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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


STRICTO SENSU EM PLANEJAMENTO E GESTÃO
AMBIENTAL

A INFLUÊNCIA DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA


VIDA NA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL
DOS MORADORES DO RESIDENCIAL JARDIM BELA
VISTA

AUTOR: ÉVERTON IBARGOYEN RIBEIRO


ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON KENJI KONDO

BRASILIA, DF
2012
ÉVERTON IBARGOYEN RIBEIRO

A INFLUÊNCIA DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA


CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO RESIDENCIAL
JARDIM BELA VISTA.

Dissertação apresentada ao Programa de pós


graduação stricto sensu em Planejamento e
Gestão Ambiental da Universidade Católica de
Brasília como requisito parcial para obtenção do
título de mestre em Planejamento e Gestão
Ambiental.

Orientador: Prof. Doutor Edson Kenji Kondo

Brasília, DF
2012
R484i Ribeiro, Éverton Ibargoyen.
A influência do Programa Minha Casa Minha Vida na conscientização ambiental
dos moradores do residencial Jardim Bela vista/Éverton Ibargoyen Ribeiro – 2012.
88f. il.; 30cm.
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012.
Orientação: Prof. Dr. Edson Kenji Kondo

1. Casas Financiadas pelo Governo. 2. Conscientização Ambiental. 3. Meio


Ambiente. I. Kondo, Edson Kenji, orient. II. Título

CDU 502
DEDICATÓRIA

A Coordenação e Professores do Programa de Mestrado em Planejamento e Gestão


Ambiental, pela oportunidade de aprender a entender um pouco mais nosso Universo.
Aos funcionários da Universidade Católica de Brasília, sempre presentes nas diversas
formas de apoio que recebemos durante o curso.
Aos meus pais Valdir (in memorian) e Maria Alcy, pelas orientações que me fizeram
acreditar e vencer desafios.
Ao meu filho Francis, nora Daniela e netas Maria Giovanna e Estella, que me fazem ver
todos os dias a continuidade do caminho.
A minha filha Laura, genro Murray, que mesmo longe fisicamente, se fazem tão
presentes.
A minha mulher Lore, parceira certa das horas incertas, pelo seu apoio incondicional.
A Deus, que guia meus passos e está comigo em todos os momentos da minha vida.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um
novo começo, qualquer um pode começar agora
e fazer um novo fim”
Chico Xavier
RESUMO

RIBEIRO, Éverton Ibargoyen. A Influência do Programa Minha Casa Minha Vida na


conscientização ambiental dos moradores do Residencial Bela Vista, em Formosa/GO.
2012. 88f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental) - Universidade
Católica de Brasília,Brasília, 2012.

O tema do presente trabalho foi consciência ambiental. O principal objetivo foi identificar a
influência do Programa Minha Casa Minha Vida na conscientização ambiental dos moradores
da Residencial Jardim Bela Vista, tendo como objetivos específicos: comparar as ações, hábitos
e atitudes relacionadas ao meio ambiente praticadas pelos moradores antes e depois de vir a
morar no Residencial Jardim Bela Vista, identificar as possíveis semelhanças existentes entre as
respostas dos entes pesquisados e as respostas da pesquisa nacional de consciência ambiental
realizada pelo Ministério do Meio ambiente em maio de 2012 e fornecer subsídios teóricos-
práticos iniciais, para avaliar a efetividade do aumento da participação cidadã, previsto no item
“f” da Portaria 465/2011. Metodologicamente o presente trabalho realizou pesquisas
bibliográficas e documentais, definindo os parâmetros teóricos para então desenvolver o estudo
de caso por meio de uma pesquisa de campo utilizando questionários baseados na pesquisa de
consciência ambiental de 2012 do Ministério do Meio Ambiente. Os testes estatísticos de qui
quadrado realizados sobre a relação do Programa Minha Casa Minha Vida na consciência
ambiental , rejeitaram a hipótese nula de não interferência; mostrando haver evidência
estatística que indica a existência de uma relação. Os resultados encontrados guardam
semelhança com os resultados da pesquisa do MMA e a participação cidadã foi identificada no
reconhecimento da responsabilidade pelo meio ambiente de “cada um de nós” e da
“comunidade/associações de moradores”. A mudança para muito melhor na sua vida foi
reconhecida por 68% dos respondentes.

Palavras Chaves: Consciência ambiental: Meio ambiente: Programa Minha Casa Minha Vida.
ABSTRACT

RIBEIRO, Éverton Ibargoyen. The Influence of the Program My House My Life in raising
environmental awareness among the residents of Residencial Jardim Bela Vista, Formosa
/ GO. 2012. 88f. Dissertation (Master in Environmental Planning and Management) - Catholic
University of Brasília, Brasília, 2012.

The theme of this work was environmental awareness. The main objective was to identify the
influence of the Program My House My Life in raising environmental awareness among the
residents of Residencial Jardim Bela Vista, with the following specific objectives: to compare
actions, habits and attitudes regarding the environment before and after coming to live in
Residencial Jardim Bela Vista, identify similarities between the responses of those surveyed
and the responses from the national survey of environmental awareness carried out by the
Ministry of Environment in May 2012, and provide theoretical and practical inputs to assess
the efficiency of increased citizen participation as recommended by item "f" of Ordinance
465/2011. Methodologically, the study started with a bibliographical research, including
primary documents in order to define the theoretical basis of the study and then carried out a
case study through field work by a questionnaire survey similar to the one conducted by the
Ministry of Environment in May 2012. The chi-square statistical tests performed on three
dimensions of the items surveyed rejected the null hypothesis of non-interference in the
environmental awareness of the program, confirming that changes were identified in
environmental awareness with 10% margin of error. The results hold similarity search results of
MMA and citizen participation was identified, at least conceptually, in the recognition of
responsibility for the environment of "each one of us" and "community / neighbourhood
associations." The move to much better in his life was recognised by 68% of respondents.

Keywords: Environmental awareness; Environment; Program My House My Life.


LISTA DE GRÁFICOS

Título do Gráfico Pg.


1 Importância do meio ambiente antes e depois 40
2 Problemas ambientais antes e depois do Residencial Jardim Bela Vista 44
3 Atitudes em relação ao meio ambiente 45
4 Hábitos que interferem no meio ambiente 47
5 Principais responsáveis pelo cuidado com o meio ambiente 49
6 Ações participativas dos beneficiários na preservação do meio ambiente ANTES 50
7 Ações participativas dos beneficiários na preservação do meio ambiente DEPOIS 51
8 O que mudou na vida dos beneficiários após a vinda para o residencial 51
LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Título do QUADRO ou FIGURA Pg.


1 As concepções de ambiente de Sauvé 17
2 O ambiente total e seus aspectos (o modelo do tecido celular) 18
3 Residencial Jardim Bela Vista, Formosa (GO) – Rede de energia e asfalto 36
4 Residencial Jardim Bela Vista, Formosa (GO) – Rede de água e esgoto e 37
padrão de energia
5 Crescimento da visão do meio ambiente como um problema brasileiro 42
6 Problemas ambientais no Brasil 44
7 Atitudes para melhorar o meio ambiente 46
8 Hábitos favoráveis ao meio ambiente 49
LISTA DE TABELAS

Titulo da TABELA Pg.


1 Déficit habitacional no Brasil - 2005 30
2 Faixas etárias 38
3 Grau de instrução 39
4 Sumário de respostas da importância das ações 41
5 Principais problemas do País 42
6 Sumário de importância dos hábitos 48
7 Porque a vida melhorou muito depois de vir morar no residencial 52
LISTA DE ABREVIATURAS

Ordem Abreviatura Significado


1 MMA Ministério do Meio Ambiente
2 ONU Organização das Nações Unidas
3 PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida
4 UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
5 PIEA Programa Internacional de Educação Ambiental
6 SEMA Secretaria Especial de Meio Ambiente
7 SFH Sistema Financeira da Habitação
8 BNH Banco Nacional de Habitação
9 CEI Centro de Estatística e Informação
10 SEDU/PR Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da
República
11 BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
12 PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
13 PNHU Programa Nacional de Habitação Urbana
14 PNHR Programa Nacional de Habitação Rural
15 FAR Fundo de Arrendamento Residencial
16 FDS Fundo de Desenvolvimento Social
17 AED Análise Exploratória de Dados
SUMÁRIO

LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................................ 3


LISTA DE QUADROS E ILUSTRAÇÕES ................................................................................. 4
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................. 5
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................................... 6
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12
1.1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 12
1.2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA................................................. 13
1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 14
1.4 COMPOSIÇÃO DO TRABALHO.................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 16
2.1 A DEFINIÇÃO DE AMBIENTE E SEUS IMPACTOS................................................... 16
2.2 CONSCIÊNCIA AMBIENTAL – CONCEITOS E CONTEXTOS ................................. 20
2.3 HABITAÇÃO NO BRASIL, DA MIGRAÇÃO DO SÉCULO XIX AOS DIAS DE HOJE
................................................................................................................................................. 23
2.4 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA ................................................................. 27
3 METODOLOGIA .................................................................................................................... 32
3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................................ 32
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA .............................................................................................. 33
3.3 COLETA DE DADOS....................................................................................................... 34
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS ........................................................................................ 34
3.5 OBJETO DA PESQUISA.................................................................................................. 36
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................... 38
4.1 DADOS CADASTRAIS DOS RESPONDENTES. .......................................................... 38
4.1 DIMENSÃO A – IMPORTÂNCIA DO MEIO AMBIENTE ........................................... 39
4.2 DIMENSÃO B – ATITUDES E HÁBITOS ..................................................................... 45
4.3 DIMENSÃO C - RESPONSÁVEL PELA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 49
5 CONCLUSAO ......................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................ 55
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA..............................................................60
ANEXO 1 – PESQUISA DE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DO MMA – EDIÇÃO 2012.....64
1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa nasceu da necessidade de se efetuar um trabalho como requisito


parcial para a conclusão do curso de Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental da
Universidade Católica de Brasília. Desenvolveu-se ao longo do primeiro semestre de 2012, com
a dedicação do pesquisador em buscar referências, efetuar a pesquisa de campo e, de retorno,
analisar os dados, comparando-os com os resultados obtidos pelo Ministério do Meio Ambiente
– MMA em pesquisa nacional realizada em maio/2012 e a literatura pesquisada.

1.1 APRESENTAÇÃO
A preservação do Meio Ambiente passa, segundo Jacobi (2003), pela promoção da
consciência ambiental, com a participação da população que se torna co-responsável na
fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental. Ainda segundo esse autor,
existe uma demanda para esta participação mais efetiva da sociedade, inclusive para questionar
de forma concreta a implantação de políticas ditadas pelo binômio da sustentabilidade e do
desenvolvimento num contexto de crescente dificuldade na promoção da inclusão social. Nesse
contexto, o autor sugere que a postura de dependência e de desresponsabilização da população
decorre, principalmente, da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um déficit de
práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos que proponham
uma nova cultura de direitos baseada na motivação e na co-participação.

De forma semelhante, Nogueira (1992) descreve que as pessoas não degradam o meio
ambiente apenas por ignorância, mas sim porque tiram vantagens ou são prejudicadas por forças
econômicas, sociais, políticas e institucionais em decorrência dos direitos de propriedade
privada sobre os recursos ambientais.

Para reverter as causas dos complexos problemas ambientais faz-se necessário mudar
conhecimento, valores e comportamentos da realidade econômica (LEFF, 2001).

Surgiram então as perguntas que motivaram esta pesquisa: como falar em preservação
do meio ambiente para pessoas que não possuem onde morar? Como pedir para a comunidade
não jogar lixo, quando não existe coleta? Como falar em não jogar detritos em rios e fontes
quando não existe saneamento básico?
12
Entre as diretrizes gerais do Programa Minha Casa Minha Vida - MCMV, previstas na
PORTARIA número 465, de 03 de outubro de 2011, destaca-se a “provisão habitacional em
consonância com os planos diretores municipais, garantindo sustentabilidade social,
econômica e ambiental aos projetos de maneira integrada a outras intervenções ou programas
da União e demais esferas de governo” (grifo nosso)

Conforme matéria publicada na intranet da Caixa, os critérios do MCMV atendem os


aspectos econômico, social e ambiental definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

1.2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

A escolha do tema e a definição dos objetivos que foram pesquisados, justificaram-se


em três perspectivas: pessoal, social e acadêmica.

Da perspectiva pessoal, a decisão de direcionar a pesquisa para o MCMV aconteceu


quando da participação em junho de 2011, da entrega de 232 casas para beneficiários da faixa 1
(0 a 3 salários mínimos) em Pelotas/RS. Torna-se indescritível a transcrição daquele momento
em que as famílias receberam as chaves de suas casas, na maioria, sua primeira casa própria,
iniciando uma nova etapa nas suas vidas.

