EDUCACIONAL BRASILEIRA
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Selma Graciele Gomes
Abstract: The changes from the 1990s in Brazil were linked to the current
economic model which reproduced the policy option adopted by the
Brazilian elites. It was from the period of democratic opening, which was
the reconfiguration of the production model resulting in "State Reform".
Here, the neoprodutivista logic gives room for that education is likely to
criteria of the market with interests very well defined by the managers of
the capital. So intense is the basis of changes in educational structure
that results in the reorganization and redefinition of the role of the state,
which has profound consequences for the Brazilian education.
Key words: Neoprodutivista logic, State reform, education.
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Bacharel em Serviço Social. Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail:
selmaggomes@yahoo.com.br.
1 INTRODUÇÃO
Para se entender a atual política educacional que vigora no país faz-se necessário
entender o processo que levou as transformações ocorridas principalmente a partir da década
de 1990. Conforme Saviani (2007) foram as mudanças ocorridas a partir da década de 1970 em
alguns países centrais que reconfiguraram o liberalismo que, na superestrutura social busca a
refuncionalização da cultura produtivista. O autor elenca que as mudanças culturais vem
enaltecias pelo o que se designa de pós-moderno, momento que coincide com a revolução da
informática. Cabe ressaltar, que os critérios que orientavam a psicologia behaviorista se
refuncionalizam permanecendo, portanto, a idéia de que o ensino deve se dar por meio do
desempenho através das competências que cada um for capaz de desenvolver.
No que se refere aos aspectos econômicos-políticos o referido autor traz um breve
retrospecto dos eventos políticos-econômicos que marcaram a entrada para o neoliberalismo e,
por conseguinte, para as transformações no âmbito educacional. Segundo autor, o
neoliberalismo deve ser analisado através do Consenso de Washington, reunião promovida em
1989 por John Williamson em Washington que teve como pressuposto estabelecer uma gama
de orientações para os países latino-americanos sendo que “as reformas sugeridas eram
reclamadas pelos vários organismos internacionais e pelos intelectuais que atuavam nos
diversos institutos de economia”. (SAVIANI, 2007, pg. 425). Tais recomendações estiveram
embasadas pela retórica da ineficiência do Estado na intervenção social que se tornava
onerosa e, por conseguinte, trazia prejuízo aos cofres públicos.
Conseqüentemente, este novo pensamento hegemônico resultou numa veemente crítica
ao Estado regulador, crítica esta que pressuponha a defesa do Estado liberal. Destarte, a
reordenação que se engendrou levou ao desmonte das políticas sociais, a desregulamentação
dos mercados, a abertura à economia nacional e a privatização dos serviços públicos. Estas
transformações nortearam os rumos das políticas educacionais dos últimos anos. A partir daí se
entende o papel central dos organismos internacionais na legitimação das recomendações
postas pelo Consenso. O discurso mais utilizado para a garantia do consenso sobre os projetos
educacionais esteve envolto pela necessidade de garantir a educação como direito conforme foi
debatida pela Conferência Mundial de Educação Para Todos ocorrida na Tailândia em Jomtien
em 1990 e pela Cúpula Mundial de Educação Para Todos ocorrida em Senegal/Dacar em 2000.
Tendo como base o discurso do amplo acesso à educação tais eventos estabeleceram metas
para a educação básica incluindo educação de jovens e adultos, da questão de gênero e
dimensão da qualidade (SILVA; AZZI; BOCK, 2008) No caminho para implementação de uma
nova concepção de educação a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (UNESCO) é uma das principais instituições multilaterais responsável pela estratégia
“educação para todos”. Já o Banco Mundial tem um papel mais determinante, pois insiste na
priorização do ensino primário tendo nas metas do Milênio as diretrizes de orientação de suas
estratégias. As metas do milênio restringem a visão de educação priorizando apenas o ensino
primário.
Tais encontros denotam a sólida iniciativa destes organismos rumo à consolidação de
seu projeto internacional que orienta os rumos das políticas educacionais em cada país.
