Texto base do curso da disciplina Metalurgia da Soldagem integrante da grade curricular do curso de
Técnico em Mecânica do CEFET-PA
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I INTRODUÇÃO
da premissa na qual é estabelecido que a qualidade de uma junta soldada não deve ser avaliada
não ligados diretamente a falhas do processo (parâmetros desregulados), têm relação direta com os
fenômenos influenciados diretamente pelo calor de soldagem. A ação do calor, mais ou menos
reduzidas a níveis aceitáveis. Deve ser considerado que em condições de soldagem “em campo” ou
fora das condições ideais de laboratórios, é praticamente impossível a produção de juntas soldadas
isenta de defeitos, entretanto, quando a incidência de defeitos não excede determinado nível, na
maioria das vezes estabelecido em normas técnicas, a ocorrência não implica necessariamente na
O texto apresentado tem por objetivo auxiliar o aluno do curso técnico na aprendizagem
em trabalhos publicados sobre o assunto por diversos autores, onde os principais objetivos foram o
principalmente, conforme citado anteriormente, tornar o assunto acessível a alunos do curso técnico
de nível médio.
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Ao contrário do que muitos pensam uma junta soldada não é constituída unicamente
pelo que se convencionou chamar de cordão de solda. Do ponto de vista da metalurgia da soldagem,
qualquer região na qual em decorrência dos efeitos da soldagem tenham ocorrido consideráveis
alterações em suas condições iniciais, é constituinte da junta soldada. A figura 1 apresentada a seguir
indica de forma esquemática as diferentes regiões que constituem uma junta soldada.
1 – Metal de base – É a região constituinte da junta soldada que não sofreu qualquer
alteração em suas características físicas, químicas ou metalúrgicas, ou seja, o material utilizado para
a construção da estrutura metálica, nesta região, não sofreu qualquer influência do processo de
soldagem.
metalurgia da soldagem, embora a temperatura de processamento não tenha sido suficiente para
modificar o estado físico dos materiais envolvidos, ocorrem importantes transformações metalúrgicas
no estado sólido, ou seja, são registradas importantes alterações nas propriedades iniciais dos
fundir os materiais envolvidos, ou seja, parte de metal de base juntamente com parte do metal de
simultaneamente, dando origem a uma série de transformações, não só de origem metalúrgica, como
também química e física. A forma como ocorre à solidificação da zona fundida após o resfriamento da
região tem grande influência na qualidade final da junta soldada. Um dos principais aspectos a serem
considerados é a morfologia (forma geral) dos grãos metálicos resultantes, esta vai ter influência
constituída de parte de metal de base e parte de metal de adição. A relação entre as quantidades
presentes destes elementos no metal de solda é definida pela grandeza denominada de diluição.
metal de solda, podendo variar desde valores muito baixos, como na solda brasagem, chegando a
De maneira geral, estes são os principais pontos a serem considerados com relação às
regiões que constituem uma junta soldada. Alguns autores fazem referência à zona de ligação, que é
a região que separa a zona fundida da zona termicamente afetada, tendo, portanto, características
das duas regiões. Deve ser ressaltado que em algumas condições práticas nem sempre é tarefa fácil
identificar o início e fim de cada região, havendo em alguns casos a necessidade de recorrer a alguns
A quantidade de calor ou energia térmica inserida em uma junta soldada é sem duvida o
principal fator a ser controlado visando reduzir a possibilidade de ocorrência de defeitos na soldagem,
desta forma, é interessante entender como o calor é gerado a partir das fontes de energia utilizadas
na junta soldada por unidade linear de cordão de solda. A energia de soldagem também é conhecida
como aporte de calor, ou aporte térmico sendo comum a utilização do termo na língua inglesa “heat
input” (calor de entrada). O cálculo da energia nominal de soldagem pode ser expresso através da
relação (1)
Onde:
– É a velocidade de soldagem
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Para os processos de soldagem que utilizam como fonte de calor o arco elétrico, o
Onde:
Para o cálculo do aporte térmico líquido, devem ser consideradas as perdas de energia
inerentes a cada processo. A figura 3 a seguir mostra um quadro comparativo entre as eficiências
energéticas dos mais usuais processos ao arco elétrico. Pela análise da figura, nota-se que o
processo menos eficiente é o processo GTAW ou processo TIG com eficiência em torno de 70%,
enquanto que a maior eficiência é obtida com o processo SAW ou arco submerso em torno de 85%.