Empregado da Caixa há seis anos, tornou-se mais tangível o significado do trabalho que
é realizado. O envolvimento de diversos atores, como o dos executivos regionais que negociam
com as construtoras e com as Prefeituras Municipais, o dos engenheiros integrantes do quadro
de empregados e contratados, o dos demais colegas que trabalham conscientes da importância
do trabalho que realizam, projetando, avaliando, analisando dados, colhendo assinaturas tanto
nas unidades da Caixa como nos centros comunitários dos empreendimentos.

Da perspectiva social, faz-se necessário identificar alguns números do MCMV.


Conforme constam dos relatórios gerenciais, disponíveis na Intranet da CAIXA, de abril de
2009, quando foi criado, até dezembro de 2010 o MCMV contratou 1.000 mil de casas, sendo
que 926 mil foram contratadas pela Caixa Econômica Federal e as demais pelo Banco do Brasil
e organizações sociais. Para o biênio 2011/2012 mais 2.000 mil de casas deverão ser
contratadas.

13
Conforme relato dos assistentes sociais da Caixa, ao se falar em renda zero, imagina-se
uma figura de linguagem, uma escala numérica, apenas, o que é um engano, pois muitas
famílias que estão no Programa tem renda zero, sem nenhuma perspectiva de ganho consistente,
vivendo de pequenos ganhos ou, até mesmo, de esmolas. Existem registros dos técnicos sociais
da Caixa com a informação de que algumas famílias nunca tinham convivido com instalações
sanitárias, não sabendo da funcionalidade de um vaso sanitário e de uma caixa de descarga, de
uma vida em condomínio e de uma coleta seletiva de lixo.

Da perspectiva acadêmica, é de responsabilidade do mestrando construir uma


dissertação cujo tema seja alinhado com os objetivos do curso e que forneça à sociedade
conhecimento estruturado que permita inferir se o acesso a habitação, ao saneamento básico, a
coleta de lixo, aos equipamentos sociais previstos no Programa como creche, escola, asfalto e
posto de saúde, interfere na visão que estas pessoas tem de preservação ambiental.
Nesse contexto o problema proposto visa identificar: Qual a influência do Programa
Minha Casa Minha Vida na conscientização ambiental dos moradores do Residencial Jardim
Bela Vista?
A busca dessas respostas por uma perspectiva científica somada à motivação pessoal do
pesquisador e o sentimento de responsabilidade social com essa faixa da população brasileira
completa a trilogia de perspectivas que justificam o presente trabalho.

1.3 OBJETIVOS

O objetivo principal foi: Identificar a influência do Programa Minha Casa Minha Vida
na conscientização ambiental dos moradores do Residencial Jardim Bela Vista

Como objetivos intermediários buscou-se: Elencar as ações, hábitos e atitudes favoráveis


ao meio ambiente praticadas pelos moradores antes e depois de vir a morar no Residencial
Jardim Bela Vista. Identificar as possíveis correlações existentes entre respostas dos entes
pesquisados e as respostas da pesquisa nacional de consciência ambiental realizada pelo
Ministério do Meio ambiente – MMA em maio de 2012. Fornecer subsídios teóricos-práticos
iniciais para avaliar a efetividade do aumento da participação cidadã, previsto no item “f” da
Portaria 465/2011.

14
1.4 COMPOSIÇÃO DO TRABALHO

A presente dissertação inicia com esta introdução que apresenta o trabalho, suas
justificativas e delimitação do problema, seus objetivo geral e específicos.

A revisão de literatura parte da definição de ambiente e seus impactos, onde se busca


demonstrar a amplitude do tema, diferentes dos conceitos restritos e desconectados usualmente
apresentados. Os conceitos e contexto da chamada consciência ambiental, são descritos na
sequência. A habitação no Brasil, da migração do século XIX aos dias de hoje e os objetivos e
diretrizes do Programa Minha Casa Minha Vida são apresentados para a composição final das
referências teóricas.

A descrição dos métodos e procedimentos utilizados na pesquisa, na coleta e no


tratamento dos dados, fazem parte do item três, onde os princípios da transparência e da
fidedignidade foram norteadores da narrativa.

Os resultados são apresentados em textos, quadros, gráficos e tabelas e as discussões


buscaram correlações com os dados demográficos dos moradores, com os resultados obtidos na
pesquisa do MMA e com a literatura pesquisada.

A conclusão resgata a questão central proposta e compara com os resultados encontrados


para, de forma consistente, elencar os principais pontos esclarecidos com a pesquisa realizada.
Também são apresentados os limitadores da pesquisa na visão do pesquisador e sugestões para
novos trabalhos na área.

15
2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para Vergara (2004), o referencial teórico apresenta os estudos e conceitos sobre o tema,
ou mais detalhadamente sobre o problema de pesquisa, os quais constem em obras de diversos
autores. No mesmo sentido, Cruz e Ribeiro (2004, p.117) destacam que “o referencial teórico
constitui-se no embasamento que dá sustentação ao objeto de estudo”, sendo resultante de
pesquisas bibliográficas em autores que relatam o tema e o problema em questão.
Ao se buscar a influência do Programa Minha Casa Minha Vida na conscientização das
questões relacionadas ao meio ambiente, se considerou fundamental uma reflexão sobre os
conceitos de ambiente e de sua preservação à luz das questões econômicas e sociais. Na
sequência, busca-se identificar o que é consciência ambiental, discorrendo-se sobre a habitação
no Brasil. Conclui-se o referencial descrevendo o que é habitação de interesse social e o
Programa Minha Casa Minha Vida, com suas diretrizes, parâmetros e itens legais.

2.1 A DEFINIÇÃO DE AMBIENTE E SEUS IMPACTOS


As perguntas iniciais que geraram a inquietude deste pesquisador, relatadas na
apresentação poderiam, do ponto de vista teórico, ser agrupadas dentro de uma perspectiva
capitalista do não acesso a bens essenciais por grande parte da população e a influência dessa
ausência ou presença na visão dos aspectos ambientais. Mas o que é ambiente senão a natureza
da qual o homem faz parte? Seria possível pensar no “bem” do ambiente quando o próprio ser
humano não está bem? Existe a possibilidade dos seres humanos estarem bem e o ambiente
não?

A partir das seis concepções de ambiente identificadas por Sauvé (1997) construiu-se o
quadro abaixo que permite visualizar o quanto é complexo definir ambiente. A viabilidade
econômica, a estabilidade e a produtividade de cada uma das relações homem x natureza não
podem ser explicadas ou entendidas numa visão ética centrada na natureza, como sugeria a
“Vertente Ecológico-Preservacionista da Educação Ambiental” da década de 70. É preciso
visualizar as relações natureza-sociedade, como preceitua a “Vertente Sócio ambiental da
Educação Ambiental”, que surgiu na década de 80, cada uma dessas diferentes concepções
influencia na abordagem e na condução da preservação ambiental.

16
QUADRO 1 – AS CONCEPÇÕES DE AMBIENTE DE SAUVÉ
CONCEPÇAO RESUMO
Ambiente como a natureza Para ser apreciado, respeitado, preservado. Original e "puro" do qual os seres
humanos estão dissociados e no qual devem aprender a se relacionar para
enriquecer a qualidade de "ser". A natureza é como uma catedral, que devemos
admirar e respeitar. A natureza como o útero, onde devemos "redimir-nos" para
renascer. Somente um enfoque experimental da natureza "como a natureza
funciona" permite-nos interagir de uma forma apropriada.
Ambiente como um recurso Para ser gerenciado. Esse limitado recurso é deteriorado e degradado. Ele pode ser
gerenciado de acordo com os nossos princípios de desenvolvimento sustentável e de
divisão equitativa. A auditoria ambiental é proposta como uma interessante
estratégia pedagógica, onde pode ser aplicada para o consumo de energia ou para o
gerenciamento do lixo.
Ambiente como um Para ser resolvido nosso ambiente biofísico, o sistema de suporte da vida que está
problema sendo ameaçado pela poluição e pela degradação. Nós devemos aprender a
preservar e a manter sua qualidade. Aqui, é adotado um enfoque pragmático.
Ambiente como um lugar Para conhecer e aprender sobre, para planejar, cuidar. Esse é o nosso ambiente do
para se viver... cotidiano, na escola, nas casas, na vizinhança, no trabalho, no lazer. Caracterizado
pelos seres humanos, nos seus aspectos sócio-culturais, tecnológicos e componentes
históricos. Esse é o nosso ambiente, que devemos aprender a apreciar, desenvolver
o senso de pertencer a ele. Nós devemos cuidar do "nosso espaço de vivência".
Ambiente como a biosfera Onde devemos viver juntos, no futuro objeto da consciência planetária. Esse é o
mundo de interdependência entre os seres vivos e inanimados, que clama pela
solidariedade humana. A concepção do ambiente como a biosfera é favorecida pelo
movimento globalizador da educação ambiental.
Ambiente como projeto Onde somos envolvidos. Esse é o ambiente da coletividade humana, o lugar
comunitário dividido, o lugar político, o centro da análise crítica. Ele clama pela solidariedade,
pela democracia e pelo envolvimento individual e coletivo para a participação e a
evolução da comunidade. As ações conjuntas buscam identificar elementos de
consenso que possam conduzir à elaboração e à implementação de soluções
adequadas.
Fonte: SAUVÉ (1997, pg. 3-5)

Embora cada uma dessas seis concepções representa uma visão social do ambiente, é
possível observar que para cada representação particular, o foco pode ser enriquecido por uma
das outras concepções, ou pela combinação dos elementos característicos de dois ou mais
arquétipos. Essas seis concepções são eminentemente complementares e podem ser combinadas
em diversos caminhos. (Sauvé, 1997)
Dias (1994), já sugeria a evolução dos conceitos de meio ambiente e ao modo como esse
era percebido. Este autor apresenta um diagrama, a seguir reproduzido, no qual ressalta os
diversos aspectos da questão ambiental.

17
SOCIAIS
POLÍTICOS

ÉTICOS

TECNOLÓGICOS

CU CIENTÍFICOS
CULTURAIS

ECOLÓGICOS
ECONÔMICOS

Figura 2. O ambiente total e seus aspectos (o modelo do tecido celular)


Fonte: Dias, 1994, p.26.

Este autor sugere que tratar a questão ambiental abordando-se apenas um de seus
aspectos – o ecológico – seria praticar o mais ingênuo e primário reducionismo. Seria “adotar o
verde pelo verde, o ecologismo e desconsiderar de forma lamentável as raízes profundas de
nossas mazelas ambientais, situadas nos modelos de desenvolvimento adotados sob a tutela dos
credores internacionais.” (DIAS, 1994, p.26.)
Em outra publicação, em 2004, o autor descreve que durante algum tempo se entendeu
que ambiente era formado pela flora, fauna, água, solo e ar. Porém, entende que aos fatores
abióticos (ar, água, solo, energia, etc) e bióticos (flora e fauna) deve ser somado o fator cultural
(paradigmas, valores filosóficos, políticos, morais, científicos, artísticos, sociais, econômicos,
religiosos e outros).
No mesmo sentido Leff (1998) sugere que ambiente deve ser visto como resultado de
relações complexas e sinérgicas gerada pela articulação dos processos de ordem física,
biológica, econômica, política e cultural, um outro modo de compreender o território. O
ambiente, assim percebido, deixa de ser apenas uma dimensão externa ao homem, passando
para uma condição de interdependência das demais dimensões da vida. A questão ecológica
passaria a ser vista de forma holística e sistêmica, onde o homem se veria um ser da natureza.
Nos contextos acima, evidencia-se a complexidade ambiental a qual segundo Jacobi
(2003) decorre da percepção acerca das práticas existentes e das múltiplas possibilidades de
defini-las como uma nova racionalidade e um espaço onde se articulam natureza, técnica e
18
cultura. Para ele, refletir sobre a complexidade ambiental abre uma oportunidade para
compreender a geração de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da
natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a
participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes
áreas de saber.
Porém, as coisas não acontecem dessa forma e a problemática ambiental emerge como
uma
[...] crise de civilização: da cultura ocidental; da racionalidade da modernidade; da
economia do mundo globalizado. Não é uma catástrofe ecológica nem um simples
desequilíbrio da economia. É a própria desarticulação do mundo ao qual conduz a
coisificação do ser e a superexploração da natureza [...] (LEFF, 2006, pg.15)

Ainda segundo Leff (2006) a crise ambiental é uma crise das formas de compreensão
do mundo a partir do momento em que o homem surge como um animal capaz de se expressar
pela linguagem, separando a história humana da natural.
Impacto ambiental pode ser considerado qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetam a saúde, a segurança e o
bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, as condições estéticas e sanitárias
do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. O saneamento ambiental compreende
atividades referentes ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta e tratamento de
lixo, drenagem e controle de vetores. (BONDUKI, 1998)
Os conceitos expostos caminham no sentido de reconstruir a idéia do todo, da sinergia,
do sistema único que precisa ser preservado. Segundo Jacobi (2003), a preservação ambiental
tem como pressuposto a existência de sustentabilidade social, econômica e ecológica. Para este
autor, essas três dimensões explicitam a necessidade de tornar compatível a melhoria nos níveis
de qualidade de vida com a preservação ambiental, de harmonizar os processos ambientais com
os socioeconômicos, maximizando a produção dos ecossistemas para favorecer as necessidades
humanas presentes e futuras.
Dias (2004) ressalta a importância do aculturamento da sociedade para a importância do
meio ambiente como um fator determinante a ser somado aos abióticos e bióticos na concepção
de meio ambiente. Esse processo tem sido desenvolvido por meio da educação ambiental, a
qual, segundo Jacobi (2005, p.10), a partir da Conferência Intergovernamental sobre Educação
19
Ambiental, realizada em Tbilisi, na Geórgia, tem inicio um processo global orientado para: ”[...]
criar as condições para formar uma nova consciência sobre o valor da natureza e reorientar a
produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinariedade e os princípios da
complexidade”.
O que seria esta nova consciência? Como entender esta “consciência ambiental” a ser
buscada? Nesse sentido e considerando o foco desta pesquisa buscou-se referenciar consciência
ambiental.

