o PAPEL DA ALQUIMIA
EM DANTE ALIGHIERI
I. li. Franco Júnior. "A Trindadc do Mal c a DClIlonizaç-lo Social cm o-..ntc Alighieri", IIL<lória, 4,
1985. rI'. 71·78.
2. C. Crisciani c C. Gagnon, A/cbimie el pbilosopbieau MOJ"nAge: I'erspeclives el probli!mes,Montrcal,
Univcrs, 1980, rp. 24 c 72; j.·C. Margolin c S. Matton (dir.), AlcbimieelpbilosopbieàlaRenaissance,
Paris, Urin, 1993.
� poca. A falsitkaç:to de meta is era ohjeto de preocupaçüo dos pr6 prios alquimis
tas·i. Juristas cOllm Oldm do da Ponte 0270-133'» interessavam-se pela alquimb
enquanto expn:ssào do fenômeno sociocultural da integra çã o entre filosofia
e med i c ina . considera ndo a lgu m"is de suas p r.íticas legai s e;: outms não1. O Pa
pa João XXI!, adepto das i d�ias al qu imistas , condenou em 1317 a prática delas.
temeroso de que pudessem le v ar �I fals if i caç.i o d a moeda ; .
Dante coloca aqueles indivíduos, com lepl".1, ao lado de outros falsifica
dores. os de identidade punid os com loucura, os de moedas com h id r opisia,
os de palavras com febre ardente". Tamb�m Tomás de Aquino não condena
va a prática alquímica, mas a falsificação de metal precios o . 1'''1".1 ele, "se a
alquimia fizer ouro verdadeir o não será ilícito vendê-lo como tal, pois nada
impede a arte de usar de celtas causas naturais para produzir efeitos naturais
e v erd ade ir o s " 7 .. Um dos mais pop u lares textos d o s�cul() XIII. Le ROlnO/I dI!
la Rose, t r.t d uz ido para () italiano por um celto OUl"dnte Fiorentino, possiv el
mente () prcíprio poeta , tamb�m.J.Iceitava a transmutação de outra ma t �ri a em
ouro, mas le mb ra va que só teria m sucesso nessa ta re f a "os que, de fato, são
mestres em alquimia/[ .. .! a es te resultado não saberiam chegar/os que se ocu
p a m apenas de falsa dência"6. Por te�e dedicado a esta � que Capocchio d e
Siena, colega de estudo de Dante, condenado e q uei mado vivo em 1293. toi
c h amado por ele de-"hom i mi tad or da natureza"').
O verdadeiro alquimist a não pre te nd ia realizar essa mera imitação, e sim
reordenar a nat ureza. Oaí o contemp orâneo Armlldo de VilIanova (I 240-1313)
afirm ar que "esta ciência não � out ra coisa que a perfe ita ins p iração de Deus"W.
Nascido no mesmo ano, o poeta Jean de Meun concordava com ele: Alqui m ia •
3. C. Cri.<ci,mi. "I... Quacsrio de Alchimia f..d J)lI�'..:enro e T�-c�....ro", M"dieJ(!'''. 2, 1976, rr. 119-168.
,. 1'. Millliorino, "Alchilllia l.ccita e IIk-cira ncl Trccenr,,", Qm.dern; M<'tIic!/J<.Ii, lI, 19111, rr. 6-41.
5. I.. '111orndikc. A Ili,"ol')' (11�/tI,�ic 1I,,,II�\1K!rilllc!"'lll �Çc;;(!ncc:. Nc.."\v York, Columhia Uni\rcrsity I'rcs.....
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9. COII/II/('Clitl. Inferno XXIX, 139.
lO, Citado por S. Ilutin. l.lI l-'1e l/lIoli(/icnllc dc...· 1I1cbimis'es tllI Jloyen A.r:(", Pa ri s , Ilachcttc. 1977, p.
111. N:l0 é impnn-á\'cI que I);mtc tenha co nhec id o a Ohr..l ou mesmo :1 pessoa de Arn..ddo, nu:-di
co, tc61()�o e êllquimist:l que viveu n�l C�ltalunlm. em Paris. Monrpcllicr. rlorcn<;êl. 1\olonh:'l. N:1poh:s
c Palcrmo: Dr. Irotlcr. l\'otll,l(.Jf(1 hiogrtljJbie 1I11i1:C,/'S(,/I(!, Paris, Didor, lH'52. \·01. 1 1 1. col. 279-2H1.