Os processos SMAW (eletrodo revestido) e GMAW (MIG/MAG) têm eficiências térmicas equivalentes
na faixa de 80%.
equação 2 obtemos o aporte térmico líquido ou efetivamente inserido na região de soldagem (3).
′
...................................(3)
Quanto mais alto for o aporte de calor (energia de soldagem) inserido na junta soldada,
maior será a quantidade de energia calorífica transferida à peça, maior a poça de fusão, mais larga a
zona termicamente afetada entre outros efeitos. Por outro lado, a utilização de baixos valores de
aporte térmico pode provocar falhas de penetração na junta soldada assim como elevadas
velocidades de resfriamento, o que, em certas ocasiões pode ser prejudicial à junta soldada.
curva que relaciona a variação da temperatura deste ponto (durante a soldagem e posterior
resfriamento) com passar do tempo. Considere as figuras 4 e 5 mostradas a seguir,a figura 4 mostra
junta. A figura 5 mostra a curva representativa do ciclo térmico do referido ponto. Como pode ser
0
verificado na figura 5 entre a temperatura inicial do processo em torno de 50 C e a temperatura
máxima alcançada pelo ponto A transcorrem somente em torno de 4 segundos. Embora o exemplo
Como a junta soldada é formada por vários pontos consecutivos em diferentes condições
térmicas, uma caracterização completa da região soldada é apresentada por várias curvas de ciclos
Como esperado, a figura 6 mostra que quanto maior o afastamento dos pontos em
relação ao centro do cordão menor são as temperaturas máximas alcançadas pelos pontos.
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importantes a respeito das condições utilizadas na soldagem. Normalmente fatores como o tipo de
processo, utilização ou não de pré ou pós aquecimento, aporte térmico, soldagem multi-passes, são
capazes de estabelecer diferenças na forma de uma curva de ciclo térmico. As diferenças obtidas em
função de alterações de um ou mais fatores pode tornar a característica do ciclo térmico mais ou
Os principais fatores a serem observados na definição dos ciclos térmicos dos pontos
fusão dos materiais envolvidos então o ponto pertence à zona fundida, caso contrário este pertencerá
ou não a ZTA, para esta comprovação, é necessário verificar se a temperatura máxima ultrapassou a
zona de temperatura crítica que vai depender das características do material processado.
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defeitos. O valor da otemperatura crítica vai depender do material sujeito à soldagem, por exemplo,
temperatura indica a possibilidade de ocorrência das transformações que necessitam de tempo para
sua efetivação, ou seja, em algumas situações práticas, embora a temperatura crítica tenha sido
alcançada, porém o tempo de permanência nesta temperatura não foi o bastante para a ocorrência
carbono acima de 0,3% se resfriado muito rapidamente a partir da forma austenítica, pode resultar
soldagem
2 ! ..................(4)
Onde:
" - Aporte térmico líquido...............................................(j/mm)
# – Espessura da peça.......................................................(mm)
$%
0 ................(5)
resfriamento dependem das propriedades físicas do material processado. Ligas com maior
condutibilidade térmica, como ligas a base de cobre e de alumínio, apresentam maiores velocidades
de resfriamento, o que pode entre outros problemas causar problemas de falta de fusão devido ao
sendo soldada, isto justifica em alguns casos a utilização de pré-aquecimento na soldagem. Quanto
maior a temperatura de pré-aquecimento da peça menor será a velocidade de resfriamento. Por outro
lado, quanto mais elevada a temperatura inicial de processamento maior será a temperatura máxima
do ciclo térmico.
soldada, isto é, quanto maior a espessura maior a velocidade de resfriamento. Entretanto, a variação
tem um limite, a partir de uma determinada velocidade de resfriamento, por mais que se aumente a
proporcional ao aporte líquido de calor, ou seja, elevados valores de aporte térmico implicam na
região soldada em função da distância a partir do centro do cordão. Enquanto a análise do ciclo
térmica possibilita estimar a extensão das transformações. A figura 8 a seguir apresenta curvas de
partição térmica para duas condições de aporte térmico. Nota-se pela análise da figura que o maior
aporte térmico implica na ampliação da distancia medida a partir do centro do cordão sujeitas a
elevadas temperaturas.