2.2 CONSCIÊNCIA AMBIENTAL – CONCEITOS E CONTEXTOS


No contexto da visão holística do que é o ambiente e da disposição em preservá-lo
apresentadas por Jacobi (2003), Leff (2006) e Dias (1994), o conhecimento e a capacidade
crítica de entender as ligações entre os diversos fatores, torna-se fundamental para pensar em
desenvolver uma consciência ambiental.
Redclift (2003, p. 48), questiona estas ligações e descreve o quanto elas são vagas nos
discursos de sustentabilidade sugerindo que “[...] as relações estruturais entre o poder, a
consciência e o meio ambiente têm sido gradualmente obscurecidas”.
Para desenvolver este “espírito crítico”, Jacobi (2005, p.6) entende que “os obstáculos
são imensos, na medida em que existe uma restrita consciência na sociedade a respeito das
implicações e impactos destrutivos do modelo de desenvolvimento em curso”.
Em termos conceituais, a conscientização ambiental pode ser entendida como uma
mudança de comportamento dos indivíduos e da sociedade em relação ao meio ambiente, sendo
na essência uma questão de educação. (BUTZKE et al., 2001).
Para estes autores, a consciência ambiental é um conjunto de conceitos adquiridos pelas
pessoas mediante as informações percebidas no ambiente. Assim, o comportamento ambiental e
as respostas ao meio ambiente são influenciadas pelos conceitos nele adquiridos.
De forma mais pragmática, Dias (1994) descreve que o individuo que possui consciência
ecológica utiliza os recursos ambientais de forma sustentada, consumindo o que se pode
produzir, sem prejudicar o ambiente para as gerações futuras. Para este autor, o individuo que
possui consciência ambiental verifica os desperdícios de água no dia-a-dia, evita banhos
demorados, torneira pingando, lavagens de carro e descargas sanitárias desnecessárias,
lâmpadas ligadas somente quando necessário, utiliza o chuveiro elétrico o mínimo possível,

20
aparelhos de TV ligados somente quando em uso. O autor ressalta que ser consciente
ecologicamente não é vestir roupas com mensagens, mas reconhecer a parcela de
responsabilidade nos problemas ambientais e possuir o desejo de encontrar as devidas soluções.
Numa posição semelhante à apresentada por Dias (1994), Waldman & Schneider (2000),
entendem que o cidadão consciente está atento à economia da energia elétrica e à escassez da
água potável, busca alimentar-se com produtos da agricultura ecológica, além de preocupar-se
em produzir lixo biodegradável e colaborar com a sua reciclagem.
. Como desenvolver esta consciência ambiental que vai além do conceitual, que exige do
individuo atitudes diferentes? A educação ambiental se apresenta como um caminho a ser
percorrido na busca do espírito critico, no entendimento dos conceitos e, principalmente, na
mudança dos comportamentos, conforme sugerido por Butzke et al. ( 2001).
Para falar de educação ambiental, faz-se necessário recordar a Conferência de
Estocolmo (1972), que foi um marco na identificação dos problemas ambientais. Esta
identificação, porém, não gerou ações ou indicou caminhos para resolvê-los. Nesse sentido, os
princípios de educação ambiental estabelecidos no seminário de Tammi (UNESCO, 1974) são
considerados um marco na busca de soluções. Em 1975, a UNESCO cria o PIEA (Programa
Internacional de Educação Ambiental), destinado a promover, nos países-membros, a reflexão,
a ação e a cooperação internacional neste campo.
As dimensões de conteúdo e prática da educação ambiental, orientada para a resolução
concreta dos problemas ambientais por meio de enfoques interdisciplinares e de uma
participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade são contribuições da
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada em 1977, na cidade de
Tbilisi/URSS. Esta conferência constituiu-se, até hoje, em ponto determinante no Programa
Internacional de Educação Ambiental. (LOUREIRO, 2004).
A SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente é criada no Brasil em 1973. Em 1981,
a Lei 6938/81 que define uma Política Nacional de Meio Ambiente, situa a educação ambiental
como um dos princípios que garantem a:
[...] preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar no país condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. (LEI
6.938/91:art.20, X)

21
Recomenda ainda que a Educação ambiental seja oferecida em todos os níveis de ensino
e em programas específicos direcionados para a comunidade. Esta posição é reforçada no
decreto 88.351/83.
A Rio-92 corroborou as premissas de Tbilisi e na Agenda 21, Seção IV, capítulo 4,
definiu como prioridade nas áreas de programa para a educação ambiental a questão de
reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável, aumentar os esforços para
proporcionar informações sobre o meio ambiente que possam promover a conscientização e
treinamento popular (JACOBI, 2005).
A educação ambiental deve procurar, segundo Pereira e Hannas (2000, p.180) ser
transdisciplinar e ir além das ciências exatas, reconciliando-se com as ciências sociais: “Uma
proposta de educação que leve em conta uma visão unitiva do universo. A visão unitiva deve
estar atenta a dois conceitos, um de ordem explícita (as coisas são distintas) e outro de ordem
implícita (as coisas não são separadas)”.
Esta educação proposta poderia alcançar o nível de conhecimento evidenciado pelos
autores pesquisados e gerar a mudança de comportamento esperada. De acordo com Garcia e
Fernandez de Soto (1994), a conscientização das pessoas quanto aos problemas ambientais é
fator determinante para a sensibilização e, consequentemente, o comportamento ecológico.
Este referencial evidenciou a necessidade de entender o meio ambiente de forma
complexa, como um sistema e não apenas como alguns procedimentos de preservação
ecológica, também se buscou entender a consciência ambiental e a influência da educação
ambiental em seu desenvolvimento.
Utilizando-se do conceito de Nogueira (1992) o qual descreve que as pessoas não
degradam o meio ambiente apenas por ignorância, mas sim porque tiram vantagens ou são
prejudicadas por forças econômicas, sociais, políticas e institucionais em decorrência dos
direitos de propriedade privada sobre os recursos ambientais, considera-se importante para a
temática em análise conhecer o acesso da população brasileira à habitação como condição
mínima de qualidade de vida.

22
2.3 HABITAÇÃO NO BRASIL, DA MIGRAÇÃO DO SÉCULO XIX AOS DIAS DE HOJE

A urbanização, segundo Dias (2002, pg.213), torna-se uma ameaça crescente às terras
cultivadas e cultiváveis, ressalta que os responsáveis pelo surgimento de muitas cidades nos
países pobres e em desenvolvimento são grileiros. Para o autor “[...] enquanto uma cidade
planejada surge, milhares de outras, sem quaisquer critérios ambientais, cercam-na”.
Segundo Coelho (2002) a questão habitacional emergiu no Brasil nas três últimas
décadas do século XIX, para os quais contribuíram a decadência da economia do café, bem
como a libertação dos escravos e o surgimento da nova economia industrial nas cidades.
Com uma cronologia diferente, mas com um conceito semelhante, Cavalcanti (1997)
descreve que o desenvolvimento urbano no Brasil se intensificou logo na primeira década do
século XX, quando teve início o processo de migração do campo para a cidade, acentuando-se
nas décadas de 30 e 40, principalmente em direção ao sul do país, centros urbanos e faixa
litorânea. Esse processo se deu em função da industrialização, da grande oferta de emprego e da
mecanização agrícola, responsáveis pelo desordenado e acelerado crescimento das cidades
brasileiras. Assim, foi se montando o quadro dos problemas urbanos ambientais de hoje.
Para Carpinelli (2003), a população migrante sem dinheiro e sem emprego, começa a
“urbanizar”, de forma precária, áreas ambientalmente frágeis, como encostas de morros,
margens de rios e áreas de preservação ambiental, que são bem localizadas, sem valor comercial
e de propriedade alheia. A falta de habitação popular para os trabalhadores mal remunerados ou
desempregados causa a expansão desordenada da malha urbana.
A população que migrou para as cidades deu origem às “habitações coletivas” onde
famílias distintas viviam sobre o mesmo teto. Mesmo combatidas pela sociedade da época, elas
resistiram e foram afastadas das zonas centrais, forçando o surgimento de outra forma de
habitação chamada “favela” em áreas onde, a principio, não existia interesse imobiliário.
(COELHO,2002)
Essa população estava atrás de um abrigo, ainda que precário, longe do conceito mais
amplo de habitação de Bonduki (1979, pg.18): “A habitação não é apenas um abrigo, mas
também um conjunto de equipamentos e infra e superestrutura urbana a ela vinculados.”
Segundo Bonduki (1998), ao não ter acesso às formas tradicionais de moradia, a
população trabalhadora passou a erguer ela mesma alojamentos precários em locais sem

23
nenhum equipamento ou infra-estrutura urbana, como favelas ou loteamentos na periferia que
começaram a ampliar a área ocupada da cidade. Surgem então os loteamentos clandestinos,
iniciando o processo de urbanização informal, por meio de moradias precárias e ocupações
ilegais do solo, sem saneamento e infra-estrutura, causando impactos negativos ao meio
ambiente.
Conceitualmente, ocupações ou assentamentos subnormais são assentamentos
habitacionais irregulares, tais como favelas, mocambos, palafitas e assemelhados, localizados
em terrenos de propriedade alheia, pública ou particular, em áreas de risco ou legalmente
protegidas, ocupadas de forma desordenada e densa, carente de serviços públicos essenciais.
Após a sua instalação, a habitação passa a gerar novos e constantes resíduos, como o esgoto
sanitário e o lixo. Sem uma adequada destinação, eles acabam poluindo o solo, contaminando as
águas superficiais e subterrâneas e frequentemente passam a escoar a céu aberto, constituindo-
se em perigosos focos de disseminação de doenças (CARPINELLI, 2007)
O governo Vargas iniciou a intervenção estatal para produção de moradias sociais,
formulando uma política habitacional consistente que seria interrompida no fim de seu primeiro
governo, em 1945. A discussão da produção de habitação resultou em um ciclo de projetos que
abordavam o problema social de maneira criativa e inovadora, incorporando os princípios da
arquitetura e do urbanismo modernos, onde grande parte dos arquitetos envolvidos com a
produção da habitação social adotou a atitude do movimento moderno, buscando compatibilizar
“economia, prática, técnica e estética” para viabilizar o atendimento aos trabalhadores de baixa
renda, garantindo dignidade e qualidade arquitetônica. (CARPINELLI, 2007)
Os principais serviços urbanos nos países em desenvolvimento, como saúde, educação,
destino final de lixo e esgoto e fornecimento de água e eletricidade têm sido providos, completa
ou parcialmente, de modo direto pelo governo. A provisão de habitação, por outro lado, tem
sido amplamente dominada pelo setor não-público, ou seja, pelo setor privado formal e
informal, pelos construtores de suas próprias casas de forma privada, e pelas cooperativas
(WERNA, E. et al, 2004).
Esses autores descrevem ainda que a habitação como um bem ou serviço urbano nos
países em desenvolvimento, tem tido apenas 10% do total do estoque providos pelo Estado.