11. I.d J(Oll1tlll de Illllo.,'\('. v\'. 16051-160'56, \'01. IV, p. 1'i0.
2.1.1
menos �dicam "um parentesco conceptual entre seu pensamento e certas pers
pectivas alquímicas"ll. De fato, distinguindo entre magia natu....d e magia peca
minosa, ele defendia a desco\)ert<t de vÍl1udes ocultas nos elementos, tendo
realizado pam isso diversos experimentos u. Postura endossada por Dante, que
faz Ue-"triz dizer que a experiênc ia "é na terra a nu t riz da melhor arte"11.
Não somente Dante com certeza ti ve ....t conta w com aquelas idé ias , como
algull.'; indícios nos sus.:erem certo donúnio desse saber por parte dele. No que
diz respeito à obten�"ào daqueles conhec i m ent o s, deve-se lembrar que a
alquinúa foi introd uz id a no Oci dente por influência árahel;, cultura com a
qual o florentino tinha contato e que estava presente em sua obral6• Se a
alquimia cristã for compreendida como uma forma de aristotelismo heterodo
xo saído das t..."duções latinas do século XUl7, fica reforçada a idéia do aces
so de Dante a ela: ele que conside....lva Aristóteles o "mestre do pensamen
tO"18 e a quem con hecia através daquelas tmduções por não saber gres.:o.
O peso ·disso fica evidencia do quando lembramos que no conjunto de
s ua ohm, Alighieri fez mais de duas centenas e meia de cit<tções dos clássi
cos, sendo quase metade delas do Estagirita. Acrescente-se a isso que quan
do, em 1295, forçado pela situa\.;ào política, precisou fil iar- se a alguma das
muit�'i corpo ..."ções profissionais de Florença, Dante o fez na dos médicos e
farntacêuticos, opção estranha par.. um Iite ...dto e filósofo, porém compreensí
vel par" alguém interessado pela alquimia. De acordo, aliás, com o crescente
interesse que aquele <.-amp<) do conhecimento então despertava e que fez com
que no século XIV o número de oh.....s alquímicas se multipli<..-asseI9.
Quanto à elabo..."�"ào daquele conhecimento, é importante observar que
alquimia e filosofia não se opunham, como muitas vezes se dL'ise - pelo con
trário, se' complementavam. Não somente os alquimistas e.....m chamados de
filósofos20 - e buscavam por iSliO a pedra"filosofal" - como a sua arte era
"a tentativa de ju�ç ã o entre o discl;;so ·éientífjç���·Z)-;i lbólico"21. � O alqui�lista
re apresentava entre o sábio e o ignor"nte, ent re() s pr()êe(Jimentos espirituais
e os ntateriais, pretendendo atuar como uma ponte que os aproxin'iasse. A
alquimia impli<..-ava um processo cognitivo em dois planos. um ..."cional e expe-
29. M. L. Von Franz. Alquimia: Introdução ao Simbolismo e ti l�sic{)ln.qitl, ( [fad.), São I'aulo, Cultrix,
1985, p. 213.