início de transformação do material processado, então a linha tracejada na figura mostra que para a
estado líquido é apenas de alguns segundos, entretanto é o suficiente para que umas sérias de
reações simultâneas de origem químicas físicas e metalúrgicas se manifestem com influência direta
na qualidade da junta produzida. A seguir serão apresentadas algumas dessas reações e suas
Tanto nitrogênio oxigênio e hidrogênio podem se dissolver na poça de fusão durante a soldagem e
do estado sólido para o líquido é o principal responsável pela presença de gases no metal de solda. A
figura 9 apresentada a seguir ilustra esta condição para o caso do alumínio e hidrogênio. Pela análise
Alguns exemplos dos efeitos decorrentes das reações desses gases na poça de fusão
do alumínio pode formar óxidos de alto ponto de fusão que podem tornar-se inclusões na junta
soldada;
trincas de solidificação,
trincas a frio.
Em alguns casos, um gás dissolvido na poça de fusão pode não reagir com outros
elementos e permanecer dissolvido, em grande parte, na solda após a solidificação da poça. Neste
caso, ele não gera inclusões ou porosidade nem dificulta a formação da poça de fusão, contudo, este
pode posteriormente causar a formação de precipitados que podem fragilizar a solda. É o que ocorre,
por exemplo, com a absorção de oxigênio e nitrogênio em soldas de ligas de titânio, zircônio e
tântalo.
liga na forma de vapores metálicos devido ao intenso aquecimento da poça de fusão. Em alguns
casos, como na soldagem da ligas de alumínio magnésio, a perda é significativa, podendo levar a
poça de fusão e a propriedade física dos metais envolvidos denominada de pressão de vapor. No
primeiro caso, quanto maior for o valor da temperatura máxima e o tempo de permanência nesta
Com relação à pressão de vapor quanto maior for esta propriedade em determinado
metal, maior será a possibilidade de vaporização a partir da poça de fusão. A figura 10 apresentada a
seguir mostra que a pressão de vapor do magnésio em qualquer temperatura é bem mais elevada
que a do alumínio, justificando a vaporização do magnésio nas soldagens das ligas Al-Mg. Ainda na
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figura 10, é possível verificar que pela mesma condição o Mn sempre vaporiza mais facilmente na
estrutura resultante do resfriamento seguido da solidificação dos constituintes da poça de fusão. Tal
interesse justifica-se pelo fato de que a característica predominante da estrutura solidificada vai
influenciar diretamente em importantes fatores definidores da qualidade da junta, como por exemplo,
pequenos grãos equiaxiais orientados ao acaso. A região coquilhada é constituída por grãos
equiaxiais e finos. Estes são formados devido à elevada taxa de nucleação que ocorre no metal
paralelamente à direção do fluxo de calor durante a solidificação. A região colunar é formada a partir
de grãos do lado interno da região coquilhada que crescem no sentido oposto ao de extração de calor
pelo molde, ou seja, com direção de crescimento preferencial. Como resultado, os grãos melhor
Zona equiaxial central: A região colunar persiste até que as condições de solidificação
Esta é favorecida por uma maior concentração de solutos e impurezas resultantes de sua segregação
e pelo resfriamento do líquido. É formada por grãos uniformes e normalmente maiores que o da zona
coquilhada.
da estrutura resultante apresentada acima. A forma granular equiaxial é a que apresenta melhores
resultados com relação à resistência mecânica do metal solidificado, enquanto que a colunar é a
menos desejável principalmente por sua facilidade em propagar defeitos. Embora as formas
granulares apresentadas acima sejam também encontradas em cordões de solda, existem diferenças
fundamentais entre as condições de solidificação nas condições normais nas lingoteiras, e aquelas
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1 – Na soldagem por fusão ao arco elétrico, o metal de adição e o metal base são
fundidos pelo calor de uma fonte móvel, o arco elétrico. Esta fusão é seguida por um
extremidade do consumível para a poça de fusão. O Na soldagem, o início da solidificação não ocorre
com a formação de um elevado número de núcleos sólidos como na região coquilhada de uma peça
fundida. Na poça de fusão, o metal líquido molha perfeitamente os grãos do metal base que formam a
parede da poça e estes estão aquecidos a temperaturas muito próximas de seu ponto de fusão.