24
Para Coelho (2002), da Fundação Casa Popular, criada em 1946 no governo Vargas para
o Sistema Financeiro da Habitação, sustentado pelo Banco Nacional de Habitação – BNH,
criado na ditadura militar, pouco sucesso se teve na solução da habitação social no Brasil.
O foco da criação do SFH – BNH, segundo Taschner (1997) foi primeiro aquecer o
mercado de trabalho na construção civil tendo a construção de casas como um meio para isso.
Satisfez, segundo a autora, interesses imobiliários e de empreiteiras, pois durante a década de 70
e primeiros anos da década de 80, menos de 7% das casas construídas eram destinadas a
famílias com renda inferior a 3,5 salários mínimos.
Coelho (2002) destaca que as dificuldades econômicas vividas pelo Brasil, na década de
80, inviabilizaram as políticas habitacionais do SFH, tanto do lado dos empresários, pelo alto
custo, quanto das famílias, que tinham indexações diferentes de seus salários. Nem mesmo o
Plano de Equivalência Salarial salvou o BNH, extinto em 1986, e suas atividades e
responsabilidades foram transferidas à Caixa Econômica Federal.
As dificuldades de implementar e manter uma política habitacional são destaques em
trabalhos acadêmicos e de técnicos dos Ministérios das Cidades e do Meio Ambiente. Koatz
(2009) destaca que grande parcela das cidades brasileiras tem algum tipo de assentamento
precário, normalmente afastado e sem acesso a infraestrutura e equipamentos mínimos. São
muitos brasileiros excluídos dos sistemas financeiros formais da habitação e do acesso à terra
regularizada. Estes brasileiros buscam, como os do século XIX e inicio do século XX, soluções
próprias de urbanização ocupando as chamadas áreas de risco, como encostas e locais
inundáveis.
Koatz (2009) chama a atenção para a complexidade de se prover a população de
habitação, da necessidade de outros fatores que devem ser levados em consideração nesse
processo de acesso a habitação, o qual deve ser feito:
[...]pelo mercado e pelo governo (nos três níveis), devendo este priorizar a habitação
social e, concomitantemente, oferecer assistência técnica profissional e capacitação
profissional à mão de obra da autoconstrução, valorizando o saber popular empírico,
mas alertando-o com relação à tentação da densificação excessiva, da ocupação até o
limite do lote de terra disponível, cujas consequências são diretas no nível de
insalubridade da habitação. E, finalmente, há que, até mesmo, pagar o preço de
conseguir a remoção das áreas de risco, com a participação das próprias populações
envolvidas. (KOATZ,2009, p.37)

Ao avaliarem a questão metodológica de definição do déficit habitacional Genevois e


Costa (2001) também ressaltam a amplitude de situações que devem ser analisadas na

25
identificação de uma habitação socialmente aceita. Estes autores fizeram uma comparação entre
o trabalho da Fundação Joao Pinheiro, que buscava estabelecer uma metodologia para este
cálculo, e os conceitos inovadores que foram introduzidos pela Fundação Seade a partir do
primeiro levantamento da Pesquisa de Condições de Vida, em 1990, atualizadas em anos
subseqüentes.
As inúmeras carências a serem identificadas incluem os domicílios localizados em
áreas vizinhas a fontes de risco (como gasodutos, linhas de alta tensão, encostas, etc.)
ou a reservatórios coletivos de água que não garantem segurança aos moradores; as
situações de contratos verbais de locação, onde o proprietário define o valor do aluguel
sem o controle legal e o locatário não reclama temendo perder sua moradia; as
ocupações ilegais de habitações inacabadas, dos chamados "invasores", morando em
permanente risco de acidentes (desabamentos, incêndios, etc.), uma vez que os imóveis
não têm a supervisão técnica devida e indispensável; as ocupações de terrenos, por
"invasores" que constroem suas casas em áreas nem sempre seguras (próximas a
encostas ou represas, por exemplo), situações que, muitas vezes, só se tornam
conhecidas quando ocorrem acidentes sérios. E tantas outras situações camufladas, que
devem ser conhecidas para avaliar as condições habitacionais da população mais
carente. (GENEVOIS e COSTA, p. 8, 2001),

Ressaltam ainda os autores as carências de informações dos chamados "moradores de


rua" que, obviamente, são uma parcela a integrar o déficit habitacional. Destacam ainda a
limitação que é a falta de espacialização das informações dentro da malha urbana pois, em
cidades, as condições habitacionais são distintas conforme o distrito e o bairro em que se
localizam.
Maricato (2012) ressalta a ausência do governo federal em uma política habitacional que
fosse além de programas isolados desde a extinção do BNH, em 1986. Sugere, ainda, que houve
um aumento significativo das favelas nas décadas de baixo crescimento econômico. Também, a
falta de política habitacional e urbana que, segundo a autora, vai de 1980 até inicio de 2000,
período onde cerca de 60% dos recursos sob gestão federal foram destinados às famílias que
ganhavam mais de 5 s. m., representando 8% do déficit habitacional.
Nesse contexto, em 2003, buscou-se criar um programa que visualizesse a habitação
como um todo, incluindo desde o saneamento básico, a energia e os chamados “equipamentos
sociais”que são o acesso a educação e ao transporte público.
Surge o Programa Minha casa Minha Vida, que trás em seus condicionantes e legislação
descrição pormenorizada do que deve compor a habitação a ser disponibilizada.

26
2.4 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

A Lei 11.977/2009, dispõe sobre o MCMV, a regularização fundiária de assentamentos


localizados em áreas urbanas, e dá outras providências. Determina também que o Programa tem
como finalidade criar mecanismos de incentivo à produção e à aquisição de novas unidades
habitacionais pelas famílias com renda de até dez salários mínimos.

Ao publicar o Decreto nº 7.499, de 16 de junho de 2011, entre outras disposições, houve


alteração na renda dos participantes do Programa Minha Casa Minha Vida, que passou a
considerar a renda familiar mensal de até R$ 5.000,00.
Com a lei 12.424, de 16 de junho de 2011, alterando a Lei 11.977/2009, ficou definido
que o Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV tem por finalidade criar mecanismos de
incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de imóveis
urbanos e produção ou reforma de habitações rurais.
Em seu artigo 82-B define que o MCMV tem como meta promover a produção,
aquisição, requalificação e reforma de dois milhões de unidades habitacionais, a partir de 1º de
dezembro de 2010 até 31 de dezembro de 2014 das quais, no mínimo, 220.000 (duzentas e vinte
mil) unidades serão produzidas para beneficiários finais com renda de até R$ 1.600,00,
conforme a publicação do decreto nº 7.499.
Estudos sócioeconômicos atestam que existe no País um expressivo déficit habitacional
quantitativo e qualitativo envolvendo, principalmente, as famílias de baixa renda. Esse déficit é
gerado em razão do aumento populacional nos municípios ser superior à oferta de moradia e
infraestrutura adequadas.
A Fundação João Pinheiro, por meio do CEI - Centro de Estatística e Informações,
apresenta um estudo detalhado do déficit habitacional brasileiro em 2007, do qual extraímos
alguns pontos relevantes para a compreensão do cenário habitacional brasileiro. O déficit
habitacional pode ser entendido como “déficit por reposição de estoque” e “déficit por
incremento de estoque”. Essa classificação foi retirada da publicação “Déficit Habitacional
Brasil 2007” do Ministério das Cidades – Secretaria Nacional de Habitação/Fundação João
Pinheiro.

27
I - Déficit por reposição de estoque:
• Refere-se aos domicílios rústicos, que são aqueles sem parede de alvenaria ou madeira
aparelhada. Em decorrência das suas condições de insalubridade, esses tipos de
edificação proporcionam desconforto e trazem risco de contaminação por doenças aos
seus moradores.
• Enquadra-se também a depreciação de domicílios, uma vez que há o pressuposto de um
limite de vida útil de um imóvel, a partir do qual e a depender de sua conservação, sua
substituição completa é inevitável.
II - Déficit por incremento de estoque, contempla:
• Domicílios improvisados englobam todos os locais e imóveis sem fins residenciais e
lugares que servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e
viadutos, carcaças de carros abandonados, barcos e cavernas, entre outros), o que indica
claramente a carência de novas unidades domiciliares.
• Coabitação familiar compreende a soma das famílias conviventes secundárias que vivem
junto à outra família no mesmo domicílio e das que vivem em cômodo – exceto os
cedidos pelo empregador.
• Ônus excessivo com aluguel corresponde a famílias urbanas com renda familiar de
até três salários mínimos que moram em casa ou apartamento e que despendem 30% ou
mais de sua renda com aluguel.
• Adensamento excessivo refere-se a domicílios urbanos – apartamentos e casas alugados
- com número médio de moradores superior a três pessoas por dormitório.
O déficit habitacional no Brasil está relacionado não apenas à quantidade de imóveis,
mas, também, à qualidade destes. O conceito de inadequação de moradias refere-se a
construções que não oferecem condições aceitáveis ou desejáveis de habitabilidade, impactando
na qualidade de vida dos moradores. Essa inadequação pode ser classificada, segundo o
Ministério das Cidades em:
Densidade excessiva - verificada em domicílios próprios em que o número médio de
moradores é superior a três por dormitório. O número de dormitórios corresponde ao total de
cômodos que servem aos moradores, em caráter permanente, para essa finalidade.

28
• Carência de infraestrutura - abrange todos os domicílios que não dispõem de ao menos
um dos serviços básicos: iluminação elétrica, abastecimento de água com canalização
interna, esgoto sanitário ou fossa séptica e coleta de lixo.
• Inadequação fundiária - refere-se aos casos em que pelo menos um dos moradores do
domicílio tem a propriedade da moradia, porém, não detém, total ou parcialmente, a
propriedade do terreno ou da fração ideal de terreno (no caso de apartamento) em que o
imóvel se localiza.
• Inexistência de unidade sanitária domiciliar exclusiva - define o domicílio que não
dispõe de banheiro ou sanitário de uso exclusivo. Isso tanto ocorre nos cortiços
tradicionais (em trajetória de extinção ou de transformação) como em terrenos com dois
ou mais domicílios ocupados por famílias pobres ligadas por parentesco ou fortes laços
afetivos.
• Cobertura inadequada - inclui todos os domicílios que, embora possuam paredes de
alvenaria ou madeira aparelhada, tenham telhado de madeira aproveitada, zinco, lata ou
palha, embora, telhados de sapé e similares possam ser considerados uma alternativa em
áreas rurais muito restritas das regiões Norte e Nordeste do país.

Segundo o estudo da Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional brasileiro em 2007


foi estimado em 6,273 milhões de novas moradias, com incidência notadamente urbana,
correspondendo a 82,6% do montante brasileiro (5,180 milhões), ou seja, a necessidade
habitacional mais expressiva está concentrada em áreas urbanas, embora a carência de moradia
também exista na zona rural. Importante ressaltar que as regiões metropolitanas são
responsáveis por 29,6%, ou 1,855 milhão do total do déficit brasileiro.
A Fundação João Pinheiro realizou em parceria com a Secretaria Especial de
Desenvolvimento Urbano da Presidência da República – SEDU/PR, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento – BID e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD,
estudo que aponta que a concentração do déficit habitacional está na faixa de renda familiar de
até três salários mínimos (89,4%), tendência que se repete em todas as regiões brasileiras. Ao se
considerar a faixa de renda imediatamente superior a três salários mínimos, são mais 6,5% das
famílias, totalizando 95,9% das carências urbanas.

29
Tabela 1 : Déficit Habitacional Brasil - 2005
Região Até 3 SM > 3 a 5 SM > 5 a 10 SM > 10 SM
Norte 89,7% 6,1% 3,2% 1,0%
Nordeste 95,9% 2,7% 1,0% 0,4%
Sudeste 86,7% 7,9% 4,3% 1,1%
Sul 84,8% 10,0% 4,1% 1,1%
Centro-Oeste 88,4% 7,0% 2,7% 1,9%
Média Brasil 89,4% 6,5% 3,1% 1,0%
Fonte: Fundação João Pinheiro, estudo de 2000, atualizado em 2005, p.62

Foi então nesse contexto de déficit habitacional elevado, concentrado na população de


baixa renda, que surgiu o Programa Minha Casa Minha Vida.