30. Ide"" p. 216.
31. Commedia, Paraíso XXXI, 85.
32. Darue Alighicri. Vila Ntwva. li, 3. ceI. M. lIarui, lincic/opedia DanlesCll. A/lpendice. p. 623.
33. Commedia. Purgatório XXX , 130-132.
31. Idem, XXX, 115-117.
35. Ide"" lnk'fno VI, 68 el l_Sim.
36. Idem, I'urgatório XXX. 109-111.
37. Idem, raraíso XXII, 112-114.
38. Idem, VII, 141.
_ / Obra deve ser começada por volta do equinócio da primav�ra.1'), a viagem de
i Dante pelo O utro Mundo ocorre em abril de 1300, exatamente naquele momen
Lto, ou pelo menos próximo a eleiU•
Em suma, ou tendo sido um alquimista (hipótese não descartável) ou
apenas tendo tido certo contato c.:om aquele tipo de conhecimento - o que
seria coerente com o encidopedismo da época - a verdade é que Dante
encontrou na alquim ia mais um elemento para a construl.'ào de seu sonho de
uma sociedade perfeita1 1 • Sabemos que a Ars Magna buscava mudança s na
natureza e.'ipiritual do homem a (Ydltir de alteraçües na composil.'ào química
das coisas, não estando portanto a.'isociada à feitiçaria12. Por L'isO mesmo, da
era a ciência ou a arte da imortalidade, pretendendo possibilitar o reencon
tro do estado anterior. à Q ueda4.i . É interessante que as duas etimologias admiti
das para alquimia estejam ligadas a essa idéia : a palavra viria de Kemia, for
mada do egípcio Kem, " terra ne�,'ra", que era um dos nomes do Egito, ou do
chinês Kiam-oik, suco de ouro", um dos nomes do elixir da imortalid ade
"
vt:ntrt: de cobrt:, o restante dt: ferro, menos o p� d ireito , feito de argila. ·Em
cada uma de:: suas partes, mt:nos a cabeça. há u ma fenda de ond e saem lágri
mas que fonuam os rios do Inferno t: o lago Cocito19.
. l'assagem rica de simbolismo, e difícil de interpretar. Os comentadores
de-Dante quase sempre .se reft:rt:m à figura do velho como sendo análoga à
da estátua descrita pelo livro bíblico de Daniel, a qual alegorizava os vários
impérios do mundo;u. Mais qut: isso, por�m, deve-se in!listir em que Virgt1io
falava num "mundo casto";I, no qual estava "morta toda malícia", co mo o pró
prio Dante lembr.tria mais adiante52. Erd ali, dentro da montanha, portanto no
seio da Mãe-TerrA, que se encontrd v a o "gr.mde velho";·i, apesar de a ilha estar
"agord deserta como coL�a inútil";1. Imagem, portanto, de um mundo puro
que já não existi a na épO<.'a de Dante, tanto que se achava desabitado. Ou
melhor, nele pemtanec..ia apenas o v e l ho frágil com todo seu peso apoiado
,
num pé de argila.
Ademais, o Grande Velho dantesco apresentava as cores típicas do proces
so alquímico, porém na ordem inversa, expressão da decadênc..ia humana:
dourddo, brdnco, vermelho, preto. Contudo suas partes nobres, sedes do espíri
to e da alma, a cabeça e o peito, ainda er.tm de metais preciosos. Mais impor
tante, o pé de argila sublinhava a ambigüidade do ser humano, pois argila é
ser várias vezes problemático partO o historiador por sua tendência a·hi.óriCl, ao menos sobre a
alquimia ele -pode ser um cxccl'c nrc instnnt'cmo de cxcg(.�.sc". S«.."gUndo R. 11.illlclIx, l.es Texles
,,'cbimique-', TlIrnhollf, IIr erals . 1979, [l. ;5.
49. Co",media, Inferno XIV, 91-12U.
50. Dn 2, 31-15.
51. Cammedia, Inferno XIV, 96.
52. Idem, l'ardiso XXI, 27.
53. Idem, Inferno XIV, 103.
51. Idem, Inferno XIV, 99.
adamab, ou seja, ao Illt:SIllO tt:11lpO "solo" t: ·vermdho". Enquanto solo relem
bra a fragilidade huma n a, já qut: "és pó e ao pó tornarás"s;;, mas enquanto
vermdho r egis tr", a possibil idad e de se recuperar o mundo perdido , pois rube
do é a fas<:: da união com a própria alma, é a regener"'ção. Tudo isso não lem
brava o Adã o alto e belo de antes da QuedaS/J ? O Adão andr6gino como o
mít i co Hermafrodito criado no próprio mome Ida;]?
Dessa forma o vdho colocado no centro da il ha de Creta - a monta
nha é sempre um axis mundi5tJ - corre spondia pela lógic.t simbólica à árvore
plantada no centro do Paraíso. Se 1embr"'ffilos que esta é ao mesmo te m po
Adão t: Cristoi'J, que Saturno é alq uimi camente o primlls anlbroposoo e que
Cristo é o "último Adão"61, a figur", do gran veglio ganha todo o s eu sentido.
Ele é o Adão primordial. É por isso que de suas diversas partes, menos do
ouro incorruptível, saem lágrimas formadordS do s rios infernais, o Aqueronte
("sem alegria"), o Estige ("tri steza"), o FlegelOnte ("ardente") e o Cocito("pr",n
to"). Tf""'tava-se, pois, de uma quaternidade inversa à do Paraíso, também cons
tituída por quatro rios61.