2 – A área específica de contato para interação entre metal fundido, gases e escórias é
elevados gradientes térmicos e o contato direto entre o metal líquido e metal sólido facilitam o
crescimento direto do sólido sem a nucleação de novos grãos. Como resultado disto, os grãos da ZF
(zona fundida) apresentam uma largura semelhante e a mesma orientação cristalina dos grãos do
metal base dos quais são prolongamento. Assim, os grãos da ZF localizados junto à linha de fusão
são uma continuação dos grãos adjacentes da ZTA (zona termicamente afetada). Como o tamanho
de grão na ZTA depende das características metalúrgicas do metal base e do ciclo térmico, pode-se
esperar que o tamanho de grão primário na ZF dependa também dos parâmetros de soldagem que
afetam o ciclo térmico, particularmente, aporte térmico líquido. A figura 12 a seguir ilustra o esquema
Na figura 12(A) é mostrada a vista superior da poça de fusão (PF) indicando a direção de
velocidade de soldagem (V). Em 12(B) são destacados a poça de fusão (PF) já parcialmente
solidificada, mostrando que os grãos formam-se a partir dos grãos do metal de base (MB). A curva
(B”B) é conhecida como frente de solidificação e a linha (B’B) é linha ou zona de ligação. A figura
12(c) mostra um corte transversal da junta soldada e o metal de solda parcialmente formado.
acima com a nucleação de novos grãos não influenciados pelos grãos da ZTA, pode ocorrer em
condições nas quais o metal de solda resultante tem a composição química muito diferente do metal
dependente de sua orientação em relação ao fluxo de calor estar alinhada com sua direção
causa uma seleção, isto é, os grãos melhor orientados em relação à direção de extração de calor
tendem a crescer à frente dos demais grãos, que são bloqueados e impedidos de crescer.
ponto na poça de fusão.. Este fenômeno que ocorre em soldagem tem uma grande importância nas
propriedades finais e pode ser responsável por certo grau de anisotropia (não uniformidade das
propriedades) do metal de solda ou zona fundida. A figura 13 a seguir ilustra de forma esquemática a
5.1.1 – Poça de fusão tipo gota alongada – Esta formação de poça, (figuras 14 e 15)
ocorre quando a velocidade de soldagem é muito elevada e maior que a velocidade de solidificação.
Favorece a formação colunar dos grãos em decorrência de frente de troca de calor da poça de fusão
constante em relação à direção de soldagem, o que favorece o crescimento desde a linha de fusão
5.1.2 – Poça de fusão com formato elíptico. - O ocorre em soldagens com menores
do perfil elíptico da superfície da poça de fusão, os grãos não encontraram direção ideal de
crescimento favorecendo a formação de maior número de grãos com menor tamanho e aspecto
menos colunar dando origem a uma estrutura mais favorável à qualidade da junta soldada. A figura
É importante ressaltar que existem outros aspectos importantes que também influenciam
nas condições de solidificação da zona fundida cuja abordagem necessita de suporte teórico que foge
Após sua solidificação, a ZF pode sofrer ainda alterações até o resfriamento final à
temperatura ambiente. Estas alterações podem incluir, por exemplo, o crescimento do grão, a
outra(s). Nos aços doces e aços de baixa-liga, por exemplo, a poça de fusão normalmente se
solidifica como ferrita delta, que logo se transforma em austenita. Por sua vez, esta pode se
transformar em uma única fase ou em uma mistura complexa de constituintes, em função de fatores
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inclusões.
com o tipo de metal que esta sendo soldado, os efeitos do ciclo térmico poderão ser os mais
variados. No caso de metais não transformáveis (por exemplo, alumínio), a mudança estrutural mais
marcante será o crescimento de grãos ou o recozimento no caso das ligas endurecidas por
encruamento. Em metais transformáveis, a ZTA será mais complexa. No caso de aços carbono e
próxima da solda, que foi submetida a temperaturas próximas da temperatura de fusão. Nesta
situação, a estrutura austenítica sofre um grande crescimento de grão. Este crescimento dependerá
do tipo de aço a da energia de soldagem (processos de maior energia resultarão em granulação mais
região é caracterizada por uma estrutura grosseira, com placas de ferrita, podendo conter perlita,
bainita ou martensita. Esta região é a mais problemática da ZTA de um aço, podendo ter menor
tenacidade e ate apresentar problemas de fissuração a serem discutidos posteriormente neste texto.
