trabalhei para melhorar o registo agudo:

• Escalas e harpejos com diferentes articulações e velocidades;


• Trabalhar um pouco mais a leitura na clave de dó, pois até então não estava
tão à vontade como na clave de fá;
• Marco Bordogni “43 Bel Canto Studies”, exemplo, o nº 31 e nº 32 em oitavas
diferentes para poder tornar o meu registo mais amplo;
• Estudos técnicos como por exemplo o nº 7, 8 e nº 12 do livro “Advanced
Studies for Bass Trombone” de Tommy Pederson;
• Alguns exercícios do livro “A Singing Aproach To The Trombone” exercícios
estes também direcionados para aumentar o registo;

Apesar desta peça possuir e conter um carácter mais livre ao inicio, desde o inicio
ate ao nº 4, temos referências de tempo que mudam com bastante frequência sobretudo
na primeira parte. Senti-me, na obrigação de assimilar muito bem todas estas mudanças
para me familiarizar com a peça e puder respeitar todas estas mudanças, mas ao mesmo
tempo fazer a minha interpretação sem deixar de respeitar a partitura.
Procurei também nas primeiras aulas perceber toda a partitura a nível da forma e
da junção e relação da parte solística com a parte de piano.
Umas das partes mais difíceis para mim foi a interpretação da peça por ser um tipo
de música com que eu não estava muito familiarizado, sobretudo a primeira parte da peça
que tem um carácter dado a uma interpretação mais livre. No segundo compasso da obra,
aparece a indicação já em cima referida “a piacere” que me dá um pouco de liberdade em
relação ao tempo, situações idênticas continuam a aparecer nesta parte.
Como tive alguma dificuldade quanto à interpretação, então foi sugerido pelo
professor, imaginar uma personagem em que pudesse encarnar discursando um
monólogo. Foi apenas uma ideia, mas ajudou-me bastante a entrar na música e abstrair-
me um pouco a partitura. Trabalhei também o máximo de expressividade possível para que
o discurso da personagem fosse claro e credível. Para melhorar a expressividade tentei
enfatizar certas notas, como é o caso do glissando no inicio do compasso 8.

Fig.7-Exemplo de glissando no compasso 8

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Durante toda a primeira parte procurei uma sonoridade bastante ampla em todas
as partes mais livres indicadas com “a piacere, cédez e rubato”, e uma sonoridade mais
leve nas partes mais técnicas e rápidas de forma a poder criar o contraste pretendido pelo
compositor.

Esta foi uma das partes também onde tive mais dúvidas e dificuldades com as
respirações, pois algumas frases tal como a primeira, são bastante longas e com registo
grave, por isso tive de definir muito bem todas as respirações e trabalhar mais a minha
capacidade respiratória para conseguir suportar essas mesmas frases sem interromper o
discurso musical pretendido.


Fig.8-Exemplo da primeira frase em que o “v” simboliza a respiração


Algumas passagens exigiram um trabalho mais pormenorizado pela sua dificuldade
não só de técnica, mas também de afinação e articulação.
Com o exemplo seguinte eu pretendo mostrar uma dificuldade que tive no número
1 da peça. Nesta passagem devido ao conjunto de articulações, notas e à indicação dada
pelo compositor (animando), tive de trabalhar um pouco nota a nota para que não houvesse
erros de notas e ainda trabalhar de forma bastante lenta para clarificar a articulação
necessária que o autor pretende. O trabalho com metrónomo foi essencial para ultrapassar
esta dificuldade.

Fig.9-Dificuldade técnica

Ainda na primeira parte da obra no nº 2, continuam a predominar bastantes


articulações, contrastes dinâmicos e ainda a diferença de registos. Porém a dificuldade
maior neste momento foram as passagens rápidas que me forçaram a trabalhar a
coordenação entre: articulação, ar, e braço direito (vara). Para conseguir ultrapassar esta
dificuldade, recorri mais uma vez a um trabalho exaustivo com metrónomo fazendo
exercícios sobre a escala de Dó Maior sobre os vários graus da tonalidade em diversas
velocidades e articulações.
Muitos trombonistas nesta passagem, recorrem ao staccato duplo. No meu caso
optei pelo staccato simples e não tive necessidade de usar o duplo. Ainda neste exemplo
podemos observar a utilização do harpejo de Fá com a quinta aumentada (Dó#), trabalhei
várias vezes este harpejo em todas as inversões de forma a estar mais familiarizado e
ganhar a destreza necessária para a sua execução de forma rápida e controlada.

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Fig.10- Exemplo nº2

A partir do nº 4 da obra, que considerei ser a segunda parte da obra, a pulsação


torna-se mais regular, e o trombone começa um novo tema de carácter bem mais lírico e
expressivo. Sobre o ponto de vista analítico podemos notar claramente a influência da
escala de blues em vários tons.

