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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Obs.: Com julgados anteriores ao CPC/2015

Atualizado em 08/04/2019: novos julgados + questões de concurso

Pontos atualizados: nº 25 (Info 921); nº 02 (Info 929); nº 21 (Info 934)

1. PRINCÍPIOS
1.1. Necessidade de prévio requerimento administrativo – (Info 756)

O STF decidiu que, em regra, o segurado/dependente somente pode propor a ação


pleiteando a concessão do benefício previdenciário se anteriormente formulou
requerimento administrativo junto ao INSS e este foi negado.
Para que proponha a ação pleiteando a concessão do benefício previdenciário, é preciso
que, antes, tenha ocorrido uma das três situações abaixo:
1) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado pelo INSS
(total ou parcialmente);
2) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu uma
decisão em um prazo máximo de 45 dias;
3) O interessado não requereu administrativamente o benefício, mas é notório que, sobre
esse tema, o INSS tem posição contrária ao pedido feito pelo segurado.
STF. Plenário. RE 631240/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 27/8/14 (repercussão geral) (Info
756).
STJ. 1ª Seção. REsp 1369834-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 24/9/14 (recurso repetitivo)
(Info 553).

2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
2.1. Não é possível o fracionamento da execução dos honorários advocatícios decorrentes
de uma única ação proposta contra a Fazenda Pública por vários litisconsortes ativos
facultativos – (Info 929) – IMPORTANTE!!!

Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio ativo


facultativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o regime do
precatório.
A quantia devida a título de honorários advocatícios é uma só, fixada de forma global, pois
se trata de um único processo, e, portanto, consiste em título a ser executado de forma una
e indivisível.
STF. Plenário. RE 919269 ED-EDv/RS, ARE 930251 AgR-ED-EDv/RS, ARE 797499 AgR-
EDv/RS, RE 919793 AgR-ED-EDv/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 7/2/19 (Info 929).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo,
propuseram uma ação ordinária contra determinada autarquia estadual. Desse modo, 30
pessoas que poderiam litigar individualmente contra a ré, decidiram se unir e contratar um só
advogado para propor a ação conjuntamente. A ação foi julgada procedente, condenando a
entidade a pagar “XX” reais ao grupo de 30 pessoas. Na mesma sentença, a autarquia foi
condenada a pagar R$ 600 mil de honorários advocatícios sucumbenciais ao advogado dos
autores que trabalhou no processo.

O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que executar
o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a fração que cabia a
cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele poderá ingressar com 30 execuções
cobrando R$ 20 mil em cada)? Antes de responder, é necessário fazer uma nova pergunta: por
que motivo o advogado teria interesse de fracionar as execuções? Para receber por meio de
requisição de pequeno valor (RPV) e não por precatório. O recebimento por RPV é muito mais
célere que por precatório. Se fosse permitido que o advogado ingressasse com 30 execuções
cobrando R$ 20 mil em cada isso seria mais vantajoso para ele já que receberia 30 RPVs de R$
20 mil. Por outro lado, se o advogado for obrigado a cobrar o valor total, terá que entrar na fila
dos precatórios (art. 100, caput, da CF/88), o que, na prática, significa anos para receber.

Esse tema era polêmico no STF, mas agora pacificou. E, então, o advogado pode fracionar a
execução? NÃO. Ele não poderá fracionar as execuções. Terá que executar o valor total. É o
que foi decidido no Info 929 do STF. O STF afirmou que deve ser proibido o fracionamento
porque a verba honorária pertence a um mesmo titular. Logo, seu pagamento de forma
fracionada, por requisição de pequeno valor (RPV), seria uma burla ao art. 100, § 8º, da CF/88:
Art. 100 (...)
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de
valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da
execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º
deste artigo.

A existência de litisconsórcio facultativo não pode ser utilizada para justificar a


legitimidade do fracionamento da execução dos honorários advocatícios sucumbenciais se
a condenação à verba honorária no título executivo for global, ou seja, se buscar remunerar
o trabalho em conjunto prestado aos litisconsortes. O fato de o valor da condenação previsto
no título executivo judicial (sentença) abranger, na realidade, diversos créditos, de titularidade
de diferentes litisconsortes, não tem o condão de transformar a verba honorária em múltiplos
créditos devidos a um mesmo advogado, de modo a justificar sua execução de forma
fracionada.

O argumento de que o litisconsórcio facultativo simples representa, na verdade, várias causas


cumuladas não pode ser utilizado para justificar a legitimidade do fracionamento da execução
dos honorários advocatícios sucumbenciais se a condenação à verba honorária, no título
executivo, tiver sido global, ou seja, tiver buscado remunerar o trabalho conjunto prestado pelo
causídico aos litisconsortes.

2.2. Fixação de honorários recursais mesmo quando não há a apresentação de contrarrazões


ou contraminuta – (Info 865)

É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/15, mesmo
quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado.
STF. Plenário. AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, j.
18/5/2017 (Info 865).
OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em honorários
advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM. Agora, com o NCPC, em
regra, existe condenação em honorários advocatícios para a parte que interpôs recurso, mas
sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art. 85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando,
conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo
geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz condenou
João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não se conformou e
interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e aumentado a condenação
em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.

Essa nova previsão tem dois objetivos principais:


1º) Remunerar o trabalho do advogado que terá que atuar também na fase de
recurso;
2º) Desestimular a interposição de recursos, considerando que, agora, se eles
forem improvidos, o recorrente terá que pagar honorários advocatícios, o que não
existia antes.

Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do NCPC tem dupla funcionalidade, devendo atender à justa
remuneração do patrono pelo trabalho adicional na fase recursal e inibir recursos
provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...) STJ. 3ª Turma. AgInt
no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 23/6/16.

Se a parte recorrida não apresentar contrarrazões ao recurso, mesmo assim a parte recorrente
que perdeu terá que pagar honorários advocatícios recursais? Ex: João recorreu contra a
sentença; Pedro foi intimado, mas não apresentou contrarrazões ao recurso; João terá que
pagar honorários recursais mesmo não tendo havido contrarrazões? SIM. A ausência de
resposta ao recurso pela parte contrária não tem o condão de afastar a aplicação do disposto
no art. 85, §11, do CPC, eis que a medida tem o claro intuito de desestimular a interposição de
recursos procrastinatórios que serão desprovidos, independentemente da apresentação de
contrarrazões.

2.3. Não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não preveja
condenação em honorários – (Info 831) – IMPORTANTE!!!

Não cabe a fixação de honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/15) em caso de recurso
interposto no curso de processo cujo rito exclua a possibilidade de condenação em
honorários. Em outras palavras, não é possível fixar honorários recursais quando o processo
originário não preveja condenação em honorários.
Assim, suponha que foi proposta uma ação que não admite fixação de honorários
advocatícios. Imagine que uma das partes, no bojo deste processo, interponha recurso
extraordinário. O STF, ao julgar este RE, não fixará honorários recursais, considerando que
o rito aplicável ao processo originário não comporta condenação em honorários
advocatícios.
Como exemplo desta situação, podemos citar o mandado de segurança, que não admite
condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei 12.016/09, súmula 105-STJ e súmula
512-STF). Logo, se for interposto um recurso ordinário constitucional ou um recurso
extraordinário neste processo, o Tribunal não fixará honorários recursais.
Assim, pode-se dizer que o art. 25 da Lei 12.016/09, que veda a condenação em honorários
advocatícios "no processo mandamental", afasta a incidência do regime do art. 85, § 11, do
CPC/2015.
STJ. 2ª Turma. RMS 52.024-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 6/10/16 (Info 592).
STF. 1ª Turma. ARE 948578 AgR/RS, ARE 951589 AgR/PR e ARE 952384 AgR/MS, Rel. Min.
Marco Aurélio, j. 21/6/16 (Info 831).

2.4. Honorários advocatícios constituem-se em verba de natureza alimentar – (Info 787)

Súmula vinculante 47-STF: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou


destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza
alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno
valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza.
STF. Plenário. Aprovada em 27/05/2015, DJe 01/06/2015.

3. COMPETÊNCIA
3.1. Competência da Justiça comum para julgar incidência de contribuição previdenciária
relacionada com complementação de proventos – (Info 903)
Compete à justiça comum (e não à Justiça do Trabalho) o julgamento de conflito de
interesses a envolver a incidência de contribuição previdenciária, considerada a
complementação de proventos.
Caso concreto: Estado-membro editou lei instituindo contribuição previdenciária de 11%
sobre o valor da complementação da aposentadoria dos ex-empregados de uma sociedade
de economia mista. Os ex-empregados prejudicados ingressaram com ações questionando
essa cobrança. O STF afirmou que a discussão em tela tem natureza tributária, o que atrai a
competência da Justiça comum, uma vez que no caso não se discutem verbas de natureza
trabalhista, mas a incidência de contribuição social (espécie de tributo).
STF. Plenário. RE 594435/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 24/5/2018 (Info 903).
OBS:
Imagine a seguinte situação: João foi admitido como empregado da Fepasa, uma antiga
sociedade de economia mista integrante do Governo de São Paulo. Por força do contrato de
trabalho, os empregados dessa empresa estatal tinham direito à aposentadoria suplementar ao
valor pago pelo INSS no momento em que o trabalhador viesse a se aposentar. Segundo o
contrato, esta complementação seria feita por meio de plano de previdência privada fechado,
administrado por uma Fundação (entidade de previdência privada) ligada à empresa.

 Atenção: “complementação de proventos” ou “complementação de aposentadoria”


é a quantia paga pela entidade de previdência privada como aposentadoria à pessoa
que participa da previdência complementar.

Nova contribuição previdenciária sobre a complementação de proventos: João se aposentou e


estava recebendo normalmente a sua aposentadoria complementar. Ocorre que, em 2003, o
Estado de São Paulo editou uma lei complementar instituindo a contribuição para o custeio
do regime previdenciário local, com base na alteração trazida na Constituição Federal pela EC
41/03. Com isso, a administração paulista passou a descontar 11% do valor da
complementação da aposentadoria dos ex-empregados da Fepasa, os quais, por sua vez,
questionaram a cobrança na Justiça do Trabalho. Na reclamação trabalhista, João e os demais
ex-funcionários pediam a não incidência da contribuição social.

Surgiram, no entanto, questionamentos a respeito dessa competência. A competência para


julgar esta causa é realmente da Justiça do Trabalho? NÃO. É o que foi decidido no Info 903
do STF. A discussão em tela tem natureza tributária, o que atrai a competência da Justiça
comum, uma vez que no caso não se discutem verbas de natureza trabalhista, mas a
incidência de contribuição social (espécie de tributo). Dessa forma, tais ações discutem se é
válido ou não o poder do Estado de tributar a complementação de aposentadoria. João e os
demais antigos empregados da sociedade de economia mista passaram a receber menos
proventos, no entanto, isso não foi por conta do contrato de trabalho, mas sim pela incidência
do tributo, cabendo, portanto, à justiça comum estadual a solução do conflito.

3.2. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como
celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário – (Info
885) – TEMA POLÊMICO!

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da
Constituição de 1988 sem prestar concurso.
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/9/16 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da


Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso
público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza
trabalhista.
STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão geral).
Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem
remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico
único.
Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário,
compete à Justiça comum processar e julgar a causa.
É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao
tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da
controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período
celetista.
STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen
Lúcia, j. 22/9/16 (Info 840).
STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,
j. 21/11/17 (Info 885).

3.3. Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo que tenha
julgado a lide que originou o cumprimento de sentença – (Info 862) – IMPORTANTE!!!

Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual de sentenças


genéricas de perfil coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal
atribuição cabe aos órgãos judiciários competentes de primeira instância.
STF. 2ª Turma. PET 6076 QO /DF, rel. Min. Dias Toffoli, j. 25/4/17 (Info 862).

OBS: Não se deve conferir uma interpretação literal para o art. 102, I, “m”, da CF/88.

Para que o STF seja competente para fazer a execução de seus acórdãos proferidos em
julgamentos originários, é indispensável que a “razão” que atraiu a competência para o STF
continue existindo. No caso, tratava-se de cumprimento de sentença proferido nos autos de
mandado de segurança coletivo proposto em face de ato do Tribunal de Contas da União. A
atração da competência do STF se deu em razão do órgão envolvido na celeuma (TCU), com
amparo na alínea “d”, do art. 102, I. A ação, portanto, foi julgada originariamente em razão da
autoridade coatora ser o TCU. Esse foi o motivo da atração da competência originária do STF:
tratou-se de ação mandamental em face do TCU. A execução, todavia, não contará com a
participação nem exigirá qualquer atuação por parte da Corte de Contas.

E quem que será, então, competente para julgar esta execução? O juízo de 1ª instância. No caso
concreto, a Justiça Federal comum de 1ª instância considerando que se trata de cumprimento
de sentença que tem como executada a União (art. 109, I, da CF/88).

Sobre o tema, vale ressaltar que o STJ já reconheceu que o beneficiário individuai da sentença
coletiva pode, inclusive, executar a sentença no juízo de seu domicílio:
A liquidação e a execução individual de sentença genérica proferida em ação civil
coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os
efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas
aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para
tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais
postos em juízo. STJ. Corte Especial. REsp 1243887/PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 19/10/2011.

3.4. STF não é competente para julgar ação proposta por juiz federal pleiteando licença-
prêmio – (Info 855)

O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da magistratura
sejam direta ou indiretamente interessados é de competência originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF se a
matéria discutida, além de ser do interesse de todos os membros da magistratura, for
também do interesse de outras carreiras de servidores públicos.
Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a matéria
discutida deverá interessar a todos os membros da magistratura e não apenas a parte dela.
Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é competente para julgar
originariamente ação intentada por juiz federal postulando a percepção de licença-prêmio
com fundamento na simetria existente entre a magistratura e o Ministério Público.
STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
j. 21/2/17 (Info 855).

3.5. Competência para julgar ação ordinária contra o CNJ e mitigação da interpretação
restritiva do art. 102, I, “r”, da CF/88 – (Info 851)

De quem é a competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP:


• Ações ordinárias: Juiz federal (1ª instância)
• Ações tipicamente constitucionais (MS, MI, HC e HD): STF.

No entanto, houve um caso concreto no qual o STF conheceu e julgou uma ação ordinária
proposta por sindicato de servidores públicos contra uma decisão do CNJ. Foram invocados
dois argumentos para fixar a competência no STF:
1) O caso concreto discutia os poderes do CNJ para afastar lei inconstitucional. Se o STF
não julgasse a causa, isso significaria conferir à Justiça Federal de 1ª instância a
possibilidade de definir os poderes atribuídos ao CNJ para o cumprimento de sua missão,
subvertendo, assim, a relação hierárquica constitucionalmente estabelecida.
2) Além da ação ordinária proposta pelo Sindicato, diversos servidores impetraram
mandados de segurança contra a decisão do CNJ. Assim, mesmo que a ação ordinária fosse
remetida para a Justiça Federal de 1ª instância, continuariam no STF os mandados de
segurança individuais.
Desse modo, o mais recomendável seria a reunião dessas ações a fim de garantir, com a
tramitação e o julgamento conjuntos, a prolação de decisões harmônicas sobre a
legitimidade da situação jurídica afetada pelo CNJ.
Obs: em concursos públicos, é provável que seja indagada apenas a regra geral
considerando que este julgado foi muito específico e baseado no caso concreto; contudo, é
importante que você conheça a existência deste precedente para a eventualidade de ele ser
cobrado; vale ressaltar que você somente deverá adotar o entendimento excepcional se isso
for expressamente perguntado.
STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 851).
OBS:
Competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP: A CF/88 prevê, em seu art. 102,
I, “r”, que compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente: “as ações
contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público”.

A jurisprudência do STF, no entanto, confere interpretação estrita a esse dispositivo, de forma


que somente compete ao STF as demandas em que o próprio CNJ ou CNMP — que não
possuem personalidade jurídica própria — figurarem no polo passivo. É o caso de mandados
de segurança, mandados de injunção, habeas corpus e habeas data contra os Conselhos.

Assim, a competência do STF para processar e julgar ações que questionam atos do CNJ e do
CNMP limita-se às ações tipicamente constitucionais: MS, MI, HC e HD.

No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP, quem irá
figurar como ré no processo é a União, já que os Conselhos são órgãos federais. Logo, tais
demandas serão julgadas pela Justiça Federal de 1ª instância, com base no art. 109, I, da CF/88.
Resumindo:
 MS, MI, HC e HD = STF
 Ações ordinárias = Juiz federal (1ª instância)

Mitigação da interpretação restritiva do art. 102, I, “r”, da CF/88: O entendimento acima


continua válido. No entanto, foi noticiado no Informativo 851 um julgado em que o STF, com
base nas peculiaridades do caso concreto, decidiu mitigar a interpretação restritiva do art. 102,
I, “r”, da CF/88 e julgar uma ação ordinária proposta contra o CNJ.

3.6. Compete ao STF julgar MS proposto pelo TJ contra o Governador pedindo o repasse
do duodécimo do Judiciário – (Info 848)

Compete ao STF julgar mandado de segurança impetrado pelo Tribunal de Justiça contra
ato do Governador do Estado que atrasa o repasse do duodécimo devido ao Poder
Judiciário.
Nesta hipótese, todos os magistrados do TJ possuem interesse econômico no julgamento do
feito, uma vez que o pagamento dos subsídios está condicionado ao cumprimento do dever
constitucional de repasse das dotações consignadas ao Poder Judiciário estadual pelo chefe
do Poder Executivo respectivo. Logo, a situação em tela se amolda ao art. 102, I, "n", da CF/88.
STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/16 (Info 848).

3.7. Mandado de segurança contra decisões negativas do CNJ – (Info 840)

Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do CNJ, por não se
tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por outro órgão do
Judiciário.
Assim, o STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisões
negativas do CNMP e do CNJ. Como o conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”,
o Conselho não decidiu nada. Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato. Se não
praticou nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no STF.
Em razão do exposto, não compete ao STF julgar MS impetrado contra decisão do CNJ que
julgou improcedente pedido de cassação de um ato normativo editado por vara judicial.
STF. 2ª Turma. MS 33085/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 20/09/2016 (Info 840).
OBS:
Neste caso, o que a parte deverá fazer? A parte terá que impugnar na Justiça o ato originário
que gerou seu pedido no CNJ/CNMP. Ex.: a parte ingressou com pedido de providência no
CNMP contra ato administrativo praticado pelo Procurador-Geral de Justiça. O CNMP
entendeu que não cabia sua intervenção no caso, julgando improcedente o pedido. O CNMP
proferiu, portanto, uma decisão “negativa”. Contra este pronunciamento do CNMP não cabe
MS. Somente restará à parte propor um MS contra o ato do Procurador-Geral de Justiça, ação
esta que será de competência do TJ.

3.8. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como
celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário – (Info
840) – TEMA POLÊMICO!

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da
Constituição de 1988 sem prestar concurso.
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da


Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso
público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza
trabalhista.
STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão geral).

Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário,


compete à Justiça comum processar e julgar a causa.
É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao
tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da
controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período
celetista.
STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

OBS:
Posição para concursos: O tema, como visto, está polêmico. Caso seja cobrado nas provas,
penso que será exigida a redação literal daquilo que foi divulgado nos informativos ou nas
ementas oficiais. Portanto, memorize essas duas conclusões (Info 839 e 840) que, se aparecerem
nas provas, estarão corretas.

3.9. Ação proposta contra a Administração Pública por servidor pré CF/88 que ingressou
sem concurso público e em regime celetista – (Info 839)

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da
Constituição de 1988 sem prestar concurso.
STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/09/2016 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da


Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso
público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza
trabalhista.
STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 01/10/15 (repercussão geral).

3.10. Competência para julgar causas envolvendo a OAB – (Info 837) – IMPORTANTE!!!

Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual.
STF. Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 31/8/16 (repercussão geral) (Info
837)

OBS:
Opinião pessoal: Penso que no julgamento do RE 595332/PR (Info 837) não houve alteração
de entendimento do STF quanto à natureza jurídica da OAB. Assim, em minha opinião, o STF
continua com a posição exposta na ADI 3026, ou seja, a OAB não é autarquia nem integra a
Administração Pública indireta. Trata-se de “serviço público independente”, categoria ímpar
no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Entendo que a menção
contida no voto de que a OAB é uma "autarquia corporativista" é uma opinião pessoal do Min.
Marco Aurélio, mas que não pode ser tida como a posição do Supremo.