temperaturas comumente utilizadas na normalização dos aços (900 a 1000 oC.). Após o processo de
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soldagem, esta região é caracterizada, geralmente, por uma estrutura fina de ferrita não sendo
6.3 – Região intercrítica. – É a região mais afastada do cordão de solda. Nesta região,
o
a temperatura de pico oscila em torno de 727 C, é caracterizada pela transformação parcial da
estrutura original do metal de base.e apresentam mudanças micro estruturais cada vez mais
imperceptíveis.
descontinuidade pode ser considerada um defeito, exigindo ações corretivas. Devido ao alto custo
destas ações, a presença de defeitos deve ser sempre evitada. Segundo a AWS (American Welding
7.1 – Porosidades
retenção gasosa durante a existência da poça de fusão na forma líquida. O principal fator químico-
pelos metais por ocasião da mudança de estado físico sólido-líquido, conforme é mostrado na figura
9, anteriormente apresentada.
rápida solidificação da poça de fusão deste material em função do elevado coeficiente de condução
de calor. Esta condição praticamente inviabilizou a soldagem do alumínio com o processo eletrodo
reação pode ser um gás na forma de bolhas que podem resultar em porosidade se não escaparem do
porosidade em aço ou em ligas de níquel pelo CO resultante da reação entre o oxigênio e o carbono
dissolvidos na poça de fusão (2C + O2 → 2CO). Esta reação pode ocorrer quando o teor de
elementos desoxidantes (neste caso, elementos que apresentam uma maior afinidade pelo oxigênio
elementos candidatos a desoxidantes são aqueles cujas linhas se localizam abaixo das linhas dos
Pela análise da figura 16, é possível concluir que tanto o manganês quanto o silício tem
menor energia livre para formação de óxidos do que o ferro, portanto estes dois elementos têm
potencial para serem utilizados como desoxidantes n soldagem do aço. De interesse particular,
devido à sua influência na formação de porosidade, é a comparação da posição relativa das linhas de
Uma bolha de gás pode ser aprisionada pelo metal solidificado, formando um poro,
quando essa não se desprende de seu ponto de nucleação antes que o metal solidificado a cerque. O
desprendimento da bolha é influenciado por vários fatores como a sua velocidade de crescimento, a
composição química do metal líquido, etc.. A figura 17 apresentada a seguir ilustra as etapas de
formação de porosidades desde a absorção na forma líquida até a retenção no metal de solda
solidificado.
Porosidade fina e dispersa pode ser tolerada na maioria das aplicações, pois não afeta
de forma significativa a resistência mecânica e a fadiga da solda, porém, as porosidades podem ser
em alguns casos o ponto de partida para a propagação de trincas, com efeitos altamente danosos à
junta soldada. Porosidade densa ou grosseira pode exigir a remoção da região afetada e o seu
reparo. Alguns trabalhos experimentais encontraram como resultado que a formação de porosidades
em soldas de aço baixo carbono é mais danosa à resistência a fadiga do que a resistência mecânica.
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pelo metal fundido como das condições para a evolução destes gases na poça. Por sua vez, estes
fatores são afetados pelas condições de soldagem que, assim, influenciam o nível de porosidade em
uma solda. A figura 18 mostra o aspecto de ocorrências de porosidades esféricas na soldagem MIG
do alumínio.
etc..
hidrocarbonetos e ferrugem (no caso dos aços), adotar valores adequados de vazão no caso dos
processos com proteção gasosa selecionar adequadamente consumíveis visando neutralizar a ação
fragilizado, incapaz de se deformar plasticamente para absorver estas tensões. Tensões de tração
elevadas se desenvolvem na região da solda como resultado das expansões e contrações térmicas
localizadas (associadas com o aquecimento não uniforme característico da soldagem), das variações
de volume devido a transformações de fase e como resultado das ligações entre as peças sendo
Problemas de fissuração em soldagem podem ocorrer tanto em aços como em ligas não
ferrosas, com as fissuras se localizando na ZF, na ZTA e no metal base, conforme é mostrado na
figura 19. As fissuras podem ser macroscópicas, com até vários centímetros de comprimento (macro
Figura 19- Classificação do tipo de fissuração de acordo com a localização da trinca: (1)
Fissuração na cratera, (2) fissuração transversal na ZF, (3) fissuração transversal
na ZTA, (4) fissuração longitudinal na ZF, (5) fissuração na margem da solda, (6)
Fissuração sob o cordão, (7) fissuração na linha de fusão e (8) fissuração na raiz da solda.