Fig.11- Influências das escalas de blues presentes (Dó, Sib, Láb)

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Já na terceira e última parte da peça, a escrita é bastante sincopada à semelhança


do ragtime, outra influência jazzística na peça claramente propositada. Em alguns pontos
a junção com piano não foi imediata dando-se alguns desfasamentos. Então trabalhei
esses pontos de uma forma mais intensiva e pormenorizada e a um tempo bastante mais
lento até encaixar ritmicamente e não haver dúvidas.

Fig.12-Exemplo de uma dificuldade em termos de junção com o piano

No próximo exemplo, apresento uma das passagens difíceis nesta 3ª parte devido
aos intervalos difíceis e alternância de registos em conjugação com articulações e
dinâmicas. Também nesta passagem fui obrigado a trabalhar de forma pormenorizada e
para me ajudar fiz estudos técnicos de intervalos do livro de “Arban´s Famous Method for
Trombone”

Fig.13-Exemplo de dificuldade no registo

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Por fim apresento aquela que considerei a sequência de passagens mais


complicada da obra do ponto de vista de execução. Primeiro aparece um “piu vivo” que
deve ser executado aproximadamente á velocidade de 120bpm, devido á velocidade
exigida optei por usar algumas posições auxiliares que estudei previamente com muito
detalhe e atenção para conseguir mais destreza e fluidez. De seguida, no “Moderato”
devido á alternância permanente de grandes intervalos na dinâmica “ f ”, torna-se bastante
difícil, executar a passagem com a qualidade pretendida, e por ser o fim da obra, tive de
me esforçar um pouco para não perder a energia necessária. O estudo diário constante foi
fundamental para conseguir interpretar bem New Orleans.

Fig.14-Exemplo de dificuldade técnica

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Conclusão
Em suma, este trabalho serviu de enriquecimento para desenvolver as minhas
capacidades como instrumentista, conhecer a escrita de Eugène Bozza, e principalmente
serviu para me ajudar a interpretar de uma forma mais elaborada a obra “New Orleans”.
Como tal, esta obra foi um bom desafio, pois no inicio tudo parecia difícil, mas com
o trabalho que eu e o meu professor desenvolvemos, tudo se tornou mais fácil. A utilização
do gravador como técnica de estudo ajudou também com que pudesse corrigir os meus
erros de forma mais rápida e eficaz.
Sinto que esta peça me obrigou a trabalhar e superar aspetos que considero
bastante difíceis, fazendo com que tenha evoluído tanto como instrumentista, como na
parte da minha cultura musical.
O sentido musical é, em todos os casos, mais uma construção do que uma tradução
ou uma reprodução; e a composição é em si própria, essencialmente, uma performance
intencional e imaginada. (Correia, J. 2007 p.67)

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Bibliografia
Arban, J. (1936) Arban's Famous Method for Trombone. Editor: Charles L. Randall e
Simone Mantia. Publicado por: Carl Fischer

Bozza, E. (1962). New Orleans: pour saxhorn basse si b ou tuba ut ou trombone basse et
piano. Paris: Alphonse Leduc.

Bordogni, M. (s.d.) 43 Bel Canto Studies For Tuba (or Bass Trombone). Robert King
Music.

Brodsky, S. (s.d.). Bozza, Eugènne.


Disponivel em: http://www.eugenebozza.com
Consultado a 01-02-2017

Correia, J. (2007). Um modelo teórico para a compreensão e o estudo da performance


musical”in Interpretação musical: Teoria e Praxis. Edições Calibri.

Griffiths, P. (1980). Bozza, Eugène. In S. Sadie (Ed.), The New Grove Dictionary of Music
and Musicians (p. 148). (v.3). Reino Unido: Macmillan Publishers Limited 1980.

Griffiths, P. (1980). Bozza, Eugène. Grove Music Online.


Disponível em:
http://www.oxfordmusiconline.com/subscriber/article/grove/music/03791?q=eugène+bozz
a&search=quick&pos=1&_start=1#firsthit
consultado a 25-10-2016

Grout, D. Palisca C. (1994) História da Música Ocidental. Gradiva.

Lussiez, H. (1934) Bozza, Eugène.


Disponivel em: http://www.musimem.com/prix-de-rome.html
Consultado a 20-01-2017

Michels, U. (2007). Atlas de Música II Do Barroco á Actualidade. Gradiva. p539

Pederson, T. (1971) Advanced Etude For Bass Trombone. Date Music Inc.

Reel, J. (s.d.) Bozza, Eugène.


Disponivel em: http://www.allmusic.com/artist/eugène-bozza-mn0001222305
Consultado a 13-02-2017

Ted, G. (s.d.) The history of the jazz. New York: Oxford University Press.
Disponível em: https://www.questia.com/library/80454647/the-history-of-jazz
consultado a 25-10-2016

Vernon, C. (1995) A “Singing” Aproach To The Trombone (and other brass). Atlanta Brass
Society Press.

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Anexos

Anexo A – Partitura da obra “New Orleans” para trombone baixo e piano de
Eugène Bozza:


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