O PMCMV visa atender duas políticas:

• Política Anticíclica - aumentar o investimento na construção civil e a geração de


emprego.
• Política Social - aumentar o acesso à casa própria, minimizando o déficit habitacional.
O artigo 1° da Lei 11.977/2009 define quais os produtos habitacionais fazem parte
do Programa Minha Casa Minha Vida:
•O Programa Nacional de Habitação Urbana - PNHU e a autorização para a União
participar do Fundo Garantidor da Habitação Popular - FGHab.
•O Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR.
•A autorização para a União transferir recursos ao Fundo de Arrendamento Residencial
- FAR e ao Fundo de Desenvolvimento Social - FDS, visando financiar unidades
habitacionais com recursos desses fundos.
A PORTARIA Número 465, de 03 de outubro de 2011, estabelece as DIRETRIZES
GERAIS do Programa Minha Casa Minha Vida, abaixo transcritas: (grifo nosso).
a) promoção da melhoria da qualidade de vida das famílias beneficiadas;
b) provisão habitacional em consonância com os planos diretores municipais,
garantindo sustentabilidade social, econômica e ambiental aos projetos de maneira
integrada a outras intervenções ou programas da União e demais esferas de governo;
c) criação de novos postos de trabalho diretos e indiretos, especialmente por meio da
cadeia produtiva da construção civil;
d) promoção de condições de acessibilidade a todas as áreas públicas e de uso comum,
disponibilidade de unidades adaptáveis ao uso por pessoas com deficiência, com
mobilidade reduzida e idosos, de acordo com a demanda, conforme disposto no art. 73
da Lei 11.977/2009;

30
e) atendimento às diretrizes do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do
Habitat - PBQP-H, no que diz respeito à promoção da qualidade, produtividade e
sustentabilidade do Habitat, principalmente na utilização de materiais de construção
produzidos em conformidade com as normas técnicas, especialmente aqueles
produzidos por empresas qualificadas nos programas setoriais da qualidade – PSQ, do
Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos - SiMaC;
à contratação de empresas construtoras certificadas no Sistema de Avaliação da
Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil - SiAC; e a
chancela do Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores - SiNAT
quando for empregado sistemas ou subsistemas construtivos que não sejam objeto de
norma brasileira prescritiva e não tenham tradição de uso no território nacional; e
f) execução de trabalho social, entendido como um conjunto de ações inclusivas,
de caráter sócio educativas, voltadas para o fortalecimento da autonomia das
famílias, sua inclusão produtiva e a participação cidadã, contribuindo para a
sustentabilidade dos empreendimentos habitacionais.
g) no processo de seleção dos beneficiários, regulado por normativo específico, reserva
de, no mínimo, 3% das unidades habitacionais para atendimento aos idosos, conforme
disposto no inciso I do art. 38 da Lei no 10.741/2003, e suas alterações - Estatuto do
Idoso.

Percebe-se, nas diretrizes estabelecidas, a busca de atender a necessidade de habitação


no sentido mais amplo da palavra, conforme descrito por Bonduki (1979) o qual prevê, alem do
abrigo, acesso a água potável, saneamento e recolhimento de detritos.
Nesse contexto, o presente referencial busca fundamentar a questão central do trabalho:
O acesso ao Programa Minha Casa Minha Vida melhora a visão do morador a respeito do meio
ambiente e sua preservação?

31
3 METODOLOGIA

O objetivo desta pesquisa foi identificar se houve alteração na consciência ambiental das
pessoas que foram beneficiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida, o qual além da
habitação, dá acesso a saneamento básico e energia.
A busca pela literatura e a pesquisa de consciência ambiental realizada pelo MMA em
maio/2012 permitiu criar um instrumento de entrevista estruturado que foi utilizado para a
pesquisa de campo no Residencial Jardim Bela Vista, em Formosa/GO.
Os dados coletados foram analisados estatisticamente, buscando-se observar se houve
mudança de visão e de comportamento sobre o meio ambiente após a mudança para o
residencial que oferece habitação, saneamento básico, energia e infraestrutura de mobilidade.
Na análise dos dados, efetuou-se a comparação desses resultados com os da pesquisa do
MMA, bem como outros trabalhos acadêmicos publicados, permitindo inferir se o acesso a
habitação, saneamento e energia alteraram a percepção e a consciência sobre o meio ambiente.
A pesquisa com os entes antes de mudar-se para o Residencial Jardim Bela Vista, não
foi possível, pois ao iniciar-se a pesquisa os mesmos já haviam efetuado a mudança. A fixação
de um grupo de controle, com características semelhantes, poderia ter sido utilizada, porém, as
dificuldades de identificação do perfil e o tempo necessário foram limitadores dessa
possibilidade.
Buscou-se, então, por meio de entrevistas claras e explicativas, em conversas individuais
com cada morador, evitar respostas que carregassem o viés da gratidão pela melhoria da
qualidade de vida. Os esclarecimentos do pesquisador em relação ao objeto da pesquisa eram
repetidos ao longo da entrevista, explicitando a necessidade de o morador se posicionar antes e
depois da mudança em relação ao objeto da pesquisa.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A classificação da pesquisa foi feita levando-se em consideração a proposta apresentada


por Vergara (2004) que define em dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.
Quanto aos fins, a pesquisa foi exploratória e descritiva. Exploratória porque não foi
encontrado sobre o tema “Preservação do meio ambiente no Programa Minha Casa Minha

32
Vida” nenhum trabalho já efetuado, existindo a necessidade de se investigar o conhecimento
existente sobre o assunto dentro do universo a ser pesquisado. Descritiva, porque visa descrever
as opiniões e visões dos entrevistados sobre a preservação ambiental antes e depois de morar
nas casas do Programa MCMV.
Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso.
Bibliográfica na fase da revisão de literatura, visando oferecer um referencial teórico sobre a
preservação do meio ambiente e o acesso a necessidades mínimas como moradia, saneamento
básico e energia, criando um conhecimento sobre o assunto que sirva de referencial ao presente
estudo de caso. Documental pela investigação nos documentos do Programa MCMV, legislação
e relatórios gerenciais. De campo, pois foi efetuada coleta de dados primários junto ao
Residencial Jardim Bela Vista, em Formosa/GO e estudo de caso porque limita a pesquisa ao
residencial pesquisado.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da pesquisa foi formado pelos 227 moradores do Residencial Jardim Bela
Vista, em Formosa/GO.
Na pesquisa de campo a amostra foi composta de 53 famílias, sorteadas aleatoriamente,
levando em consideração a acessibilidade dos entrevistados. O cálculo do tamanho da amostra
foi feito utilizando a fórmula descrita por Theóphilo(2009,p.120) para população finita:
Z 2 . p.q.N
n=
d 2 ( N − 1) + Z 2 . p.q
Onde:
N = tamanho da população, neste caso 227;
Z = abscissa da normal padrão, utilizou Z=1,96, que corresponde a um intervalo de
confiança de 95%;
p = estimativa da proporção, como neste caso p é desconhecido, utilizou-se p = 0,5 que
maximiza a função do cálculo do tamanho da amostra;
q = (1-p), neste caso q = 0,5;
d = erro amostral, que corresponde à máxima diferença admitida entre o valor estimado
da amostra e o valor real da população, neste estudo d = 10%;
n = tamanho da amostra aleatória simples a ser solucionada da população;

Aplicando os parâmetros definidos conclui-se que a amostra terá tamanho igual a 53.

33
3.3 COLETA DE DADOS

Na pesquisa bibliográfica foram usados livros, revistas especializadas, teses e


dissertações com dados pertinentes ao assunto, incluindo acesso a redes eletrônicas.
Na pesquisa documental serão usados os documentos legais do Programa Minha Casa
Minha Vida, incluindo Leis, Decretos e Instruções Normativas vigentes e relatórios gerenciais
de execução.
Na pesquisa de campo foi usado um formulário de entrevista semi-estruturada,
utilizando como forma de registro anotações manuais dos principais pontos.
Esse formulário foi criado tendo como base a pesquisa do MMA publicada nos anos de
1997, 2001, 2006 e 2012. Na sequência foi efetuado o que Marconi e Lakatos (2003) chamam
de pré-teste, onde foram realizados in loco 10 entrevistas com famílias do Residencial Jardim
Bela Vista, quando não foram identificados problemas de entendimento das questões propostas.
O formulário de entrevista inicia com os esclarecimentos aos respondentes referente a
participação voluntária, confidencialidade e utilização dos dados. Além das perguntas de dados
cadastrais, tem três dimensões: Dimensão A – Perguntas sobre a importância do meio ambiente,
Dimensão B – Perguntas sobre atitudes em relação ao meio ambiente e Dimensão C – Pergunta
sobre quem é responsável pela preservação do Meio Ambiente. O instrumento é finalizado com
uma pergunta sobre a mudança sentida na vida do respondente com a nova habitação.
Para fins de manter a possibilidade de comparação do resultado encontrado no programa
com o resultado nacional pesquisado pelo MMA, manteve-se a formatação das perguntas, quer
sejam estimuladas ou com escala likert.

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS

Os formulários foram digitados e tratados estatisticamente, utilizando-se do software


SAS, versão 9.1, que permite analisar as respostas em termos quantitativos de correlação das
respostas encontradas com dados demográficos dos respondentes, permitindo a análise
qualitativa do pesquisador.
Para analisar e entender o conjunto de dados provenientes dos questionários aplicados
utilizou-se a metodologia estatística Análise Exploratória de Dados (AED) que consiste em um

34
conjunto de técnicas gráficas e quantitativas com o objetivo de obter informações contidas na
estrutura dos dados. Segundo Bussad (2011), a AED tradicionalmente limita-se a calcular
medidas de posição e variabilidade, entretanto, uma corrente mais moderna apresentada por
Tukey (1977, apud BUSSAD,2011) explora também técnicas gráficas.
As principais técnicas de AED utilizadas foram: Tabelas de frequencia para analisar a
distribuição amostral das principais variáveis, histograma, medidas de posição (média e
mediana) e gráficos de setores, barras e colunas.
Com o objetivo de identificar se houve alteração na consciência ambiental das pessoas
que foram beneficiadas pelo Programa Minha casa Minha Vida, aplicou-se o teste de
independência não-paramétrico baseado na estatística χ 2 (Qui-Quadrado).
O teste está baseado na hipótese nula de que o MCMV não alterou a consciência
ambiental dos beneficiários, contra a hipótese alternativa de que o Programa influenciou.
Estatisticamente, tem-se:
H 0 : pij = p i × p j , para todo par (i, j )
H a : pij ≠ p i × p j , para a lg um par (i, j )

Foram comparadas as distribuições das respostas sobre as ações de preservação do meio


ambiente e sobre o entendimento dos hábitos que interferem neste “antes” e “depois” do
Programa.
Para consultar a tabela da distribuição de qui-quadrado é necessário definir também o
nível de significância α . Neste caso, utilizou-se α = 0,05 ou seja, um nível de confiança de

95%. Caso o valor da estatística χ 2 calculada seja maior que o valor consultado na tabela a
partir dos parâmetros definidos acima, considera-se que ela encontra-se na zona de rejeição e,
portanto rejeita-se a hipótese nula, caso contrário a hipótese nula não é rejeitada, podendo-se,
nesse caso, afirmar que o Programa interferiu na consciência ambiental da população estudada.
A partir das respostas do instrumento a proposta foi não limitar o pensamento, efetuando
correlações entre os dados cadastrais dos respondentes, as respostas dadas e a literatura
pesquisada, sem perder de vista o objetivo de identificar a influência do Programa Minha Casa
Minha Vida na conscientização ambiental dos moradores do Residencial Bela Vista.

35
3.5 OBJETO DA PESQUISA

O empreendimento Residencial Jardim Bela Vista está localizado no município de


Formosa/GO, composto por 227 unidades habitacionais, consistiu em aquisição de terreno e
construção de unidades habitacionais que depois de concluídas foram alienadas às famílias que
possuem renda familiar mensal de até 3 salários mínimos, indicadas pelo Poder Público.
A proposta de contratação do empreendimento foi avaliada sob os aspectos técnicos e
jurídicos, além das análises cadastrais e de risco de crédito da construtora. A demanda
habitacional com o nome dos candidatos do Programa que preencheram os pré-requisitos
estabelecidos foi fornecida pelo ente público municipal, neste caso, a Prefeitura Municipal de
Formosa/GO, conforme Portaria no140 do Ministério das Cidades, com o objetivo da seleção
dos 227 beneficiários do Programa MCMV.
Após os trâmites legais previstos, o empreendimento foi entregue às famílias em
29/11/2011.
Conforme constatado pelo pesquisador o Residencial possui saneamento básico, energia
e transporte e o comércio local é constituído de mercearia, mini-mercados e frutaria.
A Figura 3 apresenta uma foto que demonstra o asfalto e a rede de energia do
empreendimento. Na Figura 4 é possível verificar, também, a rede de água de cada imóvel.

Figura 3: Residencial Jardim Bela Vista, Formosa/GO – Rede de energia e asfalto


Foto pelo pesquisador em 28/07/2012

36
Figura 4: Residencial Jardim Bela Vista, Formosa/GO – Rede de água e energia
Foto pelo pesquisador em 28/07/2012

37
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capitulo buscou-se apresentar os resultados obtidos na pesquisa de campo,


analisando-os e comparando-os com a pesquisa do Ministério do Meio Ambiente e a literatura
pesquisada.
A apresentação dos resultados foi realizada em primeiro lugar, na ordem utilizada no
formulário de entrevista, apresentando os dados cadastrais dos respondentes, Dimensão A –
importância do meio ambiente, Dimensão B – atitudes em relação ao meio ambiente e
Dimensão C – responsável pela preservação do meio ambiente.