É tal vez em r",zão d i s so que o velho se colocava de costas para Damieta,
L<;to é, pa r", o Orientt:, onde a geografia illlaginária medi eva l localizava o l'af"4!:
"
so. C�n.'ieqüentemente, ele o íhãvãpa
r", Roma como par", "seu De espe�
forma sig nificativa, apenas nesse momento da narrativa é que o poeta descreve
o velho e, atl"",vés dessa imagem da degradação humana refletida em Roma,
Dan te insistia na crítica à Ib'Teja, que ele consider",va prostituída61. Episódio
paf".llelo àquele no qual, envergonhado dos erros passados , o próprio Dante
vê seu reflexo nas águas do rio Letes, um pouco antes de entrar no Paraís065.
Aliás, foi naquele momento qu e ele reencontrou B ea triz , não por acaso ves
tida de. ve r melho66. Podemos então, finalmente, entrever as intenções do poe -
55. Gn 3,19.
56. 11. Grdves e 11. I'ala i , 1.0.' Mitos ll<-breo.<, (t r d d. ), Madrid, Alian7.a, 1986, pp. 56-57; 11. I'ranro Júnior,
As UlopiaSMedieuai.<, S. Paulo, Ilrdsiliense, 1992, pp. 125-128.
57. Segundo o milo grego, I k'l"mafrodilo, fil h o de Ilermes e Afrodile , teria sido criado nas florestas de
Ida, na Frigia, cf. I'. Grimal, Oiclionntlire de "(l1bologie grecque el ronraine, ""ris, I'UF, 1990, p.
206. Conludo o rd(llo de Ganim<.'<ic por Zcus, mito lemhrado por D-dntC (Purg-dlório IX, 22-24), erd
localizado ora em (da da frígia, ora em Ida de ereta (Grimal, (l. 164). Como Ganimedes era o "mais
belo dos monais" c ganhava traços and róg in os na sua relaç'lo com Zcus, ele erd comparável ao
Adão pa .....disíaco. de forma que a idcntifk"ação mítica Hcrmafrodito/Ganimedcs/ Adão e sua asso
ciação com a ilha de Cret3 pa recia m dados naml"'''is a Dante Alighieri.
58. M. liliade, TraJado de /listória da.• Re/(qiiie.<, (lr�d.l, l.isOOa, Cosmos, 1977, pp. 444 ..448.
59. Ou",..I, o/,. cit., pr. 250-251.
60. Jung, Aion, p. 188.
6 1. 1 Cor 15, H.
62. Gn 2, 10-14.
63. Commedia, I nferno XIV, 105.
64. Idem, Purgalório XXXII, 149.
65. Idem, XXX, 76-78.
66. Idem, XXX, 33.
ta. Ele � o Grande Velho, que � Cristo, que � Adão. Nele próprio, Dame, () exi
lado, resume-se a história do Homem, exilado em busca do PardÍS<> perdido.
O tema ressurge quando o poeta lembrd os versos de Virgílio na IV Éclo
ga, que ele reescreve assim: MO s�culo se renova/ volta a justiça e os primeiros
tempos do homem/e uma nova raça desce do c�u"67. Portanto, essa "nova
raÇ"d" erd na verdade a dos "primeiros tempos do homem", ou seja, a do ser
humano enquanto andrógino. De fdto, partindo da tradição judaica, a androginia
mantinha-se presente no cristianismo: "Não há homem nem mulher, pOͧ toilils
v.Q��is um s6 em Crjsto"68. �a ve�� essa concepção erd muito antiga e
-difu(ldida, erd parte integrante das _t:-�tlm!l!_-º!�i.s ��<lica..�! �.i_ a���
as próprias &i'-Úidãdeseram geralmente andróginas. A pre�!.1�<! ���asigi.lli �
ti atestaõáenÚfiversas socieOãdes·p�:maustriaisí'9, inClusive a cristã medievaFIl.