Em provas de concurso, deveria ser cobrado apenas aquilo que foi efetivamente decidido, ou
seja, compete à Justiça Federal julgar as ações em que a OAB figure na relação processual.
Quanto a isso, não existe mais nenhuma dúvida. Seja a OAB autora ou ré, seja em processos de
conhecimento ou de execução, a competência para julgar a causa é da Justiça Federal.

No entanto, como em concurso nunca se sabe o que o examinador irá perguntar, tenham
cuidado caso ele cobre a transcrição integral do Informativo onde consta esta posição pessoal
do Min. Marco Aurélio.

3.11. STF não possui competência originária para julgar ação popular – (Info 811)
O STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular, ainda que
ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A competência para julgar
ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é,
via de regra, do juízo de 1º grau
STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 25/11/2015 (Info 811).

3.12. Servidores Temporários: Competência da Justiça Comum (Info 807) - IMPORTANTE!!!

A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a validade
de vínculo jurídico-administrativo entre o poder público e servidores temporários.
Dito de outra forma: a Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores
temporários (art. 37, IX, da CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM
(estadual ou federal).
A competência NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue que houve
desvirtuamento do vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos baseados na CLT ou
na lei do FGTS.
STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).

3.13. Litígios envolvendo servidores temporários e a Administração Pública – (Info 796)

A Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores temporários (art. 37, IX, da
CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal).
A competência NÃO é da Justiça do Trabalho.
STF. 1ª Turma. Rcl 6527 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/8/2015 (Info 796).

3.14. Causa que interessa a todos os membros da magistratura – (Info 782)

O STF tem competência para processar e julgar causas em que se discute prerrogativa dos
juízes de portar arma de defesa pessoal, por se tratar de ação em que todos os membros da
magistratura são direta ou indiretamente interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88).
STF. Plenário. Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Teori
Zavascki, julgado em 22/4/2015 (Info 782).

3.15. Competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP – (Infos 760 e 755)

De quem é a competência para julgar demandas contra o CNJ e o CNMP:


• Ações ordinárias  Juiz federal (1ª instância)
• Ações tipicamente constitucionais (MS, MI, HC e HD)  STF
STF. Plenário. AO 1814 QO/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 24/9/14 (Info 760).
STF. 2ª Turma. ACO 2373 AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 19/8/14 (Info 755).

3.16. Competência da justiça federal e instituições de ensino superior – (Info 757)

A Justiça Federal tem competência para o julgamento de demanda em que se discuta a


existência de obstáculo à obtenção de diploma após conclusão de curso de ensino à
distância em razão de problema no credenciamento da instituição de ensino superior pelo
Ministério da Educação. Vale ressaltar que, neste caso, a demanda foi proposta contra a
instituição e a União.
STF. 2ª Turma. ARE 754174 AgR/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/9/2014 (Info
757).
3.17. O § 2º do art. 109 da CF/88 aplica-se também para as autarquias federais – (Info 755)

O § 2º do art. 109 da CF/88 prevê que as causas propostas contra a União poderão ser
ajuizadas na seção (ou subseção) judiciária:
 em que for domiciliado o autor;
 onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda;
 onde esteja situada a coisa; ou
 no Distrito Federal.

Apesar de o dispositivo somente falar em “União”, o STF entende que a regra de


competência prevista no § 2º do art. 109 da CF/88 também se aplica às ações propostas contra
autarquias federais. Isso porque o objetivo do legislador constituinte foi o de facilitar o
acesso à justiça.
STF. Plenário. RE 627709/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/8/2014 (Info
755).

3.18. Competência para julgar causa que interessa a todos os membros da magistratura –
(Info 735)

O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da magistratura
sejam direta ou indiretamente interessados é de competência originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF se a
matéria discutida, além de ser do interesse de todos os membros da magistratura, for
também do interesse de outras carreiras de servidores públicos.
Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a matéria
discutida deverá interessar a todos os membros da magistratura e não apenas a parte dela.
STF. 2ª Turma. AO 1840 AgR/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 11/2/14 (Info 735).

4. FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO


4.1. Índices de juros e correção monetária aplicados para condenações contra a Fazenda
Pública – (Info 878) – IMPORTANTE!!! – (PGM-Paranavaí/PR-2018)

O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que disciplina
os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao
incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados
os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário,
em respeito ao princípio constitucional da isonomia (art. 5º, da CF/88).

Quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros


moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional,
permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação
dada pela Lei 11.960/09.

O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09, na parte em que disciplina
a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor
restrição desproporcional ao direito de propriedade (art. 5º, XXII, da CF/88), uma vez que
não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo
inidônea a promover os fins a que se destina.
STF. Plenário. RE 870947/SE, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/9/17 (repercussão geral) (Info 878).
OBS:

RESUMO:
JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA ENVOLVENDO CONDENAÇÕES
DA FAZENDA PÚBLICA
DÉBITOS DE NATUREZA TRIBUTÁRIA DÉBITOS DE NATUREZA NÃO-
TRIBUTÁRIA
O que previa o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97? O que previa o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97?
• Correção monetária: índice oficial de • Correção monetária: índice oficial de
remuneração básica da poupança (TR); remuneração básica da poupança (TR);
• Juros de mora: juros no mesmo percentual • Juros de mora: juros no mesmo percentual
que é pago na poupança (0,5% a.m. / 6% que é pago na poupança (0,5% a.m. / 6%
a.a.). a.a.).
O que decidiu o STF? O que decidiu o STF?
Essa previsão é inconstitucional. • Quanto à correção monetária: o art. 1º-F é
Tanto os índices de juros como de correção inconstitucional. O índice da poupança não
monetária previstos no art. 1º-F são consegue capturar a variação de preços da
inconstitucionais. economia, não sendo capaz de fazer a correta
atualização monetária. Logo, há uma
violação do direito à propriedade.
• Quanto aos juros de mora: o art. 1º-F é
constitucional.
Quais índices devem ser aplicados? Quais índices devem ser aplicados?
Se a Fazenda Pública possui um débito de • Correção monetária: aplica-se o IPCA-E
natureza tributária, deverá ser aplicado o (Índice de Preços ao Consumidor Amplo
mesmo índice de juros que incide quando Especial), que é divulgado pelo IBGE.
o Poder Público cobra seus créditos • Juros de mora: continuam a ser regidos
tributários (princípio da isonomia). pelo art. 1º-F. Logo, devem ser aplicados os
No caso de tributos federais: SELIC. juros da poupança.
Vale ressaltar que a SELIC é um índice que
dentro dele estão embutidos tanto os juros
como a correção monetária.

O STF já havia se debruçado sobre tema semelhante a esse? SIM. O STF já havia declarado
inconstitucional o § 12 do art. 100 da CF/88, incluído pela EC 62/09, e que possui redação
muito semelhante ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97:
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o
efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança,
e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no
mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
(Incluído pela EC 62/09)

Isso foi no julgamento das ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI
4357/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 13 e 14/3/13 (Info 698).
Diferentemente dos juros moratórios, que só incidem uma única vez até o efetivo pagamento,
a atualização (correção) monetária da condenação imposta à Fazenda Pública ocorre em dois
momentos distintos:
1) O primeiro se dá ao final da fase de conhecimento, com o trânsito em julgado da decisão
condenatória. Esta correção inicial compreende o período de tempo entre o dano efetivo (ou o
ajuizamento da demanda) e a imputação de responsabilidade à Administração Pública. A
atualização é estabelecida pelo próprio juízo prolator da decisão condenatória no exercício de
atividade jurisdicional.
2) O segundo momento ocorre já na fase executiva, quando o valor devido é efetivamente
entregue ao credor. Esta última correção monetária cobre o lapso temporal entre a inscrição do
crédito em precatório e o efetivo pagamento. Seu cálculo é realizado no exercício de função
administrativa pela Presidência do Tribunal a que vinculado o juízo prolator da decisão
condenatória.

No julgamento dessas ADIs, o STF analisou a correção monetária no intervalo de tempo entre
a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento (segundo momento acima exposto).
O § 12 do art. 100 da CF/88 dizia que, entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo
pagamento deveria incidir correção monetária com base nos índices da poupança (TR). O STF
afirmou que isso era inconstitucional porque viola o princípio da propriedade. (PGM-
Paranavaí/PR-2018)
Faltava, no entanto, o STF examinar a correção monetária em outro período, qual seja, durante
a tramitação da ação (primeiro momento acima explicado).
O art. 1º-F da Lei 9.494/97 afirmava que durante a tramitação da ação judicial deveria também
ser aplicada a TR (poupança) como índice de correção monetária. O STF, contudo, mais uma
vez disse que isso não é válido.
Para o Supremo, não há qualquer motivo para aplicar critérios distintos de correção monetária
de precatórios e de condenações judiciais da Fazenda Pública. Assim, a atualização monetária
com base na TR é inconstitucional tanto na fase de precatórios (ADI 4357/DF) como também
durante a tramitação da ação judicial (RE 870947/SE).

5. REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR


5.1. Os Estados-membros/DF e Municípios podem fixar valor referencial inferior ao do art.
87 do ADCT (RPV), desde que respeitado o princípio da proporcionalidade – (Info 890) –
IMPORTANTE!!!

Os Estados-membros podem editar leis reduzindo a quantia considerada como de pequeno


valor, para fins de RPV, prevista no art. 87 do ADCT da CF/88.
É lícito aos entes federados fixar o valor máximo para essa especial modalidade de
pagamento, desde que se obedeça ao princípio constitucional da proporcionalidade.
Ex: Rondônia editou lei estadual prevendo que, naquele Estado, as obrigações consideradas
como de pequeno valor para fins de RPV seriam aquelas de até 10 salários-mínimos. Assim,
a referida Lei reduziu de 40 para 10 salários-mínimos o crédito decorrente de sentença
judicial transitada em julgado a ser pago por meio de RPV. O STF entendeu que essa
redução foi constitucional.
STF. Plenário. ADI 4332/RO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 7/2/18 (Info 890).
OBS:
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição
Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a
publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da
Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição
Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório
judiciário, que tenham valor igual ou inferior a:
I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do
Distrito Federal;
II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.

O Estado pode fixar qualquer valor? Ex: o Estado de São Paulo pode fixar 5 salários-mínimos
como sendo pequeno valor para fins de RPV? Isso seria possível? NÃO. Os Estados/DF e
Municípios, ao editarem as suas leis definindo o que seja “pequeno valor”, deverão ter como
critério a sua capacidade econômica, respeitado o princípio da proporcionalidade. A fixação
de 5 salários-mínimos como sendo pequeno valor para um Estado rico como São Paulo seria
uma ofensa ao princípio da proporcionalidade. No caso concreto, entendeu-se que Rondônia
atendeu o princípio da proporcionalidade ao reduzir esse teto para 10 salários-mínimos
considerando que é um dos Estados que menos arrecada na Federação, com um Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,69. Vale ressaltar que nenhum ente pode fixar como
pequeno valor quantia inferior ao valor do maior benefício do regime geral da previdência
social (“teto do INSS”):
Art. 100 (...)
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis
próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo
as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao
valor do maior benefício do regime geral de previdência social.

Em 2018, o “teto do INSS” foi fixado em R$ 5.645,80.


Os Estados/DF e Municípios podem editar leis fixando quantias superiores aos limites do art.
87 do ADCT? Ex: São Paulo pode editar uma lei dizendo que “pequeno valor” naquele Estado,
para fins de RPV, corresponde a 60 salários-mínimos? SIM. Os Estados/DF e Municípios
podem fixar limites inferiores ou superiores àqueles que estão previstos no art. 87 do ADCT.
Na prática, contudo, será muito difícil que um Estado amplie o limite do art. 87 porque, em
tese, ele prejudica suas finanças considerando que terá mais débitos a serem pagos por RPV.

6. PRECATÓRIOS
6.1. Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do
precatório – (Info 861)

Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos
e a da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório.
STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 19/4/17 (repercussão geral) (Info
861).

Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o período previsto no parágrafo 1º
(obs: atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios
que nele sejam pagos. O período de que trata este RE 579431/RS é anterior à requisição do
precatório, ou seja, anterior ao interregno tratado pela SV 17.
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou ação de cobrança contra a Fazenda
Pública. Foi prolatada sentença condenando o Poder Público a pagar R$ 300 mil. Essa sentença
transitou em julgado em 04/04/2016. Em 10/04/2016, o credor pediu ao juiz, nos termos do
art. 534 do CPC, o cumprimento de sentença, apresentando o cálculo da dívida atualizada.
Segundo entende o STF, a partir do momento em que forem apresentados os cálculos, começa
a incidir juros da mora contra a Fazenda Pública:
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da
realização dos cálculos e a da requisição de pequeno valor (RPV) ou
do precatório.
STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).

O que acontece a agora? A Fazenda Pública poderá impugnar ou não o cumprimento de


sentença. Suponhamos que o Poder Público não impugnou. Neste caso, deverá ser expedido,
por intermédio do Presidente do Tribunal, precatório em favor do exequente. Confira o que
diz o art. 535, § 3º do CPC:
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da
executada:
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal
competente, precatório em favor do exequente, observando-se o
disposto na Constituição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o
ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação
de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado
da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco
oficial mais próxima da residência do exequente.

Neste caso, o juízo da execução elabora o precatório e o encaminha ao Presidente do Tribunal.


Este, por sua vez, irá expedir o precatório, ou seja, repassá-lo ao ente devedor para que seja
incluído no orçamento.
Ex: se a execução era contra a União, o juiz federal responsável pela execução irá elaborar o
precatório e encaminhá-lo ao Presidente do TRF; este irá expedir o precatório determinando
que a União inclua no orçamento para pagamento.

Suponhamos que, em nosso exemplo, a Fazenda Pública concordou com os cálculos do credor.
Diante disso, o juiz encaminhou ao Presidente do Tribunal que expediu, em 30/05/2016, o
precatório em favor de João. Assim, deverá haver a incidência dos juros da mora referente ao
período de 10/04/2016 (data da realização dos cálculos) e a data do precatório.

Existe um prazo para que o ente pague o precatório? SIM. Os pagamentos requisitados até
01/07 de cada ano deverão ser pagos até o final do exercício do ano seguinte. Isso está previsto
no § 5º do art. 100 da CF/88:
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito
público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos
de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até
o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente.

Em nosso exemplo: o precatório foi apresentado pelo Presidente do Tribunal em 30/05/2016;


logo, ele deverá ser pago pelo Poder Público até o dia 31/12/2017 (último dia do ano seguinte).

Abrindo um parêntese: se o precatório tiver valor muito alto (valor superior a 15% do montante
dos demais precatórios apresentados até o dia 01/07 do respectivo ano), então, neste caso,
deverá ser pago 15% do valor deste precatório até o dia 31/12 do ano seguinte e o restante em
parcelas iguais nos 5 anos subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção monetária. A
CF/88 permite também que o credor faça um acordo com o Poder Público (§ 20 do art. 100 da
CF/88, incluído pela EC 94/2016).

Período de suspensão dos juros moratórios: Entre o dia 01/07 de um ano até o dia 31/12 do
ano seguinte (em nosso exemplo: de 01/07/2016 até 31/12/2017), não haverá incidência de
juros de mora porque o STF entende que esse foi o prazo normal que a CF/88 deu para o Poder
Público pagar seus precatórios, não havendo razão para que a Fazenda Pública tenha que pagar
juros referentes a esse interregno. Existe, inclusive, uma súmula vinculante sobre o tema:
SV 17-STF: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs: atual §
5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre
os precatórios que nele sejam pagos.

Obs: neste período, não há incidência de juros moratórios, mas deverá ser paga correção
monetária, conforme prevê a parte final do § 5º do art. 100.

E se passar o dia 31/12 e o ente devedor não efetuar o pagamento do precatório, neste caso,
voltará a incidir juros de mora? Em nosso exemplo, se passar o dia 31/12/2017, começa
novamente a incidir juros moratórios? SIM. Isso porque terá se esgotado o prazo dado pela
Constituição para que o ente devedor pague o precatório. Logo, o ente encontra-se em mora.
Assim, por exemplo, se o precatório foi inscrito até o dia 01/07/2016, este precatório deverá
ser pago até o dia 31/12/2017. Se o pagamento for realizado neste período, não haverá
incidência de juros de mora porque não houve inadimplemento por parte da Fazenda Pública.
No entanto, se passar o dia 31/12/2017 sem pagamento, haverá a incidência de juros
moratórios que serão computados a partir de 01/01/2018 até a data em que ocorrer a quitação
do precatório.

Confira as palavras do Min. Edson Fachin:


"A não incidência de juros de mora nesse período ocorre justamente
porque nele não existe mora, em decorrência de norma
constitucional, e isso se mantém independentemente de quando
ocorrer o pagamento do precatório.
No caso de o pagamento ocorrer após o prazo estabelecido pela
Constituição, haverá a incidência de juros de mora, mas só no
período em que houver mora, ou seja, depois do prazo estabelecido
para o pagamento." (Voto na Rcl 15906 AgR, Rel. Min. Edson Fachin,
Primeira Turma, julgado em 18/08/2015)

Obs: como estes juros moratórios não estavam previstos no precatório, considerando que se
presumia que ele seria pago na data fixada pela CF/88 (até o dia 31/12), para que o credor
receba o valor dos juros será necessária a expedição de um precatório complementar. Depois
que o precatório está expedido, não se pode acrescentar novos valores a ele.

Voltando ao nosso exemplo:


- Sentença transitada em julgado: 04/04/2016.
- Início dos juros moratórios: 10/04/2016 (data da realização dos cálculos).
- Dia em que o precatório foi apresentado para pagamento: 30/05/2016.
- Suspensão dos juros moratórios: 01/07/2016 (SV 17-STF).
- Prazo máximo para a Fazenda Pública pagar: 31/12/2017 (§ 5º do art. 100 da CF/88).
- Se a Fazenda não pagar até o prazo máximo (31/12/2017): voltam a correr os juros
moratórios.

Repare, portanto, que o entendimento do STF definido no RE 579431/RS não invalida a SV 17


porque o que foi decidido neste recurso é um período anterior ao de que trata a súmula.

Observação final complementar: O que foi explicado acima é suficiente para fins de concurso.
Irei, contudo, agora fazer uma observação complementar a respeito da súmula vinculante 17.
A SV 17 foi editada em 29/10/2009 e continua sendo atualmente aplicada pelo STF. Nesse
sentido: RE 577465 AgR-ED-ED-EDv-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Tribunal Pleno, julgado em
23/09/2016.
Contudo, tem crescido entre os Ministros a ideia de que esta súmula foi superada pelo § 12 do
art. 100 da CF/88, acrescentado pela EC 62, de 10/12/2009, ou seja, posteriormente à edição
do enunciado. Para muitos Ministros, o § 12 determina a incidência de juros moratórios
independentemente do período.

Confira a redação do dispositivo:


§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o
efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança,
e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no
mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Em provas de concurso, a SV 17 continua válida, devendo ser assinalada como correta.


Somente se manifeste sobre esta crítica ao enunciado caso você seja expressamente indagado
acerca disso, como no caso de uma prova oral, por exemplo.

6.2. Decisão que determina pagamento de valores atrasados a anistiado político não se
submete aos precatórios – (Info 847)

A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União


faça o pagamento dos valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a
anistiado político não se submete ao regime dos precatórios, devendo o pagamento ser feito
de forma imediata.
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/016 (Info 847).