4.1 DADOS CADASTRAIS DOS RESPONDENTES.

O formulário de entrevista adequou a pesquisa de dados cadastrais aos mesmos dados


pesquisados pelo Ministério do Meio Ambiente, para que a base de comparação de dados fosse
consistente.
A Tabela dois (02) apresenta a frequência de idade dos pesquisados. Como o critério
utilizado foi à acessibilidade do respondente, nem sempre era o responsável pelo domicilio.
A maioria está concentrada na faixa entre 25 a 34 anos com um percentual de 58,49%.
Na pesquisa do MMA em 2012, a maioria dos respondentes com 28% de frequência era de
pessoas com mais de 50 anos. A Faixa de 25 a 34 anos aparecia em segundo lugar com 23% dos
pesquisados. Ao somar as faixas de 25 a 39 anos, a presente pesquisa concentra 75,47% dos
pesquisados enquanto que na mesma faixa a pesquisa do MMA apresenta 33% dos
respondentes.
Tabela 2: Faixas etárias
Faixa Etária Frequência % Frequência Acumulada %
16 a 24 anos 8 15,09 8 15,09
25 a 34 anos 31 58,49 39 73,58
35 a 39 anos 9 16,98 48 90,56
40 a 49 anos 4 7,55 52 98,11
50 anos ou mais 1 1,89 53 100,00
Fonte: Pesquisa de Campo, julho 2012.

Na pesquisa efetuada pelo MMA, a predominância foi masculina com 51% dos
respondentes, enquanto que na pesquisa efetuada no Residencial Jardim Bela Vista o sexo
38
feminino foi maioria com 71,70%, o que corresponde a uma relação de 38 respondentes
mulheres para 15 homens.
Em relação ao grau de instrução, as duas pesquisas tiveram dados semelhantes no que
diz respeito ao grau de maior percentual presente entre os respondentes: ensino fundamental
com 44% na pesquisa do MMA e com 56,60 % na pesquisa do Residencial Jardim Bela Vista.
A diferença fica por conta do menor percentual, onde a pesquisa do MMA tem o menor
percentual como analfabeto ou sabe ler mas nunca frequentou escola enquanto que a pesquisa
do Residencial Jardim Bela Vista o menor percentual ocorreu no ensino superior com 1,89%.

Tabela 3 – Grau de Instrução

Grau de Instrução % MMA % Res Bela Vista


Analfabeto ou sabe ler mas nunca frequentou escola 7,60% 15,09%
Ensino Fundamental 44,00% 56,60%
Ensino Médio 39,00% 26,42%
Ensino Superior/Pós Graduação. 9,40% 1,89%
Fonte: Pesquisa MMA, maio2012 e Pesquisa de Campo, julho 2012

Sobre a renda familiar, 98% dos pesquisados do Residencial Jardim Bela Vista possuem
renda de até dois salários mínimos, na pesquisa do MMA 60% estão na mesma situação.
Apenas um pesquisado respondeu receber de dois a cinco salários mínimos de renda familiar.
Na pesquisa do MMA 40% dos respondentes ganham mais de 2 salários mínimos de renda
familiar.

4.1 DIMENSÃO A – IMPORTÂNCIA DO MEIO AMBIENTE

Considerando que o pensamento de Sauvé (1997), para o qual o ambiente seria um


projeto comunitário, onde somos envolvidos, seria o lugar dividido, o lugar político, o centro da
análise crítica onde a solidariedade, a democracia e o envolvimento individual e coletivo são
fundamentais para a participação e a evolução da comunidade, poder-se-ia dizer da relevância e
da importância desse para todos os seres humanos.
O Gráfico 1 a seguir, apresenta o resultado da pesquisa no que diz respeito a importância
do meio ambiente para os pesquisados em referência aos cuidados e economias que podem ser
feitos. Percebe-se uma alteração significativa nos graus de importância.

39
Ações antes do MCMV

100,0% 9,4%
13,2% 20,8% 13,2%
28,3% 22,6%
80,0%

49,1% 50,9%
60,0% 56,6%
50,9% 52,8%
54,7%
40,0%

20,0% 37,7% 39,6%


30,2%
28,3% 24,5%
17,0%
0,0%
Cuidar do meio Economizar Economizar gás Usar adequad. Economizar Recolher o lixo
ambiente energia os recur.nat. água
Pouco Importante Importante Muito Importante

Ações Hoje
100,0%

80,0%

60,0%
90,6% 96,2% 96,2% 92,5% 94,3% 96,2%
40,0%

20,0%
9,4% 3,8% 3,8% 7,5% 5,7% 3,8%
0,0%
Cuidar do meio Economizar Economizar gás Usar adequad. Economizar Recolher o lixo
ambiente energia os recur.nat. água

Pouco Importante Importante Muito Importante


Gráfico 1 – Importância do Meio Ambiente ANTES e DEPOIS
Fonte: Pesquisa de campo; julho 2012.

Conforme fica evidenciado no gráfico 1, a grande maioria dos moradores demonstrou


em suas respostas que o grau de importância do meio ambiente cresceu de importante (52,52%)
para muito importante (94,34%) após a vinda para o Residencial Jardim Bela Vista. Ressalte-se
que nenhum item pesquisado foi percebido como pouco importante após a vinda para a nova
casa, enquanto que antes cerca de 30% dos respondentes assinalaram pouco importante em

40
diversos itens, com destaque para usar adequadamente os recursos naturais (21
respondentes/39%) e cuidar do meio ambiente (20 respondentes/37%).
Ao realizar-se o teste de qui-quadrado para avaliar se o grau de importância dado às
ações de preservação do meio ambiente foi alterado após o programa, encontrou-se um qui-
quadrado de 26,75, , valor maior que o ponto crítico do teste que é 9,488 quando se considera 4
graus de liberdade e 95% de confiança, logo é robusto o suficiente para rejeitar a hipótese nula
de que o programa não influenciou a percepção dos entrevistados.
Pode-se afirmar, então, que os moradores beneficiados dão maior importância aos
cuidados com meio ambiente hoje do que davam antes de vir para o Residencial.
Ao somar-se a percepção de todas as ações antes e após o programa obtêm-se a Tabela
4, a qual sumariza na linha a percepção de antes e na coluna a percepção de hoje, demonstrando
matematicamente a mudança no grau de importância das ações benéficas ao meio ambiente:

Tabela 4 – Sumário de respostas da importância das ações

AÇÕES HOJE
Total ANTES
Pouco Muito
Importância Importante
importante Importante
ANTES
DO Pouco importante 0 15 79 94
PMCMV Importante 0 3 164 167
Muito Importante 0 0 57 57
Total HOJE 0 18 300 318
Fonte: Pesquisa de Campo, julho 2012

Quando apresentado ao respondente uma lista de problemas do País, pediu-se que


escolhesse três, conforme suas visões antes de vir para o residencial e hoje, depois que vivem
no residencial, as respostas com maior índice estão na tabela 5 a seguir.

41
Tabela 5 – Principais Problemas do País

Fonte: Pesquisa de Campo, julho, 2012.

Nas respostas encontradas, destaca-se a diferença de percepção da falta de cuidado com


o meio ambiente antes e hoje, com variação de 2% para 19%, respectivamente.
Na situação inversa a falta de moradia deixa de ter 16% (antes) caindo para 2% (hoje). A
violência/criminalidade e o custo de vida continuam entre os principais problemas, mesmo
depois da mudança para o Residencial Jardim Bela Vista.
A figura 5 demonstra que o crescimento da percepção do meio ambiente como um dos
principais problemas do País vem aumentando a cada ano, saindo de 5% em 1997 para 13% em
2012, de acordo com a pesquisa de consciência ambiental do MMA.

Figura 5: Crescimento da visão do meio ambiente como um problema brasileiro


Fonte: Pesquisa MMA, divulgada em julho, 2012, slide 11.

42
A melhora da percepção dos moradores do Jardim Bela Vista a respeito do cuidado com
o meio ambiente é evidenciada pela alteração dos índices de 2% para 19%, antes e depois, o que
permite identificar uma relação com a Curva Ambiental de Kuznets – CAK, Grossman e
Krueger (1995, 1996). Os autores sustentam que a relação entre crescimento econômico e
problemas ambientais guarda uma certa regularidade, onde a relação entre PIB per capita e
emissão de poluentes toma a forma de um U-invertido.
A relação com a CAK poderia também estar justificada na explicação dada por Fonseca
e Ribeiro (2004) os quais, baseando-se na teoria econômica, explicam a relação representada
pela CAK.
[...] podemos considerar o comportamento assumido pela curva como uma espécie de
“efeito renda”, que resulta do fato do bem “qualidade do meio ambiente” ser um bem
de luxo. Quando o processo de industrialização é recente em uma economia, os
indivíduos estão ansiosos por emprego e renda, e não estão dispostos a trocar consumo
por investimentos em proteção ambiental, o que provoca um declínio da qualidade do
meio ambiente. Entretanto, quando os agentes atingem algum nível específico de renda
e consumo, suas preocupações com as questões ambientais tornam-se crescentes e os
indicadores de qualidade ambiental começam a melhorar.

Dessa forma, a melhoria na qualidade de vida dos moradores, representada pelo acesso
a habitação, saneamento, água potável e energia elétrica, poderia explicar esta melhoria na
preocupação com os fatores relacionados ao meio ambiente.
Ainda que a análise da Curva Ambiental de Kuznets – CAK não seja foco do presente
trabalho considerou-se importante relacioná-la com a percepção na melhora da consciência
ambiental entre os moradores do Jardim Bela Vista.
A violência/criminalidade e o desemprego também aparecem entre os maiores
problemas na pesquisa do MMA, de forma semelhante à encontrada no Residencial Jardim Bela
Vista. Porém, investimento em educação e saúde e hospitais estavam entre as maiores escolhas
da pesquisa do MMA enquanto no Residencial, tem apenas cerca de 6% das escolhas.
Usando a mesma metodologia de escolha múltipla, foram apresentados problemas
ambientais para que o respondente escolhesse três que considerava como os maiores problemas
ambientais do Brasil.
O gráfico 2 apresenta os maiores resultados obtidos na pesquisa para antes e depois no
Residencial Jardim Bela Vista e na sequência a figura 5 apresenta os resultados da pesquisa do
MMA.
43
Percebe-se, no caso do Residencial Jardim Bela Vista, crescimento nos percentuais de
identificação de problemas ambientais para: aumento do lixo (3%), desperdício de água e
energia (2%), poluição de rios, lagos e outras fontes de água (2%). Desmatamento diminuiu 1%
do antes para depois e poluição do ar se manteve em 10%.

21%
Aumento de lixo 18%

10%
Desperdício de água e energia 12%
Antes
Poluição de rios, lagos, de outras 30% Hoje
fontes de água 28% Depois
Antes

10%
Poluição do ar 10%

25%
Desmatamento 26%

Gráfico 2: Problemas Ambientais antes e depois do Residencial Jardim Bela Vista.


Fonte: pesquisa de campo, julho 2012.

A figura 5 demonstra que os problemas ambientais percebidos na pesquisa do MMA


com maiores índices são praticamente os mesmos encontrados na pesquisa do Residencial
Jardim Bela Vista.

Figura 6– Problemas Ambientais no Brasil


Fonte: Pesquisa MMA, 2012, slide 13.
44
4.2 DIMENSÃO B – ATITUDES E HÁBITOS

Dias (1994) descreve que o individuo que possui consciência ecológica utiliza os
recursos ambientais de forma sustentada, consumindo o que se pode produzir, sem prejudicar o
ambiente para as gerações futuras. O individuo que possui consciência ambiental verifica os
desperdícios de água do dia-a-dia, banhos demorados, torneira pingando, lavagens de carro e
descargas sanitárias desnecessárias. As lâmpadas ligadas somente quando necessário, utiliza o
chuveiro elétrico o mínimo possível e não deixa aparelhos de TV ligados sem ninguém
assistindo.
No mesmo sentido, Waldman & Schneider (2000), entendem que o cidadão consciente
está atento à economia de energia elétrica e à escassez de água potável além de preocupar-se em
produzir lixo biodegradável e colaborar com a reciclagem de lixo.
Nessa dimensão, buscou-se verificar se houve mudança em atitudes e hábitos dos
moradores do residencial. O gráfico 3 demonstra as principais atitudes que apareceram na
escolha múltipla de três: reduzir o consumo de energia, eliminar o desperdício de água e reduzir
o consumo de gás. Percebe-se que, em relação as atitudes, não houve alteração antes e depois,
com exceção à separação do lixo de casa que saiu de 1% para 3% .
Principais Atitudes
35% 33% 33% 33% 33%
31%
30%
30%

25%

20%

15%

10%

5% 3%
1% 2%
1% 1%
0%
Separar o lixo de Reduzir o Eliminar o Reduzir o Pagar um Não sabe/não
sua casa consumo de desperdício de consumo de gás imposto que opinou
energia elétrica água na sua casa seria usado para
na sua casa despoluir rios
atingidos por
Atitudes antes PMCMV Atitudes depois PMCMV esgotos

Gráfico 3 – Atitudes em relação ao Meio Ambiente


Fonte: Pesquisa de campo, julho de 2012.
45
A pesquisa do MMA apresenta semelhança nas atitudes escolhidas pelos moradores do
Residencial Jardim Bela Vista no que diz respeito a reduzir consumo de água, energia e de gás.
Quanto a separar o lixo, apesar de também presente, tem percentual menor de importância para
os moradores do que a identificada nacionalmente pelo MMA, conforme demonstra a figura 6,
na sequência.