freqüentemente observadas em peças fundidas também ocorrem na soldagem por fusão como
seja, ocorre ao longo dos contornos dos grãos do metal de solda. A trinca de solidificação
intergranular ocorre nos estágios finais do processo de solidificação quando a tensão de tração
desenvolvida nos grãos adjacentes excede a resistência do quase solidificado metal de solda. A
severidade da tensão parcialmente responsável pela formação da trinca aumenta com o grau de
interface líquido e superfície do grão, estrutura do grão. Os principais aspectos ligados a estes fatores
trincas. A faixa de solidificação de uma liga metálica aumenta consideravelmente com a presença de
impurezas. Um caso clássico desta condição é a presença de fósforo e enxofre no aço, onde estes
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elementos são citados por provocar trincas de solidificação no aço, mesmo em baixas concentrações.
A figura 22 mostra diferentes faixas de temperatura de solidificação para ligas cobre níquel.
Tanto fósforo quanto enxofre apresentam forte tendência a segregar para os contornos
dos grãos onde freqüentemente formam composto com baixo ponto de fusão, como por exemplo o
Efeito similar acontece na soldagem das ligas a base de níquel e aços inoxidáveis ferríticos.
temperatura de solidificação do aço carbono comum e de baixa liga. Pela análise da figura verifica-se
processo.
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Quanto menor o tamanho dos grãos e maior a tendência ao aspecto equiaxial menor é
susceptibilidade às trincas de solidificação, por outro lado, grãos colunares facilitam a formação e a
propagação das trincas. Esta condição pode ser verificada na figura 25 onde é apresentada a relação
entre as ocorrências de trincas e tamanho de grão para diversas ligas de alumínio. Um detalhe
interessante a ser observado na figura 25 é que a liga A1070 não é susceptível a trincas por tratar-se
de alumínio comercialmente puro. A figura 26 exemplifica esta condição mostrando uma trinca de
solidificação no centro do cordão na soldagem do aço inoxidável que resultou em morfologia dos
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grãos grosseira e com tendência colunar. Outro aspecto a considerar com relação ao tamanho dos
grãos é grãos menores deformam-se com mais facilidade, ou seja, são mais dúcteis do que grãos
composições de metal de solda com elevada susceptibilidade a formação de trincas. Por exemplo, se
na composição química do metal de base houver algum elemento que favoreça o surgimento das
trincas, o metal de adição deve ser selecionado de maneira que este elemento seja neutralizado ou
pelo menos proporcione um ajuste na composição no metal de solda para uma faixa de menor
controle da diluição, que pode ser feito através do projeto adequado do chamfro. Soldagem de
materiais (metal de base) com grande possibilidade de formar trincas deve ser planejada para resultar
em baixa diluição, ou seja, pequena participação do metal de base no metal de solda e maior
No caso específico da soldagem dos aços a maior preocupação deve ser em evitar a
formação de sulfeto de ferro (FeS), como já discutido anteriormente, trata-se de composto de baixo
ponto de fusão com grande participação na formação de trincas. A principal alternativa para
neutralizar a formação do FeS é a utilização de manganês (Mn) no metal de adição que irá ligar-se ao
enxofre formando o composto sulfeto de manganês (MnS) que apresenta o ponto de fusão bem mais
elevado que o sulfeto de ferro (FeS). A figura 27 mostra a influência da utilização do manganês como
figura 27 nota-se que para baixos valores da relação Mn/S ocorrem trincas mesmo para a condição
Com relação ao fósforo, este não pode ser neutralizado pelo manganês, o único recurso
é controlar seu teor evitando revestimentos orgânicos, e contaminação por graxas e óleos na região
de soldagem.
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ocorrência das trincas de solidificação. Por exemplo, a velocidade de soldagem deve ser regulada
para originar poça de fusão elíptica que conforme mostrado anteriormente proporciona a formação de
aumentam o tamanho dos grãos da ZTA que por epitaxia induzem a formação de grãos maiores na
imposto a junta soldada. Quanto maior o grau de restrição, maiores as deformações e tensões
às juntas são determinadas pelas condições de projeto da estrutura metálica, sem grandes
possibilidades de alterações.