6.3. Modulação dos efeitos da ADI que julgou inconstitucional o novo regime de
precatórios estabelecido pela EC 62/2009 – (Info 779) – IMPORTANTE!!! – (PCMS-2017)

A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios.
Tais alterações foram impugnadas por meio de ações diretas de inconstitucionalidade que
foram julgadas parcialmente procedentes. No entanto, o STF decidiu modular os efeitos da
decisão, ou seja, alguns dispositivos, apesar de terem sido declarados inconstitucionais,
ainda irão vigorar por mais algum tempo. Veja o resumo do que foi decidido quanto à
modulação:
1. O § 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (que tratam sobre o regime especial de
pagamento de precatórios) ainda irão valer (poderão ser aplicados) por mais cinco anos
(cinco exercícios financeiros) a contar de 01/01/2016. Em outras palavras, tais regras serão
válidas até 2020.
2. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 (previam a possibilidade de compensação obrigatória das
dívidas que a pessoa tinha com a Fazenda Pública com os créditos que tinha para receber
com precatório): o STF afirmou que são válidas as compensações obrigatórias que foram
feitas até 25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação). A partir desta data, não será possível
mais a realização de compensações obrigatórias, mas é possível que sejam feitos acordos
entre a Fazenda e o credor do precatório e que também possua dívidas com o Poder Público
para compensações voluntárias.
3. Leilões para desconto de precatório: o regime especial instituído pela EC 62/2009 previa
uma série de vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido que tais entes
realizassem uma espécie de “leilão de precatórios” no qual os credores de precatórios
competem entre si oferecendo deságios (“descontos”) em relação aos valores que têm para
receber. Aqueles que oferecem maiores descontos irão receber antes do que os demais. Esse
sistema de leilões foi declarado inconstitucional, mas o STF afirmou que os leilões
realizados até 25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação) são válidos (não podem ser
anulados mesmo sendo inconstitucionais). A partir desta data, não será possível mais a
realização de tais leilões.
4. Vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos
precatórios e sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao
pagamento de precatórios: as regras que tratam sobre o tema, previstas nos §§ 2º e 10 do art.
97 do ADCT da CF/88 continuam válidos e poderão ser utilizados pelos Estados e
Municípios até 2020.
5. Expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” prevista no
§ 12 do art. 100:
5.1 Para precatórios da administração ESTADUAL e MUNICIPAL: o STF disse que a TR
(índice da poupança) poderia ser aplicada até 25/03/2015.
5.2 Para os precatórios da administração FEDERAL: o STF afirmou que se poderia aplicar a
TR até 31/12/2013. Após essas datas, qual índice será utilizado para substituir a TR (julgada
inconstitucional)?
• Precatórios em geral: IPCA-E.
• Precatórios tributários: SELIC.

CNJ deverá apresentar proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de
50% dos recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de
precatórios e (ii) a possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de
terceiros, com o estoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25.03.2015, por opção do
credor do precatório.
CNJ deverá monitorar e supervisionar o pagamento dos precatórios pelos entes públicos na
forma da presente decisão.
STF. Plenário. ADI 4357 QO/DF e ADI 4425 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em
25/3/2015 (Info 779).
(PCMS-2017-FAPEMS): Sobre o controle de constitucionalidade exercido pelo Supremo
Tribunal Federal, afirma-se que o Supremo tem recorrido a diversas técnicas de decisão
chamadas de sentenças intermediárias. A expressão sentença intermediária "compreende
uma diversidade de tipologia de decisões utilizadas pelos Tribunais Constitucionais e/ou
Cortes Constitucionais em sede de controle de constitucionalidade, com o objetivo de
relativizar o padrão binário do direito (constitucionalidade/inconstitucionalidade)".
FERNANDES, Bernardo. Curso de Direito Constitucional. 9a. ed. Salvador: Juspodivm.
2017, p. 1.578. Sobre tais técnicas, verifica-se que a modulação temporal foi amplamente
utilizada no julgamentos das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357 e 4.425
(25/3/2015), referentes ao sistema de precatórios da Emenda Constitucional n° 62 de 2009.
6.4. Advogado pode receber os honorários advocatícios mediante RPV, ainda que o crédito
principal seja executado por meio do regime de precatórios – (Info 765) – IMPORTANTE!!!

Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser feito, em
regra, por meio de precatório.
Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade de
precatório. É possível que a execução de honorários advocatícios devidos pela Fazenda
Pública se faça mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV) na hipótese em que os
honorários não excedam o valor limite a que se refere o art. 100, § 3º, da CF, ainda que o
crédito dito “principal” seja executado por meio do regime de precatórios.
Em outras palavras, é possível o fracionamento de precatório para pagamento de honorários
advocatícios.
STF. Plenário. RE 564132/RS, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014
(repercussão geral) (Info 765).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.347.736-RS, Rel. Min. Castro Meira, Rel. para acórdão Min. Herman
Benjamin, julgado em 9/10/2013 (recurso repetitivo) (Info 539).

6.5. A compensação obrigatória trazida pelos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, declarada


inconstitucional, não pode ser aplicado à RPV – (Info 764)

O STF julgou inconstitucionais os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, que impunham que a


pessoa que fosse receber precatórios teria que se submeter a um regime de compensação
obrigatória, de forma que, se tivesse também débitos com o Fisco, esses já seriam
descontados.
Agora, o STF afirmou que a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 9º e 10 do art. 100
da CF/88 também se aplica às requisições de pequeno valor. Em outras palavras, é
inconstitucional impor ao credor a compensação obrigatória nos casos em que ele irá
receber RPV.
Assim, se alguém tiver recursos para receber por meio de RPV, não deverão ser aplicados
os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a aceitar a compensação
imposta pela Fazenda Pública, mesmo que tenha débitos com o Fisco.
STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 23/10/2014 (Info 764).

6.6. O pequeno valor é considerado individualmente em caso de litisconsórcio ativo


facultativo – (Info 760) – Atenção! Advocacia Pública!

Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser feito, em
regra, por meio de precatório.
Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade de
precatório.
Caso a condenação tenha decorrido de uma ação proposta por litisconsortes ativos, o
“pequeno valor” para fins de dispensa do precatório será considerado individualmente
para cada litisconsorte, não devendo ser somada a quantia devida a todos.
Assim, ao contrário do que alega a Fazenda Pública, o fracionamento do valor da execução,
em caso de litisconsórcio facultativo, para expedição de requisição de pequeno valor em
favor de cada credor, não implica violação ao art. 100, § 8º, da CF/88.
STF. Plenário. RE 568645/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/9/2014 (repercussão
geral) (Info 760).

7. INTIMAÇÃO PESSOAL
7.1. Início da contagem do prazo em caso de intimação pessoal realizada por meio de oficial
de justiça – (Info 820)
Nos casos de intimação pessoal realizada por oficial de justiça, a contagem do prazo para a
interposição de recursos ou a eventual certificação de trânsito em julgado começa a partir
da juntada aos autos do mandado devidamente cumprido.
STF. 2ª Turma. ARE 892732/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
julgado em 5/4/2016 (Info 820).
OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: O INSS foi condenado por juiz federal em 1ª instância
e contra esta decisão interpôs apelação. O TRF julgou desprovido o recurso, mantendo a
sentença. Os Procuradores Federais, que fazem a defesa judicial do INSS, possuem a
prerrogativa de serem intimados pessoalmente das decisões judiciais e demais atos do
processo. Isso está previsto no art. 17 da Lei nº 10.910/2004:

Art. 17. Nos processos em que atuem em razão das atribuições de


seus cargos, os ocupantes dos cargos das carreiras de Procurador
Federal e de Procurador do Banco Central do Brasil serão intimados
e notificados pessoalmente.

O novo CPC também trouxe regra expressa a respeito do tema. Veja:

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e


suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão
de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

Voltando ao exemplo (que ocorreu antes do CPC 2015): Em 02/02, o Procurador Federal que
fazia a assistência do INSS foi intimado acerca do acórdão por meio de oficial de justiça. Em
03/03, o mandado de intimação foi juntado aos autos.

Diante disso, surgiu a dúvida: a contagem do prazo para a Fazenda Pública recorrer contra
esta decisão começou a partir da data em que o Procurador assinou o mandado (02/02) ou do
dia em que o mandado foi juntado aos autos (03/03)? Do dia em que o mandado foi juntado
aos autos.

Quando a intimação é feita por meio de oficial de justiça, a contagem do prazo recursal é feita
a partir da juntada aos autos do mandado, nos termos do art. 241, II do CPC 1973 (art. 231, II,
do CPC 2015):

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do


começo do prazo:
(...)
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a
citação ou a intimação for por oficial de justiça;

Essa decisão do STF está de acordo também com a posição do STJ. Nesse sentido:

(...) 1. Em se tratando de intimação da Fazenda Pública ou da


Advocacia-Geral da União por meio de oficial de justiça, o termo
inicial do prazo para a interposição de recurso é a data da juntada
aos autos do mandado cumprido, nos termos do disposto no artigo
241, II, do CPC. (...)
STJ. Corte Especial. EREsp 605.510/RJ, Rel. Min. Castro Meira,
julgado em 04/06/2008.

O caso concreto, como mencionei acima, ocorreu na vigência do CPC 1973. E se fosse na égide
do CPC 2015? Segundo o novo CPC, é válida a intimação pessoal do advogado público se for
feita por meio de Oficial de Justiça? Existe polêmica, mas posição pessoal do Dizer o Direito é
a de que não é válida. O CPC 2015 trouxe regra expressa sobre o tema no § 1º do art. 183:
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio
eletrônico.

Desse modo, atualmente, é proibida a intimação pessoal do advogado público por meio de
oficial de justiça, uma vez que esta modalidade de intimação não foi listada no rol do § 1º do
art. 183.

Repare que as espécies de intimação pessoal previstas no § 1º do art. 183 permitem que o
advogado público, no mesmo momento em que é intimado, já tenha acesso integral aos autos.
O legislador quis, portanto, facilitar a defesa processual da Fazenda Pública, evitando que o
advogado público ainda tenha que se deslocar para ir até a sede do juízo para ter acesso aos
autos.

A intimação por oficial de justiça não confere esta facilidade, considerando que o meirinho leva
apenas o mandado e a contrafé com algumas poucas cópias do processo, mas o advogado
público terá que diligenciar para ter acesso integral dos autos.

Poderíamos imaginar uma única exceção em que seria permitida a intimação pessoal por meio
de oficial de justiça. Trata-se da hipótese em que, mesmo o processo sendo eletrônico, a
intimação foi feita pelo meirinho. Isso porque, neste caso, o advogado público teria acesso
imediato à integralidade dos autos em qualquer computador com internet.

8. PRERROGATIVAS E PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA


8.1. Concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública – (Info 766) –
IMPORTANTE!!!

O art. 1º da Lei n. 9.494/97 determina, entre outras vedações, que não será cabível tutela
antecipada contra o Poder Público visando obter a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos ou a concessão de aumento ou extensão de vantagens pecuniárias.
O STF declarou que esse dispositivo é constitucional (ADC 4).
Vale ressaltar, no entanto, que a decisão proferida na referida ADC 4 não impede toda e
qualquer antecipação de tutela contra a Fazenda Pública. Somente está proibida a concessão
de tutela antecipada nas hipóteses listadas no art. 1º da Lei n. 9.494/97, que deve ser
interpretado restritivamente.
No presente julgado, o STF afirmou que seria possível a concessão de tutela antecipada
tratando sobre férias de servidores públicos, considerando que isso não envolve a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos nem a concessão de aumento ou
extensão de vantagens.
STF. Plenário. Rcl 4311/DF, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 6/11/2014 (Info
766).

9. JUSTIÇA GRATUITA
9.1. Exigibilidade suspensa das obrigações resultantes da sucumbência – (Info 811)

O art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado pela CF/88.


O CPC 2015 revogou o art. 12 da Lei nº 1.060/50, mas previu regra semelhante no § 3º do art.
98:
Art. 98 (...) § 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos
5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário.
STF. Plenário. RE 249003 ED/RS, RE 249277 ED/RS e RE 284729 AgR/MG, Rel. Min. Edson
Fachin, j. 9/12/2015 (Info 811).
9.2. É possível requerer a assistência jurídica gratuita no ato da interposição do recurso?

SIM. O STF entendeu que seria cabível deferir-se a gratuidade nessa fase processual, salvo
se houvesse fraude, como por exemplo, quando a parte não efetuasse o preparo e, depois,
requeresse que se relevasse a deserção.
O Min. Marco Aurélio afirmou que é plausível imaginar a situação de uma pessoa que no
início do processo pudesse custear as despesas processuais, e, no entanto, depois de um
tempo, com a mudança de sua situação econômica, não tivesse mais condições de pagar o
preparo do recurso, devendo então ter direito de pleitear a assistência judiciária nessa fase
processual.
STF. 1ª Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, j. 22/5/12.

10. PROVAS
10.1. Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas – (Info
817)

A preferência do julgador por determinada prova insere-se no livre convencimento


motivado e não cabe compelir o magistrado a colher com primazia determinada prova em
detrimento de outras pretendidas pelas partes se, pela base do conjunto probatório tiver se
convencido da verdade dos fatos.
STF. Plenário. RE 567708/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Cármen
Lúcia, julgado em 8/3/2016 (Info 817).
OBS: O magistrado, com base no livre convencimento motivado, tem a liberdade de deixar de
considerar as conclusões do laudo pericial desde que faça isso de forma fundamentada. Isso
está previsto no art. 479 do CPC 2015:

Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art.
371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a
deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método
utilizado pelo perito.

Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente


do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da
formação de seu convencimento.

Ao tecer comentários sobre este art. 479, Daniel Amorim Assumpção Neves explica que:
"O sistema de valoração das provas, adotado pelo sistema processual
brasileiro, é o da persuasão racional, também chamado de livre
convencimento motivado. Significa dizer que não existem cargas de
convencimento pré-estabelecidas dos meios de prova, sendo incorreto
afirmar abstratamente que determinado meio de prova é mais eficaz no
convencimento do juiz do que outro. Com inspiração nesse sistema de
valoração das provas, o art. 479 do Novo CPC prevê que o juiz não está
adstrito ao laudo pericial, podendo se convencer com outros elementos ou
fatos provados no processo." (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo
CPC comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 784).

10.2. INQUÉRITO CIVIL: Compartilhamento no inquérito civil das provas colhidas em


investigação criminal mesmo que acobertadas pelo sigilo – (Info 815) – IMPORTANTE!!!

É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para serem


utilizadas, como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras ações
decorrentes do fato investigado. Esse empréstimo é permitido mesmo que as provas tenham
sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial dos sigilos financeiro, fiscal e
telefônico.
STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).

11. COISA JULGADA


11.1. CBF não poderia ter editado resolução declarando tanto o Sport como o Flamengo
campeões de 1987 porque já havia uma decisão transitada em julgado considerando vencedor
o Sport – (Info 861)

O Sport Club do Recife conseguiu, em 1999, uma decisão judicial transitada em julgado
declarando que ele foi o campeão brasileiro de futebol do ano de 1987.
Ocorre que, em 2011, a CBF editou a Resolução 2/2011 reconhecendo que, além do Sport, o
Flamengo também teria sido campeão brasileiro em 1987.
O Sport não se conformou com esta postura da entidade e ingressou com ação de
cumprimento de sentença pedindo que, em respeito à decisão judicial transitada em
julgado em 1999, a CBF fosse condenada a anular a Resolução e reconhecer o clube
pernambucano como o único campeão de 1987.
O STF concordou com o pleito do Sport.
A decisão judicial que conferiu ao Sport o título de campeão brasileiro de 1987 transitou
em julgado e não podia ser alterada por resolução posterior da CBF.
A coisa julgada, como manifestação do princípio da segurança jurídica, assume a estatura
de elemento estruturante do Estado Democrático de Direito.
A autonomia das entidades desportivas não autoriza a transformação da CBF em órgão
revisor de pronunciamentos jurisdicionais alcançados pela preclusão.
STF. 1ª Turma. RE 881864 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 18/4/2017 (Info 861).

12. EXECUÇÃO
12.1. Constitucionalidade do art. 741 do CPC/1973 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, §
5º do CPC/2015) – (Infos 824 e 916)

São constitucionais o parágrafo único do art. 741 e o § 1º do art. 475-L, CPC/73, bem como
os correspondentes dispositivos do CPC/15 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º).
São dispositivos que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da
Constituição, vieram agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia
rescisória de sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado, assim
caracterizado nas hipóteses em que:
a) a sentença exequenda (“sentença que está sendo executada”)
esteja fundada em uma norma reconhecidamente
inconstitucional, seja por aplicar norma inconstitucional, seja por
aplicar norma em situação ou com um sentido inconstitucionais;
ou
b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma
reconhecidamente constitucional; e
c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade tenha decorrido
de julgamento do STF realizado em data anterior ao trânsito em
julgado da sentença exequenda.
STF. Plenário. RE 611503/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
j. 20/9/2018 (repercussão geral) (Info 916).
OBS:
Art. 525. (...)
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
(...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
(...)
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo,
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou
difuso.
(...)
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve
ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu


representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para,
querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos,
impugnar a execução, podendo arguir:
(...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
(...)
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo,
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou
difuso.

Foi proposta ADI contra o parágrafo único do art. 741 do CPC 1973 sob o argumento de que
ele violaria o instituto da coisa julgada, protegido pelo art. 5º, XXXVI, da CF/88. Essa tese foi
aceita pelo STF? Esse dispositivo é inconstitucional? NÃO. São constitucionais o parágrafo
único do art. 741 do CPC 1973, bem como os correspondentes dispositivos do CPC 2015 (art.
525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º). Tais dispositivos buscam harmonizar a garantia da
coisa julgada com o primado da Constituição e agregam ao sistema processual brasileiro um
mecanismo com eficácia rescisória de certas sentenças inconstitucionais, com hipóteses
semelhantes às da ação rescisória (art. 485, V, do CPC 1973; art. 966, V, do CPC 2015). STF.
Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 4/5/2016 (Info 824).

Coisa julgada tem limites impostos pelo legislador? O instituto da coisa julgada, embora tenha
proteção constitucional, deve ser conformado (regulamentado) pelo legislador ordinário, a
quem é dada a faculdade de estabelecer limites objetivos e subjetivos. Em outras palavras, a
coisa julgada não é um instituto absoluto. Assim, a lei pode indicar situações em que o instituto
deve ceder lugar a postulados, princípios ou bens de mesma hierarquia e que também são
protegidos pela Constituição.

Vícios da sentença que autorizam a inexigibilidade/inexequibilidade: Segundo o STF, para que


se possa reconhecer a inexigibilidade/inexequibilidade do título executivo, é necessário que a
sentença tenha incorrido em algum dos seguintes vícios:
a) sentença que aplicou uma lei que havia sido declarada
inconstitucional pelo STF;
b) sentença que aplicou a lei para uma situação considerada
inconstitucional (STF afirmou que a lei é constitucional, mas que não
poderia ser aplicada para determinada situação, sob pena de, aí sim,
ser inconstitucional);
c) sentença que aplicou a lei com um sentido (uma interpretação)
inconstitucional (STF conferiu interpretação conforme para
determinada lei e a sentença contrariou esta interpretação dada);
d) sentença que decidiu que determinada lei é inconstitucional, mas
o STF já a havia declarado constitucional.

Para que se possa reconhecer a inexigibilidade/inexequibilidade do título executivo, é


necessário que o pronunciamento do STF sobre a questão seja anterior ao título executivo?
SIM. Para a aplicação do art. 741, § único, do CPC 1973 (ou dos correspondentes dispositivos
do NCPC), é indispensável que a sentença exequenda (título executivo) tenha a questão
constitucional em sentido contrário ao pronunciamento do STF. Em outras palavras, a
decisão do STF precisa ter sido proferida antes do que o título executivo. Tais dispositivos
somente podem ser aplicados quando o órgão julgador, mesmo já havendo decisão do STF
sobre o tema, decide em sentido contrário ao que o Supremo tinha decidido. A sentença já
deve ter nascido sendo contrária ao entendimento do STF. O vício na sentença deve ser um
"defeito genético", ou seja, já nasceu com ela (nesse sentido: Fredie Didier, Leonardo Cunha,
Luiz Guilherme Marinoni).

Exemplo: Em 2012, o STF decidiu que a lei X é inconstitucional; em 2013, o juiz julga a causa
aplicando a lei X; mesmo se esta decisão transitar em julgado, o título executivo será inexigível
porque aplicou lei já considerada inconstitucional pelo STF.

Essa exigência passou a ser prevista de forma expressa no art. 525, § 14 do CPC/15:
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve
ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.