Figura 7 – Atitudes para melhorar o meio ambiente


Fonte: Pesquisa do MMA, 2012, slide 27

Na sequência, solicitou-se que os entrevistados avaliassem a prática de alguns hábitos


antes e depois do programa. O gráfico 4 apresenta os percentuais antes e depois na percepção
dos moradores do Residencial Jardim Bela Vista.
Percebe-se, nas respostas, que todos os itens negativos como jogar pilhas e baterias no
lixo, jogar vidros/cacos de vidro no lixo, jogar remédios fora da validade no lixo, jogar tintas e
solventes no lixo e jogar o óleo usado na pia, sofreram alteração para percentuais superiores de
“não praticar”. Ao mesmo tempo, houve redução nos percentuais de respondentes que “pratica
sempre”. Isto é, mais pessoas deixaram de praticar hábitos negativos e nocivos aos meio
ambiente, quer pela consciência de não praticar ou por praticar em menor número de vezes . A
46
Jo
ga
rp
Jo ilh
g as
ar e
vi ba
dr te
Jo o s/ ria

0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
ga ca sn
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éd ev o 34 41 24
io id ,0 ,5 ,5
Le ro % % %

para fazer sabão.


va sf
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Jo r ia lid % % %
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ta / c ,1 ,4 ,5
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..
en 45 47 7,
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Fonte: Pesquisa de campo, julho 2012.


r s ,3 ,2 5%
Ev oó no % %
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us o 32 49 18
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Nunca Praticou
o d ,1 ,1 ,9
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sp ,1 , 2 ,7%
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Ec

Gráfico 4– Hábitos que interferem no meio ambiente


on t ic
om as 37 30 32

47
Ec ia ,7 ,2 ,1
on de % % %

Pratica Pouco
om ág
ia ua 10
de 0, 0,
0% 0%

Hábitos Hoje
en
Ec er
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Se
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ra de

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7% , 9
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17 34 49
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.
33, , 92
8%8% ,5
%
presente resposta demonstra uma mudança real nos hábitos dos moradores em relação aos
hábitos para melhorar o meio ambiente. Destaque-se aqui o caso de derramar óleo na pia, que
deixou de ser feito por 08 respondentes, os quais afirmaram na entrevista que hoje usam o óleo
Os destaques encontrados dizem respeito aos hábitos relacionados à limpeza de áreas
públicas e plantios de árvores, com aumento de prática em 69,8 p.p. e 60,4 p.p. respectivamente.
Alinhado a estes hábitos, houve redução significativa em mais de 50%, de hábitos prejudiciais à
natureza como descarte de pilhas, baterias e cacos de vidro no lixo.
A estatística de qui-quadrado calculada para avaliar a mudança de hábitos após o
programa foi de 66,57, valor maior que o ponto crítico do teste que considerando 4 graus de
liberdade e 95% de confiança é de 9,488, portanto, rejeita-se a hipótese nula de não
interferência do programa nos hábitos dos moradores. Dessa forma, também em relação aos
hábitos dos moradores é possível concluir que a vinda para o Residencial Jardim Bela Vista
levou os beneficiados a praticarem hábitos mais benéficos ao meio ambiente.
O teste foi realizado sumarizando a percepção sobre a importância de todos os hábitos
que interferem no meio ambiente antes e após o programa que resultou na seguinte tabela:
Tabela 6 – sumario de importância dos Hábitos
Hábitos HOJE
Pouco Muito Total ANTES
Importância Importante
importante Importante
ANTES do Pouco importante 152 65 97 314
PMCMV Importante 20 16 115 151
Muito Importante 48 90 139 277
Total HOJE 220 171 351 742
Fonte: Pesquisa de Campo, junho,2012

Ao comparar os resultados obtidos com os da pesquisa do MMA ( figura 8) percebe-se


semelhança em relação aos hábitos que não são saudáveis ao meio ambiente como, por
exemplo, jogar óleo usado na pia, onde o MMA encontrou 71% de não pratica e na situação de
hoje do residencial o percentual é de 81%.
Em relação aos hábitos saudáveis como evitar o uso de sacolas plásticas e levar a própria
sacola/carrinho a não pratica é maior na pesquisa do MMA do que no Residencial Jardim Bela
Vista, 38% e 48% no residencial e 59% e 58% na pesquisa do MMA, respectivamente.

48
Figura 8 – Hábitos favoráveis ao meio ambiente.
Fonte: Pesquisa do MMA, 2012, slide 28

4.3 DIMENSÃO C - RESPONSÁVEL PELA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

O entendimento sobre de quem é a responsabilidade de preservação do meio ambiente


foi diretamente afetada pelo programa como se observa no gráfico 5 a seguir:

Principais entes responsáveis pelo meio ambiente


35% 33% 33% 33%
30%
30% 28% 29%

25%

20%

15%

10%
6%
5% 3% 3%
1% 1%
0%
Governo Federal Governo Estadual Prefeituras Cada um de nós Comunidade/assoc Meios de
de moradores comunicação
Entes antes PMCMV Entes depois PMCMV

Gráfico 5 – Principais responsáveis pelo cuidado com meio ambiente


Fonte: pesquisa de campo, julho 2012
49
.
Percebe-se no gráfico 8 um acentuado aumento, quase 5 vezes, do número de respostas
para “Cada um de nós” e “comunidades/associação de moradores”. Isso demonstra que os
moradores passaram a não considerar apenas os organismos governamentais como responsáveis
pela preservação do meio ambiente e entendem que também exercem papel fundamental no
cuidado com a natureza.
A visão modificada estaria em paralelo ao sugerido por Sauvé (1197) na sua concepção
de ambiente como projeto comunitário, onde somos envolvidos. Esse é o ambiente da
coletividade humana, o lugar dividido, o lugar político, o centro da análise crítica. Ele clama
pela solidariedade, pela democracia e pelo envolvimento individual e coletivo para a
participação e a evolução da comunidade. As ações conjuntas buscam identificar elementos de
consenso que possam conduzir à elaboração e à implementação de soluções adequadas.
Na sequência foram apresentadas sete ações participativas do individuo na preservação
do meio ambiente. O gráfico 6 apresenta as respostas, cuja variação de participação no antes e o
gráfico 7 a participação depois, foram nas ações de limpeza ( de 2% para 68%), plantio de
árvores (de 0% para 47%), limpeza de córregos (de 0% para 13%) e plantio de gramas e jardins
(de 0 para 64%).

Ações antes do MCMV


0%

0%

0%

0%

0%

0%
100,0%
9%
0,

0,

0,

0,

0,

0,
1,
0%

0%

0%

0%

0%

0%
0,

0,

0,

0,

0,

0,
%
10

10

10

10

10

10
,1
98

80,0%
Fazer parte de Fazer parte de Ações de Plantio de Limpeza de Plantio de Contribuição
Entidades Associações limpeza Arvores córregos/rios gramas/jardins financeira
Ecológicas e/ou comunitárias (recolher lixo)
ONGs para defesa
MEIO AMBIENTE
Nunca participo Participo às vezes Participo frequentemente Participo sempre

Gráfico 6 – Ações participativas dos beneficiários na preservação do meio ambiente ANTES


Fonte: pesquisa de campo, julho 2012

50
AÇÕES DEPOIS DO MCMV
0%
Ações Hoje
100,0%

8%
0,

3,
%
,2
%

13
,8
20
80,0%

%
,2
47
%

%
60,0%

,9

,2
67

64
0%

%
0,

,2
%
10

96
,9
%

40,0%

84
,4
77

%
,2
20,0%

47

%
%

,3
,4

28
26

0,0%
Fazer parte de Fazer parte de Ações de Plantio de Limpeza de Plantio de Contribuição
Entidades Associações limpeza Arvores córregos/rios gramas/jardins financeira
Ecológicas e/ou comunitárias (recolher lixo)
ONGs para defesa
MEIO AMBIENTE
Nunca participo Participo às vezes Participo frequentemente Participo sempre

Gráfico 7- Ações participativas dos beneficiários na preservação do meio ambiente DEPOIS


Fonte: pesquisa de campo, julho 2012
A última questão proposta aos moradores pedia que o mesmo escolhesse uma das
alternativas sobre sua mudança de vida ao fazer parte do Programa Minha Casa Minha Vida,
vindo a residir no Residencial Jardim Bela Vista. As alternativas eram: Mudou para pior sua
vida, Não mudou nada em sua vida, Mudou para melhor sua vida, Mudou para muito melhor
sua vida, seguida de um explique por que.

Conforme gráfico 8 a seguir, a grande maioria dos moradores assinalou a última alternativa,
“Mudou para muito melhor sua vida”.

A vinda para o Residencial Bela Vista


16,98%

Mudou para melhor sua vida

Mudou para muito melhor


sua vida

83,02%

Gráfico 8 – O que mudou na vida vindo para o Residencial


Fonte: Pesquisa de Campo, julho 2012
51
As explicações porque isso aconteceu foram feitas em resposta aberta, as quais foram
agrupadas semanticamente. A tabela 7 apresenta o resultado, lembrando que cada morador
poderia citar mais de um motivo para acreditar na melhoria de sua vida depois de vir morar no
Residencial.
Tabela 7– Porque a vida melhorou muito depois de vir morar no residencial
Quantidade Percentual
MOTIVO CITADO PELOS MORADORES
Propriedade da casa /deixar de pagar aluguel 18 23%
Facilidade de Transporte 10 13%
Qualidade da casa/ter terreno 10 13%
Segurança 09 12%
Relação com a vizinhança 09 12%
Qualidade de Vida 08 11%
Ter água, energia e esgoto 05 7%
Ter coleta de lixo 03 4%
Conforto para a família 02 3%
Autonomia de vida 01 1%
Mais saúde 01 1%
TOTAL 76 100%
Fonte: Pesquisa de campo, julho 2012.

O número de vezes que foram citados cada um dos motivos e o percentual que foi
calculado considerando apenas os moradores que forneceram a explicação, sugerem que a
qualidade de vida, na percepção dos moradores, está relacionada a fatores como propriedade,
segurança, relacionamentos e acesso a transporte, saneamento básico e energia. Dessa forma, a
melhoria na consciência ambiental verificada na pesquisa, pela rejeição da hipótese nula,
poderia estar relacionada a esta qualidade de vida, conforme cita o morador do questionário 51 ;
“Qualidade de vida, com água, energia, esgoto e transporte”.
As três dimensões pesquisadas foram apresentadas buscando relacioná-las com a
pesquisa do MMA e com a literatura pesquisada. Não tem a pretensão de esgotar a discussão,
mas servir de insumo para que a visão de ambiente possa ser, como sugere Leff (1998),
resultado de relações complexas e sinérgicas gerada pela articulação dos processos de ordem
física, biológica, econômica, política e cultural, sendo um outro modo de compreender o
território. O ambiente, assim percebido, deixa de ser apenas uma dimensão externa ao homem,
passando para uma condição de interdependência das demais dimensões da vida do ser humano.
A questão ecológica passa a ser vista de forma holística e sistêmica, onde o homem se vê um ser
da natureza.
52
5 CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou responder Qual a influência do Programa Minha Casa


Minha Vida na consciência ambiental dos moradores do Residencial Jardim Bela Vista. A
busca dessa resposta por uma perspectiva empírico-científica somada à motivação pessoal do
pesquisador e o sentimento de responsabilidade social com essa faixa da população brasileira
completa a trilogia de perspectivas que justificaram o presente trabalho.
O principal objetivo foi identificar a influência do Programa Minha Casa Minha Vida na
conscientização ambiental dos moradores do Residencial Jardim Bela Vista tendo como
objetivos específicos: elencar as ações, hábitos e atitudes favoráveis ao meio ambiente
praticadas pelos moradores antes e depois de vir a morar no Residencial, identificar as possíveis
correlações existentes entre as respostas dos entes pesquisados e as da pesquisa nacional de
consciência ambiental realizada pelo Ministério do Meio ambiente – MMA em maio de 2012 e
fornecer subsídios teóricos-práticos iniciais para avaliar a efetividade do aumento da
participação cidadã, previsto no item “f” da Portaria 465/2011.
Os testes estatísticos de qui-quadrado realizados para a importância das ações de
preservação do meio ambiente e sobre a prática de hábitos que interferem no meio ambiente,
rejeitaram a hipótese nula de não interferência do programa na conscientização ambiental,
confirmando que foram identificadas alterações na consciência ambiental com 95% de
confiança.
As principais alterações na consciência ambiental ocorreram na importância dos
cuidados com o meio ambiente, nos hábitos e nos entes responsáveis pela preservação
ambiental. Os resultados encontrados assemelham-se na sua maioria aos resultados encontrados
pela pesquisa de consciência ambiental do Ministério do Meio Ambiente em maio de 2012. O
aumento da participação cidadã pode ser confirmado pelas respostas dadas na dimensão C
quando se perguntou sobre os principais responsáveis pelo cuidado com meio ambiente e os
itens “cada um de nós” e “a comunidade, associações de moradores”cresceram percentualmente
na visão de hoje.
Apesar disso, as atitudes relacionadas ao meio ambiente permaneceram as mesmas antes
e depois e estão focadas basicamente nas questões econômicas: “economizar gás, energia e
água”. Não houve, também, alterações na participação dos moradores nas entidades ecológicas

53
ou na participação financeira para preservar o meio ambiente. Esta última poderia estar
relacionada ao perfil dos moradores onde 98% dos pesquisados possuem renda familiar de até
dois salários mínimos.
A mudança de visão da importância do meio ambiente, dos hábitos e dos entes
responsáveis pela preservação do meio ambiente, permite inferir que houve um aumento na
consciência ambiental dos moradores após o acesso ao Programa Minha casa Minha Vida. No
entanto, o estudo de caso limitou-se a um único empreendimento do programa, em
Formosa/GO. Faz-se necessário pesquisas mais abrangentes, envolvendo empreendimentos de
diversas regiões do Pais e cujos moradores sejam oriundos de locais diferentes, como por
exemplo: áreas de risco ambiental, moradores de rua, moradores de favelas e outros locais.
Finalmente, ressalte-se a visão dos moradores de que a vida mudou para muito melhor
desde que tiveram acesso à moradia no Residencial Jardim Bela Vista, tendo como principais
justificativas a melhoria na qualidade de vida, melhoria nos transportes e a presença de um
maior conforto. Dessa forma, conforme a literatura pesquisada, é possível que esta melhoria na
qualidade de vida possa estar interferindo na melhoria da consciência ambiental.