Ord, a reintegração dos opostos, a conjunclio oppositornmerd exatamente
a pedrd filosofai, chamada de "andrógina herm�tica"71. Ou iuelhor, conforme
afirmaria mais tard e Nicolau de Cusa 0401-1464), a coincidentia oppositorum
� a defini�'ào menos imperfeita de Deus72. Assim, tudo indica que, apesar de
rejeitada pela Igreja na sua formulação original, � coocepç=do andrógina do
homem primordial continuava viva na pSicolOgia coletiva medieval. Pard ela, a
iécuperdção do Paraíso e a da andêõginia andavam juntas. Essa crença erd ali:
mentada pelos textos bíblicos apócrifos, que gozavam de imenso prestígio. O
Evangelho de Tomás, por exemplo, afirmava que "só entrdreis no Ueino (",1
quando fizerdes do masculino e do fmunino um único ser, quando o masculino
nào for mais um homem, quando o fenUnino não for mais uma mulher"7:I. O
Evangelho de Filipe considerdva a separação dos sexos o inicio da morte74.
N��ua. p�cti�a fortemente e5C4l��.t.&9!.l.).?-ª-n e..Y.il!.a.recuperação da
androginia primordial como condição básica pard vo�ar .ª-i!!$.�ç'!�tos pJ;Í.1!1l:!iros
tempos. Acreãttava-se qu-e-Kdao ttribã sido untá-totalidade,. daí seu. nome,
segundo uni.apócrifo do Antigo...J'�S�.lQ,_t�LiidQ_for�d�· las-kt�ãs irti �
dais dos nomes de quatro estrelas vistas por anjos nos quatro cantos do
mund075. Logo, trdtava-se do simbolismo universal do número uatro como
plenitude, como glohalidade7 . Mas, como fora a sin1ilitude do �ome�.
a DiVindade que gerar-d a revolta de Lúcifetn:" a separ-dÇ"do dos sexos por parte
.�.�--_.-
711. Gn I, Z7.
79. COtlltled
l ia, I'ardíso xv, 97 e ss.
80. Idem, XXX, 131-132.
81. Cr. )'li.dc, MejL<lcífelos, [l. 131.
tl2. Co"""editl, Inferno I. \O()-IOl; l'urgat6rio xxxiii. 41.
113. 7.olla, o/,. cil.• 1'1'. 711·81, M. liliade. Fl!fT(!iro.<�Alqlli",i.<IlI.<. ttmd.l. l!in dejanciro. Z"har. 1979.
1'1'.29-3;.
81. l.e 1I0man de Itlllo.",. w. 16059-16061 e 16061-16065. \'01. IV, p. 111.
8;. Vila Adal!. 28. p. 136.
86. eo",media, I'ar.. íso XXVI, 116.
117.Gn 3, 7.
88. Gn 3. 3.
com que Deus ameaçam () homem caso tocasse no fruro proihido. Contudo
a própria Árvore do Conhecimento aprovara a opção do homem pela sabedo
ria, ao invés de pda imOllalidade"'). Logo, esta s6 poder ia ser alcançada pela
renúncia da consciência, refundindo-se a s p,utes do homem ;;; p aradas pelo
pel.....do. Quer dizer, desde que ele volte os olhos par.! Deus, que Adão define
par.! Dante como o "espelho verdadeiro/que reflete 5emelhantementt: a si as
outrds coisas/mas que em coisa alguma pode ser refletido"'JO.
era da obra do pseudo D i oniso Areopagita com sua teoria da luz em grddações,
levou ntais tarde, na primei rd metade do século XIII, às expe riê ncias óticas
realizadas por Roberto Grosseteste pard comprovar aquela idéia. A partir de
tais estudos, aquele frdnciscano i ngl ês atribuiu à luz u ma propriedade de
difusão múltipla e coexistente, bem como uma atividade criadord. Adotando
um a vi.<;ào neoplatônica da Divindade, ele afinnavà que todas as m udançds
ocorridas no Universo partiriam de movimentos da lu z, forma corpórea f n u
damentalwl, Tal concepção científica e teológica expressa va a visão de m u ndo
do sé cu lo XIII, na qual também a estética "se desenvolve n u m clima particu
lar, o de uma mística da I UZ"I O;.
Partícipe dessa mística, Dante define a Divindade como "luz eterna que
é fonte de si mesnta " l 06 e que, pela teoria ne?platônica da propagação e da
difusão, "move o sol e as outrds estrelas" H17. Tudo é reflexo da idéia divina,
"luz viva" que sem se desu nir, como num jogo de espelhos, atinge todos os
elementos, lltaS a cada grdu com menor intensidadelOll• A nat ureza huntana