E se a sentença transitou em julgado aplicando a lei X e somente depois de algum tempo o STF
declarou que essa lei é inconstitucional? O que acontece neste caso? O CPC 2015 inovou e
previu, expressamente, que, se a decisão do STF declarando inconstitucional a norma foi
superveniente (posterior) ao trânsito em julgado da sentença exequenda, caberá ação
rescisória, com prazo contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF. Veja:
Art. 525 (...)
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em
julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo
será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal.

Reafirmação da jurisprudência: O STF, agora em recurso extraordinário submetido à


sistemática da repercussão geral, reafirmou o entendimento acima exposto.

12.2. Obrigação de fazer não está sujeita a precatório – (Info 866) – IMPORTANTE!!!

A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o regime
constitucional dos precatórios.
Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a Fazenda
Pública, não havendo incompatibilidade com a Constituição Federal.
Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão por morte para dependente
de ex-servidor.
STF. Plenário. RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 24/5/17 (repercussão geral) (Info
866).

13. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA


13.1. É válida a penhora realizada sobre bens de sociedade de economia mista que
posteriormente foi sucedida pela União – (Info 853)

É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente


à sucessão desta pela União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório (art.
100, caput e § 1º, da Constituição Federal).
STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
09/02/2017 (repercussão geral) (Info 853).
OBS:
Quem tem o privilégio de pagar por meio de precatório? A quem se aplica o regime dos
precatórios? As Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais. Quando se fala
em “Fazenda Pública”, essa expressão abrange:
 União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
 autarquias;
 fundações;
 empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
 sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do
Estado e de natureza não concorrencial (este último é polêmico, mas é o entendimento
que prevalece).

Sobre o tema, o STF decidiu recentemente que:


As sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de
atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial
submetem-se ao regime de precatório. STF. 2ª Turma. RE 852302
AgR/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015 (Info 812).

Segundo o STF, para que a sociedade de economia mista goze dos privilégios da Fazenda
Pública, é necessário que ela não atue em regime de concorrência com outras empresas e que
não tenha objetivo de lucro. Confira:
(...) Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às
sociedades de economia mista que executam atividades em regime
de concorrência ou que tenham como objetivo distribuir lucros aos
seus acionistas. Portanto, a empresa Centrais Elétricas do Norte do
Brasil S.A. - Eletronorte não pode se beneficiar do sistema de
pagamento por precatório de dívidas decorrentes de decisões
judiciais (art. 100 da Constituição). (...)
(STF. Plenário. RE 599628, Rel. Min. Ayres Britto, Relator p/
Acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 25/05/2011).

Resumindo:
A antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista federal, que
foi extinta, e a União tornou-se sua sucessora legal nos direitos e
obrigações. A União goza de imunidade tributária recíproca (art.
150, VI, “a”, da CF/88).
A RFFSA não desfrutava do benefício pois se tratava de entidade
exploradora de atividade econômica.
Os débitos tributários que a RFFSA possuía foram transferidos para
a União e devem ser pagos, não podendo este ente invocar a
imunidade tributária recíproca.
O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não afasta a
responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o
sujeito passivo era contribuinte regular do tributo devido.
STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado
em 5/6/2014 (Info 749).

13.2. Constitucionalidade do art. 1ºB da Lei 9.494/97 – (Info 824)

A ampliação do prazo para a oposição de embargos do devedor pela Fazenda Pública para
30 dias, inserida no art. 1º-B da Lei nº 9.494/97, é constitucional e não viola os princípios da
isonomia e do devido processo legal.
O estabelecimento de tratamento processual especial para a Fazenda Pública, inclusive em
relação a prazos diferenciados, quando razoáveis, não constitui propriamente restrição a
direito ou prerrogativa da parte adversa, mas busca atender ao princípio da supremacia do
interesse público.
A fixação do prazo de 30 dias para a Fazenda apresentar embargos à execução não pode ser
considerado como irrazoável, afinal de contas esse é o mesmo prazo que o particular goza
para apresentar embargos em caso de execuções fiscais contra ele movidas pela Fazenda
Pública (art. 16 da Lei nº 6.830/80).
STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).
OBS:
MP 2.102-27/2001 e a ampliação do prazo para a Fazenda Pública opor embargos: O art. 4º da
MP 2.102-27/2001 acrescentou um artigo na Lei nº 9.494/97 (que trata sobre alguns aspectos
do Poder Público em juízo) aumentando o prazo que a Fazenda Pública dispõe para apresentar
embargos caso ela esteja sendo executada. Antes da alteração, o prazo era de 10 dias. Após, foi
ampliado para 30 dias. Veja o artigo que foi acrescentado:

Art. 1º-B. O prazo a que se refere o “caput” dos arts. 730 do Código
de Processo Civil (obs: CPC 1973), e 884 da Consolidação das Leis do
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
passa a ser de trinta dias.

O que mudou com o CPC 2015?


CPC 1973 CPC 2015
Tanto no caso de título executivo judicial O novo CPC previu dois procedimentos
como extrajudicial o procedimento era o diferentes:
mesmo e estava previsto no art. 730. 1) Se o título executivo for JUDICIAL: o
procedimento é chamado de cumprimento
de sentença, sendo regido pelos arts. 534 e
535.
2) Se o título executivo for
EXTRAJUDICIAL: o procedimento é
chamado de execução contra a Fazenda
Pública (art. 910).
Não havia o nome cumprimento de sentença Passou a existir um procedimento próprio
contra a Fazenda Pública (isso era chamado chamado de cumprimento de sentença
de execução contra a Fazenda Pública). contra a Fazenda Pública.
A nomenclatura execução contra a Fazenda
Pública ficou destinada para a execução
fundada em título extrajudicial.
A defesa apresentada pela Fazenda Pública No cumprimento de sentença, a defesa da
era chamada de embargos (art. 730) tanto em Fazenda é chamada de impugnação.
caso de título judicial como extrajudicial. Na execução contra a Fazenda Pública, esta
se defende por meio de embargos.
O prazo dos embargos era de 30 dias. Tanto o prazo da impugnação como dos
embargos continua sendo de 30 dias.

Voltando para a MP 2.102-27/2001: Como vimos acima, o art. 4º da MP 2.102-27/2001 ampliou


para 30 dias o prazo para que a Fazenda Pública opusesse embargos.
A OAB ingressou com ADI contra este dispositivo afirmando que ele violaria os princípios da
isonomia e do devido processo legal.

O STF concordou com o argumento? A ampliação do prazo dos embargos opostos pela
Fazenda Pública violou a Constituição Federal? NÃO.

O STF já possuía decisão cautelar no sentido da constitucionalidade dessa ampliação. Confira:

(...) Prazos previstos no art. 730 do CPC e no art. 884 da CLT.


Ampliação pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, que
acrescentou o art. 1º-B à Lei federal nº 9.494/97. Limites
constitucionais de urgência e relevância não ultrapassados. Dissídio
jurisprudencial sobre a norma. Ação direta de constitucionalidade.
Liminar deferida. Aplicação do art. 21, caput, da Lei nº 9.868/99.
Ficam suspensos todos os processos em que se discuta a
constitucionalidade do art. 1º-B da Medida Provisória nº 2.180-35.
STF. Plenário. ADC 11 MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em
28/03/2007.

14. RECURSOS
14.1. Multa do § 2º do art. 557 do CPC/1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC/2015) e Fazenda Pública
– (Info 912)

Se o Poder Público for condenado ao pagamento da multa do § 2º do art. 557 do CPC/1973


(§ 4º do art. 1.021 do CPC/2015), a interposição de outros recursos ficará condicionada ao
depósito prévio do respectivo valor?
CPC/1973: SIM
Havendo condenação da Fazenda Pública ao pagamento da multa prevista no art. 557, § 2º,
do CPC 1973, a interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito prévio
do respectivo valor.
O prévio depósito da multa também é devido pela Fazenda Pública.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 553.788-DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
16/10/2014 (Info 551).
STF. 2ª Turma. ARE 931830 AgR/PB, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 21/8/18 (Info 912).

CPC/2015: NÃO
Veja o que diz o CPC/2015:
Art. 1.021 (...)
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente
inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão
colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a
pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do
valor atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada
ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção
da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça,
que farão o pagamento ao final.
OBS: Vamos analisar um julgamento que trata da multa do § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º
do art. 1.021 do CPC 2015). Para isso, no entanto, vejamos as seguintes etapas até chegarmos à
decisão que aplica a multa.

Imagine a seguinte situação hipotética:


1) A União ajuizou ação contra determinada empresa e requereu uma tutela provisória de
urgência.
2) Após ouvir a ré, o juiz proferiu uma decisão interlocutória denegando a tutela provisória.
3) A parte prejudicada (União) interpôs agravo de instrumento.
4) No Tribunal, o agravo de instrumento foi distribuído imediatamente, sendo sorteado um
Desembargador Relator (art. 527 do CPC 1973 / art. 1.019 do CPC 2015).
5) O Desembargador Relator poderá, de forma monocrática, considerar o recurso inadmissível.
Veja:
CPC/1973 CPC/2015
Art. 527. Recebido o agravo de Art. 932. Incumbe ao relator:
instrumento no tribunal, e distribuído III — não conhecer de recurso inadmissível,
incontinenti, o relator: prejudicado ou que não tenha impugnado
I — negar-lhe-á seguimento, liminarmente, especificamente os fundamentos da decisão
nos casos do art. 557; recorrida;
(...) IV — negar provimento a recurso que for
Art. 557. O relator negará seguimento a contrário a:
recurso manifestamente inadmissível, a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do
improcedente, prejudicado ou em Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
confronto com súmula ou com tribunal;
jurisprudência dominante do respectivo b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
de Tribunal Superior. em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
(...)
Parágrafo único. Antes de considerar
inadmissível o recurso, o relator concederá o
prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que
seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

6) E se a parte não concordar com essa decisão monocrática do Relator, o que ela poderá fazer?
A parte poderá, neste caso, interpor um agravo interno para o órgão colegiado do Tribunal
questionando a decisão monocrática do Relator.

7) Qual é o prazo desse agravo interno?


 CPC/1973: 5 dias (art. 557, § 2º).

 CPC/2015: 15 dias (art. 1.021, § 2º).

8) Imaginemos que o Relator negou seguimento ao agravo de instrumento e a União interpôs


um agravo interno manifestamente infundado (“abusivo”) contra a decisão que negou
seguimento ao agravo de instrumento. Se o órgão colegiado do Tribunal considerar que o
agravo interno (antigamente chamado de “agravo regimental”) interposto é manifestamente
inadmissível ou infundado, ele aplicará ao recorrente duas sanções:
8.1) condenará o agravante a pagar ao agravado uma MULTA;
8.2) condicionará o DEPÓSITO do valor da multa em juízo para que futuros recursos sejam
recebidos.

9) Qual é o valor dessa multa?


 CPC/1973: entre 1% e 10% do valor corrigido da causa;

 CPC/2015: entre 1% e 5% do valor atualizado da causa.

10) Para a aplicação da multa, exige-se que a decisão do Tribunal tenha sido unânime?
 CPC/1973: NÃO. Não era necessário.

 CPC/2015: SIM. A aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do novo CPC exige
votação unânime.

11) A MULTA prevista para o agravante que interpuser recurso manifestamente inadmissível
ou improcedente aplica-se também para a Fazenda Pública? A sanção explicada no item "8.1"
acima aplica-se também ao Poder Público? SIM. Tanto no CPC/1973 como no CPC/2015.

12) A legislação prevê uma segunda punição, qual seja, exige o DEPÓSITO do valor da multa
em juízo para que futuros recursos sejam recebidos. Essa sanção explicada no item "8.2" acima
aplica-se também para a Fazenda Pública?
 CPC/1973: SIM. O CPC/1973 não falava expressamente sobre a Fazenda Pública ao
tratar dessa sanção. Diante disso, o STJ entendia que, havendo condenação do Poder
Público ao pagamento da multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC/1973, a interposição
de qualquer outro recurso ficava condicionada ao depósito prévio do respectivo valor.
Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 553.788-DF, Rel. Min. Assusete
Magalhães, j. 16/10/2014 (Info 551).

O STF também decidiu assim:


É requisito de admissibilidade para interposição de recurso
extraordinário o recolhimento de multa imposta ao recorrente no
Tribunal “a quo”, com base no art. 557, § 2º, do CPC/1973,
exigência que se impõe inclusive à Fazenda Pública. STF. 2ª Turma.
ARE 931830 AgR/PB, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/8/2018
(Info 912).
 CPC/2015: NÃO. O § 5º do art. 1.021 do CPC/2015 afirma expressamente que não se
exige da Fazenda Pública o depósito prévio do valor da multa, podendo este
pagamento ser feito ao final:
Art. 1.021 (...)
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente
inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão
colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a
pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor
atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao
depósito prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que
farão o pagamento ao final.

14.2. Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga PAD – (Info 892)

Não cabe recurso extraordinário contra decisão do TST que julga processo administrativo
disciplinar instaurado contra magistrado trabalhista.
Compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as “causas” decididas em única
ou última instância (art. 102, III, da CF/88).
O vocábulo “causa” referido no inciso III do art. 102 da CF/88 só abrange processos judiciais,
razão pela qual é incabível a interposição de recursos extraordinários contra acórdãos
proferidos pelos Tribunais em processos administrativos, inclusive aqueles de natureza
disciplinar instaurados contra magistrados.
STF. 2ª Turma. ARE 958311/SP, rel. org. Min. Teori Zavaski, red.p/ac. Min. Gilmar Mendes,
j. 27/02/18 (Info 892).

14.3. Juntada extemporânea de prova documental em recursos interpostos no STF – (Info


850)

Como regra, não se admite a juntada extemporânea de prova documental em recursos


interpostos no STF. Assim, por exemplo, em regra, não se admite que, em um agravo
regimental no STF, seja juntado algum documento que já existia, mas que a parte não havia
trazido aos autos por omissão sua.
No entanto, em um caso concreto envolvendo uma apreciação de contas do TCE, o STF
relativizou esta proibição e admitiu que o Estado/agravante trouxesse aos autos cópia da
intimação do gestor público condenado. O STF considerou que, na situação concreta, o
interesse público indisponível presente na lide justifica que se admita a análise do
documento.
STF. 1ª Turma. ARE 916917 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/12/16 (Info 850).
OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: João, Presidente da Câmara Municipal, teve suas contas
rejeitadas pelo Tribunal de Contas de SP. Diante disso, ele ajuizou ação ordinária contra o
Estado de SP pedindo a anulação da decisão do TCE sob a alegação de que não foi intimado
para a sessão de julgamento na Corte de Contas, o que violou os princípios do contraditório e
da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF/88). O juiz julgou a ação improcedente, tendo a sentença
sido confirmada pelo TJSP. Contra o acórdão, João interpôs recurso extraordinário. No STF, o
Ministro Relator, de forma monocrática, deu provimento ao recurso extraordinário afirmando
que a SV 3 exige contraditório e ampla defesa nestes casos:
Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa
quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma
e pensão.
O Relator poderia ter decidido monocraticamente o RE? Existe previsão legal para isso? Em
tese, SIM. Veja o que diz o art. 932, V, "a", do CPC/2015:
Art. 932. Incumbe ao relator:
(...)
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Justiça ou do próprio tribunal;

Agravo: Contra esta decisão monocrática, o Estado de SP interpôs agravo regimental para a
Turma do STF da qual faz parte o Ministro. Obs: o CPC/2015 (art. 1.021) fala em "agravo
interno", mas o RISTF ainda utiliza a nomenclatura "agravo regimental" (art. 317). Veja a
redação do CPC:
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo
interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao
processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

No agravo, o Estado de SP juntou um documento que ainda não havia nos autos: cópia do
Diário Oficial que demonstra que houve a intimação de João e seus advogados. Desse modo,
ficou demonstrada que não era verdadeira a alegação do autor de que não havia sido intimado
para o julgamento no TCE.

O que decidiu o STF? É possível considerar este documento e, em razão disso, a decisão
monocrática ser reformada? SIM. A 1ª Turma do STF, por maioria, deu provimento ao agravo
regimental e reformou a decisão monocrática que havia anulado o acórdão do TCE. O próprio
Relator reformou sua decisão, tendo sido acompanhado pela maioria dos demais Ministros.

Inadmissibilidade da juntada de documentos nos recursos interpostos no STF: Como regra,


não se admite a juntada extemporânea de prova documental em recursos interpostos no STF.
No entanto, no caso concreto, o STF relativizou esta proibição, tendo em vista o interesse
público indisponível presente na lide consistente no interesse de toda a coletividade na
apreciação da higidez das contas dos gestores públicos. Por conta dessa peculiaridade,
admitiu-se a comprovação tardia de que a parte recorrida foi efetivamente intimada da sessão
de julgamento.

14.4. Cabimento de honorários advocatícios em julgamento de embargos de declaração por


Tribunais – (Info 829) – IMPORTANTE!!! – (Procurador Legislativo-Currais Novos/RN-2017)

Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do NCPC, é possível condenar a parte
sucumbente em honorários advocatícios na hipótese de o recurso de embargos de
declaração, interposto perante Tribunal, não atender os requisitos previstos no art. 1.022 e
tampouco se enquadrar em situações excepcionais que autorizem a concessão de efeitos
infringentes.
Obs: a doutrina entende que, mesmo com o NCPC, não cabem honorários advocatícios no
julgamento de embargos de declaração, seja em 1ª instância, seja nos Tribunais. Por todos:
Fredie Didier Jr e Leonardo Carneiro da Cunha.
STF. 1ª Turma. RE 929925 AgR-ED/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).

14.5. Art. 932, parágrafo único, do CPC não pode ser aplicado para o caso de recurso que não
tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida – (Info 829) –
IMPORTANTE!!!

O prazo de 5 dias previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos
em que seja necessário sanar vícios formais, como ausência de procuração ou de assinatura,
e não à complementação da fundamentação.
Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca todos os
fundamentos da decisão recorrida. Isso porque, nesta hipótese, seria necessária a
complementação das razões do recurso, o que não é permitido.
STF. 1ª Turma. ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/16 (Info 829).

14.6. INSS é dispensado do pagamento de porte de remessa e retorno – (Info 810)

Se o INSS interpuser um recurso, ele precisará pagar o porte de remessa e retorno (despesas
postais para o transporte do recurso)?
NÃO. O INSS é dispensado de pagar o porte de remessa e retorno mesmo nos processos
que tramitam na Justiça Estadual. Segundo decidiu o STF, o INSS é exonerado de recolher
o porte de remessa e retorno com base no § 1º do art. 511 do CPC 1973 (§ 1º do art. 1.007 do
CPC 2015).
O porte de remessa e retorno é uma despesa de serviço postal prestado pelos Correios
(empresa pública federal) e que é remunerada por tarifa (preço público). Desse modo, o
porte de remessa e retorno não tem natureza jurídica de taxa, não sendo uma taxa estadual.
Sendo o porte de remessa e retorno uma tarifa paga a uma empresa pública federal, o CPC,
que é uma lei federal, poderia, de forma válida, prever a sua dispensa para o INSS. Trata-
se de diploma editado pela União, a quem compete dispor sobre as receitas públicas
oriundas da prestação do serviço público postal.
O STF resumiu a solução da controvérsia por meio da seguinte frase: "Aplica-se o parágrafo
1º do artigo 511 do CPC, para dispensa de porte de remessa e retorno, ao exonerar o seu
respectivo recolhimento por parte do INSS”.
STF. Plenário. RE 594116/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/12/2015 (repercussão
geral) (Info 810).

14.7. Tempestividade do recurso interposto antes da decisão recorrida ter sido publicada –
(Info 776) – IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!!