54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR, integrante do Programa Minha Casa,
Minha Vida – PMCMV

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Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR, integrante do Programa Minha Casa,
Minha Vida - PMCMV

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Minha Vida – PMCMV.

7. BRASIL, Lei n° 12.424, de 16 de junho de 2011.Altera a Lei no 11.977, de 7 de julho de


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incorporações imobiliárias.

9. BRASIL, Ministério das Cidades, Decreto n° 7.499, de 16 de junho de 2011- Regulamenta


dispositivos da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha
Casa, Minha Vida.

10. BRASIL, Ministério das Cidades, Portaria nº 140, de 5 de abril de 2010 - Dispõe sobre os
critérios de elegibilidade e seleção dos beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida –
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44. VERGARA, Silvia Constante. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 5ª


Edição. São Paulo: Atlas, 2004.

58
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

CONSCIENCIA
Questionário – Pesquisa
AMBIENTAL
A INFLUÊNCIA DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA
VIDA NA CONSCIENTIZAÇÃO DAS QUESTÕES
RELACIONADAS AO MEIO AMBIENTE
Estudo de Caso Residencial Bela Vista - Formosa/GO

Tema: Consciência Ambiental.

Informações básicas sobre a pesquisa


Local da pesquisa: Residencial Bela Vista Formosa/GO
Data: JUNHO 2012 Horário Início Horario Fim:
Nome do(a) pesquisador(a):Everton Ibargoyen Ribeiro Assinatura:

INSTRUÇÕES AO(À) ENTREVISTADOR (A)

Este Questionário de Pesquisa tem o objetivo de levantar qual a influência do Programa Minha Casa Minha Vida na
conscientização das questões relacionadas ao meio ambiente. Para isso, você explicará este objetivo ao morador do
empreendimento a ser entrevistado e solicitará a gentileza de responder as questões a seguir de forma clara e objetiva.
Saliente que a opinião dele(a) é de extrema importância para o desenvolvimento do trabalho. Deixe claro que o trabalho está
sendo realizado pela Universidade (não tem nenhuma vinculação com órgãos do governo) e que buscará verificar se a visão
das pessoas que estão sendo atendidas pelo Programa Minha Casa Minha Vida melhora em relação ao meio ambiente.
Após estes esclarecimentos, efetue as perguntas abaixo, obtendo, para cada uma delas, o consentimento VERBAL do(a)
entrevistado(a).

Caro(a) senhor(a), agradecemos de antemão sua boa vontade em participar desta pesquisa e gostaríamos de informar que nós
nos comprometemos a guardar suas respostas ao questionário com o máximo de cuidado com a sua privacidade. E para
garantir que não estamos fazendo nada sem o seu consentimento, precisamos fazer algumas perguntas iniciais. Poderia
responder sim ou não para cada uma delas?
1. A participação nesta pesquisa é totalmente voluntária. Você concorda em participar dela? . ( ) Sim ( ) Não
2. A resposta a cada pergunta também é voluntária. Se você não quiser responder a qualquer uma das perguntas é só nos
avisar. Tudo bem? ( ) Sim ( ) Não
3. Você pode interromper a entrevista a qualquer momento, se assim desejar. Você está ciente dessa possibilidade?
( ) Sim ( ) Não
CASO QUALQUER DESTAS RESPOSTAS SEJA NEGATIVA, A ENTREVISTA DEVE SER INTERROMPIDA COM UM
AGRADECIMENTO.
CASO TODAS AS RESPOSTAS SEJAM POSITIVAS, CONTINUAR COM AS QUESTÕES ABAIXO.
Antes de registrar as respostas, certifique-se que o(a) morador(a) compreendeu a pergunta.
Dados do Respondente
1. Idade: 3. Sexo:
2. Cor: ( ) branco, ( ) pardo, ( ) preto, ( ) amarelo, ( ) indígena ( ) Masculino ( ) Feminino
4.Grau de Instrução: 6. Possui Filhos?
( ) analfabeto ou sabe ler e escrever mas não freqüentou escola, ( ) Sim ( ) Não
( ) Ensino fundamental ( ) Ensino médio Se sim, quantos?
( ) Ensino superior/ Pós graduação.
5. Renda Média da FAMILIA: Salário Mínimo (SM)
( ) Até 1 SM ( ) De 1 a 2 SM ( ) De 2 a 5 SM ( ) De 5 a 10 SM ( )
acima de 10 SM ( ) Não Respondeu

59
DIMENSÃO A – Perguntas sobre a IMPORTÂNCIA do MEIO AMBIENTE

1.Assinale uma opção em cada alternativa, conforme for seu entendimento:


ANTES DO MCMV HOJE
ACÓES Pouco Importante Muito Pouco Importante Muito
Importante Importante Importante Importante
Cuidar do meio ambiente
Economizar energia
Economizar gás
Usar adequadamente os
recursos naturais
Economizar água
Recolher o lixo

2.Dos problemas abaixo listados, escolha TRÊS que você considera os principais do Brasil

ANTES do MCMV HOJE


( ) Dívida Externa ( ) Dívida Externa
( ) reforma agrária ( ) reforma agrária
( ) falta de ética ( ) falta de ética
( ) custo de vida ( ) custo de vida
( ) inflação/controle preços ( ) inflação/controle preços
( ) distribuição de renda ( ) distribuição de renda
( ) falta de fé ( ) falta de fé
( ) políticos corruptos ( ) políticos corruptos
( ) falta de moradia ( ) falta de moradia
( ) falta de cuidado com o meio ambiente ( ) falta de cuidado com o meio ambiente
( ) violência/criminalidade ( ) violência/criminalidade
( ) falta de investimento em educação ( ) falta de investimento em educação
( ) desemprego ( ) Desemprego
( ) saúde/ hospitais ( ) saúde/ hospitais
( ) OUTROS. Quais?

3.Dos problemas ambientais abaixo listados, escolha TRÊS que você considera os maiores problemas ambientais do Brasil
ANTES do MCMV HOJE
( ) desmatamento ( ) Desmatamento
( ) poluição do ar ( ) poluição do ar
( ) poluição de rios, lagos, de outras fontes de água ( ) poluição de rios, lagos, de outras fontes de água
( ) desperdício de água e energia ( ) desperdício de água e energia
( ) camada de ozônio ( ) camada de ozônio
( ) aumento de lixo ( ) aumento de lixo
( ) poluição dos mares ( ) poluição dos mares
( ) mudanças do clima ( ) mudanças do clima
( ) consumo exagerado de sacolas plásticas ( ) consumo exagerado de sacolas plásticas
( ) poluição dos pesticidas e fertilizantes ( ) poluição dos pesticidas e fertilizantes
( ) chuvas acidas ( ) chuvas acidas
( ) desaparecimento das populações tradicionais ( ) desaparecimento das populações tradicionais
( ) desemprego ( ) Desemprego
( ) saúde/ hospitais ( ) saúde/ hospitais
( ) OUTROS. Quais?

60
DIMENSÃO B – ATITUDES em relação ao Meio Ambiente

1. Das atitudes cotidianas para ajudar o meio ambiente, listadas abaixo, escolha TRÊS que você executa com
maior freqüência.

ANTES DO HOJE
MCMV
Separar o lixo de sua casa, deixando papéis, vidros, plásticos, latas e ( ) ( )
restos de alimentos separados para serem reaproveitados
Reduzir o consumo de energia elétrica na sua casa ( ) ( )
Eliminar o desperdício de água ( ) ( )
Reduzir o consumo de gás na sua casa ( ) ( )
Participar um domingo por mês de um mutirão de reflorestamento ou ( ) ( )
limpeza de rios e córregos
Participar de campanhas de boicote a produtos de empresas que ( ) ( )
poluem o meio ambiente
Pagar um imposto que seria usado para despoluir rios atingidos por ( ) ( )
esgotos
Comprar eletrodomésticos mais caros desde que consumam menos ( ) ( )
energia
Pagar mais caro por frutas, verduras e legumes cultivados sem ( ) ( )
produtos químicos
Só adquirir animais silvestres se eles forem certificados pelo IBAMA ( ) ( )
Contribuir em dinheiro para organizações que cuidam do meio ( ) ( )
ambiente
Não sabe/não opinou ( ) ( )
Outros . Quais?____________________________________________________________________

2 . Dos hábitos que INTERFEREM no meio ambiente, abaixo listados, assinale o quanto você pratica os mesmos:

HABITOS ANTES DO MCMV HOJE


Nunca Pratica Pratica Nunca Pratica Pratica
Praticou Pouco Sempre Praticou Pouco Sempre
Jogar pilhas e baterias no lixo
Jogar vidros/cacos de vidro no lixo
Jogar remédios fora da validade no lixo
Levar a própria sacola/carrinho ao
supermercado
Jogar tintas e solventes no lixo
Jogar o óleo usado na pia
Evitar o uso de sacolas plásticas
Economia de água
Economia de energia
Economia de gás
Separar a coleta de lixo
Jogar o lixo no lixo
Plantar arvores/gramas/flores
Manter áreas de uso publica limpas
OUTROS QUE PRATICA: Listar

61
DIMENSÃO C – QUEM É RESPONSAVEL pela preservação do Meio Ambiente?

1. Entre as alternativas abaixo escolha TRES que considera os entes que tem maior responsabilidade na preservação do Meio
ambiente.

ANTES DO MCMV HOJE


Governo Federal ( ) ( )
Governo Estadual ( ) ( )
Prefeituras ( ) ( )
Cada um de nós ( ) ( )
Comunidade/ associação de moradores ( ) ( )
Organizações internacionais ( ) ( )
Empresários ( ) ( )
Meios de comunicação ( ) ( )
Entidades ecológicas e/ou ONGs ( ) ( )
Cientistas ( ) ( )
Igrejas ( ) ( )
Militares ( ) ( )
OUTROS : Quais? ____________________________________________________________________

2.Assinale uma opção para cada ação, de acordo com sua participação, conforme legenda a seguir
1. NUNCA PARTICIPO 2. PARTICIPO AS VEZES 3. PARTICIPO FREQUENTEMENTE 4. PARTICIPO SEMPRE
ACÓES ANTES DO MCMV HOJE
1 2 3 4 1 2 3 4
Fazer parte de Entidades Ecológicas e/ou
ONGs
Fazer parte de Associações comunitárias
para defesa MEIO AMBIENTE
Ações de limpeza (recolher lixo)
Plantio de Arvores
Limpeza de córregos/rios
Plantio de gramas/jardins
Contribuição financeira
Outros. Quais______________________________________________________________________

3. Assinale UMA das alternativas abaixo:


A vinda para o Residencial Bela Vista :
( ) Mudou para pior sua vida
( ) Não mudou nada em sua vida
( ) Mudou para melhor sua vida
( ) Mudou para muito melhor sua vida.

Explique POR QUE?


_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Ao termino AGRADECER AO ENTREVISTADO

NOTAS DE PESQUISA: (verso)

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ANEXO 1 – PESQUISA DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE –
EDIÇÃO 2012

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