A forma do cordão de solda produzido também pode alterar para mais ou para menos a
possibilidade de ocorrência de trincas. Cordões côncavos produzidos por passe único em solda de
filete desenvolvem maiores níveis de tensão que cordões convexos, e tem maior possibilidade de
Outro ponto ligado ao aspecto geométrico do cordão que pode influenciar na formação
de trincas é a relação entre a largura e a profundidade do cordão. Elevados valores desta relação
favorecem a formação de trincas conforme é mostrado na figura 29. Esta condição é justificada pelo
fato de que cordões com o perfil mostrados na figura 25(a) favorecem o crescimento em direção
próximas do sólidus do metal base, e que são associadas com a formação, por diferentes causas, de
bolsões de material líquido nesta região. Este líquido, em contato com contornos de grão e
dependendo de sua capacidade de molhá-los, pode espalhar-se entre os grãos na forma de um fino
filme. Nestas condições, o material fica fragilizado e trincas podem se formar no resfriamento, com o
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aparecimento de tensões trativas. Este tipo de fissuração foi observado em aços austeníticos e ligas
não ferrosas e está associado a inclusões e precipitados que podem se fundir durante o ciclo térmico
de soldagem, tais como inclusões de sulfeto, inclusões de silicatos de baixo ponto de fusão,
associadas a outros mecanismos de fissuração. Ao microscópio ótico, este tipo de trinca apresenta
um aspecto serrilhado típico de abertura variável, ocorrendo sempre ao longo dos contornos de grão.
aços estruturais comuns, particularmente para processos de baixa energia de soldagem. Ela pode
ocorrer tanto na ZTA como na ZF. A trinca se forma quando o material está próximo da temperatura
ambiente. A sua formação se inicia após um período inicial, tendendo a crescer de forma lenta e
descontínua e levando até 48 horas após soldagem para a sua completa formação.
A fissuração pelo hidrogênio tem sido associada muitas vezes com a falha prematura de
componentes soldados, ajudando a iniciação de fratura frágil (sem qualquer indicativo anterior de
falha) ou por fadiga. A fissuração pelo hidrogênio é muitas vezes citada na literatura técnica com
diferentes nomes, como: "cold cracking" (fissuração a frio), "delayed cracking" (fissuração retardada),
solda. Ocorre principalmente na ZTA, na região de crescimento de grão, mas pode também ocorrer
na zona fundida. As figuras 30 e 31 mostram o aspecto típico de uma trinca provocada pelo
hidrogênio difusível.
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As trincas a frio ou induzida por hidrogênio ocorrem pela presença simultânea de três
fatores: contaminação do metal de solda por hidrogênio, estado de tensão residual, e microestrutura
região de soldagem a partir do ar atmosférico ou demais fontes de contaminação tais como fluxos de
soldagem mal acondicionados, hidrocarbonetos (óleos graxas e similares), fluxos celulósicos entre
outras. Como a solubilidade gasosa do aço no estado líquido é elevada o hidrogênio é facilmente
absorvido pela poça de fusão, permanecendo no metal de solda, em condições de saturação, após o
se (difundir) na estrutura cristalina do aço, em função principalmente do seu raio atômico ser bem
menor que o raio atômico do ferro. Esta condição permite ao hidrogênio difusível atingir diferentes
praticamente presente em todos os processos de soldagem por fusão. São induzidas pelas dilatações
e contrações devidas ao ciclo térmico assim como pelo “enrugamento” (redução de volume)
provocado pela solidificação. As tensões residuais de soldagem serão tanto mais intensas quanto
hidrogênio. Martensita é a microestrutura formada a partir do resfriamento rápido do aço, com teor de
carbono acima de 0,3%, a partir da estrutura austenítica, é uma estrutura típica dos aços temperados
figura 28, é uma particularidade de todos os metais no estado líquido. É o fator responsável pela
hidrogênio não é dissociada ocorre a formação de porosidades, quanto isto ocorre, dá origem ao
formação de trincas mostrado esquematicamente na figura 29, tem por base o balanceamento entre
pelo aço durante seu processo de resfriamento.é utilizado para explicar como o átomo de hidrogênio
é capaz de provocar trincas na ZTA de aços temperáveis (teor de carbono acima de 0,3%).