Imagine que antes de o acórdão ser publicado no Diário de Justiça, o advogado da parte
soube da decisão e opôs embargos de declaração contra ela. Tais embargos são tempestivos?
O recurso contra a decisão que ainda não foi publicada é tempestivo segundo o STF?
SIM. Admite-se a interposição de embargos declaratórios oferecidos antes da publicação do
acórdão embargado e dentro do prazo recursal.
Se a parte tomar conhecimento do teor do acórdão antes de sua publicação e entender haver
omissão, contradição ou obscuridade, pode embargar imediatamente. Não há nada que
impeça isso. Não se pode dizer que o recurso é prematuro porque o prazo começa a correr
da data de intimação da parte, e a presença do advogado, a manifestar conhecimento do
acórdão, supre a intimação. Assim, se a parte se sentir preparada para recorrer
antecipadamente, pode fazê-lo.
Essa conclusão é reforçada pelo art. 1.024, § 5º do novo CPC.
Vale ressaltar que, por enquanto, o STJ tem entendimento em sentido contrário, conforme
se verifica pela Súmula 418.
STF. Plenário. AI 703269 AgR-ED-ED-EDv-ED/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/3/2015
(Info 776).

14.8. AGRAVO
14.8.1. Multa do § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) e justiça gratuita
(Info 808).

O § 2º do art. 557 do CPC 1973 (§ 4º do art. 1.021 do CPC 2015) prevê que, quando
manifestamente inadmissível ou improcedente o agravo, o tribunal condenará o agravante
a pagar ao agravado multa de
1% a 10% do valor corrigido da causa (CPC 1973)
1% a 5% do valor atualizado da causa (CPC 2015).

Essa multa é aplicada também para o beneficiário da justiça gratuita?


SIM. No entanto, há uma diferença de tratamento no caso:
• CPC 1973: a parte beneficiária da justiça gratuita não está isenta do pagamento da multa
do art. 557, § 2º do CPC 1973. Porém, o recolhimento da multa ficará suspenso por 5 anos
para ver se a parte conseguirá melhorar sua condição econômica e auferir recursos para pagar
a sanção, conforme prevê o art. 12 da Lei nº 1.060/50. Nesse sentido, decidiu o STF, 1ª Turma.
RE 775685 AgR-ED/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info 808). Na prática,
ela quase nunca irá pagar.
• CPC 2015: o novo CPC prevê no art. 98, § 4º que a concessão de gratuidade não afasta o
dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas.
STF. 1ª Turma. RE 775685 AgR-ED/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info
808).

14.9. Recurso apresentado em setor errado do Tribunal – (Info 800)

Se o advogado deu entrada no recurso, no último dia do prazo, no setor da contadoria do


Tribunal em vez de ser no protocolo, ainda assim o recurso terá que ser considerado
tempestivo. Isso porque o referido erro não pode ser atribuído exclusivamente ao advogado,
mas também ao setor da contadoria que recebeu a petição do recurso indevidamente.
STF. 1ª Turma. RE 755613 AgR-ED/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/9/15 (Info 800).

15. HONORÁRIOS RECURSAIS


15.1. Fixação de honorários recursais mesmo quando não há a apresentação de contrarrazões
ou contraminuta – (Info 841)

É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo
quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado da parte recorrida.
STF. 1ª Turma. AI 864689 AgR/MS e ARE 951257 AgR/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Edson Fachin, j. 27/09/16 (Info 841).
OBS:
Nos recursos em geral, se a parte recorrente perde, ela deverá ser condenada em honorários
advocatícios mesmo já tendo sido condenada em 1ª instância? SIM. Agora, com o NCPC, em
regra, existe condenação em honorários advocatícios para a parte que interpôs recurso, mas
sucumbiu. Esta previsão encontra-se no § 11 do art. 85 do CPC/2015:
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em
grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a
6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de
conhecimento.

Ex: João ajuizou ação contra Pedro, sendo o pedido julgado improcedente. O juiz condenou
João a pagar 10% de honorários advocatícios (§ 2º do art. 85). O autor não se conformou e
interpôs apelação, tendo o Tribunal de Justiça mantido a sentença e aumentado a condenação
em honorários para 15%, na forma do § 11 do art. 85.

Veja o que diz a doutrina sobre este importante § 11 do art. 85 do novo CPC:
"Esta é uma das principais inovações do CPC/2015. No CPC/1973,
em cada processo, havia uma única condenação em honorários. No
novo sistema, a cada recurso, há a majoração na condenação em
honorários – além daqueles já fixados anteriormente. 13.1. O teto
para a fixação dos honorários é o limite previsto no § 2º (20%, no caso
de particulares) e § 3º (3% a 20%, conforme a faixa, no caso da
Fazenda Pública). Ou seja, mesmo com a sucumbência recursal, o
teto de 20% de honorários não poderá ser ultrapassado. (...) 13.3. Ao
julgar o recurso, de ofício, o tribunal irá aumentar os honorários.
Assim, é possível que, no cotidiano, ocorra o seguinte: condenação
em 10% quando da sentença, majorada para 15% quando do acórdão
da apelação e para 20% quando do acórdão do recurso especial (por
ser esse o teto legal, como visto). Mas o mais provável é que ocorra
o seguinte: condenação em 10% quando da sentença, majorada para
20% quando do acórdão da apelação e mantida nesses 20% quando
do acórdão de eventual recurso especial (exatamente por ser o teto
legal). 13.4. Em virtude de quais recursos deve ser aplicada a
sucumbência recursal? Seriam todos os recursos previstos no artigo
994 do CPC/2015? Como o § 11 destaca “tribunal”, é de se concluir
que não há a aplicação em 1º grau. Assim, quando dos embargos
de declaração da interlocutória ou sentença, descabe aplicar
honorários recursais." (DELLORE, Luiz. Comentários ao art. 85 do
CPC. Teoria geral do processo: comentários ao CPC de 2015 - Parte
Geral. São Paulo: Método, 2015, p. 298-299).

Essa nova previsão tem dois objetivos principais:


1º) Remunerar o trabalho do advogado que terá que atuar também
na fase de recurso;
2º) Desestimular a interposição de recursos, considerando que,
agora, se eles forem improvidos, o recorrente terá que pagar
honorários advocatícios, o que não existia antes.

Nesse sentido:
O § 11 do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015 tem dupla
funcionalidade, devendo atender à justa remuneração do patrono
pelo trabalho adicional na fase recursal e inibir recursos
provenientes de decisões condenatórias antecedentes. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 370.579/RJ, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 23/06/2016.

Se a parte recorrida não apresentar contrarrazões ao recurso, mesmo assim a parte recorrente
que perdeu terá que pagar honorários advocatícios recursais? Ex: João recorreu contra a
sentença; Pedro foi intimado, mas não apresentou contrarrazões ao recurso; João terá que
pagar honorários recursais mesmo não tendo havido contrarrazões? SIM. É o que foi decidido
no Info 841 do STF.

16. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


16.1. Não cabem embargos de declaração contra decisão de presidente do tribunal que não
admite recurso extraordinário – (Info 886) – IMPORTANTE!!!

Não cabem embargos de declaração contra a decisão de presidente do tribunal que não
admite recurso extraordinário.
Por serem incabíveis, caso a parte oponha os embargos, estes não irão suspender ou
interromper o prazo para a interposição do agravo do art. 1.042 do CPC/2015.
Como consequência, a parte perderá o prazo para o agravo.
Nas palavras do STF: os embargos de declaração opostos contra a decisão de presidente do
tribunal que não admite recurso extraordinário não suspendem ou interrompem o prazo
para interposição de agravo, por serem incabíveis.
STF. 1ª Turma. ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 28/11/17
(Info 886).
OBS:
Interposição de recurso extraordinário: A parte que deseja interpor um Recurso Extraordinário
(RE) deve protocolizar este recurso no juízo a quo (recorrido) e não diretamente no juízo ad
quem (STF). Ex: TJDFT profere acórdão, por unanimidade, em apelação, afirmando que é
inconstitucional a união poligâmica pretendida por “A”, “B” e “C”. Nesta hipótese, as partes
poderão interpor recurso extraordinário contra esta decisão, a ser julgado pelo STF, com base
no art. 102, III, “a”, da CF/88. O RE deverá ser protocolizado no próprio TJDFT. O recorrido
será intimado para apresentar suas contrarrazões. Após, o Presidente do Tribunal (ou Vice-
Presidente, a depender do regimento interno), em decisão monocrática, irá fazer um juízo de
admissibilidade do recurso.
 Se o juízo de admissibilidade for positivo, significa que o Presidente do Tribunal
entendeu que os pressupostos do RE estavam preenchidos e, então, remeterá o recurso
para o STF.
 Se o juízo de admissibilidade for negativo, significa que o Presidente do Tribunal
entendeu que algum pressuposto do RE não estava presente e, então, ele não admite o
recurso.

O que a parte pode fazer caso o Presidente do Tribunal não admita o recurso extraordinário?
Qual é o recurso cabível contra essa decisão? Agravo. Mas qual agravo?
1) Se a inadmissão do Presidente do Tribunal de origem foi com base no inciso I do
art. 1.030 do CPC: cabe agravo interno, que será julgado pelo próprio Tribunal de
origem.
2) Se a inadmissão foi com fundamento no inciso V do art. 1.030: cabe "agravo em
recurso especial e extraordinário", recurso previsto no art. 1.042 do CPC/2015.

A parte poderá opor embargos de declaração contra a decisão do Presidente do Tribunal que
não admite recurso extraordinário? NÃO. O STF entende que são incabíveis embargos de
declaração contra decisão do Presidente do Tribunal de origem que não admite recurso
extraordinário.

Sabe qual é a gravidade disso? A parte terá perdido o prazo para interpor o agravo.

Mas os embargos de declaração não interrompem o prazo para a interposição dos demais
recursos? Em regra, sim. Mas neste caso a jurisprudência do STF afirma que não considerando
o fato de que os embargos de declaração são manifestamente incabíveis. Vamos entender com
um exemplo:
- Em 02/2/17, o Presidente do TJ não admitiu o recurso
extraordinário interposto por João.
- João, em vez de interpor logo o agravo, resolveu opor embargos de
declaração contra essa decisão monocrática do Presidente do
Tribunal alegando que havia uma omissão, por exemplo. Esses
embargos foram opostos em 07/2/17.
- O que acontecerá: o Presidente do TJ não irá conhecer dos
embargos alegando que eles são incabíveis. Suponhamos que essa
decisão foi proferida em 04/4/17.
- João foi intimado, e agora sim interpôs agravo para tentar reverter
a decisão e fazer com que o recurso extraordinário seja conhecido.
Ele interpôs o agravo em 05/4/17.
- O agravo não será conhecido por intempestividade.
- João argumentará que, quando opôs os embargos de declaração, o
seu prazo recursal para o agravo foi interrompido e que recomeçou
a contar quando ele foi intimado da decisão dos embargos.
- Ocorre que esse argumento não é aceito pela jurisprudência.
- Para o STF, a oposição de embargos de declaração contra a decisão
do Presidente do Tribunal de origem que não admitiu o recurso
extraordinário, por ser incabível, não suspende ou interrompe o
prazo para a interposição do agravo.
- Isso significa que o processo transitou em julgado e que o mérito
do RE não será apreciado pelo STF.

Na prática, essa é uma “armadilha” que muitos advogados infelizmente acabam se


envolvendo. Isso porque existe uma ideia de que cabem embargos de declaração contra toda e
qualquer decisão. Na verdade, a própria redação do CPC fala isso. Veja:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão
judicial para: (...)
Contudo, a situação acima explicada (decisão que não admite recurso extraordinário) é uma
exceção à regra.

E o STJ? O STJ tem um entendimento parecido:


 Em regra: não cabem embargos de declaração contra a decisão de presidente do
tribunal que não admite recurso especial.
 Exceção: é possível a interposição dos embargos se a decisão do presidente do
tribunal de origem for tão genérica, que não permita sequer a interposição do
agravo. Trata-se, contudo, de um risco muito grande a ser enfrentado pelo advogado.

(...) 1. A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que o agravo


em recurso especial é o único recurso cabível contra decisão que
nega seguimento a recurso especial. Assim, a oposição de embargos
de declaração não interrompe o prazo para a interposição de ARESP.
Precedentes.
2. Excepcionalmente, nos casos em que a decisão for proferida de
forma bem genérica, que não permita sequer a interposição do
agravo, caberá embargos. (...)
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1143127/RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 28/11/2017.

16.2. Não cabem para corrigir erros de julgamento – (Info 785)

Os embargos de declaração não se prestam a corrigir possíveis erros de julgamento.


STF. Plenário. RE 194662 Ediv-ED-ED/BA, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o
acórdão Min. Marco Aurélio, j. 14/5/15 (Info 785).

17. RECURSO EXTRAORDINÁRIO


17.1. Possibilidade de apreciação do recurso extraordinário com repercussão geral mesmo
que, no caso concreto, tenha havido prejudicialidade do tema discutido – (Info 880) –
IMPORTANTE!!!

Determinado indivíduo ingressou com pedido de registro para concorrer às eleições de


Prefeito sem estar filiado a partido político (candidatura avulsa).
O pedido foi indeferido em todas as instâncias e a questão chegou até o STF por meio de
recurso extraordinário. Ocorre que, quando o STF foi apreciar o tema, já haviam sido
realizadas as eleições municipais. Diante disso, suscitou-se que o recurso estava
prejudicado.
O STF reconheceu que, na prática, realmente havia uma prejudicialidade do recurso tendo
em vista que as eleições se encerraram. No entanto, o Tribunal decidiu superar a
prejudicialidade e atribuir repercussão geral à questão constitucional discutida dos autos.
Isso significa que o STF admitiu o processamento do recurso e em uma data futura irá
examinar o mérito do pedido, ou seja, se podem ou não existir candidaturas avulsas no
Brasil.
Entendeu-se que o mérito do recurso deveria ser apreciado tendo em vista sua relevância
social e política.
STF. Plenário. ARE 1054490 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 5/10/17 (Info 880).
OBS:
Candidaturas avulsas: Candidatura avulsa é aquela apresentada por um indivíduo que não é
filiado a partido político ou que, mesmo sendo filiado, o partido não o escolhe como sendo
candidato oficial da agremiação.
Ex1: João não é filiado a partido político, mas deseja ser candidato a Presidente da República.
Se o ordenamento jurídico permitisse, ele poderia apresentar uma “candidatura avulsa”, ou
seja, sem que tenha partido político o apoiando.
Ex2: Pedro é filiado ao Partido da Esperança. Na convenção partidária, a agremiação escolhe
Carlos como sendo o candidato do partido à Presidência da República. Pedro não se conforma
e lança sua “candidatura avulsa” ao cargo de Presidente.
As candidaturas avulsas são permitidas no Brasil? NÃO. Ao contrário de outros países, o
Brasil não admite a existência de candidaturas avulsas. Isso porque a Constituição Federal
exige, como um dos requisitos de elegibilidade, a filiação partidária:
Art. 14 (...) § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: (...)
V - a filiação partidária;

No mesmo sentido é o Código Eleitoral:


Art. 87. Somente podem concorrer às eleições candidatos registrados
por partidos.

Imagine agora a seguinte situação: Em 2016, Rodrigo e Rafael fizeram requerimento ao juiz
eleitoral pedindo o registro de suas candidaturas autônomas aos cargos de Prefeito e Vice-
Prefeito do Município do Rio de Janeiro, sem filiação partidária. Em outras palavras, eles
pediram para concorrer às eleições mesmo sem estarem filiados a partidos políticos. O juiz
julgou o pedido improcedente argumentando que “no atual sistema brasileiro, a filiação
partidária é um dos requisitos de elegibilidade, nos termos do art. 14, 3º, V, da Constituição
Federal”. Os requerentes recorreram ao TRE que, no entanto, manteve a sentença. Ainda
inconformados, os autores interpuseram recurso especial ao TSE, também desprovido. Por fim,
contra o acórdão do TSE, os requerentes ingressaram com recurso extraordinário ao STF. Os
recorrentes sustentam a tese de que o art. 14, § 3º, V, da CF/88 deve ser reinterpretado agora à
luz da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), que
estabelece como direito de todos os cidadãos “votar e ser eleitos em eleições periódicas
autênticas, realizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garanta a livre
expressão da vontade dos eleitores”. Assim, argumentam que as candidaturas avulsas são
permitidas pelo Pacto de San Jose da Costa Rica. O recurso chegou ao STF somente em 2017,
ou seja, após as eleições municipais terem sido realizadas. Dessa forma, pode-se dizer que o
pedido dos autores contido no recurso (deferimento do registro da candidatura) perdeu sua
utilidade. Isso porque ainda que o recurso fosse julgado provido, a eleição já teria se passado
e os autores não concorreram. Logo, mesmo que eles tenham sucesso no RE, tal decisão não irá
melhorar a sua situação no caso concreto.

Diante disso, o STF debateu a seguinte questão preliminar: deverá ser reconhecida a
prejudicialidade (“perda do objeto”) deste RE, com a consequente extinção do processo sem
julgamento do mérito? NÃO. O STF reconheceu que, na prática, realmente havia uma
prejudicialidade do recurso tendo em vista que as eleições se encerraram. No entanto, o
Tribunal decidiu superar a prejudicialidade e atribuir repercussão geral à questão
constitucional discutida dos autos. Isso significa que o STF admitiu o processamento do
recurso e em uma data futura irá examinar o mérito do pedido, ou seja, se podem ou não existir
candidaturas avulsas no Brasil.

Qual foi o argumento do STF para superar a prejudicialidade? A relevância social e política do
tema discutido e a interpretação teleológica do art. 998, parágrafo único, do CPC/2015, que
confere primazia à análise da questão que tenha repercussão geral em relação aos aspectos
formais do recurso. Assim, o STF entendeu que, muito embora a situação concreta do
recorrente esteja prejudicada — em razão do esgotamento do pleito municipal de 2016 —,
deve-se examinar o mérito do recurso tendo em vista sua relevância social e política. Ademais,
o Min. Roberto Barroso argumentou que, como o pedido de registro de candidatura é feito 6
meses antes do pleito, seria muito difícil ou praticamente impossível que esta discussão
chegasse ao STF antes da realização das eleições. Dessa forma, a despeito da discussão do caso
concreto estar prejudicada, deveria ser permitido o exame do tema pelo STF. STF. Plenário.
ARE 1054490 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/10/2017 (Info 880).

Ampliação do parágrafo único do art. 998 do CPC: Vale ressaltar que o CPC/2015 permite que
o STF analise o tema da repercussão geral mesmo que haja desistência do recurso. Confira:
Art. 998. (...)
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de
questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela
objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais
repetitivos.

No caso agora, temos uma espécie de ampliação deste parágrafo único para também admitir a
análise da questão mesmo que o tema concreto discutido no recurso extraordinário tenha
“perdido o objeto” (perdido o interesse recursal).

17.2. Possibilidade de renúncia ao direito mesmo em fase de recurso extraordinário ainda


não julgado – (Info 825)

É possível reconhecer, também na instância extraordinária, a possibilidade da homologação


do pedido de renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação, quando postulado por
procurador habilitado com poderes específicos, desde que anterior ao julgamento final do
recurso extraordinário.
STF. 2ª Turma. RE 514639 QO/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/5/2016 (Info 825).
OBS:
Imagine a seguinte situação: A empresa "X" ingressou com ação contra o Estado-membro a fim
de discutir a cobrança de ICMS sobre determinada operação. O processo, após ser julgado pelas
instâncias inferiores, chegou ao STF por meio de recurso extraordinário. Dois Ministros
proferiram votos e um terceiro pediu vista, suspendendo o julgamento. A empresa apresentou,
então, petição renunciando ao direito e pedindo o fim do processo, nos termos do art. 487, III,
"c", do CP 2015:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


III - homologar:
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

É possível o pedido de renúncia mesmo o processo já estando em fase de recurso


extraordinário? SIM. Com base nessa orientação, a 2ª Turma do STF homologou pedido de
renúncia ao direito sobre o qual se fundava a ação formulado pela empresa requerente.

17.3. Reconhecida a repercussão geral, não é mais possível que as partes desistam do
processo – (Info 797) – IMPORTANTE!!!

Um dos pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário é a repercussão geral.