Conforme Silva, Azzi, Bock (2008) na América Latina entra em curso a Iniciativa Via Rápida
(IVR) que corresponde a um mecanismo de financiamento da cooperação internacional para a
área educacional liderado pelo Banco Mundial. Esta Iniciativa concentra-se na educação
primária tendo como pano de fundo a busca de resultados e massificação do acesso à
educação sem a corresponde qualidade do ensino. Nesta mesma direção, tal iniciativa guia-se
por critérios econômicos ao recomendar através do Banco Mundial uma série de reformas
educativas orientadas por bases econômicas. Tais orientações podem ser definidas conforme
Silva, Azzi, Bock (2008, pg.24) com base nas seguintes características:
Desta forma, a nova condição posta ao trabalhador já não depende da iniciativa estatal,
mas cabe ao indivíduo ser responsável pela sua preparação já que a ele cabe ser detentor do
mérito que o leve a se destacar. A educação passa a ser entendida como um investimento em
capital humano, não mais coletivo, mas individual. Esta teoria está associada às ideologias
dominantes de cada etapa do processo produtivo sendo, por isso, reflexo das relações de
dominação na fase do Estado de Bem Estar nos países centrais e de desenvolvimentismo em
alguns países periféricos. É por isso que na atual fase já não cabe ao Estado prioridade na
atenção às demandas educacionais, mas principalmente aos indivíduos que devem investir no
seu capital humano. Nesta linha de pensamento, Santos (2004), ao discutir a nova fase da
teoria do capital humano designada por autores como teoria do capital intelectual1 afirmam que
a nova fase ideológica desta teoria está subjacente ao processo de desmonte do Estado em
concomitância ao processo de dominação dos organismos internacionais na condução dos
projetos educacionais impostos aos países periféricos, pois “[...] na teoria do capital intelectual,
o capital autoproclama sua autoridade para definir, planejar e implementar políticas
educacionais”( SANTOS, 2004, pg. 10)
O que se percebe a partir das observações apresentadas é que a Teria do Capital
Intelectual aprofunda a exploração de classe. Para Saviani (2007, pg. 428) pode ser
caracterizada “pelo crescimento excludente, em lugar do desenvolvimento inclusivo que se
buscava atingir no período keynesiano”. Assim, é configurada a pedagogia da exclusão que
prepara pessoas para o processo produtivo lhe responsabilizando pelo seu sucesso ou
fracasso, pois por ter investido na sua formação pressupõe-se que este indivíduo é competente
para acessar o mercado de trabalho. Caso isso não aconteça, a responsabilidade é totalmente
sua por não ter aproveitado a oportunidade dada.
Tem-se na pedagogia da exclusão a amenização dos conflitos que tenderiam a se
acirrem com o desmonte das condições de sobrevivência, pois a ideologia que conforma as
pessoas tem forte frações liberais que conduzem os insucessos a incompetência pessoal. Por
isso, ao mesmo tempo que se inclui nos sistemas escolares os indivíduos esta formação os
prepara para serem futuros excluídos do mercado de trabalho, para ser mais sutil, conformados
com a situação de subemprego e desemprego que leva a extrema pobreza. Dessa forma, os
desmontes dos direitos trabalhistas advindos com o processo de reestruturação produtiva e
com o neoliberalismo são aceitos devido a tal base ideológica, fortemente disseminada pelas
redes educacionais, que cumprem o seu papel predominante na sociedade de classe, ou seja,
conformar trabalhadores para as novas demandas do capital.
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1
Por teoria do Capital Intelectual entende-se a nova terminologia dada à teoria do Capital Humano que ao
acompanhar a reestruturação produtiva e, com ela, as bases ideológicas é resignificada apresentando o
aprofundamento da expropriação do trabalhador. Ao contrário da alienação da força bruta atualmente se aliena
aquilo que pensávamos ter certa autonomia “o saber”. É como afirma SANTOS, (2004, pg.9) “A teoria do Capital
Humano e a Teoria do Capital Intelectual são, como faces da mesma moeda, ao mesmo tempo iguais e diferentes:
são iguais em sua lógica instrumental, nas relações de produção fundadas no antagonismo que lhes são subjacentes
e são diferentes porque a expropriação é mais violenta, pela alienação daquilo que, até então, era considerado
inalienável: o saber. A mudança de humano para intelectual denuncia esse processo de alienação: não é mais o
homem, o capital, mas sua parte ‘útil’, que pode ser expropriada.”
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS
SANTOS, Aparecida de Fátima Tiradentes dos. Teoria do Capital intelectual e teoria do capital
humano: estado, capital e trabalho na política educacional em dois momentos do processo de
acumulação. FIOCRUCRUZ (ESJV) 2004 Disponível em: http://www.anped.org.br Acesso em:
11 de janeiro de 2009 as 15 hs.
SILVA, Camilla C; AZZI, Diego; BOCK, Renato. Banco Mundial em foco: sua atuação na
educação brasileira e na dos países que integram a Iniciativa Via Rápida na América Latina. In:
HADDAD, Sérgio (org.). Banco Mundial, OMC e FMI: o impacto nas políticas educacionais.
São Paulo: Cortez, 2008, p.89-143.