considerando que o metal de solda é não temperável, ou seja, apresenta teor de carbono abaixo de
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0,3% (grande maioria dos casos práticos) o com o resfriamento do metal de solda a austenita irá
ciclo térmico acima da temperatura crítica dando origem a ZTA. Como o metal base é temperável
(teor de carbono acima de 0,3%) e admitindo que o resfriamento seja suficientemente rápido, a
austenítica formada no metal de solda, na qual, embora menor que na forma líquida a solubilidade é a
predominante (ferrita α). Conforme o indicado na figura 32 ocorre uma redução na solubilidade de
hidrogênio na nova fase. Nesta condição, afastado da condição de equilíbrio por conta da saturação
os átomos de hidrogênio migram para a ZTA que ainda permanece na forma austenítica. Este
movimento é facilitado pela maior difusividade do hidrogênio no ferro α (ferrita) do que na austenita
proporcionando a janela A-B por onde o hidrogênio migra para a ZTA é atribuída a diferença de
não haja tempo para que o hidrogênio escapar para a atmosfera ocorrerá à trinca, como indicado na
figura 29.
a frio ou induzidas por hidrogênio, devem ser norteados no sentido de eliminar um ou mais fatores
que combinados levam ao trincamento, ou seja, eliminar a contaminação por hidrogênio, reduzir as
controlar haja vista que na soldagem por fusão quase sempre ocorrem deformações das peças
soldadas. Um fator agravante do nível de tensão é o grau de restrição da junta e neste caso, é quase
sempre uma exigência do projeto da estrutura. Uma medida efetiva é evitar a presença de soldas
muito próximas umas as outras e procurar sempre a melhor seqüencia de montagem. Na execução
das soldas, a adoção de seqüências especiais de deposição e cuidados para se evitar a presença de
é importante lembrar que esta estrutura é obtida intencionalmente ou não a partir do resfriamento
rápido da austenita nos aços temperáveis, ou seja, aços com teor de carbono acima de 0,3%.
Portanto, dois aspectos devem ser considerados: a seleção de metal base e o controle do
resfriamento.
uma menor temperabilidade. Logicamente, esta seleção é limitada por fatores ligados ao projeto da
estrutura como o custo do material e a resistência mecânica mínima exigida para aplicação. A
soldabilidade, e em particular a resistência à fissuração pelo hidrogênio, pode ser melhorada pela
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fissuração pelo hidrogênio de um aço, existindo várias destas fórmulas na literatura. Nestas, a
influência relativa dos diferentes elementos de liga do aço é colocada em termos de equivalentes de
carbono, de modo que, quanto maior o valor do carbono-equivalente de um aço, maior a sua
sensibilidade à fissuração. Uma fórmula muito usada é a recomendada pelo IIW (Instituto
Internacional de soldagem) é apresentada a seguir. Aços com valores de carbono equivalente abaixo
de 0,35 são considerados de boa soldabilidade e tem baixa susceptibilidade à ocorrência de trincas.
(6)
estrutura metálica a soldagem de um aço temperável é inevitável, o principal recurso disponível para
Pela analisa e da equação (4) reapresentada nesta seção, nota-se que a velocidade de
as procedimentos de soldagem: aporte líquido de calor (Apt’) e o fator (Tc – To) que representa a
temperatura ambiente.
2 ! ..................(4)
devem ser seguidos: aumentar o aporte térmico líquido e diminuir o valor da diferença (Tc – To),
sendo que no segundo caso, o efeito será mais intenso em função do expoente cúbico deste fator.
Para aumentar (TC – TO) considerando que a temperatura crítica é definida pelo ciclo térmico, o
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único caminho a seguir é recorrer ao preaquecimento haja vista que To é a temperatura de início de
processo.
Considerando o aporte térmico líquido a leitura a ser feita é que valores de aportes
térmicos muito baixos podem levar a elevadas velocidades de resfriamento e favorecer a ocorrência
de trincas. Na prática, tal situação pode ocorrer em operações de ponteamento de peças espessas.
consiste em manter aquecido a junta ou toda a peça por um período de tempo após a soldagem, para
casos extremos, a peça pode ser submetida a um tratamento térmico imediatamente após o
pósaquecimento de modo a eliminar os fatores causadores de fissuração antes que a peça atinja a
temperatura ambiente.
recurso que pode ser utilizado na prevenção de trincas é a utilização de eletrodos especiais que
possibilitam que o metal de solda permaneça na forma austenítica mesmo a temperatura ambiente. A
justificativa para este procedimento é baseada em dois aspectos: A maior solubilidade da austenita
evita a migração do hidrogênio para ZTA como mostrado na figura 28, além da boa ductilidade da
8 - Referências Bibliográficas