Desse modo, para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente demonstre a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso.
Antes do STF apreciar o mérito do recurso, ele primeiro decide se aquele determinado tema
discutido possui repercussão geral.
É comum que essa decisão reconhecendo a existência de repercussão geral seja proferida
em uma data e somente meses ou até anos depois é que o STF aprecia o mérito do recurso.
O STF decidiu que, uma vez reconhecida a repercussão geral da questão constitucional
discutida no caso, não é mais possível às partes a desistência do processo.
O novo CPC permite que a parte desista, mas afirma que a questão cuja repercussão geral foi
reconhecida continuará sendo analisada. Veja:
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão
geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários
ou especiais repetitivos.
STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/9/2015 (Info 797).

17.4. Não cabimento de decisão monocrática do relator – (Info 788)


O recurso extraordinário é inadmissível quando interposto após decisão monocrática
proferida pelo relator, haja vista não esgotada a prestação jurisdicional pelo tribunal de
origem. Aplica-se, no caso, o enunciado 281 do STF:
Súmula 281-STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na justiça de
origem, recurso ordinário da decisão impugnada.
STF. 2ª Turma. ARE 868922/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 2/6/2015 (Info 788).

17.5. Julgamento por amostragem e recurso extraordinário – (Info 737)

O ato do Presidente do STF ou do Ministro Relator que determina o retorno do recurso


extraordinário ao tribunal de origem para que lá fique sobrestado enquanto o STF analisa
a existência de repercussão geral (art. 543-B, do CPC) NÃO possui lesividade que justifique
a impetração de mandado de segurança. Isso porque o tema ainda será apreciado pelo STF
e a solução adotada também será aplicada ao processo devolvido.
STF. Plenário. MS 32485 AgR/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/2/2014 (Info 737)

17.6. É possível recurso extraordinário contra decisão do STJ que homologa sentença
estrangeira, desde que haja afronta a CF/88 – (Info 735)

É possível o controle das decisões homologatórias de sentenças estrangeiras proferidas pelo


STJ mediante recurso extraordinário. No entanto, é necessário rigor no exame da alegação
de afronta à Constituição nessas hipóteses (art. 102, II, “a”, da CF/88), sob pena de criação
de nova instância revisional.
STF. Plenário. RE 598770/República Italiana, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2014 (Info 735)

18. JULGAMENTO POR AMOSTRAGEM DO RESP E RE


18.1. A suspensão dos processos em virtude de reconhecimento de repercussão geral (§ 5º
do art. 1.035 do CPC) pode ser aplicada para processos criminais – (Info 868) – IMPORTANTE!!!

O § 5º do art. 1.035 do CPC/2015 preconiza:


§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo
Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de
todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que
versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

O STF fixou as seguintes conclusões a respeito desse dispositivo:


a) a suspensão prevista nesse § 5º não é uma consequência automática e necessária do
reconhecimento da repercussão geral. Em outras palavras, ela não acontece sempre. O
Ministro Relator do recurso extraordinário paradigma tem discricionariedade para
determiná-la ou modulá-la;
b) a possibilidade de sobrestamento se aplica aos processos de natureza penal. Isso significa
que, reconhecida a repercussão geral em um recurso extraordinário que trata sobre matéria
penal, o Ministro Relator poderá determinar o sobrestamento de todos os processos
criminais pendentes que versem sobre a matéria;
c) se for determinado o sobrestamento de processos de natureza penal, haverá,
automaticamente, a suspensão da prescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes que
forem objeto das ações penais sobrestadas. Isso com base em uma interpretação conforme
a Constituição do art. 116, I, do Código Penal;
d) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com
fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais ou procedimentos
investigatórios conduzidos pelo Ministério Público;
e) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com
fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá ações penais em que haja réu preso
provisoriamente;
f) em qualquer caso de sobrestamento de ação penal determinado com fundamento no art.
1.035, § 5º, do CPC, poderá o juízo de piso, no curso da suspensão, proceder, conforme a
necessidade, à produção de provas de natureza urgente.
STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/2017 (Info 868).

19. REPERCUSSÃO GERAL


19.1. É possível a rediscussão da repercussão geral no Plenário físico mesmo tendo sido
reconhecida previamente no Plenário Virtual – (Info 845) – IMPORTANTE!!!

O reconhecimento da repercussão geral no Plenário Virtual não impede sua rediscussão no


Plenário físico, notadamente quando tal reconhecimento tenha ocorrido por falta de
manifestações suficientes.
STF. Plenário. RE 584247/RR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 27/10/2016 (Info 845).
OBS:
NOÇÕES GERAIS SOBRE A REPERCUSSÃO GERAL
Natureza jurídica: A repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade do recurso
extraordinário. Para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente demonstre a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso. Desse modo, o STF não
conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não oferecer
repercussão geral. A repercussão geral é o último requisito de admissibilidade do RE a ser
analisado. Assim, só será analisado se o RE possui repercussão geral se não for caso de
inadmissibilidade do recurso por outra razão (art. 323 do RISTF).

Previsão: A repercussão geral está prevista no § 3º do art. 102 da CF/88, no art. 1.035 CPC/2015
e no Regimento Interno do STF (RISTF):
Art. 102 (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da
lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo
recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá


do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver
repercussão geral, nos termos deste artigo.

A exigência da repercussão geral foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro pela EC


45/04.

Mas qual é o sentido dessa expressão "repercussão geral"? Diz-se que há repercussão geral no
recurso extraordinário quando nele estão sendo discutidas questões relevantes sob o ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassam os interesses subjetivos da causa.

Finalidade: O objetivo da exigência da “repercussão geral” foi o de evitar que o STF julgasse
recursos extraordinários de menor relevância, contribuindo, assim, para a redução do volume
de processos na Corte.

Repercussão geral como sinônimo de casos repetitivos: repercussão geral, como vimos acima,
é um pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário. Essa é a sua natureza jurídica
por força de lei. No entanto, na prática, observamos também que se utiliza a expressão
"repercussão geral" como sinônima de recurso extraordinário repetitivo (art. 1.036 do CPC).

Assim, algumas vezes o STF, por meio de seu Plenário, julga um recurso extraordinário
repetitivo e fixa uma tese que vale para todos os casos semelhantes que estavam aguardando
a posição da Corte. Neste caso, na prática, diz-se que o STF julgou um recurso extraordinário
"sob o rito da repercussão geral" (ou sob a sistemática da repercussão geral). O mais "correto"
seria dizer que foi julgado um recurso extraordinário repetitivo, mas esta não é a nomenclatura
empregada na prática. Portanto, não confunda:
 repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade de todo RE. Isso significa que
todo RE, para ser conhecido, deve ter repercussão geral. Como regra, tais recursos são
julgados por uma das Turmas do STF.
 alguns recursos extraordinários tratam de matérias que também estão presentes em
inúmeros outros processos (recursos extraordinários repetitivos). Neste caso, deve-se
adotar o procedimento do art. 1.036 e ss do CPC e quem irá julgar o recurso é o Plenário
do STF, fixando uma tese que irá valer para todos os demais feitos. Na prática, fala-se
em recurso extraordinário julgado sob a sistemática da repercussão geral.

Essa exigência da repercussão geral aplica-se também para recursos extraordinários que
versem sobre matéria criminal? SIM. O requisito constitucional da repercussão geral aplica-se
aos recursos extraordinários em geral, incluindo também as causas criminais (STF. Plenário.
AI 664567 QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 18/06/2007).

Quem deverá demonstrar a existência da repercussão geral? O recorrente. Assim, a parte que
interpõe o recurso extraordinário deverá apresentar as razões pelas quais aquele recurso
possui repercussão geral e, portanto, deve ser conhecido pelo STF. O CPC/1973 exigia que o
recorrente demonstrasse a repercussão geral em forma de preliminar do recurso. O CPC/2015
dispensou esta exigência e, por isso, o recorrente poderá demonstrar a repercussão geral sem
maiores formalidades, em qualquer parte do recurso. Nesse sentido:
Enunciado 224-FPPC: A existência de repercussão geral terá de ser demonstrada
de forma fundamentada, sendo dispensável sua alegação em preliminar ou em
tópico específico.

Apesar do enunciado acima, entendo recomendável que o recorrente abra um tópico específico
para tratar sobre a repercussão geral, até porque o Regimento Interno do STF possui previsão
que exige manifestação formal e fundamentada do recorrente (art. 327).

Fundamento utilizado pelo STF para reconhecer a repercussão geral: O STF pode reconhecer
que há repercussão geral com base em razões diferentes daquelas alegadas pela parte
recorrente, ou seja, a fundamentação apresentada pelo recorrente para demonstrar que existe
repercussão geral não vincula o STF, podendo o Tribunal admiti-lo por fundamento diverso.
Ex: o recorrente diz que há repercussão geral sob o ponto de vista econômico e o STF entende
que não, mas existe repercussão sob o prisma social.

Demonstração de repercussão geral mesmo se o tema já foi enfrentado pelo STF: Se o STF já
reconheceu a existência de repercussão geral em outros recursos que tratam sobre o mesmo
tema, ainda assim o recorrente deverá abrir um tópico para justificar a existência de
repercussão geral? SIM. É indispensável esse capítulo específico de repercussão geral mesmo
que a matéria já tenha sido reconhecida em processo diverso. Em outras palavras, ainda que o
STF já tenha afirmado em outros processos que aquele tema possui repercussão geral, deverá
o recorrente abrir um tópico explicando isso.

Presunção absoluta de repercussão geral: O art. 1.035, § 3º e o art. 987, § 1º do CPC/2015


preveem três hipóteses nas quais há presunção absoluta da existência de repercussão geral.
Assim, haverá repercussão geral sempre que o recurso extraordinário interposto estiver
impugnando um acórdão que tenha:
1) contrariado súmula ou jurisprudência dominante do STF;
2) reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal (respeitada a reserva de
plenário).
3) julgado o mérito de incidente de resolução de demandas repetitivas.

Mesmo assim, é recomendável que o recorrente explique que existe a repercussão geral porque
o caso em questão trata sobre uma dessas hipóteses acima.

Intervenção de terceiros: O CPC prevê que o Relator do RE poderá admitir, na análise da


repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos
do Regimento Interno do STF (art. 1.035, § 4º). Dessa feita, é possível a intervenção de amicus
curiae no procedimento de análise da repercussão geral em recurso extraordinário.
EXAME DA REPERCUSSÃO GERAL
Quem examina se há ou não repercussão geral? O STF (exclusivamente ele). O tribunal a quo
não pode negar seguimento ao recurso extraordinário sob o argumento de que não há
repercussão geral.

Quórum: Para que o STF recuse o recurso extraordinário por ausência de repercussão geral, é
necessário o voto de, no mínimo, 2/3 dos Ministros (2/3 de 11 = 8 Ministros). Assim, se apenas
7 Ministros ou menos decidirem que não há repercussão geral, o recurso será conhecido. A
doutrina afirma, portanto, que existe uma presunção de que todos os recursos extraordinários
possuem repercussão geral, presunção esta que só pode ser afastada pelo voto de, no mínimo,
8 Ministros.

Qual órgão do STF decide se há repercussão geral? Em regra, é o Plenário. No entanto, se a


Turma (1ª ou 2ª) decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos,
ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário para deliberar sobre a repercussão geral. A
razão disso é muito simples: o STF só pode dizer que não há repercussão geral pelo voto de,
no mínimo, 8 Ministros. Como na Corte, há 11 Ministros, se 4 afirmam que há repercussão
geral, sobram apenas 7 votos, o que seria insuficiente para afastar a repercussão geral.

Se o STF entender que há repercussão: o RE será conhecido e o Tribunal irá examinar o mérito
do recurso.

Se o STF entender que não há repercussão: o RE não será conhecido.

Recurso contra a decisão do STF que não conhece o RE por ausência de repercussão geral: não
há. Trata-se de decisão irrecorrível.

Decisão vale para todos os recursos sobre matéria idêntica: se for negada a existência da
repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão
indeferidos liminarmente.

PLENÁRIO VIRTUAL DO STF


Impossibilidade de o Plenário se reunir presencialmente: Se o Plenário do STF fosse se reunir
presencialmente para apreciar a existência de todos os recursos extraordinários que chegam na
Corte, isso iria abarrotar a pauta, tornando inviável o funcionamento do Tribunal. Pensando
nisso, idealizou-se uma forma mais prática de os Ministros apreciarem conjuntamente se existe
ou não repercussão geral: o julgamento eletrônico por meio de um "Plenário virtual".

Como funciona antes de o RE chegar até o Plenário virtual: O Relator sorteado examina se
estão presentes os pressupostos de admissibilidade do RE (exs: tempestividade, preparo,
legitimidade etc.).
1) Se estiver faltando algum, o RE será inadmitido.
2) Se estiverem todos presentes, faltará ainda examinar a repercussão geral. Aqui surgem
quatro opções:
2.1) o RE interposto trata de matéria idêntica a outro RE no qual o STF afirmou que não existe
repercussão geral: neste caso, o Relator aplica o precedente e reafirma que não existe
repercussão geral (salvo se a tese tiver sido revista ou estiver em procedimento de revisão);
2.2) o RE interposto trata de matéria idêntica a outro RE no qual o STF afirmou que existe
repercussão geral: neste caso, o Relator aplica o precedente e reafirma que existe repercussão
geral;
2.3) o RE interposto trata sobre matéria na qual há presunção absoluta de repercussão geral;
2.4) não sendo nenhuma das hipóteses dos itens 2.1, 2.2 ou 2.3, a análise será levada ao Plenário
virtual.

Plenário virtual: Não sendo nenhuma das hipóteses dos itens 2.1, 2.2 ou 2.3 acima listados, o
Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais Ministros, cópia de sua manifestação sobre
a existência, ou não, de repercussão geral. Isso significa que o Relator entra no sistema
informatizado do STF e insere sua manifestação. Ex: "Trata-se de recurso extraordinário contra
acórdão... Penso que existe repercussão geral porque...". Os demais Ministros também
possuem acesso ao sistema informatizado e, a partir do momento em que o Relator inserir seu
posicionamento, eles terão um prazo de 20 dias para analisar e para encaminhar, também por
meio eletrônico, manifestação sobre a questão da repercussão geral. Exs: "De acordo com o
Relator"; "Com a devida vênia, penso que não existe repercussão geral porque..."
 Se 8 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que não há repercussão geral: o RE
não será conhecido.
 Se 4 ou mais Ministros se manifestarem dizendo que há repercussão geral: o RE será
conhecido.

Obs: repito que a decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível.

Os Ministros são "obrigados" a se manifestar neste prazo de 20 dias? O que acontece se


nenhum ou poucos Ministros se manifestarem? Ex: o Relator se manifesta dizendo que há
repercussão geral, um Ministro o acompanha e outro diverge.
 Regra: neste caso, haverá um reconhecimento tácito ou implícito da existência da
repercussão geral. Em outras palavras, se, em 20 dias, não houver no mínimo 8 votos
negando a existência do requisito, isso significa que o Plenário virtual reconheceu a
existência da repercussão geral. Isso está previsto no regimento interno do STF:
Art. 324 (...) § 1º Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do
recurso, reputar-se-á existente a repercussão geral.

 Exceção: se o Relator, em sua manifestação no Plenário virtual, afirmar que o recurso


não deve ser conhecido porque a matéria nele tratada é de natureza
infraconstitucional, neste caso, a ausência de pronunciamento dos Ministros no prazo
de 20 dias será considerada como manifestação de inexistência de repercussão geral
(art. 324, § 2º do RISTF).

O que acontece depois de o Plenário Virtual decidir que há repercussão geral? Ele já irá julgar
diretamente o mérito?
 Regra: NÃO. Depois de ser reconhecida a repercussão geral, o Relator irá levar o seu
voto quanto ao mérito para julgamento da Turma ou do Plenário (físico).
 Exceção: se o Relator estiver em seu voto apenas reafirmando a jurisprudência
dominante do STF, o julgamento deste recurso também poderá ser realizado por meio
eletrônico (art. 323-A do RISTF).

Obs: em concursos públicos, nunca vi este assunto ser cobrado com tanta profundidade, como
as exceções que coloquei acima. Portanto, preocupe-se em entender as regras gerais.

Imagine que, no Plenário Virtual, 7 Ministros concluíram que havia repercussão geral. Como
se passou o prazo de 20 dias, houve reconhecimento implícito da existência do requisito.
Chegando, contudo, no Plenário físico, 10 Ministros se manifestaram expressamente
afirmando que, no caso concreto, não existe repercussão geral. Isso é possível? SIM. É o que
foi decidido pelo STF no Info 845. Daniel Assumpção Neves concorda com essa decisão do STF
e afirma que, mesmo a repercussão geral tendo sido reconhecida pelo Plenário Virtual, é
possível que seja posteriormente afastada em sessão presencial. Isso porque a repercussão
geral é "um pressuposto de admissibilidade específico do recurso extraordinário, e o juízo de
admissibilidade recursal não preclui por tratar-se de matéria de ordem pública." (NEVES,
Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 1.756).

O julgamento da repercussão geral por meio do Plenário Virtual é constitucional? SIM. Não
há violação ao art. 93, IX, da CF/88 pelo fato de o julgamento poder ser tácito ou implícito. Isso
porque "a existência de repercussão geral é presumida, somente deixando de existir em caso
de manifestação de pelo menos 8 ministros do STF. A manifestação tácita confirma a presunção
já existente, não ofendendo a exigência constitucional de fundamentação explícita." (DIDIER
JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3,
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 370). O julgamento sobre a repercussão geral no Plenário Virtual
não ocorre em sessão pública, com debates, discussões, sustentação oral. Mesmo assim, não há
inconstitucionalidade porque o que violaria a Constituição seria a existência de um julgamento
secreto, sem publicidade (art. 93, IX, da CF/88). No entanto, o julgamento pelo Plenário Virtual
não é secreto. Ao contrário, todas as manifestações são juntadas ao processo e o teor da decisão
é publicado no Diário Oficial. Além disso, o interessado poderá acompanhar a votação em
tempo real no site do STF.

Como posso conceituar Plenário Virtual? Desse modo, o Plenário Virtual é uma sistemática
adotada pelo STF por meio do qual os Ministros julgam se há ou não repercussão geral nos
recursos extraordinários interpostos. No Plenário virtual as manifestações são feitas de forma
eletrônica, sem a necessidade que os Ministros se reúnam presencialmente, o que visa a
otimizar os trabalhos. No Plenário Virtual, a critério do Relator, também poderão ser julgados
agravos regimentais e embargos de declaração.

20. RECLAMAÇÃO
20.1. Necessidade de esgotamento das instâncias para alegar violação à decisão do STF que
decidiu pela constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 – (Infos 882 e 888) –
ATENÇÃO!!! ADVOCACIA PÚBLICA!!! – (DPEAP-2018)

Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é
constitucional.
Várias decisões da Justiça do Trabalho continuaram entendendo de forma diferente do art.
71, § 1º. Contra essas decisões, o Poder Público ajuizava diretamente reclamações no STF,
que era obrigado a recebê-las considerando que de uma decisão, até mesmo de 1ª instância,
que viola o que o STF deliberou em sede de ADI, ADC ou ADPF, cabe reclamação.
Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é
constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF, submetido à
sistemática da repercussão geral.
O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da tese fixada na
ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser ajuizar reclamação discutindo
o tema, deverá fazê-lo alegando violação ao RE 760931/DF (e não mais à ADC 16).

Qual a desvantagem disso para o Poder Público:


• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em ADI, ADC, ADPF: cabe
reclamação mesmo que a decisão “rebelde” seja de 1ª instância. Não se exige o esgotamento
de instâncias.
• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso extraordinário sob
a sistemática da repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se o esgotamento das
instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do CPC/2015).
Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar
reclamação discutindo esse tema.
STF. 1ª Turma. Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 17/10/17 (Info 882).
STF. 1ª Turma. Rcl 28623 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 12/12/17 (Info 888).
OBS:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

Agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar reclamação.
Isso porque, como vimos, reclamação contra decisão em recurso extraordinário exige
esgotamento das instâncias ordinárias, ao contrário de reclamação contra decisão em ADC.
Perceba, portanto, que para o STF foi um ótimo negócio ter “substituído” a eficácia da decisão
da ADC pela decisão no RE, considerando que o Poder Público terá que interpor uma série de
recursos para poder ajuizar a reclamação, diminuindo o número de novos processos no
Supremo.
20.2. Não existe reclamação preventiva – (Info 845)

Não é cabível a propositura de reclamação preventiva.


A reclamação não tem caráter preventivo, de modo que não serve para impedir a eventual
prática de decisão judicial ou ato administrativo.
O ajuizamento da reclamação pressupõe a existência de um ato que efetivamente já tenha
usurpado a competência do Tribunal, violado a autoridade de alguma de suas decisões que
possua efeito vinculante ou incidido em alguma das outras hipóteses de cabimento deste
instituto.
STF. Decisão monocrática. Rcl 25310 MC, Rel. Min. Celso de Mello, j. 03/10/16 (Info 845).
STF. Plenário. Rcl 4058 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 17/02/2010.
OBS:
O que é a reclamação? Reclamação é uma...
- ação
- proposta pela parte interessada ou pelo MP
- com o objetivo cassar uma decisão judicial ou um ato administrativo que tenha violado:
a) a competência de um tribunal (Tribunal de 2º grau ou Tribunal Superior);
b) a autoridade de uma decisão do tribunal (Tribunal de 2º grau ou Tribunal Superior);
d) súmula vinculante;
e) decisão do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
f) acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
incidente de assunção de competência.

Natureza jurídica: Existe intensa divergência sobre a natureza jurídica da reclamação. Há


julgado do STF no qual se afirmou que este instituto seria mero exercício do direito de petição
(ADI 2.212/CE, j. 02/10/03). No entanto, a posição que prevalece amplamente na doutrina é
de que a reclamação possui natureza jurídica de ação.
 STF: direito de petição. (PGM-Salvador-2015-CESPE)
 Doutrina: ação.

Hipóteses de cabimento
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do
Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
IV - garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
(...) § 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da
tese jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam.

Existe ainda uma quinta hipótese que está prevista no § 5º do art. 988. Trata-se da reclamação
proposta contra decisão que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário
julgado sob o rito da repercussão geral. A Lei exige, no entanto, que, antes de a parte apresentar
a reclamação, ela deve ter esgotado todos os recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias". Veja
a redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário
com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as
instâncias ordinárias.

Atenção para a reclamação contra ato administrativo que violou súmula vinculante: A Lei
11.417/06 prevê o cabimento de reclamação contra ato administrativo que violar súmula
vinculante. A Lei exige, no entanto, que, antes da reclamação, tenha havido o prévio
esgotamento das vias administrativas. Confira:
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de
súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá
reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros
meios admissíveis de impugnação.
§ 1º Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será
admitido após esgotamento das vias administrativas.
§ 2º Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o
ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que
outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso.

É cabível reclamação preventiva em caso de fundado risco de que uma decisão judicial ou ato
administrativo venha a desrespeitar decisão do tribunal? NÃO. É o decidido no Info 845. No
mesmo sentido: STF. Plenário. Rcl 4058 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 17/2/10.

Procedimento
 A reclamação deve ser proposta perante o Tribunal cuja competência se busca
preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.
 A petição inicial deverá ser dirigida ao Presidente do Tribunal, sendo instruída com
prova documental.
 Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao Relator do processo
principal, sempre que possível.
 Ao despachar a reclamação, o Relator:
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato
impugnado, que as prestará no prazo de 10 dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para
evitar dano irreparável;
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo
de 15 dias para apresentar a sua contestação.

 Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante (art. 990).


 Se o MP não for o autor da reclamação, ele será ouvido como fiscal da ordem jurídica
e, para isso, terá vista do processo por 5 dias, após o decurso do prazo para
informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado.
 Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu
julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia (art. 992). O
Presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se
o acórdão posteriormente (art. 993). Assim, mesmo antes da lavratura do acórdão, a
decisão proferida na reclamação já produz efeitos.
 Algumas vezes, pode acontecer de a parte ter ajuizado reclamação e também
interposto recurso contra a decisão. Neste caso, se o recurso for inadmitido, ou mesmo
julgado antes que a reclamação, isso não prejudicará o julgamento da reclamação (art.
988, § 6º do CPC).

20.3. Só cabe reclamação ao STF por violação de tese fixada em repercussão geral após terem
se esgotado todos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes – (Info 845) –
IMPORTANTE!!! – (DPEAP-2018)

O art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 prevê que é possível reclamação dirigida ao STF contra
decisão judicial que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário
julgado sob o rito da repercussão geral. O CPC exige, no entanto, que, antes de a parte
apresentar a reclamação, ela tenha esgotado todos os recursos cabíveis nas "instâncias
ordinárias".
O STF afirmou que essa hipótese de cabimento prevista no art. 988, § 5º, II, do CPC deve
ser interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da reclamação, a
competência de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST e TSE) para o julgamento
de recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição.
Assim, segundo entendeu o STF, quando o CPC exige que se esgotem as instâncias
ordinárias, significa que a parte só poderá apresentar reclamação ao STF depois de ter
apresentado todos os recursos cabíveis não apenas nos Tribunais de 2º grau, mas também
nos Tribunais Superiores (STJ, TST e TSE). Se ainda tiver algum recurso pendente no STJ
ou no TSE, por exemplo, não caberá reclamação ao STF.
Em suma, nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em recurso
extraordinário com repercussão geral, somente é cabível reclamação ao STF quando
esgotados todos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes.
STF. 2ª Turma. Rcl 24686 ED-AgR/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/10/16 (Info 845).
(DPEAP-2018-FCC): Pedro Paulo, preso em flagrante pela suposta prática de crime de
roubo, não é conduzido pelos agentes do Estado para comparecimento à audiência de
custódia designada para acontecer no dia seguinte ao do flagrante. A prisão é convertida
em preventiva, sendo indeferido o requerimento de remarcação da audiência de custódia
formulado pelo Defensor Público incumbido do caso, sob o fundamento de estar o julgador
convicto das razões para manutenção do decreto de prisão. Pretende o Defensor Público
compelir o órgão judicial à realização da audiência de custódia, mediante adoção de
medida a ser proposta perante o STF por membro da Defensoria Pública. Nessa hipótese,
à luz da legislação pertinente e da jurisprudência do STF, é cabível reclamação perante o
STF, para garantia da autoridade de decisão por este proferida em sede de controle
concentrado, que reconhece a obrigatoriedade de os órgãos judiciais realizarem audiência
de custódia, viabilizando-se o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária
no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão. BL: Info 845, STF.

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João, ex-Prefeito, foi condenado pelo juiz eleitoral por
ter efetuado, de forma irregular, a contratação de servidores temporários (art. 37, IX, da
CF/88). João recorreu ao TRE alegando que a contratação realizada cumpriu todos os
requisitos que foram fixados pelo STF ao julgar o RE 658.026/MG, cujo mérito foi apreciado
sob o rito da repercussão geral. O TRE, contudo, manteve a condenação. Contra a decisão, o
condenado apresentou:
a) recurso especial eleitoral para o TSE;
b) reclamação para o STF afirmando que o TRE descumpriu a tese fixada em repercussão geral
no RE 658.026/MG. Na reclamação, o condenado pede a cassação do acórdão para que, em
novo julgamento, o TRE analise a contratação temporária segundo os requisitos fixados pelo
STF no paradigma apontado.

Antes do CPC/2015, o STF admitia reclamação contra decisão judicial que tenha descumprido
tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral? NÃO.
Antes do CPC/2015, a jurisprudência do STF era firme no sentido do não cabimento de
reclamação com fundamento em recurso extraordinário julgado segundo a sistemática da
repercussão geral, uma vez que essa decisão não tinha efeito vinculante (STF. 1ª Turma. Rcl
21314 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/09/2015).

E com o novo CPC, isso muda? A legislação admite reclamação nestes casos? SIM. Trata-se
de importante inovação trazida pelo CPC/2015. A Lei exige, no entanto, que, antes de a parte
apresentar a reclamação, ela deve ter esgotado todos os recursos cabíveis nas "instâncias
ordinárias". Veja a redação do dispositivo:
Art. 988 (...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

O que se entende por "instâncias ordinárias"? Segundo o entendimento tradicional, "instâncias


ordinárias" são aquelas que envolvem o juízo singular e os Tribunais de 2º grau (TJ, TRF, TRE,
TRT). Assim, uma apelação contra a sentença é um recurso manejado ainda na instância
ordinária. "Instâncias extraordinárias", por sua vez, são aquelas que abrangem o julgamento
de recursos excepcionais com requisitos específicos e que são julgados pelos Tribunais
Superiores (STF, STJ, TST, TSE). Nesse sentido, se estiver pendente o julgamento de um recurso
especial, isso significa que já se encerrou a instância ordinária e o processo se encontra em uma
instância extraordinária.

O STF, ao interpretar o art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 adotou a definição tradicional de
"instância ordinária" acima exposta? NÃO. O STF, com receio da imensa quantidade de
reclamações que poderia ser obrigado a julgar, conferiu interpretação bem restritiva à
expressão "instâncias ordinárias". Para o Min. Teori Zavascki, a hipótese de cabimento prevista
no art. 988, § 5º, II, do CPC deve ser interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir,
pela via da reclamação, a competência de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST, TSE)
para o julgamento de recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição. Se ainda
tiver algum recurso pendente no STJ, por exemplo, não caberá reclamação ao STF.

Voltando ao exemplo dado. No caso concreto, o STF aceitou a reclamação proposta? NÃO.
Como o condenado apresentou recurso especial eleitoral e ele ainda não havia sido julgado
pelo TSE, o STF considerou que não havia se encerrado a "instância ordinária" (segundo sua
leitura do art. 988, § 5º, II, do CPC). Logo, ainda não cabia reclamação.

Assim, pela interpretação dada, em regra, não cabe reclamação ao STF contra sentenças nem
contra acórdãos de Tribunais de 2º grau (TJ, TRF, TRT, TRE) mesmo que a decisão tenha
afrontado tese fixada em recurso extraordinário julgado sob o rito da repercussão geral.

Não coloque isso na prova, no entanto, na prática, com essa restrição, o STF deixa tudo como
era antes do novo CPC.

21. AÇÃO RESCISÓRIA


21.1. É inadmissível a ação rescisória em situação jurídica na qual a legislação prevê o
cabimento de uma ação diversa – (Info 934)

Não cabe ação rescisória para desconstituir decisão judicial transitada em julgado que
apenas homologou acordo celebrado entre pessoa jurídica e o Estado-membro em uma ação
judicial na qual se discutiam créditos tributários de ICMS.
É cabível, neste caso, a ação anulatória, nos termos do art. 966, § 4º do CPC.
É inadmissível a ação rescisória em situação jurídica na qual a legislação prevê o cabimento
de uma ação diversa.
STF. Plenário. AR 2697 AgR/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 21/3/19 (Info 934).

21.2. Sentença proferida com base no entendimento vigente do STF e que, após o trânsito
em julgado, houve mudança de posição. Cabe rescisória? – (Info 921)

Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e,


posteriormente, esse entendimento foi alterado, não se pode dizer que essa decisão
impugnada tenha violado literal disposição de lei para fins da ação rescisória prevista no
art. 485, V, do CPC/1973.
Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação,
estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF.
STF. Plenário. AR 2422/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/10/2018 (Info 921).

Obs: o julgado envolvia um caso concreto ocorrido na vigência do CPC/1973. Não se sabe se
o entendimento seria o mesmo se o fato tivesse ocorrido na égide do CPC/2015. Isso por conta
da nova previsão de ação rescisória contida no § 15 do art. 525 do CPC/2015.

21.3. AÇÃO ANULATÓRIA: A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes é


impugnável por meio de ação anulatória – (Info 916)
A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes é impugnável por meio de ação
anulatória (art. 966, § 4º, do CPC/2015; art. 486 do CPC/1973).
Não cabe ação rescisória neste caso.
Se a parte propôs ação rescisória, não é possível que o Tribunal receba esta demanda como
ação anulatória aplicando o princípio da fungibilidade. Isso porque só se aplica o princípio
da fungibilidade para recursos em sentido estrito (e ação anulatória e a ação rescisória não
são recursos).
STF. Plenário. AR 2440 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 19/9/18 (Info 916).
OBS:
CPC/1973:
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser
rescindida quando: (...)
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou
transação, em que se baseou a sentença;

Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em


que esta for meramente homologatória, podem ser rescindidos,
como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil.

CPC/2015:
Art. 966 (...)
§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por
outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem
como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão
sujeitos à anulação, nos termos da lei.

Nesse mesmo sentido é a posição do STJ:


Se a transação celebrada entre as partes foi objeto de homologação
judicial por sentença, os efeitos deste negócio jurídico podem ser
afastados mediante a propositura de ação anulatória, nos termos do
art. 486 do CPC 1973. Se a sentença limita-se a homologar a transação
efetuada, não tratando sobre o conteúdo da pactuação, a forma de
desconstituí-la é por meio da ação anulatória. STJ. 4ª Turma. AgRg
no REsp 1314900-CE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
18/12/2012 (Info 513).

O que fez o CPC/2015? O CPC/15 pôs fim de vez a essa dúvida. Isso porque o novo CPC não
trouxe uma hipótese de rescisória semelhante à que havia no art. 485, VIII, do CPC/73. Em
outras palavras, não existe, no novo CPC, um dispositivo parecido com o art. 485, VIII, do
CPC/73. Logo, na égide do CPC/2015, não há mais qualquer discussão: a decisão judicial
que homologar acordo entre as partes, sem qualquer dúvida, somente pode ser impugnada
mediante ação anulatória.

21.4. Análise do art. 485, V, do CPC 1973 (art. 966, V, do CPC 2015) – (Info 782 e 764) –
IMPORTANTE!!! – (Cartórios/TJPI-2013)

Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e,


posteriormente, esse entendimento foi alterado (ou puder ser alterado), não se pode dizer
que essa decisão impugnada tenha violado literal disposição de lei.
Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação,
estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF.
STF. Plenário. AR 2199/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgado em 23/4/2015 (Info 782).
STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 22/10/14 (Info 764).

21.5. Início do prazo para a ação rescisória em caso de recursos parciais – (Info 740) –
IMPORTANTE!!!
Impugnada parcialmente a sentença, os capítulos não impugnados transitam em julgado
desde logo ou deve-se aguardar o julgamento do recurso quanto ao restante da sentença? O
prazo para a ação rescisória se iniciará para cada capítulo ou deve-se aguardar que não haja
mais a possibilidade de se interpor qualquer recurso?
 STJ: deve-se aguardar o julgamento do recurso quanto ao restante da sentença.
Somente quando não for cabível qualquer recurso, terá início o prazo para a ação
rescisória.
 STF e doutrina: os capítulos não impugnados transitam em julgado desde logo. O
prazo da ação rescisória se iniciará para cada capítulo, à medida que ele transitar
em julgado. Assim, o prazo decadencial da ação rescisória, nos casos de existência
de capítulos autônomos, deve ser contado do trânsito em julgado de cada decisão
(cada capítulo).
STF. 1ª Turma. RE 666589/DF, rel. Min. Marco Aurélio, j. 25/3/2014 (Info 740).

22. MANDADO DE SEGURANÇA


22.1. Não cabe MS para declarar lei ou ato normativo inconstitucional – (Info 912) –
IMPORTANTE!!! – (Advogado/COPASA-2018)

O mandado de segurança não é o instrumento processual adequado para o controle abstrato


de constitucionalidade de leis e atos normativos.
STF. 2ª Turma. RMS 32.482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
j. 21/8/18 (Info 912).
(Advogado/COPASA-2018-FUMARC): O procedimento da ação constitucional de
mandado de segurança ADMITE que, em seu âmbito, seja realizado controle de
constitucionalidade, desde que o controle seja incidental e em concreto. (V).

OBS:
No mesmo sentido:
O mandado de segurança não se qualifica como sucedâneo da ação
direta de inconstitucionalidade, não podendo ser utilizado, em
consequência, como instrumento de controle abstrato da validade
constitucional das leis e dos atos normativos em geral.
STF. Plenário. MS 28554 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
10/04/2014.

O STJ possui um recurso repetitivo com a mesma conclusão:


É incabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo
a declaração de inconstitucionalidade de norma, por se caracterizar
mandado de segurança contra lei em tese. (Tema 430 – Resp
1.119.872/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção,
julgado pelo rito do art. 543-C do CPC, DJe 20/10/2010).

Súmula 266-STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em


tese.

Vale ressaltar, no entanto, que é possível a declaração incidental de inconstitucionalidade em


MS:
É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade, em
mandado de segurança, de quaisquer leis ou atos normativos do
Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não figure
como pedido, mas sim como causa de pedir, fundamento ou simples
questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal.
STJ. 2ª Turma. RMS 31.707-MT, Rel. Min. Diva Malerbi
(Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em
13/11/2012.
“O mandado de segurança como qualquer outra demanda presta-se à declaração incidental
de inconstitucionalidade pela via difusa, vedando-se, tão-somente, a sua utilização contra lei
em tese ou quando a causa de pedir for abstrata, divorciada de qualquer elemento fático e
concreto que justifique a impetração.” (STJ RMS 31.707-MT).

22.2. É desnecessária a oitiva do MP se o tribunal já tiver jurisprudência consolidada sobre


o tema discutido – (Info 912) – IMPORTANTE!!!

Em regra, é indispensável a intimação do Ministério Público para opinar nos processos de


mandado de segurança, conforme previsto no art. 12 da Lei nº 12.016/2009.
No entanto, a oitiva do Ministério Público é desnecessária quando se tratar de controvérsia
acerca da qual o tribunal já tenha firmado jurisprudência.
Assim, não há qualquer vício na ausência de remessa dos autos ao Parquet que enseje
nulidade processual se já houver posicionamento sólido do Tribunal. Nesses casos, é
legítima a apreciação de pronto pelo relator.
STF. 2ª Turma. RMS 32482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
j. 21/8/2018 (Info 912).

22.3. Início do prazo decadencial do MS em caso de ato praticado em processo


administrativo do qual o interessado seja parte – (Info 884)

Se no curso de um processo administrativo federal é praticado ato contrário aos interesses


da parte, o prazo de 120 dias para impetração de mandado de segurança somente se inicia
quando a parte for intimada diretamente, na forma do § 3º do art. 26 da Lei nº 9.784/99.
O termo inicial para a formalização de mandado de segurança pressupõe a ciência do
impetrante, nos termos dos arts. 3º e 26 da Lei 9.784/99, quando o ato impugnado surgir no
âmbito de processo administrativo do qual seja parte.
Ex: o Ministro da Justiça negou o pedido de anistia política formulado por João; esta decisão
foi publicada no Diário Oficial; o prazo para o MS não se iniciou nesta data; isso porque,
como há um processo administrativo, seria necessária a intimação do interessado, na forma
do art. 26, § 3º da Lei 9.784/99; somente a partir daí se inicia o prazo decadencial do MS.
STF. 1ª Turma. RMS 32487/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 7/11/17 (Info 884).
OBS:
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
administrativo determinará a intimação do interessado para ciência
de decisão ou a efetivação de diligências.
(...)
§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via
postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que
assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com
domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de
publicação oficial.
§ 5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre
sua falta ou irregularidade.

Assim, para que tivesse se iniciado o prazo do MS, seria necessário que o interessado tivesse
sido intimado corretamente, na forma do § 3º do art. 26 da Lei nº 9.784/99.

22.4. O STF já relativizou o prazo de 120 dias do MS em nome da segurança jurídica – (Info
859)

Em outubro/2004, a parte impetrou mandado de segurança no STF. O writ foi proposto


depois que já havia se passado mais de 120 dias da publicação do ato impugnado. Dessa
forma, o Ministro Relator deveria ter extinguido o mandado de segurança sem resolução do
mérito pela decadência. Ocorre que o Ministro não se atentou para esse fato e concedeu a
liminar pleiteada. Em março/2017, a 1ª Turma do STF apreciou o mandado de segurança.
O que fez o Colegiado? Extinguiu o MS sem resolução do mérito em virtude da decadência?
NÃO. A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS foi impetrado fora do prazo, no entanto,
como foi concedida liminar e esta perdurou por mais de 12 anos, os Ministros entenderam
que deveria ser apreciado o mérito da ação, em nome da segurança jurídica.
STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28/3/17 (Info 859).

22.5. Legitimidade do TJ para impetrar mandado de segurança em defesa de sua autonomia


institucional – (Info 848)

O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica própria, detém


legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra ato do Governador do
Estado em defesa de sua autonomia institucional.
Ex: mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o repasse dos
duodécimos devidos ao Poder Judiciário.
STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/11/16 (Info 848).

22.6. MS contra ato do Ministro que não efetuou pagamento dos valores atrasados a
anistiado político – (Info 847)

Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o pagamento
dos valores atrasados decorrentes da reparação econômica devida a anistiado político (art.
8º do ADCT).
Diferentemente de uma ação de cobrança, que é proposta para o pagamento de valores
atrasados, no caso em tela temos um mandado de segurança impetrado para que seja
cumpra norma editada pela própria Administração (Portaria do Ministro da Justiça).
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/16 (Info 847).
OBS:
Cabe mandado de segurança neste caso? SIM. A falta de cumprimento integral da portaria de
anistia por parte da União no prazo de 60 dias previsto no art. 12, § 4º e no art. 18 da Lei
10.559/02, caracteriza ilegalidade e violação de direito líquido e certo do anistiado.

Configurado o direito líquido e certo do anistiado, ele poderá impetrar mandado de segurança
considerando que o pedido e a causa de pedir desta ação é o cumprimento integral da Portaria,
que consiste em uma obrigação de fazer. É claro que o cumprimento efetivo da Portaria irá
provocar efeitos patrimoniais em favor do autor, mas o pedido do MS é que ele seja
reconhecido de forma efetiva como anistiado político. O pagamento dos valores é mera
consequência disso. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. RMS 26.899/DF, Min. Rel. Cármen Lúcia,
DJe de 6/8/10.

Diferentemente de uma ação de cobrança que é proposta para o pagamento de valores


atrasados, no caso em tela temos um mandado de segurança impetrado para que seja cumpra
norma editada pela própria Administração (Portaria do Ministro da Justiça). Logo, não incide
no caso a proibição contida nas súmulas 269 e 271 do STF:
Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz
efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem
ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.

Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de


ação de cobrança.

22.7. Sustentação oral – (Info 821) – ATENÇÃO: VIDE PARTE FINAL DOS
COMENTÁRIOS!!!
Não cabe sustentação oral no julgamento que aprecia o pedido de liminar formulado em
mandado de segurança. Obs: caberá sustentação oral no julgamento final do MS.
STF. Plenário. MS 34127 MC/DF, MS 34128 MC/DF, Rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/
o acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2016 (Info 821).
OBS:
Sustentação oral: O art. 973 do novo CPC, de forma mais organizada, prevê as hipóteses nas
quais é admitida sustentação oral nos Tribunais. Veja:

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa


pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao
recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro
do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze)
minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas
seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021:
I - no recurso de apelação;
II - no recurso ordinário;
III - no recurso especial;
IV - no recurso extraordinário;
V - nos embargos de divergência;
VI - na ação rescisória, no mandado de segurança e na reclamação;
VII - (VETADO);
VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões
interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou
da evidência;
IX - em outras hipóteses previstas em lei ou no regimento interno do
tribunal.

Mandado de segurança (inciso VI): O relator do mandado de segurança no Tribunal pode


conceder ou negar o pedido liminar monocraticamente. Em alguns casos mais relevantes ou
polêmicos, contudo, o relator poderá optar por levar a decisão sobre a liminar para a apreciação
do colegiado.

Se o colegiado está reunido apenas para decidir o pedido de liminar no mandado de segurança,
neste caso, as partes poderão fazer sustentação oral antes que os julgadores profiram os
votos? NÃO. O STF entendeu dessa maneira utilizando dois argumentos:
a) o art. 937, § 3º, do novo CPC, prevê o cabimento de sustentação oral em julgamento de
mandado de segurança unicamente no “agravo interno interposto contra decisão de relator
que o extinga”; e
b) o art. 16 da Lei nº 12.016/09 prevê a sustentação oral em mandado de segurança na sessão
de julgamento de mérito, e não em liminar.

Se o colegiado está reunido para decidir o mérito do mandado de segurança, neste caso, as
partes poderão fazer sustentação oral antes que os julgadores profiram os votos? SIM. Isso
está previsto no art. 937, VI, do CPC 2015 e no art. 16 da Lei nº 12.016/2009:

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao


relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na
sessão do julgamento.

Obs: foi publicada a Lei nº 13.676/2018, que alterou a Lei nº 12.016/2009, para permitir a defesa
oral do pedido de liminar na sessão de julgamento do mandado de segurança. Veja a nova
redação do art. 16 da Lei do MS:

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do
processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido
liminar.
22.8. Inviabilidade para aferir critérios utilizados pelo TCU na análise de superfaturamento
de obra – (Info 816)

O mandado de segurança não é a via adequada para aferir critérios utilizados pelo TCU e
que culminaram por condenar solidariamente a empresa impetrante à devolução de valores
ao erário, em razão de superfaturamento de preços constatado em aditamentos contratuais
por ela celebrados com a Administração Pública. Isso porque para a análise do pedido seria
necessária a análise pericial e verificação de preços, dados e tabelas, o que é incompatível
com o rito do mandado de segurança.
STF. 1ª Turma. MS 29599/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016 (Info 816).

22.9. Desistência de MS após já ter sido prolatada sentença de mérito – (Info 781)

É possível que o impetrante desista do MS após já ter sido prolatada sentença de mérito?
Em regra, SIM. Existem julgados do STF e STJ admitindo (STF. RE 669367/RJ, Min. Rosa
Weber, julgado em 02/05/2013; STJ. 2ª Turma. REsp 1.405.532-SP, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 10/12/2013. Info 533).

O entendimento acima parecia consolidado. Ocorre que, em um caso concreto noticiado


neste Informativo, o STF afirmou que não é cabível a desistência de mandado de segurança,
nas hipóteses em que se discute a exigibilidade de concurso público para delegação de
serventias extrajudiciais, quando na espécie já houver sido proferida decisão de mérito,
objeto de sucessivos recursos. No caso concreto, o pedido de desistência do MS foi
formulado após o impetrante ter interposto vários recursos sucessivos (embargos de
declaração e agravos regimentais), todos eles julgados improvidos. Dessa forma, o Ministro
Relator entendeu que tudo levaria a crer que o objetivo do impetrante ao desistir seria o de
evitar o fim da discussão com a constituição de coisa julgada. Com isso, ele poderia propor
uma ação ordinária em 1ª instância e, assim, perpetuar a controvérsia, ganhando tempo
antes do desfecho definitivo contrário. Assim, com base nessas peculiaridades, a 2ª Turma
do STF indeferiu o pedido de desistência.
STF. 2ª Turma. MS 29093 ED-ED-AgR/DF, MS 29129 ED-ED-AgR/DF, MS 29189 ED-ED-
AgR/DF, MS 29128 ED-ED-AgR/DF, MS 29130 ED-ED-AgR/DF, MS 29186 ED-ED-AgR/DF,
MS 29101 ED-ED-AgR/DF, MS 29146 ED-ED-AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em
14/4/2015 (Info 781).

23. SUSPENSÃO DE SEGURANÇA


23.1. Natureza da decisão e cabimento de recurso especial para impugná-la – (Info 797)

Cabe recurso especial da decisão proferida no âmbito do pedido de suspensão?


• Segundo o STJ: NÃO. Não cabe Recurso Especial de decisões proferidas no âmbito do
pedido de suspensão. O recurso especial se destina a combater argumentos que digam
respeito a exame de legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo
político.
• Segundo a 1ª Turma do STF: SIM. A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão em sede
de suspensão de segurança não é estritamente política, possuindo conteúdo jurisdicional.
Com base nisso, decidiu que é cabível, em tese, recurso especial contra decisões proferidas
no âmbito do pedido de suspensão de segurança (RE 798740 AgR/DF).
STF. 1ª Turma. RE 798740 AgR/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 1º/9/2015 (Info 797).

24. AÇÃO CIVIL PÚBLICA


24.1. Legitimidade do MP para ajuizar ação pedindo o fornecimento de medicamento – (Info
911)
O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública que vise o
fornecimento de remédios a portadores de certa doença.
STF. Plenário. RE 605533/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 15/8/18 (repercussão geral) (Info
911).

O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico ou entrega de


medicamentos nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos, mesmo
quando se tratar de feitos contendo beneficiários individualizados, porque se refere a
direitos individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público).
STJ. 1ª Seção. REsp 1682836-SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 25/4/18 (recurso repetitivo) (Info
624).
OBS:
Esse tema é sempre muito cobrado em provas:
 (MP/BA 2015) O Ministério Público tem legitimidade para propor Ação Civil Pública
em favor de uma única pessoa a fim de garantir-lhe o fornecimento de medicamento
de alto custo. (CERTO)

24.2. É possível que as associações privadas façam transação em ação civil pública – (Info
892) – IMPORTANTE!!! Não tem nos livros!!!

A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o réu e
pedir a extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC.
O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos
podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as associações
privadas.
Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações
privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita
unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o
que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 1º/3/18 (Info 892).
OBS:
Existe previsão legal de que as associações autoras de ações civis públicas possam fazer
transação nessas ações? NÃO. A Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os
órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as
associações privadas. Confira:
Art. 5º (...)
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial.

Mesmo sem previsão legal as associações privadas podem transacionar em ações civis
públicas: O STF afirmou que, mesmo sem previsão normativa expressa, as associações
privadas também podem fazer acordos nas ações coletivas. Assim, a ausência de disposição
normativa expressa no que concerne a associações privadas não afasta a viabilidade do
acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos
diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes
privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.

Para o Min. Ricardo Lewandoswki, “não faria sentido prever um modelo que autoriza a
justiciabilidade privada de direitos e, simultaneamente, deixar de conferir aos entes privados
as mais comezinhas faculdades processuais, tais como a de firmar acordos.”

24.3. ACP proposta contra Prefeito e previsão na lei estadual de que tal atribuição é privativa
do PGJ – (Info 788)
É constitucional lei complementar estadual que afirme que somente o Procurador-Geral de
Justiça poderá ajuizar ação civil pública contra Secretários de Estado, Deputados Estaduais,
Prefeitos, membros do MP ou membros da Magistratura (STF. Plenário. ADI 1916, Rel. Min.
Eros Grau, julgado em 14/04/2010).
O PGJ poderá, no entanto, delegar essa atribuição para Promotores de Justiça, sendo, neste
caso, legítima a ACP proposta contra tais autoridades, ainda que por Promotor de Justiça.
STF. 2ª Turma. ARE 706288 AgR/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 2/6/15 (Info 788).

24.4. Legitimidade da Defensoria Pública – (Info 785)

A Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos
e individuais homogêneos.
É constitucional a Lei 11.448/07, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública
como um dos legitimados para propor ação civil pública.
STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 6 e 7/5/15 (Info 784).

25. PROCESSO COLETIVO


25.1. AÇÃO CIVIL PÚBLICA: O Ministério Público pode ajuizar ACP para anular
aposentadoria que importe lesão ao erário – (Info 921)

O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato
administrativo de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público.
STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/10/18 (repercussão geral) (Info 921).

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: O Promotor de Justiça foi informado de que
determinado servidor público se aposentou mesmo sem ter completado todo o tempo de
contribuição necessário. Além disso, no cálculo de sua aposentadoria, foram incluídas
vantagens e gratificações indevidas, cujo valor superou, inclusive, o teto constitucional. Diante
disso, ajuizou ação civil pública contra o Estado-membro e contra o referido servidor
requerendo a anulação do ato de concessão da aposentadoria.

O Ministério Público possui legitimidade para propor esta ação? Claro.

Previsão constitucional: O MP possui legitimidade para a tutela coletiva destinada à proteção


do patrimônio público. Essa legitimidade encontra amparo em diversos dispositivos da
Constituição Federal, valendo destacar os seguintes:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: (...)


II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos; (...)
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

Patrimônio público é interesse transindividual: A Constituição reserva ao MP ampla


atribuição no campo da tutela do patrimônio público, que é um interesse de cunho
inegavelmente transindividual. O combate em juízo à dilapidação ilegal do erário configura
atividade de defesa da ordem jurídica, dos interesses sociais e do patrimônio público, funções
institucionais atribuídas ao MP pela Constituição. Entendimento contrário não apenas afronta
a textual previsão da Carta Magna, mas também fragiliza o sistema de controle da
Administração Pública.

Legitimidade do MP não exclui a do ente público: Obviamente, a atuação judicial do MP não


limita o ente público prejudicado, que também poderá ingressar com as ações judiciais
objetivando a proteção do patrimônio público. Isso, aliás, está expressamente ressalvado no
§ 1º do art. 129 da CF/88:
Art. 129 (...)
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas
neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,
segundo o disposto nesta Constituição e na lei.

Substituto processual: Ao ajuizar ação coletiva para a tutela do erário, o MP não age como
representante da entidade pública, e sim como substituto processual de uma coletividade
indeterminada, qual seja, a sociedade como um todo. Isso porque a sociedade é titular do
direito à boa administração do patrimônio público. O MP é titular do direito à boa
administração do patrimônio público, da mesma forma que qualquer cidadão pode ajuizar
ação popular com o mesmo objetivo (art. 5º, LXXIII, CF/88).

25.2. INQUÉRITO CIVIL: O art. 9º-A da Resolução 23/2007, incluído pela Resolução
126/2015, é constitucional – (Info 899)

A Resolução 23/2007-CNMP disciplina, no âmbito do Ministério Público, a instauração e


tramitação do inquérito civil.
A Resolução 126/2015-CNMP alterou a Resolução 23/2007 e determinou que, se após
instaurar o inquérito civil ou o procedimento preparatório, o membro que o preside
concluir ser atribuição de outro Ministério Público, deverá submeter sua decisão ao
referendo do órgão de revisão competente, no prazo de 3 dias.
O STF considerou que esta previsão É CONSTITUCIONAL.
Tratando-se de divergência interna entre órgãos do MP cumpre ao próprio Ministério
Público decidir quem terá a atribuição para conduzir a investigação.
O CNMP possui atribuição constitucional para fazer o controle da atuação administrativa
do MP (art. 130-A, da CF/88). O STF entendeu que essa Resolução se insere no campo da
estruturação administrativa da instituição. Não viola, portanto, o princípio da
independência funcional e da unidade, insculpidos no § 1º do art. 127 da CF/88.
Além disso, o STF entendeu que não compete ao Poder Judiciário envolver-se na gestão
interna do MP, cabendo, no caso, um juízo de autocontenção.
STF. Plenário. ADI 5434/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
j. 26/4/2018 (Info 899).
OBS:
Veja a íntegra do dispositivo inserido pela Res. 126/2015-CNMP:
Art. 9º-A Após a instauração do inquérito civil ou do procedimento
preparatório, quando o membro que o preside concluir ser
atribuição de outro Ministério Público, este deverá submeter sua
decisão ao referendo do órgão de revisão competente, no prazo de 3
(três) dias.

Qual é esse “órgão de revisão competente”?


 No caso do MPE: é o Conselho Superior do Ministério Público estadual (art. 30 da
Lei nº 8.625/93).
 No caso do MPF: é a Câmara de Coordenação e Revisão (art. 171, IV, da LC 75/93).

ADI: A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) ajuizou ADI contra
a Resolução 126/2015-CNMP alegando que esse art. 9º-A viola a independência funcional do
membro do Ministério Público.
O pedido foi acolhido pelo STF? Há violação ao princípio da independência funcional? NÃO.

25.3. AÇÃO COLETIVA PROPOSTA POR ASSOCIAÇÃO: Para ser beneficiada pela
sentença favorável é necessário que a pessoa esteja filiada no momento da propositura e seja
residente no âmbito da jurisdição do órgão julgador – (Info 864) – IMPORTANTE!!!

A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário,
ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança os
filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à
inicial do processo de conhecimento.
STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2017 (repercussão
geral) (Info 864).

Sobre o mesmo tema, importante relembrar:


O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica,
não alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses
dos associados.
As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é
definida pela representação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa
dos associados e a lista destes juntada à inicial.
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min.
Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 (repercussão geral) (Info 746).
OBS:
As associações precisam de autorização específica de
seus filiados
para o ajuizamento de ações em defesa destes?
Regra geral: SIM Exceção: MS coletivo
A autorização estatutária genérica conferida No caso de impetração de mandado de
à associação não é suficiente para legitimar segurança coletivo, a associação não precisa
a sua atuação em juízo na defesa de direitos de autorização específica dos filiados.
de seus filiados. Para cada ação, é
indispensável que os filiados autorizem, de
forma expressa e específica, a demanda.

O inciso XXI do art. 5º da CF/88 exige O inciso LXX do art. 5º da CF/88 NÃO exige
autorização expressa. autorização expressa.
Trata-se de hipótese de legitimação Trata-se de hipótese de legitimação
processual (a associação defende, em nome extraordinária (substituição processual), ou
dos filiados, direito dos filiados que seja, a associação defende, em nome
autorizaram). próprio, direito dos filiados.

CONCLUSÕES:
1) As associações podem propor ações coletivas em favor dos seus associados.
2) A associação precisa da autorização dos associados para propor a ação na defesa de seus
interesses.
3) A autorização dada pelos associados precisa ser expressa e específica para cada ação.
Assim, não é suficiente a autorização genericamente prevista no estatuto da associação.
4) Essa autorização pode ser feita de duas formas:
a) por declaração individual do associado; ou
b) por aprovação na assembleia geral da entidade.

5) Vale ressaltar que, no caso de impetração de mandado de segurança coletivo, a associação


não precisa de autorização específica dos filiados (Súmula 629-STF).
6) Para que seja beneficiada pela sentença favorável obtida na ação coletiva proposta pela
associação é necessário que a pessoa:
a) esteja filiada à associação no momento da propositura;
b) seja residente no âmbito da jurisdição do órgão julgador;
c) tenha autorizado o ajuizamento da ação e seu nome esteja na lista anexada
junto à petição inicial.

7) O art. 2-A da Lei nº 9.494/97 é constitucional.

25.4. Legitimidade da Defensoria Pública para ação civil pública – (Info 806) –
IMPORTANTE!!!

A Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em ordem
a promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos de que sejam titulares, em tese,
as pessoas necessitadas.
STF. Plenário. RE 733433/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2015 (repercussão
geral) (Info 806).

25.5. MP tem legitimidade para ACP em favor dos beneficiários do DPVAT – (Info 753)

A tutela dos direitos e interesses de beneficiários do seguro DPVAT, nos casos de


indenização paga pela seguradora em valor inferior ao determinado na Lei, reveste-se de
relevante natureza social (interesse social qualificado), de modo que o Ministério Público
tem legitimidade ativa para defendê-los em juízo mediante ação civil coletiva.
Esse entendimento do STF faz com que fique superado o enunciado 470 do STJ:
Súmula 470-STJ: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil
pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.
STF. Plenário. RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6 e 7/8/2014
(repercussão geral) (Info 753).

25.6. Ação coletiva proposta pela associação em favor de seus filiados – (Info 746) –
IMPORTANTE!!!

A autorização estatutária genérica conferida à associação não é suficiente para legitimar a


sua atuação em juízo na defesa de direitos de seus filiados. Para cada ação, é indispensável
que os filiados autorizem de forma expressa e específica a demanda.
Exceção: no caso de impetração de mandado de segurança coletivo, a associação não precisa
de autorização específica dos filiados.
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min.
Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 (Info 746).

25.7. MP e os direitos individuais homogêneos

O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública sobre direitos
individuais homogêneos quando presente o interesse social.
STF. 2ª Turma. RE 216443/MG, rel. orig. Min. Menezes Direito, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, 28.8.2012.

26. JUIZADOS ESPECIAIS


26.1. Competência da União para legislar – (Info 786 e 765)
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de admissibilidade para a
interposição de recurso inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de
100% do valor da condenação. Tal norma viola a competência privativa da União para
legislar sobre direito processual, além de vulnerar os princípios do acesso à jurisdição, do
contraditório e da ampla defesa.
STF. Plenário. ADI 2699/PE, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 20/5/2015 (Info 786).
STF. Plenário. ADI 4161/AL, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014 (Info 765).

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